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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

DISCIPLINA: TEORIA DAS ESTRUTURAS I


PROFESSOR: JAIR GOMES
TURMA: CIV2018 SEMESTRE: 2019.1

CARGAS QUE ATUAM NAS ESTRUTURAS

Conceito de força: Sempre que um corpo, com uma determinada massa, estiver em
repouso e iniciar um movimento ou, ainda, quando já em movimento retilíneo (movendo-se
sobre uma reta), com velocidade constante, tiver sua velocidade e/ ou sua direção alterada,
diz-se que a ele foi aplicada uma força. Portanto, a idéia de força está ligada às noções de
massa, aceleração (alteração na velocidade), direção e sentido. Matematicamente, define-se
força como o produto: F= M.a. Força é uma grandeza vetorial, porque para definí-la
corretamente não é suficiente apenas quantificá-la, mas indicar, também, sua direção e
sentido.

Tipos de forças (cargas) que atuam nas estruturas


As forças externas que atuam nas estruturas são denominadas cargas. Algumas cargas
atuam na estrutura durante toda a vida útil, enquanto outras ocorrem esporadicamente.

Cargas Permanentes: As cargas ou ações permanentes são as ocorrem com valores


praticamente constantes durante toda a vida útil da construção. As cargas permanentes são
cargas cuja intensidade, direção e sentido podem ser determinados com grande precisão, pois
são cargas devidas exclusivamente a forças gravitacionais, ou pesos. Este tipo de carga é
constituído pelo peso próprio da estrutura e pelo peso de todos os elementos construtivos
fixos e instalações permanentes.
São exemplos de cargas ou ações permanentes:

O peso próprio da estrutura. Para determiná-lo, basta o conhecimento das dimensões do


elemento estrutural e do peso específico (peso/m3) do material de que é feito;
O peso dos revestimentos de pisos, com contrapisos, pisos cerâmicos, entre outros;
O peso das paredes. Para determiná-lo, é necessário conhecer o peso específico do
material de que é feita a parede e do seu revestimento (emboço, reboco, azulejo e outros);
O peso de revestimentos especiais, como placas de chumbo, nas paredes de salas de
Raio X. Para determiná-lo, é necessário o conhecimento das dimensões e do peso específico
desses revestimentos.
No caso da falta de determinação experimental do peso específico do material que se
queira obter a carga correspondente ao seu peso próprio, a NBR 6120 recomenda a utilização
da Tabela 1 a seguir, onde são apresentados os pesos específicos aparentes dos materiais de
construção mais frequentes.

Tabela 1 – Peso específico dos materiais de construção (NBR 6120)


Peso
específico
Materiais
aparente
(kN/m3)
Arenito 26
1 Rochas
Basalto 30

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Gneiss 30
Granito 28
Mármore e calcáreo 28
Blocos de argamassa 22
Cimento amianto 20
Lajotas cerâmicas 18
2 Blocos artificiais
Tijolos furados 13
Tijolos maciços 18
Tijolos sílicos-calcáreos 20
Argamassa de cal, cimento e areia 19
Argamassa de cimento e areia 21
3 Revestimentos e concretos Argamassa de gesso 12,5
Concreto simples 24
Concreto armado 25
Pinho, cedro 5
Louro, imbuia, pau óleo 6,5
4 Madeiras
Guajuvirá, guatambu, grápia 8
Angico, cabriuva, ipê róseo 10
Aço 78,5
Alumínio e ligas 28
Bronze 85
Chumbo 114
5 Metais Cobre 89
Ferro fundido 72,5
Estanho 74
Latão 85
Zinco 72
Alcatrão 12
Asfalto 13
Borracha 17
6 Materiais diversos
Papel 15
Plástico em folhas 21
Vidro plano 26

Cargas Acidentais: As cargas acidentais são mais difíceis de ser determinadas com
precisão e podem variar com o tipo de edificação. Por isso, essas cargas são definidas por
Normas, que podem variar de país para país. No Brasil, os valores das cargas acidentais são
determinadas por normas como a NBR 6120 e NBR 6125, da Associação Brasileira de
Normas Técnicas. São exemplos de cargas acidentais, prescritas pelas Normas:

O peso das pessoas;


O peso do mobiliário;
O peso de veículos;
A força de frenagem (freio) de veículos: É uma força horizontal, que depende do tipo
de veículo.
A força do vento: É uma força horizontal, que depende da região, das dimensões

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verticais e horizontais da edificação. Para o caso das forças devidas a ação do vento nas
edificações, a NBR 6123 fixa as condições exigíveis na consideração das forças devidas à
ação estática e dinâmica do vento, para efeito de cálculo das edificações;
O peso de móveis especiais, como cofres, não é determinado pela Norma e deverá ser
informado pelo fabricante do mobiliário.
Obs.: O efeito da chuva, como carregamento, apesar de acidental, é levado em conta no peso
das telhas e dos revestimentos, já que são sempre considerados encharcados.
As cargas verticais que se consideram atuando nos pisos de edificações, além das que
se aplicam em caráter especial referem-se a carregamentos devidos a pessoas, móveis,
utensílios e veículos, e são supostas uniformemente distribuídas, com os valores mínimos
indicados na Tabela 2 da NBR 6120.

Tabela 2 – Valores mínimos das cargas verticais (NBR 6120)


Carga
Local
(kN/m2)
1 Arquibancadas 4
Ao longo dos parapeitos e balcões devem ser
consideradas
2 Balcões -
aplicadas uma carga horizontal de 0,8 kN/m na altura do
corrimão e uma carga vertical mínima de 2 kN/m.
Escritórios e banheiros 2
3 Bancos
Salas de diretoria e de gerência 1,5
Sala de leitura 2,5
Sala para depósito de livros 4
4 Bibliotecas Sala com estantes de livros a ser determinada em cada
caso ou 2,5 kN/m2 por metro de altura observado, 6
porém o valor mínimo de
(incluindo o peso das máquinas) a ser determinada em
5 Casas de máquinas 7,5
cada caso, porém com o valor mínimo de
Platéia com assentos fixos 3
6 Cinemas Estúdio e platéia com assentos móveis 4
Banheiro 2
Sala de refeições e de assembléia com assentos fixos 3
Sala de assembléia com assentos móveis 4
7 Clubes
Salão de danças e salão de esportes 5
Sala de bilhar e banheiro 2
Com acesso ao público 3
8 Corredores
Sem acesso ao público 2
9 Cozinhas não A ser determinada em cada caso, porém com o mínimo
3
residenciais de
A ser determinada em cada caso e na falta de valores
10 Depósitos -
experimentais conforme o indicado em 2.2.1.3
11 Edifícios Dormitórios, sala, copa, cozinha e banheiro 1,5
Residenciais Despensa, área de serviço e lavanderia 2
Com acesso ao público 3
12 Escadas
Sem acesso ao público 2,5

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Anfiteatro com assentos fixos


13 Escolas Corredor e sala de aula 3
Outras salas 2
14 Escritórios Salas de uso geral e banheiro 2
15 Forros Sem acesso a pessoas 0,5
16 Galerias de arte A ser determinada em cada caso, porém com o mínimo 3
17 Galerias de lojas A ser determinada em cada caso, porém com o mínimo 3
Para veículos de passageiros ou semelhantes com carga
18 Garagens e
máxima de 25 kN por veículo. Valores de φ indicados 3
estacionamentos
em 2.2.1.6 da NBR 6120
19 Ginásios de
5
esportes
Dormitórios, enfermarias, sala de recuperação, sala de
2
20 Hospitais cirurgia, sala de raio X e banheiro
3
Corredor
Incluindo equipamentos, a ser determinado em cada
21 Laboratórios 3
caso, porém com o mínimo
22 Lavanderias Incluindo equipamentos 3
23 Lojas 3
24 Restaurantes 4
Palco 5
25 Teatros Demais dependências: cargas iguais às especificadas -
para cinemas
Sem acesso ao público 2
Com acesso ao público 3
Inacessível a pessoas 0,5
26 Terraços
Destinados a heliportos elevados: as cargas deverão ser -
fornecidas pelo órgão competente do Ministério da
Aeronáutica
Sem acesso ao público 1,5
27 Vestíbulos
Com acesso ao público 3

Quanto às leis de distribuição, as cargas podem ser classificadas em concentradas e


distribuídas.

As cargas concentradas são cargas distribuídas aplicadas a uma parcela reduzia da estrutura,
podendo-se afirmar que são áreas tão pequenas em presença da dimensão da estrutura que
podem ser consideradas nulas. Portanto é uma maneira aproximada de tratar cargas
distribuídas, simplificando o trabalho de cálculo. O erro cometido devido à aproximação é
tolerável. Exemplo: Roda de um automóvel, reação de uma viga sobre outra.

As cargas distribuídas podem ser classificadas em uniformemente distribuídas e


uniformemente variáveis.

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As cargas uniformemente distribuídas são cargas constantes ao longo ou em trechos da


estrutura. Exemplos:

o depósito com mercadorias empilhadas ao longo da viga;

o peso próprio;

o peso de uma parede sobre uma viga;

o pressão de vento em uma mesma altura.

As cargas uniformemente variáveis são as cargas triangulares. Exemplos:

o cargas em paredes de reservatórios de líquidos;

o cargas de grãos a granel;

o empuxo de terra.

As cargas uniformemente distribuídas podem ser também cargas distribuídas de superfície


quando distribuídas nos pisos e elementos construtivos das edificações como as apresentadas
na tabela 2 com os valores mínimos de cargas verticais a serem adotadas no projeto estrutural
das construções conforme a NBR 6120 – Cargas para o cálculo de estruturas de
edificações.

VÍNCULOS OU APOIOS ESTRUTURAIS

A função básica dos vínculos ou apoios é de restringir graus de liberdade das estruturas por
meio de reações nas direções dos movimentos impedidos, ou seja, restringir as tendências de
movimento de uma estrutura. Os vínculos possuem a função física de ligar elementos que
compõem a estrutura, além da função estática de transmitir as cargas ou forças.

Em um espaço tridimensional, têm-se 6 graus de liberdade: 3 translações e 3 rotações segundo


os três eixos triortogonais. Os 6 graus de liberdade precisam ser restingidos de modo a evitar a
tendência de movimento da estrutura pelo aparecimento de reações desses apoios às cargas
aplicadas.

Os vínculos ou apoios são classificados em função do número de movimentos impedidos.


Para estruturas planas, existem 3 tipos de vínculos: 1o, 2o e 3o tipo.

Vínculos do 1o tipo ou de 1o gênero ou apoio simples (figura 1a) são aqueles que impedem
deslocamento somente em uma direção, produzindo reações equivalentes a uma força com
linha de ação conhecida. Apenas uma reação será a incógnita. Exemplos desse tipo de apoio
são os roletes, balancins, superfícies lisas, hastes curtas e cabos, cursores e pinos deslizantes.

Vínculos do 2o tipo ou de 2o gênero ou articulação plana (figura 1c) são aqueles que
restringem a translação de um corpo livre em todas as direções, mas não podem restringir a

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rotação em torno da conexão, portanto a reação produzida equivale a uma força com direção
desconhecida, envolvendo duas incógnitas, geralmente representadas pelas componentes x e y
da reação. Os apoios desse grupo são os pinos polidos em orifícios ajustados, articulações e
superfícies rugosas. No caso de uma superfície rugosa, a componente normal à superfície
deve ser orientada para for a da superfície de apoio.

Vínculos do 3o tipo ou de 3o gênero, engaste ou apoio fixo (figura 1f) impedem qualquer
movimento de corpo livre, imobilizando-o completamente. As reações causadas por esse tipo
de vínculo causam reações equivalentes a uma força e a um momento binário.

Figura 1 – Principais vínculos ou apoios


estruturais no plano 2D

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