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onsiderada leitura obrigatória do ci- tográfica ao seu momento material, à locali- e perpetuar o seu encantamento, desvelan-
nema, das artes, da linguística e da zação geográfica e, sobretudo, à verificação do-o em sua técnica. No cinema as histórias
comunicação, esta obra realizada a do contexto histórico em que foi produzida. são contadas por imagens e sons. ‘Ler um
quatro mãos e muita dedicação por Lau- A partir dessa sobreposição de olhares filme’ é saber interpretar os movimentos e
rent Jullier e Michel Marie, professores de de contexto autoral, percebe-se claramente os olhares, que modificam com o tempo, com
estudos cinematográficos da Universidade a contribuição de Michel Marie nas apro- o decorrer da história, com as mudanças de
de Sorbonne, é uma das maiores referên- ximações analíticas referenciadas histori- uso e o progresso tecnológico. Interessante
cias para os estudos das audiovisualidades camente pelo cinema. E nas escolhas das notar o modo como, professoralmente, os
na contemporaneidade. Mesclando história, produções pós-modernistas se percebe a autores tratam os elementos da linguagem
teoria e prática analítica, a obra apresenta preocupação estética de Laurent Jullier, ao cinematográfica: ‘caixa de ferramentas’. As-
ao leitor os principais elementos do cinema, optar por sua inclusão. Essa estruturalidade sim denominada a primeira parte da obra,
desvela as intencionalidades de produção de analítica proposta por Marie e Jullier (2009) de cunho essencialmente teórico, objetiva
uma preciosa filmografia composta por 26 fil- contribui para o entendimento das sequên- instrumentalizar o leitor ao entendimento
mes, sendo dois brasileiros: o clássico Deus cias fílmicas em sua complexidade. Ao que dos procedimentos de análise utilizados no
e o diabo na terra do sol (1964), dirigido por parece, a localização cultural, histórica e corpus deste livro.
Glauber Rocha, e o filme Cidade de Deus geográfica expande a visão analítica e pro- As ferramentas caracterizam o estilo
(2002), dirigido por Fernando Meirelles. A porciona ao leitor maior esclarecimento a em seu sentido mais amplo, como a arte de
edição em português, com boa tradução de respeito da essência fílmica. Possibilitando, contar uma história por meio de imagens, e
Magda Lopes, foi publicada no ano de 2009 além de uma exploração pós-linguística das compreende desde a escolha dos atores e ce-
pela editora Senac, São Paulo. obras, uma aproximação que encontra ba- nários às regulações técnicas, disposições de
Ao contrário de muitas obras que versam ses na teoria contemporânea do cinema, na pontos de vista, pontos de escuta e outros.
sobre cinema, este livro se preocupa em en- semiologia e na psicanálise. E que se am- Para proceder a ‘leitura de um filme’ (termo
cantar o leitor, levando-o com fluidez a uma plia ao pós-estruturalismo francês, vislum- corriqueiramente utilizado ao longo de todo