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AULA 01 ==

É certo que o CDC veio proteger todos os vínculos obrigacionais entre as partes, isto é, todos os
CONTRATOS realizados entre os fornecedores e consumidores, que podem ser verbais, escritos e tácitos.
Desta forma podemos exemplificar os artigos 46, que determina fielmente sobre isso, inclusive nos artigo
51 esclarece as cláusulas abusivas que serão NULAS DE PLENO DIREITO se forem inseridas nos CONTRATOS.
É de bom termo lembrar que os Contratos firmados pelos consumidores junto aos fornecedores são
verdadeiros formulários, pois não podem modificá-los ao assiná-los, porém têm o direito de revisá-los e
modificá-los quando se sentirem lesados, conforme o art. 6º,V, CDC.
A defesa do consumidor encontra base na Constituição Federal ao estabelecer que o Estado, na forma
da lei, promoverá a defesa dos direitos do consumidor. Por sua vez, o Codigo de Defesa do Consumidor
preconiza que as normas de proteção e defesa são de ordem publica e interesse social.
O artigo 1º do Codigo de Defesa do Consumidor deixa clara a fundamentação constitucional da
proteção especial conferida ao consumidor, derrogando a vontade das partes toda vez que estas tentarem
afastar suas normas, por ter cunho imperativo e nao volitivo
O dialogo das fontes decorre da relação de influências recíprocas que se estabelece entre normas
como critério de melhor solucionar eventuais conflitos e com o objetivo de proteger o vulnerável da relação
jurídica de consumo. Esta tecnica visa a aplicação de leis, com objetivo de harmonizar uma determinada
situação que se encontre em conflito, onde uma lei irá complementar a outra, podendo ser aplicada tanto a
regras quanto a principios.
Consumidor POR EQUIPARAÇÃO compreende todas as vítimas do evento danoso (art. 17, CDC), ou
seja, todas as pessoas que, embora não tenham participado diretamente da relação de consumo, adquirindo
um produto ou serviço, sofreram algum tipo de lesão, amparado pelas regras de proteção ao consumidor
previstas no CDC.
O Código Defesa do Consumidor estabelece normas de ordem pública e interesse social, dentre as
quais princípios específicos, dos quais os mais importantes são o da vulnerabilidade e da harmonização das
relações de consumo, que devem ser levados em consideração em todos os atos de apreensão do conteúdo
da norma.
Mas os princípios gerais da atividade econômica estão nos arts. 170 e 173 da CRFB, onde se trata da
propriedade privada, da função social, da livre concorrência respectivamente e da exploração da atividade
econômica da produção ou comercialização de bens ou prestação de serviços. E ainda, o direito do
consumidor é considerado da TERCEIRA GERAÇÃO. Nesta terceira geração de direitos fundamentais,
podemos mencionar: o direito ao desenvolvimento, o direito à paz, o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, o direito à comunicação, os direitos dos consumidores e vários outros direitos
especialmente aqueles relacionados a grupos de pessoas mais vulneráveis (a criança, o idoso, o deficiente
físico etc.).".
No Brasil, existe um conceito legal de consumidor que foi criado pela lei 8.078, de 11 de setembro de
1990, previsto no art. abaixo: Art. 2º - Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza
produto ou serviço como DESTINATÁRIO FINAL.
o direito não é completo por si só, pois a elaboração da regra jurídica depende sempre do
desenvolvimento das necessidades sociais. Como estas sempre se alteram, muito embora algumas
basicamente pertençam a todos os tempos, as regras de direito também se modificam, modeladas à luz das
influências ou das tendências de cada época.
O direito se distingue da moral, principalmente pela chamada coercibilidade. Coercibilidade trata-se
da possibilidade de uso da força para combater aqueles que não observam as normas e estípula sansões que
resultou do efetivo descumprimento da norma (Uso da força).
Conforme o art. 2º do CDC Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire produtos ou
serviços como DESTINATÁRIO FINAL. Sendo assim, DESTINATÁRIO FINAL é onde terminou a cadeia de
produção. Assim, podemos simplesmente perguntar: Qual a finalidade da aquisição do produto ou do
serviço. É para USO PESSOAL ou para o exercício da ATIVIDADE FIM? Daí tiraremos facilmente a conclusão.
A máquina de café de uma EMPRESA é para uso da ATIVIDADE FIM, portanto não temos relação de
consumo e não aplicamos o CDC e sim, o CÓDIGO CIVIL. Assim a palavra CONSUMIDOR é una, pois seria uma
redundância falar CONSUMIDOR FINAL, pois verdadeiramente é simplesmente CONSUMIDOR.
A necessidade do CDC se funda na necessidade de regulação das relações de consumo, o legislador
brasileiro decidiu amparar essas relações, criando um microssistema, por reconhecer que nesta relação há
uma pessoa mais fraca, considerada vulnerável, o consumidor.
O direito do consumidor traz penalidade. O art. 71, do CDC, uma vez que este dispõe sobre a proteção
contra tais abusividades, recriminando-as, bem como determina a penalidade que pode variar entre 3 (três)
meses a 1(um) ano e multa.
Inobstante tais fundamentações, temos que estudar as normas de consumo, materializadas por meio
da Lei 8.078 de 1990, que resulta em uma verdadeira hierarquia fática e o CDC é, tecnicamente, uma lei
ordinária. O Código de defesa do Consumidor tem aplicabilidade diversa entre os polos representados pelo
CONSUMIDOR (toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário
final) e o FORNECEDOR – (toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços).
A Defesa do Consumidor teve origem na Europa e se expandiu pelo mundo devido aos hábitos
consumeristas intrínsecos da humanidade.
Defesa do consumidor é cláusula pétrea. A defesa do consumidor se encontra expressamente
positivada no rol de direitos e garantias fundamentais da Constituição da República de 1988, no art. 5°, XXXII.
Desse modo, segundo o art. 60, § 4°, IV da CF/88, todos os direitos e garantias previstos no citado art. 5°
representam temas insuscetíveis de serem suprimidos ou diminuídos por alterações legislativas
supervenientes, sendo, portanto, cláusulas pétreas.
A lei tem início a partir de sua publicação com a oposição de data e número, sendo que, sua vigência
só começa com a data disposta na própria lei. Poderá entrar em vigor na data de sua publicação ou em data
designada pela própria lei. A esse período entre a publicação e o termo inicial de vigência chama-se vacatio
legis, sendo que, na falta de prazo estipulado, a lei entra em vigor, em todo o país, 45 dias após sua
publicação (BARROS, 2009).

AULA 02 ==
Porque dizer que hipossuficiência é o agravamento da situação de vulnerabilidade?
O caput do Art. 4º da Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor) é claro ao estabelecer que
o fim supremo das relações de consumo deve ser o atendimento efetivo aos anseios e necessidades dos
consumidores, devendo possuir total observância valores como o respeito à sua dignidade, bem como a
proteção de seus interesses econômicos, sendo ressaltado o aspecto da transparência e harmonia das
relações de consumo, que devem atender aos princípios que são citados nos incisos em seguida.
Através da análise do supracitado artigo podemos constatar a clara orientação normativa no sentido
de que o equilíbrio nas relações de consumo deve possuir observância completa, partindo-se do pressuposto
de que o consumidor é a parte mais frágil da relação, além de sua proteção concretizar um patamar de
harmonia entre os princípios constitucionais da liberdade econômica, da justiça social.
Luiz Antonio Rizzatto Nunes corrobora esse raciocínio, na medida em que doutrina: (...) o consumidor
é a parte fraca da relação jurídica de consumo. Essa fraqueza, essa fragilidade, é real, concreta, e decorre de
dois aspectos: um de ordem técnica e outro de cunho econômico. O primeiro está ligado aos meios de
produção, cujo conhecimento é monopólio do fornecedor. E quando se fala em meios de produção não se
está apenas referindo aos aspectos técnicos e administrativos para a fabricação de produtos e prestação de
serviços que o fornecedor detém, mas também ao elemento fundamental da decisão: é o fornecedor que
escolhe o que, quando e de que maneira produzir, de sorte que o consumidor está à mercê daquilo que é
produzido. (2000, p. 106).
Após valoroso ensinamento, passemos ao primeiro princípio expressamente reconhecido pelo
Código de Defesa do Consumidor (CDC), que é o princípio do reconhecimento da VULNERABILIDADE do
consumidor no mercado de consumo, ou, simplesmente, o princípio da vulnerabilidade do consumidor. Este
pode ser considerado como sendo aquele que caracteriza o consumidor, intrínseca e indissociavelmente,
como ente vulnerável, sendo uma premissa básica e indispensável ao justo e equânime estabelecimento das
relações de consumo.
A presunção de vulnerabilidade é uma condição jurídica no qual se reveste o consumidor pelo
tratamento legal de proteção. Tal presunção é ABSOLUTA ou iure et de iure, não aceitando declinação ou
prova em contrário, Porém, cumpre ressaltar que que o conceito de vulnerabilidade é diverso do de
hipossuficiência. Todo consumidor é sempre vulnerável, característica intrínseca à própria condição de
destinatário final do produto ou serviço, mas nem sempre será HIPOSSUFICIENTE. Ao contrário do que
ocorre com a vulnerabilidade, a hipossuficiência é um conceito fático e não jurídico, fundado em uma
disparidade ou discrepância notada no caso concreto. Assim pode ser, além da econômica, também técnica.
Muitas vezes o consumidor não tem como demonstrar o nexo de causalidade para a fixação da
responsabilidade do fornecedor, já que este é quem possui a integralidade das informações e o
conhecimento técnico do produto ou serviço defeituoso (ex: cartão de crédito clonado como posso provar
sozinho?) Deixo também o seguinte trecho para maior contextualização:
A VULNERABILIDADE é um traço UNIVERSAL de todos os consumidores, ricos ou pobres, educados
ou ignorantes, crédulos ou espertos.
Já a HIPOSSUFICIÊNCIA é marca PESSOAL, LIMITADA a alguns até mesmo a uma coletividade mas
nunca a todos os consumidores.
A utilização, pelo fornecedor, de técnicas mercadológicas que se aproveitem da hipossuficiência do
consumidor caracteriza a abusividade da prática.
A HIPOSSUFICIÊNCIA é de índole processual, relativa (depende do critério do juiz) e está no art.6º,
VIII CDC; A VULNERABILIDADE é de direito material, absoluta e está no art.4º, I,
Ope Judicis - depende de análise e concessão judicial. O requerente deve preencher alguns
pressupostos para que a eficácia da decisão judicial seja paralisada. Exemplo art.6º, VIII CDC (inversão).
Open Legis - decorre automaticamente da lei, não há discricionariedade do juiz ou análise de algum
pressuposto para concedê- lo. Art. 12,§3º e Art.14 §3º O efeito suspensivo ope legis, Decorre de forma
automática da previsão legislativa. Um bom exemplo do efeito suspensivo ope legis é o da apelação.
A finalidade dos PRINCÍPIOS é estabelecer o equilíbrio e a justiça contratual. A ideia central é
possibilitar uma aproximação e uma relação contratual mais sincera e menos danosa entre consumidor e
fornecedor.
TRANSPARÊNCIA significa informação clara e correta sobre o produto a ser vendido, sobre o contrato
a ser firmado, significa lealdade e respeito nas relações entre fornecedor e consumidor, mesmo na fase pré-
contratual, isto é, na fase negocial dos contratos de consumo (Marques, 2002, p. 594-595). Realmente
lembremos de que uma pessoa jurídica também pode ser consumidor, no momento que adquire produtos
ou serviços para Uso pessoal, e como diz o art. 2º CDC, como DESTINATÁRIO FINAL. Assim sendo as pessoas
jurídicas também têm o seu momento.
Visando as relações de consumo, os famigerados fornecedores podem desrespeitar muitos princípios
dessa relação, causando prejuízos aos consumidores. Assim, as relações de consumo são reguladas pelas
leis, pelo CDC, e pelos princípios específicos, que são:
PRINCIPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: a defesa dos consumidores e a tutela de seus
interesses nada mais são do que uma das faces da defesa da dignidade da pessoa humana.
PRINCIPIO DA PROTEÇÃO: Conforme o preceito Constitucional (art. 5º, XXXII), cabe ao Estado o dever
de proteger o consumidor, devido a condição de desigualdade existente nas relações de consumo, portanto,
as normas do consumidor deverão ser aplicadas para equilibrar tais relações, estabelecendo a igualdade
entre as partes.
PRINCIPIO DA TRANSPARÊNCIA: entende-se como um dos pilares da boa-fé objetiva, em que impõe
o dever de o fornecedor informar, necessariamente, de modo adequado o consumidor, suprindo-se assim
todas as informações tidas essências para o melhor aperfeiçoamento da relação de consumo, garantindo
inclusive a livre escolha do consumidor de contratar o fornecedor.
PRINCIPIO DA VULNERABILIDADE: trata-se do reconhecimento da fragilidade do consumidor da
relação entre o fornecedor. A vulnerabilidade é requisito essencial para a caracterização de uma pessoa
como consumidora, assim, tal vulnerabilidade pode ser técnica, jurídica, fática, socioeconômica e
informacional.
PRINCIPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA E DO EQUILÍBRIO: é a regra de conduta, trata-se de um dever
permanente entre as partes em suas relações, devendo pautar na lealdade, honestidade e cooperação.
PRINCIPIO DA INFORMAÇÃO: O consumidor tem o dever de receber a informação adequada, clara,
eficiente e precisa sobre o produto ou serviço, bem como de suas especificações de forma correta
(características, composição, qualidade e preço) e dos riscos que podem apresentar.
PRINCIPIO DA FACILITAÇÃO DA DEFESA: é garantido ao consumidor a facilitação dos meios de defesa
de seus direitos, pelo motivo que este tem maior dificuldade para exercitar seus direitos e comprovar
situações, às vezes por falta de técnicas, materiais, processuais, fáticas ou mesmo intelectuais, daí, um dos
meios de facilitação de defesa é a inversão do ônus da prova, portanto, difere-se da relação de direito civil
em que a prova incube a quem o alega, pois que na relação de consumo, o consumidor reclama em juízo, e
o fornecedor deverá provar em contrario.
PRINCIPIO DA REVISÃO DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS: o consumidor tem o direito de manter a
proporcionalidade do ônus econômico que implica ambas as partes, consumidor e fornecedor, na relação
jurídico-material, portanto, toda vez que um contrato de consumo acarretar prestações desproporcionais, o
consumidor tem o direito à modificação das cláusulas contratuais para estabelecer e restabelecer, a
proporcionalidade e o direito a revisão de fatos supervenientes que tornem as prestações excessivamente
onerosas.
PRINCIPIO DA CONSERVAÇÃO DOS CONTRATOS: o objetivo do CDC é apenas conservar os contratos,
para tanto, havendo desproporcionalidade ou onerosidade excessiva, devem ser feitas modificações ou
revisões com o intuito de sua manutenção, assim, a extinção contratual é em ultima hipótese quando não
houver outra possibilidade de adimplir com as obrigações, ocorrendo ônus excessivo a qualquer das partes.
PRINCIPIO DA SOLIDARIEDADE: trata-se de mais uma defesa processual em que, ao autor da ofensa,
todos respondem solidariamente, pela reparação dos danos.
PRINCIPIO DA IGUALDADE: é a proteção ao consumidor, ao exigir boa-fé objetiva na atuação por
parte do fornecedor, para garantir o equilíbrio entre as partes, tem o consumidor o direito de ser informado,
à revisão contratual, e à conservação do contrato, sempre com o intuito de colocar o consumidor em par de
igualdade nas contratações.
Em regra os tribunais aplicam a TEORIA FINALISTA, que faz com que o interessado pergunte: Qual a
finalidade do produto ou serviço? É para uso PESSOAL ou para a ATIVIDADE ECONÔMICA. Se disser que o
produto ou serviço adquirido é para USO PESSOAL será realmente um Consumidor. mas, se for para o
exercício da ATIVIDADE FIM, não tem relação de consumo. Ex. Se você comprar uma máquina de café para
a sua lanchonete, aí se exerce a atividade empresarial,e, neste caso não tem relação de consumo, mas se a
máquina de café for para seu uso pessoal tem relação de consumo.
o princípio da VULNERABILIDADE se refere mais a inferioridade do consumidor no que se refere ao
produto ou serviços que está contratando. Ele é infinitamente inferior em relação aos produtos e serviços
que está contratando se comprado com o fornecedor, que conhece a fundo os produtos que está
disponibilizando no mercado. Diferente do princípio da hipossuficiência que aborda mais especificadamente
os aspectos processuais desta relação de consumo. Ex: inversão quanto ao ônus da prova, ou seja, o
consumidor precisa ser favorecido para promover os seus direitos junto a jurisdição.
A doutrina identifica ao menos três espécies de vulnerabilidade do consumidor.
A vulnerabilidade TÉCNICA seria aquela na qual o consumidor não possui conhecimentos específicos
sobre o produto ou serviço, nem informações acerca da elaboração de um determinado produto ou sobre
as técnicas utilizadas para prestação de um serviço, podendo ser mais facilmente iludido no momento da
contratação.
A vulnerabilidade FÁTICA ou socioeconômica ocorre quando o fornecedor detém o domínio exclusivo
de um serviço que o consumidor necessita (ex. energia elétrica), ou em razão da essencialidade do serviço
que presta, impondo na relação contratual uma posição de superioridade.
E ainda, a vulnerabilidade JURÍDICA ou científica resultante da falta de conhecimentos jurídicos pelo
consumidor ou de conhecimentos específicos de outras ciências, tais como economia, contabilidade,
matemática financeira, o que coloca o consumidor em situação de fragilidade e inferioridade, impedindo a
paridade de armas nas demandas de consumo.
O princípio da isonomia visa igualar os iguais desigualando os desiguais. Não se pode dizer que
consumidor e fornecedor estejam no mesmo patamar. O princípio da vulnerabilidade veio trazer equilíbrio
para relação de consumo.
O princípio da TRANSPARÊNCIA busca garantir que o consumidor, considerado o elo mais fraco no
contrato, tenha todo o conhecimento possível sobre a relação de consumo que está efetuando. Ou seja, se
contratou um serviço ou comprou um produto, a empresa não pode "esconder" nenhuma informação do
consumidor.
A informação está presente no CDC como princípio no art. 4º, IV e como direito básico, no art. 6º, III.
Como direito básico, a informação constitui importante ferramenta de equilíbrio entre as partes na relação
de consumo, porque dá ao consumidor a possibilidade de escolha conscientemente os produtos e serviços
que deseja o consumidor. É preciso estar atento, porém, para o excesso de informação como estratégia de
desinformação, isto é, se uma pessoa recebe um contrato de consumo rotineiro com 300 páginas, por
exemplo, será que terá condições de lê-lo? Certo que não! A informação deve ser adequada e clara. MUITA
informação como estratégia de desatenção viola, portanto, o dever de informar tanto quanto não dar
qualquer informação ao consumidor.
Está consagrado no CDC o princípio da boa fé OBJETIVA, que impõe aos contraentes o dever de lisura
e honestidade tanto na conclusão quanto na execução do contrato. A boa-fé serve como fundamento
orientador, interpretativo e garantidor da ordem econômica, compatibilizando interesses contraditórios.
A segurança jurídica é um princípio aplicado a todo o direito, mas nas relações de consumo possui
especial contorno de aplicação. Sua positivação encontra-se no art. 8º e seguintes, do CDC, na seção que
trata da proteção à saúde e segurança. Inicialmente, um produto apresenta defeito de segurança se, além
de não corresponder à legítima expectativa do consumidor, a fruição desse produto for capaz de trazer riscos
à incolumidade do consumidor ou de terceiros. Quando se trata de produto, é preciso observar com cuidado
a questão do prazo de validade, que pode mitigar eventualmente a aplicação desse princípio.

Aula 03 ==
Hoje o STJ adotada a teoria FINALISTA MITIGADA, que leva em consideração a vulnerabilidade do
consumidor.
Pela Teoria MAXIMALISTA, destinatário final é todo aquele consumidor que adquire o produto para
o seu uso, independente da destinação econômica conferida ao mesmo. Tal teoria confere uma
interpretação abrangente ao artigo 2° do CDC, podendo o consumidor ser tanto uma pessoa física que
adquire o bem para o seu uso pessoal quanto uma grande indústria, que pretende conferir ao bem adquirido
desdobramentos econômicos, ou seja, utilizá-lo nas suas atividades produtivas.
Pela Teoria FINALISTA (ou subjetivista), destinatário final é todo aquele que utiliza o bem como
consumidor final, de fato e econômico. DE FATO porque o bem será para o seu uso pessoal, consumidor
final econômico porque o bem adquirido não será utilizado ou aplicado em qualquer finalidade produtiva,
tendo o seu ciclo econômico encerrado na pessoa do adquirente. Ambas as teorias possuem críticas.
A teoria MAXIMALISTA é criticada pela sua excessiva abrangência, uma vez que o CDC se destinaria
à defesa dos consumidores hipossuficientes e vulneráveis, e a teoria FINALISTA é atacada por ser muito
restritiva, excluindo de sua incidência figuras da relação de consumo que também poderiam ser
consideradas hipossuficientes, como a pequena empresa e o profissional liberal. Neste aspecto, cumpre
esclarecer que se define a vulnerabilidade analisando-se todos os aspectos da relação estabelecida e não
somente o aspecto econômico.
O adquirente do produto ou serviço pode ser vulnerável em relação ao fornecedor pela dependência
do produto; pela natureza adesiva do contrato imposto; pelo monopólio da produção do bem ou sua
qualidade insuperável; pela extremada necessidade do bem ou serviço; pelas exigências da modernidade
atinentes à atividade, dentre vários outros fatores.
O STJ, em geral, tem manifestado o entendimento pela Teoria Finalista MITIGADA, ou seja,
considera-se consumidor tanto a pessoa que adquire para o uso pessoal quanto os profissionais liberais e os
pequenos empreendimentos que conferem ao bem adquirido a participação no implemento de sua unidade
produtiva, desde que, nesse caso, demonstrada a hipossuficiência, sob pena da relação estabelecida passar
a ser regida pelo Código Civil. Logo, importa dizer que uma pessoa jurídica, para postular em juízo na
qualidade de consumidora, deverá comprovar o seu estado de hipossuficiência e vulnerabilidade ao adquirir
um bem ou serviço e desde que estes não tenham ligação direta com os insumos ou matérias-primas
necessárias à efetivação de seus produtos, segundo a teoria finalista mitigada.
Na forma do art. 2º do CPDC (Lei 8078/90), consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire
ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Frise-se que equipara-se a consumidor a coletividade
de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Atualmente a teoria finalista é adotada de forma dominante para explicar o conceito de consumidor.
Não basta a compra do produto e/ou a contratação do serviço para ser considerado consumidor deve ser
observada a destinação final do produto e/ou serviço. Caso seja para consumo próprio estará enquadrado
no conceito do art. 2º do CDC. Porém, caso a compra do produto e/ou contratação do serviço seja para
fomento de uma atividade não pode ser considerado consumidor. Deve ser observado que em situações
excepcionais adota-se a teoria finalista mitigada, também chamada de atenuada ou mista.
Somos mais de 200 milhões de brasileiros realizando, todos os dias, negócios jurídicos com finalidade
de consumo. Para que o Código de Defesa do Consumidor possa, porém, ser aplicado, é indispensável
reconhecer que existem efetivamente um consumidor e um fornecedor.
Segundo a "Teoria Finalista" (art. 2º, do CDC), coloca-se excluído da proteção do CDC o consumidor
intermediário, aquele cujo produto retorna como insumo para a cadeia de produção e/ou distribuição,
compondo o custo de um novo bem ou serviço. Isso porque ele não é o "destinatário final" nos termos do
art. 2º, CDC.
A jurisprudência do STJ tem evoluído para uma aplicação temperada da Teoria Finalista (Teoria
Finalista Atenuada) frente às pessoas jurídicas, num processo que a doutrina vem denominando "finalismo
aprofundado ou mitigado", consistente em se admitir que, em determinadas hipóteses, a pessoa jurídica
adquirente como intermediária de um produto ou serviço pode ser sim considerada como consumidora, por
apresentar frente ao fornecedor alguma VULNERABILIDADE (marcada pela dificuldade de negociar com o
fornecedor, por exemplo), que constitui o princípio-motor da política nacional das relações de consumo.
O parágrafo único do artigo 2º e o artigo 17 do CDC Tutelam o consumidor equiparado. Essas vítimas
seriam aquelas que nem adquiriram nem utilizavam, pois essas são consumidoras padrão. Ex. Maria adquiriu
um tablete. Sua amiga Joana está utilizando o aparelho na sala de aula, nesse momento o aparelho explode
e fere Carlos que estava sentado ao lado de Joana. Nesses caso concreto: Maria é consumidora padrão, pois
adquiriu o parelho (é proprietária). Joana é consumidora padrão também pois estava utilizando (conforme
redação do artigo 2º "adquire ou utiliza"). Carlos nem adquiriu nem utilizava, ele será equiparado a
consumidor, pois embora não se enquadre na redação do artigo 2º, foi também vítima do evento danoso.
Consumidor POR EQUIPARAÇÃO compreende todas as vítimas do evento danoso (art. 17, CDC), ou
seja, todas as pessoas que, embora não tenham participado diretamente da relação de consumo, adquirindo
um produto ou serviço, sofreram algum tipo de lesão, amparado pelas regras de proteção ao consumidor
previstas no CDC.
O CDC deixa margem para a equiparação em três hipóteses específicas, sãos elas: art. 2º, parágrafo
único (ações coletivas), art. 17 (acidente de consumo) e art. 29 (práticas e cláusulas abusivas).

Aula 04 ==
Os entes despersonalizados estão inseridos expressamente no conceito legal de fornecedor (CDC, art. 3°,
caput) de forma a evitar que a falta de personalidade jurídica se torne um obstáculo à proteção dos consumidores nas
relações estabelecidas na sociedade de consumo. Desse modo, uma sociedade sem registro (de fato ou irregular), mas
que desenvolva atividade de produção e circulação de bens ou serviços, com habitualidade e onerosidade, é
caracterizada como fornecedor para efeitos de incidência do CDC. (Exemplos: um camelô, uma família que desenvolva
atividade típica de fornecimento de produtos com habitualidade).
Na forma do art. 3º do CPDC (Lei 8078/90), fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem,
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
Conforme determina o art. 3º, parágrafo 2º do CDC "serviço é toda atividade prestada mediante
remuneração". Significa dizer: basta ser remunerada, independente do valor, para ser considerado prestadores de
serviço e estar formada a relação de consumo.

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