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Protocolo de Intervenção

Governanças Policiais

Policial Especializada:
uma experiência bem-sucedida da Polícia
Militar de Minas Gerais na Gestão de
Dossiê

Eventos de Defesa Social de Alto Risco

Francis Albert Cotta


Francis Albert Cotta é mediador de conflitos, doutor em História (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa/

Universidade Federal de Minas Gerais), pós-doutorando em História Social da Cultura pela UFMG. Professor de Gestão de

Operações Policiais e Teoria de Polícia na Academia de Polícia Militar de Minas Gerais; de Lógica, Epistemologia e Análise

do Discurso na pós-graduação em Inteligência e Contra-Inteligência, da Faculdade Pitágoras, e de Negociação e Mediação

de Conflitos na pós-graduação em Mediação de Conflitos da Faculdade Batista de Minas Gerais. É oficial-adjunto do Time de

Gerenciamento de Crises do Gate de Minas Gerais.

francis.cotta@bol.com.br

Resumo
A gestão de Eventos de Defesa Social de Alto Risco não se limita ao conhecimento da literatura sobre o que se convencionou
a chamar de gerenciamento de crises. Ela deve ser apreciada numa perspectiva micro, com foco na cena de ação. As
funções operacionais são previamente definidas respeitando-se a visão sistêmica da gestão, os direitos humanos e o uso
gradual da força. A ferramenta utilizada nesse processo denomina-se Protocolo de Intervenção Policial Especializada, que
possibilita o acompanhamento e a avaliação do desempenho de cada policial na cena de ação; auxilia o gestor no processo
de tomada de decisão e fornece dados para a responsabilização das ações policiais.

Palavras-Chave
Gestão policial. Eventos de Defesa Social de Alto Risco. Trabalho policial. Responsabilização.

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N o final da década de 1970, a maioria
das polícias militares brasileiras espe-
know-how, isto é, um saber construído no “fa-
zer-se” enquanto responsáveis pelas interven-

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cializou parte dos seus efetivos para o atendi- ções especiais. O conhecimento processual,
mento de situações que extrapolassem o poder advindo das práticas cotidianas na resolução
de resposta do patrulhamento preventivo coti- de problemas, apontou tanto para as poten-
diano. Assim, foram criados grupos especiais, cialidades quanto para as limitações logísticas

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geralmente inseridos nos batalhões de polícia e humanas. Buscou-se aprimorar os efetivos
de choque, para intervenções em situações que de tais grupos com treinamentos diferencia-
envolvessem o “combate” a guerrilhas e atos dos e com suporte logístico que atendesse,
terroristas. Esses grupos receberam treinamen- minimamente, às suas necessidades operacio-
tos de táticas e técnicas oriundas do modelo de nais. Entretanto, faltava-lhes sistematizar suas
“Comandos” das Forças Armadas. A formação práticas de forma teórica.1
era, fundamentalmente, militar e o foco estava
na proteção do Estado e na manutenção da or- No final dos anos 1980 e início da dé-
dem pública, tendo como suporte a “doutrina cada de 1990, sob influência da literatura
ou ideologia de Segurança Nacional”. norte-americana, nomeadamente da Acade-
mia Nacional do FBI e do Departamento de
Com o processo de redemocratização do Polícia de Nova Yorque (NYPD, 1986;
Brasil, a partir de meados da década de 1980, BOLZ JUNIOR, 1987; FUSELIER; NOES-
tendo seu ápice com a Constituição Cidadã NER, 1990), surgiram as primeiras produ-
de 1988, os grupos especializados passaram a ções brasileiras sobre os procedimentos poli-
receber uma influência mais policial e menos ciais a serem adotados em incidentes críticos
militar. Os incidentes críticos com reféns, os que envolvessem reféns, tentativa de autoex-
sequestros e os atentados com artefatos ex- termínio, rebeliões em presídios, localização
plosivos perderam sua conotação político- e desativação de artefatos explosivos, entre
ideológica. A ideia de operações especiais outros (VENTURA, 1987; VASCONCE-
cedeu lugar ao conceito de ações táticas. Em LOS, 1990; MONTEIRO, 1991). Algu-
alguns estados brasileiros as designações dos mas publicações foram de natureza institu-
grupos especializados passaram de Comandos cional, como o Manual de gerenciamento de
de Operações Especiais para Grupos de Ações crises, da Academia Nacional de Polícia
Táticas Especiais. (BRASIL, 1995), outras, da lavra de policiais
experimentados no cotidiano operacional
No decorrer dos anos, os integrantes dos (SOUZA, 1995; MAGALHÃES; SACRA-
grupos policiais especializados adquiriram um MENTO; SOUZA, 1998).

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O termo gerenciamento de crises, ampla- Valorizando o processo de educação conti-
mente utilizado por teóricos da administra- nuada dos servidores da área de segurança dos
ção de empresas, foi reapropriado e passou a cidadãos, a Senasp, sob a orientação compe-
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ser utilizado pelas polícias brasileiras, consa- tente de dois oficiais da Polícia Militar do Es-
grando-se nos últimos anos como disciplina pírito Santo, condensou os preceitos teóricos
da malha curricular de vários cursos de for- da produção acadêmica sobre o “gerenciamen-
mação (curso técnico em segurança pública, to de crises no contexto policial” e os disponi-
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curso superior em gestão de segurança pública bilizou sob a forma de um curso pela Internet
e curso de bacharelado em ciências militares, (DORIA JÚNIOR; FAHNING, 2008).
com ênfase em defesa social, isso para citar o
caso de Minas Gerais). Em Minas Gerais, além das disciplinas in-
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seridas nos cursos de formação, atualização e


Em virtude das demandas operacionais, especialização, existe um curso exclusivo para
da necessidade de se sistematizarem os proce- policiais que pertencem às unidades policiais
dimentos quando da gestão de um incidente especializadas. Nele foram inseridos assuntos
crítico e, fundamentalmente, por intermédio pertinentes às especificidades da equipe que
de estudos acadêmicos (VAZ, 2001; THO- auxilia o gestor do incidente crítico, bem como
MÉ; SALIGNAC, 2001; LUCCA, 2002; os negociadores. O curso contempla tópicos
TEIXERA, 2002; COTTA; SOUZA, 2003; tais como: estruturação e funcionamento do
SANTOS, 2003; STOCHIERO, 2006; SAR- time de gerenciamento de crises; programação
DINHA, 2008; SANTOS, 2008; COTTA; neurolinguística; técnicas e táticas de negocia-
STOCHIERO, 2007; STOCHIERO; COT- ção; criminologia, sociologia e antropologia;
TA, 2008), percebeu-se que não era suficiente mediação de conflitos e psicanálise; técnicas de
investir apenas na formação de negociadores instalação de equipamentos; monitoramento
policiais, todos os policiais deveriam saber de ambientes confinados; perimetragem, coleta
como se desenvolvem as intervenções poli- e análise de dados (MINAS GERAIS, 2009).
ciais especializadas.
A partir do diálogo entre a prática cotidia-
No período de 2001 a 2002, a Secretaria na das atividades operacionais na cena de ação
Nacional de Segurança Pública (Senasp), aten- e os referenciais teóricos do campo acadêmico,
ta à importância da temática, patrocinou, em sentiu-se a necessidade de sistematizar procedi-
parceria com as Nações Unidas, dentro do Pro- mentos, dando-lhes coerência e cientificidade.
jeto de Treinamento para Profissionais da Área Em decorrência desse contexto, cunhou-se a
de Segurança do Cidadão e sob a coordenação expressão: gestão de eventos de defesa social de
da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, sete alto risco. Os conhecimentos do que se conven-
cursos de gerenciamento de crises. Também cionou a chamar de gerenciamento de crises não
outras polícias militares (São Paulo, Espírito foram abandonados, apenas ocorreu, com esse
Santo, Paraná, Minas Gerais) institucionaliza- novo conceito, uma verticalização, um apro-
ram cursos específicos nesse assunto. fundamento do olhar e da reflexão sobre a cena

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de ação, das intervenções policiais efetivas e do cada servidor público no sentido de permitir-
papel de cada profissional envolvido. lhe participação efetiva e consequentemente
dotando-o de responsabilidades específicas.

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Ele não é um simples cumpridor de ordens,
As especificidades da gestão de é co-participante de um processo mais amplo
eventos de defesa social de alto risco que será acompanhado e avaliado. Um aspecto
Os eventos de defesa social de alto risco são as importante na construção do conceito de even-

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intervenções qualificadas em incidentes críticos tos de defesa social de alto risco é a necessidade
que extrapolam o poder de resposta individual da integração dos envolvidos na resolução do
dos órgãos que compõem o Sistema de Defe- incidente crítico.
sa Social e, portanto, necessitam de interven-

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ções integradas especiais com a utilização de Nesse processo destaca-se a importância do
equipamentos, armamentos, tecnologias e trei- briefing, momento em que é repassado o conjun-
namentos especializados para o restabelecimento to de informações a todos os envolvidos na reso-
da paz social. Nota-se que é colocada em relevo lução do incidente crítico. Nele serão explanados
a visão sistêmica e integrada na gestão (COTTA; os problemas, as linhas de ação operacional, as
STOCHIERO, 2007, 2008). Nesse sentido, responsabilidades individuais, entre outros pon-
uma unidade policial especializada não resolverá tos. Ainda na concepção de gestão, após a inter-
isoladamente o incidente crítico. venção, o debrifieng será o momento de verificar
se todos os pontos foram atingidos e se todos
Por sua vez, os incidentes críticos são os cumpriram seu papel específico na cena de ação.2
eventos que colocam em risco, de maneira
mais contundente, as vidas dos cidadãos e dos No caso do presente estudo, será analisada
servidores públicos, tais como: pessoas feitas a ferramenta de gestão desenvolvida pelo Gru-
reféns; pessoas mantidas por perpetradores por pamento de Ações Táticas Especiais (Gate), do
motivos passionais e/ou de vingança; infrato- Comando de Policiamento Especializado da Po-
res armados barricados; tentativas de autoex- lícia Militar de Minas Gerais. O Gate de Minas
termínio; localização de artefatos explosivos; Gerais possui uma estrutura interna composta
cidadãos infratores armados e organizados. por cinco equipes: Time de Gerenciamento de
Crises, Esquadrão Antibombas, Sniper, Time
Já o sentido da gestão desse tipo de evento Tático e Comando de Operações em Áreas de
vai muito além do ato de condução das ativi- Mananciais e Florestas. Cada equipe possui via-
dades por um líder ou mesmo por uma equi- turas, efetivos e treinamentos específicos.
pe, sendo entendida enquanto o conjunto de
ações que englobam concepção, elaboração, O Time de Gerenciamento de Crises (TGC)
implementação, direção, execução e avaliação. é responsável pela negociação policial, pelo su-
As partes do processo são construídas, exe- porte técnico e apoio logístico na cena de ação.
cutadas e avaliadas por todos os envolvidos. Em virtude de suas intervenções cotidianas, o
Existe o empoderamento (empowerment) de TGC identificou a necessidade de se criar uma

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ferramenta que possibilitasse a coordenação e responsável por checar todos os pontos de sua
o controle de todas as equipes táticas, além de área. Assim, além dos comandantes das equi-
estabelecer parâmetros de atuação com os ou- pes táticas envolvidas, é necessário, no mínimo,
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tros órgãos do Sistema de Defesa Social. um staff composto por nove policiais: oito são
responsáveis pelas áreas e um por receber e en-
Para solução desta questão, elaborou-se o caminhar ao gestor do evento todas as informa-
Protocolo de Intervenção Policial Especializada, ções para tomada de decisão (assessor técnico do
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que, além da aplicação da visão sistêmica em Time de Gerenciamento de Crises).


casos concretos de defesa social de alto risco,
possibilita o acompanhamento e a avaliação do O protocolo funciona como cheklist, per-
desempenho de cada servidor público na cena mitindo que o gestor e seu staff estruturem
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de ação. Esse instrumento também orienta a to- as intervenções iniciais na cena de ação. As
mada de decisão do gestor, oferecendo-lhe uma ações são flexíveis e adotadas de acordo com
série de alternativas que levam em consideração o desenrolar do evento. O ato de determinar
o uso progressivo da força, a legalidade, a ética, um servidor público para cada área de atua-
o respeito aos direitos humanos e os princípios ção faz com que esse profissional se dedique
técnicos e táticos da gestão de incidentes críticos. à realização de todas as minúcias com aten-
Os protocolos são traçados e os passos em que ção e zelo. Ele tem a consciência de que os
o trabalho será desenvolvido são concatenados aspectos sob sua responsabilidade são decisi-
numa ordem lógica, sistemática e coerente. Evi- vos para uma boa resolução do evento. Além
tam-se, assim, surpresas e inconsistências. disso, ele e seus colaboradores prestarão con-
ta do seu desempenho após o encerramento
da intervenção.
O Protocolo de Intervenção
Policial Especializada Inicialmente, o protocolo possui um ca-
O protocolo, impresso em três páginas, de- beçalho que pode ser utilizado para fins esta-
talha os seguintes aspectos da gestão: 1) proce- tísticos, para estudos, análises e localização da
dimentos iniciais na cena da ação; 2) processo de intervenção junto ao Sistema de Defesa So-
negociação; 3) administração dos talentos hu- cial. São oito itens que descrevem a tipologia
manos; 4) produção de informações; 5) gestão do incidente crítico, o número do Registro de
logística; 6) relacionamento com a imprensa e Defesa Social (REDS), onde o incidente crítico
com a comunidade local; 7) emprego da força e ocorreu, o tempo destinado à sua resolução,
estratégia operacional; 8) administração da ren- as viaturas e efetivos envolvidos. Por fim, traz
dição; 9) equipes táticas envolvidas; 10) resumo orientações para a mensuração das ações de-
do incidente crítico; 11) observações e sugestões senvolvidas na gestão do evento (Quadro 1).
e 12) fotos e croquis. Todos os oito grandes setores da gestão serão
permeados pela visão sistêmica, contendo as
O gestor escolherá um policial para coorde- ações a serem tomadas e as cinco colunas para
nar cada um dos aspectos do protocolo, que será mensuração (Quadro 2).

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Quadro 1
Cabeçalho do Protocolo de Intervenção Policial Especializada

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Fonte: Time de Gerenciamento de Crises do Gate da PMMG, 2008.

Operacionalmente, as intervenções co- perímetros e contatos diversos dentro de


meçam com os procedimentos iniciais na sua esfera de competência operacional.
cena da ação. Eles se traduzem em sete
grupos de procedimentos, que se subdivi- Quando da chegada das equipes especializa-
dem em 20 itens a serem observados pelos das, as medidas preliminares serão reavaliadas e
responsáveis pela coordenação e controle. tanto o controlador do incidente quanto o primeiro
Destaque é dado ao primeiro interventor e interventor serão convidados a participar do pro-
ao controlador do incidente, pois, quando da cesso de gestão do incidente crítico. Nesse momen-
eclosão de um incidente crítico, geralmente to é montado o posto de comando. Em seguida,
o policial que atua em determinado setor são definidas as autoridades de linha (comandan-
ou o guarda municipal serão os primeiros a te local da polícia ou do corpo de bombeiros, em
se depararem com a situação. A eles cabem termos de responsabilidade territorial) e técnica
as primeiras ações. O controlador do inci- (comandante das equipes especializadas). Ainda
dente poderá pertencer à polícia, à guarda, nessa fase ocorre a identificação de todos os res-
ao corpo de bombeiros ou a outro órgão do ponsáveis pelas equipes do Sistema de Defesa So-
Sistema de Defesa Social. Entretanto, ele cial que estiverem presentes na cena de ação. Por
deve possuir autorização para desenvolver fim, é elaborado o plano inicial de ação, que será
ações de coordenação na estruturação dos flexível e com várias alternativas (Quadro 2).

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Quadro 2
Procedimentos iniciais na cena de ação
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Fonte: Time de Gerenciamento de Crises do Gate da PMMG, 2008.

Outro aspecto vislumbrado pelo proto- informações adquiridas pelo TGC, por in-
colo é o processo de negociação. Conhecido termédio de equipamentos e técnicas espe-
como a primeira alternativa tática na reso- cíficas, oferecem subsídios para o desenvol-
lução de um incidente crítico, ele é permea- vimento da argumentação e da elaboração
do por ações específicas, integradas e pon- do convencimento em situações que envol-
tuais. Os negociadores policiais atuam em vem libertação de reféns e intervenções em
perfeita sintonia com os demais integrantes situações com tentativa de autoextermínio
do Time de Gerenciamento de Crises. As (Quadro 3).

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Quadro 3
Processo de negociação

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Fonte: Time de Gerenciamento de Crises do Gate da PMMG, 2008.

O terceiro ponto do protocolo é a admi- aspecto fará a seleção dos especialistas de acor-
nistração dos talentos humanos. Aqui, cada en- do com as potencialidades técnicas de cada
volvido no processo de resolução do inciden- um, providenciará os meios para realização de
te crítico é cientificado das peculiaridades do simulações com vistas ao emprego tático dos
evento e das funções que irá desenvolver. O talentos humanos e estará atento para questões
responsável pela coordenação e controle desse de desgaste fisiológico (Quadro 4).

Quadro 4
Administração dos talentos humanos

Fonte: Time de Gerenciamento de Crises do Gate da PMMG, 2008.

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No processo de gestão não há uma ação mas ações no campo da produção de informa-
superior à outra, entretanto, percebe-se que, ções. Todas as informações são canalizadas para
desde o contato do primeiro interventor até a um integrante do Time de Gerenciamento de
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rendição do perpetrador do incidente crítico, as Crises, que as socializa não somente para os
decisões são realizadas após análise criteriosa negociadores e líderes das equipes táticas, mas
das informações disponíveis. Dessa forma, o também para o Gabinete de Gestão do Incidente
protocolo destina um espaço para definir algu- Crítico (Quadro 5).
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Quadro 5
Produção de informações
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Fonte: Time de Gerenciamento de Crises do Gate da PMMG, 2008.

O provimento logístico eficaz, adequado e Sua atuação é abrangente e vai desde o “simples”
oportuno é alvo do quinto item do protocolo. fornecimento de água para os negociadores até a
A gestão logística é colocada sob a responsabili- verificação da disponibilidade de tecnologia não-
dade de um profissional experiente que conhece letal e de outros equipamentos, armamentos e
os meandros da gestão de um incidente crítico. munições para as intervenções (Quadro 6).

Quadro 6
Gestão logística

Fonte: Time de Gerenciamento de Crises do Gate da PMMG, 2008.

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O sexto item do protocolo destaca a ne- por parte das pessoas o consentimento necessá-
cessidade do relacionamento com a imprensa e rio para a realização das atividades de restabe-
com a comunidade local de forma transparente. lecimento da paz social. Respeito à dignidade

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Com acesso a informações verdadeiras e a cons- dos envolvidos e a garantia dos direitos indivi-
tatação de que o gestor do incidente crítico está duais devem estar na base da atuação e no trato
atuando de forma técnica, ética e legal, haverá com os profissionais da imprensa (Quadro 7).

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Quadro 7
Relacionamento com a imprensa e com a comunidade local

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Fonte: Time de Gerenciamento de Crises do Gate da PMMG, 2008.

O emprego da força de maneira progressi- minam os preceitos internacionais, nacionais


va, legal, ética e técnica é a base da elaboração e institucionais de direitos humanos. Em to-
da estratégia operacional. Em incidentes críticos das as situações o foco da ação será salvar vi-
que envolvam reféns as ações poderão iniciar das e aplicar a lei. Não haverá margens para
com a verbalização, passando pelas táticas improvisações ou amadorismos. Todas as al-
defensivas não letais, chegando, em último ternativas devem ser plenamente conhecidas
caso, ao uso da força letal, conforme deter- (Quadro 8).

Quadro 8
Emprego da força e estratégia operacional

Fonte: Time de Gerenciamento de Crises do Gate da PMMG, 2008.

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O incidente crítico não termina quando e o(s) agente(s), no caso de incidentes críticos
o perpetrador resolve se entregar. Nesse sen- envolvendo reféns ou o suicida em situações
tido, o protocolo destina um item para a ad- de tentativas, deverá ser escolhido um local
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ministração da rendição. Além da definição apropriado e elaborado um plano específico


dos profissionais que receberão a(s) vítima(s) (Quadro 9).
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Quadro 9
Administração da rendição
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Fonte: Time de Gerenciamento de Crises do Gate da PMMG, 2008.

O nono item do protocolo refere-se ao regis- resultados e consequências das ações. Ele pro-
tro dos nomes de todos os integrantes das equi- porciona o controle e a fixação de responsabili-
pes táticas envolvidas e décimo corresponde ao dades de todos os envolvidos.
resumo do incidente crítico. Por fim, registram-
se as observações, sugestões, fotos e croquis. Considerações finais
O protocolo busca sensibilizar e destacar
Após a resolução do evento de defesa social a importância da integração e do envolvi-
de alto risco, o Protocolo de Intervenção Poli- mento de todos os profissionais dos órgãos
cial Especializada servirá para individualizar as do Sistema de Defesa Social na gestão de in-
ações de todos os envolvidos e aprimorar tá- cidentes críticos. Essa é uma preocupação que
ticas e estratégias operacionais. A socialização acompanha os gestores de segurança pública
dos seus resultados com os órgãos do Sistema há vários anos (SÃO PAULO, 1990; ESPÍ-
de Defesa Social proporciona o amadureci- RITO SANTO, 1998; MATO GROSSO,
mento de todos e desperta para a necessidade 1999; CONSEFO, 2000; MINAS GERAIS,
de efetivo planejamento, coordenação, contro- 2005). Entretanto, vários entraves ainda
le e ações integradas. Esse instrumento possibi- permanecem em intervenções reais. É preci-
lita a realização de um debrifieng realístico, que so avançar em direção à efetiva gestão inte-
será compartilhado com todos os envolvidos grada de eventos de defesa social de alto ris-
na intervenção. Por fim, é possível mensurar co. Nesse sentido, rever as normas, adequar
as ações desenvolvidas, proporcionando uma terminologias e conceitos, além de redefinir
leitura privilegiada da relação entre escolhas, funções, são tarefas fundamentais.

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Por intermédio de dados concretos e das periente e capacitado que seja, acompanhar
ações desenvolvidas pelos atores envolvidos, sozinho o processo de resolução do incidente
o protocolo busca mostrar que a resolução de crítico. Ele deve ser assessorado por líderes de

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eventos de defesa social de alto risco não é um equipes táticas e pelos responsáveis pelas áreas
ato solitário de determinada organização ou estabelecidas pelo protocolo, de forma realís-
de um grupo especializado, mas sim um es- tica e com base em dados concretos oriundos
forço sinergético de diversos órgãos, em prol da cena de ação.

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do restabelecimento da paz social. Os diversos
profissionais envolvidos se veem como co-res- A dinâmica de gestão proposta pelo Pro-
ponsáveis pela resolução do evento. tocolo de Intervenção Policial Especializada e
a estruturação do formulário impresso devem

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Outra proposta inovadora do protocolo é ser de conhecimento de todos os envolvidos,
a noção de empoderamento de cada líder e sua pois, assim, o profissional terá a clara noção
equipe em áreas predeterminadas de atuação. de que ele é peça fundamental na resolução do
Mesmo num momento de intensa reatividade, evento. Ele e sua equipe não podem agir iso-
em virtude da necessidade de dar respostas po- ladamente, pois se encontram inseridos num
sitivas ao incidente crítico, o policial se mostra contexto mais amplo, cujo foco é a proteção
proativo. Isso não pressupõe quebra da unida- dos direitos do cidadão.
de de comando, uma vez que todas as decisões
passam por um órgão colegiado montado ex- Espera-se que, em decorrência de uma ges-
clusivamente para a gestão do incidente crítico. tão bem conduzida do evento de defesa social
de alto risco, restabeleça-se a paz social e pre-
É impossível para o gestor de um evento servem-se vidas, a integridade física, a dignida-
de defesa social de alto risco, por mais ex- de dos envolvidos e seus patrimônios.

1. A pioneira na sistematização de procedimentos foi a Polícia Militar do Estado de São Paulo, com a NI 3 EM PM -003/32/1977, seguida
pela Diretriz PM – 001/1/1987 – RPP, Diretriz de Operações PM3-004/2/89, que fixou as normas para emprego da Cia. PM, constituída
por Grupos de Ações Táticas Especiais (Gate), interagindo no Sistema Operacional PM, especialmente no resgate de reféns localizados,
visando a preservação da ordem pública.

2. Opta-se por designar o local onde se desenrola o incidente crítico pelo termo policial cena de ação e não mais pelo conceito militar
teatro de operações.

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Referências bibliográficas

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Francis Albert Cotta


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Revista Brasileira de Segurança Pública | Ano 3 Edição 5 Ago/Set 2009


65
Protocolo de Intervenção Policial Especializada:
uma experiência bem-sucedida da Polícia Militar
Governanças Policiais

de Minas Gerais na Gestão de Eventos de Defesa


Social de Alto Risco
Dossiê

Francis Albert Cotta

Resumen Abstract
Protocolo de Intervención Policial Especializada: Specialized Police Intervention Protocol: a successful
da Polícia Militar de Minas Gerais na Gestão de Eventos de Defesa Social de Alto Risco
Protocolo de Intervenção Policial Especializada:uma experiência bem-sucedida

Francis Albert Cotta

una experiencia exitosa de la Policía Militar de Minas experience by the Military Police in Minas Gerais in
Gerais en la Gestión de Eventos de Defensa Social de Managing High-Risk Social Defense Events
Alto Riesgo Management of High-Risk Social Defense Events is not
La gestión de Eventos de Defensa Social de Alto Riesgo limited to knowledge of literature on what has become
no se limita al conocimiento de la literatura sobre lo known as crisis management. It should be considered
que se convino en llamar de gestión de crisis. Ésta from a macro perspective, with focus on the action
debe apreciarse desde una perspectiva micro, centrada scene. Operating functions are previously defined, subject
en la escena de acción. Las funciones operacionales to a systemic vision of management, of human rights,
son previamente definidas, respetando la visión and the gradual use of force. The tool employed in this
sistemática de la gestión, los derechos humanos y el process is known as a Specialized Police Intervention
uso gradual de la fuerza. La herramienta utilizada en Protocol, which makes it possible to monitor and to
ese proceso se denomina Protocolo de Intervención assess performance by each policeman in the action
Policial Especializada, que posibilita el seguimiento y la scene; it assists the manager in the decision making
evaluación del desempeño de cada policía en la escena process, and supplies data for accountability of police
de acción; auxilia al gestor en el proceso de toma de actions.
decisiones y suministra datos para la responsabilidad de
las acciones policiales.

Palabras Llave: Gestión policial. Eventos de Defensa Keywords: Police management. High-Risk Social
Social de Alto Riesgo. Trabajo policial. Responsabilidad.. Defense Events. Police work. Accountability.

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