Finanças Bacen e STN - Aula 01 PDF

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2008

FINANÇAS p/ BACEN e STN


AULA 01

FINANÇAS p/ BACEN e STN


CATHEDRA COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS
Olá Pessoal.

Voltemos ao nosso estudo de Finanças. Espero que na aula


demonstrativa vocês tenham compreendido de forma clara a diferença
entre mercado primário e secundário. Mesmo assim, teremos que voltar
em alguns tópicos acerca deste conceito nessa aula.

Na aula de hoje estaremos deixando claro o que são Bolsas de Valores,


quais são as pessoas que operam nas Bolsas de Valores, o que pode ser
negociado nelas e também será falado sobre os Índices existentes no
mercado atualmente. Daremos ênfase às Bolsas brasileiras, mas
lembramos que o funcionamento das mesmas ao redor do mundo não é
necessariamente igual, mas guardam uma enorme semelhança.

1. Bolsas de Valores

Podemos negociar os mais diversos itens, basicamente, em dois lugares,


quais sejam: nas bolsas ou no mercado de balcão.

Devemos entender como sendo Bolsa um local específico onde são


negociados ativos e derivativos das mais variadas espécies.
Teoricamente, não devemos confundir Bolsa de Valores com Bolsa de
Mercadorias e Futuros.

Entretanto, o presente edital, a meu ver, nos induz a ter que estudar os
dois tipos. Como exemplo de Bolsa de Valores temos a Bovespa (Bolsa
de Valores do Estado de São Paulo) no Brasil, a NYSE (New York Stock
Exchange) nos Estados Unidos, entre várias outras. Como exemplo de
Bolsas de Mercadorias e Futuros temos a BM&F (Bolsa de Mercadorias e
Futuros) no Brasil, CBOT (Chicago Board of Trade) nos Estados Unidos,
dentre outras.
Devemos entender que tanto as Bolsas de Valores quanto as Bolsas de
Mercadorias e Futuros são instituições que possuem uma certa reserva
de mercado tendo o direito de negociar em seus próprios locais itens
autorizados pelo agente fiscalizador. Ou seja, no Brasil, a BOVESPA
possui a autorização para negociar ativos e derivativos de ações, dentre
outros itens. Enquanto isso, a BM&F tem a autorização para negociar
ativos e derivativos de itens financeiros e agropecuários, além de taxas.
Com relação à BM&F, devemos esclarecer que possui algumas
negociações à vista, entre elas o dólar e o café.

Recentemente, houve uma fusão entre as duas instituições, no entanto,


elas continuam com plataformas de negociação separadas, fisicamente
separadas, mas dirigidas por uma única diretoria e também com um
corpo funcional único. A completa fusão entre elas ainda deve demorar
cerca de uns dois anos e tem como objetivo reduzir custos e aumentar o
ganho de escala.

Na BOVESPA, são regularmente negociadas ações de companhias


abertas, termos sobre ações1, futuros sobre ações2, opções sobre ações,
direitos e recibos de subscrição, bônus de subscrição e quotas de fundos
fechados, debêntures e notas promissórias. Além disso, também são
negociados na BOVESPA os BDRS3 (brazilian depository receipts), que
são certificados representativos de valores mobiliários de emissão de
companhia aberta ou assemelhada com sede no exterior, emitidos por
instituição depositária no Brasil. Podem ainda ser negociados na

1
Termos, futuros e opções serão temas amplamente abordados em aulas futuras. Portanto, neste momento,
contente-se em saber que são negociadas na BOVESPA pois, posteriormente, esclareceremos que operações
são essas. Perguntas sobre esses assuntos serão respondidas nas aulas referentes a eles, conforme cronograma
de aulas.
2
Apesar de a BOVESPA ter a autorização para efetuar esse tipo de negócio, não há a transação desses
derivativos desde 1979.
3
Imagine que uma empresa americana listada na Bolsa de Nova York entregue parte de suas ações a um fiel
depositário e emita na BOVESPA um certificado representativo daquelas ações que estão com este fiel
depositário nos Estados Unidos. Ele estaria emitindo e negociando uma BDR no Brasil. Várias empresas
brasileiras possuem ADRs no mercado americano, que são certificados representativos de ações de empresas
brasileiras listadas na BOVESPA e são negociados em Nova Iorque.
BOVESPA certificados de depósitos de ações lançados por empresas
sediadas nos países que integram o acordo do MERCOSUL.

Na BM&F são possíveis operações4 com futuros, termos, opções sobre


disponível, opções sobre futuro, swaps, opções flexíveis, operações à
vista e operações estruturadas.

Por outro lado, temos a presença do mercado de balcão. E você deve


estar se perguntando o que significa negociar algo no Balcão. Qualquer
item negociado fora do ambiente de bolsa, é negociado no mercado de
balcão. Isso mostra que a maioria dos negócios que você já fez em sua
vida foram realizados no balcão.

Imagine que você se dirigiu até uma concessionária e efetuou a compra


de um carro zero km. Você acabou de fazer um negócio, certo? Esse
negócio foi feito dentro de Bolsa? A resposta é não, logo, você fez um
negócio de balcão. Portanto, concluímos que qualquer negócio feito fora
da bolsa é um negócio de balcão.

Temos dois tipos de balcão: o organizado e o não-organizado. Quando


algo é feito no balcão organizado5, a operação efetuada deve ser
registrada.

2. OPERAÇÕES EM BOLSAS

Inicialmente, precisamos definir alguns itens básicos para podermos


explicar como se dão as negociações nas Bolsas.

4
Todas essas operações serão, posteriormente, definidas.
5
Pense no balcão organizado como se fosse um cartório, onde você realiza o registro da operação efetuada. É
claro que estamos falando de operações existentes no mercado financeiro. No mercado financeiro, temos
várias operações que são passíveis de registro, outras cujo registro é impossível e mais algumas com registro
obrigatório em balcão, conforme determinação do agente fiscalizador. No entanto, não julgo ser necessária a
listagem dessas operações.
As Bolsas possuem um horário de negociação pré-determinado. Nesse
período é possível se negociar todos os itens disponíveis para
negociação desde que haja compradores e vendedores dispostos a fazê-
lo. Esse horário é chamado de pregão. Atualmente, o pregão da
BOVESPA ocorre das 10:00 até às 17:00 e com o horário de verão
altera-se em uma hora, ou seja, das 11:00 até às 18:00.

Após o fechamento do pregão, há, na BOVESPA, o chamado after-


market. O mercado fica fechado por 45 minutos e, depois, reabre entre
18:45 e 19:30 para negociações adicionais 6, ou uma hora mais tarde se
estivermos no horário de verão.

Na BOVESPA essas negociações são totalmente informatizadas, não


tendo, o pregão, um local físico. Atualmente, onde era o “pit7” de
negociação da BOVESPA é um museu. Entretanto, a BM&F possui um
“pit” bastante movimentado abrigando em torno de 1500 a 2000
pessoas onde se negociam os mais diversos contratos derivativos, além
de dólar à vista.

Vamos ater nossas análises, neste momento, nas negociações


existentes na BOVESPA. Segundo determinação do órgão fiscalizador,
CVM – Comissão de Valores Mobiliários, apenas as corretoras possuem o
direito de negociar ações nas Bolsas de Valores. Ou seja, somente as
corretoras podem ir ao pregão efetuar as compras/vendas dos ativos.

Isso significa que se você tem o interesse em adquirir qualquer tipo de


ação, em primeiro lugar, deve abrir uma conta em uma corretora, pois a
aquisição, atualmente, só pode ser feita por intermédio dessas
empresas.

6
O volume negociado no after-market é bastante pequeno se comparado ao volume negociado no pregão.
7
Pit de negociação é o “salão” onde são/eram negociados os produtos em bolsa.
Abrir uma conta em uma corretora é mais ou menos a mesma coisa que
abrir a conta em um Banco. Você deve preencher diversos papéis,
enviar comprovantes (principalmente documentos e comprovante de
residência), assinar contratos de responsabilidade, dar procurações (se
for o caso). Portanto, quando você abre uma conta em um Banco você
coloca naquela conta recursos financeiros, dinheiro. Enquanto isso,
quando você abre uma conta em uma corretora você coloca nesta conta
recursos financeiros e ações, sendo que os recursos são necessários
para o pagamento de suas aquisições.

Da mesma forma como você paga uma taxa mensal de manutenção de


sua conta-corrente em um Banco, na corretora você também pode
efetuar esse pagamento mensal que recebe o nome de taxa de
custódia8. É interessante esclarecer que nem todas as corretoras cobram
por esse tipo de serviço.

Assim que você abre uma conta em uma corretora você passa a ter um
login e uma senha e vai acessar o sistema dessa, utilizando esses
dados9. Como a corretora passa a ter responsabilidade solidária com os
seus clientes perante as Bolsas quando for efetuada uma determinada
operação, visando reduzir seu risco, ela somente liberará a compra de
determinado ativo após o depósito dos recursos na sua própria conta
junto à corretora. Dessa forma, a primeira providência a ser tomada é a
transferência de recursos do Banco para a sua conta na corretora, para,
posteriormente, efetuar a aquisição das ações desejadas.

A ligação das corretoras com os seus clientes é feita através de um


sistema que se chama Home-Broker e cada corretora deve desenvolver
o seu próprio sistema. No entanto, após a colocação da ordem de
compra ou venda no sistema Home-Broker da sua corretora, ela enviará

8
Custodiar um título significa que a instituição está guardando sob o poder dela o título que você adquiriu.
Logo, quando uma pessoa paga uma taxa de custódia ela está pagando para que a instituição “tome conta” de
seus ativos.
9
Para compreender mais facilmente, faça sempre uma analogia com suas operações bancárias.
essa ordem para o sistema da Bolsa que aglutinará todas as ordens
emitidas por todas as corretoras e seus clientes. Portanto, teremos um
sistema único onde você terá condição de visualizar todas as ordens que
foram enviadas de qualquer corretora.

Todas essas operações poderão ser feitas também por telefone, dado
que as corretoras mantêm uma mesa de operações à disposição de seus
clientes. As corretoras cobram taxas de corretagem que podem ser fixas
ou variáveis por ordem, conforme a política de cada uma delas. Existe
uma tabela de preços de corretagens divulgada pela BOVESPA e que
uma grande parte das corretoras seguem.

Imagine que você descobriu que existe uma outra corretora que
desenvolveu um sistema Home-Broker mais rápido e que está cobrando
uma corretagem mais barata por operação. A tendência é que você sinta
vontade de migrar para essa outra corretora e passar a fazer todas as
transações com ela.

Você deve estar imaginando que deverá vender suas ações na corretora
atual, transferir os seus recursos para a conta-corrente de seu banco e,
posteriormente, enviá-los para a outra corretora, certo? Pois, não é
necessário todo esse trâmite. Na verdade, basta você solicitar uma
transferência de custódia que uma corretora irá “enviar” suas ações
para que a outra passe a “tomar conta” delas. Logo, não há a
necessidade de vendê-las e, sim, de transferi-las.

3. TIPOS DE ORDEM

Temos, basicamente, três diferentes formas de dar uma ordem de


compra/venda de determinado ativo:

Ordem Limitada;

Ordem de Mercado;
Ordem Casada.

Imagine que uma determinada pessoa deseja comprar uma ação da


Vale10. Logo, essa pessoa deve entrar no seu sistema Home-Broker e
dar uma ordem de compra de VALE5, por exemplo. Quando ela efetua
essa ordem de compra, ela deve determinar, necessariamente, além do
código da ação, a quantidade que deseja adquirir. Se além disso, ela
determinar o preço máximo que aceita pagar na aquisição da ação,
temos uma ordem limitada, dado que a pessoa limitou o preço que
deseja pagar na compra da ação. O mesmo ocorre se ela desejar vender
um ativo, dado que deverá determinar o código, a quantidade e, se
desejar, também o preço mínimo que aceita vender o seu ativo.

Se a pessoa definir apenas a quantidade e o código da ação sem que


defina o preço máximo ou mínimo que deseja pagar ou receber, a
ordem deverá ser imediatamente executada, se houver pessoas
interessadas no negócio, por qualquer preço. Essa ordem é chamada de
ordem de mercado.

Imagine que exista uma pessoa que deu uma ordem de venda de 100
ações VALE5 pelo preço de R$48,00. No entanto, uma outra pessoa deu
uma ordem de compra de 100 unidades de VALE5 sem especificar o
preço. A negociação será feita pelo valor de R$ 48,00 cada ação e, é
interessante ressaltar que a ordem de compra foi uma ordem de
mercado e a ordem de venda foi uma ordem limitada.

Finalmente, conceituemos a última das ordens11, a ordem casada.


Imagine que uma pessoa decidiu se desfazer de ações da Petrobrás
para, posteriormente, comprar ações da Vale. Logo, essa pessoa deu

10
Todas as ações da empresas negociadas no mercado recebem códigos de negociação. A Vale tem dois
códigos VALE3 e VALE5, sendo esta última a mais negociada.
11
Existem outros tipos de ordens, mas além de serem mais complexas também são pouco usuais e nos
daremos o direito de não comentá-las aqui.
uma ordem de venda de 100 unidades de PETR412 por R$ 92,00 a
unidade e ao mesmo tempo, informou que se a ordem for executada ele
dá uma ordem de compra de 200 ações VALE5 pelo preço de R$45,50.
Observe que ele condicionou a compra das ações da VALE a uma venda
das ações da PETROBRÁS e, portanto, essa ordem foi uma ordem
casada, sendo que as duas, separadamente, foram ordens limitadas.

É importante compreendermos que essas ordens somente serão


executadas se houver uma convergência de preço entre as pessoas que
desejam comprar o ativo e aquelas que desejam vendê-lo. Caso os
preços não convirjam, não haverá qualquer tipo de negociação.

4. TIPOS DE OPERADORES

Existem, basicamente, três tipos de operadores no mercado financeiro,


quais sejam:

Hedgers;

Especuladores;

Arbitradores.

A palavra hedge significa proteção e, dessa forma, hedger é a pessoa


que busca, no mercado financeiro, proteção contra um determinado tipo
de risco que pode estar incorrendo.

Por exemplo, imagine um exportador que tenha uma receita em moeda


nacional e um custo em moeda estrangeira. Quando adquire uma
determinada mercadoria estrangeira, precisa determinar o preço desta
mercadoria em moeda nacional para poder comercializá-la. No entanto,
há um descasamento entre ativo e passivo em seu balanço, pois seu
ativo está cotado em moeda nacional e seu passivo em moeda
estrangeira.

12
PETR4 é o código da ação mais negociada da Petrobrás.
Imagine que ele tem um prazo para efetuar o pagamento do produto
adquirido e, portanto, caso haja uma alteração brusca na taxa de
câmbio poderá incorrer em sérios prejuízos. Para resolver o seu
problema de descasamento e se proteger contra oscilações na taxa de
câmbio, o exportador pode combinar de efetuar a compra da quantidade
necessária de moeda estrangeira por um certo preço para uma data
futura determinada. Se conseguir êxito em sua operação estará
protegido contra oscilações na taxa de câmbio.

Um outro exemplo de hedger pode ser dado com um agricultor. Imagine


que um agricultor planta soja. No entanto, a soja vem, nos últimos anos
sofrendo grandes reduções de preço e batendo recordes históricos em
anos posteriores. Ciente de que corre um enorme risco ao utilizar toda a
sua área produtiva para a cultura de soja sem ter idéia de qual o preço
do grão quando de sua colheita, o agricultor resolve se proteger contra
oscilações no preço da soja.

Para tal, opta por vender no mercado futuro para liquidação em 12


meses a quantidade de soja que acredita que irá colher dentro de 1 ano.
Dessa forma, mesmo antes de efetuar o plantio do grão, o agricultor já
tinha a totalidade de sua possível produção vendida por um determinado
preço. Como, no momento do plantio, ele sabe exatamente quanto lhe
custará cada saca de soja quando de sua colheita e, pelo fato de ter
optado pelo hedge, também sabe o valor que irá vendê-la. Dessa forma,
ele já conseguiu travar o seu lucro e oscilações no preço do grão não
trarão riscos para o agricultor. Ele é considerado um hedger, ou seja,
uma pessoa que se protege contra riscos inerentes ao preço de um
produto que lhe interessa primariamente.

Os especuladores são agentes que têm interesse em “apostar” em


determinados itens, podendo auferir lucro com suas negociações, mas
para isto, incorrem em riscos. Dessa forma, vemos que especuladores
são pessoas que não possuem interesse no objeto que está sendo
negociado13, mas têm interesse apenas no lucro que aquele item poderá
gerar. Se um produtor de soja, ao invés de vender soja no mercado
futuro, optar por comprar milho ou boi gordo ou qualquer outro ativo
que não esteja ligado à soja, estará agindo como um especulador e não
mais como hedger.

Entendemos como arbitrador aquele agente que busca tirar proveito


das distorções momentâneas de preço que podem existir entre os
diferentes ativos ou mercados. Imagine que existam duas grandes
bolsas no Brasil, por exemplo a Bolsa de São Paulo e a Bolsa do Rio de
Janeiro. Se nas duas bolsas forem negociadas ações da Petrobrás e, se
por algum motivo, o preço desta ação na Bolsa de São Paulo estiver
mais cara do que o preço da Bolsa do Rio, caberá ao arbitrador
solucionar o problema.

Ele entrará comprando as ações no mercado cujo preço estará mais


barato e vendendo no mercado mais caro, ou seja, comprará no Rio e
venderá em São Paulo. A partir do momento em que ele compra ações
no Rio, aumentará a demanda pelas ações naquela cidade, provocando
um aumento nos preços. Mas ao mesmo tempo, estará vendendo ações
na Bolsa de São Paulo, provocando um aumento da oferta, fato que
induzirá a uma redução nos preços da ação. Sendo assim, com a ação
do arbitrador, os preços nos dois mercados irão convergir para um
determinado número. Quando isto ocorrer, o arbitrador cessará a sua
atuação.

Dessa forma, o arbitrador é um agente que não tem interesse no ativo


objeto da negociação. No entanto, enxerga uma forma de ganhar
dinheiro sem incorrer em risco e efetua uma operação para auferir

13
Observe que enquanto o produtor de soja tinha interesse na soja, o especulador poderá comprar ou vender
soja sem nunca ter visto um grão de soja. Na verdade, ele aposta na oscilação do preço da soja. Se acredita
que a soja irá subir de preço, deverá comprar soja, se acredita na queda, deverá vender.
esse lucro. Lembre-se que para ser arbitrador ele não poderá incorrer
em riscos na operação.

5. ÍNDICES DE MERCADOS

As bolsas de valores são comumente representadas por um ou alguns


índices que tentam exprimir a evolução média de ativos representativos
da própria Bolsa como um todo ou de um setor específico dentro da
Bolsa. Dessa forma, a rentabilidade diária de um índice é a média
aritmética ponderada de um conjunto de ações que integram o índice.

Cada bolsa de valores ao redor do mundo possui um vasto número de


índices que a representam e no Brasil isso não é diferente. Abaixo segue
alguns exemplos de índices no Brasil e no mundo.

No Brasil, o principal índice representativo da Bolsa de Valores de São


Paulo é o IBOVESPA14. No entanto, ainda existem inúmeros índices, tais
como:

IBrX;

IBrX-50;

IEE;

ITEL;

ITAG;

IGC;

INDX;

IVBX-2

ITAG.

14
Ibovespa é o índice da Bolsa de Valores de São Paulo.
Nos Estados Unidos, o principal índice é o DOW JONES que indica a
evolução dos preços das ações de um pequeno número de empresas
listadas na Bolsa de Nova Iorque. No entanto, naquele país ainda
existem mais dois índices bastante difundidos: o Nasdaq 15 e o Standard
& Poors 500 (S&P500)16.

Você deve estar se perguntando: tudo bem, entendi que é uma


representação média do mercado, mas o que significa o índice e quando
escuto no jornal que a Bolsa de São Paulo subiu 1% naquele dia, o que
isso está efetivamente me informando.

Vamos por partes. Quando você escuta que a Bolsa subiu 1%, na
verdade, está sendo informado que o índice representativo do mercado
subiu 1%, ou seja, que a média aritmética ponderada das principais
ações que integram o mercado, tiveram uma alta de 1%. Mas várias
ações podem ter reduzido de preço e várias outras subido. Na média, o
mercado subiu 1%.

E o principal significado do índice como um todo é o de tentar


acompanhar a evolução da média das ações ao longo dos anos, dado
que é dado ao índice um determinado número que evolui ao longo dos
anos.

Com relação aos índices do mercado brasileiro, cada um deles tem uma
metodologia diferente para congregar os mais diferentes ativos.

O índice IBOVESPA congrega os ativos mais líquidos e negociados no


mercado brasileiro. Não tem um número máximo de empresas que o

15
Nasdaq é o índice do setor de tecnologia.
16
Índice que congrega 500 empresas dos mais variados setores e, portanto, talvez, o índice mais
representativo da evolução da economia americana.
integram, mas possui um certo rigor sobre o ativo para que ele passe a
compor o índice.

Iniciado em 1967 com valor de 100 pontos, no início de 2008 girava em


torno de 60.000 pontos, mesmo depois de ter vários zeros cortados ao
longo dos anos. No início do último trimestre de 2008 esse valor havia
caído para 45.000, mesmo depois de atingir 75.000 em maio do mesmo
ano. No entanto, no início de 1999, tinha como valor 4.500 pontos.
Portanto, fica claro que com o índice temos uma noção razoável da
evolução dos preços dos principais ativos que compõem o mercado de
um determinado país.

Se eu lhe perguntar, quanto você acredita que uma pessoa devia ter em
janeiro de 2008, em dinheiro, se colocou em janeiro de 1999 R$
10.000,00 na Bolsa de Valores. Se eu não lhe mostrar os valores dos
índices, você não sabe se essa pessoa terá R$ 5.000,00, R$ 100.000,00
ou R$ 1.000.000,00. Mas como eu disse que em 1999 o índice estava
cotado em torno de 4.500 pontos e que em janeiro de 2008 a cotação
se situa em torno de 60.000 pontos, podemos considerar que houve um
aumento de, aproximadamente, 13,3317 vezes no capital. Logo, um
número razoável de se arriscar seria R$ 140.000,00. Com isso, vemos
que a evolução do patrimônio, em alguns casos, pode ser acompanhada
pela evolução de um índice representativo das ações nas quais está se
aplicando.

a) IBOVESPA

O IBOVESPA – Índice da Bolsa de Valores de São Paulo mede a


rentabilidade média das principais ações negociadas na Bolsa de Valores
de São Paulo. É o valor atual desde o seu início das principais ações
negociadas, não sendo considerada a reaplicação dos recursos. Este
indice reflete não apenas a variação do preço das ações como também o

17 60.000
Variação 13,33
4.500
impacto da distribuição dos proventos, sendo, dessa forma, considerado
um indicador do retorno total de algumas ações listadas na BOVESPA.

Criado em 02/01/1968, o IBOVESPA não sofreu nenhuma


mudança metodológica em seus cálculos, apenas sendo cortados 12
“zeros”, com o objetivo de adequar o número à moeda nacional. Os
cortes foram os seguintes :

1) divisão por 100, em 03/10/1983

2) divisão por 10, em 02/12/1985

3) divisão por 10, em 29/08/1988

4) divisão por 10, em 14/04/1989

5) divisão por 10, em 12/01/1990

6) divisão por 10, em 28/05/1991

7) divisão por 10, em 21/01/1992

8) divisão por 10, em 26/01/1993

9) divisão por 10, em 27/08/1993

10) divisão por 10, em 10/02/1994

11) divisão por 10, em 03/03/1997

A carteira teórica é revisada a cada quadrimestre e para que uma ação


participe do IBOVESPA, ela deverá ter atendido, cumulativamente, com
base nos doze meses anteriores à formação da carteira, os seguintes
critérios :

a ação deverá estar incluída em uma relação em que os índices


de negociabilidade18 somados representem 80% dos índices
individuais somados;

apresentar volume de participação superior a 0,1% do total; e

18
É a representação do título no mercado a vista em termos do número de negócios e volume financeiro. Seu
ni v i
cálculo é feito pela seguinte fórmula : IN , onde ni é o número de negócios com a ação no
N V
mercado a vista; N é o número de negócios no mercado a vista da BOVESPA; vi é o volume financeiro
gerado pelos negócios com a ação i no mercado a vista; V é o volume financeiro total do mercado a vista no
IBOVESPA.
ter sido negociada em mais de 80% dos pregões.

O IBOVESPA pode ser calculado com base na fórmula abaixo que


descreve que o índice é o somatório do produto do peso de cada uma
das ações no índice e o seu preço em um determinado instante t, ou
seja :
n
IBOVESPAt Pi t Qit , onde:
i 1

IBOVESPA t é o índice da BOVESPA no instantet;


Pit é o preço da ação i no instantet;
Q it é a quantidadeteórica da ação i na carteira no instantet

O peso de cada ação no índice será dado pela participação


ajustada de cada ação aplicada sobre o valor do índice no último dia do
quadrimestre anterior.

Entretanto, após ingressar no índice, um ação somente poderá ser


retirada se deixar de preencher, pelo menos, dois dos critérios de
inclusão. Cabe salientar que empresas que estiverem em concordata
preventiva, processo falimentar, situação especial ou, por um longo
tempo, suspensas de negociação, não integrarão o IBOVESPA.

b) IBrX

O IBrX - Índice Brasil é um índice de preços que mede o retorno de uma


carteira teórica composta por 100 ações selecionadas entre as mais
negociadas na BOVESPA, em termos de número de negócios e volume
financeiro. Essas ações são ponderadas na carteira do índice pelo seu
respectivo número de ações disponíveis à negociação no mercado.

O índice IBrX será composto por 100 papéis escolhidos em uma relação
de ações classificadas em ordem decrescente por liquidez, de acordo
com seu índice de negociabilidade (medido nos últimos doze meses),
observados os demais critérios de inclusão descritos abaixo.
Integrarão a carteira do IBrX - Índice Brasil as 100 ações que
atenderem cumulativamente aos critérios a seguir:

a) estarem entre as 100 melhores classificadas quanto ao seu índice de


negociabilidade, apurados nos doze meses anteriores à reavaliação;

b) terem sido negociadas em pelo menos 70% dos pregões ocorridos


nos doze meses anteriores à formação da carteira.

A carteira teórica do índice terá vigência de quatro meses, vigorando


para os períodos de janeiro a abril, maio a agosto e setembro a
dezembro.

c) IBrX-50

O IBrX-50 é um índice que mede o retorno total de uma carteira teórica


composta por 50 ações selecionadas entre as mais negociadas na
BOVESPA em termos de liquidez, ponderadas na carteira pelo valor de
mercado das ações disponíveis à negociação. Ele foi desenhado para ser
um referencial para os investidores e administradores de carteira, e
também para possibilitar o lançamento de derivativos (futuros, opções
sobre futuro e opções sobre índice). O IBrX-50 tem as mesmas
características do IBrX – Índice Brasil, que é composto por 100 ações,
mas apresenta a vantagem operacional de ser mais facilmente
reproduzido pelo mercado.

Integram a carteira do IBrX-50 as ações que atendem cumulativamente


aos critérios a seguir:

a) ser uma das 50 ações com maior índice de negociabilidade apurados


nos doze meses anteriores à reavaliação;

b) ter sido negociada em pelo menos 80% dos pregões ocorridos nos
doze meses anteriores à formação da carteira.
A carteira teórica do índice terá vigência de quatro meses, vigorando
para os períodos de janeiro a abril, maio a agosto e setembro a
dezembro.

d) IEE

Primeiro índice setorial da BOVESPA, o Índice de Energia Elétrica (IEE)


foi lançado em agosto de 1996 com o objetivo de medir o desempenho
do setor de energia elétrica.

O índice é calculado utilizando o método de "igual ponderação por


empresa em termos de Real aplicado", de forma a assegurar que cada
ação componente do IEE seja igualmente representada, em termos de
valor, na carteira do índice.

O IEE é composto pelas ações das empresas mais representativas do


setor de energia elétrica listadas na BOVESPA, que têm igual peso na
carteira teórica do índice. Essas ações devem atender aos critérios de
inclusão descritos abaixo.

Pertencem à carteira do índice as ações que atendem aos seguintes


critérios:

a) participação em termos de volume financeiro igual a no mínimo


0,01% do volume do mercado à vista (lote-padrão19) da BOVESPA nos
últimos doze meses;

b) ter sido negociada em no mínimo 80% do total de pregões do


período;

c) ter apresentado no mínimo 2 negócios/dia em pelo menos 80% dos


pregões em que foi negociada.

19
Atualmente, o lote-padrão
A carteira teórica do índice terá vigência de quatro meses, vigorando
para os períodos de janeiro a abril, maio a agosto e setembro a
dezembro.

e) ITEL

O ITEL será composto pelas empresas mais representativas do setor de


telecomunicações (incluindo telefonia fixa e celular), cujos papéis serão
ponderados pelo valor de mercado das ações em circulação ("free
float"20).

f) IGC

O IGC - Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada tem


por objetivo medir o desempenho de uma carteira teórica composta por
ações de empresas que apresentem bons níveis de governança
corporativa. Tais empresas devem ser negociadas no Novo Mercado ou
estar classificadas nos Níveis 1 ou 2 da BOVESPA. Elegem-se à inclusão
na carteira teórica do índice todas as ações emitidas por empresas
negociadas no Novo Mercado ou classificadas nos Níveis 1 e 2 da
BOVESPA.

g) INDX

Fruto de um convênio entre a FIESP e a BOVESPA, o Índice do Setor


Industrial (INDX) foi desenvolvido com o objetivo de medir o
desempenho das ações mais representativas do setor industrial,
importante segmento da economia brasileira. Sua carteira teórica é
composta pelas ações mais representativas da indústria, que são
selecionadas entre as mais negociadas na BOVESPA em termos de
liquidez e são ponderadas na carteira pelo valor de mercado das ações
disponíveis à negociação.

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Entende-se como “free float” a parcela das ações das empresas que são negociadas em pregão.
h) IVBX-2

O índice IVBX-2 será composto por 50 papéis escolhidos em uma


relação de ações classificadas em ordem decrescente por liquidez, de
acordo com seu índice de negociabilidade (medido nos últimos doze
meses).

Dado o objetivo do índice, não integrarão a carteira as ações que


apresentem os 10 índices de negociabilidade mais altos, nem aquelas
emitidas pelas empresas com os 10 maiores valores de

mercado da amostra. Assim, a carteira será composta pelas 50


melhores ações cujos índices de negociabilidade estejam classificados a
partir da 11ª posição.

i) ITAG

Elegem-se à inclusão na carteira teórica do índice todas as ações para


as quais a empresa concede tag along21 superior em relação à legislação
aplicável, a qual estabelece que as companhias abertas devem oferecer
a todas as ações ordinárias minoritárias tag along de 80% em relação
ao preço obtido pelo controlador, no caso de alienação de controle.
Desta forma, as ações ordinárias cujas companhias oferecem um
percentual maior de tag along, e/ou as ações preferenciais cuja
companhia oferece tag along em qualquer percentual são elegíveis ao
ITAG.

6. AÇÕES PREFERENCIAIS E AÇÕES ORDINÁRIAS

As ações são valores mobiliários, emitidos pelas companhias,


representativo de parcela do capital. Representa a menor parcela que se
divide o capital da companhia.

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Quando o sócio majoritário da empresa aliena o controle desta a algum outro grupo, a legislação obriga o
novo proprietário a efetuar uma oferta de, pelo menos, 80% do valor que foi oferecido ao antigo controlador
para a aquisição das ações ordinárias em mercado. Isto é o tag-along.
Existem vários tipos de ações, sendo as principais as ordinárias e as
preferências.

A ação ordinária confere ao titular os direitos essenciais do acionista,


especialmente participação nos resultados da companhia e direito de
voto em Assembléias. Cada ação ordinária corresponde um voto nas
deliberações da Assembléia Geral.

Enquanto isto, as ações preferenciais conferem ao titular:

a) prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo;

b) prioridade no reembolso do capital com prêmio ou sem ele; e

c) acumulação dessas preferências e vantagens.

7. RECOMENDAÇÕES

Esgotamos aqui nossa primeira aula e espero que tenham gostado.


Aproveitem que a matéria ainda está, relativamente, fácil e tenham
certeza de que estão compreendendo tudo que está sendo explicado. O
entendimento do funcionamento das bolsas é item fundamental para o
perfeito aprendizado da matéria.

Sendo assim, só tenho a lhe desejar ótimos estudos e uma excelente


semana.

Abraços

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