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SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA E DA DEFESA SOCIAL

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DA PARAÍBA


COMANDO DE POLICIAMENTO REGIONAL II
3º BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR
CORREGEDORIA SETORIAL
PARECER DE PROCESSO Nº 103.2020.013.0026

PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO: Formulário de Apuração de transgressão


Disciplinar (FATD) de Portaria/Gab.Cmd, Processo nº 103.2021.013.0044, de
05/08/2021, da lavra do Sr. TC QOC Cmt 3º BPM – Patos-PB, publicada em BI nº
0154 de 12/08/2021, p. 0011/012.
ENCARREGADO: 2º TEN QOC Matr. 528.787-1 Henrique FERNANDES Maciel
Soares.
MILITAR ENVOLVIDO: 2º SGT QPC Matr. ANÍSIO Soares Dantas Neto.

1. RELATÓRIO
Trata-se de procedimento que visa apurar o descrito no Boletim de
Ocorrência nº0115/2021, registrado na delegacia de Polícia Civil na cidade de
Teixeira-PB (Fls. nº 005), subscrito pelo 2º SGT QPC Matr. ANÍSIO Soares Dantas
Neto, dando conta de que foi furtada de sua residência uma pistola Taurus, PT 100,
Cal. .40mm, Nº Série: SWC40749, pertencente a carga da Polícia Militar da Paraíba
e que estava cautelada em nome deste militar.

Quanto à forma. Os autos revelam que o procedimento disciplinar foi


concluído no prazo regulamentar, assim como se revestiu de todas as formalidades
legais. As garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório foram
inteiramente asseguradas, uma vez que o encarregado fez a citação do militar
acerca da instauração do presente Procedimento, assegurando-lhe vista dos autos;
direito de pessoalmente ou por intermédio de procurador legalmente constituído
acompanhar todos os atos, produzir provas, apresentar defesa e requerer o que
julgar necessário (Fls. nº 009 e 010).
Entendimento do Oficial encarregado. Em seu relatório final (Fls. nº
036 a 038) o Oficial encarregado do feito opinou pelo ARQUIVAMENTO por ter
entendido que o extravio da arma de fogo se deu por uma ação criminosa alheia ao
Policial Militar. O Oficial afirmou, in verbis que: “[...] não se deu por negligência ou
desobediência a normas de serviço [...], afastando assim a possibilidade de
transgressão do artigo 040 do RDPM”
É o relatório. Passo a opinar.

2. FUNDAMENTAÇÃO
Ao se manifestar nos autos, tanto do Boletim de Ocorrência (Fls. nº 005)
quanto em seu interrogatório (Fls. nº 031 e 032), o 2º SGT QPC Matr. ANÍSIO
Soares Dantas Neto declarou que após sair de serviço no dia 26 de junho de 2021,
deixou a arma em sua residência e que sentiu a falta da arma na manhã do dia 28
de junho de 2021, enquanto se arrumava para assumir o serviço para o qual estava
escalado, no fórum do município de Teixeira. Declarou ainda:

Que sempre tinha o costume de, ao chegar em casa após o serviço,


tirar o seu coldre ainda com a pistola dentro e deixar em seu quarto.
[...] o militar passou a fazer buscas em sua casa, e durante a mesma
notou que havia alguns sinais de que alguém teria entrado em sua
casa e furtado o armamento, segundo o Sgt Anísio havia marcas de
tênis no muro de sua casa, levando a crer que alguém escalou, e o
ferrolho da janela da sala se encontrava violado. Após constatado o
possível furto o militar informou ao Capitão Anselmo, comandante da
4ª Cia do 3º BPM, e prestou queixa na delegacia de policia civil.
Perguntado se sabia quem foi o autor do furto, o Sargento respondeu
que não, e que ninguém tem acesso a sua residência.

Analisando as circunstâncias do fato nota-se que, conforme fora


declarado pelo militar investigado, só ele é quem tem acesso a sua residência e que
percebeu sinais de arrombamento na janela da sala e marcas de tênis na parede do
muro.
Porém, percebe-se que o militar deixou de empregar a cautela e diligência
ordinária e especial a que estava obrigado e ignorou as orientações estabelecidas
pelo regimento e portarias da corporação. Caso o militar não utilize arma durante o
período de folga, este deve guardar em local protegido, a exemplo do almoxarifado
da Companhia a qual pertença.
O dever de cuidado imposto ao militar recomenda a adoção de todas as
cautelas a fim de prevenir o descaminho da arma, seja utilizando um coldre
adequado, emprego do fiel quando necessário, trazendo-a sempre junto ao corpo ou
guardando-a em local seguro. Sendo certo que deixar a arma no interior da sua
residência, ainda que por pouco tempo, contribui para que o bem seja subtraído.
Mesmo que o extravio da arma de fogo pertencente à caserna e que
estava acautelada em nome do SGT ANÍZIO ocorreu por uma ação delituosa alheia
ao Policial Militar, este faltou com o dever de cuidado na guarda do armamento,
podendo incidir na prática da transgressão descrita no número 40 do anexo I, do art.
14 do RDPM: “040 – Não zelar devidamente, danificar ou extraviar, por negligência
ou desobediência a regras ou normas de serviço, material da Fazenda Nacional,
Estadual ou Municipal que esteja ou não sob sua responsabilidade direta”.
Não se pode olvidar que o fato, teoricamente, causou prejuízo ao serviço
policial militar daquele destacamento. Todavia, as Partes informativas (fls.03/04/05)
mencionam esse prejuízo de forma genérica, lavando a entender que foi, tão
somente, pela impossibilidade de efetuar rondas motorizadas. Dessa forma, não
constatamos nos autos nenhum prejuízo efetivo ao serviço decorrente da suposta
conduta ilícita do militar. Não foi citada nenhuma ocorrência policial que deixou de
ser atendida pela falta de viatura, tendo em vista que guarnição daquele
destacamento, conforme expresso na Parte nº 017/2020 - Serv/dia, se juntou a
guarnição da cidade de Taperoá-PB, nada impedindo que ambas, de forma
extraordinária, ainda que, com apenas uma viatura, policiassem as duas cidades,
concomitantemente.
Reitero, por oportuno, a ausência de ação ou omissão voluntária do Cb
Laerty em levar a chave da viatura consigo. Não houve intenção do militar em
prejudicar o serviço. Tanto é que, ao verificar e confirmar que havia levado a chave
por esquecimento, imediatamente, tomou as providências para que fosse devolvida
no destacamento de polícia, atitude esta que reforçou ainda mais sua boa-fé.
Ademais, considerando a ausência de dolo do militar, não há adequação
típica entre sua conduta e qualquer das transgressões disciplinares previstas no
anexo I, do artigo 14, item 1 do RDPM/PMPB (Decreto nº 8.962, de 11 de março de
1981).
Isto posto, considerando todo o acervo probatório colhido nos autos desse
FATD, sigo o entendimento do Oficial Encarregado, opinando pela inexistência de
materialidade e autoria de conduta transgressiva disciplinar e consequentemente,
pelo arquivamento do feito.
Ex positis, salvo melhor juízo, esta Corregedoria PROPÕE à autoridade
delegante:

I – CONCORDAR com o Parecer do Encarregado do FATD;


II – ARQUIVAR os autos do FATD, pelos fatos já expostos.

É o Parecer.

Quartel em Patos-PB, 22 de Abril de 2021.

VALÉRIA Patriota de Jesus – CB QPC


Analista de Procedimentos

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