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APOSTILA DE EXERCÍCIOS

CONCORRÊNCIA IMPERFEITA
E TEORIA DOS JOGOS

Prof. Cláudio D. Shikida


v.2016(e.1)
Prof. Claudio D. Shikida 2

Índice

Manual do Usuário (“Bula” da Apostila) ......................................................................... 3


Teoria dos Jogos.............................................................................................................. 4
Concorrência Perfeita .................................................................................................... 11
Monopólio..................................................................................................................... 12
Oligopólio, Conc. Monopolista, Modelo de Hotteling, Medidas de Concentração .......... 23
Informação Assimétrica, Agente-Principal .................................................................... 30
Outra Questões (com dicas em itálico)........................................................................... 41
Apêndice – a definição de “sunk costs” ......................................................................... 56

O uso não-autorizado desta apostila poderá ter implicações legais


Prof. Claudio D. Shikida 3

UFPel/DECON1
EXERCÍCIOS DE CONCORRÊNCIA IMPERFEITA/TEORIA DOS JOGOS
2016.I
Exercícios selecionados por Cláudio D. Shikida2

Manual do Usuário (“Bula” da Apostila)

Esta apostila contém exercícios complementares à bibliografia básica e complementar do curso


“Microeconomia III” ministrado pelo prof. Claudio D. Shikida no Decon-UFPel.
Originalmente, estes exercícios foram criados pelo professor e/ou adaptados de alguns artigos de
Concorrência Imperfeita ou de Teoria dos Jogos (disciplina lecionada pelo mesmo professor em outra
faculdade). Outros exercícios são questões de provas passadas desta cadeira, problemas inéditos ou
adaptações de questões de outros livros. Há também algumas questões de exames de seleção para mestrado
realizados pela ANPEC.

NÍVEL DE FACILIDADE
Os índices de facilidade dos exercícios são codificados da seguinte forma:
(*) - Absurdamente fácil
(**) - Muito fácil
(***) - Fácil
(****) - Não tão fácil

RESPOSTAS
A maioria dos exercícios apresenta respostas, porém essas quase sempre não são completas ou
auto-explicativas. Isto é, essa não é a forma que você deve responder as questões formuladas em um exame
de avaliação. As respostas aqui apresentadas são apenas referências . Obviamente, caso você encontre erros
de qualquer espécie, agradeço a indicação.

RECOMENDAÇÕES DE USO
Antes de tentar resolver qualquer exercício o aluno deve sempre ler (e entender) por completo o
respectivo material referenciado no material didático indicado (livro-texto, notas de aula, etc). O aluno deve
sempre tentar resolver sozinho o exercício antes de consultar as respostas. Caso encontre dificuldades, deve
retornar ao material didático. O aluno só deve procurar o auxílio do(a) monitor(a) ou professor(a) quando
tiver dúvidas específicas a respeito da resolução de certos exercícios. O(A) monitor(a) ou professor(a) não
irá resolver os exercícios para você se você não tiver tentado primeiro.

OBJETIVO
O objetivo dessa apostila é auxiliar a compreensão da teoria pelo aluno através da compreensão e
resolução de exercícios baseados nas aulas e no material didático. A realização de exercícios “em si” não é
o objetivo da disciplina (ou mesmo do curso como um todo). Ou seja, esses exercícios não são
padronizados, de forma que nas provas o aluno poderá encontrar questões diferentes das formuladas aqui.
DECORAR A RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS NÃO MELHORARÁ EM NADA SUA
PERFORMANCE NAS PROVAS!!

CONTRA-INDICAÇÕES
Esta apostila é contra-indicada para aquele que não lê o material antes de resolver exercícios.

1
Prezado estudante, esta versão da apostila de exercícios tem um caráter transitório, preliminar e não se
encontra totalmente revista. Acrescentei alguns novos exercícios, mas não espere que esta versão seja a
mesma no próximo semestre. Possivelmente não o será. Lembre-se de que indicarei a você que exercícios
fazer.
2
Agradeço ao prof. Marcus Xavier (Ibmec Minas e Usiminas) por alguns dos exercícios da seção de
informação assimétrica e agente-principal.

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Teoria dos Jogos

1. (*) Um famoso exemplo de psicologia social foi o assassinato de Kim Genovese, em


New York. Durante o crime, 38 vizinhos assistiram o crime sem chamar a polícia. Esta
situação é bem ilustrada pelo jogo que chamamos de “dever cívico”. O mesmo encontra-
se na forma normal abaixo.

Don-Don
Bam-Bam Ignorar (  ) Telefonar ( 1   )

Ignorar ( ) 0, 0 10, 7
Telefonar ( 1   ) 7, 10 7, 7
a) Existe(m) equilíbrio(s) em estratégia dominante? Se sim, qual(is) é (são)?
b) Pergunta similar para equilíbrios de Nash em estratégias puras e não se esqueça
de indicar qual(is) é (são).
Pergunta similar para equilíbrios de Nash em estratégias mistas e não se esqueça de
indicar qual(is) é (são)?

2. (*) O jogo abaixo ocorre entre duas firmas, é repetido infinitamente, e a estratégia do
gatilho é tal que:

 F se ati  atj  F , t  1,...,  1


ai  
 S , caso contrário

A.2
A.1 Sair do cartel (S) Ficar no cartel (F)
S 1, 1 5, 0
F 0, 5 4, 4

1
Por definição, você sabe que   . Existe um título, no mercado financeiro, que
1 r
paga um rendimento fixo de “r” (ou, em percentual, 100*r%) e o jogador A.1 deseja sair
do cartel (“furar o olho” de A.2). Para que valor de “r”vale a pena para A.1 (ou, o que dá
na mesma, A.2) fica indiferente para a firma permanecer no cartel ou sair?

3. (*) Verifique se o jogo abaixo possui equilíbrio de Nash.

SistemasINC Borton Antivirus


Atualiza Não atualiza
Desenvolve 2, 1 -1, -2
Não desenvolve 0, -1 1, 2

4. (*) No jogo anterior, suponha que a Sistemas Inc decide, primeiro, se desenvolve ou

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não uma nova ferramenta em seus sistema operacional e, em seguida, a Borton Antivirus
decide se atualiza ou não o antivirus que fabrica. Encontre o equilíbrio de Nash perfeito
em subjogos e verifique se há alguma diferença com relação ao feito no exercício 5.

5. (*) Considere o jogo do “estado do bem-estar”, também conhecido como o jogo do


“bom samaritano”:
MISERÁVEL
trabalha fica à toa
Ajuda 3,2 -1,3
GOVERNO
Não ajuda -1,1 0,0

O jogo considera dois atores. Primeiro, há o governo, que deseja ajudar o pobre
desempregado que se mostra responsável e procura trabalho. Por sua vez, existe o pobre
desempregado que possui orgulho e só procura emprego sem ajuda do governo. O jogo é
conhecido como “O Dilema do Bom Samaritano”.

a) Existe equilíbrio em Estratégias Dominantes?


b) Existe equilíbrio de Nash?
c) Aleatorize o jogo e, no equilíbrio em estratégias mistas, diga qual a probabilidade do
governo ajudar o desempregado. Idem para a probabilidade do desempregado trabalhar.

6. (*) Considere um jogo do pênalti entre o goleiro e o artilheiro do time adversário.

GOLEIRO
E D
E 6,-6 3,-3
COBRADOR
D 2,-2 9,-9

As únicas estratégias possíveis para o jogador são: chutar à esquerda (E) ou chutar à
direita (D). O goleiro, por sua vez, pode pular para a direita (D) e pular para a esquerda
(E). Encontre o equilíbrio deste jogo em estratégias mistas.

7. (*) Faça a questão 11 da prova de Microeconomia da ANPEC (2016).

8. (*) Faça a questão 13 da prova de Microeconomia da ANPEC (2014).

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9. (*) Faça a questão 12 da prova de Microeconomia da ANPEC (2013).

10. (*) Dois dos alunos da faculdade brigaram no corredor, destruindo mesas e cadeiras.
Foram imobilizados pela segurança e levados à direção. Considere o jogo abaixo onde os
payoffs já foram convertidos para R$ (reais):

José João
Coopera Não coopera
Coopera 1, 1 -1, (2 – x)
Não coopera (2 – x), -1 (0 – x), (0 – x)

Sabemos que se x = 0, os alunos João e José não estarão em equilíbrio cooperando. A


direção da faculdade resolve estabelecer um incentivo na forma de uma multa “x”. Para
qual valor de x pode-se induzir a cooperação de João e José? [considere que a direção não
deseja estabelecer qualquer valor para a multa, já que minimiza custos. Assim, não se
trata de um intervalo de valores, mas apenas do mínimo valor que garante a cooperação]

11. (*) Explique a estratégia do gatilho (trigger strategy) citada no estudo de jogos
repetidos.

12. (*) Suponha que, inicialmente, Bolívia e Brasil se encontram em uma situação
pacífica, dividindo os benefícios de sua parceria na produção de gás natural pela metade
(pode-se pensar nisto como percentual). Esta é a situação na qual ambos vivem sob uma
situação na qual a Bolívia (cujas estratégias são denominadas em cor vermelha 3) não
expropria o Brasil4.

3
Se você imprimiu a apostila, consulte-a, novamente, em sua versão online.
4
Este exercício foi elaborado em conjunto com o prof. Ari F. Araujo Jr do Ibmec-MG.

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Caso a Bolívia decida expropriar o Brasil, o governo deste último deve decidir se retalia
ou não retalia (em azul, na figura acima). Se não retaliar, perde tudo. Caso contrário,
enfrenta uma nova rodada com a Bolívia escolhendo entre ceder à retaliação brasileira ou
não. Se ceder, o jogo termina e volta-se à situação inicial. Caso contrário, o governo
brasileiro poderá responder com um conflito militar, no qual ambos perderão ativos
petrolíferos, ou através da diplomacia, novamente gerando uma última rodada na qual a
Bolívia cede ou não. No último caso, ela fica com todos os ativos e no caso de cessão,
ambos retornam à situação inicial.

a) Use indução retroativa e confirme o(s) equilíbrio(s) em estratégias puras encontrado(s).

b) Suponha uma pequena alteração neste jogo de forma que temos a configuração abaixo:

Uma outra forma de ver o problema seria pensar que, em caso de retaliação, há uma
desvalorização dos ativos (máquinas paradas), o que diminui a fatia que cada um leva.
Neste caso, o único jeito é ele não expropriar (estratégias dominadas pulam fora).

Pode-se fazer o Morales achando inicialmente que é uma situação injusta.

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Use indução retroativa e confirme o(s) equilíbrio(s) em estratégias puras encontrado(s).

13. (*) Encontre o(s) equilíbrio(s) do jogo abaixo (o trecho pontilhado indica informação
incompleta) em estratégias puras.

14. (*) Considere o seguinte jogo entre o banqueiro central e o setor privado de uma
economia: no primeiro momento do jogo, o setor privado forma uma expectativa de
inflação,  e, no segundo, o banqueiro central observa esta expectativa e escolhe o nível
e

de inflação,  . Uma vez que as escolhas sejam feitas, pode-se determinar o nível de
desemprego que prevalecerá nesta economia. A curva de Phillips é dada por:
u  u      e  .

O payoff do banqueiro central é dado por: L  u,    u   2 , onde u é a taxa natural de


desemprego e  ,   0 . O payoff do setor privado é dado por:     e  .
2

O objetivo do banqueiro central é escolher a taxa de inflação que minimiza a função


perda L(u ,  ) e o objetivo do setor privado é minimizar o desvio de suas expectativas em
relação à taxa de inflação atual.

Resolva o jogo e verifique se é correto o que disse um aluno sobre este exercício: “é
óbvio que, após resolver o jogo, o equilíbrio se dá fora do pleno emprego”. Cheque esta
afirmação com o que encontrou na resolução do jogo.

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15. (*)1. Considere o jogo abaixo entre o jogador Deus e o jogador “Adão e Eva”, criado
por Steven J. Brams em Biblical Games: Game theory and the Hebrew Bible, MIT Press.

a) Resolva o jogo abaixo e verifique se existe algum (ou mais de um) equilíbrio de Nash
em estratégias puras e em estratégias mistas. Note, no último caso, que já especifiquei
os símbolos para as probabilidades 5.

Adão e Eva
Deus Adere às restrições Não aderem às
divinas restrições divinas
(δ) (1-δ)
Impõe restrições (β) (3,2) (2,3)
Não impõe (4,1) (1,4)
restrições (1 – β)
Obs:
i) 4 é preferível a 3 que é preferível a 2 que é preferível a 1.
ii) (x,y) = (Deus, Adão e Eva)

b) Construa o jogo entre Deus e Adão e Eva na forma extensiva considerando que Deus
age primeiro e a informação é perfeita. Verifique se existe algum (ou mais de um)
equilíbrio de Nash perfeito em subjogos.

16. (*) Considere o seguinte jogo na forma normal:

5
É possível resolver a estratégia mista pelo método da maximização (mais intuitivo para quem está
acostumado com os problemas típicos da microeconomia, ou pelo método da igualação dos payoffs (payoff-
equating method). Contudo, no jogo acima, há um problema que vários(as) leitores(as) já se defrontaram:
uma das probabilidades resulta em um valor maior do que um! Quanto a isto, diz-nos Rasmusen (2007):
When a mixing probability is calculated to be greater than one or less than zero, the implication is either
that the modeller has made na arithmetic mistake or, as in this case, that he is wrong in thinking that the
game has a mixed-strategy equilibrium. (…).The absurdity of probabilities greater than one or less than
zero is a valuable aid to the fallible modeler because such results show that he is wrong about the
qualitative nature of the equilibrium – it is pure, not mixed. Or, if the modeller is not sure whether the
equilibrium is mixed or not, he can use this approach to prove that the equilibrium is not in mixed
strategies”. [Rasmusen (2007), p.75] Desta forma, agradeço aos alunos que me chamaram a atenção para
este problema e, para não perder a piada, deixemos a Deus o título de o grande modelador.

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a) Existe estratégia dominante para o jogador 1? Se existe, qual é? Explique sua


resposta.
b) Existe equilíbrio de Nash neste jogo? Se sim, quantos?

17. (*) [Dixit e Nalebuff, 1994]. A figura abaixo ilustra as posições e opções entre dois
navios em conflito no Oriente Médio. Um navio iraquiano, localizado no ponto I, está
prestes a disparar um míssil para atingir um navio americano localizado em A. O míssil
pode viajar em linha reta ou fazer curvas de 90 graus a cada 20 segundos. Se o míssil
viajar em linha reta, as baterias antimísseis dos americanos neutralizam o ataque
facilmente. Assim, os iraquianos tentarão trajetórias em zigue-zague. Cada segmento
como IF, por exemplo é percorrido em 20 segundos (a figura é auto-explicativa, cada
segmento é percorrido em 20 segundos: BC, BE, IF, etc).


B
F
E

A I

D
H

O radar do navio americano detecta o míssil iraquiano quando de seu lançamento e


responde automaticamente com um antimíssel que viaja à mesma velocidade do míssil
iraquiano e que e também pode fazer curvas em ângulos de 90 graus. Diferentemente do
míssil iraquiano, o antimíssil norte-americano carrega mais explosivos e tem menos

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combustível, de forma que sua autonomia de vôo é de apenas 60 segundos. Se, neste
período, o antimíssel encontrar o míssel, a ameaça iraquiana é neutralizada. Caso
contrário, o míssil atinge o navio norte-americano.

a) Construa a matriz deste jogo, colocando todas as estratégias norte-americanas nas


linhas e todas as estratégias iraquianas nas colunas. (Dica: se o antimíssil sai de A
e vai até E, passando por B, a estratégia, “ABE”, é uma das estratégias norte-
americanas). Os payoffs são os seguintes: se o antimíssel norte-americano
encontra o míssil iraquiano, os americanos ganham + 1 e os iraquianos ficam com
-1. Caso o míssil atinja o navio americano, os iraquianos ganham + 1 e os norte-
americanos ficam com -1.
b) Há equilíbrio de Nash neste jogo em estratégias puras? Se sim, quantos são e
quais são?
c) Verdadeiro ou Falso e por que? – “Da tabela acima é fácil ver que os americanos
se saem melhor se usam as estratégias ABED ou ADEB. Já os iraquianos se saem
melhor usando IFCB ou IHED”.

18. (*) Resolva a questão 10 da prova de Microeconomia da ANPEC (2010).


19. (*) Resolva as questões 11 e 13 da prova de Microeconomia da ANPEC (2002).
20. (*) Resolva a questão 11 da prova de Microeconomia da ANPEC (2003).
21. (*) Resolva a questão 11 da prova de Microeconomia da ANPEC (2004).
22. (*) Resolva as questões 11 e 12 da prova de Microeconomia da ANPEC (2005).

Concorrência Perfeita

1. (*) A curva de demanda de mercado para um bem é dada por Q( p)  120  p , na qual
p é o preço de mercado e Q é a quantidade comprada pelos consumidores. Suponha que o
bem é produzido por um único fator, trabalho, representado por “L”. Assuma que cada
firma “i” possa empregar qualquer quantidade de trabalho ao salário dado w, tal que
w  0 . A função de produção de cada firma é dada por qi  Li , onde Li é a quantidade
de trabalho empregada pela firma i.

a) Seja w  1 . Suponha que existam três firmas, 1, 2 e 3. Encontre, no equilíbrio, o


preço e as quantidades produzidas de cada uma das firmas. Qual o lucro de cada
firma? Faça o gráfico da curva de oferta de cada firma e também da oferta da
indústria. Mostre o equilíbrio competitivo para cada firma e também para a
indústria.
b) Seja w  1 . Suponha que existam quatro firmas, 1, 2, 3 e 4. Encontre, no
equilíbrio, o preço e as quantidades produzidas de cada uma das firmas. Qual o
lucro de cada firma? Faça o gráfico da curva de oferta de cada firma e também da

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oferta da indústria. Mostre o equilíbrio competitivo para cada firma e também


para a indústria.
c) Compare ambos os resultados anteriores. O aumento do número de firmas torna a
curva de oferta da indústria mais ou menos inclinadas?
d) Compare os resultados com o exercício anterior. O que você pode dizer sobre a
diferença entre retornos constantes e decrescentes de escala?
e) Qual a importância da definição de equilíbrio competitivo na solução de ambos os
problemas?

2. (*) Resolva a questão 8 da prova de Microeconomia da ANPEC (2015).


3. (*) Resolva a questão 7 da prova de Microeconomia da ANPEC (2016).
4. (*) Resolva a questão 7 da prova de Microeconomia da ANPEC (2010).
5. (*) Resolva a questão 6 da prova de Microeconomia da ANPEC (2005).

Monopólio

1. (*) Deus é um indivíduo especial: ele faz milagres (Q). Vamos caracterizar isto como o
fato de que, para ele, o milagre tem custo zero: TC  Q   0 para qualquer valor de Q. Seja
a curva de demanda de milagres dada por: P(Q)  a  bQ . Calcule o número ótimo de
milagres (suponha que Deus seja racional) e a elasticidade-preço da demanda no ponto
ótimo. Feito isto, responda: Deus opera no ramo elástico de sua curva de demanda?

2. (*) Em conversas do dia-a-dia você já ouviu os seguintes fatos sobre o narcotráfico: (1)
a demanda é altamente preço-inelástica, de forma que os consumidores são praticamente
obrigados a comprarem drogas, não importa o quão alto seja o preço e, ao mesmo tempo,
(2) a oferta do mercado é dominada por um cartel (ou um monopólio) que consiste de
poucos ofertantes.

a) Seja a demanda inversa dada por p(Q)  a  bQ e o custo total dado por
TC (Q)  F  cQ 2 . Considere a, b, F , c  0 . Suponha que o custo fixo é suficientemente
baixo de forma a garantir uma quantidade produzida positiva no ponto de máximo.
Resolva o problema do monopolista e calcule a expressão da elasticidade-preço no ponto
de máximo. O equilíbrio se dá no ramo elástico ou inelástico da curva de demanda?
b) Use o que for relevante do item anterior para explicar, em 3 linhas, porque há uma
contradição entre (1) e (2).
c) Suponha agora que se trata de um cartel ( N  1 , onde N é o número de membros do
cartel). Assim, mantida a demanda de mercado, temos TCi (qi )  F  c  qi  para cada
2

membro do cartel. Resolva o problema de maximização do cartel (note que todas as


firmas são idênticas) e encontre o par Q*, p * de equilíbrio. Calcule a a expressão da
elasticidade-preço no ponto de máximo. O equilíbrio se dá no ramo elástico ou inelástico
da curva de demanda?
d) Use o que for relevante do item anterior para explicar, em 3 linhas, porque há uma

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contradição entre (1) e (2).


e) Suponha que haja apenas um narcotraficante, mas a demanda de mercado agora é
definida por Q  p   ap  e , com e  1 . A função de custo total do monopolista é
TC  Q   cQ , c  0 . Resolva o problema do monopolista e calcule a expressão da
elasticidade-preço no ponto de máximo. O equilíbrio se dá no ramo elástico ou inelástico
da curva de demanda? Os resultados encontrados em (b) e (d) são idênticos ao que você
encontra aqui? Explique.
f) Em relação ao item anterior, o que aconteceria se e  1 ? O monopolista estaria
maximizando lucro?

Você pode fazer comentários sobre o narcotráfico e os resultados fora da questão, mas
eles não valem pontos.

3. (*) Uma editora sabe que a função demanda para um famoso livro-texto de Introdução
a Economia é dada por: p(Q)  100  0.005Q . O acordo com o autor é tal que a editora
deve lhe pagar R$ 20.00 para cada livro vendido. Além disso, a editora paga R$ 20.00
por custos de impressão e distribuição, independentemente da quantidade produzida.
Suponha que não existem outros custos.
A) Qual é a quantidade produzida que maximiza lucros da editora? Qual o lucro obtido?
Quanto o autor receberá? Qual será o preço de venda deste livro?
B) Você, membro do DECOPON (uma consultoria-júnior hipotética) foi contratado como
consultor para rever a relação entre o autor e a editora. Seu conselho foi: “esqueçam este
acordo de R$ 20.00 por livro vendido. Façam o seguinte: a editora fica com 60% dos
lucros e o autor com 40%”. O autor concordará com este novo contrato? E a editora?
Quanto aos alunos que compram este livro, ficarão mais felizes se a editor e o autor
adotarem este novo arranjo contratual? Ou não? Sua resposta é impossível sem que você
faça as contas necessárias. [máximo: 6 (seis) linhas + contas e/ou gráficos]

4. (**) Diga se Verdadeiro ou Falso e justifique (tanto as afirmativas verdadeiras como


falsas)

a) Qualquer monopólio tenta igualar a receita marginal ao custo marginal na região


em que a receita marginal cresce mais devagar do que o custo marginal.
b) Se um monopolista opera com uma tecnologia que exibe retornos constantes de
escala, então ele trabalha com mark-up constante, independente de sua função
demanda.
c) Um monopolista com várias plantas distribui a produção entre as mesmas de
forma que o custo variável seja o mesmo em cada fábrica.
d) Um monopolista com várias plantas distribui a produção entre as mesmas de
forma que o custo marginal seja o mesmo em cada fábrica e, além disso, ajusta o
número de plantas de forma a que cada planta opere em seu ponto de custo total
médio mínimo.

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5. (*) Suponha um monopolista que vende maços de cigarros. O governo impõe à esta
empresa um imposto ad valorem na esperança de diminuir seu lucro. A maximização do
monopolista, com o imposto é dada por: Max p(Q)Q  TC (Q)  (1  t )Q , na qual “(1+t)” é
Q

o imposto ad valorem. Considere, para simplificar, que a demanda inversa seja dada por:
p(Q)  100  Q e que a função de custo total seja dada por: TC (Q)  Q3  2Q 2  10 .
Considere duas situações: antes do imposto e depois do imposto (com 10% de imposto, o
que significa que t = 0,10)

a) Preencha o quadro abaixo [use, se for o caso, apenas uma casa decimal.]

Sem imposto (t = 0) Com imposto (t = 0,10)


Preço praticado (R$)
Quantidade vendida (maços
de cigarros)
Elasticidade-preço da
demanda no ponto ótimo
Receita total (R$)
Custo total (R$)
Lucro total (R$)
Excedente do consumidor
(R$)
Bem-estar Social (R$)

Do que você encontrou, é possível afirmar que a política do governo diminui o lucro do
monopolista?

b) Repita o exercício anterior, mas alterando a função de demanda inversa para


p(Q)  100  2Q . O que você pode dizer sobre a política do governo nas duas situações?
Lembre-se do conceito de elasticidade-preço da demanda quando responder à pergunta.
[a parte textual de sua resposta não deve ultrapassar cinco linhas. A parte algébrico-
gráfica não tem limite de linhas]

6. (**) Seja um monopolista que opera segundo a seguinte função de produção:


Y  La Kb . Pode-se dizer que se esta tecnologia exibir retornos constantes de escala,
então o lucro máximo do monopolista será sempre igual a zero? Por que? [Use o

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Teorema de Euler para responder a esta pergunta. Em caso de dúvida, veja o livro de
Microeconomia de Varian, 5ª edição, p.580-1, ou as páginas pertinentes na edição que
você tiver em mãos]

7. (*) A partir do que foi visto em sala (e no livro), cheque a veracidade da seguinte
afirmação: “um monopolista com várias plantas produz, em equilíbrio, no ponto onde os
custos marginais de cada planta se igualam”.

8. (*) Em Cachoeira de Pajeú existe um único distribuidor de água. A demanda de água


foi estimada por um aluno do DECON como Q( p)  100  2 p . A Companhia Represa é a
detentora dos direitos de propriedade sobre os reservatórios da região. A distribuidora
deve comprar água da Companhia Represa.

a) Considere o custo marginal da água para a Companhia Represa como nulo e


também considere que não existem custos fixos relevantes para a distribuidora.
Qual o preço cobrado da distribuidora pela Companhia Represa?
b) Suponha que o custo marginal da Companhia Represa não seja desprezível, mas
sim obtido a partir de: TC (Q)  2Q . Mantenha as outras hipóteses anteriores e
encontre o novo preço cobrado.

9. (*) Considere a demanda invertida linear, P  a  bQ , onde a, b  0 e a função de


)FcQ , com F , c  0 . Mostre que, no ponto ótimo,
2
custo total do monopólio: CT
(Q
o monopolista opera em um ponto da demanda em que a elasticidade-preço é maior do
que um, em valor absoluto.

10. (**) Algumas pessoas se perguntam se o resultado encontrado para monopólios que
vendem bens duráveis (visto em sala e no livro) se mantém quando o monopolista
desconta o futuro ou quando os consumidores formam expectativas quanto ao futuro. É
fácil responder estas perguntas com um exemplo. Assim, considere uma demanda mais
1 6
simples D( p)  1  p e o fator de desconto   .
1 r

1 1
a) Mostre que, no caso do aluguel, temos: q1  , p1  e o lucro total é dado por:
2 2
1 1 1
r     1    .
4 4 4
6
O exemplo é de Tirole (1988). Entretanto, note que, na p.81 do livro, há um erro de digitação. A
quantidade produzida pelo monopolista no período 2 (futuro) é ½ e não zero. Ver p.81, coluna da direita,
11ª linha de cima para baixo.

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b) Mostre que, no caso da venda, [lembre-se, resolvemos primeiramente o “futuro”


(período 2) e depois o “presente” (período 1). Assim, temos:
Max  q2 1  q2  q1   ], obtém-se: q2 
1  q1  .
q2 2
c) Para tornar o problema mais interessante, suponha que, no primeiro período, o
a
consumidor espere que o preço no segundo período seja p 2 . A função de
demanda, no primeiro período, é a soma desta expectativa, descontada, com a
demanda do primeiro período. Em outras palavras, p1  1  q1   p2a . Mais ainda,
suponha, para simplificação, que os consumidores tenham expectativas racionais
na forma “forte”, isto é, antecipam corretamente os preços. Assim, p2  p2 .
a

Mostre que a demanda, no primeiro período é:


 1  q1   
p1  1  q1      1  q1  1   .
 2   2
2    .
2
2
d) Mostre que: q1  e p1 
4 24   
A intuição do que você encontrou é que consumidores racionais percebem que o
monopolista não pode lhes cobrar um preço mais alto hoje do que no futuro neste caso.

11. (**) Carraro Enterprises é a única empresa da Econolândia que produz tangerinas ao
custo marginal “c”. Por algum motivo, ela não pode vender diretamente ao consumidor:
deve revender as tangerinas para uma cadeia de pequenas empresas que são monopólios
nas diversas regiões da Econolândia (existem i = 1, ...., I regiões).

Em cada região, a demanda de tangerinas é dada por qi 


 A  pi  , onde pi é o preço de
Bi
venda na região i e qi refere-se à quantidade de tangerinas vendidas na região i. A e B são
assumidos: A  c  0, B  0 . Assume-se que a Carraro Enterprises fixa o preço para os
pequenos empresários (doravante chamados de “revendedores”) que, por sua vez,
determinam os preços em suas respectivas regiões. Assume-se também que não há a
possibilidade de consumidores de uma região fazerem compras em outra região. Também
não é possível discriminar preços dentro das regiões. Entretando, a Carraro Enterprises
pode discriminar os preços ( Pi ) que cobra dos revendedores. Estes, por sua vez, podem
fixar seu preço de venda em sua respectiva região. Assim, Pi é igual ao custo marginal de
cada revendedor.

a) Qual a lógica de se supor A  c  0 ?

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b) Resolva o problema de maximização do revendedor dado por:


( p  P )( A  pi )
max i i e encontre a expressão algébrica das seguintes variáveis, em
pi Bi
equilíbrio: pi *, i *, (respectivamente, preço cobrado pelo revendedor e seu
lucro).
c) Mostre, em um único gráfico: a demanda, a receita marginal, o custo marginal.
Indique, no mesmo gráfico, como é encontrado o par xi *, pi *.
d) Vamos agora nos concentrar na Carraro Enterprises. Qual a expressão de seu
lucro se ela fixar o preço em Pi ? No gráfico do item anterior, mostre o lucro da
Carraro Enterprises.

12. (**) Uma indústria monopolizada tem uma demanda tal que Q  p , com e  1 . O
e

custo marginal é constante e igual a c .

a) Mostre que um planejador benevolente (ou uma indústria competitiva) alcançaria um


c1 e
bem-estar total W tal que W 
c c
.
e 1
b) Calcule a perda de peso morto (PM) sob o monopólio.
c) Mostre que PM / W c cresce com e , que PM é não-monotônico em e , e que a fração
lucro do monopolista/bem-estar alcançado pelo planejador benevolente (  m / W c ) do
excedente do consumidor potencial que pode ser capturado pelo monopolista aumenta
com e . Discuta este resultado.
d) Se e  1 , a função lucro do monopolista é quase-côncava? Calcule as condições de
segunda ordem da maximização de lucro do monopolista e encontre a resposta desta
pergunta.

13. (**) Seja um monopolista cuja função custo seja TC (Q)  aQ 2  bQ  e , onde todos
os parâmetros são positivos. Considere que não existam estoques e, portanto, Q é a
quantidade demandada pelo monopólio. Supõe-se que exista uma relação entre a
dP
quantidade e o preço, ao longo do tempo, t, dada por: Q  f  gP  t   h , onde
dt
f , g  0, h  0 .

dP
a) Qual é a função lucro da firma? Mostre que ela é função de P, .
dt
b) Resolva o seguinte problema de maximização do monopolista:

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 dP 
T
Max  P      P, dt sujeito às seguintes condições: P(0)  Po , P(T )  PT , nas
0  dt 
quais P0 , PT são dados. [dica: Veja Chiang, A. Dynamic Optimization, seção2.4]

14. (****) Considere a seguinte função inversa de demanda por monografias:


p  p(q, x) , na qual x = qualidade e q = medida de quantidade (e.g. páginas da
monografia). Obviamente, todas as funções apresentadas a seguir seguem as propriedades
matemáticas usuais exigidas. Suponha que ela tenha o seguinte formato funcional:
p(q, x)  a  bq  cx .

Suponha um orientador benevolente apenas no sentido de que seus anos de trabalho e


experiência lhe deram uma capacidade de avaliar a qualidade de uma monografia de
forma compatível com os cânones da boa prática científica. O excedente do consumidor
q

de monografias, digo, do orientador é dado por: CS   p (u , x)du  qp(q, x)


0

O orientando deseja maximizar seu benefício líquido, π, dado por:


  qp(q, x)  TC (q, x) . Vamos supor que a função de custo seja dada por:
TC (q, x)  F  cq 2  dx 2 . Suponha que o aluno escolha apenas o número de páginas que
maximize seu lucro.

a) Encontre o equilíbrio do aluno.


b) Calcule a derivada do bem-estar social com relação a x. Você encontrará, em termos
W 
q

genéricos:   px du  qpx  . Se o aluno não ajusta “x” para maximizar seu lucro,
x 0 x
qual o valor da última expressão do lado direito?
W
b.1.) Dado o que você respondeu acima, verifique que o sinal de fica indeterminado.
x
b.2.) Mostre que um aluno pouco preocupado com a qualidade da monografia seguirá:
q q
1
0 x
p du  qp x  0 
q 0
px du  px .

b.3.) É correto dizer que um aluno pode gerar um calhamaço de asneiras se (


q  , x   )? Por que?

15. (*) A função de demanda por um certo livro-texto é dada por P(Q)  20  0.0002Q .
A função custo marginal da editora é: MC (Q)  6  0.00168Q . O autor recebe royalties

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de 20%.

a) Qual é a solução preço-quantidade preferida pelo editor?


b) O autor deseja maximizar sua receita de royalty, o que requer que ele iguale a receita
marginal a zero (por que?). Qual é a solução preço-quantidade favorita do autor?

16. (*) Considere um problema ligeiramente distinto ao problema 14. Neste caso,
perguntamo-nos o seguinte: dado que o editor fixa o preço do livro, que o valor do
royalty,  , deveria ser negociada pelo autor? Em outras palavras, o autor deseja
maximizar sua receita, Ra, dada por: TRa  TR   P(Q)Q .

a) Usando as mesmas funções do exercício 14, qual o valor de  que satisfaz o autor? O
que isto significa em termos de preço e quantidade no equilíbrio?
b) E se o editor escolher  ?O que acontece? [Dica: qual é a receita do editor, dado que,
agora,  é negociado?]

17. (*) Um produtor gaúcho de vinho tem sua demanda doméstica protegida da
concorrência internacional. Sua demanda doméstica é Pd  120  qd /10 . Sua firma é
muito pequena no mercado mundial e, portanto, é tomadora de preços e este, atualmente,
 q  qe 
é de Pe  80 . Sua estrutura de custos é tal que: CMg  qd  qe   50  d . Calcule
10
as quantidades de vinho que suprem a demanda doméstica, a externa e mostre que o
monopolista cobra um preço maior no mercado menos elástico.

18. (***) Seja uma economia dividida entre “g”compradores governamentais e “n”
compradores privados de uma determinada mercadoria Q. A demanda inversa dos
ag  Q
compradores governamentais é dada por: P (Q )  . De forma similar, a demanda
bg
an  Q
inversa dos compradores privados é: P(Q)  . O custo marginal de se produzir Q é
bn
igual ao custo médio e é constante no nível “C”.

a ( g  n)  Q
a) Mostre que a demanda inversa agregada é igual a: P (Q ) 
( g  n)b
b) Faça o gráfico representando: a curva de demanda de mercado, sua correspondente
curva de receita marginal, a curva de demanda dos compradores governamentais e o
custo marginal. Encontre a quantidade de equilíbrio (chame-a de q̂ ) e o preço de
monopólio (chame-o de Pm ).

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 ag  Q 
Qc

c) Mostre que o excedente do consumidor é dado pela expressão:  


0
gb
 C  dQ na

qual Qc é a quantidade encontrada pela interseção da curva de demanda dos
consumidores governamentais e o custo marginal. Mostre o mesmo resultado no gráfico
que você desenhou no item anterior.
d) Se a = 100, b = 0.5, n = 10 e g = 5, encontre os pontos importantes no gráfico que você
fez em “b”e calcule o excedente do consumidor.
e) Este exercício é baseado no artigo The Supply of Occupational Regulation, publicado
no Economic Inquiry, vol. XXI, April/1983, de Roger Faith e Robert Tollison. A idéia é
ilustrar a oferta e a demanda de regulamentação de profissões, cuja origem é medieval e
faz parte da história econômica do mercado de trabalho, especificamente na era
mercantilista. Assim, uma vez que você já resolveu o exercício até o item “d”, considere
agora o ganho dos compradores governamentais com a venda dos direitos de monopólio
 ag  Q   a( g  n)  qˆ 
Qm

que é dado por:    Pm dQ    qˆ  Cqˆ . Mostre que a diferença entre


0 
gb   b ( g  n ) 
o excedente do consumidor e o ganho dos compradores pode assumir um valor negativo
 ag  Q 
Qc

se:    dQ  PmQm  PcQc   Pm  C  qˆ  0 .


Qm  
gb

19. Define-se o índice de Lerner de poder de monopólio como: L(Q)   P  CMg (Q)  / P
. A demanda de mercado é dada por: p  Q   a  bQ , onde a, b  0 . Suponha que a
função de custo total do monopólio seja tal que: CT (Q)  F  cQ 2 , com F , c  0 .

Encontre a expressão do índice de Lerner no ponto de maximização de lucro do


monopolista e explique se falso ou verdadeiro: “um aumento de b aumenta o índice de
Lerner”. Cálculos e explicações devem ser detalhados. Sua explicação escrita não deve
ultrapassar 5 linhas.

20. (*) Uma editora sabe que a função demanda para um famoso livro-texto de
Introdução a Economia é dada por: p(Q)  100  0.005Q . O acordo com o autor é tal que
a editora deve lhe pagar R$ 20.00 para cada livro vendido. Além disso, a editora paga R$
20.00 por custos de impressão e distribuição, independentemente da quantidade
produzida. Suponha que não existem outros custos.

a) Qual é a quantidade produzida que maximiza lucros da editora? Qual o lucro


obtido? Quanto o autor receberá? Qual será o preço de venda deste livro?
b) Você, membro do DECOPON (uma consultoria-júnior hipotética) foi contratado
como consultor para rever a relação entre o autor e a editora. Seu conselho foi:

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“esqueçam este acordo de R$ 20.00 por livro vendido. Façam o seguinte: a editora
fica com 60% dos lucros e o autor com 40%”. O autor concordará com este novo
contrato? E a editora? Quanto aos alunos que compram este livro, ficarão mais
felizes se a editor e o autor adotarem este novo arranjo contratual? Ou não? Sua
resposta é impossível sem que você faça as contas necessárias. [máximo: 6 (seis)
linhas + contas e/ou gráficos]

CTMe
CMg(Q)

PM

Preço
máximo

QM Qn
21. [para
você pensar] Lembre-se do ano de 2006, quando o presidente Evo Morales criou um
gigantesco monopólio estatal do gás na América Latina. Na época, governos latino-
americanos viram-se diante de um potencial aumento de preços7. Como podemos
entender – e propor soluções – para este problema? Uma opção é o governo propor um
preço máximo para pagamento ao governo boliviano 8. Veja o gráfico abaixo.

7
Segundo uma notícia, a Argentina pagava, na época, US$ 3,4 por milhão de BTU. A Bolívia
pretendia aumentar o preço para US$ 5,4. [http://ultimosegundo.ig.com.br/materias/economia/2411501-
2412000/2411678/2411678_1.xml]
8
Esta seção se baseia no exemplo, para a OPEP, ilustrado por McCloskey (1985).

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Este preço é fixado abaixo do preço PM. A idéia seria conter o excesso de
demanda através de impostos ou simplesmente deixando que filas se formassem nos
postos de gasolina. Ao longo do tempo, o governo boliviano seria obrigado a aumentar a
quantidade produzida de gás para Qn e o preço cairia para o nível máximo.
A proposta depende, obviamente, de uma posição firme do governo, em relação
ao monopolista, pagando apenas o preço menor e, claro, há o problema de inconsistência
temporal do próprio governo: ele teria de se comprometer com a queda do imposto ao
longo do tempo, conforme a diminuição da diferença entre P M e o preço máximo.
Uma outra solução é formar um cartel de compradores que adote esta política em
bloco. Contudo, seria difícil coordenar a ação dos governos componentes deste cartel,
conforme veremos no capítulo sobre cartéis.
Em outras palavras, sua vida pode ficar melhor quando o governo impõe um
preço máximo sobre um monopolista.

22. (*) [baseado em: Brook, Is the Dorfman-Steiner rule always optimal?, American
Economist, 2005] Derive a condição de Dorfman-Steiner para um monopolista que gasta
em publicidade tal como no livro-texto. Guarde os resultados. Agora, use as seguintes
funções de demanda e custo: P(Q, A)  a  bQ  cA , C (Q, A)  eQ  f  A , nas quais as
letras minúsculas são parâmetros, que respeitam as seguintes relações:
 2b(d  1)Q 
a, b, c, e, f  0, 0  d  1, a  e,   dcAd 1  . Mostre que, neste caso, o
 A 
monopolista maximiza lucro, mas a condição de Dorman-Steiner não passa de uma
identidade.

23. (*)“Em geral, a eficácia do pacote dependerá de quão negativamente as demandas


estejam correlacionadas”. Explique o significado desta frase em um parágrafo de, no

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máximo, 20 linhas.

24. (**) [Rasmusen] Uma forma de discriminação de preços consiste em cobrar uma
quantia fixa, L, para que o consumidor tenha o direito de comprar o bem e, então, cobrar
uma taxa, p, por unidade de consumo do bem. O exemplo padrão é o parque de diversões
no qual a firma cobra uma entrada e depois preços para cada diversão do parque. Esta é a
chamada tarifa em duas partes. Suponha que todos os consumidores tenham funções de
utilidade idênticas, u(x), e que o custo de produção seja cx (c vezes x). Se o monopolista
utiliza a estratégia da tarifa em duas partes, ele produzirá x em um nível ótimo, muito alto
ou muito baixo?

25. (*) Resolva a questão 13 da prova de Microeconomia da ANPEC (2006).

Oligopólio, Conc. Monopolista, Modelo de Hotteling, Medidas de


Concentração

1. (*) Em uma indústria existem três firmas produzindo um bem homogêneo. A demanda
de mercado é dada por p(Q)  100  Q . A tecnologia de cada firma é dada por:
TCi  qi   ci qi , na qual c1  c2  c3  2 .

a) Encontre a quantidade produzida e o lucro de cada firma no equilíbrio de Cournot.


b) Calcule a elasticidade-preço da demanda no ponto de equilíbrio.
c) Suponha que as firmas 2 e 3 se fundem em uma firma que chamaremos de 4.
Calcule o nível de lucro da firma 4 no mercado supondo competição via Cournot.
Sobre o resultado encontrado, comente, justificando se verdadeiro ou falso: “as
firmas 2 e 3 ganharam com a fusão”. Suponha que, no caso do cartel, o lucro do
cartel é igualmente dividido entre seus componentes.
d) Suponha que as firmas 1 e 4 se fundem. A firma 4 se beneficia da fusão? Por que?
e) Partindo da situação inicial (o item “a”), imagine que as firmas 2 e 3 descobrem
uma tecnologia que lhes permite diminuir seus respectivos custos marginais para
c2  c3  1 . Calcule o equilíbrio de mercado. Feito isto, você diria que vale a pena
para ambas as firmas, nesta nova configuração de custos, fazerem um cartel? Para
responder a esta pergunta, compare a situação do cartel (item “c” acima) com uma
hipótetica fusão, em termos do lucro de cada firma (considere a mesma regra de
divisão de lucros do item “c”).

2. (*) Resolva a questão 13 da prova de Microeconomia da ANPEC (2013).

3. (*) Resolva a questão 15 da prova de Microeconomia da ANPEC (2015).

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4. (*) Suponha que existam duas firmas no mercado, com as seguintes funções de custo:
TC1 (q1 )  5q1 e TC2 (q2 )  0.5  q2  . A demanda de mercado é dada por:
2

P(Q)  200  2P . A competição é simultânea e as empresas decidem a quantidade


produzida (Cournot). Encontre as funções de reação de cada uma das firmas e o
equilíbrio deste mercado (quantidades e preço praticado). Se ambas as firmas formarem
um cartel, qual será a produção de cada uma delas? [Questão extra: é correto usar os
resultados do apêndice 6.7 aqui? Sim, não e por que?]

5. (*) Conforme visto em sala sobre Cournot e Stackelberg, considere duas firmas com
estruturas de custos idênticas TCi (qi )  cqi e uma demanda inversa, como sempre, linear:
P(Q)  a  bQ . Os valores dos parâmetros são os usuais (e a  c  0 ). Suponha, no caso
da seção 6.2, o jogo em duas etapas, com a firma 1 agindo primeiro. É possível dizer se o
bem-estar é maior sob uma estrutura de mercado a la Stackelberg relativamente a uma
estrutura de configuração Cournot? Sim, não? Em qualquer caso, explique sua resposta
usando os cálculos necessários.

6. (*) Considere um problema similar ao anterior, mas agora temos TCi (qi )  ci qi e, mais
ainda, c1  c2 . Suponha, no caso de Stackelberg, que a firma 1 se move primeiro, seguida
da firma 2. Compute o equilíbrio. Agora, suponha que a firma 2 age primeiro, seguido da
firma 2 (o inverso do que você acabou de fazer). Há alguma diferença no equilíbrio por
conta da mudança da ordem seqüencial dos jogadores? O bem-estar social é maior no
primeiro, no segundo caso, ou não há diferença? Explique algebricamente e dê uma
intuição para o resultado.

7. (*) Em http://antitruste.blogspot.com/2007/03/ambev-vai-luta.html, pode-se ler:

Após o Parecer da SDE recomendando sua condenação por fechar o mercado varejista
aos concorrentes, a AmBev confirmou a compra da Cintra por US$ 140 milhões,
conforme informou Guilherme Barros, da Folha. A AmBev não estaria interessada nas
marcas da empresa adquirida, mas em expandir a produção para atender à demanda.

No Valor, em 15 de março, Daniela D'Ambrosio informava que:

O que está em jogo nesse negócio é o mercado carioca. Segundo dados Nielsen de
fevereiro, a Cintra tem uma participação nacional de apenas 1,12%. Em janeiro último

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tinha 1,08% e em fevereiro de 2005, 1,26%. Mas na Grande Rio sua participação é de
5,9% e na área que abrange Espírito Santo, interior do Rio e Minas Gerais sua fatia é de
2,1%. Já na Grande São Paulo, a Cintra tem 0,14% e no interior paulista, 0,71%.
Considerando os mais de 65% de participação de mercado da AmBev, o acréscimo do
HHI (índice de concentração) em decorrência da operação é certamente superior a 100,
o que a torna preocupante, em princípio, para as autoridades de defesa da concorrência.

Discuta esta notícia tendo em vista a definição (geográfica) de “mercado”. O cálculo de


HHI tem relação com a definição de mercado? Como isto pode alterar decisões do CADE
sobre política antitruste?

8. (*) Do mesmo blog:

Caso houvesse um aumento dos preços das mercadorias vendidas pela Internet, você
deixaria de comprá-las, substituindo esse tipo de comércio pelo tradicional? Essa é uma
questão crucial para o caso Submarino - Lojas Americanas, cuja sociedade na maior
empresa de comércio eletrônico do Brasil está aguardando análise pelo Cade.

Segundo reportagem do Juliano Basile ("Submarino e Americanas explicam-se ao


Cade". Valor Econômico, de 17/01/2007), as empresas sustentam que aquela
substituição é regra e, portanto, "não terão como aumentar os preços dos produtos
vendidos pela internet, pois, se o fizerem, o consumidor poderá deslocar suas compras
para o varejo tradicional".

Se aceita a tese, a concentração do comércio varejista seria de apenas 2%. Caso


contrário, as empresas somam mais de 50% do comércio eletrônico brasileiro.

Após ler o trecho acima, responda: “o que um carro Flex Power e a notícia acima têm em
comum”? A resposta deve conter ao menos uma vez o termo “elasticidade” (fácil, não?).
Novamente, reflita sobre a definição geográfica de mercado da questão anterior
adaptando-a a este novo contexto.

9. (*) Qual a diferença entre concentração vertical e horizontal? Defina cada uma em, no
máximo, cinco linhas. Comente brevemente sobre a diferença entre elas.

10. (***) Um mercado apresenta a seguinte função de procura:

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p  Q, A    bQ  a1  a2 , onde A  a1  a2 . As firmas decidem, simultaneamente,


quanto produzem ( qi ) e quanto gastam em propaganda ( ai ). O lucro de cada firma é
dado pela receita total subtraída do custo total de produção (suposto linear: cqi ) e do
gasto em propaganda. Suponha que b  0, ci  0,   ci , i  1, 2 .

Encontre o ótimo de cada firma (quantidades produzidas e gastos em propaganda). A


afirmativa seguinte está correta ou não? “Um aumento em b gera uma queda na
quantidade produzida no ponto ótimo pela firma 2”. Responda derivando a quantidade de
equilíbrio da firma 2 em relação a b e explicando em, no máximo, 5 (cinco) linhas.

11.(***) Na lista de exercícios de monopólio, vimos o que aconteceria com o


monopolista se lhe fosse imposto um tributo ad valorem.

Suponha duas firmas com estruturas de custos idênticas TCi (qi )  cqi e uma demanda
inversa, novamente, linear: P(Q)  a  bQ . No caso do duopólio de Cournot, a tributação
ad valorem transforma a função de lucro da firma “i” em:
 c  9
 i  Q   1     P(Q)  q .
 1     i
a) O que aconteceria, em um duopólio de Cournot, se ambos os jogadores pagam a
mesma alíquota de imposto? Compute a receita de imposto dada por G   P(Q*)Q * .
Após fazer isto, calcule o equilíbrio, mas com   0 , ou seja, o governo não interfere na
competição das firmas cobrando impostos.

b) Vamos seguir o anseio do economista que mora no fundo de seu coração, muitas vezes
sufocado por sua consciência, e tentar entender o que aconteceria em uma situação mais
interessante, mais complexa, menos abstrata (e todos estes sinônimos que surgem quando
você quer fugir do problema simples)........sem se lembrar que deve resolver o problema
mais rico, complexo, menos abstrato, “da vida real”, etc. Bem, é sua chance.

(b.1) Imagine que, dado um investimento exógeno em pesquisa bem-sucedido, a firma


dois conseguiu um custo marginal menor ( c1  c2 ). Compute o equilíbrio no caso em que
ambas as firmas pagam imposto. Após fazer isto, calcule o equilíbrio, mas com   0 , ou

9
Seguindo Anderson, Palma & Kreider (2000), note que reescrevi o imposto ad valorem.
Normalmente, expressa-se este em forma de (1+s) do preço do produtor. Assim, se definimos τ = s/(1+s),
apenas tornamos mais simples o problema. O texto é: The efficiency of indirect taxes under imperfect
competition.

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seja, quando o governo não interfere na competição das firmas cobrando impostos.

(b.2) Agora, imagine que, com c1  c2 , o governo resolva tributar apenas a firma 2. O que
acontece com a receita do governo, relativamente ao encontrado em (b.1)? E se o governo
mudar de idéia e apenas tributar a firma 1? Se o objetivo do governo é maximizar sua
receita de impostos, em qual caso ele ganha mais com a adoção do imposto ad valorem:
quando tributa apenas a firma mais eficiente (menor custo marginal) ou a segunda? Por
que? Mostre algebricamente.

12. (***) [inspirado em: Zikos, V. (2007) Stackelberg mixed oligopoly with asymmetric
subsidies] Suponha um jogo seqüencial que envolve uma empresa pública, estatal (vamos
chamá-la de firma 1) e duas firmas privadas (firmas 2 e 3), membros de uma mesma
indústria. A demanda de mercado é linear, dada por p(Q)  a  Q , no qual Q é a soma da
produção das três firmas. Todas as firmas possuem idênticas funções de custo dadas por:
1
Ci  qi   k  qi  . Vamos considerar k  1 para facilitar as contas. O jogo se desenvolve
2

2
da seguinte forma: no primeiro estágio o governo se compromete com um subsídio por
produto apenas para as empresas privadas (ou seja, cada função de lucro das firmas
privadas é acrescida do termo sqi , onde s é o subsídio). No segundo estágio, a firma
pública decide o nível de produção que maximiza seu lucro e, finalmente, as firmas
privadas decidem o quanto produzir no último estágio do jogo.

a) Resolva este jogo e encontre o nível de bem-estar. [Dica: o bem-estar é dado por:
3 3
W  (1/ 2)Q 2    i  s   i ]
i 1 i 2

b) Suponha o mesmo jogo acima, com uma única alteração: a firma estatal também
3 3
recebe subsídios. Note que o bem-estar será dado por: W  (1/ 2)Q 2    i  s   i .
i 1 i 1
Compare o nível de bem-estar com o encontrado em (a) e comente.

13. (*) Suponha duas firmas que competem em um duopólio de Cournot. Contudo, suas
estruturas de incentivos são distintas. Na firma 1, os acionistas são ao mesmo tempo os
gerentes e, assim, seguem uma maximização distinta da tradicional, vale dizer,
maximizam uma combinação linear da receita e do lucro da firma. Para a firma 2, vale a
maximização de lucros tradicional. Compare as condições de primeira ordem das duas
firmas e comente.

Para ajudá-lo, encontram-se abaixo as funções objetivo das firmas. O “*” diz respeito aos
dados da firma 1. Supõe-se que as funções custo sejam estritamente convexas em todos
os seus argumentos. [ 0    1]

Função objetivo da firma 1:   p(q, q*)q * c *(q*)q *  1    [ p(q, q*)q*]

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Função objetivo da firma 2:   q, q *  p  q, q * q  c(q)q

14. (**) Considere o artigo Mukherjee (2007) [disponível em:


http://economicsbulletin.vanderbilt.edu/2007/volume12/EB-07L10028A.pdf]. Resolva as
equações do artigo (não copie, resolva). Siga os passos da prova do autor para a
proposição 1. Ao final da seção 2, o autor encontra a quantidade produzida pelo
incumbente sob entrada sob a hipótese de uma demanda inversa linear. Inverta a demanda
seguinte - Q  p   ap  e - e tente encontrar um resultado análogo. Compare o que
encontrou com o resultado do autor. Verifique se a proposição 1 é respeitada e explique o
porquê disto.

15. (*) Define-se o índice de Lerner de poder de monopólio como:


L(Q)   P  CMg (Q)  / P . A demanda de mercado é dada por: p  Q   a  bQ , onde
a, b  0 . Suponha que a função de custo total do monopólio seja tal que:
CT (Q)  F  cQ 2 , com F , c  0 . Encontre a expressão do índice de Lerner no ponto de
maximização de lucro do monopolista e explique se falso ou verdadeiro: “um aumento de
b aumenta o índice de Lerner”. Cálculos e explicações devem ser detalhados.

16. (*) Como podemos aplicar o que sabemos de oligopólios para entender a realidade
econômica de países com abundância de recursos naturais? Em Samman, Bank &
Shahnawaz (2005) [Services Liberalization and the Role of Natural Resources, publicado
nos anais do 2006 Proceedings of the Middle East Economic Association], temos um bom
exemplo que pode, inclusive, ser adaptado para se pensar casos como o da Bolívia ou
Venezuela dos anos recentes.

Neste modelo existem uma firma estrangeira e várias firmas nacionais. A firma
estrangeira opera no setor doméstico de serviços. Existem barreiras à entrada para esta
firma, na forma de impostos ou de exigências burocráticas.

O setor de serviços é regulado pelo governo e existem, nele, “n” firmas domésticas
idênticas. O objetivo de qualquer firma, estrangeira ou não, é maximizar lucros. O
governo, por sua vez, maximiza seu poder. Como ele faz isto?

O governo controla o oligopólio local, usando a receita que obtém dos recursos naturais
para conquistar votos através de subsídios ao emprego de indivíduos. Isto significa que as
firmas locais podem ter um excesso de pessoal empregado em função desta intervenção
direta do governo em seu processo de produção. Estes custos – unemployment costs (ui) -

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são, para efeitos didáticos, divididos em custos altos (i = H) e baixos (i = L). Este caráter
estocástico do custo é derivado da hipótese de que os preços do recurso natural são
aleatórios. Pense no caso da Arábia Saudita e em seu petróleo. Quando o preço do
petróleo está alto, as receitas com vendas de petróleo aumentam e o custo de se empregar
gente nas firmas domésticas diminui, o que é bom para a maximização do poder saudita.

Assim, temos:

Demanda de mercado: P(Q)  a  b  nqh  q f  , a, b  0


Custos da firma estrangeira: c f  (c  t )q f  T , c, T  0 [T = custos de entrada e
estabelecimento no mercado local e (c + t) = custos marginais (inclui o custo de
comercialização local, t, que poderia ser, por exemplo, um custo de transporte)]
 ch   c  u H  qh , com prob 

Custos da firma doméstica:  , com u H  u L .
cl   c  u  ql , com prob (1   )

L

a) Assumindo competição via Cournot, resolva o problema de maximização das firmas


H
(há dois sistemas para você resolver: um no qual a firma doméstica enfrenta u e outro
L
no qual enfrenta u , enquanto a firma estrangeira resolve, sempre, o mesmo problema).
Encontre as quantidades ótimas, o preço e os lucros das firmas.

Para facilitar, apresento ambos os sistemas, de forma resumida, abaixo:

Max h   a  b(nqh  q f   (c  u i )  qh , i  H , L


qh

qf   
Max  f    a  b nqh  u H   q f   (c  t ) q f  
 (1   )  a  b nqh  u L   q f
   (c  t ) q f T

b) Do resultado acima, suponha que:  P * (c  u )   0,  P * (c  t )   0 .


i
Do que
 *f
encontrou anteriormente, aplique o Teorema do Envelope e calcule e iguale a

expressão resultante a zero. Multiplique ambos os lados por 1 / P * e certifique-se de ter

encontrdo a seguinte expressão:


 P *   c  t    1 , onde  * é a elasticidade-preço da
P* *
demanda no ponto de equilíbrio. Explique o significado econômico de

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 P *  c  t   1
e de
 *f
 0.
P* * 

c) O que aconteceria neste modelo se o custo, c, de ambas as firmas fosse distinto?


Suponha, por exemplo, o caso em que c f  ch , ou seja, a firma estrangeira é mais
eficiente do que a nacional.

17. (*) [Shy, 6.8.] Duas firmas produzem um bem homogêneo cujo preço denominaremos
por “p”. O nível produzido pela firma 1 é q1 e, o da firma 2 (não surpreendentemente),
q2 . O nível de produto da indústria é denominado “ Q “, sendo que, obviamente,
Q  q1  q2 . A curva de demanda agregada da indústria é dada por p    Q . Assuma
que o custo unitária das firmas 1 e 2 sejam tais que:   c2  c1  0 .

Pede-se:

a) Resolva para o equilíbrio competitivo. Não se esqueça de resolver para o nível de


produto de cada firma e para o preço de mercado.
b) Resolva para o equilíbrio de Cournot. Não se esqueça de resolver para o nível de
produto de cada firma e para o preço de mercado.
c) Resolva para o equilíbrio sequencial (Stackelberg). Suponha que a firma 1 estabelece
seu nível de produção antes da firma 2.
d) Tal como o item anterior, mas agora a firma 2 é a primeira jogadora. Há diferença com
o que foi encontrado em (c)? Explique.
e) Resolva para o equilíbrio de Bertrand. Não se esqueça de resolver para o nível de
produto de cada firma e para o preço de mercado.

18. (*) Resolva a questão 13 da prova de Microeconomia da ANPEC (2009).

19. (*) Resolva a questão 9 da prova de Microeconomia da ANPEC (2010).

Informação Assimétrica, Agente-Principal

1. (*) Faça os exercícios do final do capítulo 37 de Varian.

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2. (*) Seja a demanda por carros usados, D, dada pela seguinte função: D  D( p,  ) ,
onde p é o preço do carro usado e μ é a qualidade média dos carros usados negociados.
Assuma que: D2  0, D1  0 . Suponha que exista uma relação entre a qualidade média
dos carros usados negociados e o preço, tal que:    ( p) , com  '  0 . A oferta de
carros usados é dada por: S  S ( p) , com S '  0 .

a) Escreva a condição de equilíbrio do mercado de carros usados incorporando todas as


informações relevantes.
b) Encontre a expressão da inclinação da curva de demanda, dD / dp e mostre que o sinal
da inclinação não pode ser determinado a priori.
c) Considere as seguintes formas funcionais específicas para a oferta, demanda e para a
relação entre a qualidade média e preço: S  bp, D  a    dp 2 ,   gp , onde todos
os parâmetros são positivos. Faça o gráfico com as curvas de oferta e demanda
especificadas no problema. Há equilíbrio?
d) Explique o resultado encontrado no item anterior.

3. (*) O gerente da firma Scott Bar é o agente de um principal representado pelos


acionistas. Suponha que não exista incerteza quanto ao resultado da empresa e que o
preço do produto seja igual a 1. Suponha que a produção e o esforço se relacionam
segundo a função Q  e . Suponha, adicionalmente, que o principal é incapaz de observar
diretamente o esforço do agente. Embora isto seja um fato, como não há fatores
estocásticos, basta observar o valor de Q para se saber quanto de esforço “e” foi
k
despendido. Assuma que o esforço é custoso para o agente na seguinte forma: c(e)  e 2
2
, na qual k > 0. Suponha que o principal ofereça um contrato no qual o salário tem uma
parte fixa e outra dependente do produto, de forma que: w  r   Q , com 0    1 .

a) Resolva o problema do agente: Max A  r   Q  c(e) s.a. Q  e . Você deverá


e

encontrar a função de reação do agente ao incentivo oferecido pelo principal que é igual a
e   / k . Interprete esta expressão. (Se o principal conhece esta função, basta que ele
ofereça um  * tal que ele obtenha e * )
b) Assuma, na seqüência do item anterior, que o agente tenha a liberdade de escolher se
aceita ou não a oferta. Explique porque a restrição de participação dele será
k
r   e  e2  A . Mostre que o lucro líquido do principal, neste caso, será:
2
Q l ( íquido )
 (1   )e  r . [suponha que A  0 ]

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 k
c) Resolva, então, o problema do principal: Max Q l s.a. e  , r   e  e2  A .
r , k 2
Considere, para simplificar, apenas a igualdade na última restrição. Você deverá
encontrar  *  1. Interprete este resultado (já respondendo à seguinte questão: “neste
caso, o agente se tornou o único reivindicador residual sobre os lucros da firma”?)
1
d) Mostre que r*   e interprete. [dica: o agente está, na verdade, fechando um
2k
contrato de franquia com o principal....certo?]
e) Ache também: e*, Q*, w*, Ql *
f) Qual era mesmo o nome desta firma? Se você não se lembra, provavelmente se
concentrou em aprender os cálculos e a lógica do problema. Parabéns.

410. O Sr. Alfredo tem uma empresa de revenda com um pico de vendas no verão. Por
isso está considerando a possibilidade de contratar Bernardo - estudante de economia –
para trabalhar como vendedor durante o verão. Dada a experiência passada, sabe-se que o
valor das vendas obtido por Bernardo pode ser igual a 2, 5 ou 10, com probabilidades 0.5,
0.2 e 0.3, respectivamente. De acordo com o contrato coletivo de trabalho, o salário de
Bernardo deve ter uma componente fixa no montante de 1 e comissões de 50% sobre o
valor das vendas.
a. Suponha que Bernardo tenha uma função utilidade U=ln W e uma riqueza
igual a 5. Qual é o equivalente certo do contrato acima descrito?
b. O Sr. Alfredo é muito mais rico, tendo uma riqueza de 1000. Por isso, o
risco envolvido neste contrato é relativamente pequeno e o seu
comportamento é neutro ao risco. Sabendo isso, e Bernardo percebeu que
seria melhor que negociassem um salário fixo. O Sr. Alfredo pediu então
que o jovem lhe apresentasse uma proposta de salário fixo em que os
ganhos monetários fossem igualmente divididos pelos dois. Qual o salário
que Bernardo pediu?

a. Resolução: Partindo dos valores possíveis para as vendas e das regras de


remuneração do contrato conclui-se que o salário de Bernardo será igual a 2. 3.5
ou 6 com probabilidades de 0.5, 0.2 e 0.3, respectivamente. Somando-se a isso a
sua riqueza inicial tem-se que o equivalente certo EC do contrato será dado por:

ln(5+EC) = 0.5 ln 7 + 0.2 ln 8.5 + 0.3 ln 11

10
Agradeço ao professor Marcus Xavier pela cessão dos exercícios 4, 5, 6 e 7 desta seção.

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e portanto

EC = 70.5 x 8.50.25 x 110.3 – 5 = 3.334

b. Resolução: O salário fixo que para Bernardo é indiferente ao esquema


contratual acima apresentado é o equivalente certo determinado em (a); por
outro lado, para o Sr. Alfredo que é neutro ao risco é o salário médio, que é igual
a 3.5. Portanto o salário fixo que divide igualmente os ganhos é igual a 3,417.

5. Suponha que o produto y de uma firma dependa apenas do esforço, e, de seu único
trabalhador.

y = 100e – e2 para e  50

O trabalhador recebe um salário w que depende do produto (e também do seu


esforço) e escolhe o nível de esforço que maximize
w(e) – e

Determine o nível de esforço que o trabalhador escolherá, o produto e os lucros


resultantes (suponha que o preço do bem seja 1 de modo que o lucro seja igual ao
produto menos o salário) para cada um dos seguintes esquemas de compensação:

i) w = 2 para y  1000 e 0 caso contrário.


ii) w = y / 2
iii) w = y – 100

Resolução
i) O produto da firma é y = 100e – e2 e  50.

O trabalhador quer maximizar sua utilidade, a qual é dada por:

U(e) = w(e) – e, onde w(e) é o esquema de incentivos provido pela firma.

2 para y  1000

i) w=
0 caso contrário

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Neste caso é claro o trabalhador terá uma escolha entre 2 níveis de esforço:
trabalhar zero e obter salário 0 ( u = 0) ou trabalhar o mínimo possível para
atingir o nível de produto y = 1000.

No segundo caso ele tem que empreender um esforço e tal que 1000 = 100e – e2.
Mas precisamos nem mesmo resolver para e uma vez que no máximo ele obtém w
= 2, o que implica que no máximo ele empreenderá um esforço e= 2, o que não
dá os y = 1000 necessários. (Para ser exato dá 196).

Assim ele empreende um esforço e = 0, o produto é y = 0 e os lucros são 0.

ii) w = y / 2

Substitua y = 100e – e2 em w = y / 2. Então o trabalhador resolve o seguinte


problema:
e2
max50e  e
2
s.a.
0  e  50

Esquecendo as restrições de desigualdade por um momento e tomando as


Condições de Primeira Ordem:

49 – e* = 0  e* = 49

Assim está dentro da restrição e é um máximo (a função é côncava e, portanto, a


condição de 2a. ordem está automaticamente satisfeita.

Assim o nível de esforço é

e* = 49, y = 100 x 49 – 492 = 4900 – 2401 = 2499 e os lucros são:


2499
  2499  2  1249,5.

iii) w = y – 100

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Substituindo y = 100e – e2 em w = y – 100. Então o trabalhador resolve o


seguinte problema:

max100e  e 2  e  100
s.a.
0  e  50

Esquecendo a restrição da desigualdade por um momento e tomando as


Condições de Primeira Ordem:
99 – 2e* = 0  e* = 48.9

Assim está dentro da restrição e é um máximo. Como no caso anterior, a


condição de 2a. ordem está automaticamente satisfeita.
Assim o nível de esforço é
e* = 48,5, y = 100 x 48,5 – 48,52 = 4850 – 2401 = 2352,25 e os lucros são
  100

6. Considere um agente que possa escolher entre dois níveis de esforço x A = 1 > xB = 0.
Suponha que existam três estados da natureza:

1.Receita é $1000
2.Receita é $100
3.Receita é 0

E o esforço do agente influencia as probabilidades desses estados da seguinte


forma: Sob esforço alto (1 = 0,3 2 = 0,5 e 3 = 0,2) Sob esforço baixo (1 = 0,1 2
= 0,4 e 3 = 0,5). O principal escolhe os níveis de salário s1, s2 e s3 de forma
contingente aos estados da natureza de forma a induzir o agente a empreender um
alto nível de esforço e maximizar os lucros esperados.

UP = 1 (1000 – s1) + 2 (100 – s2) + 3 (-s3)

Suponha que o agente seja avesso ao risco

UA(s,x) = 1 log s1 + 2 log s2 + 3 log s3 – x

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E que garanta u  0 trabalhando em algum outro lugar (note que isso não é de todo
ruim para ele considerando-se que ele tem uma utilidade negativa se não ganhar
salário algum).

a) Qual é o esquema de salários first best?


b) Suponha que o principal pague $ 3 no estado 1 , $3 no estado 2 e $1 no estado
3.
I. Isso satisfaz a restrição de participação ? (Explique)·
II. Atende a compatibilidade de incentivos? (Explique)

a. Resolução: A solução first-best é equivalente a quando o esforço é observado.


Isto nos permite (e ao principal também) estabelecer o salário de forma
contingente ao nível de esforço alto empreendido. Uma outra maneira de olhar isso
é que apenas a restrição de participação deve ser satisfeita. Para encontrar uma
solução ótima, note que podemos estabelecer o nível de utilidade do agente a 0 e
veremos que é a solução que maximiza a utilidade do principal. Uma coisa que não
falamos em aula mas que também é importante é que existem outros esquemas onde
a utilidade é 0. O ponto chave aqui é perceber que o agente é avesso ao risco e o
principal é neutro ao risco. Assim a solução ótima deve envolver o agente tendo um
salário nivelado e o principal assumindo o risco do negócio.
Se o agente exerce esforço baixo, seu salário deve ser tal que a desutilidade de
exercer esforço baixo é compensada por seu salário. Desde que já sabemos que o
contrato ótimo envolve o agente ter um salário nivelado, este salário w* deve
satisfazer (dado que o agente pode obter u = 0 em outra atividade):

0,1log(w*B) + 0,4 log(w*B) + 0,5log(w*B) = 0  log(w*B) = 0  w*B = 1.

De forma similar, para o alto nível de esforço (agora o esforço custa 1 para o
agente)

0,3log(w*A) + 0,4 log(w*A) + 0,5log(w*A) = 0  log(w*A) = 1  w*A = e.

Como decidiremos quais desses esquemas é ótimo? Em ambos o agente obtém 0 de


utilidade. Assim o ótimo será aquele que maximiza os lucros esperados do
principal.

E[ B]= 0,1 x 1000 + 0,4 x 100 + 0,5 x 0 –1


= 139

Se o principal coloca o salário de forma que o agente empreenda o nível de esforço


alto, obtém

E[ A] = 0,3 x 1000 + 0,5 x 100 + 0,2 x 0 – e

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Vemos então que o lucro é mais alto quando o nível de esforço alto é empregado.
Dessa maneira o nível de esforço s1= s2 = s3 = w*A = e.

b. Resolução Agora o salário não é mais observável. Vamos analisar o que


acontece quando o esquema de salários é s1 = s2 = 3 e s3 = 1.

i) Se o agente escolhe esforço alto ele obtém:

0,3log(3) + 0,5 log(3) + 0,2log(1) - 1 = 0,8log(3) –1 < 0  restrição de


participação não é satisfeita para o nível de esforço alto.

Se o agente escolhe esforço baixo ele obtém:

0,1log(3) + 0,4 log(3) + 0,5log(1) - 0 = 0,5log(3) > 0  restrição de participação


é satisfeita para o nível de esforço baixo.

ii) Podemos ver que o trabalhador obtém maior utilidade exercendo esforço baixo
que esforço alto sendo esse o esquema de salário. Assim a restrição de
compatibilidade de incentivos não é satisfeita.

7. Considere o seguinte modelo de ação oculta com três possíveis ações E = {e1, e2, e3}.
Existem 2 resultados de lucro possíveis: A = 10 e B = 0. As probabilidades de A
condicionais aos 3 níveis de esforço são f(A|e1) = 2/3, f(A|e2) = ½ e f(A|e3) = 1/3. As
funções de custo do esforço para o agente são g(e1) = 5/3, g(e2) = 8/5, g(e3) = 4/3.
Finalmente, v(w) = w 0,5 e a utilidade de reserva do agente é u = 0.

a) Qual o contrato ótimo quando o esforço é observável?


b) Mostre que se o esforço não é observável, então e2 não é implementável. Para
quais níveis de g(e2) e2 seria implementável?
c) Qual o contrato ótimo quando o esforço não é observável?

Resolução
H
pi  f ( )
a) Seja ei
de modo que p1 = 2/3, p2 = ½, e p3 = 1/3. Quando o esforço é
observável, o principal pagará exatamente g(e) pelo nível de esforço e, de maneira
que

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2 1 25
 (e1 )  10   0   3,
3 3 9
1 1 64
 (e2 )  10   0   3,
2 2 25
1 2 16
 (e3 )   10   0   2
3 3 9

Assim e1 é o ótimo com um salário de w = 25/9.

a) Com o esforço não observável o esquema de incentivos que o principal oferece


ao agente deve especificar um par (vA, vB) contingente ao lucro observado (Alto
ou Baixo). Para que e2 seja implementável, 3 condições devem ser satisfeitas:

1 1 8
(i ) v A  vB   0,
2 2 5
1 1 8 2 1 5
(ii ) v A  vB   v A  vB 
2 2 5 3 3 3
1 1 8 1 2 4
(iii ) v A  vB   v A  vB 
2 2 5 3 3 3

Essas condições são familiares a vocês. A primeira é a restrição de participação


considerando a utilidade de reserva do agente. As duas outras são restrições de
compatibilidade de incentivos. Estabelecem que a utilidade de empregar o esforço
e2 deve exceder os dois outros níveis de esforço possíveis.

2 8
Não é difícil ver que (ii) implica vA  vB e (iii) implica vA  vB . Também
5 5
não é difícil ver que elas não podem ser simultaneamente satisfeitas.

Para que e2 viesse a ser implementável, deveríamos ter ambas (ii) e (iii) satisfeitas.
Reescrevendo ambas:
1 1 2 1 5
(ii ) v A  vB  g (e2 )  v A  vB 
2 2 3 3 3
1 1 1 2 4
(iii ) v A  vB  g (e2 )  v A  vB 
2 2 3 3 3
ou
(ii )10  6 g (e2 )  vB  vA
(iii )6 g (e2 )  8  vB  v A

Ambas só podem satisfeitas se e apenas se g(e2) 3/2.

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c) Vimos em (b) que e2 não pode ser implementado. Para implementar e3 o melhor
contrato é pagar w = g(e3) = 14/9, e o lucro esperado do principal é:

1 2 16 14
 (e3 )  10   0  
3 3 9 9

Para implementar e1, a restrição de participação e a de compatibilidade de


incentivos devem ser atendidas. A restrição de participação e a de compatibilidade
de incentivos com relação a e3 são:
2 1 5
(i ) vA  vB   0
3 3 3
2 1 5 1 2 4
(ii ) vA  vB   vA  vB 
3 3 3 3 3 3

Isso dá (vA, vB) = (2, 1), em termos de salário, isso dá (wA, wB) = (4, 1). (Lembrem
que v(w) = w 0,5)
É fácil checar que os incentivos com relação a e2 são igualmente satisfeitos. O
lucro esperado do principal é:

2 1 2 1 33
 (e1 )  10   0   4  1 
3 3 3 3 9

e1 é assim o esquema ótimo de compensação.

8. (*) Considere o modelo do agente-principal sob informação perfeita aplicado ao caso


da produção. [você necessitará de calculadora neste exercício]

a) Suponha que a ordem do jogo seja a seguinte: i) o principal oferece ao agente um


salário w, (ii) o agente decide e aceita ou rejeita o contrato, (iii) se o agente aceita, exerce
um esforço e, (iv) o produto é tal que q(e), q' (e)  0 .

Os payoffs do jogo são os seguintes: se o agente rejeitar o contrato, então  A  U e


 P  0 . Caso o agente aceite,  A  U (e, w),  P  V (q  w) .

Suponha que cada movimento é de conhecimento comum. Ache a condição de equilíbrio


do jogo.

Discuta os possíveis contratos que o principal poderia oferecer ao agente e que cumprem
esta condição (se você não se esqueceu das aulas, eles são três!).

Resolva o problema para os seguintes formatos específicos das funções:

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q(e)  100 * ln(1  e) e U ( w, e)  w  e 2 .

b) Suponha que haja uma alteração neste jogo, especificamente na ordem do mesmo.
Agora o agente se move primeiro. Assim: (i) o agente oferece ao principal um contrato
w(e); (ii) o principal decide se aceita ou se rejeita o contrato; (iii) se o principal aceita, o
agente exerce o esforço e; (iv) o produto é tal que q(e), q' (e)  0 .

Ache a condição de equilíbrio do jogo. Certifique-se de ter feito corretamente esta etapa.
Em seguida, resolva o problema para as mesmas funções especificadas no item anterior,
ou seja: q(e)  100 * ln(1  e) e U ( w, e)  w  e 2 .

c) Analise (a) e (b) sob a luz do Teorema de Coase (no máximo 5 linhas). [dica: os
ganhos da produção eficiente dependem de quem possui o poder de barganha nestas
negociações que você analisou?]

9. (*) Suponha duas firmas em competição de Cournot. Ambas as firmas são


representadas pela existência de um gerente e de um “board” de diretores que estabelece
o contrato de trabalho tal como na seção 15.3 do livro-texto de Shy. Considere os
mesmos parâmetros, hipóteses e função demanda da seção.

a) Resolva novamente o caso-padrão da seção 15.3.


b) Resolva o caso em que uma firma segue o contrato tal como em (a), mas a outra
segue o caso simples de maximização de lucros de Cournot. Compare o lucro de
cada firma e comente os resultados. Faça uma verificação das proposições 15.5,
15.6 e 15.7. Há alguma alteração? Se há, dê uma intuição para a(s) mesma(s).
c) Resolva o caso do exercício 15.2 novamente e compare com o resultado obtido
em (a) e (b).
d) De forma geral, a introdução de algum tipo de contrato altera o resultado com
relação ao caso do duopólio de Cournot simples do capítulo 6? Explique o que
ocorre.

10. (*) [Shy, 15.6] Considere o problema do trabalho de alguns alunos que fizeram um
grupo de estudos para gerar um relatório para um professor de economia. A função de
N
produção é dada por: V   ei . Suponha que a função utilidade de cada aluno “i” seja
i 1

dada por: U i  wi   ei  . Ou seja, o aluno tem uma desutilidade marginal crescente em


2

relação ao esforço que exerce (bem parecido com o que você vê, não?). Responda os
seguintes itens.

a) Caso os estudantes se unam e monitorem os esforços uns dos outros, qual será o nível
de esforço ótimo de cada aluno?
b) Suponha que os estudantes não se unam como no item anterior (ou seja, suponha que
trabalham em grupo, mas cada qual cuidando apenas de si). Qual será o equilíbrio de
Nash para os esforços exercidos individualmente?
c) O aumento no número de alunos neste grupo geraria uma intensificação do problema

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do carona (caroneiro, caroneamento, etc)? Prove sua resposta!

11. (*) Resolva a questão 15 da prova de Microeconomia da ANPEC (2009).

12. (*) Resolva a questão 15 da prova de Microeconomia da ANPEC (2010).

13. (**) Resolva a questão 9 da prova de Microeconomia da ANPEC (2011).

Outra Questões (com dicas em itálico)

1. Em conversas do dia-a-dia você já ouviu os seguintes fatos sobre o narcotráfico: (1) a


demanda é altamente preço-inelástica, de forma que os consumidores são praticamente
obrigados a comprarem drogas, não importa o quão alto seja o preço e, ao mesmo tempo,
(2) a oferta do mercado é dominada por um cartel (ou um monopólio) que consiste de
poucos ofertantes.

a) Seja a demanda inversa dada por p(Q)  a  bQ e o custo total dado por
TC (Q)  F  cQ 2 . Considere a, b, F , c  0 . Suponha que o custo fixo é suficientemente
baixo de forma a garantir uma quantidade produzida positiva no ponto de máximo.
Resolva o problema do monopolista e calcule a expressão da elasticidade-preço no ponto
de máximo. O equilíbrio se dá no ramo elástico ou inelástico da curva de demanda?

A maximização do monopolista implica em a  2bQ  2cQ , o que nos dá, no equilíbrio:


a ab  2ac
Q*  , P*  . A elasticidade-preço, no ponto de equilíbrio:
2(b  c) 2(b  c )
 ab  2ac 
Q P *  1   2(b  c)   1  a(b  2c)   (b  2c)  2c
p              1  .
P Q *  b   a / 2(b  c)   b  a   b  b
 
 
Lembrando que o ramo elástico da curva de demanda é aquele no qual  p  1 , é fácil
2c
1  1
ver que, como b, c  0 , b . Então, o equilíbrio se dá no ramo elástico da curva

de demanda.

b) Use o que for relevante do item anterior para explicar, em 3 linhas, porque há uma
contradição entre (1) e (2).

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Se o monopólio opera, o equilíbrio não pode estar ocorrendo no ramo inelástico da


curva de demanda, conforme foi visto acima. Do enunciado da questão 2 (da qual “b” é
um subitem), temos: (1) a demanda é altamente preço-inelástica, de forma que os
consumidores são praticamente obrigados a comprarem drogas, não importa o quão alto
seja o preço e, ao mesmo tempo, (2) a oferta do mercado é dominada por um cartel (ou
um monopólio) que consiste de poucos ofertantes.

Não é difícil entender a contradição. Pense em duas curvas de demanda, uma com b =
0.5 e outra com b = 2. A curva de demanda pode ser mais ou menos inclinada, mas isto
não é sinônimo de dizer que ela é mais ou menos elástica na mesma região.

A mesma explicação será usada no item (d) desta questão.

c) Suponha agora que se trata de um cartel ( N  1 ), onde N é o número de membros do


cartel). Assim, mantida a demanda de mercado, temos TCi (qi )  F  c  qi  para cada
2

membro do cartel. Resolva o problema de maximização do cartel (note que todas as


firmas são idênticas) e encontre o par Q*, p * de equilíbrio. Calcule a a expressão da
elasticidade-preço no ponto de máximo. O equilíbrio se dá no ramo elástico ou inelástico
da curva de demanda?

Vimos que, no caso do cartel, a maximização é dada por: Max   q1 ,..., qN  . Para a
q1 ,..., q N

curva de demanda e para a função de custos deste item, isto se traduz em algo bem
similar ao visto em sala, obviamente:
Max   q1 ,..., qN   a  b qi    qi    TCi  qi  . Faz-se a condição de primeira
q1 ,..., qN

ordem para uma firma genérica “i” e, explicitamente cita-se o fato de que a simetria da
tecnologia entre firmas implica em uma escolha simétrica q 1 q2 ...qN q .
Somente ao explicitar isto temos a permissão de reescrever a CPO (condição de primeira
ordem) da firma “i” como: a  2bNq  2cq . Isto nos dá:
a Na a (bN  2c)
q*  , Q*  , P*  .
2(bN  c) 2(bN  c) 2(bN  c)
O cálculo da elasticidade-preço do cartel se dá considerando Q* e P*. Ao fazer as
 1  (bN  2c)   c 
contas, temos:  p        1  2  . Como o enunciado nos garante
 b  N   bN 
que N > 1, é fácil ver, pelo mesmo raciocínio do item “b” desta questão que o equilíbrio

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se dá no ramo elástico da curva de demanda.

d) Use o que for relevante do item anterior para explicar, em 3 linhas, porque há uma
contradição entre (1) e (2).

Veja o item “b”, obviamente, com o resultado encontrado acima.

e) Suponha que haja apenas um narcotraficante, mas a demanda de mercado agora é


definida por Q  p   ap  e , com e  1 . A função de custo total do monopolista é
TC  Q   cQ , c  0 . Resolva o problema do monopolista e calcule a expressão da
elasticidade-preço no ponto de máximo. O equilíbrio se dá no ramo elástico ou inelástico
da curva de demanda? Os resultados encontrados em (b) e (d) são idênticos ao que você
encontra aqui? Explique.

Você pode fazer comentários sobre o narcotráfico e os resultados fora da questão, mas
eles não valem pontos.

(Aquele que se lembra de seus primeiros contatos com Microeconomia provavelmente


sabe que esta curva de demanda tem elasticidade constante).

Primeiramente, para encontrar a receita marginal, encontramos a demanda inversa:


1/ e
Q
p(Q)    . O restante da solução é similar: o monopólio maximiza lucro e, assim:
a
1/ e e
Q e 1  e  ce
   c  Q*  a  c  . Isto nos dá: p *(Q*)  e  1 . A elasticidade-preço
a e  e 1 
e
ce 1  ce 
será encontrada como antes:  p  eap  e1   , que, após aproximadamente
e 1 a  e 1 
três linhas de cálculo, dá-nos:  p  e . Sabemos, do enunciado, que e > 1. Logo,
estamos novamente no ramo elástico da curva de demanda. O comentário feito em (b) e
em (d) se aplica aqui.

2. Considere um duopólio no qual a firma 1 age como líder e a firma 2 como seguidora.
(ou seja, 1 age no primeiro período)

a) Mostre que a condição de primeira ordem da firma 1 é dada por:

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dp(Q)  dR2  q1  
p(Q)  1   q1  MC1  q1  , onde R2  q1  é a função reação da firma 2, Q
dq1  dq1 
é a quantidade total de mercado e o restante da notação como usualmente vimos.

Bom, primeiro você resolveu o problema da firma 2 no segundo período. Encontrou,


certamente, a função de reação de 2 à quantidade produzida pela firma 1. Genericamente
falando, sabemos que a maximização de lucro da firma 2 gera, em sua c.p.o., R2  q1  . A
primeira firma, assim, maximizará o lucro considerando esta informação. Ou seja:
Max p (q1  R2  q1 )q1  TC (q1 ) . Note que a c.p.o deste problema nos dá:
q1

  p(q1  R2  q1 )q1  TC (q1 ) 


 0 ou seja:
q1
dp  dR2  q1  
p(q1  R2  q1 )  1    MC1 (q1 )
dq1  dq1 

b) Considere, agora, a seguinte reinterpretação do segundo termo da expressão em


colchetes como uma variação conjectural da firma 1 sobre a firma 2. Ou seja, este termo,
agora, é uma conjectura “arbitrária” sobre como a firma 2 reage à quantidade escolhida
(produzida) pela firma 1. Vamos renomeá-la para v12 . Assim, a condição de primeira
dP(Q)
ordem acima pode ser reescrita como: p(Q)  1  v12  q1  MC1  q1  . Explique
dq1
(usando em sua explicação esta condição de primeira ordem) porque seria razoável dizer
que:

b.1) se v12  0 , este modelo é de Cournot;


b.2) se v12  1 , este modelo é um modelo competitivo;
Basta fazer a substituição e rever o que é a c.p.o. de cada problema.

dP(Q) dP(Q)
Se p(Q)  1  0 q1  MC1  q1   p(Q)  q1  MC1  q1  podemos ver que a
dq1 dq1
condição se reduz a um caso no qual as firmas escolhem a quantidade produzida
independentemente do que os outros escolhem (as escolhas são simultâneas). Ou seja,
estamos no modelo de Cournot. Por sua vez, se
dP(Q)
p(Q)  1  1 q1  MC1  q1   p(Q)  MC1  q1  que é exatamente a condição de
dq1
primeira ordem para uma firma em concorrência perfeita.

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3. O mercado de automóveis na Camilolândia é, atualmente, ocupado por apenas uma empresa, a


Vale. Contudo, recentes mudanças no cenário mundial permitiram à empresa Do Rio Doce entrar
neste mercado. Considere:

 Vale é chamada de “incumbente” e Do Rio Doce é a “entrante”. Ambas produzem o


mesmo bem: automóveis.
 Se a entrante entra, a incumbente pode agir em coalisão com a mesma ou lutar por
meio de uma queda drástica no preço dos automóveis. Ou seja, a incumbente “entra
em coalisão” ou “luta”. Já a entrante, “entra” ou “não entra”.
 Os payoffs: na situação de monopólio, o lucro é de R$ 300 bilhões. No corte de
preços, a receita é de R$ 0,00. Para entrar no mercado, o custo é de R$ 10 bilhões. A
competição (coalisão) entre as duas firmas reduz a receita total para R$ 100 bilhões a
qual, neste caso, consideraremos repartida entre ambos.

a) Construa o jogo na forma normal e verifique se há equilíbrio(s) de Nash em ações puras.


b) Suponha que há sequência de movimentos e a entrante decide primeiro o que fazer. Em
seguida, a incumbente toma sua decisão. Verifique se existe equilíbrio(s) perfeito(s) em
subjogos.

Respostas:
a)

Incumbente
Luta Não luta (coalisão)
Entrante Entra -10,0 40,50
Não entra 0,300 0,300

Há dois NE em ações puras neste jogo.

b) Neste caso, a árvore é:

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O incumbente escolhe lutar. Assim, a entrante deve escolher entre entrar e ganhar 40 ou não
entrar e ganhar zero. O NE, neste caso, é {entra, não luta}.

4. Suponha um monopolista que vende maços de cigarros. O governo impõe à esta empresa um
imposto ad valorem na esperança de diminuir seu lucro. A maximização do monopolista, com o
imposto é dada por:
Max
p(
Q)
QTC
(
Q)
(
1t
)Q, na qual “(1+t)” é o imposto ad valorem.
Q

Considere, para simplificar, que a demanda inversa seja dada por: p(Q)  a  bQ e que a
função de custo total seja dada por: TC (Q)  F  cQ 2 . [dica: a  c e todos os parâmetros são
positivos]

Calcule o equilíbrio do monopólio (é óbvio, mas vou lembrar: o equilíbrio deve conter valores
ótimos para preço, quantidade, lucro e bem-estar).

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Max p (Q)Q  TC (Q)  (1  t )Q


Q

c. p.o.
p (Q)
Q  p (Q)  MC (Q)  (1  t )  0  bQ  a  bQ  2cQ  (1  t )  0 
Q
a  (1  t )
2Q(b  c)  (1  t )  a  2(b  c)Q  a  (1  t )  Q* 
2(b  c)
a  (1  t ) 2ab  2ac  ab  b(1  t ) ab  2ac  b(1  t )
p *(Q*)  a  b  
2(b  c) 2(b  c) 2(b  c)
 (Q*)  TR(Q*)  TC (Q*)  (1  t )Q*  aQ * b  Q *  F  c  Q *  (1  t )Q* 
2 2

 a  (1  t )  Q *  F  (b  c)  Q *
2
.
1
CS (Q*)  Q *(a  p*)
2

Note que é importante que a  (1  t ) ou o problema não faz sentido pois teríamos uma
quantidade negativa no ponto ótimo. Faça o gráfico para se certificar de que o excedente do
consumidor é exatamente o que especifiquei. Note que, agora, o governo leva uma parte dos
excedentes na forma de arrecadação. Neste caso, sob a hipótese de que o governo retornará esta
receita, o imposto também entra no cálculo do bem-estar (na primeira versão deste gabarito,
acostumado ao nosso bom Brasil, eu havia me esquecido de somar a arrecadação ao bem-
estar...). Assim, temos:

W   (Q*)  CS (Q*)  (1  t )Q* 


2

1.5a  (1  t )  a  (1  t )   0.5 ab  2ac  b(1  t )  a  (1  t )   F  (b  c) a  (1  t ) 
 2(b  c)   2(b  c)  2(b  c)   2(b  c) 
 a  (1  t ) 
 (1  t )  
 2(b  c) 
2

1.5a  a  (1  t )   0.5 ab  2ac  b(1  t )  a  (1  t )   F  (b  c) a  (1  t ) 
 2(b  c)   2(b  c)  2(b  c)   2(b  c) 

a) Se t = 0, o que acontece com o lucro de equilíbrio do monopolista? Idem para t > 0.

O lucro com t > 0 você já achou no item anterior. Basta, agora, ver como fica com t = 0.

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 (Q*)  TR(Q*)  TC (Q*)  (1  t )Q*  aQ * bQ *2  F  cQ *2  (1  t )Q* 

a  (1  t ) Q *  F  (b  c)Q *2   (Q*) 


a  (1  t )2 F
a  (1  t ) 2 
a  (1  t ) 2 F
2(b  c) 4(b  c) 4(b  c)

Se t = 0, fica:
a  12  F  a  12  a  12  F
2
a 1  a 1 
 (Q*, t  0)  a  1  F  (b  c)  
2(b  c)  2(b  c)  2(b  c) 4(b  c) 4(b  c)

É bem fácil ver que o lucro aumentou, não? Por que?

Note bem: muita gente tenta enganar o professor fazendo contas e, com preguiça ou falta de
conhecimento, joga uma conversa do tipo “é fácil ver que...”. Na verdade, ele não sabe se é
verdade e tenta se esconder nas contas que não consegue interpretar. Péssima estratégia! A
resposta deve ser a mais completa possível! Como exercício, veja o que acabei de calcular e
tente explicar. Infelizmente, quem não faz isto na prova não poderá usar este argumento a
posteriori, mas pode aprender uma boa lição para a próxima prova.

b) Se t = 0, o que acontece com o bem-estar? Idem para t > 0 e diga em que situação os
consumidores ficam melhores.

Novamente, o caso em que t > 0 você já fez. Vamos ao caso em que t = 0.


W   (Q*)  CS (Q*)  (1  t )Q* 
2

1.5a  a  (1  t )   0.5 ab  2ac  b(1  t )  a  (1  t )   F  (b  c) a  (1  t ) 
 2(b  c)   2(b  c)  2(b  c)   2(b  c) 

2
 a 1   ab  2ac  b  a  1   a 1 
t  0  1.5a    0.5    F  (b  c) 
 2(b  c )   2(b  c )  2(b  c )   2(b  c ) 
Se queremos saber como o bem-estar varia com t, podemos ver o que acontece com 1+t, já que
“1” é uma constante. Assim, será que o bem-estar aumenta com 1+t? É extremamente útil
simplificar ao máximo a expressão do bem-estar antes de se fazer a checagem (como sempre...).
Não fizemos isto no item anterior, teremos, inevitavelmente, de fazê-lo agora. Em seguida,
calculo a derivada.

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W   (Q*)  CS (Q*)  (1  t )Q* 


2
 a  (1  t )   ab  2ac  b(1  t )   a  (1  t )   a  (1  t ) 
1.5a     0.5     F  (b  c)  
 2(b  c)   2(b  c)   2(b  c)   2(b  c ) 
2
 a  (1  t )   ab  2ac  b(1  t )   a  (1  t ) 
  1.5a     F  (b  c)   
 2(b  c)   4(b  c)   2(b  c ) 
2
 a  (1  t )   6ab  6ac  ab  2ac  b(1  t )   a  (1  t ) 
    F  (b  c)   
 2(b  c)   4(b  c)   2(b  c ) 
2
 a  (1  t )   5ab  4ac  b(1  t )   a  (1  t ) 
    F  (b  c)   
 2(b  c)   4(b  c )   2(b  c ) 
 a  (1  t ) 
2
 a  (1  t )   5ab  4ac  b(1  t ) 
   F 
 2(b  c)   4(b  c )  4(b  c)

Note que o bem-estar é maior que zero apenas se o primeiro termo é maior que o segundo:
 a  (1  t )  . Agora vejamos o que acontece com o
2
 a  (1  t )   5ab  4ac  b(1  t ) 
   F
 2(b  c)   4(b  c)  4(b  c)
bem-estar se (1+t) varia. Obviamente, não valem afirmações genéricas sobre o bem-estar.

W  1   5ab  4ac  b(1  t )   a  (1  t )   b  a  (1  t )


      
 1  t   2(b  c)   4(b  c)   2(b  c)   4(b  c )  2(b  c )
 1   5ab  4ac  b(1  t )   a  (1  t )   b 
      1  
 2(b  c)   4(b  c)   2(b  c)   4(b  c) 
 1   5ab  4ac  b(1  t )   a  (1  t )   3b  4c 
      2(b  c)   4(b  c)  
 2(b  c)   4(b  c)    
 1   5ab  4ac  b(1  t )   3b  4c  a  (1  t )  
  
 2(b  c)   4(b  c) 
 1   5ab  4ac  b(1  t )  3ab  3b(1  t )  4ac  4c(1  t ) 
  
 2(b  c)   4(b  c) 
 1   2ab  (2b  4c)(1  t )   1   2ab  2(b  2c)(1  t ) 
     2(b  c)   
 2(b  c)   4(b  c)    4(b  c) 
 1   2ab  2  b  2c  (1  t ) 
   0
 2(b  c)   4(b  c) 

5. Um mercado apresenta a seguinte função de procura: pQ, A    bQ  a1  a 2 ,

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onde A  a1  a 2 . As firmas decidem, simultaneamente, quanto produzem ( q i ) e quanto


gastam em propaganda ( a i ). O lucro de cada firma é dado pela receita total subtraída do
custo total de produção (suposto linear: cq i ) e do gasto em propaganda. Suponha que
b  0, ci  0,   ci , i  1,2 .

a) Encontre o ótimo de cada firma (quantidades produzidas e gastos em


propaganda).
b) A afirmativa seguinte está correta ou não? “Um aumento em b gera uma queda na
quantidade produzida no ponto ótimo pela firma 2”. Responda derivando a
quantidade de equilíbrio da firma 2 em relação a b e explicando em, no máximo, 5
(cinco) linhas.

 
O lucro da firma 1, por exemplo, é dado por:  1    bQ   a1  a 2 q1  a1  c1 q1 .
Erro conceitual grave é ignorar o enunciado. Se a firma gasta com propaganda, isto é
um custo. Cada firma tem duas variáveis de controle: o quanto produz e o quanto gasta
em propaganda. Portanto, cada firma tem duas condições de primeira ordem. Para a
firma 1, por exemplo: q1  2 a1 ,   2bq1  bq2  a1  a 2  c1 . Para a firma 2,
temos: q 2  2 a 2 ,   2bq2  bq1  a1  a 2  c2 . Note que temos q1 e q2 em função
dos respectivos gastos em propaganda. Há várias formas de se resolver o sistema.
Substituindo ambas na segunda CPO da firma 1 (a equação após a vírgula duas linhas
acima), temos:  4b a1  b2 a 2  a1  a 2  c1   . Da mesma forma, a firma 2
terá:  4b a 2  b2 a1  a 2  a1  c2   . O resultado da firma 1 pode ser reescrito:
c1    (2b  1) a 2
a1  . Joga-se este resultado em:
 4b  1
 4b a1  b2 a 2  a1  a 2  c1   e você terá encontrado a expressão de a2. Feito
isto, acha-se q2. Ambas estarão em função apenas dos parâmetros. Daí, basta derivar.

6. Considere um jogo do pênalti entre o goleiro e o artilheiro do time adversário.

As únicas estratégias possíveis para o jogador são: chutar à esquerda (E) ou chutar à
direita (D). O goleiro, por sua vez, pode pular para a direita (D) e pular para a esquerda

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(E). Encontre o equilíbrio deste jogo em estratégias mistas.

Caso o cobrador chute para a esquerda e o goleiro pule para a esquerda, então o payoff
do goleiro é maximizado. Já se o goleiro pula para a esquerda e o cobrador chuta na
direita do gol, o payoff do cobrador é maximizado, pois aumenta a chance de gol.

Mas você não precisa de nada disto para resolver o jogo. Obviamente, estratégia mista
não é jogo na forma extensiva (o que é um sério erro conceitual), nem sinônimo de
estratégia pura (outro erro tão grave quanto). O que se deve fazer é atribuir
probabilidades às ações. O cobrador estará em seu equilíbrio com (0.6 , 0.4) e o goleiro
em (0.7 , 0.3), onde 0.6 significa que o “cobrador escolhe chutar à esquerda com 60% de
chance”. Analogamente para o resto.

7. Em uma indústria existem três firmas produzindo um bem homogêneo. A demanda de


mercado é dada por p(Q)  100  Q . A tecnologia de cada firma é dada por:
TCi qi   ci qi , na qual c1  c2  c3  2 .

a) Encontre a quantidade produzida e o lucro de cada firma no equilíbrio de Cournot.


b) Suponha que as firmas 2 e 3 se fundem em uma firma que chamaremos de 4.
Calcule o nível de lucro da firma 4 no mercado supondo competição via Cournot.
Sobre o resultado encontrado, comente, justificando se verdadeiro ou falso: “as
firmas 2 e 3 ganharam com a fusão”.
c) Suponha que as firmas 1 e 4 se fundem. A firma 4 se beneficia da fusão? Por que?

Basicamente, o item “a” é fácil, basta resolver o problema de Cournot com várias firmas
com exatas funções de custo. Como as funções são as mesmas e os parâmetros das
funções de custo também são os mesmos (veja bem, está errado dizer que apenas uma
das duas condições é suficiente para garantir o que vamos enunciar), então, sim, as
quantidades produzidas são iguais. E são tais que, no equilíbrio de Cournot:
ac
qc  , onde a = 100, b = 1, c = 2 e N = 3. Achar o lucro é fácil.
( N  1)b

Quando as firmas se fundem, temos um monopólio multiplanta. O erro conceitual das


pessoas foi ignorar o custo da nova firma. Qual a função de lucro da firma 4? É,
simplesmente:  4 q 2  q3   a  b(q 2  q3 )(q 2  q3 )  c2 q 2  c3 q3 . Algumas pessoas
ignoraram o novo custo, outras somaram o custo da firma 1 com o da firma 4 (!).

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Mas nem era preciso fazer isto. Bastava, para as duas firmas, 1 e 4, fazer N = 2 em
ac
qc  . Com isto, calcular o lucro seria trivial. A quantidade total é a soma das
( N  1)b
quantidades produzidas, a curva de demanda dá o preço e, finalmente, o lucro pode ser
encontrado facilmente a partir disto.

As firmas 2 e 3 ganham com a fusão? Como elas devem dividir o lucro, percebe-se com
pouca conta que elas ficam piores.

Finalmente, no caso de 1 e 4 se fundirem, temos um caso de monopólio. Temos que, em


ac
qc  , N = 1. Acha-se o preço (via função de demanda) e o lucro (veja, por
( N  1)b
exemplo, Shy (6.1.2)). O lucro do monopólio é o maior de todos. Dividir o lucro em três
mostra que as firmas ganham mais em monopólio do que nos casos anteriores.

8. (Anpec 2009) Considere uma indústria com 35 firmas, todas com a mesma função de custo
dada por c(qi) = 2qi, em que qi é a produção da firma i (i=1,...,35). Defina Q = q1 + ...+ q35. A
demanda de mercado é dada por p(Q) = 362 - 2Q. Supondo que as firmas se comportam como no
modelo de Cournot e dado que elas são idênticas, cada firma produzirá a mesma quantidade q*.
Determine q*.

Cartel! A solução é : lucro = (a-bq1 – Σqi)q1 – 2q1. Da CPO você tira que cada firma i tem a
seguinte função de reação (digamos, a firma 1):

2bq1 = a – bsomatorioqi – 2 ou: q1 = (a-2)2b – (somatorioqi)/2 (*)

(*) note que, neste caso, o somatório exclui a firma i em questão.

Como todas as firmas têm o mesmo custo (função idêntica, parâmetros idem), podemos supor
que: q1 = q2 = ...=qn = q. Bem, o somatório de qi menos a firma 1, no caso, é (n-1). Logo n -1 =
34. Assim, q = 362-2/4 – 34q/2 cuja solução é q*=5.

9. (Anpec 2005) A função de custo médio de um produtor monopolista é dada por


q 120
CMe(q )    10 , em que q é a quantidade produzida expressa em unidades. Para
2 q
maximizar seus lucros sabe-se que o produtor deve produzir 6 unidades do produto e que

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3
neste ponto a elasticidade da demanda por seus produtos é igual a  . Qual o valor do
2
lucro total do monopolista expresso em de unidades monetárias?

Esta aqui é fácil. Você tem o custo médio e acha o custo total. Em seguida, deriva e acha o custo
marginal. Fácil ver que este é cmg(q) = q + 10. A receita marginal, rmg, é, por definição, rmg
(q) = p(q) [1 + 1/elasticdemanda]. Ou seja, Rmg(q) = p(q) [1-2/3], Rmg(q) = p(q)/3. Como rmg
= cmg no máximo do monopólio, p(q) = 16 . (q+10 = p(q)/3 e o problema nos informa que q = 6
no ótimo.

10. (Anpec 2003) Considere o jogo:

O jogo acima é repetido infinitas vezes. Seja δ* o menor fator de desconto intertemporal que
permite implementar a lista de estratégias Pareto-eficientes como equilíbrio perfeito de subjogo,
em que a não-cooperação é punida com o equilíbrio de Nash Pareto dominado para sempre.
Calcule 100 × δ* (isto é, cem vezes δ*).

Aqui se compara o valor presente de dois payoffs: aquele em que o sujeito coopera e o
que não coopera. O aluno so precisa se lembrar (não é preciso deduzir) de como ficam
os fatores δ*. Alem disso, o jogo é simétrico. Se você resolver para 1, resolve para 2 por
analogia. Basta escolher um jogador. Digamos, o jogador 1.

Payoff de cooperar:

(1) * 1/1- δ

Payoff de não cooperar (no primeiro período desvia, depois é punido pela estratégia do
gatilho):

(2) + (0)* δ/1- δ

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Você encontra o ponto de indiferença igualando os dois payoffs. Aí é só isolar δ e achar


δ*.

1/1- δ* = 2 logo, δ* = 0.5 e , portanto, δ*x100 = 50.

11. (ANPEC 2000) Considere o jogo sequencial abaixo, na forma extensiva. Responda se
Verdadeiro ou Falso e justifique cada afirmativa.

a b
1 1 2

(2,10) c
d

(0,1) (5,5)

(0) O perfil de estratégias (a,c) é um equilíbrio de Nash.


(1) O perfil de estratégias (b,c) é um equilíbrio de Nash.
(2) Num equilíbrio de Nash perfeito em subjogos o jogador 2 jogará sempre c.
(3) Existem dois equilíbrios de Nash nesse jogo.
(4) Todo equilíbrio de Nash desse jogo é perfeito em subjogos.

Esta é uma questão da ANPEC. O gabarito da mesma nos força a analisar o jogo na
forma normal e extensiva também. (1 joga a,b x 2 joga c,d). Considerando a forma
normal, a,c e b,d são NE (eq Nash) , embora não seja um equilibrio perfeito em subjogos
(SPE). Logo, o item (0) é verdadeiro. O item (1) é falso pois não é um NE da forma
normal e nem é um SPE (que, aliás, é (5,5)). No item (2), também temos um F. se o jogo
for finito, jogador 2 joga sempre “d”. se infinito, depende do fator de desconto. No item
3, verdadeiro (o gabarito considera o SPE e os dois NE). Finalmente, (4) é falso,

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obviamente. Nem todo NE é SPE, como se viu acima.

12. ANPEC (1994) As firmas de uma dada indústria possuem uma mesma estrutura de
custo onde o CMg = $60 e o custo fixo é nulo. A demanda de mercado pelo produto desta
indústria pode ser representada por: P = 90 - Q, em que Q e P representam a quantidade e
o preço de mercado. Nestas condições determine o diferencial da produção total da
indústria entre um duopólio de Cournot e um regime de monopólio.

Monopólio:

Lucro(PI) = 90q – q2 -60q e o cmg = 60. Logo,

dPI/dq = 0 no máximo implica 90 – 2q -60 = 0, q = 15, p = 75 e PI = 225.

No caso de Cournot, para a firma 1 (analogamente para 2):

PI1 = 90q1 –(q1+q2)q1 – 60q1.

dPI/dq1 = 0 dá a função de reação de 1. Vejamos:

90 – q2 – 2q1 – 60 = 0, q1 = (30-q2)/2 ou q1 = R1(q2) = 15 – q2/2.

É fácil ver que, para a firma 2,....q2 = R2(q1) = 15 – q1/2. Agora, resolve-se o sistema e
encontra-se: q1 = 15 – (15-q1/2)/2. Logo, q1 = 15/2 +q1/4, q1(3/4) = 15/2, q1 = 10 e, assim,
q2 = 10. Logo, o diferencial de produção entre cartel e monopolio é dado por: q monop = 15
e qcartel = 10+10 , a diferença é 5.

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Apêndice – a definição de “sunk costs”

Are Pandas sunk?


Claudio D. Shikida & Leonardo M. Monasterio

O San Diego Zoo é famoso pelos pandas. Milhares de pessoas vão lá ver um bicho que só come
bambu, meio paradão e - cá entre nós- está meio encardido. (Para falar a verdade, eu achei sem
graça. Eu preferia ver um Zoo mais integrado, com os bichos se relacionando mais. Por
exemplo: que tal por o leão na jaula do panda? Ou as focas junto com o urso polar? Poderia ser
um inicio de grandes amizades no mundo animal)

Bem, vendo aquela multidão indo ver o panda e pagando US$21, eu só pensava em duas coisas:
oferta inelástica e quase-rendas. Afinal, existem pouquíssimos fora da China e ele não tá muito
aí para se reproduzir. O curioso é que - segundo essa reportagem - não são os zoológicos que
se apropriam dessas rendas. Elas vão é para o governo chinês e seu programa de rent-a-panda.
[Leonardo M. Monasterio em www.degustibusblog.net , 27.11.05]

O trecho acima nos dá uma dimensão do uso econômico da vida natural. Um uso,
diga-se de passagem, privatizado pelo governo chinês11. A indagação acima foi motivada
pela observação de que: O curioso é que - segundo essa reportagem - não são os
zoológicos que se apropriam dessas rendas. Elas vão é para o governo chinês e seu
programa de rent-a-panda. Se você pesquisar um pouo, acha esta informação:

The founding of the People’s Republic of China ended the history of foreign plundering of giant
pandas. As friendly ambassadors, 23 giant pandas were sent as state gifts to nine countries from
1953 to 1982. (...) Up to 1992, those 23 giant pandas have produced eight offspring, including
five in Mexico, two in Tokyo, and one in Madrid. Meanwhile, 15 giant pandas in the above list
have died, but eight remain. Whether an overseas giant panda population can be set up depends
on those “gift” pandas and their descendants.

In the 1990’s, the China Wildlife Conservation Association (CWCA) and China Zoological
Association reached an agreement with the International Wildlife Conservation Agency to loan
giant pandas in pairs to overseas countries for 10 years for cooperative research with Chinese
scientists; these pandas and their offspring remain the property of China during the loan
period; annual fees of US$ 1 million should be paid to China. [grifos meus]

Pairs of giant pandas have been sent since the project came into effect to Kobe in Japan in 1994,
Seoul in South Korea in 1995, and San Diego and Atlanta in the United States in 1996 and 1999

11
A study estimates that the largest panda reserve in China has the potential to generate 29-42
million USD without exceeding the limits of sustainability for the reserve (…). This does not mean that all
current activity is sustainable or non-intrusive. Tourists at the same reserve can currently be photographed
holding a panda for 12 dollars (…). [http://www.american.edu/TED/panda-tour.htm]

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Prof. Claudio D. Shikida 57

respectively. Among them, Shi Shi and Bai Yun in the San Diego Zoo produced a baby on August
21, 1999. Mr. Li Zhaoxing, former Chinese Ambassador in the United States, named it “Hua
Mei” meant China-American. It played a critical role in improving the relationship between
China and the United States. In December 2000, giant pandas Mei Xiang and Tian Tian arrived
at the Washington National Zoo. Mei Xiang, two and a half years old, a female whose name
means "beautiful fragrance," and Tian Tian, three and a half years old, a male whose name
means "more and more," were taken to zoo on a Federal Express flight dubbed "Panda One."
Mei Xiang and Tian Tian were born at the Research and Conservation Center for the Giant
Panda in Wolong, in south China’s Sichuan Province. Under a deal meant to foster conservation,
the center will loan the pandas to the zoo for 10 years for US$10 million.

p
Cmg
G

CVme

C
D1
B D2

Rmg
0
A Q

Agora, vamos lá, o Leo falou de duas hipóteses: oferta inelástica e quase-renda. A
pergunta nos remete ao conceito de quase-renda. Segundo o bom e velho Stigler - numa
tradução algo sofrível de 1970 - a quase-renda seria: "...o rendimento para um específico
fator (= fator específico) durável. Se o fator produtivo for durável, ele será usado através
de sua vida, desde que proporcione uma produção superior ao seu valor como sucata.
Desde que esse fator é concretamente produtivo, digamos, uma casa ou uma máquina, ele
é em certo grau especializado, e não pode transformar-se em outra coisa se diminuir a
procura de seus serviços". [p.259]

Em linguagem recente, "Quasi-rent is an analytical term in economics, for the income


earned, in excess of post-investment opportunity cost, by a sunk cost investment"12. Note
que os custos irrecuperáveis/afundados ["sunk costs"] são apropriados para o estudo de
fatores específicos. Em outras palavras, o que Stigler chama de fator específico é o fator

12
http://en.wikipedia.org/wiki/Sunk_costs

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"sunk", aquele tão especializado que não há custo alternativo para ele ao longo de sua
vida útil. Graficamente, a quase-renda seria dada pela área 0A x BG, considerando-se
uma firma monopolista (cujo equilíbrio de produção, 0A é dado pelo encontro de RMg e
CMg). No caso, a receita total é 0A x AG e o custo total 0A x AB. Desta receita total, a
parcela 0A x BG é a quase-renda (já incluindo a depreciação).

Além disso, note também que a quase-renda pode ser encarada como o retorno
dos fatores fixos já que se pode assumir com alguma confiança que, na maioria das vezes,
um fator fixo é sinônimo de um fator específico 13.

Outra forma de se explicar isto é recorrer ao velho Ferguson [Microeconomia, Ed.


Forense Universitária, 1988]? Segundo o autor: "No uso clássico, o 'rent' constitui o
retorno a um recurso cuja oferta é absolutamente fixa e não aumentável (ou seja, aquele
cuja curva de oferta é uma linha perpendicular ao eixo das quantidades). O retorno dos
insumos fixos a curto prazo é denominado de quase renda, porque suas quantidades são
variáveis no longo prazo". [p.453, n.23]

O arranjo institucional foi dado pela notícia: o - ironicamente auto-declarado


comunista - governo chinês percebeu que poderia ganhar uma grana com os pandas e
mudou a forma de enviá-los ao exterior, contando ainda com ajuda de organizações
ocidentais de proteção à vida animal. É o panda um fator específico? Basta rever a
definição de Stigler: "Se o fator produtivo for durável (o Panda vive um bocadinho), ele
será usado através de sua vida, desde que proporcione uma produção superior ao seu
valor como sucata (um Panda vivo no zoológico vale mais para os seus frequentadores
do que um Panda morto em seu habitat natural). Desde que esse fator é concretamente
produtivo (claro que é, todos vão ao zôo para ver o ursinho), digamos, uma casa ou uma
máquina, ele é em certo grau especializado (não há outro como o Panda, há? Pensando
assim, países africanos até poderiam alugar zebras...), e não pode transformar-se em
outra coisa se diminuir a procura de seus serviços" 14.

Bom, fica aí a sugestão para governos africanos: se for possível, alugar zebras e
direcionar os recursos para pesquisas ou para o combate à pobreza. Claro, há todo o
problema de se o governo fará mesmo o que está prometendo, mas este é um outro - e
importante - problema, digno de uma análise de Escolha Pública 15.

13
Ekelund & Hebert oferecem uma boa definição de quase-renda: “Quasi-rent, in Marshallian
terms, is a return to temporarily fixed factors devoted to production in the short run. It is of the nature of
“sunk capital”. [A History of Economic Theory and Method, McGraw-Hill, 1997, 4a edição, p.373]
14
Outra pergunta interessante diz respeito à escassez de pandas. Recentes estudos mostram que o
número de pandas é maior do que se imaginava. Ver, por exemplo, esta notícia:
http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/5085006.stm.
15
Mark Thoma tem um excelente comentário sobre o tema aqui:
http://economistsview.typepad.com/economistsview/2006/06/save_the_wails.html.

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