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A questão da invasão da Geórgia, tem vindo a ser objecto de várias análises por
entidades internacionais. Não só as primeiras pesquisas efectuadas pela Human Rights
Watch, ou as primeiras impressões tiradas por jornalistas ocidentais em Tskhinvali,
quando as forças georgianas ainda estavam a retirar de Gori [1] começam a mostrar que
a Rússia exagerou completamente nos relatos de numero de mortos, como além disso a
soma e compilação de dados começa a mostrar que toda a operação de invasão da
Geórgia estava preparada desde o mês de Abril de 2008.
Analistas militares ocidentais, concluiram que a operação foi preparada com muita
antecedência e que se destinava claramente a remover do poder o governo de Mikhai
Sakasvilii e a substitui-lo por um mais condizente com o governo de Moscovo.
A preparação começou em Abril de 2008, e foi influenciada pelo resultado da reunião
de Bucareste na Roménia, em que a Geórgia viu o seu pedido de adesão à Aliança
Atlântica ser recebido com alguma frieza por parte de alguns países europeus,
nomeadamente a Alemanha. Moscovo achou que era um sinal de que Tbilisi estava
sozinha.
A «ofensiva» russa pode ser tracejada até 2007, altura em que a Rússia se retirou do
tratado europeu sobre armamentos convencionais, que estabelece o limite de veículos
blindados, artilharia, tanques ou aviões que os países europeus podem ter ao serviço.
Quando deixou de cumprir com este tratado, a Rússia teve mão livre para transferir
livremente armamentos que tinha colocado na reserva fora da Europa a leste dos Urais.
Em meados de Abril deste ano, a Rússia colocou mais 1.500 soldados na região da
Abkhazia, muitos deles, equipados com armamento pesado.
Os analistas ocidentais vêm agora essa construção apressada de uma linha ferroviária,
como uma das formas utilizadas pelos russos para garantir o envio rápido de tropas para
o noroeste da Geórgia.
O envio de tropas russas para a Abkhazia, com muitas semanas de antecedência, explica
a rapidez de acção das tropas russas na Geórgia em Agosto de 2008, ao mesmo tempo
que explica porque os russos abateram tão depressa o avião «drone» que servia para
vigiar o território georgiano da Abkhazia.
Está ainda por explicar, como é que não tendo havido qualquer preparação russa e
estando presidente e primeiro-ministro russos fora, as forças russas conseguiram
aparecer no terreno em força 12 a 14 horas depois das acções georgianas, tendo segundo
algumas fontes, chegado à «frente» em Tskhinvali, apenas 90 minutos depois de os
combates terem começado.
A rapidez russa em afirmar que as suas tropas agiam para evitar um genocídio e a morte
de mais civis (depois de já terem morrido 2.000 pessoas segundo o próprio presidente
da Rússia), também esbarra aparentemente com o facto de nenhum observador
independente, nem nenhum observador russo contactado por meios de comunicação
ocidentais ter conseguido demonstrar que ocorreu de facto qualquer genocídio.
Assim, os vários dados conhecidos apontam para uma preparação russa que tinha que
coincidir com o final dos exercícios militares de Verão «Cáucaso-2008» em que
participaram essencialmente unidades do 58º exército russo.
As forças que participaram desse exercício estavam portanto não só prontas, como
estavam preparadas e treinadas para uma operação prevista, previamente delineada e
devidamente montada.
Perante a continuação dos disparos dos milicianos da Ossétia sobre as aldeias onde
habitavam georgianos - os quais deveriam ser protegidos pelos russos - e perante a
recusa russa em agir, o presidente georgiano deu ordens às suas forças para intervir na
Ossétia do Sul.
A partir daí, as forças russas avançaram sobre tropas georgianas, as quais não tinham
qualquer possibilidade de reagir. Sem um plano de acção pré-concebido os georgianos
recuaram desordenadamente para as planícies de Gori, e aí foram fortemente
bombardeados pela artilharia e aviação russas.