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Localizando e Corrigindo Falhas em um Sistema de Vácuo

Os sistemas de vácuo estão evidentemente conectados a equipamentos que devem ser evacuados ou mantidos sob vácuo. Quando não se
está atingindo o vácuo necessário ou o tempo de evacuação está muito longo, ou ainda, se o vácuo estiver com muita oscilação, uma ou várias
falhas no sistema podem ser a causa de tais fatos. As falhas devem ser descobertas e corrigidas. Com frequência as causas dos problemas
estão no restante da planta, e não no sistema de vácuo, o que torna importantíssimo uma verificação de toda a planta.

Verificação da planta e das condições de operação.

As seguintes questões devem ser primeiramente esclarecidas, antes de se verificar a planta em detalhes:
1. A planta é totalmente isenta de falhas? Toda a planta, incluindo a tubulação de sucção, pernas barométricas, etc. são absolutamente
estanques?
2. O vapor motriz e a água de resfriamento estão em ordem?
3. É possível que as quantidades de ar, gases e especialmente vapores a serem aspiradas sejam muito maiores que a capacidade do sistema
de vácuo?

Com referência ao item 1:


Os erros (falhas) mais frequentes neste aspecto são:
- Pernas barométricas com diâmetro muito pequeno ou correndo horizontalmente ou com pouca inclinação em certos trechos ou ainda
corroídas, permitindo infiltração de ar;
- Tubulação de descarga muito comprida e com drenagem insuficiente;
- Tubulação de sucção ligada erradamente (muito pequena ou com locais de retenção de condensado);
- Além disso a questão mais importante é: a planta é totalmente estanque?

Causas mais frequentes de vazamento:


- Falta de juntas ou juntas defeituosas;
- Parafusos com falta de aperto;
- Conexões com defeitos de alinhamento e acabamento;
- Corrosão ou reparos defeituosos;
- Soldas com trincas ou porosidades;
- Visores de inspeção ou caixas de gaxetas com vazamentos;
- Acessórios com desgaste ou com gaxetas desgastadas, tais como registros, válvulas, etc.

Quase sempre é difícil se rastrear os vazamentos. Se a planta for bem distribuída, de fácil acesso, limpa e tiver boa manutenção, torna-se mais
fácil a localização dos pontos de vazamento.

Alternativas para se descobrir vazamentos.


1. Encha inteiramente a planta (equipamentos + ejetores) com água e aplique uma pressão de aproximadamente 2 mca. Tome cuidado para
não permitir a formação de bolsões de ar. Uma segurança com uma mangueira com 2 m de coluna de água é recomendável.
2. Conecte um compressor de ar à planta e aplique umas poucas gramas de pressão. Então escove ou aplique na instalação água com sabão
ou solução de Nekal; nos locais de vazamento haverá formação de espuma. Algumas vezes é até possível se ouvir o ruído do ar
escapando.
3. Evacue a planta e teste com fumaça (bastões de fumaça da AUER GmbH). Nos locais de vazamento a fumaça será sugada.
4. Em certos casos (por exemplo, em instalações com vedações de borracha) deve-se levar em consideração que um possível ponto de
vazamento pode ser estanque à pressão mas não ao vácuo. Nesses casos, a instalação deve ser colocada sob vácuo e os locais suspeitos
devem ser verificados, procurando-se ouvir os vazamentos e talvez testá-los com a chama de uma vela. Nos locais onde houver
vazamento a chama será sugado.
5. Método simples - teste de vácuo
- Evacue a planta (abaixo de 500 mbar) por exemplo, até 70 mbar.
- Desligue o ejetor (ou sistema de vácuo) e vede a descarga.
- Meça o acréscimo de pressão "P" após um tempo "t" determinado.
Utilizando-se o volume conhecido da planta "V" mantido sob vácuo, o ar de vazamento pode ser calculado pela fórmula:

MA = 0,072  (P/t)  V (kg/h)


MA (kg/h) = ar de vazamento
P = aumento de pressão
t (minutos) = tempo determinado
3
V (m ) = volume da planta sob vácuo

Existem outros métodos para se verificar vazamentos, contudo mais complicados e caros.

Com referência ao item 2:


- A pressão do vapor motriz está correta? Os manômetros após longo tempo de uso, frequentemente apresentam leituras erradas. Se a
distancia entre o manômetro e os bicos motrizes for grande, ou o fluxo for restringido por válvulas, curvas ou reduções, a pressão real nos
bicos motrizes pode ser muito menor que aquela indicada no manômetro.
- O vapor é saturado seco? Vapor motriz com umidade provoca flutuações no vácuo e, em alguns casos, pode provocar a queda total do
sistema. Verifique os purgadores e separadores de gotículas (os separadores de gotículas, na maioria das vezes, são montados de forma
errada - a tela deve estar montada no lado da saída do vapor do separador). Abra as válvulas de drenagem e deixe o vapor escapar. A
existência de umidade no vapor pode ser percebida ás vezes por alterações no som do fluxo ou pela pulverização de água no último
estágio. Vapor extremamente superaquecido também pode causar problemas caso a unidade não tenha sido especificamente projetada
para esta condição.
- A água de resfriamento é suficiente? Se houver uma queda no fornecimento de água de resfriamento as pernas barométricas ficarão
quentes, e poderá haver entrada de ar nos condensadores, através da tubulação de água e até evaporação nos condensadores. Caso a
quantidade de água não seja suficiente, poderá haver uma equalização de pressão entre os condensadores, se cada condensador não
possuir sua própria válvula para controle de água ou se estas válvulas estiverem totalmente abertas.
Com a total falta de água o vapor passará direto pelas pernas barométricas e será também introduzido na instalação. Oscilações na vazão
de água de resfriamento devido à utilização repentina de uma quantidade maior de água em outro ponto de consumo, frequentemente
causam, oscilações no vácuo. Isto pode ser contornado uma fonte de água somente para a unidade, ou instalando-se um tanque de
alimentação controlado por uma válvula de boia. Pequenas oscilações no suprimento de água podem ser evitadas utilizando-se mais
água do que o necessário. É importante ressaltar que a água em excesso pode causar a inundação dos condensadores.
- A água de resfriamento está muito quente? Existe um limite de temperatura para entrada da água de resfriamento para cada unidade -
o
na maioria das vezes 30 C. Caso esta temperatura seja superada a eficiência cai. Unidades especiais podem ser projetadas para água a
temperaturas mais elevadas.

- Com referência ao item 3:


Quando se opera uma instalação sob vácuo, ar pode entra junto com o produto a ser tratado (tanque de alimentação de produto com
problema de enchimento devido aeração, bomba de alimentação e tubulação de produto não estanque, etc.). Ar ou outros gases podem se
desprender do próprio produto ou devido ao efeito do vácuo (degaseificação), ou devido a reações químicas.
Os sistemas de vácuo raramente aspiram somente ar seco, mas sim, misturas de ar, gases e vapores. Quanto mais quente estiver a mistura,
maior será a quantidade de vapor presente. Esta quantidade aproxima-se de 100% quando a temperatura se aproxima do ponto de ebulição
equivalente ao vácuo existente, isto é, o volume de vapor aspirado pode ser muitas vezes maior que o volume do ar e gases aspirados.
Em todas as instalações que tenham um resfriador ou condensador, o vácuo obtido não depende somente da capacidade da unidade, mas sim
da eficiência do resfriador ou condensador.
Com o entupimento gradual destes equipamentos, a quantidade de vapor no ar aspirado aumenta com o passar do tempo devido ao
resfriamento ineficiente, fazendo com que a unidade não consiga manter o vácuo especificado.

Indícios de Falhas em Unidades com Ejetores a Vapor.


Se houver suspeita de falhas no sistema de vácuo, este deve ser verificado isoladamente. Fecha-se a conexão de sucção do primeiro estágio
do sistema de vácuo com uma raquete e mede-se o vácuo no cabeçote do primeiro estágio. A unidade operará na condição de bloqueio, isto
é, a vazão de sucção é nula.
O resultado desta medição deverá ser (aproximadamente) um valor de pressão absoluta metade do valor obtido com a unidade operando a
plena carga (por exemplo, uma unidade projetada para 5 mbar deverá dar um vácuo de 2 a 3 mbar quando trabalhando bloqueada. Isto
ocorrendo, podemos considerar que a unidade está em ordem. Para se ter certeza absoluta, deve-se levantar a curva do sistema, permitindo-
se que diferentes quantidades de ar sejam aspiradas e medindo-se as pressões de sucção para cada uma delas. Se for estabelecido que a
unidade não está operando corretamente, os seguintes pontos devem ser observados:

Indícios de vazamento no sistema de vácuo


O barulho característico (chiado) no início de operação do sistema de vácuo, quando o vácuo ainda é baixo, deverá diminuir gradualmente com
o aumento do vácuo, até se tornar um zumbido. Observar a descarga do último estágio: quando se opera na condição de bloqueio, a descarga
deve diminuir rapidamente e pode, momentaneamente, até sumir totalmente.
(Perdas periódicas na descarga do ejetor não é sinal de operação defeituosa, mas consequência direta da falta de entrada de ar no sistema).
Quando o último estágio estiver conectado a um pós condensador, a descarga do ejetor não poderá ser observada. Neste caso, verifique o
fluxo de água saindo das pernas barométricas: quando se estiver trabalhando na condição de bloqueio, na água aparecerá um número
reduzido de pequenas bolhas de ar proveniente da água de resfriamento.

Obstrução
Apesar de todos os cuidados pode acontecer que ocorra obstrução dos bicos motrizes. Isto é facilmente verificado no último estágio (já que
nenhum ou muito pouco vapor é descarregado mesmo se aspirando somente ar) ou durante a partida do sistema. No sistema como um todo,
uma necessidade de parada pode ser reconhecida, tomando-se a temperatura do cabeçote do ejetor e do condensador onde o ejetor estiver
descarregando. O cabeçote e a base do condensador, que normalmente ficam aquecidos, permanecerão frios. Uma perna barométrica que
normalmente permaneça fria, mesmo após o bloqueio da água de resfriamento, também é sinal de obstrução.

Sinais de Drenagem Insuficiente dos Condensadores


Poderá ocorrer o chamado "golpe de ariete"; o condensador vibra e a água escapará pelo bocal de exaustão.
Para se verificar o quanto um determinado condensador está cheio de água, use um pequeno martelo: um condensador vazio emitirá um som
claro e um condensador cheio emitirá um som surdo. (Isto se aplica a condensadores em chapa metálica.)

Causas
- Excesso de água (isso se verifica quando a temperatura de saída difere muito pouco da temperatura de entrada).
- Montagem defeituosa ou pernas barométricas com vazamento (em instalações que já estão em operação por muito tempo, as pernas
barométricas estão frequentemente corroídas na região da lâmina de água do poço barométrico - recomenda-se que a porção final da
perna barométrica seja em inoxidável).
- Obstrução das pernas barométricas, acúmulo de material corroído, incrustações ou danos internos no condensador (material corroído ou
partes internas quebradas podem ter bloqueado a saída de água do condensador).

Original do Eng. Paulo Teixeira (paulo@torr-engenharia.com.br)

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