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Nossa herança Iluminista com forte apelo ao individualismo e ao produtivismo nos remete à
marginalização do emotivo frente ao racional. Nos afetos haveria uma “força do mal” ligada à
superstição que seria eliminada pelo exercício da razão. Entretanto, não apenas a dita razão
não eliminou essa força emotiva como, na verdade, é nela que se observam as formas mais
poderosas de reprodutividade ou de improdutividade da realidade social. A produção se daria
pelo novo, criativo, resultado do contato com o Outro. A improdução se daria no circuito das
coisas cotidianas, do mesmo, da monotonia. Por incrível, nossas vidas se pautam pela
improdução. Apesar da velocidade alucinada do capitalismo, o Mesmo sempre se apresenta
diante de nós. A enorme velocidade de transformações se dá sobre as coisas mais superficiais
contribuindo, ao contrário, para limitar nossas formas de ver criativamente nosso presente e
nosso futuro.
No atual estágio dito neoliberal e pós-moderno (“neo” e “pós”: os prefixos usados quando não
se sabe o que “é”) a formação das subjetividades individuais-competitivas foi levada ao
extremo. A pessoa torna-se empreendedora de si, “investe” em si a cada tempo para um
sucesso que nunca chega. Os termos são típicos do mundo empresarial, mas para designar
fatos do cotidiano das pessoas. O átomo (indivisível) do homem é o homem como empresa.
Nesse estágio a alienação ganha novos contornos. Não há solidariedade entre empresas
concorrentes; se há cooperação, trata-se de um auxílio instrumentalizado para um
determinado fim. As relações entre homens tendendo à eliminação e à instrumentalização,
oposto do Imperativo Categórico kantiano.