Tomando a leitura do capítulo: o tempo sagrado e os mitos, escreva brevemente as
características da noção de tempo sistematizado por Mircea Eliade.
Eliade concebe que o homem religioso possui duas espécies de tempo: o
profano e o sagrado. O tempo, bem como o mundo é passível de regeneração anual, por ocasião das festas de ano novo. As festas de natureza religiosa permitem ao homem uma espécie de continuidade com os deuses, participando da santidade divina, através da reatualização dos mitos, que contam as façanhas dos deuses desde a criação do mundo. O calendário sagrado possui a função primordial de permitir a reafirmação dos mitos anualmente, entendendo o homem religioso, que as festas do calendário consistem em um meio para ilustrar e repetir as experiências e feitos dos deuses. Este ciclo ano após ano traz satisfação e esperança ao homem religioso, que busca uma eterna forma de sentir-se próximo aos deuses. Pelo eterno retorno, o tempo sagrado é visto pelo homem religioso como um meio de renovação. Um ciclo infindável de criação e destruição, uma roda de início e fim, que se renova perpetuamente, criando e recriando a própria história da criação do mundo pelos deuses. Pode-se dizer que o tempo sagrado para o homem religioso não possui fluência, constituindo-se em tempo ontológico, jamais se esgotando. O tempo profano é constituído da privação dos ritos e festas religiosas, representando uma noção de tempo irrecuperável, que não é renovada ciclicamente. O tempo profano é quebrado pelo aparecimento de cerimônias e rituais religiosos, onde se estabelece o tempo sagrado. Existe uma espécie de solução de continuidade neste espaço, passando o homem religioso do tempo profano ao sagrado, por meio dos ritos e festas religiosas.