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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO PICOS -

PIAUÍ

Mariana Francisca dos Santos, brasileira, casada,


desempregada, RG nº 2925504, inscrita no CPF sob nº
037.733.733-17, residente e domiciliada no Povoado Novo
Paqueta, S/N, Zona Rural, por seu advogado que esta
subscreve, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência
propor RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, em face de Angelis
Cavalcante Feitoza - ME, inscrita no CNPJ sob o nº
26.370.100/0001-01, situada na Avenida Senador Helvídio
Nunes, 5233, Loja H 23, pelos seguintes fatos e
fundamentos:

DOS FATOS

1 - A Reclamante foi admitida aos serviços da Reclamada em


16 de dezembro de 2016, para exercer a função de auxiliar
de confeiteira.2 – Na data de admissão da funcionária, a
Ré solicitou a CTPS da mesma, que entregou prontamente,
porém, o respectivo registro e devolução da Carteira de
Trabalho da Reclamante só ocorreram em 17 de Março de
2017, ou seja, 3 (três) meses após ser admitida. Note-se
que a empresa foi fiscalizada pelo Ministério do Trabalho
que averiguou que havia funcionários sem registro,
compelindo a Reclamada a efetuar os registros.
3 – Recebia um salário mensal no valor de R$ 975,00
(Novecentos e Setenta e Cinco Reais). O salário sempre era
pago com 1 dia de atraso, como mostra os holerites em
anexo.
4 - A jornada de trabalho da Reclamante compreendia o
horário de 7h às 17h, 6 dias por semana, com intervalo
para refeição de 1 (uma) hora. Dessa forma, trabalhava 64
horas por semana. Folgava 1 (um) domingo por mês.

5 – A Autora anotava sua jornada em um caderno de ponto. A


Reclamada pagava à Reclamante somente as horas excedentes
que ultrapassavam o horário de trabalho estabelecido por
ela, ou seja, as horas que ultrapassavam 64 horas
semanais, e mesmo essas horas eram pagas com bastante
atraso, geralmente após 2 meses de terem sido realizadas.
6 – Após algumas discussões com os responsáveis pela
empresa por conta de atraso de salário e o pagamento
dessas horas extras, em 09 de dezembro de 2017 a
Reclamante foi dispensada sem justa causa, cumprindo aviso
prévio até 08 de janeiro de 2018.
7 – O Termo de Rescisão apresentado à Reclamante não foi
trazia o reflexo das horas extras. Também não foi paga a
multa pela demissão ter ocorrido dentro do mês da data
base. Para calcular o valor das verbas rescisórias a
Reclamada não contou o tempo de serviço sem registro,
assim, não houve férias proporcionais e nem 13º desse
período.
8 – As verbas rescisórias foram pagas dia 17 de janeiro de
2018, ou seja, foram pagas com 7 (sete) dias de atraso.
7 - Daí a justificativa para o ajuizamento da presente
reclamação trabalhista.
DO DIREITO

1 – Anotação na CTPS

Os 3 (três) primeiros meses de contrato de trabalho não


foram anotados na CTPS da Reclamante.

Deste modo, deve a empresa ser condenada a proceder a


anotação de todo o vínculo empregatício (16/12/2016 a
08/01/2018) e, não o fazendo, que seja efetuado pela
Secretaria da Vara, como dispõe o artigo 39, § 1º e § 2º,
da CLT, penalizando-se a Reclamada nos termos legais.

No mais, registre-se que é um direito fundamental do


trabalhador ver o contrato de emprego registrado na CTPS,
tanto assim o é que o art. 29, da CLT, determina que o
registro seja feito no exíguo prazo de 48 horas, após a
admissão do trabalhador.
2 – Retenção da CTPS

A Carteira de Trabalho e Previdência Social será


obrigatoriamente apresentada, contra recibo, pelo
trabalhador ao empregador que o admitir, o qual terá o
prazo de quarenta e oito horas para nela anotar,
especificamente, a data de admissão, a remuneração e as
condições especiais, se houver, sendo facultada a adoção
de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme
instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho.
Também, no art. 53, do mesmo texto, “A empresa que receber
Carteira de Trabalho e Previdência Social para anotar e a
retiver por mais de 48 (quarenta e oito) horas ficará
sujeita à multa de valor igual à metade do salário-mínimo
regional”.

Dessa forma, de acordo com a lei, houve violação destes


dispositivos, e assim a Autora tem o direito à
indenização.

No caso da retenção da CTPS, o dano moral se consuma pela


própria ocorrência do fato, dessa forma não é necessário
que a vítima comprove apreensão, angústia, aflição, ou
quaisquer efeitos danosos, vez que sua percepção emana da
própria violação ocorrida. Neste sentido, o Superior
Tribunal do Trabalho, em Recurso de Revista RR
4484020135120007, já se manifestou:
RECURSO DE REVISTA. CTPS. RETENÇÃO. INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS. DANO "IN RE IPSA".
A jurisprudência desta Corte tem se firmando no
sentido de que a retenção da Carteira de Trabalho
e Previdência Social - CTPS por tempo superior ao
que a lei autoriza configura ato ilícito passível
de indenização por danos morais. Recurso de
revista conhecido e provido. (Brasília-DF,
Tribunal Superior do Trabalho, Primeira Turma,
Recurso de Revista RR 4484020135120007, j.
27.05.2015).

3 – Horas Extras

É assegurada constitucionalmente a jornada de trabalho de


8 horas diárias e 44 horas semanais para os trabalhadores
urbanos, sendo que qualquer trabalho acima do fixado na CF
importará em prorrogação da jornada, devendo o empregador
remunerar o serviço extraordinário superior, no mínimo, em
50% à hora do normal, consoante prevê o art. 7º da CF,
abaixo transcrito.
"Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
além de outros que visem à melhoria de sua condição
social: (...)
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no
mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;"
Estabelece, também, o art. 58 da CLT: "A duração normal do
trabalho, para os empregados em qualquer atividade
privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que
não seja fixado expressamente outro limite".
Diante da leitura dos artigos supramencionados, conclui-se
que toda vez que o empregado prestar serviços após
esgotar-se a jornada normal de trabalho haverá trabalho
extraordinário, que deverá ser remunerado com o adicional
de, no mínimo, 50% superior ao da hora normal.
No caso em apreço, verifica-se que a Reclamante cumpria
semanalmente 20 horas extraordinárias durante o período de
vigência do contrato de trabalho, sendo que a Reclamada
jamais lhe efetuou o pagamento destas horas
extraordinárias e seus reflexos, tampouco em sua rescisão
contratual, valores estes que faz jus a Reclamante em
receber, conforme demonstrado acima.
4 – Reflexo das Horas Extras

Desde que do inicio até o penúltimo mês da vigência do


contrato de trabalho, as horas extras realizadas pela
Reclamante não integravam seu salário. Tais verbas jamais
foram computadas para fins de integrar sua remuneração,
eram recebidas "por fora".
As horas extras por sua habitualidade devem ser
consideradas com reflexos e integrações para o cálculo do
aviso prévio, férias integrais e proporcionais acrescidas
de 1/3 constitucional, referentes ao período de todo pacto
laboral descrito no item I desta, 13º salários integrais e
proporcionais, R.S.R., descansos remunerados laborados e
FGTS, consoante os Enunciados 151, 45, 172 e 63, todos do
TST.
5 – Verbas Rescisórias do período laborado não anotado na
CTPS

A reclamada, ao deixar de anotar a CTPS do reclamante,


desobedeceu preceito legal contido na CLT, e além disso,
deixou de computar os 03 (três meses trabalhados) ao
calcular as verbas rescisórias, que foram pagas à menor.
Assim, devidos o aviso prévio, diferenças de 13º salário e
férias proporcionais, bem como gratificação de férias do
período não registrado.
6 – Indenização Adicional – Devida na Despedida antes da
Data-Base

A Lei 6.708/79 e a Lei 7.238/84, ambas no artigo 9º,


determinam uma Indenização Adicional, equivalente a um
salário mensal, no caso de dispensa sem justa causa.
“Lei 7.238, de 29 de outubro de 1984: Art. 9º - O
empregado dispensado, sem justa causa, no período
de 30 (trinta) dias que antecede a data de sua
correção salarial, terá direito à indenização
adicional equivalente a 1 (um) salário mensal,
seja ele optante ou não pelo Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço - FGTS.”

Essa indenização adicional foi instituída visando proteger


o empregado economicamente quando dispensado sem justa
causa às vésperas do mês de negociação da sua categoria.
De acordo com Termo de Rescisão, o Sindicato
correspondente à categoria é o SINTHOGASTRO. Este tem sua
data base em Janeiro. Sendo assim, a Reclamante tem
direito a multa correspondente a 1 (um) salário.

7 - Da Multa do art. 477 da CLT

O art. 477, § 6º, da CLT, estabelece o prazo para que a


reclamada efetue o pagamento das verbas rescisórias.

Ocorre que, até a presente data a Reclamada não efetuou o


devido pagamento, pelo que requer o pagamento de uma multa
equivalente a um mês de salário revertido em favor da
Reclamante, com fulcro no § 8º do referido artigo, no
valor total de R$ 975,00 (novecentos e sessenta e cinco
reais).

8 - Da multa do art. 467 da CLT

Ademais, a Reclamada deverá pagar a Reclamante, no ato da


audiência, todas as verbas incontroversas, sob pena de
acréscimo de 50%, conforme art. 467 da CLT.

Dessa forma, requer a Reclamante pelo pagamento de todas


as parcelas incontroversas na primeira audiência.

DO PEDIDO

Ante o exposto, requer a procedência da reclamação com a condenação


da reclamada ao pagamento das seguintes verbas:

Anotação da CTPS...................................................................................................R$ 975,00

Retenção da CTPS...................................................................................................R$ 975,00

Horas Extras.......................................................................................................... R$4.962,85

Verbas Rescisórias do período laborado não anotado na CTPS.............................R$ 568,75

Indenização Adicional – Devida na Despedida antes da Data-Base.......................R$ 975,00

Da Multa do art. 477 da CLT....................................................................................R$ 975,00

TOTAL...................................................................................................................R$ 9.431,60
Por fim, requer a notificação da reclamada para, querendo,
apresentar suas respostas em audiência, e, não o fazendo,
seja declarada sua revelia e aplicada pena de confissão
ficta.
Requer também a condenação da reclamada ao pagamento das
custas processuais.
Protesta pela produção de todos os meios de prova
admitidos, sobretudo testemunhal e documental.
Dá à causa o valor de R$ 9.431,60 (nove mil quatrocentos
trinta e um reais e sessenta centavos).

Nestes termos,
Pede deferimento.

Picos, 18 de abril de 2018

LAURA MONIQUE RUFINO LEÔNCIO

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