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SEMANA 1
LEITURAS SEMANA 1
SUMÁRIO
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA – UAB/PNAP
v
públicos. Em geral, os
presidentes da República
Velha entraram na
O período conhecido como República Velha durou de 1889 até
política, apoiados por 1930. Este período é denominado ainda de “República dos Bacharéis”
líderes políticos locais (os e “República Maçônica”, uma vez que todos os presidentes civis da
Coronéis).
época eram bacharéis em direito e quase todos membros da maçonaria.
Mas, você sabe por QUE esse período foi chamado de República
Velha?
Módulo Básico 13
Desenvolvimento e Mudanças no Estado Brasileiro
v
criminosos a cumprirem
intermediário, principalmente nas cidades mais importantes do país.
pena de trabalhos
forçados em embarcações Além disso, a Constituição garantia a liberdade de associação
de velas, remando sob e de reunião sem armas, assegurava aos acusados amplo direito de
a coerção de castigos defesa, abolia as penas de galés, de banimento judicial e de morte,
corporais.
instituía o habeas-corpus e as garantias de magistratura aos juízes
federais.
sofrido com a Guerra dos Canudos e adquiriu, o governo da Bahia não conseguiu
segurar a revolta, e pediu a interferência
o assassinato do ministro da Guerra,
da República. O massacre foi tamanho que não escaparam
foi que os militares se afastaram do
idosos, mulheres e crianças. Euclides da Cunha, em seu livro
poder, voltando à política somente entre
Os Sertões, eternizou este movimento que evidenciou a
1910 e 1914, no governo do Marechal
importância da luta social na história de nosso país. Fonte: Sua
Hermes da Fonseca, e no movimento
Pesquisa (2008).
denominado tenentismo ocorrido no
início do ano de 1920.
Neste período tenentista o Exército brasileiro enfrentou grandes
dificuldades – faltavam armamentos, cavalos, medicamentos e instrução
para a tropa. Os soldos permaneciam baixos e o governo não fazia
menção de aumentá-los. Esta situação afetava particularmente os
tenentes. Neste quadro de crescente insatisfação eclodiram diversos
movimentos militares. A presença significativa de tenentes na condução
desses movimentos deu origem ao termo “tenentismo”.
Os principais movimentos tenentistas da década de 1920 foram
os 18 do Forte, os levantes de 1924, e a Coluna Prestes. As propostas
políticas dos tenentes, de uma maneira geral, se vinculavam ao
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Desenvolvimento e Mudanças no Estado Brasileiro
v
De acordo com essa obra de engenharia política, o poder federal
passou a não interferir na política dos estados e estes não interferiam
na política dos municípios, garantindo-lhes a autonomia política. O
Presidente da República apoiava os atos dos presidentes estaduais,
como a escolha dos sucessores desses presidentes de estados, e, em
troca, os governadores davam apoio e suporte ao governo federal,
O Presidente da República
era escolhido através
colaborando com a eleição de candidatos para o Congresso Nacional.
de um acordo nacional A Política dos Estados significava, na verdade, a impossibilidade
entre os presidentes dos da oposição assumir o poder, uma vez que os representantes populares
estados.
eram escolhidos mediante pactos entre o governo federal e as elites
estaduais, legitimadas por eleições pouco confiáveis, sem espaço para
candidatos independentes. Nesta época era a “Comissão de Verificação
de Poderes” do Congresso Nacional o órgão encarregado de fiscalizar
o sistema eleitoral. Esta Comissão dificilmente ratificava parlamentares
eleitos que não apoiassem a “Política dos Estados”.
As eleições presidenciais de
1930 foram vencidas, pela contagem Saiba mais Júlio Prestes de Albuquerque (1882–1946)
oficial, pelo candidato Júlio Prestes, Cursou Direito de São Paulo. Em 1909,
presidente de São Paulo, que tinha o foi eleito deputado estadual e por cinco
apoio do presidente Washington Luís. legislaturas seguintes. Em 1927, assumiu o
Contudo, a oposição, não aceitou a governo do Estado de São Paulo e depois, em
derrota de Getúlio Vargas e iniciou a 1929, foi indicado por Washington Luis como
candidato do governo à sucessão presidencial,
Revolução de 1930. Esta revolução,
concorrendo contra Getúlio Vargas. Prestes não chegou a
que tinha como líderes Getúlio Vargas,
tomar posse, pois foi impedido pela Revolução de 1930, a qual
Antônio Carlos Ribeiro de Andrada
levou Getúlio Vargas ao poder. Exilado na Europa, Júlio Prestes
(ex-presidente de Minas Gerais) e
regressou ao Brasil em 1934, afastando-se da política. Fonte:
tenentes, começou em 3 de outubro de
Educação UOL (2008b).
1930, sem enfrentar grande resistência,
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Desenvolvimento e Mudanças no Estado Brasileiro
A ERA VARGAS
revolucionário de 1930, por meio do instalou a fase de ditadura, o chamado Estado Novo. Fonte:
História... (2008).
qual assumiu o Governo Provisório.
Em 1934, foi eleito presidente, de
forma indireta, com mandato até 1938. Em 1937 instaurou o Estado
Novo, determinou o fechamento do Congresso, outorgou uma nova
Constituição, que lhe conferiu o controle dos poderes Legislativo e
Judiciário, e determinou o fechamento dos partidos políticos.
Com o fim da Segunda Guerra em 1945, as pressões em prol
da redemocratização ficaram mais fortes, e então Vargas foi deposto
em 29 de outubro de 1945, por um movimento militar liderado por
generais que compunham o seu próprio ministério. Afastado do
poder, Vargas foi para sua fazenda em São Borja, no Rio Grande do
Sul. Mas, nas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte de
1946, foi eleito senador por dois estados e deputado federal por sete
estados. Nas eleições presidenciais de 1950, Vargas é eleito presidente
da república com ampla margem de votos.
No segundo período, o seu governo foi marcado pela retomada
da orientação nacionalista, cuja expressão maior foi a luta para a
implantação do monopólio estatal sobre o petróleo, com a criação da
Petrobrás, e pela progressiva radicalização política. Vargas enfrentava
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Desenvolvimento e Mudanças no Estado Brasileiro
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constitucionalista iniciada em 1931. No final de 1931 e início de
1932, Vargas procurou conter as críticas organizando uma comissão
encarregada de organizar o novo Código Eleitoral.
Os sinais de trégua emitidos por Vargas, no entanto, não
apaziguaram os ânimos e neste cenário tivemos a formação da Frente
Única Paulista (FUP), cujos principais lemas eram a constitucionalização
O Código Eleitoral foi
do país e a autonomia de São Paulo. Mas, no início de 1932, com a
publicado em fevereiro
de 1932 e um novo morte de quatro estudantes paulistas em confronto com forças legais,
interventor foi nomeado foi criado o movimento MMDC – iniciais dos nomes dos estudantes
para São Paulo, o civil e mortos, Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo. O episódio foi o estopim
paulista Pedro de Toledo.
da Revolução de 1932.
Em 9 de julho o movimento revolucionário ganhou as ruas da
capital e do interior de São Paulo. A revolução teve apoio de diversos
setores da sociedade paulista. Pegaram em armas intelectuais, industriais,
estudantes e outros segmentos das camadas médias, políticos ligados
à República Velha ou ao Partido Democrático. A luta armada dos
constitucionalistas ficou restrita ao estado de São Paulo. Isolados,
os paulistas não tiveram condições de manter por muito tempo a
revolução. Em outubro de 1932 assinaram a rendição.
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(O liberalismo excludente)
Módulo Básico
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Desenvolvimento e Mudanças no Estado Brasileiro
A Organização do Estado
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Desenvolvimento e Mudanças no Estado Brasileiro
Como você pode observar foi nos governos Vargas que surgiram
as bases para a modernização econômica, política e administrativa do
país. Mais importante, porém, do que essas realizações, afirmam Sérgio
Besserman Vianna e André Villela, foi “a incorporação, pela primeira
vez na história brasileira, do povo (classe trabalhadora) como agente
político relevante. Esse fato – ao mesmo tempo inédito e auspicioso –
imprimiu nova dinâmica ao processo político do pós-guerra, permitindo
importantes avanços na construção da democracia no país”.
Assim podemos afirmar que, independente das virtudes e
defeitos pessoais e da ação política desenvolvida por Getúlio Vargas,
sua passagem pelo comando do setor público brasileiro estabeleceu
um verdadeiro divisor de tempo. O Brasil foi um antes de Vargas e
passou a ser outro depois de Vargas.
Nesse sentido, veja a seguir as principais marcas da Era Vargas.
Módulo Básico 25
As reformas administrativas RSP
Revista do
no Brasil: modelos, Serviço
Público
2. O nacional-desenvolvimentismo e o
estado propulsor do desenvolvimento
Da democratização do regime estadonovista, com a promulgação
da Constituição de 1946, ao golpe militar de 1964, a administração pública
não passou por modificações significativas, exceto pela tendência, já
estabelecida, de criação de novos órgãos nas administrações direta e indi-
reta. Ocorreram, no entanto, tentativas de instituir organismos voltados
para a análise de sua atuação e que propusessem reformas e as encami-
nhassem ao Congresso Nacional.
No período anterior não foram bem-sucedidas as tentativas de
se profissionalizar o servidor público e torná-lo imune às relações espú-
rias com os políticos. Já a fase que se inaugura com a promulgação da
Constituição de 1946, embora ela própria tenha contribuído para a não-
profissionalização do serviço público, se notabiliza pela preocupação gover-
namental com o desenvolvimento nacional, o que terá seus reflexos espe-
cíficos na administração pública, como veremos. A demonstração inequí-
voca das contradições do modelo administrativo constitucionalmente pro-
posto revela-se claramente no art. 23 do Ato das Disposições Constituci-
onais Transitórias:
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(A modernização conservadora)
1930
O Brasil entra na nova década com 37,6 milhões de
habitantes, afundados na miséria resultante da crise
econômica mundial. Regidos desde Wall Street, as crises de lá
doem mesmo é cá. O preço da saca de café cai de quatro
para uma libra. A média de falências anuais sobe de duzentas
para seiscentas. Os salários são reduzidos à metade.
Suicídios, desespero: Revolução.
Modernização conservadora
A revolução de Trinta
Três mil gaúchos de lenço vermelho, chapelão e bombacha
apeiam no Rio de Janeiro e amarram seus cavalos no obelisco
da Avenida Rio Branco, sob o aplauso dos cariocas. O
candidato derrotado nas eleições, Getúlio Vargas, assume a
presidência e entrega o governo dos estados aos tenentes e a
seus aliados civis, que entram logo em disputa entre eles e
com a classe política.
Modernização conservadora
A revolução de Trinta
[...]
No plano político, o poderio da Revolução de 30, entregue na
primeira hora aos “tenentes”, é, em seguida, devolvido. Acaba
se consolidando nas mãos de um patriciado burocrático
renovado para exercer uma política nacionalista e uma ação
paternalista. Nos anos de ascensão do fascismo no mundo,
Getúlio entra na moda, debilitando ainda mais o patriciado
político liberal e fortalecendo o burocrático civil e militar.
Modernização conservadora
1931
[...]
É decretada a Lei da Sindicalização, que reconhece a questão
social e legaliza a luta pelas reivindicações operárias, mas proíbe
as “ideologias sectárias” e cria os pelegos, impondo a presença
de delegados governamentais nas assembléias. Assim é que os
sindicatos de trabalhadores são reconhecidos como sociedades
civis representativas de suas categorias, mas na qualidade de
órgãos auxiliares de estado, cuja constituição e funcionamento
dependem de autorização do recém criado Ministério do
Trabalho, Indústria e Comércio.
Modernização conservadora
1931
[...]
O valor da produção industrial se iguala ao da agrícola, mas não
o peso político do empresariado urbano em relação ao
coronelato rural. Este, contando com currais de eleitores cativos,
valia muito mais do que os patrões urbanos, incapazes de
apadrinhar o operariado da cidade. Em consequência, a atenção
do governo para com o patronato rural continua muito maior do
que a recebia o empresariado urbano. Surgem lideranças
industriais novas com figuras como Roberto Simonsen e Valentim
Bouças, que, apesar de prestigiosas, jamais alcançaram o
poderio que continuavam tendo os líderes dos coronéis rurais.
Modernização conservadora
1932
[...]
Vargas decreta a jornada de oito horas, o salário igual para
trabalho igual, e a licença de um mês para gravidez e parto.
Define sua política social como um esforço para transformar o
proletariado numa força ordeira de cooperação com o Estado.
Consegue realizar isso, mas consegue, também, seu objetivo
maior, que era desatrelar o operariado da liderança anarquista e
comunista. Com efeito, apesar de seu propalado positivismo,
Getúlio não incorporou – como pretendia e mandava Comte – o
proletariado à sociedade moderna, mas sim ao Estado, ao
governo. Até hoje.
Modernização conservadora
1937
[...]
Getúlio inventa o autogolpe, funda o Estado Novo e a
sacanagem política. Justifica-se depois dizendo que era “a única
resposta para a crise criada pela iminência da guerra civil e da
guerra mundial”. [...]
Implanta-se, assim uma ditadura fascista que extingue o
sistema representativo e anula as liberdades públicas, para
impor um governo de estilo autoritário e centralizador, que
confiava expressamente no Estado para a função de reger e
tutelar a sociedade, a fim de forçá-la a se desenvolver.
Modernização conservadora
1937
[...]
O novo governo cria a União Nacional dos Estudantes – a
UNE – para controlar o movimento estudantil. Em mãos da
mocidade, ela se transforma, porém, numa das principais
instituições de luta pelas liberdades democráticas e pelas
lutas nacionalistas.
Modernização conservadora
1938
[...]
É criado o DASP – Departamento Administrativo do Serviço
Público – que, sob a direção de Luiz Simões Lopes, inicia
importante obra de modernização administrativa do
governo. Graças a ele é promulgado o Estatuto dos
funcionários civis da União, regulamentando os concursos
de ingresso e o acesso na carreira. O que se expande,
porém, nos anos seguintes é a massa de “extranumerários”,
admitidos sem concurso, que passam a constituir os párias
no serviço público federal.
Modernização conservadora
1939
[...]
Getúlio Vargas, assessorado por Agamenon Magalhães,
promulga decreto-lei reformando os institutos de previdência
social e criando a Justiça do Trabalho, regulamentada no ano
seguinte.
Modernização conservadora
1940
[...]
Getúlio Vargas é, de fato, o órgão central de planejamento
econômico do governo. Ele , na sua mesa de trabalho do Catete,
cercado de sua equipe de assessores, é que urde os planos e os
modos de enfrentar o patronato empresarial e banqueiro, o
gerenciato das multinacionais e seus testas-de-ferro, bem como
o patriciado civil e militar, para obrigá-los a ir aceitando, na
forma de capitalismo de estado viável no Brasil, a implantação
da infra-estrutura econômica e da industrialização de base. [...]
Modernização conservadora
1940
[...]
São promulgadas as tabelas oficiais que põem em execução a
Lei do Salário Mínimo para assegurar ao trabalhador adulto
da indústria, sem distinção de sexo, um salário mensal
suficiente para satisfazer as necessidades normais de
alimentação, moradia, vestuário, transporte e higiene de uma
família de cinco membros, que beneficia mais de um milhão de
trabalhadores. [...]
Modernização conservadora
1940
[...]
Surge o Imposto Sindical, para subsidiar os sindicatos nas lutas
pelas reivindicações operárias contra os patrões. Com ele, se
fortalecem os pelegos, profissionais do sindicalismo: ganhando
ou perdendo nas suas lutas, eles prestigiam o governo que apóia
os trabalhadores.
[...]
[...]
O regime da Revolução de 1930 converteu o liberalismo
excludente em democracia restrita e a combinou com um
corporativismo que “de cima e do alto” – isto é, do topo
da esfera governamental – via a questão trabalhista como
tema de interesse social e estatal.
Modernização conservadora