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ENVENENAMENTO CROTÁLICO

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ENVENENAMENTO CROTÁLICO
Família Viperidade
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Subfamília: Crotalinae
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Gênero: Caudisona = Crotalus
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Espécie: Crotalus durissus
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Subespécies:
Crotalus durissus terrificus
Crotalus durissus collilineatus
Crotalus durissus cascavella
Crotalus durissus marajoensis
Crotalus durissus ruruima
Crotalus durissus trigonicus
Histórico
• Veneno crotálico até a década de 1980
Atividade tipo hemolítica e neurotóxica
IRA (NTA)
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• 1982: biópsia (lesões de fibras mm esqueléticas)
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• 1987: descartada a atividade hemolítica (ausência
de hemoglobinúria)
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Veneno desprovido de atividade proteolítica
• Toxinas
1. Crotoxina
2. Crotamina
3. Giroxina
4. Convulxina
ENVENENAMENTO CROTÁLICO
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Ações do veneno
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Neurotóxica
Miotóxica crotoxina + crotamina
Coagulante
Anticoagulante
Nefrotóxica
ENVENENAMENTO CROTÁLICO
! • Crotoxina (60%) ! (β neurotoxina)
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Junção mioneural na placa motora !
impedindo a liberação de acetilcolina na pré-sinapse !
efeitos ! neurotóxicos (bloqueio neuromuscular)

Paralisias motoras e respiratórias paralisia flácida


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Efeito antinociceptivo! 1 a 3h
EFEITOS NEUROTÓXICOS: crotoxina
Paralisia facial e diafragmática
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• Fácies neurotóxica:
Ptose palpebral uni ou bilateral (exceto bovino)
Oftalmoplegia
Flacidez da mm da face
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• Dificuldade de deglutição, sialorréia
• Insuficiência respiratória aguda
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Insuficiência renal aguda
CROTOXINA: Induz injúria de músculo esquelético (seletiva)

• Menores fibras musculares tem sido


classificadas como tipo I: possuem alta
densidade de mioglobina, mitocôndrias,
capilares sanguíneos e elevada habilidade
oxidativa (são as mais ricas em CK, LD1 e mioglobina)
• Fibras tipo IIA tem uma capacidade oxidativa
intermediária.
Crotoxina ação preferencial sobre regiões
musculares compostas predominantemente
por fibras I e IIA
ENVENENAMENTO CROTÁLICO
! Crotamina: polipeptídeo básico
efeito analgésico (=4mg de morfina/kg)
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Ação específica sobre a fibra muscular esquelética –
induz a mionecrose e causa alterações dos canais de sódio
– provoca um estado de fibrilação caracterizado por
contrações curtas e relaxamento demorado

as fibras musculares se tornam refratárias a estímulos

incoordenações motoras
paralisias
ENVENENAMENTO CROTÁLICO

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1. Hipotensão arterial
2. Fácies miastênica ! ptose palpebral (exceto bovino)

3. Oftalmoplegia
4. Midríase
5. Nistagmo
6. Perda de equilíbrio
ENVENENAMENTO CROTÁLICO

7. Paralisia flácida
8. Dificuldade de deglutição (↓reflexo esofago-salivar)
9. Sialorréia
10. Insuficiência respiratória aguda
11. Hiperalgesia tardia (24 a 48h)
CÃO - GATO

• Intensa prostração sem resposta a estímulos


externos
• Hiporrefelexia dos quatro membros, com
paralisia flácida de posteriores e anteriores
• Midríase bilateral não responsiva a luz
• Ausência de sangramento, ou sinais de
hemorragia, equimoses e epistaxe.
• Urina: escura (mioglobinúria)
BOVINOS: dose 0,03mg/kg

• Discreto edema no local da inoculação


• Duas horas após o envenenamento: profundas
alterações comportamentais:
Estado de profunda apatia
Letargia
Anorexia
• Ausência do reflexo palpebral, porém sem
ptose, e do reflexo pupilar fotomotor
BOVINOS: dose 0,03mg/kg

• Seis horas após:


Ausência total de edema
Dificuldade de ficar em estação
Mioclonias evidentes nas grandes massas
musculares.
• Dez horas após, as funções sensoriais já
estavam alteradas.
• Os animais apresentaram:
– Incoordenação motora
– Desequilíbrio
– Diminuição do tônus muscular
– Ptose de orelha
– Diminuição da sensibilidade superficial e reflexa
– Decúbito external seguido, rapidamente, para
– lateral.
Decorridas 14 horas desde o envenenamento,
os animais apresentaram:
– Movimentos de pedalagem
– Perda da sensibilidade profunda.
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Dezesseis horas após:
– Quadro de paralisia flácida de posterior
– Total incapacidade de se levantarem.
– Dispnéia
20h após a inoculação do veneno:
– Sialorréia
– Paralisia flácida de posterior
– Queda da temperatura e diminuição da frequência
respiratória
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28 horas após a inoculação do veneno:
– Morte de todos os animais
SINTOMATOLOGIA
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animais ! relutância a caminhar
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tremores musculares
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incoordenação motora
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ptose de orelha, pálpebras e de lábios
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decúbito lateral
SINTOMATOLOGIA
! diminuição dos reflexos superficiais
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movimentos de pedalagem
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estado terminal ! paralisia flácida dos membros
posteriores e musculatura toráxica
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dispnéia acentuada
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sialorréia
ENVENENAMENTO CROTÁLICO

Botulismo
• Curso: 3 a 5 dias
• Grande quantidade da toxina: morte em 24h
• Perda da sensibilidade começa do trem
posterior e vai até o anterior
• Cabeça e pescoço com reflexos até a morte
com exceção da língua (afeta hipoglosso)
ENVENENAMENTO CROTÁLICO
Enzima Thrombin-like
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Atividade coagulante
Ativações dos fatores IX, V, X, protrombina
Atividade anticoagulante
Fibrinogenolítica, fibrinolítica, de ativação indireta e direta de
plasminogênio e de inibição da agregação plaquetária
!
Coágulo ! instável e desaparece rapidamente
ENVENENAMENTO CROTÁLICO
! Ação Miotóxica
Fosfolipases A2: agem na membrana das células mm
(alterando sua estrutura, ↑ influxo de cálcio e destruição de organelas)

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Miotoxina α2 (vacuolização e perda de estriação das fibras mm)

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Destruição da musculatura
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Mioglobinemia, mioglobinúria, mialgia, ↑ CK
Músculo esquelético
Creatinina
Ácido úrico
Potássio
Fosfato
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Lesão muscular
IRA mioglobinúrica – natureza hipercatabólica
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Fase oligúrica: hipocalcemia acentuada
Fase de recuperação (fase diurética): hipercalcemia
IRA
• Complicação grave, mas recuperável
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Glomerulonefrite aguda
Necrose tubular
Necrose cortical
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Oligúria
Anúria
Aumento sérico de creatinina e uréia
Hiperfosfatemia
Hipocalcemia
IRA
• Obstrução de cilindros de mioglobina
• Lesão tóxica direta dos túbulos renais
• Hipotensão arterial
• Desidratação
• Acidose metabólica
• Choque
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Mioglobinúria + acidose metabólica + hipovolemia /
hipotensão necrose tubular aguda (NTA)
Patologia clínica
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↑ tempo de coagulação (>22min)
↑ tempo de protrombina (> 2min)
↓ acentuada de fibrinogênio (<0,3)
Leucocitose acentuada
↑ significativo ! CK (↑100.000 UI/L - pico máximo 24h)
↑creatinina e uréia
↑Fósforo e potássio, ↓ cálcio
↑ AST, LDH ! ↑ mais lentamente (36 a 48h)
Urinálise
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• Urina amarronzada (mioglobinúria)
• Cilindrúria
• Proteinúria
• Glicosúria
Obs:
1.Foi detectada mioglobina em amostras de soro e urina
claras.
2.Ausência de coloração rósea do plasma na vigência de
urina escura e não detecção de anemia e icterícia, descartam
a suposta existência de hemólise no acidente crotálico.
ALTERAÇÕES ANÁTOMO-HISTOLÓGICAS

• Discretas hemorragias nos pulmões,


intestinos, músculos, e coração.
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• Nos músculos esqueléticos e cardíaco:
degeneração hialina, vacúolos e infiltrados
celulares.
ALTERAÇÕES ANÁTOMO-HISTOLÓGICAS
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Musculatura
!
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Necrose (hialinização) de grupos de miócitos
ou em miócitos isolados em 10 diferentes
músculos esqueléticos, próximos ou distantes
do local de inoculação em todos os animais
necropsiados.
Microscopia eletrônica: músculo
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• Pontos focais de mionecrose
• Desintegração de miofibrilas
• Desorganização e lise de miofilamentos
• Perda das estriações transversais
• Dilatação do retículo sarcoplasmático
• Formação de bandas de contração
• Edema mitocondrial
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
! • Clínico
• ELISA
Soro, plasma, urina,
Fragmentos de fígado e rins
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Patologia clínica TTPa, TP, CK, mioglobinúria
Afibrinogenemia
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Tratamento: SORO ANTICROTÁLICO IV
(cada ampola neutraliza 10mg veneno)
Aplicação de no mínimo cinco ampolas
Medidas Gerais
! 1. Hidratação: Ringer lactato
Cuidado com a sobrecarga cárdio-pulmonar
2. Manter diurese
Diuréticos osmóticos –Diuréticos de alça –
Furosemida (paciente hidratado)
Alcalinizar a urina ➔ 1 a 2 mEq/kg/ 20 minutos
bicarbonato de sódio (controlar pH urinário com fita = 8,0)
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Cuidado: controlar pH sanguíneo e potássio
Medidas Gerais
! 3. Suporte nutricional
Dieta: hipoprotéica
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4.Troca do lado de decúbito
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5.Uso de colírios ou pomadas oftálmicas
(Viscotears)

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