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Câmara dos
Deputados
ESTATUTO DA
CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
17ª EDIÇÃO
INCLUI
Estatuto da Juventude
Lei do Projovem
Convenção sobre os Direitos da Criança
Marco Legal da Primeira Infância
Lei Nacional de Adoção
Lei de Investigação de Paternidade
Lei de Alimentos
Lei da Alienação Parental
Lei Orgânica da Assistência Social (Loas)
edições
câmara
Câmara dos
Deputados
ESTATUTO DA
CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
17ª EDIÇÃO
Câmara dos Deputados
55ª Legislatura | 2015-2019
1º Vice-Presidente Diretoria-Geral
Fábio Ramalho Lúcio Henrique Xavier Lopes
1º Suplente
Dagoberto Nogueira
2º Suplente
César Halum
3º Suplente
Pedro Uczai
4º Suplente
Carlos Manato
Câmara dos
Deputados
ESTATUTO DA
CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
17ª EDIÇÃO
edições
câmara
© 2019 Edições Câmara
2000, 1ª edição; 2000, 2ª edição; 2001, 3ª edição; 2003, 4ª edição; 2006, 5ª edição; 2008, 6ª edição; 2010,
7ª edição; 2011, 8ª edição; 2012, 9ª edição; 2013, 10ª edição; 2014, 11ª e 12ª edições; 2015, 13ª edição;
2016, 14ª e 15ª edições; 2017, 16ª edição.
Nota do editor: As normas legais constantes desta publicação foram consultadas no Sistema de Legis-
lação Informatizada (Legin) da Câmara dos Deputados.
SÉRIE
Legislação
n. 260 e-book
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
Coordenação Edições Câmara dos Deputados. Seção de Editoração.
Luzimar Gomes de Paiva – CRB1: 1.126
LEGISLAÇÃO CORRELATA
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§ 3º Os serviços de saúde onde o parto for reali- desenvolvimento integral da criança. (Parágrafo
zado assegurarão às mulheres e aos seus filhos re- acrescido pela Lei nº 13.257, de 8/3/2016)
cém-nascidos alta hospitalar responsável e contrar-
Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de
referência na atenção primária, bem como o acesso
Prevenção da Gravidez na Adolescência, a ser
a outros serviços e a grupos de apoio à amamen-
realizada anualmente na semana que incluir o
tação. (Parágrafo com redação dada pela Lei nº 13.257, de
dia 1º de fevereiro, com o objetivo de disseminar
8/3/2016)
informações sobre medidas preventivas e educa-
§ 4º Incumbe ao poder público proporcionar
tivas que contribuam para a redução da incidência
assistência psicológica à gestante e à mãe, no
da gravidez na adolescência. (Artigo acrescido pela
período pré e pós-natal, inclusive como forma de
Lei nº 13.798, de 3/1/2019)
prevenir ou minorar as consequências do estado
puerperal. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o
3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias disposto no caput deste artigo ficarão a cargo do
após a publicação) poder público, em conjunto com organizações da
§ 5º A assistência referida no § 4º deste artigo sociedade civil, e serão dirigidas prioritariamente
deverá ser prestada também a gestantes e mães ao público adolescente.
que manifestem interesse em entregar seus filhos Art. 9º O Poder Público, as instituições e os em-
para adoção, bem como a gestantes e mães que se pregadores propiciarão condições adequadas ao
encontrem em situação de privação de liberdade. aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, e com submetidas a medida privativa de liberdade.
redação dada pela Lei nº 13.257, de 8/3/2016) § 1º Os profissionais das unidades primárias de
§ 6º A gestante e a parturiente têm direito a saúde desenvolverão ações sistemáticas, indivi-
1 (um) acompanhante de sua preferência durante duais ou coletivas, visando ao planejamento, à
o período do pré-natal, do trabalho de parto e implementação e à avaliação de ações de promo-
do pós-parto imediato. (Parágrafo acrescido pela ção, proteção e apoio ao aleitamento materno e
Lei nº 13.257, de 8/3/2016)
à alimentação complementar saudável, de forma
§ 7º A gestante deverá receber orientação sobre contínua. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.257, de
aleitamento materno, alimentação complementar
8/3/2016)
saudável e crescimento e desenvolvimento infan-
§ 2º Os serviços de unidades de terapia inten-
til, bem como sobre formas de favorecer a criação
siva neonatal deverão dispor de banco de leite
de vínculos afetivos e de estimular o desenvolvi-
humano ou unidade de coleta de leite humano.
mento integral da criança. (Parágrafo acrescido pela
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.257, de 8/3/2016)
Lei nº 13.257, de 8/3/2016)
§ 8º A gestante tem direito a acompanhamento Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos
saudável durante toda a gestação e a parto natu- de atenção à saúde de gestantes, públicos e par-
ral cuidadoso, estabelecendo-se a aplicação de ce- ticulares, são obrigados a:
sariana e outras intervenções cirúrgicas por mo- I – manter registro das atividades desenvolvi-
tivos médicos. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.257, das, através de prontuários individuais, pelo prazo
de 8/3/2016) de dezoito anos;
§ 9º A atenção primária à saúde fará a busca II – identificar o recém-nascido mediante o re-
ativa da gestante que não iniciar ou que abando- gistro de sua impressão plantar e digital e da im-
nar as consultas de pré-natal, bem como da puér- pressão digital da mãe, sem prejuízo de outras for-
pera que não comparecer às consultas pós-parto. mas normatizadas pela autoridade administrativa
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.257, de 8/3/2016) competente;
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à ges- III – proceder a exames visando ao diagnóstico
tante e à mulher com filho na primeira infância e terapêutica de anormalidades no metabolismo
que se encontrem sob custódia em unidade de pri- do recém-nascido, bem como prestar orientação
vação de liberdade, ambiência que atenda às nor- aos pais;
mas sanitárias e assistenciais do Sistema Único de IV – fornecer declaração de nascimento onde
Saúde para o acolhimento do filho, em articulação constem necessariamente as intercorrências do
com o sistema de ensino competente, visando ao parto e do desenvolvimento do neonato;
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LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
V – manter alojamento conjunto, possibilitando § 1º As gestantes ou mães que manifestem inte-
ao neonato a permanência junto à mãe; resse em entregar seus filhos para adoção serão
VI – acompanhar a prática do processo de ama- obrigatoriamente encaminhadas, sem constran-
mentação, prestando orientações quanto à técnica gimento, à Justiça da Infância e da Juventude.
adequada, enquanto a mãe permanecer na unidade (Primitivo parágrafo único acrescido pela Lei nº 12.010,
hospitalar, utilizando o corpo técnico já existente. de 3/8/2009, renumerado e com redação dada pela
(Inciso acrescido pela Lei nº 13.436, de 12/4/2017, publicada Lei nº 13.257, de 8/3/2016)
no DOU de 13/4/2017, em vigor 90 dias após a publicação) § 2º Os serviços de saúde em suas diferentes
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de portas de entrada, os serviços de assistência so-
cuidado voltadas à saúde da criança e do adoles- cial em seu componente especializado, o Centro
cente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, de Referência Especializado de Assistência Social
observado o princípio da equidade no acesso a (Creas) e os demais órgãos do Sistema de Garantia
ações e serviços para promoção, proteção e de Direitos da Criança e do Adolescente deverão
recuperação da saúde. (Caput do artigo com redação conferir máxima prioridade ao atendimento das
dada pela Lei nº 13.257, de 8/3/2016) crianças na faixa etária da primeira infância com
§ 1º A criança e o adolescente com deficiência suspeita ou confirmação de violência de qualquer
serão atendidos, sem discriminação ou segrega- natureza, formulando projeto terapêutico singular
ção, em suas necessidades gerais de saúde e espe- que inclua intervenção em rede e, se necessário,
cíficas de habilitação e reabilitação. (Parágrafo com acompanhamento domiciliar. (Parágrafo acrescido
redação dada pela Lei nº 13.257, de 8/3/2016) pela Lei nº 13.257, de 8/3/2016)
§ 2º Incumbe ao poder público fornecer gra- Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá pro-
tuitamente, àqueles que necessitarem, medica- gramas de assistência médica e odontológica para
mentos, órteses, próteses e outras tecnologias a prevenção das enfermidades que ordinariamente
assistivas relativas ao tratamento, habilitação afetam a população infantil, e campanhas de edu-
ou reabilitação para crianças e adolescentes, de cação sanitária para pais, educadores e alunos.
acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas § 1º É obrigatória a vacinação das crianças nos
necessidades específicas. (Parágrafo com redação casos recomendados pelas autoridades sanitárias.
dada pela Lei nº 13.257, de 8/3/2016)
(Primitivo parágrafo único renumerado pela Lei nº 13.257,
§ 3º Os profissionais que atuam no cuidado diá-
de 8/3/2016)
rio ou frequente de crianças na primeira infân-
§ 2º O Sistema Único de Saúde promoverá a
cia receberão formação específica e permanente
atenção à saúde bucal das crianças e das ges-
para a detecção de sinais de risco para o desenvol-
tantes, de forma transversal, integral e interseto-
vimento psíquico, bem como para o acompanha-
rial com as demais linhas de cuidado direciona-
mento que se fizer necessário. (Parágrafo acrescido
das à mulher e à criança. (Parágrafo acrescido pela
pela Lei nº 13.257, de 8/3/2016)
Lei nº 13.257, de 8/3/2016)
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à § 3º A atenção odontológica à criança terá
saúde, inclusive as unidades neonatais, de terapia função educativa protetiva e será prestada, ini-
intensiva e de cuidados intermediários, deverão cialmente, antes de o bebê nascer, por meio de
proporcionar condições para a permanência em aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no
tempo integral de um dos pais ou responsável, sexto e no décimo segundo anos de vida, com
nos casos de internação de criança ou adoles- orientações sobre saúde bucal. (Parágrafo acrescido
cente. (Artigo com redação dada pela Lei nº 13.257, de pela Lei nº 13.257, de 8/3/2016)
8/3/2016) § 4º A criança com necessidade de cuidados
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de odontológicos especiais será atendida pelo Sis-
castigo físico, de tratamento cruel ou degradante tema Único de Saúde. (Parágrafo acrescido pela
e de maus-tratos contra criança ou adolescente Lei nº 13.257, de 8/3/2016)
serão obrigatoriamente comunicados ao Conse- § 5º É obrigatória a aplicação a todas as crian-
lho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo ças, nos seus primeiros dezoito meses de vida, de
de outras providências legais. (Caput do artigo com protocolo ou outro instrumento construído com
redação dada pela Lei nº 13.010, de 26/6/2014) a finalidade de facilitar a detecção, em consulta
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pediátrica de acompanhamento da criança, de b) lesão;
risco para o seu desenvolvimento psíquico. (Pará- II – tratamento cruel ou degradante: conduta ou
grafo acrescido pela Lei nº 13.438, de 26/4/2017, publicada forma cruel de tratamento em relação à criança
no DOU de 27/4/2017, em vigor 180 dias após a publicação) ou ao adolescente que:
CAPÍTULO II a) humilhe; ou
DO DIREITO À LIBERDADE, AO b) ameace gravemente; ou
RESPEITO E À DIGNIDADE c) ridicularize.
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família am-
liberdade, ao respeito e à dignidade como pes- pliada, os responsáveis, os agentes públicos exe-
soas humanas em processo de desenvolvimento e cutores de medidas socioeducativas ou qualquer
como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais pessoa encarregada de cuidar de crianças e de
garantidos na Constituição e nas leis. adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los
Art. 16. O direito à liberdade compreende os se- que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel
guintes aspectos: ou degradante como formas de correção, disci-
I – ir, vir e estar nos logradouros públicos e espa- plina, educação ou qualquer outro pretexto esta-
ços comunitários, ressalvadas as restrições legais; rão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabí-
II – opinião e expressão; veis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de
III – crença e culto religioso; acordo com a gravidade do caso: (Artigo acrescido
IV – brincar, praticar esportes e divertir-se; pela Lei nº 13.010, de 26/6/2014)
V – participar da vida familiar e comunitária, I – encaminhamento a programa oficial ou co-
sem discriminação; munitário de proteção à família;
VI – participar da vida política, na forma da lei; II – encaminhamento a tratamento psicológico
VII – buscar refúgio, auxílio e orientação. ou psiquiátrico;
III – encaminhamento a cursos ou programas
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviola-
de orientação;
bilidade da integridade física, psíquica e moral da
IV – obrigação de encaminhar a criança a trata-
criança e do adolescente, abrangendo a preserva-
mento especializado;
ção da imagem, da identidade, da autonomia, dos
valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos V – advertência.
pessoais. Parágrafo único. As medidas previstas neste ar-
tigo serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da prejuízo de outras providências legais.
criança e do adolescente, pondo-os a salvo de
qualquer tratamento desumano, violento, aterro- CAPÍTULO III
rizante, vexatório ou constrangedor.
DO DIREITO À CONVIVÊNCIA
FAMILIAR E COMUNITÁRIA
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito
Seção I
de ser educados e cuidados sem o uso de castigo
Disposições Gerais
físico ou de tratamento cruel ou degradante, como
formas de correção, disciplina, educação ou qual- Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser
quer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes criado e educado no seio de sua família e, excep-
da família ampliada, pelos responsáveis, pelos cionalmente, em família substituta, assegurada
agentes públicos executores de medidas socio- a convivência familiar e comunitária, em am-
educativas ou por qualquer pessoa encarregada biente que garanta seu desenvolvimento integral.
de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê- (Caput do artigo com redação dada pela Lei nº 13.257, de
-los. (Artigo acrescido pela Lei nº 13.010, de 26/6/2014) 8/3/2016)
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, con- § 1º Toda criança ou adolescente que estiver
sidera-se: inserido em programa de acolhimento familiar
I – castigo físico: ação de natureza disciplinar ou ou institucional terá sua situação reavaliada, no
punitiva aplicada com o uso da força física sobre a máximo, a cada 3 (três) meses, devendo a autori-
criança ou o adolescente que resulte em: dade judiciária competente, com base em relató-
a) sofrimento físico; ou rio elaborado por equipe interprofissional ou mul-
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LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
tidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela § 2º De posse do relatório, a autoridade judi-
possibilidade de reintegração familiar ou pela co- ciária poderá determinar o encaminhamento da
locação em família substituta, em quaisquer das gestante ou mãe, mediante sua expressa con-
modalidades previstas no art. 28 desta Lei. (Pará- cordância, à rede pública de saúde e assistência
grafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, com reda- social para atendimento especializado. (Parágrafo
ção dada pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017, vetado pelo acrescido pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017)
presidente da República, mantido pelo Congresso Nacio- § 3º A busca à família extensa, conforme definida
nal e publicado no DOU de 23/2/2018) nos termos do parágrafo único do art. 25 desta Lei,
§ 2º A permanência da criança e do adoles- respeitará o prazo máximo de 90 (noventa) dias,
cente em programa de acolhimento institucional prorrogável por igual período. (Parágrafo acrescido
não se prolongará por mais de 18 (dezoito meses), pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017)
salvo comprovada necessidade que atenda ao § 4º Na hipótese de não haver a indicação do
seu superior interesse, devidamente fundamen- genitor e de não existir outro representante da
tada pela autoridade judiciária. (Parágrafo acrescido família extensa apto a receber a guarda, a auto-
pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, e com redação dada pela ridade judiciária competente deverá decretar a
Lei nº 13.509, de 22/11/2017) extinção do poder familiar e determinar a coloca-
§ 3º A manutenção ou a reintegração de criança ção da criança sob a guarda provisória de quem
ou adolescente à sua família terá preferência em estiver habilitado a adotá-la ou de entidade que
relação a qualquer outra providência, caso em que desenvolva programa de acolhimento familiar ou
será esta incluída em serviços e programas de pro- institucional. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.509, de
teção, apoio e promoção, nos termos do § 1º do 22/11/2017)
art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos § 5º Após o nascimento da criança, a vontade
incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. (Pará- da mãe ou de ambos os genitores, se houver pai
grafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, e com reda- registral ou pai indicado, deve ser manifestada na
ção dada pela Lei nº 13.257, de 8/3/2016) audiência a que se refere o § 1º do art. 166 desta
§ 4º Será garantida a convivência da criança e Lei, garantido o sigilo sobre a entrega. (Parágrafo
do adolescente com a mãe ou o pai privado de acrescido pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017)
liberdade, por meio de visitas periódicas promo- § 6º Na hipótese de não comparecerem à au-
vidas pelo responsável ou, nas hipóteses de aco- diência nem o genitor nem representante da famí-
lhimento institucional, pela entidade responsável, lia extensa para confirmar a intenção de exercer o
independentemente de autorização judicial. (Pará- poder familiar ou a guarda, a autoridade judiciária
grafo acrescido pela Lei nº 12.962, de 8/4/2014) suspenderá o poder familiar da mãe, e a criança
§ 5º Será garantida a convivência integral da será colocada sob a guarda provisória de quem
criança com a mãe adolescente que estiver em esteja habilitado a adotá-la. (Parágrafo vetado pelo
acolhimento institucional. (Parágrafo acrescido pela presidente da República na Lei nº 13.509, de 22/11/2017,
Lei nº 13.509, de 22/11/2017) mantido pelo Congresso Nacional e publicado no DOU de
§ 6º A mãe adolescente será assistida por equipe 23/2/2018)
especializada multidisciplinar. (Parágrafo acrescido § 7º Os detentores da guarda possuem o prazo
pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017) de 15 (quinze) dias para propor a ação de ado-
Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste in- ção, contado do dia seguinte à data do término
teresse em entregar seu filho para adoção, antes do estágio de convivência. (Parágrafo acrescido pela
ou logo após o nascimento, será encaminhada à Lei nº 13.509, de 22/11/2017)
Justiça da Infância e da Juventude. (Caput do artigo § 8º Na hipótese de desistência pelos genitores
acrescido pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017) – manifestada em audiência ou perante a equipe
§ 1º A gestante ou mãe será ouvida pela equipe interprofissional – da entrega da criança após o
interprofissional da Justiça da Infância e da Ju- nascimento, a criança será mantida com os geni-
ventude, que apresentará relatório à autoridade tores, e será determinado pela Justiça da Infância
judiciária, considerando inclusive os eventuais e da Juventude o acompanhamento familiar pelo
efeitos do estado gestacional e puerperal. (Pará- prazo de 180 (cento e oitenta) dias. (Parágrafo acres-
grafo acrescido pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017) cido pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017)
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§ 9º É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do
nascimento, respeitado o disposto no art. 48 desta casamento, ou por adoção, terão os mesmos di-
Lei. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017) reitos e qualificações, proibidas quaisquer desig-
§ 10. Serão cadastrados para adoção recém-nas- nações discriminatórias relativas à filiação.
cidos e crianças acolhidas não procuradas por suas Art. 21. O poder familiar será exercido, em igual-
famílias no prazo de 30 (trinta) dias, contado a par- dade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma
tir do dia do acolhimento. (Parágrafo vetado pelo presi- do que dispuser a legislação civil, assegurado a qual-
dente da República na Lei nº 13.509, de 22/11/2017, mantido quer deles o direito de, em caso de discordância,
pelo Congresso Nacional e publicado no DOU de 23/2/2018) recorrer à autoridade judiciária competente para a
Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa solução da divergência. (Expressão “pátrio poder” subs-
de acolhimento institucional ou familiar poderão tituída por “poder familiar” pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009,
participar de programa de apadrinhamento. (Caput publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a pu-
do artigo acrescido pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017) blicação)
§ 1º O apadrinhamento consiste em estabe- Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento,
lecer e proporcionar à criança e ao adolescente guarda e educação dos filhos menores, cabendo-
vínculos externos à instituição para fins de convi- -lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de
vência familiar e comunitária e colaboração com cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
o seu desenvolvimento nos aspectos social, moral, Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsá-
físico, cognitivo, educacional e financeiro. (Pará- veis, têm direitos iguais e deveres e responsabili-
grafo acrescido pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017) dades compartilhados no cuidado e na educação
§ 2º Podem ser padrinhos ou madrinhas pes- da criança, devendo ser resguardado o direito de
soas maiores de 18 (dezoito) anos não inscritas transmissão familiar de suas crenças e culturas,
nos cadastros de adoção, desde que cumpram os assegurados os direitos da criança estabelecidos
requisitos exigidos pelo programa de apadrinha- nesta Lei. (Parágrafo único acrescido pela Lei nº 13.257,
mento de que fazem parte. (Parágrafo vetado pelo de 8/3/2016)
presidente da República na Lei nº 13.509, de 22/11/2017, Art. 23. A falta ou a carência de recursos mate-
mantido pelo Congresso Nacional e publicado no DOU de riais não constitui motivo suficiente para a perda
23/2/2018) ou a suspensão do poder familiar. (Expressão “pá-
§ 3º Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança trio poder” substituída por “poder familiar” pela Lei
ou adolescente a fim de colaborar para o seu de- nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009,
senvolvimento. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.509, de em vigor 90 dias após a publicação)
22/11/2017) § 1º Não existindo outro motivo que por si só au-
§ 4º O perfil da criança ou do adolescente a ser torize a decretação da medida, a criança ou o ado-
apadrinhado será definido no âmbito de cada lescente será mantido em sua família de origem,
programa de apadrinhamento, com prioridade a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em
para crianças ou adolescentes com remota pos- serviços e programas oficiais de proteção, apoio
sibilidade de reinserção familiar ou colocação em e promoção. (Primitivo parágrafo único renumerado
família adotiva. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.509, pela Lei nº 12.962, de 8/4/2014, e com redação dada pela
de 22/11/2017) Lei nº 13.257, de 8/3/2016)
§ 5º Os programas ou serviços de apadrinha- § 2º A condenação criminal do pai ou da mãe
mento apoiados pela Justiça da Infância e da não implicará a destituição do poder familiar, ex-
Juventude poderão ser executados por órgãos ceto na hipótese de condenação por crime doloso,
públicos ou por organizações da sociedade civil. sujeito à pena de reclusão contra outrem igual-
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017) mente titular do mesmo poder familiar ou contra
§ 6º Se ocorrer violação das regras de apadri- filho, filha ou outro descendente. (Parágrafo acres-
nhamento, os responsáveis pelo programa e pelos cido pela Lei nº 12.962, de 8/4/2014, e com redação dada
notificar a autoridade judiciária competente. (Pará- Art. 24. A perda e a suspensão do poder fami-
grafo acrescido pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017) liar serão decretadas judicialmente, em proce-
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LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
dimento contraditório, nos casos previstos na Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009,
legislação civil, bem como na hipótese de des- em vigor 90 dias após a publicação)
cumprimento injustificado dos deveres e obriga- § 2º Tratando-se de maior de 12 (doze) anos
ções a que alude o art. 22. (Expressão “pátrio poder” de idade, será necessário seu consentimento, co-
substituída por “poder familiar” pela Lei nº 12.010, de lhido em audiência. (Parágrafo com redação dada pela
3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009,
após a publicação) em vigor 90 dias após a publicação)
§ 3º Na apreciação do pedido levar-se-á em
Seção II
conta o grau de parentesco e a relação de afini-
Da Família Natural
dade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar
Art. 25. Entende-se por família natural a comuni- as consequências decorrentes da medida. (Pará-
dade formada pelos pais ou qualquer deles e seus grafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada
descendentes. no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
Parágrafo único. Entende-se por família extensa § 4º Os grupos de irmãos serão colocados sob
ou ampliada aquela que se estende para além adoção, tutela ou guarda da mesma família substi-
da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, tuta, ressalvada a comprovada existência de risco
formada por parentes próximos com os quais a de abuso ou outra situação que justifique ple-
criança ou adolescente convive e mantém vín- namente a excepcionalidade de solução diversa,
culos de afinidade e afetividade. (Parágrafo único procurando-se, em qualquer caso, evitar o rom-
acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no pimento definitivo dos vínculos fraternais. (Pará-
DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) grafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento po- no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
derão ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou § 5º A colocação da criança ou adolescente
separadamente, no próprio termo de nascimento, em família substituta será precedida de sua pre-
por testamento, mediante escritura ou outro do- paração gradativa e acompanhamento posterior,
realizados pela equipe interprofissional a serviço
cumento público, qualquer que seja a origem da
da Justiça da Infância e da Juventude, preferen-
filiação.
cialmente com o apoio dos técnicos responsáveis
Parágrafo único. O reconhecimento pode prece-
pela execução da política municipal de garantia
der o nascimento do filho ou suceder-lhe ao fale-
do direito à convivência familiar. (Parágrafo acres-
cimento, se deixar descendentes.
cido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
direito personalíssimo, indisponível e imprescrití- § 6º Em se tratando de criança ou adolescente
vel, podendo ser exercitado contra os pais ou seus indígena ou proveniente de comunidade rema-
herdeiros, sem qualquer restrição, observado o nescente de quilombo, é ainda obrigatório: (Pará-
segredo de Justiça. grafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada
Seção III no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
Da Família Substituta I – que sejam consideradas e respeitadas sua
identidade social e cultural, os seus costumes e
Subseção I
tradições, bem como suas instituições, desde que
Disposições Gerais
não sejam incompatíveis com os direitos funda-
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mentais reconhecidos por esta Lei e pela Consti-
mediante guarda, tutela ou adoção, independen- tuição Federal;
temente da situação jurídica da criança ou adoles- II – que a colocação familiar ocorra priorita-
cente, nos termos desta Lei. riamente no seio de sua comunidade ou junto a
§ 1º Sempre que possível, a criança ou o ado- membros da mesma etnia;
lescente será previamente ouvido por equipe in- III – a intervenção e oitiva de representantes do
terprofissional, respeitado seu estágio de desen- órgão federal responsável pela política indigenista,
volvimento e grau de compreensão sobre as no caso de crianças e adolescentes indígenas, e de
implicações da medida, e terá sua opinião devida- antropólogos, perante a equipe interprofissional
mente considerada. (Parágrafo com redação dada pela ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso.
15
Art. 29. Não se deferirá colocação em família publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a pu-
substituta a pessoa que revele, por qualquer blicação)
modo, incompatibilidade com a natureza da me- § 1º A inclusão da criança ou adolescente em
dida ou não ofereça ambiente familiar adequado. programas de acolhimento familiar terá preferên-
cia a seu acolhimento institucional, observado,
Art. 30. A colocação em família substituta não ad-
mitirá transferência da criança ou adolescente a em qualquer caso, o caráter temporário e excep-
terceiros ou a entidades governamentais ou não cional da medida, nos termos desta Lei. (Parágrafo
acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no
governamentais, sem autorização judicial.
DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
Art. 31. A colocação em família substituta estran- § 2º Na hipótese do § 1º deste artigo a pessoa ou
geira constitui medida excepcional, somente ad- casal cadastrado no programa de acolhimento fa-
missível na modalidade de adoção. miliar poderá receber a criança ou adolescente me-
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o respon- diante guarda, observado o disposto nos arts. 28 a
sável prestará compromisso de bem e fielmente de- 33 desta Lei. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de
sempenhar o encargo, mediante termo nos autos. 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias
após a publicação)
Subseção II
Da Guarda § 3º A União apoiará a implementação de servi-
ços de acolhimento em família acolhedora como
Art. 33. A guarda obriga à prestação de assistên-
política pública, os quais deverão dispor de equipe
cia material, moral e educacional à criança ou
que organize o acolhimento temporário de crianças
adolescente, conferindo a seu detentor o direito
e de adolescentes em residências de famílias sele-
de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.
cionadas, capacitadas e acompanhadas que não
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse
estejam no cadastro de adoção. (Parágrafo acrescido
de fato, podendo ser deferida, liminar ou inciden-
pela Lei nº 13.257, de 8/3/2016)
talmente, nos procedimentos de tutela e adoção,
§ 4º Poderão ser utilizados recursos federais, es-
exceto no de adoção por estrangeiros.
taduais, distritais e municipais para a manutenção
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda,
dos serviços de acolhimento em família acolhe-
fora dos casos de tutela e adoção, para atender
dora, facultando-se o repasse de recursos para a
a situações peculiares ou suprir a falta eventual
própria família acolhedora. (Parágrafo acrescido pela
dos pais ou responsável, podendo ser deferido
Lei nº 13.257, de 8/3/2016)
o direito de representação para a prática de atos
determinados. Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente tempo, mediante ato judicial fundamentado, ou-
a condição de dependente, para todos os fins e vido o Ministério Público.
efeitos de direito, inclusive previdenciários. Subseção III
§ 4º Salvo expressa e fundamentada determina- Da Tutela
ção em contrário, da autoridade judiciária compe- Art. 36. A tutela será deferida, nos termos
tente, ou quando a medida for aplicada em prepa- da lei civil, a pessoa de até 18 (dezoito) anos in-
ração para adoção, o deferimento da guarda de completos. (Caput do artigo com redação dada pela
criança ou adolescente a terceiros não impede Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009,
o exercício do direito de visitas pelos pais, assim em vigor 90 dias após a publicação)
como o dever de prestar alimentos, que serão ob- Parágrafo único. O deferimento da tutela pressu-
jeto de regulamentação específica, a pedido do in- põe a prévia decretação da perda ou suspensão do
teressado ou do Ministério Público. (Parágrafo acres- poder familiar e implica necessariamente o dever
cido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de de guarda. (Expressão “pátrio poder” substituída por
4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) “poder familiar” pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada
Art. 34. O poder público estimulará, por meio de no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou
o acolhimento, sob a forma de guarda, de criança qualquer documento autêntico, conforme previsto
ou adolescente afastado do convívio familiar. (Caput no parágrafo único do art. 1.729 da Lei nº 10.406,
do artigo com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), deverá, no
16
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da suces- § 2º É recíproco o direito sucessório entre o ado-
são, ingressar com pedido destinado ao controle tado, seus descendentes, o adotante, seus ascen-
judicial do ato, observando o procedimento pre- dentes, descendentes e colaterais até o 4º grau,
visto nos arts. 165 a 170 desta Lei. (Caput do artigo observada a ordem de vocação hereditária.
com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito)
no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) anos, independentemente do estado civil. (Caput
Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão do artigo com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009,
observados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a pu-
desta Lei, somente sendo deferida a tutela à pessoa blicação)
indicada na disposição de última vontade, se res- § 1º Não podem adotar os ascendentes e os ir-
tar comprovado que a medida é vantajosa ao tute- mãos do adotando.
lando e que não existe outra pessoa em melhores § 2º Para adoção conjunta, é indispensável
condições de assumi-la. (Parágrafo único com redação que os adotantes sejam casados civilmente ou
dada pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de mantenham união estável, comprovada a estabi-
4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) lidade da família. (Parágrafo com redação dada pela
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o dis- Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009,
posto no art. 24. em vigor 90 dias após a publicação)
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis
Subseção IV
anos mais velho do que o adotando.
Da Adoção
§ 4º Os divorciados, os judicialmente separa-
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente dos e os ex-companheiros podem adotar conjun-
reger-se-á segundo o disposto nesta Lei. tamente, contanto que acordem sobre a guarda
§ 1º A adoção é medida excepcional e irrevogável, e o regime de visitas e desde que o estágio de
à qual se deve recorrer apenas quando esgotados convivência tenha sido iniciado na constância do
os recursos de manutenção da criança ou adoles- período de convivência e que seja comprovada a
cente na família natural ou extensa, na forma do existência de vínculos de afinidade e afetividade
parágrafo único do art. 25 desta Lei. (Parágrafo acres- com aquele não detentor da guarda, que justifi-
cido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de quem a excepcionalidade da concessão. (Pará-
4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) grafo com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009,
§ 2º É vedada a adoção por procuração. (Primi- publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a
tivo parágrafo único renumerado pela Lei nº 12.010, de publicação)
3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias § 5º Nos casos do § 4º deste artigo, desde que
após a publicação) demonstrado efetivo benefício ao adotando, será
§ 3º Em caso de conflito entre direitos e inte- assegurada a guarda compartilhada, conforme
resses do adotando e de outras pessoas, inclusive previsto no art. 1.584 da Lei nº 10.406, de 10 de ja-
seus pais biológicos, devem prevalecer os direi- neiro de 2002 (Código Civil). (Parágrafo com redação
tos e os interesses do adotando. (Parágrafo acrescido dada pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de
pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017) 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, § 6º A adoção poderá ser deferida ao adotante
dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver que, após inequívoca manifestação de vontade,
sob a guarda ou tutela dos adotantes. vier a falecer no curso do procedimento, antes
de prolatada a sentença. (Parágrafo acrescido pela
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao
Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009,
adotado, com os mesmos direitos e deveres, in-
em vigor 90 dias após a publicação)
clusive sucessórios, desligando-o de qualquer vín-
culo com pais e parentes, salvo os impedimentos Art. 43. A adoção será deferida quando apresen-
matrimoniais. tar reais vantagens para o adotando e fundar-se
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o em motivos legítimos.
filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação Art. 44. Enquanto não der conta de sua adminis-
entre o adotado e o cônjuge ou concubino do ado- tração e saldar o seu alcance, não pode o tutor ou
tante e os respectivos parentes. o curador adotar o pupilo ou o curatelado.
17
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos Justiça da Infância e da Juventude, preferencial-
pais ou do representante legal do adotando. mente com apoio dos técnicos responsáveis pela
§ 1º O consentimento será dispensado em rela- execução da política de garantia do direito à con-
ção à criança ou adolescente cujos pais sejam des- vivência familiar, que apresentarão relatório mi-
conhecidos ou tenham sido destituídos do poder nucioso acerca da conveniência do deferimento
familiar. (Expressão “pátrio poder” substituída por “poder da medida. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de
familiar” pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias
de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) após a publicação)
§ 2º Em se tratando de adotando maior de doze § 5º O estágio de convivência será cumprido no
anos de idade, será também necessário o seu con- território nacional, preferencialmente na comarca
sentimento. de residência da criança ou adolescente, ou, a cri-
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de tério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada, em
convivência com a criança ou adolescente, pelo qualquer hipótese, a competência do juízo da co-
prazo máximo de 90 (noventa) dias, observadas marca de residência da criança. (Parágrafo acrescido
pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017)
a idade da criança ou adolescente e as peculia-
ridades do caso. (Caput do artigo com redação dada Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sen-
pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017) tença judicial, que será inscrita no registro civil me-
§ 1º O estágio de convivência poderá ser dis- diante mandado do qual não se fornecerá certidão.
pensado se o adotando já estiver sob a tutela § 1º A inscrição consignará o nome dos adotan-
ou guarda legal do adotante durante tempo su- tes como pais, bem como o nome de seus ascen-
ficiente para que seja possível avaliar a conve- dentes.
niência da constituição do vínculo. (Parágrafo com § 2º O mandado judicial, que será arquivado,
redação dada pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada cancelará o registro original do adotado.
no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) § 3º A pedido do adotante, o novo registro po-
§ 2º A simples guarda de fato não autoriza, por derá ser lavrado no Cartório do Registro Civil do
si só, a dispensa da realização do estágio de con- Município de sua residência. (Parágrafo com redação
vivência. (Parágrafo com redação dada pela Lei nº 12.010, dada pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de
de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
após a publicação) § 4º Nenhuma observação sobre a origem do ato
§ 2º-A. O prazo máximo estabelecido no caput poderá constar nas certidões do registro. (Parágrafo
deste artigo pode ser prorrogado por até igual pe- com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada
ríodo, mediante decisão fundamentada da autori- no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
dade judiciária. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.509, § 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do
de 22/11/2017) adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá de-
§ 3º Em caso de adoção por pessoa ou casal re- terminar a modificação do prenome. (Parágrafo com
sidente ou domiciliado fora do País, o estágio de redação dada pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada
convivência será de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias, prorrogável § 6º Caso a modificação de prenome seja re-
por até igual período, uma única vez, mediante de- querida pelo adotante, é obrigatória a oitiva do
cisão fundamentada da autoridade judiciária. (Pará- adotando, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do
grafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, e com reda- art. 28 desta Lei. (Parágrafo com redação dada pela
ção dada pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017) Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009,
§ 3º-A. Ao final do prazo previsto no § 3º deste em vigor 90 dias após a publicação)
artigo, deverá ser apresentado laudo fundamen- § 7º A adoção produz seus efeitos a partir do
tado pela equipe mencionada no § 4º deste artigo, trânsito em julgado da sentença constitutiva, ex-
que recomendará ou não o deferimento da ado- ceto na hipótese prevista no § 6º do art. 42 desta
ção à autoridade judiciária. (Parágrafo acrescido pela Lei, caso em que terá força retroativa à data do
Lei nº 13.509, de 22/11/2017) óbito. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009,
§ 4º O estágio de convivência será acompa- publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a
nhado pela equipe interprofissional a serviço da publicação)
18
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
§ 8º O processo relativo à adoção assim como execução da política municipal de garantia do di-
outros a ele relacionados serão mantidos em reito à convivência familiar. (Parágrafo acrescido pela
arquivo, admitindo-se seu armazenamento em Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009,
microfilme ou por outros meios, garantida a sua em vigor 90 dias após a publicação)
conservação para consulta a qualquer tempo. (Pa- § 4º Sempre que possível e recomendável, a pre-
rágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publi- paração referida no § 3º deste artigo incluirá o con-
cada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a pu- tato com crianças e adolescentes em acolhimento
blicação) familiar ou institucional em condições de serem
§ 9º Terão prioridade de tramitação os proces- adotados, a ser realizado sob a orientação, super-
sos de adoção em que o adotando for criança ou visão e avaliação da equipe técnica da Justiça da
adolescente com deficiência ou com doença crô- Infância e da Juventude, com apoio dos técnicos
nica. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.955, de 5/2/2014) responsáveis pelo programa de acolhimento e pela
§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação execução da política municipal de garantia do di-
de adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorro- reito à convivência familiar. (Parágrafo acrescido pela
gável uma única vez por igual período, mediante Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009,
decisão fundamentada da autoridade judiciária. em vigor 90 dias após a publicação)
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017) § 5º Serão criados e implementados cadastros
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua estaduais e nacional de crianças e adolescentes
origem biológica, bem como de obter acesso irres- em condições de serem adotados e de pessoas ou
trito ao processo no qual a medida foi aplicada e casais habilitados à adoção. (Parágrafo acrescido pela
Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009,
seus eventuais incidentes, após completar 18 (de-
em vigor 90 dias após a publicação)
zoito) anos. (Caput do artigo com redação dada pela
Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009,
§ 6º Haverá cadastros distintos para pessoas ou
em vigor 90 dias após a publicação)
casais residentes fora do País, que somente serão
Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção consultados na inexistência de postulantes nacio-
poderá ser também deferido ao adotado menor de nais habilitados nos cadastros mencionados no § 5º
18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orien- deste artigo. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de
3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias
tação e assistência jurídica e psicológica. (Parágrafo
após a publicação)
único acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada
no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
§ 7º As autoridades estaduais e federais em ma-
téria de adoção terão acesso integral aos cadastros,
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o incumbindo-lhes a troca de informações e a coo-
poder familiar dos pais naturais. (Expressão “pátrio peração mútua, para melhoria do sistema. (Pará-
poder” substituída por “poder familiar” pela Lei nº 12.010, de
grafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada
3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias
no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
após a publicação)
§ 8º A autoridade judiciária providenciará, no
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada prazo de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das
comarca ou foro regional, um registro de crianças crianças e adolescentes em condições de serem
e adolescentes em condições de serem adotados e adotados que não tiveram colocação familiar na
outro de pessoas interessadas na adoção. comarca de origem, e das pessoas ou casais que
§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após tiveram deferida sua habilitação à adoção nos ca-
prévia consulta aos órgãos técnicos do Juizado, dastros estadual e nacional referidos no § 5º deste
ouvido o Ministério Público. artigo, sob pena de responsabilidade. (Parágrafo
§ 2º Não será deferida a inscrição se o interes- acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no
sado não satisfizer os requisitos legais, ou verifi- DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
cada qualquer das hipóteses previstas no art. 29. § 9º Compete à Autoridade Central Estadual
§ 3º A inscrição de postulantes à adoção será zelar pela manutenção e correta alimentação dos
precedida de um período de preparação psicos- cadastros, com posterior comunicação à Autori-
social e jurídica, orientado pela equipe técnica da dade Central Federal Brasileira. (Parágrafo acrescido
Justiça da Infância e da Juventude, preferencial- pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de
mente com apoio dos técnicos responsáveis pela 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
19
§ 10. Consultados os cadastros e verificada a au- Art. 51. Considera-se adoção internacional aque-
sência de pretendentes habilitados residentes no la na qual o pretendente possui residência habi-
País com perfil compatível e interesse manifesto tual em país-parte da Convenção de Haia, de 29 de
pela adoção de criança ou adolescente inscrito maio de 1993, relativa à Proteção das Crianças e à
nos cadastros existentes, será realizado o enca- Cooperação em Matéria de Adoção Internacional,
minhamento da criança ou adolescente à adoção promulgada pelo Decreto nº 3.087, de 21 junho de
internacional. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, 1999, e deseja adotar criança em outro país-parte
de 3/8/2009, e com redação dada pela Lei nº 13.509, de da Convenção. (Caput do artigo com redação dada pela
22/11/2017) Lei nº 13.509, de 22/11/2017)
§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal § 1º A adoção internacional de criança ou adoles-
interessado em sua adoção, a criança ou o ado- cente brasileiro ou domiciliado no Brasil somente
lescente, sempre que possível e recomendável, terá lugar quando restar comprovado: (Caput do pa-
será colocado sob guarda de família cadastrada rágrafo com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009,
em programa de acolhimento familiar. (Parágrafo publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a pu-
acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no blicação)
DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) I – que a colocação em família adotiva é a so-
§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação lução adequada ao caso concreto; (Inciso acrescido
criteriosa dos postulantes à adoção serão fiscali-
pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, e com redação dada pela
zadas pelo Ministério Público. (Parágrafo acrescido
Lei nº 13.509, de 22/11/2017)
pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de
II – que foram esgotadas todas as possibilida-
4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
des de colocação da criança ou adolescente em fa-
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em
mília adotiva brasileira, com a comprovação, cer-
favor de candidato domiciliado no Brasil não cadas-
tificada nos autos, da inexistência de adotantes
trado previamente nos termos desta Lei quando:
habilitados residentes no Brasil com perfil compa-
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publi-
tível com a criança ou adolescente, após consulta
cada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publi-
aos cadastros mencionados nesta Lei; (Inciso acres-
cação)
cido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, e com redação dada pela
I – se tratar de pedido de adoção unilateral;
Lei nº 13.509, de 22/11/2017)
II – for formulada por parente com o qual a
III – que, em se tratando de adoção de adoles-
criança ou adolescente mantenha vínculos de
cente, este foi consultado, por meios adequados
afinidade e afetividade;
ao seu estágio de desenvolvimento, e que se en-
III – oriundo o pedido de quem detém a tu-
contra preparado para a medida, mediante pare-
tela ou guarda legal de criança maior de 3 (três)
anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo cer elaborado por equipe interprofissional, obser-
de convivência comprove a fixação de laços de afi- vado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta Lei.
nidade e afetividade, e não seja constatada a ocor- (Inciso acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada
rência de má-fé ou qualquer das situações previs- no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
tas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. § 2º Os brasileiros residentes no exterior terão
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste ar- preferência aos estrangeiros, nos casos de ado-
tigo, o candidato deverá comprovar, no curso do ção internacional de criança ou adolescente bra-
procedimento, que preenche os requisitos neces- sileiro. (Parágrafo com redação dada pela Lei nº 12.010,
sários à adoção, conforme previsto nesta Lei. (Pará- de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90
grafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada dias após a publicação)
no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) § 3º A adoção internacional pressupõe a inter-
§ 15. Será assegurada prioridade no cadastro a venção das Autoridades Centrais Estaduais e Fe-
pessoas interessadas em adotar criança ou ado- deral em matéria de adoção internacional. (Parágrafo
lescente com deficiência, com doença crônica ou com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada
com necessidades específicas de saúde, além de no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
grupo de irmãos. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.509, § 4º (Revogado pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada
de 22/11/2017) no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
20
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
Art. 52. A adoção internacional observará o pro- VII – verificada, após estudo realizado pela Auto-
cedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, ridade Central Estadual, a compatibilidade da legis-
com as seguintes adaptações: (Caput do artigo com lação estrangeira com a nacional, além do preen-
redação dada pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada chimento por parte dos postulantes à medida dos
no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) requisitos objetivos e subjetivos necessários ao
I – a pessoa ou casal estrangeiro, interessado seu deferimento, tanto à luz do que dispõe esta
em adotar criança ou adolescente brasileiro, de- Lei como da legislação do país de acolhida, será ex-
verá formular pedido de habilitação à adoção pe- pedido laudo de habilitação à adoção internacio-
rante a Autoridade Central em matéria de adoção nal, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano;
internacional no país de acolhida, assim enten- (Inciso acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada
dido aquele onde está situada sua residência ha- no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
bitual; (Inciso acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, VIII – de posse do laudo de habilitação, o inte-
publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a ressado será autorizado a formalizar pedido de
publicação) adoção perante o Juízo da Infância e da Juven-
II – se a Autoridade Central do país de acolhida tude do local em que se encontra a criança ou
considerar que os solicitantes estão habilitados e adolescente, conforme indicação efetuada pela
aptos para adotar, emitirá um relatório que conte- Autoridade Central Estadual. (Inciso acrescido pela
nha informações sobre a identidade, a capacidade Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009,
jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, em vigor 90 dias após a publicação)
sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio § 1º Se a legislação do país de acolhida assim o
social, os motivos que os animam e sua aptidão autorizar, admite-se que os pedidos de habilita-
para assumir uma adoção internacional; (Inciso ção à adoção internacional sejam intermediados
acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no por organismos credenciados. (Parágrafo acrescido
DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de
III – a Autoridade Central do país de acolhida 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
enviará o relatório à Autoridade Central Estadual, § 2º Incumbe à Autoridade Central Federal Bra-
com cópia para a Autoridade Central Federal Bra- sileira o credenciamento de organismos nacionais
sileira; (Inciso acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, e estrangeiros encarregados de intermediar pedi-
publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a dos de habilitação à adoção internacional, com
publicação) posterior comunicação às Autoridades Centrais
IV – o relatório será instruído com toda a do- Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de im-
cumentação necessária, incluindo estudo psicos- prensa e em sítio próprio da internet. (Parágrafo
social elaborado por equipe interprofissional habi- acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no
litada e cópia autenticada da legislação pertinente, DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
acompanhada da respectiva prova de vigência; (In- § 3º Somente será admissível o credenciamento
ciso acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada de organismos que: (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010,
no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias
V – os documentos em língua estrangeira serão após a publicação)
devidamente autenticados pela autoridade con- I – sejam oriundos de países que ratificaram a
sular, observados os tratados e convenções in- Convenção de Haia e estejam devidamente creden-
ternacionais, e acompanhados da respectiva tra- ciados pela Autoridade Central do país onde esti-
dução, por tradutor público juramentado; (Inciso verem sediados e no país de acolhida do adotando
acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no para atuar em adoção internacional no Brasil;
DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) II – satisfizerem as condições de integridade
VI – a Autoridade Central Estadual poderá fazer moral, competência profissional, experiência e
exigências e solicitar complementação sobre o responsabilidade exigidas pelos países respecti-
estudo psicossocial do postulante estrangeiro à vos e pela Autoridade Central Federal Brasileira;
adoção, já realizado no país de acolhida; (Inciso III – forem qualificados por seus padrões éticos
acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no e sua formação e experiência para atuar na área
DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) de adoção internacional;
21
IV – cumprirem os requisitos exigidos pelo orde- 2 (dois) anos. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010,
namento jurídico brasileiro e pelas normas estabe- de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em
lecidas pela Autoridade Central Federal Brasileira. vigor 90 dias após a publicação)
§ 4º Os organismos credenciados deverão ainda: § 7º A renovação do credenciamento poderá
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, pu- ser concedida mediante requerimento protoco-
blicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a pu- lado na Autoridade Central Federal Brasileira nos
blicação) 60 (sessenta) dias anteriores ao término do res-
I – perseguir unicamente fins não lucrativos, pectivo prazo de validade. (Parágrafo acrescido pela
nas condições e dentro dos limites fixados pelas Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009,
autoridades competentes do país onde estiverem em vigor 90 dias após a publicação)
sediados, do país de acolhida e pela Autoridade § 8º Antes de transitada em julgado a decisão
Central Federal Brasileira; que concedeu a adoção internacional, não será
II – ser dirigidos e administrados por pessoas permitida a saída do adotando do território na-
qualificadas e de reconhecida idoneidade moral, cional. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009,
com comprovada formação ou experiência para publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a pu-
atuar na área de adoção internacional, cadastra- blicação)
das pelo Departamento de Polícia Federal e apro- § 9º Transitada em julgado a decisão, a auto-
vadas pela Autoridade Central Federal Brasileira, ridade judiciária determinará a expedição de al-
mediante publicação de portaria do órgão federal vará com autorização de viagem, bem como para
competente; obtenção de passaporte, constando, obrigatoria-
III – estar submetidos à supervisão das autori- mente, as características da criança ou adoles-
dades competentes do país onde estiverem sedia- cente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais
dos e no país de acolhida, inclusive quanto à sua sinais ou traços peculiares, assim como foto re-
composição, funcionamento e situação financeira; cente e a aposição da impressão digital do seu po-
IV – apresentar à Autoridade Central Federal legar direito, instruindo o documento com cópia
Brasileira, a cada ano, relatório geral das ativida- autenticada da decisão e certidão de trânsito
des desenvolvidas, bem como relatório de acom- em julgado. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de
panhamento das adoções internacionais efetua- 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias
das no período, cuja cópia será encaminhada ao após a publicação)
Departamento de Polícia Federal; § 10. A Autoridade Central Federal Brasileira po-
V – enviar relatório pós-adotivo semestral para derá, a qualquer momento, solicitar informações
a Autoridade Central Estadual, com cópia para a sobre a situação das crianças e adolescentes ado-
Autoridade Central Federal Brasileira, pelo período tados. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009,
mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório será publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a pu-
mantido até a juntada de cópia autenticada do re- blicação)
gistro civil, estabelecendo a cidadania do país de § 11. A cobrança de valores por parte dos orga-
acolhida para o adotado; nismos credenciados, que sejam considerados
VI – tomar as medidas necessárias para garantir abusivos pela Autoridade Central Federal Brasi-
que os adotantes encaminhem à Autoridade Cen- leira e que não estejam devidamente comprova-
tral Federal Brasileira cópia da certidão de registro dos, é causa de seu descredenciamento. (Parágrafo
de nascimento estrangeira e do certificado de na- acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no
cionalidade tão logo lhes sejam concedidos. DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
§ 5º A não apresentação dos relatórios referi- § 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não
dos no § 4º deste artigo pelo organismo creden- podem ser representados por mais de uma en-
ciado poderá acarretar a suspensão de seu cre- tidade credenciada para atuar na cooperação
denciamento. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, em adoção internacional. (Parágrafo acrescido pela
de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009,
dias após a publicação) em vigor 90 dias após a publicação)
§ 6º O credenciamento de organismo nacional § 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou
ou estrangeiro encarregado de intermediar pe- domiciliado fora do Brasil terá validade máxima
didos de adoção internacional terá validade de de 1 (um) ano, podendo ser renovada. (Parágrafo
22
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no do adolescente será conhecida pela Autoridade
DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) Central Estadual que tiver processado o pedido de
§ 14. É vedado o contato direto de representan- habilitação dos pais adotivos, que comunicará o
tes de organismos de adoção, nacionais ou estran- fato à Autoridade Central Federal e determinará
geiros, com dirigentes de programas de acolhi- as providências necessárias à expedição do Cer-
mento institucional ou familiar, assim como com tificado de Naturalização Provisório. (Artigo acres-
crianças e adolescentes em condições de serem cido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de
adotados, sem a devida autorização judicial. (Pará- 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
grafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada § 1º A Autoridade Central Estadual, ouvido o Mi-
no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) nistério Público, somente deixará de reconhecer
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira po- os efeitos daquela decisão se restar demonstrado
derá limitar ou suspender a concessão de novos que a adoção é manifestamente contrária à ordem
credenciamentos sempre que julgar necessário, pública ou não atende ao interesse superior da
mediante ato administrativo fundamentado. (Pará- criança ou do adolescente.
grafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada § 2º Na hipótese de não reconhecimento da
no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) adoção, prevista no § 1º deste artigo, o Ministério
Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabili- Público deverá imediatamente requerer o que for
dade e descredenciamento, o repasse de recursos de direito para resguardar os interesses da criança
provenientes de organismos estrangeiros encar- ou do adolescente, comunicando-se as providên-
regados de intermediar pedidos de adoção inter- cias à Autoridade Central Estadual, que fará a co-
nacional a organismos nacionais ou a pessoas fí- municação à Autoridade Central Federal Brasileira
sicas. (Artigo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, e à Autoridade Central do país de origem.
publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a
Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o
publicação)
Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha
Parágrafo único. Eventuais repasses somente
sido deferida no país de origem porque a sua le-
poderão ser efetuados via Fundo dos Direitos da
gislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda,
Criança e do Adolescente e estarão sujeitos às de-
na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou
liberações do respectivo Conselho de Direitos da
o adolescente ser oriundo de país que não tenha
Criança e do Adolescente.
aderido à Convenção referida, o processo de ado-
Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no ex- ção seguirá as regras da adoção nacional. (Artigo
terior em país ratificante da Convenção de Haia, acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no
cujo processo de adoção tenha sido processado DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
em conformidade com a legislação vigente no país
de residência e atendido o disposto na Alínea c do CAPÍTULO IV
DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA,
Artigo 17 da referida Convenção, será automatica-
AO ESPORTE E AO LAZER
mente recepcionada com o reingresso no Brasil.
(Artigo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à
no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) educação, visando ao pleno desenvolvimento de
§ 1º Caso não tenha sido atendido o disposto sua pessoa, preparo para o exercício da cidada-
na Alínea c do Artigo 17 da Convenção de Haia, nia e qualificação para o trabalho, assegurando-
deverá a sentença ser homologada pelo Superior se-lhes:
Tribunal de Justiça. I – igualdade de condições para o acesso e per-
§ 2º O pretendente brasileiro residente no exte- manência na escola;
rior em país não ratificante da Convenção de Haia, II – direito de ser respeitado por seus educadores;
uma vez reingressado no Brasil, deverá requerer a III – direito de contestar critérios avaliativos, po-
homologação da sentença estrangeira pelo Supe- dendo recorrer às instâncias escolares superiores;
rior Tribunal de Justiça. IV – direito de organização e participação em
Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando entidades estudantis;
o Brasil for o país de acolhida, a decisão da autori- V – acesso a escola pública e gratuita próxima
dade competente do país de origem da criança ou de sua residência.
23
Parágrafo único. É direito dos pais ou respon- ção, com vistas à inserção de crianças e adolescen-
sáveis ter ciência do processo pedagógico, bem tes excluídos do ensino fundamental obrigatório.
como participar da definição das propostas edu- Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão
cacionais. os valores culturais, artísticos e históricos próprios
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e do contexto social da criança e do adolescente,
ao adolescente: garantindo-se a estes a liberdade de criação e o
I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito, acesso às fontes de cultura.
inclusive para os que a ele não tiveram acesso na Art. 59. Os Municípios, com apoio dos Estados e
idade própria; da União, estimularão e facilitarão a destinação
II – progressiva extensão da obrigatoriedade e de recursos e espaços para programações cultu-
gratuidade ao ensino médio; rais, esportivas e de lazer voltadas para a infância
III – atendimento educacional especializado aos e a juventude.
portadores de deficiência, preferencialmente na
rede regular de ensino; CAPÍTULO V
DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO
IV – atendimento em creche e pré-escola às
E À PROTEÇÃO NO TRABALHO
crianças de zero a cinco anos de idade; (Inciso com
redação dada pela Lei nº 13.306, de 4/7/2016) Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores
V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, de quatorze anos de idade, salvo na condição de
da pesquisa e da criação artística, segundo a ca- aprendiz.
pacidade de cada um; Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes
VI – oferta de ensino noturno regular, adequado é regulada por legislação especial, sem prejuízo
às condições do adolescente trabalhador; do disposto nesta Lei.
VII – atendimento no ensino fundamental, atra-
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação
vés de programas suplementares de material
técnico-profissional ministrada segundo as dire-
didático-escolar, transporte, alimentação e assis-
trizes e bases da legislação de educação em vigor.
tência à saúde.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é Art. 63. A formação técnico-profissional obede-
direito público subjetivo. cerá aos seguintes princípios:
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório I – garantia de acesso e frequência obrigatória
pelo Poder Público ou sua oferta irregular importa ao ensino regular;
responsabilidade da autoridade competente. II – atividade compatível com o desenvolvi-
§ 3º Compete ao Poder Público recensear os mento do adolescente;
educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a III – horário especial para o exercício das ativi-
chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, dades.
pela frequência à escola. Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação idade é assegurada bolsa de aprendizagem.
de matricular seus filhos ou pupilos na rede regu- Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de qua-
lar de ensino. torze anos, são assegurados os direitos trabalhis-
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de en- tas e previdenciários.
sino fundamental comunicarão ao Conselho Tu- Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é
telar os casos de: assegurado trabalho protegido.
I – maus-tratos envolvendo seus alunos; Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em
II – reiteração de faltas injustificadas e de eva- regime familiar de trabalho, aluno de escola téc-
são escolar, esgotados os recursos escolares; nica, assistido em entidade governamental ou não
III – elevados níveis de repetência. governamental, é vedado trabalho:
Art. 57. O Poder Público estimulará pesquisas, ex- I – noturno, realizado entre as vinte e duas horas
periências e novas propostas relativas a calendário, de um dia e as cinco horas do dia seguinte;
seriação, currículo, metodologia, didática e avalia- II – perigoso, insalubre ou penoso;
24
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
III – realizado em locais prejudiciais à sua for- blica, com o Conselho Tutelar, com os Conselhos
mação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, de Direitos da Criança e do Adolescente e com as
moral e social; entidades não governamentais que atuam na pro-
IV – realizado em horários e locais que não per- moção, proteção e defesa dos direitos da criança
mitam a frequência à escola. e do adolescente;
Art. 68. O programa social que tenha por base o III – a formação continuada e a capacitação dos
trabalho educativo, sob responsabilidade de en- profissionais de saúde, educação e assistência so-
tidade governamental ou não governamental sem cial e dos demais agentes que atuam na promo-
fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente ção, proteção e defesa dos direitos da criança e do
que dele participe condições de capacitação para adolescente para o desenvolvimento das compe-
o exercício de atividade regular remunerada. tências necessárias à prevenção, à identificação
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a ativi- de evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento
dade laboral em que as exigências pedagógicas de todas as formas de violência contra a criança
relativas ao desenvolvimento pessoal e social do e o adolescente;
educando prevalecem sobre o aspecto produtivo. IV – o apoio e o incentivo às práticas de resolu-
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe ção pacífica de conflitos que envolvam violência
pelo trabalho efetuado ou a participação na venda contra a criança e o adolescente;
dos produtos de seu trabalho não desfigura o ca- V – a inclusão, nas políticas públicas, de ações
ráter educativo. que visem a garantir os direitos da criança e do
adolescente, desde a atenção pré-natal, e de ati-
Art. 69. O adolescente tem direito à profissiona-
vidades junto aos pais e responsáveis com o ob-
lização e à proteção no trabalho, observados os
jetivo de promover a informação, a reflexão, o
seguintes aspectos, entre outros:
debate e a orientação sobre alternativas ao uso
I – respeito à condição peculiar de pessoa em
de castigo físico ou de tratamento cruel ou degra-
desenvolvimento;
dante no processo educativo;
II – capacitação profissional adequada ao mer-
VI – a promoção de espaços intersetoriais locais
cado de trabalho.
para a articulação de ações e a elaboração de pla-
TÍTULO III nos de atuação conjunta focados nas famílias em
DA PREVENÇÃO situação de violência, com participação de profis-
CAPÍTULO I sionais de saúde, de assistência social e de educa-
DISPOSIÇÕES GERAIS ção e de órgãos de promoção, proteção e defesa
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência dos direitos da criança e do adolescente.
de ameaça ou violação dos direitos da criança e Parágrafo único. As famílias com crianças e
do adolescente. adolescentes com deficiência terão prioridade de
atendimento nas ações e políticas públicas de pre-
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e
venção e proteção.
os Municípios deverão atuar de forma articulada
na elaboração de políticas públicas e na execução Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que
de ações destinadas a coibir o uso de castigo físico atuem nas áreas a que se refere o art. 71, dentre ou-
ou de tratamento cruel ou degradante e difundir tras, devem contar, em seus quadros, com pessoas
formas não violentas de educação de crianças e capacitadas a reconhecer e comunicar ao Conselho
de adolescentes, tendo como principais ações: (Ar- Tutelar suspeitas ou casos de maus-tratos pratica-
tigo acrescido pela Lei nº 13.010, de 26/6/2014) dos contra crianças e adolescentes. (Artigo acrescido
I – a promoção de campanhas educativas per- pela Lei nº 13.046, de 1º/12/2014)
manentes para a divulgação do direito da criança Parágrafo único. São igualmente responsáveis
e do adolescente de serem educados e cuidados pela comunicação de que trata este artigo, as pes-
sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel soas encarregadas, por razão de cargo, função, ofí-
ou degradante e dos instrumentos de proteção cio, ministério, profissão ou ocupação, do cuidado,
aos direitos humanos; assistência ou guarda de crianças e adolescentes,
II – a integração com os órgãos do Poder Judi- punível, na forma deste Estatuto, o injustificado
ciário, do Ministério Público e da Defensoria Pú- retardamento ou omissão, culposos ou dolosos.
25
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo
informação, cultura, lazer, esportes, diversões, es- deverão exibir, no invólucro, informação sobre a
petáculos e produtos e serviços que respeitem sua natureza da obra e a faixa etária a que se destinam.
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Art. 78. As revistas e publicações contendo ma-
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não ex- terial impróprio ou inadequado a crianças e ado-
cluem da prevenção especial outras decorrentes lescentes deverão ser comercializadas em emba-
dos princípios por ela adotados. lagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo.
Art. 73. A inobservância das normas de preven- Parágrafo único. As editoras cuidarão para que
as capas que contenham mensagens pornográfi-
ção importará em responsabilidade da pessoa fí-
cas ou obscenas sejam protegidas com embala-
sica ou jurídica, nos termos desta Lei.
gem opaca.
CAPÍTULO II
DA PREVENÇÃO ESPECIAL Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao
público infantojuvenil não poderão conter ilustra-
Seção I ções, fotografias, legendas, crônicas ou anúncios
Da Informação, Cultura, Lazer,
de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e munições,
Esportes, Diversões e Espetáculos
e deverão respeitar os valores éticos e sociais da
Art. 74. O Poder Público, através do órgão compe- pessoa e da família.
tente, regulará as diversões e espetáculos públicos,
Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos
informando sobre a natureza deles, as faixas etá-
que explorem comercialmente bilhar, sinuca ou
rias a que não se recomendem, locais e horários
congênere ou por casas de jogos, assim entendidas
em que sua apresentação se mostre inadequada.
as que realizem apostas, ainda que eventualmente,
Parágrafo único. Os responsáveis pelas diver-
cuidarão para que não seja permitida a entrada e a
sões e espetáculos públicos deverão afixar, em
permanência de crianças e adolescentes no local,
lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local
afixando aviso para orientação do público.
de exibição, informação destacada sobre a natu-
reza do espetáculo e a faixa etária especificada no Seção II
certificado de classificação. Dos Produtos e Serviços
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao ado-
às diversões e espetáculos públicos classificados lescente de:
como adequados à sua faixa etária. I – armas, munições e explosivos;
Parágrafo único. As crianças menores de dez II – bebidas alcoólicas;
anos somente poderão ingressar e permanecer III – produtos cujos componentes possam cau-
nos locais de apresentação ou exibição quando sar dependência física ou psíquica ainda que por
acompanhadas dos pais ou responsável. utilização indevida;
IV – fogos de estampido e de artifício, exceto
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente
aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam
exibirão, no horário recomendado para o público
incapazes de provocar qualquer dano físico em
infantojuvenil, programas com finalidades educa-
caso de utilização indevida;
tivas, artísticas, culturais e informativas.
V – revistas e publicações a que alude o art. 78;
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apre-
VI – bilhetes lotéricos e equivalentes.
sentado ou anunciado sem aviso de sua classifica-
ção, antes de sua transmissão, apresentação ou Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou
exibição. adolescente em hotel, motel, pensão ou estabele-
cimento congênere, salvo se autorizado ou acom-
Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e
panhado pelos pais ou responsável.
funcionários de empresas que explorem a venda
ou aluguel de fitas de programação em vídeo cui- Seção III
darão para que não haja venda ou locação em de- Da Autorização para Viajar
sacordo com a classificação atribuída pelo órgão Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora
competente. da comarca onde reside, desacompanhada dos
26
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
pais ou responsável, sem expressa autorização gligência, maus-tratos, exploração, abuso, cruel-
judicial. dade e opressão;
§ 1º A autorização não será exigida quando: IV – serviço de identificação e localização de
a) tratar-se de comarca contígua à da residência pais, responsável, crianças e adolescentes desa-
da criança, se na mesma unidade da Federação, parecidos;
ou incluída na mesma região metropolitana; V – proteção jurídico-social por entidades de
b) a criança estiver acompanhada: defesa dos direitos da criança e do adolescente;
1) de ascendente ou colateral maior, até o ter- VI – políticas e programas destinados a prevenir
ceiro grau, comprovado documentalmente o pa- ou abreviar o período de afastamento do convívio
rentesco; familiar e a garantir o efetivo exercício do direito
2) de pessoa maior, expressamente autorizada à convivência familiar de crianças e adolescentes;
pelo pai, mãe ou responsável. (Inciso acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
dos pais ou responsável, conceder autorização VII – campanhas de estímulo ao acolhimento
válida por dois anos. sob forma de guarda de crianças e adolescentes
afastados do convívio familiar e à adoção, especi-
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior,
ficamente inter-racial, de crianças maiores ou de
a autorização é dispensável, se a criança ou ado-
adolescentes, com necessidades específicas de
lescente:
saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos.
I – estiver acompanhado de ambos os pais ou
(Inciso acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada
responsável;
no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
II – viajar na companhia de um dos pais, auto-
rizado expressamente pelo outro através de do- Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
cumento com firma reconhecida. I – municipalização do atendimento;
II – criação de conselhos municipais, estaduais
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial,
e nacional dos direitos da criança e do adoles-
nenhuma criança ou adolescente nascido em ter-
cente, órgãos deliberativos e controladores das
ritório nacional poderá sair do País em companhia
ações em todos os níveis, assegurada a participa-
de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.
ção popular paritária por meio de organizações
LIVRO II representativas, segundo leis federal, estaduais
PARTE ESPECIAL e municipais;
TÍTULO I III – criação e manutenção de programas es-
DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO pecíficos, observada a descentralização político-
-administrativa;
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS IV – manutenção de fundos nacional, estaduais
e municipais vinculados aos respectivos conse-
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da
lhos dos direitos da criança e do adolescente;
criança e do adolescente far-se-á através de um
V – integração operacional de órgãos do Judi-
conjunto articulado de ações governamentais e
ciário, Ministério Público, Defensoria, Segurança
não governamentais, da União, dos Estados, do
Pública e Assistência Social, preferencialmente
Distrito Federal e dos Municípios.
em um mesmo local, para efeito de agilização do
Art. 87. São linhas de ação da política de aten- atendimento inicial a adolescente a quem se atri-
dimento: bua autoria de ato infracional;
I – políticas sociais básicas; VI – integração operacional de órgãos do Judi-
II – serviços, programas, projetos e benefícios ciário, Ministério Público, Defensoria, Conselho Tu-
de assistência social de garantia de proteção so- telar e encarregados da execução das políticas so-
cial e de prevenção e redução de violações de di- ciais básicas e de assistência social, para efeito de
reitos, seus agravamentos ou reincidências; (Inciso agilização do atendimento de crianças e de adoles-
com redação dada pela Lei nº 13.257, de 8/3/2016) centes inseridos em programas de acolhimento fa-
III – serviços especiais de prevenção e atendi- miliar ou institucional, com vista na sua rápida re-
mento médico e psicossocial às vítimas de ne- integração à família de origem ou, se tal solução
27
se mostrar comprovadamente inviável, sua colo- VI – liberdade assistida; (Inciso com redação dada
cação em família substituta, em quaisquer das mo- pela Lei nº 12.594, de 18/1/2012, publicada no DOU de
dalidades previstas no art. 28 desta Lei; (Inciso com 19/1/2012, em vigor 90 dias após a publicação)
redação dada pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada VII – semiliberdade; e (Inciso com redação dada
no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) pela Lei nº 12.594, de 18/1/2012, publicada no DOU de
VII – mobilização da opinião pública para a in- 19/1/2012, em vigor 90 dias após a publicação)
dispensável participação dos diversos segmentos VIII – internação. (Inciso com redação dada pela
da sociedade; (Inciso acrescido pela Lei nº 12.010, de Lei nº 12.594, de 18/1/2012, publicada no DOU de 19/1/2012,
em vigor 90 dias após a publicação)
3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias
§ 1º As entidades governamentais e não gover-
após a publicação)
namentais deverão proceder à inscrição de seus
VIII – especialização e formação continuada dos
programas, especificando os regimes de atendi-
profissionais que trabalham nas diferentes áreas
mento, na forma definida neste artigo, no Conse-
da atenção à primeira infância, incluindo os conhe-
lho Municipal dos Direitos da Criança e do Ado-
cimentos sobre direitos da criança e sobre desen-
lescente, o qual manterá registro das inscrições e
volvimento infantil; (Inciso acrescido pela Lei nº 13.257,
de suas alterações, do que fará comunicação ao
de 8/3/2016)
Conselho Tutelar e à autoridade judiciária. (Primi-
IX – formação profissional com abrangência dos
tivo parágrafo único renumerado pela Lei nº 12.010, de
diversos direitos da criança e do adolescente que 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias
favoreça a intersetorialidade no atendimento da após a publicação)
criança e do adolescente e seu desenvolvimento § 2º Os recursos destinados à implementação e
integral; (Inciso acrescido pela Lei nº 13.257, de 8/3/2016) manutenção dos programas relacionados neste
X – realização e divulgação de pesquisas sobre artigo serão previstos nas dotações orçamentá-
desenvolvimento infantil e sobre prevenção da vio- rias dos órgãos públicos encarregados das áreas
lência. (Inciso acrescido pela Lei nº 13.257, de 8/3/2016) de Educação, Saúde e Assistência Social, dentre
Art. 89. A função de membro do Conselho Nacional outros, observando-se o princípio da prioridade
e dos conselhos estaduais e municipais dos direi- absoluta à criança e ao adolescente preconizado
pelo caput do art. 227 da Constituição Federal
tos da criança e do adolescente é considerada de
e pelo caput e parágrafo único do art. 4º desta
interesse público relevante e não será remunerada.
Lei. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009,
CAPÍTULO II publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a
DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO publicação)
Seção I § 3º Os programas em execução serão reava-
Disposições Gerais liados pelo Conselho Municipal dos Direitos da
Criança e do Adolescente, no máximo, a cada
Art. 90. As entidades de atendimento são res-
2 (dois) anos, constituindo-se critérios para reno-
ponsáveis pela manutenção das próprias unida-
vação da autorização de funcionamento: (Parágrafo
des, assim como pelo planejamento e execução
acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no
de programas de proteção e socioeducativos des-
DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
tinados a crianças e adolescentes, em regime de:
I – o efetivo respeito às regras e princípios desta
I – orientação e apoio sociofamiliar; Lei, bem como às resoluções relativas à modali-
II – apoio socioeducativo em meio aberto; dade de atendimento prestado expedidas pelos
III – colocação familiar; Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente,
IV – acolhimento institucional; (Inciso com reda- em todos os níveis;
ção dada pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no II – a qualidade e eficiência do trabalho desen-
DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) volvido, atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo
V – prestação de serviços à comunidade; (Inciso Ministério Público e pela Justiça da Infância e da
com redação dada pela Lei nº 12.594, de 18/1/2012, pu- Juventude;
blicada no DOU de 19/1/2012, em vigor 90 dias após a III – em se tratando de programas de acolhi-
publicação) mento institucional ou familiar, serão considerados
28
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que des de proteção específica. (Parágrafo acrescido pela
abriguem ou recepcionem crianças e adolescen- Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009,
tes, ainda que em caráter temporário, devem ter, em vigor 90 dias após a publicação)
em seus quadros, profissionais capacitados a re-
TÍTULO II
conhecer e reportar ao Conselho Tutelar suspeitas DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
ou ocorrências de maus-tratos. (Artigo acrescido pela
CAPÍTULO I
Lei nº 13.046, de 1º/12/2014)
DISPOSIÇÕES GERAIS
Seção II
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao
Da Fiscalização das Entidades
adolescente são aplicáveis sempre que os direi-
Art. 95. As entidades governamentais e não go- tos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou
vernamentais, referidas no art. 90, serão fiscaliza- violados:
das pelo Judiciário, pelo Ministério Público e pelos I – por ação ou omissão da sociedade ou do
Conselhos Tutelares. Estado;
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações II – por falta, omissão ou abuso dos pais ou res-
de contas serão apresentados ao Estado ou ao ponsável;
Município, conforme a origem das dotações orça- III – em razão de sua conduta.
mentárias. CAPÍTULO II
DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de
atendimento que descumprirem obrigação cons- Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo po-
tante do art. 94, sem prejuízo da responsabilidade derão ser aplicadas isolada ou cumulativamente,
civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos: bem como substituídas a qualquer tempo.
I – às entidades governamentais: Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão
a) advertência; em conta as necessidades pedagógicas, prefe-
b) afastamento provisório de seus dirigentes; rindo-se aquelas que visem ao fortalecimento
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; dos vínculos familiares e comunitários.
d) fechamento de unidade ou interdição de pro- Parágrafo único. São também princípios que
grama; regem a aplicação das medidas: (Caput do parágrafo
II – às entidades não governamentais: único acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada
a) advertência; no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
b) suspensão total ou parcial do repasse de ver- I – condição da criança e do adolescente como
bas públicas; sujeitos de direitos: crianças e adolescentes são
c) interdição de unidades ou suspensão de os titulares dos direitos previstos nesta e em ou-
programa; tras Leis, bem como na Constituição Federal; (In-
d) cassação do registro. ciso acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada
§ 1º Em caso de reiteradas infrações cometidas no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
por entidades de atendimento, que coloquem em II – proteção integral e prioritária: a interpreta-
risco os direitos assegurados nesta Lei, deverá ser ção e aplicação de toda e qualquer norma contida
o fato comunicado ao Ministério Público ou repre- nesta Lei deve ser voltada à proteção integral e prio-
sentado perante autoridade judiciária competente ritária dos direitos de que crianças e adolescen-
para as providências cabíveis, inclusive suspen- tes são titulares; (Inciso acrescido pela Lei nº 12.010, de
são das atividades ou dissolução da entidade. (Pri- 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias
mitivo parágrafo único renumerado pela Lei nº 12.010, de após a publicação)
3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias III – responsabilidade primária e solidária do
após a publicação) poder público: a plena efetivação dos direitos as-
§ 2º As pessoas jurídicas de direito público e as segurados a crianças e a adolescentes por esta Lei
organizações não governamentais responderão e pela Constituição Federal, salvo nos casos por
pelos danos que seus agentes causarem às crian- esta expressamente ressalvados, é de responsa-
ças e aos adolescentes, caracterizado o descum- bilidade primária e solidária das 3 (três) esferas
primento dos princípios norteadores das ativida- de governo, sem prejuízo da municipalização do
31
atendimento e da possibilidade da execução de acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, e com redação
programas por entidades não governamentais; (In- dada pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017)
ciso acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada XI – obrigatoriedade da informação: a criança e
no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) o adolescente, respeitado seu estágio de desen-
IV – interesse superior da criança e do ado- volvimento e capacidade de compreensão, seus
lescente: a intervenção deve atender prioritaria- pais ou responsável devem ser informados dos
mente aos interesses e direitos da criança e do seus direitos, dos motivos que determinaram a
adolescente, sem prejuízo da consideração que for intervenção e da forma como esta se processa; (In-
devida a outros interesses legítimos no âmbito da ciso acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada
pluralidade dos interesses presentes no caso con- no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
creto; (Inciso acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, XII – oitiva obrigatória e participação: a criança e
publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a o adolescente, em separado ou na companhia dos
publicação) pais, de responsável ou de pessoa por si indicada,
V – privacidade: a promoção dos direitos e pro- bem como os seus pais ou responsável, têm direito
teção da criança e do adolescente deve ser efe- a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição
tuada no respeito pela intimidade, direito à ima- da medida de promoção dos direitos e de prote-
gem e reserva da sua vida privada; (Inciso acrescido ção, sendo sua opinião devidamente considerada
pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de pela autoridade judiciária competente, observado
4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta Lei. (In-
VI – intervenção precoce: a intervenção das ciso acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada
autoridades competentes deve ser efetuada logo no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
que a situação de perigo seja conhecida; (Inciso Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses pre-
acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no vistas no art. 98, a autoridade competente poderá
DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
VII – intervenção mínima: a intervenção deve I – encaminhamento aos pais ou responsável,
ser exercida exclusivamente pelas autoridades e mediante termo de responsabilidade;
instituições cuja ação seja indispensável à efetiva II – orientação, apoio e acompanhamento tem-
promoção dos direitos e à proteção da criança e porários;
do adolescente; (Inciso acrescido pela Lei nº 12.010, de III – matrícula e frequência obrigatórias em esta-
3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias belecimento oficial de ensino fundamental;
após a publicação) IV – inclusão em serviços e programas oficiais
VIII – proporcionalidade e atualidade: a inter- ou comunitários de proteção, apoio e promoção
venção deve ser a necessária e adequada à situa- da família, da criança e do adolescente; (Inciso com
ção de perigo em que a criança ou o adolescente redação dada pela Lei nº 13.257, de 8/3/2016)
se encontram no momento em que a decisão é V – requisição de tratamento médico, psicoló-
tomada; (Inciso acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, gico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou am-
publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a bulatorial;
publicação) VI – inclusão em programa oficial ou comunitá-
IX – responsabilidade parental: a intervenção rio de auxílio, orientação e tratamento a alcoóla-
deve ser efetuada de modo que os pais assumam tras e toxicômanos;
os seus deveres para com a criança e o adoles- VII – acolhimento institucional; (Inciso com reda-
cente; (Inciso acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, ção dada pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no
publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
publicação) VIII – inclusão em programa de acolhimento fa-
X – prevalência da família: na promoção de di- miliar; (Inciso com redação dada pela Lei nº 12.010, de
reitos e na proteção da criança e do adolescente 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias
deve ser dada prevalência às medidas que os após a publicação)
mantenham ou reintegrem na sua família natural IX – colocação em família substituta. (Inciso acres-
ou extensa ou, se isso não for possível, que pro- cido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de
movam a sua integração em família adotiva; (Inciso 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
32
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
§ 1º O acolhimento institucional e o acolhi- § 5º O plano individual será elaborado sob a
mento familiar são medidas provisórias e excep- responsabilidade da equipe técnica do respectivo
cionais, utilizáveis como forma de transição para programa de atendimento e levará em considera-
reintegração familiar ou, não sendo esta possí- ção a opinião da criança ou do adolescente e a
vel, para colocação em família substituta, não oitiva dos pais ou do responsável. (Parágrafo acres-
implicando privação de liberdade. (Primitivo pará- cido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de
grafo único renumerado e com nova redação dada pela 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, § 6º Constarão do plano individual, dentre ou-
em vigor 90 dias após a publicação) tros: (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009,
§ 2º Sem prejuízo da tomada de medidas emer- publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a
genciais para proteção de vítimas de violência publicação)
ou abuso sexual e das providências a que alude I – os resultados da avaliação interdisciplinar;
o art. 130 desta Lei, o afastamento da criança ou II – os compromissos assumidos pelos pais ou
adolescente do convívio familiar é de competên- responsável; e
cia exclusiva da autoridade judiciária e importará III – a previsão das atividades a serem desen-
na deflagração, a pedido do Ministério Público volvidas com a criança ou com o adolescente aco-
ou de quem tenha legítimo interesse, de proce- lhido e seus pais ou responsável, com vista na re-
dimento judicial contencioso, no qual se garanta integração familiar ou, caso seja esta vedada por
aos pais ou ao responsável legal o exercício do expressa e fundamentada determinação judicial,
contraditório e da ampla defesa. (Parágrafo acres- as providências a serem tomadas para sua colo-
cido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de cação em família substituta, sob direta supervisão
4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) da autoridade judiciária.
§ 3º Crianças e adolescentes somente poderão § 7º O acolhimento familiar ou institucional
ser encaminhados às instituições que executam ocorrerá no local mais próximo à residência dos
programas de acolhimento institucional, gover- pais ou do responsável e, como parte do processo
namentais ou não, por meio de uma Guia de Aco- de reintegração familiar, sempre que identificada
lhimento, expedida pela autoridade judiciária, na a necessidade, a família de origem será incluída
qual obrigatoriamente constará, dentre outros: em programas oficiais de orientação, de apoio e
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, pu- de promoção social, sendo facilitado e estimu-
blicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a pu- lado o contato com a criança ou com o adoles-
blicação) cente acolhido. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010,
I – sua identificação e a qualificação completa de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90
de seus pais ou de seu responsável, se conhecidos; dias após a publicação)
II – o endereço de residência dos pais ou do res- § 8º Verificada a possibilidade de reintegração
ponsável, com pontos de referência; familiar, o responsável pelo programa de acolhi-
III – os nomes de parentes ou de terceiros inte- mento familiar ou institucional fará imediata co-
ressados em tê-los sob sua guarda; municação à autoridade judiciária, que dará vista
IV – os motivos da retirada ou da não reintegra- ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias,
ção ao convívio familiar. decidindo em igual prazo. (Parágrafo acrescido pela
§ 4º Imediatamente após o acolhimento da Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009,
criança ou do adolescente, a entidade responsá- em vigor 90 dias após a publicação)
vel pelo programa de acolhimento institucional ou § 9º Em sendo constatada a impossibilidade
familiar elaborará um plano individual de atendi- de reintegração da criança ou do adolescente à
mento, visando à reintegração familiar, ressalvada família de origem, após seu encaminhamento a
a existência de ordem escrita e fundamentada em programas oficiais ou comunitários de orientação,
contrário de autoridade judiciária competente, apoio e promoção social, será enviado relatório
caso em que também deverá contemplar sua co- fundamentado ao Ministério Público, no qual
locação em família substituta, observadas as re- conste a descrição pormenorizada das providên-
gras e princípios desta Lei. (Parágrafo acrescido pela cias tomadas e a expressa recomendação, subs-
Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, crita pelos técnicos da entidade ou responsáveis
em vigor 90 dias após a publicação) pela execução da política municipal de garantia
33
do direito à convivência familiar, para a destitui- Lei nº 8.560, de 29 de dezembro de 1992. (Parágrafo
ção do poder familiar, ou destituição de tutela acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no
ou guarda. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias § 4º Nas hipóteses previstas no § 3º deste artigo,
após a publicação) é dispensável o ajuizamento de ação de investi-
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público gação de paternidade pelo Ministério Público se,
terá o prazo de 15 (quinze) dias para o ingresso após o não comparecimento ou a recusa do su-
com a ação de destituição do poder familiar, salvo posto pai em assumir a paternidade a ele atribuída,
se entender necessária a realização de estudos a criança for encaminhada para adoção. (Parágrafo
complementares ou de outras providências indis- acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU
pensáveis ao ajuizamento da demanda. (Parágrafo de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, e com redação § 5º Os registros e certidões necessários à in-
dada pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017) clusão, a qualquer tempo, do nome do pai no as-
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada sento de nascimento são isentos de multas, custas
comarca ou foro regional, um cadastro contendo e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.
informações atualizadas sobre as crianças e ado- (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.257, de 8/3/2016)
lescentes em regime de acolhimento familiar e § 6º São gratuitas, a qualquer tempo, a averba-
institucional sob sua responsabilidade, com infor- ção requerida do reconhecimento de paternidade
mações pormenorizadas sobre a situação jurídica no assento de nascimento e a certidão correspon-
de cada um, bem como as providências tomadas dente. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.257, de 8/3/2016)
para sua reintegração familiar ou colocação em
TÍTULO III
família substituta, em qualquer das modalidades DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL
previstas no art. 28 desta Lei. (Parágrafo acrescido
CAPÍTULO I
pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de
DISPOSIÇÕES GERAIS
4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Pú- Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta
blico, o Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assis- descrita como crime ou contravenção penal.
tência Social e os Conselhos Municipais dos Direi- Art. 104. São penalmente inimputáveis os meno-
tos da Criança e do Adolescente e da Assistência res de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas
Social, aos quais incumbe deliberar sobre a im- nesta Lei.
plementação de políticas públicas que permitam Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve
reduzir o número de crianças e adolescentes afas- ser considerada a idade do adolescente à data do
tados do convívio familiar e abreviar o período de fato.
permanência em programa de acolhimento. (Pará-
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança
grafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada
corresponderão as medidas previstas no art. 101.
no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
CAPÍTULO II
Art. 102. As medidas de proteção de que trata DOS DIREITOS INDIVIDUAIS
este Capítulo serão acompanhadas da regulariza-
ção do registro civil. Art. 106. Nenhum adolescente será privado de
§ 1º Verificada a inexistência de registro ante- sua liberdade senão em flagrante de ato infracio-
rior, o assento de nascimento da criança ou ado- nal ou por ordem escrita e fundamentada da au-
lescente será feito à vista dos elementos disponí- toridade judiciária competente.
veis, mediante requisição da autoridade judiciária. Parágrafo único. O adolescente tem direito à
§ 2º Os registros e certidões necessárias à regu- identificação dos responsáveis pela sua apreensão,
larização de que trata este artigo são isentos de devendo ser informado acerca de seus direitos.
multas, custas e emolumentos, gozando de abso- Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e
luta prioridade. o local onde se encontra recolhido serão inconti-
§ 3º Caso ainda não definida a paternidade, nenti comunicados à autoridade judiciária com-
será deflagrado procedimento específico desti- petente e à família do apreendido ou à pessoa por
nado à sua averiguação, conforme previsto pela ele indicada.
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LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e § 1º A medida aplicada ao adolescente levará
sob pena de responsabilidade, a possibilidade de em conta a sua capacidade de cumpri-la, as cir-
liberação imediata. cunstâncias e a gravidade da infração.
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum,
ser determinada pelo prazo máximo de quarenta será admitida a prestação de trabalho forçado.
e cinco dias. § 3º Os adolescentes portadores de doença ou
Parágrafo único. A decisão deverá ser funda- deficiência mental receberão tratamento indivi-
mentada e basear-se em indícios suficientes de dual e especializado, em local adequado às suas
autoria e materialidade, demonstrada a necessi- condições.
dade imperiosa da medida. Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos
Art. 109. O adolescente civilmente identificado arts. 99 e 100.
não será submetido a identificação compulsó- Art. 114. A imposição das medidas previstas nos
ria pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, incisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de
salvo para efeito de confrontação, havendo dú- provas suficientes da autoria e da materialidade
vida fundada. da infração, ressalvada a hipótese de remissão,
CAPÍTULO III nos termos do art. 127.
DAS GARANTIAS PROCESSUAIS Parágrafo único. A advertência poderá ser apli-
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de cada sempre que houver prova da materialidade
sua liberdade sem o devido processo legal. e indícios suficientes da autoria.
CAPÍTULO IV Seção IV
DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS Da Prestação de Serviços à Comunidade
Seção I Art. 117. A prestação de serviços comunitários
Disposições Gerais consiste na realização de tarefas gratuitas de inte-
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a resse geral, por período não excedente a seis meses,
autoridade competente poderá aplicar ao adoles- junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas
cente as seguintes medidas: e outros estabelecimentos congêneres, bem como
I – advertência; em programas comunitários ou governamentais.
II – obrigação de reparar o dano; Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas con-
III – prestação de serviços à comunidade; forme as aptidões do adolescente, devendo ser
IV – liberdade assistida; cumpridas durante jornada máxima de oito horas
V – inserção em regime de semiliberdade; semanais, aos sábados, domingos e feriados ou
VI – internação em estabelecimento educacional; em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequên-
VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. cia à escola ou à jornada normal de trabalho.
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Seção V § 2º A medida não comporta prazo determi-
Da Liberdade Assistida nado, devendo sua manutenção ser reavaliada,
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre mediante decisão fundamentada, no máximo a
que se afigurar a medida mais adequada para o fim cada seis meses.
de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. § 3º Em nenhuma hipótese o período máximo
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada de internação excederá a três anos.
para acompanhar o caso, a qual poderá ser recomen- § 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo
dada por entidade ou programa de atendimento. anterior, o adolescente deverá ser liberado, colo-
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo cado em regime de semiliberdade ou de liberdade
mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo assistida.
ser prorrogada, revogada ou substituída por outra § 5º A liberação será compulsória aos vinte e um
medida, ouvido o orientador, o Ministério Público anos de idade.
e o defensor. § 6º Em qualquer hipótese a desinternação será
precedida de autorização judicial, ouvido o Minis-
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a tério Público.
supervisão da autoridade competente, a realiza- § 7º A determinação judicial mencionada no § 1º
ção dos seguintes encargos, entre outros: poderá ser revista a qualquer tempo pela autori-
I – promover socialmente o adolescente e sua dade judiciária. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.594,
família, fornecendo-lhes orientação e inserindo- de 18/1/2012, publicada no DOU de 19/1/2012, em vigor
-os, se necessário, em programa oficial ou comu- 90 dias após a publicação)
nitário de auxílio e assistência social;
II – supervisionar a frequência e o aproveita- Art. 122. A medida de internação só poderá ser
mento escolar do adolescente, promovendo, in- aplicada quando:
clusive, sua matrícula; I – tratar-se de ato infracional cometido me-
III – diligenciar no sentido da profissionalização diante grave ameaça ou violência a pessoa;
do adolescente e de sua inserção no mercado de II – por reiteração no cometimento de outras
trabalho; infrações graves;
III – por descumprimento reiterado e injustificá-
IV – apresentar relatório do caso.
vel da medida anteriormente imposta.
Seção VI § 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III
Do Regime de Semiliberdade deste artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses,
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser de- devendo ser decretada judicialmente após o de-
terminado desde o início, ou como forma de tran- vido processo legal. (Parágrafo com redação dada pela
sição para o meio aberto, possibilitada a realiza- Lei nº 12.594, de 18/1/2012, publicada no DOU de 19/1/2012,
ção de atividades externas, independentemente em vigor 90 dias após a publicação)
de autorização judicial. § 2º Em nenhuma hipótese será aplicada a inter-
§ 1º É obrigatória a escolarização e a profissio- nação, havendo outra medida adequada.
nalização, devendo, sempre que possível, ser utili- Art. 123. A internação deverá ser cumprida em
zados os recursos existentes na comunidade. entidade exclusiva para adolescentes, em local
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida
aplicando-se, no que couber, as disposições rela- rigorosa separação por critérios de idade, com-
tivas à internação. pleição física e gravidade da infração.
Seção VII Parágrafo único. Durante o período de interna-
Da Internação ção, inclusive provisória, serão obrigatórias ativi-
Art. 121. A internação constitui medida privativa dades pedagógicas.
da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, Art. 124. São direitos do adolescente privado de
excepcionalidade e respeito à condição peculiar liberdade, entre outros, os seguintes:
de pessoa em desenvolvimento. I – entrevistar-se pessoalmente com o represen-
§ 1º Será permitida a realização de atividades tante do Ministério Público;
externas, a critério da equipe técnica da entidade, II – peticionar diretamente a qualquer autori-
salvo expressa determinação judicial em contrário. dade;
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III – avistar-se reservadamente com seu de- Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a
fensor; concessão da remissão pela autoridade judiciária
IV – ser informado de sua situação processual, importará na suspensão ou extinção do processo.
sempre que solicitada; Art. 127. A remissão não implica necessariamente
V – ser tratado com respeito e dignidade; o reconhecimento ou comprovação da responsa-
VI – permanecer internado na mesma locali- bilidade, nem prevalece para efeito de anteceden-
dade ou naquela mais próxima ao domicílio de tes, podendo incluir eventualmente a aplicação de
seus pais ou responsável; qualquer das medidas previstas em lei, exceto a
VII – receber visitas, ao menos semanalmente; colocação em regime de semiliberdade e a inter-
VIII – corresponder-se com seus familiares e nação.
amigos;
Art. 128. A medida aplicada por força da remis-
IX – ter acesso aos objetos necessários à higiene
são poderá ser revista judicialmente, a qualquer
e asseio pessoal;
tempo, mediante pedido expresso do adolescente
X – habitar alojamento em condições adequa-
ou de seu representante legal, ou do Ministério
das de higiene e salubridade;
Público.
XI – receber escolarização e profissionalização;
XII – realizar atividades culturais, esportivas e TÍTULO IV
de lazer; DAS MEDIDAS PERTINENTES AOS
PAIS OU RESPONSÁVEL
XIII – ter acesso aos meios de comunicação so-
cial; Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou res-
XIV – receber assistência religiosa, segundo a ponsável:
sua crença, e desde que assim o deseje; I – encaminhamento a serviços e programas
XV – manter a posse de seus objetos pessoais e oficiais ou comunitários de proteção, apoio e
dispor de local seguro para guardá-los, recebendo promoção da família; (Inciso com redação dada pela
comprovante daqueles porventura depositados Lei nº 13.257, de 8/3/2016)
em poder da entidade; II – inclusão em programa oficial ou comunitá-
XVI – receber, quando de sua desinternação, os rio de auxílio, orientação e tratamento a alcoóla-
documentos pessoais indispensáveis à vida em tras e toxicômanos;
sociedade. III – encaminhamento a tratamento psicológico
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabili- ou psiquiátrico;
dade. IV – encaminhamento a cursos ou programas
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender de orientação;
temporariamente a visita, inclusive de pais ou res- V – obrigação de matricular o filho ou pupilo
ponsável, se existirem motivos sérios e fundados e acompanhar sua frequência e aproveitamento
de sua prejudicialidade aos interesses do adoles- escolar;
cente. VI – obrigação de encaminhar a criança ou ado-
lescente a tratamento especializado;
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade
VII – advertência;
física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar
VIII – perda da guarda;
as medidas adequadas de contenção e segurança. IX – destituição da tutela;
CAPÍTULO V X – suspensão ou destituição do poder familiar.
DA REMISSÃO (Expressão “pátrio poder” substituída por “poder fami-
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento ju- liar” pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de
dicial para apuração de ato infracional, o repre- 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
sentante do Ministério Público poderá conceder Parágrafo único. Na aplicação das medidas pre-
a remissão, como forma de exclusão do processo, vistas nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á
atendendo às circunstâncias e consequências do o disposto nos arts. 23 e 24.
fato, ao contexto social, bem como à personali- Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos,
dade do adolescente e sua maior ou menor parti- opressão ou abuso sexual impostos pelos pais
cipação no ato infracional. ou responsável, a autoridade judiciária poderá
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determinar, como medida cautelar, o afastamento selho Tutelar e à remuneração e formação conti-
do agressor da moradia comum. nuada dos conselheiros tutelares. (Parágrafo único
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, com redação dada pela Lei nº 12.696, de 25/7/2012)
ainda, a fixação provisória dos alimentos de que
Art. 135. O exercício efetivo da função de conse-
necessitem a criança ou o adolescente depen-
lheiro constituirá serviço público relevante e esta-
dentes do agressor. (Parágrafo único acrescido pela
belecerá presunção de idoneidade moral. (Artigo
Lei nº 12.415, de 9/6/2011)
com redação dada pela Lei nº 12.696, de 25/7/2012)
TÍTULO V
DO CONSELHO TUTELAR CAPÍTULO II
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO
CAPÍTULO I
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
DISPOSIÇÕES GERAIS
I – atender as crianças e adolescentes nas hi-
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente póteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as
e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela medidas previstas no art. 101, I a VII;
sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos II – atender e aconselhar os pais ou responsável,
da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.
aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
Art. 132. Em cada Município e em cada Região Ad- III – promover a execução de suas decisões, po-
ministrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, dendo para tanto:
1 (um) Conselho Tutelar como órgão integrante da a) requisitar serviços públicos nas áreas de
administração pública local, composto de 5 (cinco) saúde, educação, serviço social, previdência, tra-
membros, escolhidos pela população local para balho e segurança;
mandato de 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) re- b) representar junto à autoridade judiciária nos
condução, mediante novo processo de escolha. (Ar- casos de descumprimento injustificado de suas
tigo com redação dada pela Lei nº 12.696, de 25/7/2012) deliberações;
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conse- IV – encaminhar ao Ministério Público notícia
lho Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos: de fato que constitua infração administrativa ou
I – reconhecida idoneidade moral; penal contra os direitos da criança ou adolescente;
II – idade superior a vinte e um anos; V – encaminhar à autoridade judiciária os casos
III – residir no município. de sua competência;
VI – providenciar a medida estabelecida pela au-
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre
toridade judiciária, dentre as previstas no art. 101,
o local, dia e horário de funcionamento do Conse-
lho Tutelar, inclusive quanto à remuneração dos de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional;
respectivos membros, aos quais é assegurado VII – expedir notificações;
o direito a: (Caput do artigo com redação dada pela VIII – requisitar certidões de nascimento e de
Lei nº 12.696, de 25/7/2012) óbito de criança ou adolescente quando neces-
I – cobertura previdenciária; (Inciso acrescido pela sário;
Lei nº 12.696, de 25/7/2012) IX – assessorar o Poder Executivo local na elabo-
II – gozo de férias anuais remuneradas, acres- ração da proposta orçamentária para planos e pro-
cidas de 1/3 (um terço) do valor da remunera- gramas de atendimento dos direitos da criança e
ção mensal; (Inciso acrescido pela Lei nº 12.696, de do adolescente;
25/7/2012) X – representar, em nome da pessoa e da família,
III – licença-maternidade; (Inciso acrescido pela contra a violação dos direitos previstos no art. 220,
Lei nº 12.696, de 25/7/2012) § 3º, inciso II da Constituição Federal;
IV – licença-paternidade; (Inciso acrescido pela XI – representar ao Ministério Público para efei-
Lei nº 12.696, de 25/7/2012) to das ações de perda ou suspensão do poder
V – gratificação natalina. (Inciso acrescido pela familiar, após esgotadas as possibilidades de
Lei nº 12.696, de 25/7/2012) manutenção da criança ou do adolescente junto
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária à família natural; (Inciso com redação dada pela Lei
municipal e da do Distrito Federal previsão dos nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009,
recursos necessários ao funcionamento do Con- em vigor 90 dias após a publicação)
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Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos IV – conhecer de ações civis fundadas em inte-
a que se refere o artigo anterior somente será de- resses individuais, difusos ou coletivos afetos à
ferida pela autoridade judiciária competente, se criança e ao adolescente, observado o disposto
demonstrado o interesse e justificada a finalidade. no art. 209;
V – conhecer de ações decorrentes de irregula-
CAPÍTULO II
DA JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE ridades em entidades de atendimento, aplicando
as medidas cabíveis;
Seção I VI – aplicar penalidades administrativas nos
Disposições Gerais
casos de infrações contra norma de proteção a
Art. 145. Os Estados e o Distrito Federal poderão criança ou adolescentes;
criar varas especializadas e exclusivas da infância VII – conhecer de casos encaminhados pelo
e da juventude, cabendo ao Poder Judiciário esta- Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.
belecer sua proporcionalidade por número de ha- Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou
bitantes, dotá-las de infraestrutura e dispor sobre adolescente nas hipóteses do art. 98, é também
o atendimento, inclusive em plantões. competente a Justiça da Infância e da Juventude
Seção II para o fim de:
Do Juiz a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
b) conhecer de ações de destituição do poder fa-
Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é
miliar, perda ou modificação da tutela ou guarda;
o Juiz da Infância e da Juventude, ou o Juiz que
(Expressão “pátrio poder” substituída por “poder fami-
exerce essa função, na forma da Lei de Organiza-
liar” pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de
ção Judiciária local.
4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
Art. 147. A competência será determinada: c) suprir a capacidade ou o consentimento para
I – pelo domicílio dos pais ou responsável; o casamento;
II – pelo lugar onde se encontre a criança ou d) conhecer de pedidos baseados em discor-
adolescente, à falta dos pais ou responsável. dância paterna ou materna, em relação ao exercí-
§ 1º Nos casos de ato infracional, será competente cio do poder familiar; (Expressão “pátrio poder” subs-
a autoridade do lugar da ação ou omissão, observa- tituída por “poder familiar” pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009,
das as regras de conexão, continência e prevenção. publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a
§ 2º A execução das medidas poderá ser dele- publicação)
gada à autoridade competente da residência dos e) conceder a emancipação, nos termos da lei
pais ou responsável, ou do local onde sediar-se civil, quando faltarem os pais;
a entidade que abrigar a criança ou adolescente. f) designar curador especial em casos de apre-
§ 3º Em caso de infração cometida através de sentação de queixa ou representação, ou de ou-
transmissão simultânea de rádio ou televisão, que tros procedimentos judiciais ou extrajudiciais em
atinja mais de uma comarca, será competente, que haja interesses de criança ou adolescente;
para aplicação da penalidade, a autoridade judi- g) conhecer de ações de alimentos;
ciária do local da sede estadual da emissora ou h) determinar o cancelamento, a retificação e o
rede, tendo a sentença eficácia para todas as trans- suprimento dos registros de nascimento e óbito.
missoras ou retransmissoras do respectivo Estado.
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disci-
Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é plinar, através de portaria, ou autorizar, mediante
competente para: alvará:
I – conhecer de representações promovidas I – a entrada e permanência de criança ou ado-
pelo Ministério Público, para apuração de ato in- lescente, desacompanhado dos pais ou responsá-
fracional atribuído a adolescente, aplicando as vel, em:
medidas cabíveis; a) estádio, ginásio e campo desportivo;
II – conceder a remissão, como forma de sus- b) bailes ou promoções dançantes;
pensão ou extinção do processo; c) boate ou congêneres;
III – conhecer de pedidos de adoção e seus in- d) casa que explore comercialmente diversões
cidentes; eletrônicas;
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LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
de 2015 (Código de Processo Civil). (Parágrafo único Art. 156. A petição inicial indicará:
acrescido pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017) I – a autoridade judiciária a que for dirigida;
41
II – o nome, o estado civil, a profissão e a resi- ção, na hora que designar, nos termos do art. 252
dência do requerente e do requerido, dispensada e seguintes da Lei nº 13.105, de 16 de março de
a qualificação em se tratando de pedido formu- 2015 (Código de Processo Civil). (Parágrafo acrescido
lado por representante do Ministério Público; pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017)
III – a exposição sumária do fato e o pedido; § 4º Na hipótese de os genitores encontrarem-
IV – as provas que serão produzidas, oferecendo, -se em local incerto ou não sabido, serão citados
desde logo, o rol de testemunhas e documentos. por edital no prazo de 10 (dez) dias, em publica-
ção única, dispensado o envio de ofícios para a
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a auto-
localização. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.509, de
ridade judiciária, ouvido o Ministério Público, de-
22/11/2017)
cretar a suspensão do poder familiar, liminar ou
incidentalmente, até o julgamento definitivo da Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade
causa, ficando a criança ou adolescente confiado de constituir advogado, sem prejuízo do próprio
a pessoa idônea, mediante termo de responsabi- sustento e de sua família, poderá requerer, em
lidade. (Expressão “pátrio poder” substituída por “poder cartório, que lhe seja nomeado dativo, ao qual in-
familiar” pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no cumbirá a apresentação de resposta, contando-se
DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) o prazo a partir da intimação do despacho de no-
§ 1º Recebida a petição inicial, a autoridade judi- meação.
ciária determinará, concomitantemente ao despa- Parágrafo único. Na hipótese de requerido pri-
cho de citação e independentemente de requeri- vado de liberdade, o oficial de justiça deverá per-
mento do interessado, a realização de estudo social guntar, no momento da citação pessoal, se deseja
ou perícia por equipe interprofissional ou multidis- que lhe seja nomeado defensor. (Parágrafo único
ciplinar para comprovar a presença de uma das cau- acrescido pela Lei nº 12.962, de 8/4/2014)
sas de suspensão ou destituição do poder familiar, Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciá-
ressalvado o disposto no § 10 do art. 101 desta Lei, ria requisitará de qualquer repartição ou órgão pú-
e observada a Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017. blico a apresentação de documento que interesse
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017) à causa, de ofício ou a requerimento das partes ou
§ 2º Em sendo os pais oriundos de comunidades do Ministério Público.
indígenas, é ainda obrigatória a intervenção, junto
Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver
à equipe interprofissional ou multidisciplinar re-
sido concluído o estudo social ou a perícia rea-
ferida no § 1º deste artigo, de representantes do
lizada por equipe interprofissional ou multidis-
órgão federal responsável pela política indigenista,
ciplinar, a autoridade judiciária dará vista dos
observado o disposto no § 6º do art. 28 desta Lei.
autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias,
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017)
salvo quando este for o requerente, e decidirá em
Art. 158. O requerido será citado para, no prazo igual prazo. (Caput do artigo com redação dada pela
de dez dias, oferecer resposta escrita, indicando Lei nº 13.509, de 22/11/2017)
as provas a serem produzidas e oferecendo desde § 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a re-
logo o rol de testemunhas e documentos. querimento das partes ou do Ministério Público,
§ 1º A citação será pessoal, salvo se esgotados determinará a oitiva de testemunhas que compro-
todos os meios para sua realização. (Primitivo pa- vem a presença de uma das causas de suspensão
rágrafo único renumerado e com redação dada pela ou destituição do poder familiar previstas nos
Lei nº 12.962, de 8/4/2014) arts. 1.637 e 1.638 da Lei nº 10.406, de 10 de ja-
§ 2º O requerido privado de liberdade deverá neiro de 2002 (Código Civil), ou no art. 24 desta
ser citado pessoalmente. (Parágrafo acrescido pela Lei. (Parágrafo com redação dada pela Lei nº 13.509, de
Lei nº 12.962, de 8/4/2014) 22/11/2017)
§ 3º Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de jus- § 2º (Revogado pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017)
tiça houver procurado o citando em seu domicílio § 3º Se o pedido importar em modificação de
ou residência sem o encontrar, deverá, havendo guarda, será obrigatória, desde que possível e ra-
suspeita de ocultação, informar qualquer pessoa zoável, a oitiva da criança ou adolescente, respei-
da família ou, em sua falta, qualquer vizinho do tado seu estágio de desenvolvimento e grau de
dia útil em que voltará a fim de efetuar a cita- compreensão sobre as implicações da medida. (Pa-
42
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
manutenção do poder familiar, dirigir esforços de 3/8/2009, e caput do parágrafo com redação dada pela
43
II – declarará a extinção do poder familiar. (Inciso mediante termo de responsabilidade. (Parágrafo
acrescido pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017) único acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada
§ 2º O consentimento dos titulares do poder no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
familiar será precedido de orientações e esclare-
Art. 168. Apresentado o relatório social ou o
cimentos prestados pela equipe interprofissional
laudo pericial, e ouvida, sempre que possível, a
da Justiça da Infância e da Juventude, em espe-
criança ou o adolescente, dar-se-á vista dos autos
cial, no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade
ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias, de-
da medida. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de
cidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias
após a publicação) Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da
§ 3º São garantidos a livre manifestação de tutela, a perda ou a suspensão do poder familiar
vontade dos detentores do poder familiar e o di- constituir pressuposto lógico da medida princi-
reito ao sigilo das informações. (Parágrafo acrescido pal de colocação em família substituta, será ob-
pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, e com redação dada pela servado o procedimento contraditório previsto
Lei nº 13.509, de 22/11/2017) nas seções II e III deste Capítulo. (Expressão “pátrio
§ 4º O consentimento prestado por escrito não poder” substituída por “poder familiar” pela Lei nº 12.010,
terá validade se não for ratificado na audiência a de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor
que se refere o § 1º deste artigo. (Parágrafo acrescido 90 dias após a publicação)
pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, e com redação dada pela Parágrafo único. A perda ou a modificação da
Lei nº 13.509, de 22/11/2017) guarda poderá ser decretada nos mesmos autos
§ 5º O consentimento é retratável até a data da do procedimento, observado o disposto no art. 35.
realização da audiência especificada no § 1º deste
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-
artigo, e os pais podem exercer o arrependimento
no prazo de 10 (dez) dias, contado da data de pro- -se-á o disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o
lação da sentença de extinção do poder familiar. contido no art. 47.
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, e com Parágrafo único. A colocação de criança ou ado-
redação dada pela Lei nº 13.509, de 22/11/2017) lescente sob a guarda de pessoa inscrita em pro-
§ 6º O consentimento somente terá valor se grama de acolhimento familiar será comunicada
for dado após o nascimento da criança. (Parágrafo pela autoridade judiciária à entidade por este res-
acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no ponsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Pa-
DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) rágrafo único acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009,
§ 7º A família natural e a família substituta recebe- publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a
rão a devida orientação por intermédio de equipe publicação)
técnica interprofissional a serviço da Justiça da Seção V
Infância e da Juventude, preferencialmente com Da Apuração de Ato Infracional
apoio dos técnicos responsáveis pela execução da Atribuído a Adolescente
política municipal de garantia do direito à convi-
Art. 171. O adolescente apreendido por força de
vência familiar. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010,
de 3/8/2009, e com redação dada pela Lei nº 13.509, de
ordem judicial será, desde logo, encaminhado à
22/11/2017) autoridade judiciária.
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante
requerimento das partes ou do Ministério Público, de ato infracional será, desde logo, encaminhado
determinará a realização de estudo social ou, se à autoridade policial competente.
possível, perícia por equipe interprofissional, de- Parágrafo único. Havendo repartição policial
cidindo sobre a concessão de guarda provisória, especializada para atendimento de adolescente
bem como, no caso de adoção, sobre o estágio de e em se tratando de ato infracional praticado em
convivência. coautoria com maior, prevalecerá a atribuição da
Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda repartição especializada, que, após as providên-
provisória ou do estágio de convivência, a criança cias necessárias e conforme o caso, encaminhará
ou o adolescente será entregue ao interessado, o adulto à repartição policial própria.
44
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional caminhará ao representante do Ministério Público
cometido mediante violência ou grave ameaça a relatório das investigações e demais documentos.
pessoa, a autoridade policial, sem prejuízo do dis- Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria
posto nos arts. 106, parágrafo único e 107, deverá: de ato infracional não poderá ser conduzido ou
I – lavrar auto de apreensão, ouvidos as teste- transportado em compartimento fechado de veí-
munhas e o adolescente; culo policial, em condições atentatórias à sua dig-
II – apreender o produto e os instrumentos da nidade, ou que impliquem risco à sua integridade
infração; física ou mental, sob pena de responsabilidade.
III – requisitar os exames ou perícias necessá-
Art. 179. Apresentado o adolescente, o repre-
rios à comprovação da materialidade e autoria da
sentante do Ministério Público, no mesmo dia e à
infração.
vista do auto de apreensão, boletim de ocorrência
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de fla-
ou relatório policial, devidamente autuados pelo
grante, a lavratura do auto poderá ser substituída
cartório judicial e com informação sobre os ante-
por boletim de ocorrência circunstanciada.
cedentes do adolescente, procederá imediata e in-
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou formalmente à sua oitiva e, em sendo possível, de
responsável, o adolescente será prontamente seus pais ou responsável, vítima e testemunhas.
liberado pela autoridade policial, sob termo de Parágrafo único. Em caso de não apresentação,
compromisso e responsabilidade de sua apre- o representante do Ministério Público notificará os
sentação ao representante do Ministério Público, pais ou responsável para apresentação do adoles-
no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro cente, podendo requisitar o concurso das Polícias
dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade Civil e Militar.
do ato infracional e sua repercussão social, deva o
Art. 180. Adotadas as providências a que alude
adolescente permanecer sob internação para ga-
o artigo anterior, o representante do Ministério
rantia de sua segurança pessoal ou manutenção
Público poderá:
da ordem pública.
I – promover o arquivamento dos autos;
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade II – conceder a remissão;
policial encaminhará, desde logo, o adolescente III – representar à autoridade judiciária para
ao representante do Ministério Público, junta- aplicação de medida socioeducativa.
mente com cópia do auto de apreensão ou bole-
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou
tim de ocorrência.
concedida a remissão pelo representante do Minis-
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata,
tério Público, mediante termo fundamentado, que
a autoridade policial encaminhará o adolescente
conterá o resumo dos fatos, os autos serão con-
a entidade de atendimento, que fará a apresen-
clusos à autoridade judiciária para homologação.
tação ao representante do Ministério Público no
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remis-
prazo de vinte e quatro horas.
são, a autoridade judiciária determinará, con-
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade
forme o caso, o cumprimento da medida.
de atendimento, a apresentação far-se-á pela au-
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará
toridade policial. À falta de repartição policial es-
remessa dos autos ao Procurador-Geral de Justiça,
pecializada, o adolescente aguardará a apresen-
mediante despacho fundamentado, e este ofere-
tação em dependência separada da destinada a
cerá representação, designará outro membro do
maiores, não podendo, em qualquer hipótese, ex-
Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará
ceder o prazo referido no parágrafo anterior.
o arquivamento ou a remissão, que só então es-
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autori- tará a autoridade judiciária obrigada a homologar.
dade policial encaminhará imediatamente ao re-
Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante
presentante do Ministério Público cópia do auto
do Ministério Público não promover o arquiva-
de apreensão ou boletim de ocorrência. mento ou conceder a remissão, oferecerá represen-
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, tação à autoridade judiciária, propondo a instau-
houver indícios de participação de adolescente na ração de procedimento para aplicação da medida
prática de ato infracional, a autoridade policial en- socioeducativa que se afigurar a mais adequada.
45
§ 1º A representação será oferecida por petição, § 1º Se a autoridade judiciária entender ade-
que conterá o breve resumo dos fatos e a classifi- quada a remissão, ouvirá o representante do Mi-
cação do ato infracional e, quando necessário, o nistério Público, proferindo decisão.
rol de testemunhas, podendo ser deduzida oral- § 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação
mente, em sessão diária instalada pela autoridade de medida de internação ou colocação em re-
judiciária. gime de semiliberdade, a autoridade judiciária,
§ 2º A representação independe de prova pré- verificando que o adolescente não possui advo-
-constituída da autoria e materialidade. gado constituído, nomeará defensor, designando,
desde logo, audiência em continuação, podendo
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para
determinar a realização de diligências e estudo
a conclusão do procedimento, estando o adoles-
do caso.
cente internado provisoriamente, será de qua-
§ 3º O advogado constituído ou o defensor no-
renta e cinco dias.
meado, no prazo de três dias contado da audiên-
Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade cia de apresentação, oferecerá defesa prévia e rol
judiciária designará audiência de apresentação de testemunhas.
do adolescente, decidindo, desde logo, sobre a § 4º Na audiência em continuação, ouvidas as
decretação ou manutenção da internação, obser- testemunhas arroladas na representação e na de-
vado o disposto no art. 108 e parágrafo. fesa prévia, cumpridas as diligências e juntado o
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável relatório da equipe interprofissional, será dada a
serão cientificados do teor da representação, e palavra ao representante do Ministério Público e
notificados a comparecer à audiência, acompa- ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte
nhados de advogado. minutos para cada um, prorrogável por mais dez,
§ 2º Se os pais ou responsável não forem locali- a critério da autoridade judiciária, que em seguida
zados, a autoridade judiciária dará curador espe- proferirá decisão.
cial ao adolescente. Art. 187. Se o adolescente, devidamente notifi-
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a au- cado, não comparecer, injustificadamente, à au-
toridade judiciária expedirá mandado de busca diência de apresentação, a autoridade judiciária
e apreensão, determinando o sobrestamento do designará nova data, determinando sua condução
feito, até a efetiva apresentação. coercitiva.
§ 4º Estando o adolescente internado, será re-
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou
quisitada a sua apresentação, sem prejuízo da no-
suspensão do processo, poderá ser aplicada em
tificação dos pais ou responsável.
qualquer fase do procedimento, antes da sentença.
Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qual-
autoridade judiciária, não poderá ser cumprida quer medida, desde que reconheça na sentença:
em estabelecimento prisional. I – estar provada a inexistência do fato;
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as ca- II – não haver prova da existência do fato;
racterísticas definidas no art. 123, o adolescente III – não constituir o fato ato infracional;
deverá ser imediatamente transferido para a loca- IV – não existir prova de ter o adolescente con-
lidade mais próxima. corrido para o ato infracional.
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, es-
adolescente aguardará sua remoção em reparti- tando o adolescente internado, será imediata-
ção policial, desde que em Seção isolada dos adul- mente colocado em liberdade.
tos e com instalações apropriadas, não podendo
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar me-
ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, sob
dida de internação ou regime de semiliberdade
pena de responsabilidade.
será feita:
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais I – ao adolescente e ao seu defensor;
ou responsável, a autoridade judiciária procederá II – quando não for encontrado o adolescente,
à oitiva dos mesmos, podendo solicitar opinião de a seus pais ou responsável, sem prejuízo do de-
profissional qualificado. fensor.
46
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intima- § 3º A infiltração de agentes de polícia na inter-
ção far-se-á unicamente na pessoa do defensor. net não será admitida se a prova puder ser obtida
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do ado- por outros meios.
lescente, deverá este manifestar se deseja ou não
Art. 190-B. As informações da operação de infil-
recorrer da sentença.
tração serão encaminhadas diretamente ao juiz
Seção V-A responsável pela autorização da medida, que ze-
Da Infiltração de Agentes de Polícia para a lará por seu sigilo. (Artigo acrescido pela Lei nº 13.441,
Investigação de Crimes contra a Dignidade
de 8/5/2017)
Sexual de Criança e de Adolescente
Parágrafo único. Antes da conclusão da ope-
(Seção acrescida pela Lei nº 13.441, de 8/5/2017)
ração, o acesso aos autos será reservado ao juiz,
Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na
ao Ministério Público e ao delegado de polícia
internet com o fim de investigar os crimes previs-
responsável pela operação, com o objetivo de ga-
tos nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D
rantir o sigilo das investigações.
desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e
218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro Art. 190-C. Não comete crime o policial que
de 1940 (Código Penal), obedecerá às seguintes oculta a sua identidade para, por meio da inter-
regras: (Artigo acrescido pela Lei nº 13.441, de 8/5/2017) net, colher indícios de autoria e materialidade dos
I – será precedida de autorização judicial devi- crimes previstos nos arts. 240, 241, 241-A, 241-B,
damente circunstanciada e fundamentada, que 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A, 217-A,
estabelecerá os limites da infiltração para obten- 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
ção de prova, ouvido o Ministério Público; dezembro de 1940 (Código Penal). (Artigo acrescido
II – dar-se-á mediante requerimento do Minis- pela Lei nº 13.441, de 8/5/2017)
tério Público ou representação de delegado de Parágrafo único. O agente policial infiltrado que
polícia e conterá a demonstração de sua necessi- deixar de observar a estrita finalidade da investi-
dade, o alcance das tarefas dos policiais, os nomes gação responderá pelos excessos praticados.
ou apelidos das pessoas investigadas e, quando
possível, os dados de conexão ou cadastrais que Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro pú-
permitam a identificação dessas pessoas; blico poderão incluir nos bancos de dados próprios,
III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) mediante procedimento sigiloso e requisição da
dias, sem prejuízo de eventuais renovações, desde autoridade judicial, as informações necessárias
que o total não exceda a 720 (setecentos e vinte) à efetividade da identidade fictícia criada. (Artigo
dias e seja demonstrada sua efetiva necessidade, acrescido pela Lei nº 13.441, de 8/5/2017)
a critério da autoridade judicial. Parágrafo único. O procedimento sigiloso de
§ 1º A autoridade judicial e o Ministério Público que trata esta Seção será numerado e tombado
poderão requisitar relatórios parciais da operação em livro específico.
de infiltração antes do término do prazo de que
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os
trata o inciso II do § 1º deste artigo.
atos eletrônicos praticados durante a operação
§ 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º
deverão ser registrados, gravados, armazenados
deste artigo, consideram-se:
e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público,
I – dados de conexão: informações referentes a
juntamente com relatório circunstanciado. (Artigo
hora, data, início, término, duração, endereço de
acrescido pela Lei nº 13.441, de 8/5/2017)
Protocolo de Internet (IP) utilizado e terminal de
origem da conexão; Parágrafo único. Os atos eletrônicos registra-
II – dados cadastrais: informações referentes a dos citados no caput deste artigo serão reunidos
nome e endereço de assinante ou de usuário re- em autos apartados e apensados ao processo
gistrado ou autenticado para a conexão a quem criminal juntamente com o inquérito policial,
endereço de IP, identificação de usuário ou código assegurando-se a preservação da identidade do
de acesso tenha sido atribuído no momento da agente policial infiltrado e a intimidade das crian-
conexão. ças e dos adolescentes envolvidos.
47
Seção VI § 1º No procedimento iniciado com o auto de
Da Apuração de Irregularidades infração, poderão ser usadas fórmulas impressas,
em Entidade de Atendimento especificando-se a natureza e as circunstâncias
Art. 191. O procedimento de apuração de irre- da infração.
gularidades em entidade governamental e não § 2º Sempre que possível, à verificação da infra-
governamental terá início mediante portaria da ção seguir-se-á a lavratura do auto, certificando-se,
autoridade judiciária ou representação do Minis- em caso contrário, dos motivos do retardamento.
tério Público ou do Conselho Tutelar, onde conste, Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para
necessariamente, resumo dos fatos. apresentação de defesa, contado da data da inti-
Parágrafo único. Havendo motivo grave, po- mação, que será feita:
derá a autoridade judiciária, ouvido o Ministério I – pelo autuante, no próprio auto, quando este
Público, decretar liminarmente o afastamento for lavrado na presença do requerido;
provisório do dirigente da entidade, mediante II – por oficial de justiça ou funcionário legal-
decisão fundamentada.
mente habilitado, que entregará cópia do auto ou
Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, da representação ao requerido, ou a seu represen-
no prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, tante legal, lavrando certidão;
podendo juntar documentos e indicar as provas III – por via postal, com aviso de recebimento,
a produzir. se não for encontrado o requerido ou seu repre-
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo sentante legal;
necessário, a autoridade judiciária designará au- IV – por edital, com prazo de trinta dias, se in-
diência de instrução e julgamento, intimando as certo ou não sabido o paradeiro do requerido ou
partes. de seu representante legal.
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no
e o Ministério Público terão cinco dias para ofere- prazo legal, a autoridade judiciária dará vista dos
cer alegações finais, decidindo a autoridade judi- autos ao Ministério Público, por cinco dias, deci-
ciária em igual prazo. dindo em igual prazo.
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório
Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade ju-
ou definitivo de dirigente de entidade governa-
diciária procederá na conformidade do artigo an-
mental, a autoridade judiciária oficiará à autori-
terior, ou, sendo necessário, designará audiência
dade administrativa imediatamente superior ao
de instrução e julgamento.
afastado, marcando prazo para a substituição.
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-
autoridade judiciária poderá fixar prazo para a re- -se-ão sucessivamente o Ministério Público e o pro-
moção das irregularidades verificadas. Satisfeitas curador do requerido, pelo tempo de vinte minutos
as exigências, o processo será extinto, sem julga- para cada um, prorrogável por mais dez, a crité-
mento de mérito. rio da autoridade judiciária, que em seguida pro-
§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao di- ferirá sentença.
rigente da entidade ou programa de atendimento. Seção VIII
Seção VII Da Habilitação de Pretendentes à Adoção
Da Apuração de Infração (Seção acrescida pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009,
Administrativa às Normas de Proteção publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a
à Criança e ao Adolescente publicação)
Art. 194. O procedimento para imposição de pe- Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domicilia-
nalidade administrativa por infração às normas de dos no Brasil, apresentarão petição inicial na qual
proteção à criança e ao adolescente terá início por conste: (Artigo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009,
representação do Ministério Público, ou do Con- publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a
selho Tutelar, ou auto de infração elaborado por publicação)
servidor efetivo ou voluntário credenciado, e assi- I – qualificação completa;
nado por duas testemunhas, se possível. II – dados familiares;
48
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
tes, que deverão comunicar o fato aos portos, concederá a tutela específica da obrigação ou
aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de determinará providências que assegurem o re-
transporte interestaduais e internacionais, forne- sultado prático equivalente ao do adimplemento.
cendo-lhes todos os dados necessários à identi- § 1º Sendo relevante o fundamento da demanda
ficação do desaparecido. (Parágrafo acrescido pela e havendo justificado receio de ineficácia do provi-
Lei nº 11.259, de 30/12/2005) mento final, é lícito ao juiz conceder a tutela limi-
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão narmente ou após justificação prévia, citando o réu.
propostas no foro do local onde ocorreu ou deva § 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo an-
ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo terá compe- terior ou na sentença, impor multa diária ao réu,
tência absoluta para processar a causa, ressalva- independentemente de pedido do autor, se for su-
das a competência da Justiça Federal e a compe- ficiente ou compatível com a obrigação, fixando
tência originária dos Tribunais Superiores. prazo razoável para o cumprimento do preceito.
§ 3º A multa só será exigível do réu após o trân-
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em inte- sito em julgado da sentença favorável ao autor,
resses coletivos ou difusos, consideram-se legiti- mas será devida desde o dia em que se houver
mados concorrentemente: configurado o descumprimento.
I – o Ministério Público;
II – a União, os Estados, os Municípios, o Distrito Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo
Federal e os Territórios; gerido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do
III – as associações legalmente constituídas há Adolescente do respectivo município.
pelo menos um ano e que incluam entre seus fins § 1º As multas não recolhidas até trinta dias
institucionais a defesa dos interesses e direitos após o trânsito em julgado da decisão serão exi-
protegidos por esta Lei, dispensada a autoriza- gidas através de execução promovida pelo Minis-
ção da assembleia, se houver prévia autorização tério Público, nos mesmos autos, facultada igual
estatutária. iniciativa aos demais legitimados.
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre § 2º Enquanto o fundo não for regulamentado,
os Ministérios Públicos da União e dos Estados o dinheiro ficará depositado em estabelecimento
na defesa dos interesses e direitos de que cuida oficial de crédito, em conta com correção mone-
esta Lei. tária.
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo
ação por associação legitimada, o Ministério Pú- aos recursos, para evitar dano irreparável à parte.
blico ou outro legitimado poderá assumir a titu- Art. 216. Transitada em julgado a sentença que
laridade ativa. impuser condenação ao Poder Público, o juiz de-
Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão terminará a remessa de peças à autoridade com-
tomar dos interessados compromisso de ajusta- petente, para apuração da responsabilidade civil
mento de sua conduta às exigências legais, o qual e administrativa do agente a que se atribua a ação
terá eficácia de título executivo extrajudicial. ou omissão.
Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em
protegidos por esta Lei, são admissíveis todas as julgado da sentença condenatória sem que a as-
espécies de ações pertinentes. sociação autora lhe promova a execução, deverá
§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capí- fazê-lo o Ministério Público, facultada igual inicia-
tulo as normas do Código de Processo Civil. tiva aos demais legitimados.
§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autori- Art. 218. O juiz condenará a associação autora a
dade pública ou agente de pessoa jurídica no exer- pagar ao réu os honorários advocatícios arbitrados
cício de atribuições do Poder Público, que lesem na conformidade do § 4º do art. 20 da Lei nº 5.869,
direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil),
ação mandamental, que se regerá pelas normas quando reconhecer que a pretensão é manifesta-
da lei do mandado de segurança. mente infundada.
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumpri- Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé,
mento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz a associação autora e os diretores responsáveis
53
pela propositura da ação serão solidariamente desde logo, outro órgão do Ministério Público para
condenados ao décuplo das custas, sem prejuízo o ajuizamento da ação.
de responsabilidade por perdas e danos.
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que
Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não couber, as disposições da Lei nº 7.347, de 24 de
haverá adiantamento de custas, emolumentos, ho- julho de 1985.
norários periciais e quaisquer outras despesas.
TÍTULO VII
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES
público deverá provocar a iniciativa do Ministério ADMINISTRATIVAS
Público, prestando-lhe informações sobre fatos CAPÍTULO I
que constituam objeto de ação civil, e indicando- DOS CRIMES
-lhe os elementos de convicção.
Seção I
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juí- Disposições Gerais
zes e tribunais tiverem conhecimento de fatos que
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes prati-
possam ensejar a propositura de ação civil, reme-
cados contra a criança e o adolescente, por ação
terão peças ao Ministério Público para as provi-
ou omissão, sem prejuízo do disposto na legisla-
dências cabíveis.
ção penal.
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interes-
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta
sado poderá requerer às autoridades competen-
Lei as normas da Parte Geral do Código Penal e,
tes as certidões e informações que julgar necessá-
quanto ao processo, as pertinentes ao Código de
rias, que serão fornecidas no prazo de quinze dias.
Processo Penal.
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar,
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de
sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar,
ação pública incondicionada.
de qualquer pessoa, organismo público ou parti-
cular, certidões, informações, exames ou perícias, Seção II
no prazo que assinalar, o qual não poderá ser in- Dos Crimes em Espécie
ferior a dez dias úteis. Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o di-
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas rigente de estabelecimento de atenção à saúde de
todas as diligências, se convencer da inexistência gestante de manter registro das atividades desen-
de fundamento para a propositura da ação cível, volvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta
promoverá o arquivamento dos autos do inqué- Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu
rito civil ou das peças informativas, fazendo-o fun- responsável, por ocasião da alta médica, declara-
damentadamente. ção de nascimento, onde constem as intercorrên-
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de cias do parto e do desenvolvimento do neonato:
informação arquivados serão remetidos, sob pena Pena – detenção de seis meses a dois anos.
de se incorrer em falta grave, no prazo de três dias, Parágrafo único. Se o crime é culposo:
ao Conselho Superior do Ministério Público. Pena – detenção de dois a seis meses, ou multa.
§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente
promoção de arquivamento, em sessão do Con-
de estabelecimento de atenção à saúde de ges-
selho Superior do Ministério Público, poderão as
tante de identificar corretamente o neonato e a par-
associações legitimadas apresentar razões escri-
turiente, por ocasião do parto, bem como deixar de
tas ou documentos, que serão juntados aos autos
proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei:
do inquérito ou anexados às peças de informação.
Pena – detenção de seis meses a dois anos.
§ 4º A promoção de arquivamento será subme-
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
tida a exame e deliberação do Conselho Superior
Pena – detenção de dois a seis meses, ou multa.
do Ministério Público, conforme dispuser o seu
Regimento. Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua
§ 5º Deixando o Conselho Superior de homo- liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar
logar a promoção de arquivamento, designará, em flagrante de ato infracional ou inexistindo
54
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
à prostituição ou à exploração sexual: (Caput do ar- Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem
tigo acrescido pela Lei nº 9.975, de 23/6/2000) autorização devida, por qualquer meio de comu-
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, nicação, nome, ato ou documento de procedi-
além da perda de bens e valores utilizados na prá- mento policial, administrativo ou judicial relativo
tica criminosa em favor do Fundo dos Direitos da a criança ou adolescente a que se atribua ato in-
Criança e do Adolescente da unidade da Federa- fracional:
ção (Estado ou Distrito Federal) em que foi come- Pena – multa de três a vinte salários de referên-
tido o crime, ressalvado o direito de terceiro de cia, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
boa-fé. (Pena acrescida pela Lei nº 9.975, de 23/6/2000, e § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total
com redação dada pela Lei nº 13.440, de 8/5/2017) ou parcialmente, fotografia de criança ou adoles-
§ 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, cente envolvido em ato infracional, ou qualquer
o gerente ou o responsável pelo local em que se ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos
verifique a submissão de criança ou adolescente que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua
às práticas referidas no caput deste artigo. (Pará- identificação, direta ou indiretamente.
grafo acrescido pela Lei nº 9.975, de 23/6/2000) § 2º Se o fato for praticado por órgão de im-
§ 2º Constitui efeito obrigatório da condenação prensa ou emissora de rádio ou televisão, além da
a cassação da licença de localização e de funcio- pena prevista neste artigo, a autoridade judiciária
namento do estabelecimento. (Parágrafo acrescido poderá determinar a apreensão da publicação ou
pela Lei nº 9.975, de 23/6/2000) a suspensão da programação da emissora até por
dois dias, bem como da publicação do periódico
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de até por dois números. (Expressão “ou a suspensão da
menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando programação da emissora até por dois dias, bem como da
infração penal ou induzindo-o a praticá-la: (Artigo publicação do periódico até por dois números” declarada
acrescido pela Lei nº 12.015, de 7/8/2009) inconstitucional, em controle concentrado, pelo Supremo
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Tribunal Federal, pela ADI nº 869-2, publicada no DOU de
§ 1º Incorre nas penas previstas no caput deste 3/9/2004)
artigo quem pratica as condutas ali tipificadas uti-
Art. 248. (Revogado pela Lei nº 13.431, de 4/4/2017, publi-
lizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclu-
cada no DOU de 5/4/2017, em vigor 1 ano após a publicação)
sive salas de bate-papo da internet.
§ 2º As penas previstas no caput deste artigo são Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente,
aumentadas de um terço no caso de a infração co- os deveres inerentes ao poder familiar ou decor-
metida ou induzida estar incluída no rol do art. 1º rente de tutela ou guarda, bem assim determina-
da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990. ção da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar:
(Expressão “pátrio poder” substituída por “poder familiar”
CAPÍTULO II
pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de
DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação)
Art. 245. Deixar o médico, professor ou respon- Pena – multa de três a vinte salários de referên-
sável por estabelecimento de atenção à saúde e cia, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desa-
comunicar à autoridade competente os casos de
companhado dos pais ou responsável, ou sem au-
que tenha conhecimento, envolvendo suspeita
torização escrita desses ou da autoridade judiciária,
ou confirmação de maus-tratos contra criança ou
em hotel, pensão, motel ou congênere: (Caput do ar-
adolescente:
tigo com redação dada pela Lei nº 12.038, de 1º/10/2009)
Pena – multa de três a vinte salários de referên-
Pena – multa.
cia, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de pena de multa, a autoridade judiciária poderá
entidade de atendimento o exercício dos direitos determinar o fechamento do estabelecimento
constantes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 por até 15 (quinze) dias. (Parágrafo acrescido pela
desta Lei: Lei nº 12.038, de 1º/10/2009)
Pena – multa de três a vinte salários de referên- § 2º Se comprovada a reincidência em período
cia, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. inferior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será
57
definitivamente fechado e terá sua licença cassada. Art. 257. Descumprir obrigação constante dos
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.038, de 1º/10/2009) arts. 78 e 79 desta Lei:
Pena – multa de três a vinte salários de refe-
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por
rência, duplicando-se a pena em caso de reinci-
qualquer meio, com inobservância do disposto
dência, sem prejuízo de apreensão da revista ou
nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei:
publicação.
Pena – multa de três a vinte salários de referên-
cia, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Art. 258. Deixar o responsável pelo estabeleci-
mento ou o empresário de observar o que dispõe
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou
esta Lei sobre o acesso de criança ou adolescente
espetáculo público de afixar, em lugar visível e de
aos locais de diversão, ou sobre sua participação
fácil acesso, à entrada do local de exibição, infor-
no espetáculo:
mação destacada sobre a natureza da diversão ou
Pena – multa de três a vinte salários de referên-
espetáculo e a faixa etária especificada no certifi- cia; em caso de reincidência, a autoridade judiciá-
cado de classificação: ria poderá determinar o fechamento do estabele-
Pena – multa de três a vinte salários de referên- cimento por até quinze dias.
cia, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quais- providenciar a instalação e operacionalização
quer representações ou espetáculos, sem indicar dos cadastros previstos no art. 50 e no § 11 do
os limites de idade a que não se recomendem: art. 101 desta Lei: (Artigo acrescido pela Lei nº 12.010,
Pena – multa de três a vinte salários de referên- de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor
cia, duplicada em caso de reincidência, aplicável, 90 dias após a publicação)
separadamente, à casa de espetáculo e aos órgãos Pena – multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$
de divulgação ou publicidade. 3.000,00 (três mil reais).
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a
espetáculo em horário diverso do autorizado ou autoridade que deixa de efetuar o cadastramento
de crianças e de adolescentes em condições de
sem aviso de sua classificação: (Expressão “em horá-
serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados
rio diverso do autorizado” declarada inconstitucional, em
à adoção e de crianças e adolescentes em regime
controle concentrado, pelo Supremo Tribunal Federal,
de acolhimento institucional ou familiar.
pela ADI nº 2.404, publicada no DOU de 12/9/2016)
Pena – multa de vinte a cem salários de referên- Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou diri-
cia; duplicada em caso de reincidência a autori- gente de estabelecimento de atenção à saúde de
dade judiciária poderá determinar a suspensão da gestante de efetuar imediato encaminhamento
programação da emissora por até dois dias. à autoridade judiciária de caso de que tenha co-
nhecimento de mãe ou gestante interessada em
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou
entregar seu filho para adoção: (Artigo acrescido pela
congênere classificado pelo órgão competente
Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009,
como inadequado às crianças ou adolescentes em vigor 90 dias após a publicação)
admitidos ao espetáculo: Pena – multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$
Pena – multa de vinte a cem salários de referên- 3.000,00 (três mil reais).
cia; na reincidência, a autoridade poderá determi- Parágrafo único. Incorre na mesma pena o fun-
nar a suspensão do espetáculo ou o fechamento cionário de programa oficial ou comunitário des-
do estabelecimento por até quinze dias. tinado à garantia do direito à convivência familiar
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente que deixa de efetuar a comunicação referida no
fita de programação em vídeo, em desacordo com caput deste artigo.
a classificação atribuído pelo órgão competente: Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida
Pena – multa de três a vinte salários de referên- no inciso II do art. 81: (Artigo acrescido pela Lei nº 13.106,
cia; em caso de reincidência, a autoridade judiciá- de 17/3/2015)
ria poderá determinar o fechamento do estabele- Pena – multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a
cimento por até quinze dias. R$ 10.000,00 (dez mil reais);
58
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990
§ 7º Caberá aos órgãos públicos competentes I – incentivar programas educativos e culturais
federais, estaduais, municipais e do Distrito Fe- voltados para os jovens nas emissoras de rádio e
deral a fiscalização do cumprimento do disposto televisão e nos demais meios de comunicação de
neste artigo e a aplicação das sanções cabíveis, massa;
nos termos do regulamento. II – promover a inclusão digital dos jovens, por
§ 8º Os benefícios previstos neste artigo não in- meio do acesso às novas tecnologias de informa-
cidirão sobre os eventos esportivos de que tratam ção e comunicação;
as Leis nos 12.663, de 5 de junho de 2012, e 12.780, III – promover as redes e plataformas de comu-
de 9 de janeiro de 2013. nicação dos jovens, considerando a acessibilidade
§ 9º Considera-se de baixa renda, para os fins do para os jovens com deficiência;
disposto no caput, a família inscrita no Cadastro IV – incentivar a criação e manutenção de equi-
Único para Programas Sociais do Governo Federal pamentos públicos voltados para a promoção do
direito do jovem à comunicação; e
(CadÚnico) cuja renda mensal seja de até 2 (dois)
V – garantir a acessibilidade à comunicação
salários mínimos.
por meio de tecnologias assistivas e adaptações
§ 10. A concessão do benefício da meia-entrada
razoáveis para os jovens com deficiência.
de que trata o caput é limitada a 40% (quarenta
por cento) do total de ingressos disponíveis para Seção VIII
cada evento. Do Direito ao Desporto e ao Lazer
Art. 24. O poder público destinará, no âmbito dos Art. 28. O jovem tem direito à prática desportiva
respectivos orçamentos, recursos financeiros para destinada a seu pleno desenvolvimento, com prio-
o fomento dos projetos culturais destinados aos ridade para o desporto de participação.
jovens e por eles produzidos. Parágrafo único. O direito à prática desportiva
dos adolescentes deverá considerar sua condição
Art. 25. Na destinação dos recursos do Fundo Na- peculiar de pessoa em desenvolvimento.
cional da Cultura (FNC), de que trata a Lei nº 8.313,
Art. 29. A política pública de desporto e lazer des-
de 23 de dezembro de 1991, serão consideradas as
tinada ao jovem deverá considerar:
necessidades específicas dos jovens em relação
I – a realização de diagnóstico e estudos esta-
à ampliação do acesso à cultura e à melhoria das
tísticos oficiais acerca da educação física e dos
condições para o exercício do protagonismo no
desportos e dos equipamentos de lazer no Brasil;
campo da produção cultural.
II – a adoção de lei de incentivo fiscal para o es-
Parágrafo único. As pessoas físicas ou jurídi-
porte, com critérios que priorizem a juventude e
cas poderão optar pela aplicação de parcelas
promovam a equidade;
do imposto sobre a renda a título de doações ou III – a valorização do desporto e do parades-
patrocínios, de que trata a Lei nº 8.313, de 23 de porto educacional;
dezembro de 1991, no apoio a projetos culturais IV – a oferta de equipamentos comunitários que
apresentados por entidades juvenis legalmente permitam a prática desportiva, cultural e de lazer.
constituídas há, pelo menos, 1 (um) ano.
Art. 30. Todas as escolas deverão buscar pelo
Seção VII menos um local apropriado para a prática de ati-
Do Direito à Comunicação e à vidades poliesportivas.
Liberdade de Expressão
Seção IX
Art. 26. O jovem tem direito à comunicação e à Do Direito ao Território e à Mobilidade
livre expressão, à produção de conteúdo, indivi-
Art. 31. O jovem tem direito ao território e à mobi-
dual e colaborativo, e ao acesso às tecnologias de
lidade, incluindo a promoção de políticas públicas
informação e comunicação.
de moradia, circulação e equipamentos públicos,
Art. 27. A ação do poder público na efetivação no campo e na cidade.
do direito do jovem à comunicação e à liberdade Parágrafo único. Ao jovem com deficiência
de expressão contempla a adoção das seguintes devem ser garantidas a acessibilidade e as adap-
medidas: tações necessárias.
67
Art. 32. No sistema de transporte coletivo inte- Parágrafo único. A aplicação do disposto no in-
restadual, observar-se-á, nos termos da legislação ciso IV do caput deve observar a legislação espe-
específica: cífica sobre o direito à profissionalização e à pro-
I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veí- teção no trabalho dos adolescentes.
culo para jovens de baixa renda;
Seção XI
II – a reserva de 2 (duas) vagas por veículo com
Do Direito à Segurança Pública
desconto de 50% (cinquenta por cento), no mí- e ao Acesso à Justiça
nimo, no valor das passagens, para os jovens de
baixa renda, a serem utilizadas após esgotadas as Art. 37. Todos os jovens têm direito de viver em
vagas previstas no inciso I. um ambiente seguro, sem violência, com garantia
Parágrafo único. Os procedimentos e os crité- da sua incolumidade física e mental, sendo-lhes
rios para o exercício dos direitos previstos nos in- asseguradas a igualdade de oportunidades e fa-
cisos I e II serão definidos em regulamento. cilidades para seu aperfeiçoamento intelectual,
cultural e social.
Art. 33. A União envidará esforços, em articulação
com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, Art. 38. As políticas de segurança pública vol-
para promover a oferta de transporte público sub- tadas para os jovens deverão articular ações da
sidiado para os jovens, com prioridade para os jo- União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
vens em situação de pobreza e vulnerabilidade, na nicípios e ações não governamentais, tendo por
forma do regulamento. diretrizes:
I – a integração com as demais políticas volta-
Seção X
Do Direito à Sustentabilidade das à juventude;
e ao Meio Ambiente II – a prevenção e enfrentamento da violência;
III – a promoção de estudos e pesquisas e a ob-
Art. 34. O jovem tem direito à sustentabilidade
tenção de estatísticas e informações relevantes
e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
para subsidiar as ações de segurança pública e
bem de uso comum do povo, essencial à sadia
permitir a avaliação periódica dos impactos das
qualidade de vida, e o dever de defendê-lo e
políticas públicas quanto às causas, às consequên-
preservá-lo para a presente e as futuras gerações.
cias e à frequência da violência contra os jovens;
Art. 35. O Estado promoverá, em todos os níveis IV – a priorização de ações voltadas para os jo-
de ensino, a educação ambiental voltada para a vens em situação de risco, vulnerabilidade social e
preservação do meio ambiente e a sustentabili- egressos do sistema penitenciário nacional;
dade, de acordo com a Política Nacional do Meio V – a promoção do acesso efetivo dos jovens à
Ambiente.
Defensoria Pública, considerando as especificida-
Art. 36. Na elaboração, na execução e na avalia- des da condição juvenil; e
ção de políticas públicas que incorporem a dimen- VI – a promoção do efetivo acesso dos jovens
são ambiental, o poder público deverá considerar: com deficiência à justiça em igualdade de condi-
I – o estímulo e o fortalecimento de organiza- ções com as demais pessoas, inclusive mediante a
ções, movimentos, redes e outros coletivos de provisão de adaptações processuais adequadas a
juventude que atuem no âmbito das questões sua idade.
ambientais e em prol do desenvolvimento sus-
TÍTULO II
tentável;
DO SISTEMA NACIONAL DE JUVENTUDE
II – o incentivo à participação dos jovens na ela-
boração das políticas públicas de meio ambiente; CAPÍTULO I
III – a criação de programas de educação am- DO SISTEMA NACIONAL DE
JUVENTUDE (SINAJUVE)
biental destinados aos jovens; e
IV – o incentivo à participação dos jovens em pro- Art. 39. É instituído o Sistema Nacional de Juven-
jetos de geração de trabalho e renda que visem ao tude (Sinajuve), cujos composição, organização,
desenvolvimento sustentável nos âmbitos rural e competência e funcionamento serão definidos
urbano. em regulamento.
68
LEI Nº 12.852, DE 5 DE AGOSTO DE 2013
Art. 40. O financiamento das ações e atividades VI – estabelecer com a União e os Municípios for-
realizadas no âmbito do Sinajuve será definido em mas de colaboração para a execução das políticas
regulamento. públicas de juventude; e
CAPÍTULO II VII – cofinanciar, com os demais entes federa-
DAS COMPETÊNCIAS dos, a execução de programas, ações e projetos
das políticas públicas de juventude.
Art. 41. Compete à União:
Parágrafo único. Serão incluídos nos censos
I – formular e coordenar a execução da Política
Nacional de Juventude; demográficos dados relativos à população jovem
II – coordenar e manter o Sinajuve; do País.
III – estabelecer diretrizes sobre a organização Art. 43. Compete aos Municípios:
e o funcionamento do Sinajuve; I – coordenar, em âmbito municipal, o Sinajuve;
IV – elaborar o Plano Nacional de Políticas de II – elaborar os respectivos planos municipais
Juventude, em parceria com os Estados, o Distrito de juventude, em conformidade com os respecti-
Federal, os Municípios e a sociedade, em especial vos Planos Nacional e Estadual, com a participa-
a juventude; ção da sociedade, em especial da juventude;
V – convocar e realizar, em conjunto com o Con- III – criar, desenvolver e manter programas,
selho Nacional de Juventude, as Conferências Na- ações e projetos para a execução das políticas
cionais de Juventude, com intervalo máximo de públicas de juventude;
4 (quatro) anos;
IV – convocar e realizar, em conjunto com o Con-
VI – prestar assistência técnica e suplementa-
selho Municipal de Juventude, as Conferências
ção financeira aos Estados, ao Distrito Federal e
Municipais de Juventude, com intervalo máximo
aos Municípios para o desenvolvimento de seus
de 4 (quatro) anos;
sistemas de juventude;
V – editar normas complementares para a orga-
VII – contribuir para a qualificação e ação em
nização e funcionamento do Sinajuve, em âmbito
rede do Sinajuve em todos os entes da Federação;
municipal;
VIII – financiar, com os demais entes federados,
VI – cofinanciar, com os demais entes federados,
a execução das políticas públicas de juventude;
IX – estabelecer formas de colaboração com os a execução de programas, ações e projetos das po-
Estados, o Distrito Federal e os Municípios para a líticas públicas de juventude; e
execução das políticas públicas de juventude; e VII – estabelecer mecanismos de cooperação
X – garantir a publicidade de informações sobre com os Estados e a União para a execução das
repasses de recursos para financiamento das po- políticas públicas de juventude.
líticas públicas de juventude aos conselhos e ges- Parágrafo único. Para garantir a articulação
tores estaduais, do Distrito Federal e municipais. federativa com vistas ao efetivo cumprimento
das políticas públicas de juventude, os Municí-
Art. 42. Compete aos Estados:
pios podem instituir os consórcios de que trata
I – coordenar, em âmbito estadual, o Sinajuve;
II – elaborar os respectivos planos estaduais de a Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005, ou qual-
juventude, em conformidade com o Plano Nacio- quer outro instrumento jurídico adequado, como
nal, com a participação da sociedade, em especial forma de compartilhar responsabilidades.
da juventude; Art. 44. As competências dos Estados e Municí-
III – criar, desenvolver e manter programas, pios são atribuídas, cumulativamente, ao Distrito
ações e projetos para a execução das políticas Federal.
públicas de juventude;
CAPÍTULO III
IV – convocar e realizar, em conjunto com o Con-
DOS CONSELHOS DE JUVENTUDE
selho Estadual de Juventude, as Conferências Es-
taduais de Juventude, com intervalo máximo de Art. 45. Os conselhos de juventude são órgãos
4 (quatro) anos; permanentes e autônomos, não jurisdicionais,
V – editar normas complementares para a orga- encarregados de tratar das políticas públicas de
nização e o funcionamento do Sinajuve, em âm- juventude e da garantia do exercício dos direitos
bito estadual e municipal; do jovem, com os seguintes objetivos:
69
I – auxiliar na elaboração de políticas públicas Art. 47. Sem prejuízo das atribuições dos conse-
de juventude que promovam o amplo exercício lhos de juventude com relação aos direitos previs-
dos direitos dos jovens estabelecidos nesta Lei; tos neste Estatuto, cabe aos conselhos de direitos
II – utilizar instrumentos de forma a buscar que da criança e do adolescente deliberar e controlar as
o Estado garanta aos jovens o exercício dos seus ações em todos os níveis relativas aos adolescen-
direitos; tes com idade entre 15 (quinze) e 18 (dezoito) anos.
III – colaborar com os órgãos da administração Art. 48. Esta Lei entra em vigor após decorridos
no planejamento e na implementação das políti- 180 (cento e oitenta) dias de sua publicação oficial.
cas de juventude;
Brasília, 5 de agosto de 2013; 192º da
IV – estudar, analisar, elaborar, discutir e pro- Independência e 125º da República.
por a celebração de instrumentos de cooperação,
visando à elaboração de programas, projetos e DILMA ROUSSEFF
José Eduardo Cardozo
ações voltados para a juventude;
Antonio de Aguiar Patriota
V – promover a realização de estudos relativos à Guido Mantega
juventude, objetivando subsidiar o planejamento César Borges
das políticas públicas de juventude; Aloizio Mercadante
Manoel Dias
VI – estudar, analisar, elaborar, discutir e pro-
Alexandre Rocha Santos Padilha
por políticas públicas que permitam e garantam Miriam Belchior
a integração e a participação do jovem nos pro- Paulo Bernardo Silva
cessos social, econômico, político e cultural no Tereza Campello
Marta Suplicy
respectivo ente federado;
Izabella Mônica Vieira Teixeira
VII – propor a criação de formas de participação Aldo Rebelo
da juventude nos órgãos da administração pública; Gilberto José Spier Vargas
VIII – promover e participar de seminários, cur- Aguinaldo Ribeiro
Gilberto Carvalho
sos, congressos e eventos correlatos para o debate
Luís Inácio Lucena Adams
de temas relativos à juventude; Luiza Helena de Bairros
IX – desenvolver outras atividades relacionadas Eleonora Menicucci de Oliveira
às políticas públicas de juventude. Maria do Rosário Nunes
§ 1º A lei, em âmbito federal, estadual, do Dis-
trito Federal e municipal, disporá sobre a organi-
zação, o funcionamento e a composição dos con- LEGISLAÇÃO CORRELATA
selhos de juventude, observada a participação
da sociedade civil mediante critério, no mínimo, CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
paritário com os representantes do poder público. FEDERATIVA DO BRASIL
§ 2º (Vetado) (Publicada no DOU de 5/10/1988)
Art. 46. São atribuições dos conselhos de juven- [Dispositivos constitucionais referentes à
tude: criança, ao adolescente e ao jovem.]
I – encaminhar ao Ministério Público notícia
TÍTULO I
de fato que constitua infração administrativa
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
ou penal contra os direitos do jovem garantidos
na legislação; Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada
II – encaminhar à autoridade judiciária os casos pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
de sua competência; do Distrito Federal, constitui-se em Estado demo-
III – expedir notificações; crático de direito e tem como fundamentos:
IV – solicitar informações das autoridades pú- [...]
blicas; II – a cidadania;
V – assessorar o Poder Executivo local na ela- III – a dignidade da pessoa humana;
boração dos planos, programas, projetos, ações [...]
e proposta orçamentária das políticas públicas Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da Re-
de juventude. pública Federativa do Brasil:
70
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
VISTO que a necessidade de tal proteção foi Terá direito a crescer e criar-se com saúde; para
enunciada na Declaração dos Direitos da Criança isto, tanto à criança como à mãe, serão proporcio-
em Genebra, de 1924, e reconhecida na Decla- nados cuidados e proteção especiais, inclusive ade-
ração Universal dos Direitos Humanos e nos es- quados cuidados pré e pós-natais.
tatutos das agências especializadas e organiza- A criança terá direito a alimentação, habitação,
ções internacionais interessadas no bem-estar recreação e assistência médica adequadas.
da criança,
PRINCÍPIO 5º
VISTO que a humanidade deve à criança o me-
À criança incapacitada física, mental ou social-
lhor de seus esforços,
mente serão proporcionados o tratamento, a edu-
Assim, a Assembleia Geral
cação e os cuidados especiais exigidos pela sua
PROCLAMA esta Declaração dos Direitos da
Criança, visando que a criança tenha uma infân- condição peculiar.
cia feliz e possa gozar, em seu próprio benefício PRINCÍPIO 6º
e no da sociedade, os direitos e as liberdades Para o desenvolvimento completo e harmo-
aqui enunciados e apela a que os pais, os ho- nioso de sua personalidade, a criança precisa de
mens e as mulheres em sua qualidade de indiví amor e compreensão.
as organizações voluntárias, as autoridades lo- Criar-se-á, sempre que possível, aos cuidados
cais e os Governos nacionais reconheçam estes e sob a responsabilidade dos pais e, em qualquer
direitos e se empenhem pela sua observância me- hipótese, num ambiente de afeto e de segurança
diante medidas legislativas e de outra natureza, moral e material; salvo circunstâncias excepcionais,
progressivamente instituídas, de conformidade a criança de tenra idade não será apartada da mãe.
com os seguintes princípios: À sociedade e às autoridades públicas caberá a
PRINCÍPIO 1º obrigação de propiciar cuidados especiais às crian-
A criança gozará todos os direitos enunciados ças sem família e aquelas que carecem de meios
nesta Declaração. adequados de subsistência. É desejável a presta-
Todas as crianças, absolutamente sem qualquer ção de ajuda oficial e de outra natureza em prol
exceção, serão credoras destes direitos, sem dis- da manutenção dos filhos de famílias numerosas.
tinção ou discriminação por motivo de raça, cor,
PRINCÍPIO 7º
sexo, língua, religião, opinião política ou de outra
A criança terá direito a receber educação, que
natureza, origem nacional ou social, riqueza, nas-
será gratuita e compulsória pelo menos no grau
cimento ou qualquer outra condição, quer sua ou
primário. Ser-lhe-á propiciada uma educação
de sua família.
capaz de promover a sua cultura geral e capaci-
PRINCÍPIO 2º tá-la a, em condições de iguais oportunidades,
A criança gozará proteção especial e ser-lhe-ão desenvolver as suas aptidões, sua capacidade
proporcionadas oportunidades e facilidades, por de emitir juízo e seu senso de responsabilidade
lei e por outros meios, a fim de lhe facultar o de- moral e social, e a tornar-se um membro útil da
senvolvimento físico, mental, moral, espiritual e so- sociedade.
cial, de forma sadia e normal e em condições de li- Os melhores interesses da criança serão a dire-
berdade e dignidade. triz a nortear os responsáveis pela sua educação
Na instituição de leis visando este objetivo levar- e orientação; esta responsabilidade cabe, em pri-
-se-ão em conta sobretudo, os melhores interesses meiro lugar, aos pais.
da criança. A criança terá ampla oportunidade para brincar
PRINCÍPIO 3º e divertir-se, visando os propósitos mesmos da sua
Desde o nascimento, toda criança terá direito a educação; a sociedade e as autoridades públicas
um nome e a uma nacionalidade. empenhar-se-ão em promover o gozo deste direito.
PRINCÍPIO 4º PRINCÍPIO 8º
A criança gozará os benefícios da previdência A criança figurará, em quaisquer circunstâncias,
social. entre os primeiros a receber proteção e socorro.
73
PRINCÍPIO 9º nacional ou social, posição econômica, nascimento
A criança gozará proteção contra quaisquer for- ou qualquer outra condição;
mas de negligência, crueldade e exploração. Não Recordando que na Declaração Universal dos
será jamais objeto de tráfico, sob qualquer forma. Direitos Humanos as Nações Unidas proclamaram
Não será permitido à criança empregar-se antes que a infância tem direito a cuidados e assistência
da idade mínima conveniente; de nenhuma forma especiais;
será levada a ou ser-lhe-á permitido empenhar-se Convencidos de que a família, como grupo fun-
em qualquer ocupação ou emprego que lhe prejudi- damental da sociedade e ambiente natural para o
que a saúde ou a educação ou que interfira em seu crescimento e bem-estar de todos os seus mem-
desenvolvimento físico, mental ou moral. bros, e em particular das crianças, deve receber a
proteção e assistência necessárias a fim de poder
PRINCÍPIO 10. assumir plenamente suas responsabilidades den-
A criança gozará proteção contra atos que pos- tro da comunidade;
sam suscitar discriminação racial, religiosa ou de Reconhecendo que a criança, para o pleno e
qualquer outra natureza. harmonioso desenvolvimento de sua personali-
Criar-se-á num ambiente de compreensão, de dade, deve crescer no seio da família, em um am-
tolerância, de amizade entre os povos, de paz e biente de felicidade, amor e compreensão;
de fraternidade universal e em plena consciência Considerando que a criança deve estar plena-
que seu esforço e aptidão devem ser postos a ser- mente preparada para uma vida independente na
viço de seus semelhantes. sociedade e deve ser educada de acordo com os
841ª reunião plenária ideais proclamados na Cartas das Nações Unidas,
de 20 de novembro de 1959 especialmente com espírito de paz, dignidade,
tolerância, liberdade, igualdade e solidariedade;
CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS Tendo em conta que a necessidade de propor-
DA CRIANÇA (NOVA YORK, 1989) cionar à criança uma proteção especial foi enun-
(Proclamada pela Resolução da Assembleia Geral das ciada na Declaração de Genebra de 1924 sobre
Nações nº 44/25, de 20/11/1989; aprovada pelo Decreto os Direitos da Criança e na Declaração dos Di-
Legislativo nº 28 de 14/9/1990 e promulgada pelo reitos da Criança adotada pela Assembleia Geral
Decreto nº 99.710, de 21/11/1990) em 20 de novembro de 1959, e reconhecida na
Declaração Universal dos Direitos Humanos, no
Preâmbulo
Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos
Os Estados-Partes da presente Convenção, con-
(em particular nos Artigos 23 e 24), no Pacto In-
siderando que, de acordo com os princípios pro- ternacional de Direitos Econômicos, Sociais e
clamados na Carta das Nações Unidas, a liberdade, Culturais (em particular no Artigo 10) e nos es-
a justiça e a paz no mundo se fundamentam no tatutos e instrumentos pertinentes das Agências
reconhecimento da dignidade inerente e dos di- Especializadas e das organizações internacionais
reitos iguais e inalienáveis de todos os membros que se interessam pelo bem-estar da criança;
da família humana; Tendo em conta que, conforme assinalado na
Tendo em conta que os povos das Nações Uni- Declaração dos Direitos da Criança, “a criança, em
das reafirmaram na carta sua fé nos direitos fun- virtude de sua falta de maturidade física e mental,
damentais do homem e na dignidade e no valor necessita proteção e cuidados especiais, inclusive
da pessoa humana e que decidiram promover o a devida proteção legal, tanto antes quanto após
progresso social e a elevação do nível de vida com seu nascimento”;
mais liberdade; Lembrando o estabelecido na Declaração so-
Reconhecendo que as Nações Unidas proclama- bre os Princípios Sociais e Jurídicos Relativos à
ram e acordaram na Declaração Universal dos Direi- Proteção e ao Bem-Estar das Crianças, especial-
tos Humanos e nos Pactos Internacionais de Direitos mente com Referência à Adoção e à Colocação
Humanos que toda pessoa possui todos os direitos em Lares de Adoção, nos Planos Nacional e Inter-
e liberdades neles enunciados, sem distinção de nacional; as Regras Mínimas das Nações Unidas
qualquer natureza, seja de raça, cor, sexo, idioma, para a Administração da Justiça Juvenil (Regras
crença, opinião política ou de outra índole, origem de Pequim); e a Declaração sobre a Proteção da
74
CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA (NOVA YORK, 1989)
Mulher e da Criança em Situações de Emergência ou outras pessoas responsáveis por ela perante a
ou de Conflito Armado; lei e, com essa finalidade, tomarão todas as medi-
Reconhecendo que em todos os países do mundo das legislativas e administrativas adequadas.
existem crianças vivendo sob condições excepcio- 3. Os Estados-Partes se certificarão de que as
nalmente difíceis e que essas crianças necessitam instituições, os serviços e os estabelecimentos en-
consideração especial; carregados do cuidado ou da proteção das crian-
Tomando em devida conta a importância das ças cumpram com os padrões estabelecidos pelas
tradições e dos valores culturais de cada povo autoridades competentes, especialmente no que
para a proteção e o desenvolvimento harmonioso diz respeito à segurança e à saúde das crianças, ao
da criança; número e à competência de seu pessoal e à exis-
Reconhecendo a importância da cooperação in- tência de supervisão adequada.
ternacional para a melhoria das condições de vida
Artigo 4º
das crianças em todos os países, especialmente
Os Estados-Partes adotarão todas as medidas
nos países em desenvolvimento;
administrativas, legislativas e de outra índole com
Acordam o seguinte:
vistas à implementação dos direitos reconhecidos
PARTE I na presente Convenção. Com relação aos direitos
econômicos, sociais e culturais, os Estados-Partes
Artigo 1º
adotarão essas medidas utilizando ao máximo os
Para efeitos da presente Convenção considera-
recursos disponíveis e, quando necessário, dentro
-se como criança todo ser humano com menos de
de um quadro de cooperação internacional.
dezoito anos de idade, a não ser que, em confor-
midade com a lei aplicável à criança, a maioridade Artigo 5º
seja alcançada antes. Os Estados-Partes respeitarão as responsabili-
dades, os direitos e os deveres dos pais ou, onde
Artigo 2º
for o caso, dos membros da família ampliada ou
1. Os Estados-Partes respeitarão os direitos
da comunidade, conforme determinem os costu-
enunciados na presente Convenção e assegurarão
mes locais, dos tutores ou de outras pessoas le-
sua aplicação a cada criança sujeita à sua jurisdi-
galmente responsáveis, de proporcionar à criança
ção, sem distinção alguma, independentemente
instrução e orientação adequadas e acordes com
de raça, cor, sexo, idioma, crença, opinião política
a evolução de sua capacidade no exercício dos di-
ou de outra índole, origem nacional, étnica ou so-
reitos reconhecidos na presente convenção.
cial, posição econômica, deficiências físicas, nas-
cimento ou qualquer outra condição da criança, Artigo 6º
de seus pais ou de seus representantes legais. 1. Os Estados-Partes reconhecem que toda
2. Os Estados-Partes tomarão todas as medidas criança tem o direito inerente à vida.
apropriadas para assegurar a proteção da criança 2. Os Estados-Partes assegurarão ao máximo
contra toda forma de discriminação ou castigo por a sobrevivência e o desenvolvimento da criança.
causa da condição, das atividades, das opiniões
Artigo 7º
manifestadas ou das crenças de seus pais, repre-
1. A criança será registrada imediatamente após
sentantes legais ou familiares.
seu nascimento e terá direito, desde o momento
Artigo 3º em que nasce, a um nome, a uma nacionalidade
1. Todas as ações relativas às crianças, levadas a e, na medida do possível, a conhecer seus pais e
efeito por autoridades administrativas ou órgãos a ser cuidada por eles.
legislativos, devem considerar, primordialmente, 2. Os Estados-Partes zelarão pela aplicação des-
o interesse maior da criança. ses direitos de acordo com sua legislação nacional
2. Os Estados-Partes se comprometem a assegu- e com as obrigações que tenham assumido em vir-
rar à criança a proteção e o cuidado que sejam ne- tude dos instrumentos internacionais pertinentes,
cessários para seu bem-estar, levando em consi- sobretudo se, de outro modo, a criança se tornaria
deração os direitos e deveres de seus pais, tutores apátrida.
75
Artigo 8º só, consequências adversas para a pessoa ou pes-
1. Os Estados-Partes se comprometem a res- soas interessadas.
peitar o direito da criança de preservar sua iden-
Artigo 10.
tidade, inclusive a nacionalidade, o nome e as
1. De acordo com a obrigação dos Estados-
relações familiares, de acordo com a lei, sem in-
-Partes estipulada no parágrafo 1 do Artigo 9, toda
terferências ilícitas. solicitação apresentada por uma criança, ou por
2. Quando uma criança se vir privada ilegalmente seus pais, para ingressar ou sair de um Estado-
de algum ou de todos os elementos que configu- -Parte com vistas à reunião da família, deverá ser
ram sua identidade, os Estados-Partes deverão atendida pelos Estados-Partes de forma positiva,
prestar assistência e proteção adequadas com vis- humanitária e rápida. Os Estados-Partes assegu-
tas a restabelecer rapidamente sua identidade. rarão, ainda, que a apresentação de tal solicita-
Artigo 9º ção não acarretará consequências adversas para
1. Os Estados-Partes deverão zelar para que os solicitantes ou para seus familiares.
a criança não seja separada dos pais contra a 2. A criança cujos pais residam em Estados di-
vontade dos mesmos, exceto quando, sujeita ferentes terá o direito de manter, periodicamente,
à revisão judicial, as autoridades competentes relações pessoais e contato direto com ambos, ex-
determinarem, em conformidade com a lei e os ceto em circunstâncias especiais. Para tanto, e de
procedimentos legais cabíveis, que tal separação acordo com a obrigação assumida pelos Estados-
é necessária ao interesse maior da criança. Tal de- -Partes em virtude do parágrafo 1 do Artigo 9, os
Estados-Partes respeitarão o direito da criança e
terminação pode ser necessária em casos espe-
de seus pais de sair de qualquer país, inclusive do
cíficos, por exemplo, nos casos em que a criança
próprio, e de ingressar no seu próprio país. O di-
sofre maus tratos ou descuido por parte de seus
reito de sair de qualquer país estará sujeito, ape-
pais ou quando estes vivem separados e uma de-
nas, às restrições determinadas pela lei que sejam
cisão deve ser tomada a respeito do local da resi-
necessárias para proteger a segurança nacional, a
dência da criança.
ordem pública, a saúde ou a moral públicas ou os
2. Caso seja adotado qualquer procedimento
direitos e as liberdades de outras pessoas e que
em conformidade com o estipulado no parágrafo
estejam acordes com os demais direitos reconhe-
1 do presente artigo, todas as partes interessadas
cidos pela presente convenção.
terão a oportunidade de participar e de manifestar
suas opiniões. Artigo 11.
3. Os Estados-Partes respeitarão o direito da 1. Os Estados-Partes adotarão medidas a fim de
criança que esteja separada de um ou de ambos lutar contra a transferência ilegal de crianças para o
os pais de manter regularmente relações pessoais exterior e a retenção ilícita das mesmas fora do país.
e contato direto com ambos, a menos que isso 2. Para tanto, aos Estados-Partes promoverão a
seja contrário ao interesse maior da criança. conclusão de acordos bilaterais ou multilaterais
4. Quando essa separação ocorrer em virtude ou a adesão a acordos já existentes.
de uma medida adotada por um Estado-Parte, Artigo 12.
tal como detenção, prisão, exílio, deportação ou 1. Os Estados-Partes assegurarão à criança
morte (inclusive falecimento decorrente de qual- que estiver capacitada a formular seus próprios
quer causa enquanto a pessoa estiver sob a cus- juízos o direito de expressar suas opiniões livre-
tódia do Estado) de um dos pais da criança, ou mente sobre todos os assuntos relacionados com
de ambos, ou da própria criança, o Estado-Parte, a criança, levando-se devidamente em considera-
quando solicitado, proporcionará aos pais, à ção essas opiniões, em função da idade e maturi-
criança ou, se for o caso, a outro familiar, informa- dade da criança.
ções básicas a respeito do paradeiro do familiar 2. Com tal propósito, se proporcionará à criança,
ou familiares ausentes, a não ser que tal procedi- em particular, a oportunidade de ser ouvida em
mento seja prejudicial ao bem-estar da criança. Os todo processo judicial ou administrativo que afete
Estados-Partes se certificarão, além disso, de que a mesma, quer diretamente quer por intermédio
a apresentação de tal petição não acarrete, por si de um representante ou órgão apropriado, em
76
CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA (NOVA YORK, 1989)
conformidade com as regras processuais da le- 2. A criança tem direito à proteção da lei contra
gislação nacional. essas interferências ou atentados.
a qualquer outra criança privada permanente ou saúde e dos serviços destinados ao tratamento
temporariamente de seu ambiente familiar, seja das doenças e à recuperação da saúde. Os Estados-
qual for o motivo, conforme o estabelecido na pre- -Partes envidarão esforços no sentido de assegurar
sente convenção. que nenhuma criança se veja privada de seu direito
Artigo 23. de usufruir desses serviços sanitários.
1. Os Estados-Partes reconhecem que a criança 2. Os Estados-Partes garantirão a plena aplica-
portadora de deficiências físicas ou mentais de- ção desse direito e, em especial, adotarão as me-
verá desfrutar de uma vida plena e decente em didas apropriadas com vistas a:
condições que garantam sua dignidade, favore- a) reduzir a mortalidade infantil;
çam sua autonomia e facilitem sua participação b) assegurar a prestação de assistência médica
ativa na comunidade. e cuidados sanitários necessários a todas as crian-
2. Os Estados-Partes reconhecem o direito da ças, dando ênfase aos cuidados básicos de saúde;
criança deficiente de receber cuidados especiais c) combater as doenças e a desnutrição dentro
e, de acordo com os recursos disponíveis e sem- do contexto dos cuidados básicos de saúde me-
pre que a criança ou seus responsáveis reúnam diante, inter alia, a aplicação de tecnologia dispo-
as condições requeridas, estimularão e assegura- nível e o fornecimento de alimentos nutritivos e
rão a prestação da assistência solicitada, que seja de água potável, tendo em vista os perigos e riscos
adequada ao estado da criança e às circunstâncias da poluição ambiental;
de seus pais ou das pessoas encarregadas de seus d) assegurar às mães adequada assistência pré-
cuidados. -natal e pós-natal;
3. Atendendo às necessidades especiais da e) assegurar que todos os setores da sociedade,
criança deficiente, a assistência prestada, con- e em especial os pais e as crianças, conheçam os
forme disposto no parágrafo 2 do presente artigo, princípios básicos de saúde e nutrição das crian-
será gratuita sempre que possível, levando-se em ças, as vantagens da amamentação, da higiene e
consideração a situação econômica dos pais ou do saneamento ambiental e das medidas de pre-
das pessoas que cuidem da criança, e visará a venção de acidentes, e tenham acesso à educação
assegurar à criança deficiente o acesso efetivo à pertinente e recebam apoio para a aplicação des-
educação, à capacitação, aos serviços de saúde,
ses conhecimentos;
aos serviços de reabilitação, à preparação para o
f) desenvolver a assistência médica preventiva,
emprego e às oportunidades de lazer, de maneira
a orientação aos pais e a educação e serviços de
que a criança atinja a mais completa integração
planejamento familiar.
social possível e o maior desenvolvimento indivi-
3. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas
dual factível, inclusive seu desenvolvimento cul-
eficazes e adequadas para abolir práticas tradicio-
tural e espiritual.
nais que sejam prejudicais à saúde da criança.
4. Os Estados-Partes promoverão, com espírito
4. Os Estados-Partes se comprometem a promo-
de cooperação internacional, um intercâmbio ade-
ver e incentivar a cooperação internacional com
quado de informações nos campos da assistência
médica preventiva e do tratamento médico, psico- vistas a lograr, progressivamente, a plena efeti-
lógico e funcional das crianças deficientes, inclu- vação do direito reconhecido no presente artigo.
sive a divulgação de informações a respeito dos Nesse sentido, será dada atenção especial às ne-
métodos de reabilitação e dos serviços de ensino e cessidades dos países em desenvolvimento.
formação profissional, bem como o acesso a essa Artigo 25.
informação, a fim de que os Estados-Partes possam Os Estados-Partes reconhecem o direito de uma
aprimorar sua capacidade e seus conhecimentos criança que tenha sido internada em um estabe-
e ampliar sua experiência nesses campos. Nesse lecimento pelas autoridades competentes para
sentido, serão levadas especialmente em conta as fins de atendimento, proteção ou tratamento de
necessidades dos países em desenvolvimento.
saúde física ou mental a um exame periódico de
Artigo 24. avaliação do tratamento ao qual está sendo sub-
1. Os Estados-Partes reconhecem o direito da metida e de todos os demais aspectos relativos à
criança de gozar do melhor padrão possível de sua internação.
79
Artigo 26. b) estimular o desenvolvimento do ensino se-
1. Os Estados-Partes reconhecerão a todas as cundário em suas diferentes formas, inclusive o
crianças o direito de usufruir da previdência so- ensino geral e profissionalizante, tornando-o dis-
cial, inclusive do seguro social, e adotarão as me- ponível e acessível a todas as crianças, e adotar
didas necessárias para lograr a plena consecução medidas apropriadas tais como a implantação do
desse direito, em conformidade com sua legisla- ensino gratuito e a concessão de assistência finan-
ção nacional. ceira em caso de necessidade;
2. Os benefícios deverão ser concedidos, quando c) tornar o ensino superior acessível a todos
pertinentes, levando-se em consideração os recur- com base na capacidade e por todos os meios
sos e a situação da criança e das pessoas responsá- adequados;
veis pelo seu sustento, bem como qualquer outra d) tornar a informação e a orientação educa-
consideração cabível no caso de uma solicitação cionais e profissionais disponíveis e accessíveis a
de benefícios feita pela criança ou em seu nome. todas as crianças;
e) adotar medidas para estimular a frequência
Artigo 27.
regular às escolas e a redução do índice de eva-
1. Os Estados-Partes reconhecem o direito de
são escolar.
toda criança a um nível de vida adequado ao seu
2. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas
desenvolvimento físico, mental, espiritual, moral
necessárias para assegurar que a disciplina esco-
e social.
lar seja ministrada de maneira compatível com a
2. Cabe aos pais, ou a outras pessoas encarre- dignidade humana da criança e em conformidade
gadas, a responsabilidade primordial de propi- com a presente convenção.
ciar, de acordo com suas possibilidades e meios 3. Os Estados-Partes promoverão e estimularão
financeiros, as condições de vida necessárias ao a cooperação internacional em questões relativas
desenvolvimento da criança. à educação, especialmente visando a contribuir
3. Os Estados-Partes, de acordo com as condi- para a eliminação da ignorância e do analfabe-
ções nacionais e dentro de suas possibilidades, tismo no mundo e facilitar o acesso aos conhe-
adotarão medidas apropriadas a fim de ajudar os cimentos científicos e técnicos e aos métodos
pais e outras pessoas responsáveis pela criança a modernos de ensino. A esse respeito, será dada
tornar efetivo esse direito e, caso necessário, pro- atenção especial às necessidades dos países em
porcionarão assistência material e programas de desenvolvimento.
apoio, especialmente no que diz respeito à nutri-
ção, ao vestuário e à habitação. Artigo 29.
4. Os Estados-Partes tomarão todas as medidas 1. Os Estados-Partes reconhecem que a educação
da criança deverá estar orientada no sentido de:
adequadas para assegurar o pagamento da pensão
a) desenvolver a personalidade, as aptidões e
alimentícia por parte dos pais ou de outras pessoas
a capacidade mental e física da criança em todo
financeiramente responsáveis pela criança, quer
o seu potencial;
residam no Estado-Parte quer no exterior. Nesse
b) imbuir na criança o respeito aos direitos hu-
sentido, quando a pessoa que detém a responsa-
manos e às liberdades fundamentais, bem como
bilidade financeira pela criança residir em Estado
aos princípios consagrados na Carta das Nações
diferente daquele onde mora a criança, os Estados-
Unidas;
-Partes promoverão a adesão a acordos interna-
c) imbuir na criança o respeito aos seus pais, à
cionais ou a conclusão de tais acordos, bem como
sua própria identidade cultural, ao seu idioma e
a adoção de outras medidas apropriadas.
seus valores, aos valores nacionais do país em que
Artigo 28. reside, aos do eventual país de origem, e aos das
1. Os Estados-Partes reconhecem o direito da civilizações diferentes da sua;
criança à educação e, a fim de que ela possa exer- d) preparar a criança para assumir uma vida res-
cer progressivamente e em igualdade de condi- ponsável numa sociedade livre, com espírito de
ções esse direito, deverão especialmente: compreensão, paz, tolerância, igualdade de sexos
a) tornar o ensino primário obrigatório e dispo- e amizade entre todos os povos, grupos étnicos, na-
nível gratuitamente para todos; cionais e religiosos e pessoas de origem indígena;
80
CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA (NOVA YORK, 1989)
bidas nos termos dos Artigos 44 e 45 da presente de Estados-Partes presentes e votantes na con-
convenção. Essas sugestões e recomendações ge- ferência será submetida pelo Secretário-Geral à
rais deverão ser transmitidas aos Estados-Partes Assembleia Geral para sua aprovação.
e encaminhadas à Assembleia geral, juntamente 2. Uma emenda adotada em conformidade com
com os comentários eventualmente apresentados o parágrafo 1 do presente artigo entrará em vigor
pelos Estados-Partes. quando aprovada pela Assembleia Geral das Na-
ções Unidas e aceita por uma maioria de dois ter-
PARTE III
ços de Estados-Partes.
Artigo 46. 3. Quando uma emenda entrar em vigor, ela
A presente convenção está aberta à assinatura será obrigatória para os Estados-Partes que as te-
de todos os Estados. nham aceito, enquanto os demais Estados-Partes
Artigo 47. permanecerão obrigados pelas disposições da
A presente convenção está sujeita à ratificação. presente convenção e pelas emendas anterior-
Os instrumentos de ratificação serão depositados mente aceitas por eles.
junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas. Artigo 51.
Artigo 48. 1. O Secretário-Geral das Nações Unidas rece-
A presente convenção permanecerá aberta à ade- berá e comunicará a todos os Estados-Partes o
são de qualquer Estado. Os instrumentos de adesão texto das reservas feitas pelos Estados no mo-
serão depositados junto ao Secretário-Geral das mento da ratificação ou da adesão.
Nações Unidas. 2. Não será permitida nenhuma reserva incom-
patível com o objetivo e o propósito da presente
Artigo 49. convenção.
1. A presente convenção entrará em vigor no 3. Quaisquer reservas poderão ser retiradas a
trigésimo dia após a data em que tenha sido de- qualquer momento mediante uma notificação
positado o vigésimo instrumento de ratificação ou nesse sentido dirigida ao Secretário-Geral das
de adesão junto ao Secretário-Geral das Nações Nações Unidas, que informará a todos os Estados.
Unidas. Essa notificação entrará em vigor a partir da data
2. Para cada Estado que venha a ratificar a con- de recebimento da mesma pelo Secretário-Geral.
venção ou a aderir a ela após ter sido depositado
Artigo 52.
o vigésimo instrumento de ratificação ou de ade-
Um Estado-Parte poderá denunciar a presente
são, a convenção entrará em vigor no trigésimo
convenção mediante notificação feita por escrito
dia após o depósito, por parte do Estado, de seu
ao Secretário-Geral das Nações Unidas. A denún-
instrumento de ratificação ou de adesão.
cia entrará em vigor um ano após a data em que
Artigo 50. a notificação tenha sido recebida pelo Secretário-
1. Qualquer Estado-Parte poderá propor uma -Geral.
emenda e registrá-la com o Secretário-Geral das
Artigo 53.
Nações Unidas. O Secretário-Geral comunicará a
Designa-se para depositário da presente con-
emenda proposta aos Estados-Partes, com a so-
venção o Secretário-Geral das Nações Unidas.
licitação de que estes o notifiquem caso apoiem
a convocação de uma Conferência de Estados- Artigo 54.
-Partes com o propósito de analisar as propostas O original da presente convenção, cujos tex-
e submetê-las à votação. Se, num prazo de qua- tos em árabe chinês, espanhol, francês, inglês e
tro meses a partir da data dessa notificação, pelo russo são igualmente autênticos, será depositado
menos um terço dos Estados-Partes se declarar fa- em poder do Secretário-Geral das Nações Unidas.
vorável a tal Conferência, o Secretário-Geral con- Em fé do que, os plenipotenciários abaixo assi-
vocará conferência, sob os auspícios das Nações nados, devidamente autorizados por seus respec-
Unidas. Qualquer emenda adotada pela maioria tivos Governos, assinaram a presente Convenção.
85
PROTOCOLO FACULTATIVO À Acreditando que a eliminação da venda de
CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA crianças, da prostituição infantil e da pornografia
CRIANÇA REFERENTE À VENDA DE infantil será facilitada pela adoção de uma abor-
CRIANÇAS, À PROSTITUIÇÃO INFANTIL E dagem holística que leve em conta os fatores que
À PORNOGRAFIA INFANTIL (ONU, 2000) contribuem para a sua ocorrência, inclusive o sub-
(Aprovado pelo Decreto Legislativo nº 230 de 29/5/2003 desenvolvimento, a pobreza, as disparidades eco-
e promulgado pelo Decreto nº 5.007, de 8/3/2004) nômicas, a estrutura socioeconômica desigual, as
famílias com disfunções, a ausência de educação,
Os Estados-Partes do presente Protocolo, con-
a migração do campo para a cidade, a discrimina-
siderando que, a fim de alcançar os propósitos
ção sexual, o comportamento sexual adulto irres-
da convenção sobre os Direitos da Criança e a
ponsável, as práticas tradicionais prejudiciais, os
implementação de suas disposições, especial-
conflitos armados e o tráfico de crianças,
mente dos arts. 1, 11, 21, 32, 33, 34, 35 e 36, seria
Acreditando na necessidade de esforços de
apropriado ampliar as medidas a serem adotadas
conscientização pública para reduzir a demanda
pelos Estados-Partes, a fim de garantir a proteção
de consumo relativa à venda de crianças, prosti-
da criança contra a venda de crianças, a prostitui-
tuição infantil e pornografia infantil, e acreditando,
ção infantil e a pornografia infantil,
também, na importância do fortalecimento da par-
Considerando também que a Convenção sobre
ceria global entre todos os atores, bem como da
os direitos da criança reconhece o direito da
melhoria do cumprimento da lei no nível nacional,
criança de estar protegida contra a exploração
Tomando nota das disposições de instrumentos
econômica e contra o desempenho de qualquer
jurídicos internacionais relevantes para a prote-
trabalho que possa ser perigoso para a criança
ção de crianças, inclusive a Convenção da Haia
ou interferir em sua educação, ou ser prejudicial
sobre a proteção de crianças e cooperação no que
à saúde da criança ou ao seu desenvolvimento fí-
se refere à Adoção Internacional; a Convenção da
sico, mental, espiritual, moral ou social,
Haia sobre os aspectos civis do sequestro inter-
Seriamente preocupados com o significativo e nacional de crianças; a Convenção da Haia sobre
crescente tráfico internacional de crianças para jurisdição, direito aplicável, reconhecimento, exe-
fins de venda de crianças, prostituição infantil e cução e cooperação referente à responsabilidade
pornografia infantil, dos países; e a Convenção nº 182 da Organização
Profundamente preocupados com a prática dis- Internacional do Trabalho sobre a proibição das
seminada e continuada do turismo sexual, ao qual piores formas de trabalho infantil e a ação ime-
as crianças são particularmente vulneráveis, uma diata para sua eliminação,
vez que promove diretamente a venda de crianças, Encorajados pelo imenso apoio à convenção
a prostituição infantil e a pornografia infantil, sobre os direitos da criança, que demonstra o
Reconhecendo que uma série de grupos parti- amplo compromisso existente com a promoção
cularmente vulneráveis, inclusive meninas, estão e proteção dos direitos da criança,
mais expostos ao risco de exploração sexual, e que Reconhecendo a importância da implementa-
as meninas estão representadas de forma despro- ção das disposições do Programa de Ação para a
porcional entre os sexualmente explorados, prevenção da venda de crianças, da prostituição
Preocupados com a crescente disponibilidade infantil e da pornografia infantil³ e a declaração e
de pornografia infantil na Internet e em outras tec- agenda de ação adotada no Congresso Mundial
nologias modernas, e relembrando a Conferência contra a exploração comercial sexual de crianças,
Internacional sobre o Combate à Pornografia In- realizada em Estocolmo, de 27 a 31 de agosto de
fantil na Internet (Viena, 1999) e, em particular, 1996, bem como outras decisões e recomenda-
sua conclusão, que demanda a criminalização em ções relevantes emanadas de órgãos internacio-
todo o mundo da produção, distribuição, exporta- nais pertinentes,
ção, transmissão, importação, posse intencional e Tendo na devida conta a importância das tradi-
propaganda de pornografia infantil, e enfatizando ções e dos valores culturais de cada povo para a pro-
a importância de cooperação e parceria mais es- teção e o desenvolvimento harmonioso da criança,
treita entre governos e a indústria da Internet, Acordaram o que segue:
86
PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA REFERENTE À
VENDA DE CRIANÇAS, À PROSTITUIÇÃO INFANTIL E À PORNOGRAFIA INFANTIL (ONU, 2000)
g) evitando demora desnecessária na condução completa reintegração social e sua total recupe-
de causas e no cumprimento de ordens ou decre- ração física e psicológica.
tos concedendo reparação a crianças vitimadas. 4. Os Estados-Partes as segurarão que todas
2. Os Estados-Partes as segurarão que quaisquer as crianças vítimas dos delitos descritos no pre-
dúvidas sobre a idade real da vítima não impedirão sente Protocolo tenham acesso a procedimentos
que se de início a investigações criminais, inclusive adequados que lhe permitam obter, sem discri-
investigações para determinar a idade da vítima. minação, das pessoas legalmente responsáveis,
3. Os Estados-Partes assegurarão que, no trata- reparação pelos danos sofridos.
mento dispensado pelo sistema judicial penal às 5. Os Estados-Partes adotarão as medidas apro-
crianças vítimas dos delitos descritos no presente priadas para proibir efetivamente a produção e
Protocolo, a consideração primordial seja o inte- disseminação de material em que se faça propa-
resse superior da criança. ganda dos delitos descritos no presente Protocolo.
4. Os Estados-Partes adotarão medidas para Artigo 10.
assegurar treinamento apropriado, em particular 1. Os Estados-Partes adotarão todas as medi-
treinamento jurídico e psicológico, às pessoas que das necessárias para intensificar a cooperação
trabalham com vítimas, dos delitos proibidos pelo internacional por meio de acordos multilaterais,
presente Protocolo. regionais e bilaterais para prevenir, detectar, in-
5. Nos casos apropriados, os Estados-Partes vestigar, julgar e punir os responsáveis por atos
adotarão medidas para proteger a segurança e envolvendo a venda de crianças, a prostituição
integridade daquelas pessoas e/ou organizações infantil, a pornografia infantil e o turismo sexual
envolvidas na prevenção e/ou proteção e reabili- infantil. Os Estados-Partes promoverão, também,
tação de vítimas desses delitos. a cooperação e coordenação internacionais entre
6. Nenhuma disposição do presente artigo será suas autoridades, organizações não governamen-
interpretada como prejudicial aos direitos do tais nacionais e internacionais e organizações in-
acusado a um julgamento justo e imparcial, ou ternacionais.
como incompatível com esses direitos. 2. Os Estados-Partes promoverão a cooperação
Artigo 9º internacional com vistas a prestar assistência às
1. Os Estados-Partes adotarão ou reforçarão, im- crianças vitimadas em sua recuperação física e
plementarão e disseminarão leis, medidas admi- psicológica, sua reintegração social e repatriação.
nistrativas, políticas e programas sociais para evi- 3. Os Estados-Partes promoverão o fortale-
tar os delitos a que se refere o presente Protocolo. cimento da cooperação internacional, a fim de
Especial atenção será dada à proteção de crianças lutar contra as causas básicas, tais como pobreza
especialmente vulneráveis a essas práticas. e subdesenvolvimento, que contribuem para a
2. Os Estados-Partes promoverão a conscien- vulnerabilidade das crianças à venda de crianças,
tização do público em geral, inclusive das crian- à prostituição infantil, à pornografia infantil e ao
ças, por meio de informações disseminadas por turismo sexual infantil.
4. Os Estados-Partes que estejam em condições
todos os meios apropriados, educação e treina-
de fazê-lo, prestarão assistência financeira, técnica
mento, sobre as medidas preventivas e os efeitos
ou de outra natureza por meio de programas multi-
prejudiciais dos delitos a que se refere o presente
laterais, regionais, bilaterais ou outros programas
Protocolo. No cumprimento das obrigações assu-
existentes.
midas em conformidade com o presente artigo, os
Estados-Partes incentivarão a participação da co- Artigo 11.
munidade e, em particular, de crianças e crianças Nenhuma disposição do presente Protocolo
vitimadas, nas referidas informações e em pro- afetará quaisquer outras disposições mais propi-
gramas educativos e de treinamento, inclusive cias à fruição dos direitos da criança e que possam
no nível internacional. estar contidas:
3. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas a) na legislação de um Estado-Parte;
possíveis com o objetivo de assegurar assistência b) na legislação internacional em vigor para
apropriada às vítimas desses delitos, inclusive sua aquele Estado.
89
Artigo 12. mento da notificação pelo Secretário-Geral das
1. Cada Estado-Parte submeterá ao Comitê Nações Unidas.
sobre os Direitos da Criança, no prazo de dois 2. A referida de núncia não isentará o Estado-
anos a contar da data da entrada em vigor do -Parte das obrigações as sumidas por força do pre-
Protocolo para aquele Estado-Parte, um relatório sente Protocolo no que se refere a qualquer delito
contendo informações abrangentes sobre as me- ocorrido anteriormente à data na qual a denúncia
didas adotadas para implementar as disposições passar a produzir efeitos. A denúncia tampouco
do Protocolo. impedirá, de qualquer forma, que se dê continui-
2. Após a apresentação do relatório abrangente, dade ao exame de qualquer matéria que já esteja
cada Estado-Parte incluirá nos relatórios que sub- sendo examinada pelo Comitê antes da data na
meter ao Comitê sobre os Direitos da Criança qual a denúncia se tornar efetiva.
quaisquer informações adicionais sobre a imple- Artigo 16.
mentação do Protocolo, em conformidade com 1. Qualquer Estado-Parte poderá propor uma
o artigo 44 da Convenção. Os demais Estados- emenda e depositá-la junto ao Secretário-Geral
-Partes do Protocolo submeterão um relatório a das Nações Unidas. O Secretário-Geral comuni-
cada cinco anos. cará a emenda proposta aos Estados-Partes, soli-
3. O Comitê sobre os Direitos da Criança poderá citando-lhes que indiquem se são favoráveis à rea-
solicitar aos Estados-Partes informações adicio- lização de uma conferência de Estados-Partes para
nais relevantes para a implementação do presente análise e votação das propostas. Caso, no prazo de
Protocolo. quatro meses a contar da data da referida comuni-
Artigo 13. cação, pelo menos um terço dos Estados-Partes se
1. O presente Protocolo está aberto para assina- houver manifestado a favor da referida conferên-
tura de qualquer Estado que seja parte ou signa- cia, o Secretário-Geral convocará a conferência sob
tário da Convenção. os auspícios das Nações Unidas. Qualquer emenda
2. O presente Protocolo está sujeito a ratifica- adotada por uma maioria de Estados-Partes pre-
sentes e votantes na conferência será submetida
ção e aberto a adesão de qualquer Estado que seja
à Assembleia Geral para aprovação.
parte ou signatário da Convenção. Os instrumen-
2. Uma emenda adotada em conformidade com
tos de ratificação ou adesão serão depositados
o parágrafo 1 do presente artigo entrará em vigor
com o Secretário-Geral das Nações Unidas.
quando aprovada pela Assembleia Geral das Na-
Artigo 14. ções Unidas e aceita por maioria de dois terços
1. O presente Protocolo entrará em vigor três dos Estados-Partes.
meses após o depósito do décimo instrumento 3. Quando uma emenda entrar em vigor, tornar-
de ratificação ou adesão. -se-á obrigatória para aqueles Estados-Partes que
2. Para cada Estado que ratificar o presente Pro- a aceitaram; os de mais Estados-Partes continua-
tocolo ou a ele aderir após sua entrada em vigor, o rão obrigados pelas disposições do presente Pro-
presente Protocolo passará a viger um mês após tocolo e por quaisquer emendas anteriores que
a data do depósito de seu próprio instrumento de tenham aceitado.
ratificação ou adesão.
Artigo 17.
Artigo 15. 1. O presente Protocolo, com textos em árabe,
1. Qualquer Estado-Parte poderá denunciar o chinês, espanhol, francês, inglês e russo igual-
presente Protocolo a qualquer tempo por meio mente autênticos, será depositado nos arquivos
de notificação escrita ao Secretário-Geral das Na- das Nações Unidas.
ções Unidas, o qual subsequentemente informará 2. O Secretário-Geral das Nações Unidas en-
os demais Estados-Partes da Convenção, e todos viará cópias autenticadas do presente Protocolo
os Estados signatários da Convenção. A denúncia a todos os Estados-Partes da Convenção e a todos
produzirá efeitos um ano após a data de recebi- os Estados signatários da Convenção.
90
DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940
93
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o § 2º A parte que não estiver em condições de
fato não constitui crime mais grave. pagar as custas do processo, sem prejuízo do sus-
tento próprio ou de sua família, gozará do benefí-
Aumento de pena
cio da gratuidade, por simples afirmativa dessas
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a
condições perante o juiz, sob pena de pagamento
2/3 (dois terços) se o crime é praticado por agente
até o décuplo das custas judiciais.
que mantém ou tenha mantido relação íntima de
§ 3º Presume-se pobre, até prova em contrário,
afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou
quem afirmar essa condição, nos termos desta Lei.
humilhação.
§ 4º A impugnação do direito à gratuidade não
Exclusão de ilicitude suspende o curso do processo de alimentos e será
§ 2º Não há crime quando o agente pratica as feita em autos apartados.
condutas descritas no caput deste artigo em pu-
Art. 2º O credor, pessoalmente ou por intermé-
blicação de natureza jornalística, científica, cultu-
dio de advogado, dirigir-se-á ao juiz competente,
ral ou acadêmica com a adoção de recurso que
qualificando-se, e exporá suas necessidades, pro-
impossibilite a identificação da vítima, ressalvada
vando, apenas, o parentesco ou a obrigação de ali-
sua prévia autorização, caso seja maior de 18 (de-
mentar do devedor, indicando seu nome e sobre-
zoito) anos.
nome, residência ou local de trabalho, profissão e
[...]
naturalidade, quanto ganha aproximadamente ou
DISPOSIÇÕES FINAIS os recursos de que dispõe.
Art. 360. Ressalvada a legislação especial sobre § 1º Dispensar-se-á a produção inicial de do-
os crimes contra a existência, a segurança e a inte- cumentos probatórios:
gridade do Estado e contra a guarda e o emprego I – quando existente em notas, registros, repar-
tições ou estabelecimentos públicos e ocorrer im-
da economia popular, os crimes de imprensa e os
pedimento ou demora em extrair certidões;
de falência, os de responsabilidade do Presidente
II – quando estiverem em poder do obrigado, as
da República e dos Governadores ou Intervento-
prestações alimentícias ou de terceiro residente
res, e os crimes militares, revogam-se as disposi-
em lugar incerto ou não sabido.
ções em contrário.
§ 2º Os documentos públicos ficam isentos de
Art. 361. Este Código entrará em vigor no dia 1º de reconhecimento de firma.
janeiro de 1942. § 3º Se o credor comparecer pessoalmente e não
Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1940; indicar profissional que haja concordado em assisti-
119º da Independência e 52º da República. -lo, o juiz designará desde logo quem o deva fazer.
GETÚLIO VARGAS Art. 3º O pedido será apresentado por escrito, em
Francisco Campos 3 (três) vias, e deverá conter a indicação do juiz a
quem for dirigido, os elementos referidos no ar-
LEI Nº 5.478, DE 25 DE JULHO DE 1968 tigo anterior e um histórico sumário dos fatos.
(LEI DE ALIMENTOS) § 1º Se houver sido designado pelo juiz defen-
(Publicada no DOU de 26/7/1968, retificada no DOU de
sor para assistir o solicitante, na forma prevista no
14/8/1968 e republicada no DOU de 8/4/1974)
art. 2º, formulará o designado, dentro de 24 (vinte
Dispõe sobre ação de alimentos e dá outras e quatro) horas da nomeação, o pedido, por es-
providências. crito, podendo, se achar conveniente, indicar seja
O presidente da República a solicitação verbal reduzida a termo.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu § 2º O termo previsto no parágrafo anterior será
sanciono a seguinte Lei: em 3 (três) vias, datadas e assinadas pelo escrivão,
Art. 1º A ação de alimentos é de rito especial, in- observado, no que couber, o disposto no caput do
depende de prévia distribuição e de anterior con- presente artigo.
cessão do benefício de gratuidade. Art. 4º Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde
§ 1º A distribuição será determinada posterior- logo alimentos provisórios a serem pagos pelo de-
mente por ofício do juízo, inclusive para o fim de vedor, salvo se o credor expressamente declarar
registro do feito. que deles não necessita.
94
LEI Nº 5.478, DE 25 DE JULHO DE 1968
Parágrafo único. Se se tratar de alimentos provi- Art. 7º O não comparecimento do autor deter-
sórios pedidos pelo cônjuge, casado pelo regime mina o arquivamento do pedido, e a ausência do
da comunhão universal de bens, o juiz determi- réu importa em revelia, além de confissão quanto
nará igualmente que seja entregue ao credor, à matéria de fato.
mensalmente, parte da renda líquida dos bens
Art. 8º Autor e réu comparecerão à audiência acom-
comuns, administrados pelo devedor.
panhados de suas testemunhas, 3 (três) no máximo,
Art. 5º O escrivão, dentro em 48 (quarenta e oito) apresentando, nessa ocasião, as demais provas.
horas, remeterá ao devedor a segunda via da peti-
Art. 9º Aberta a audiência, lida a petição, ou o
ção ou do termo, juntamente com a cópia do des-
termo, e a resposta, se houver, ou dispensada a
pacho do juiz, e a comunicação do dia e hora da rea-
lização da audiência de conciliação e julgamento. leitura, o juiz ouvirá as partes litigantes e o repre-
§ 1º Na designação da audiência, o juiz fixará o sentante do Ministério Público, propondo concilia-
prazo razoável que possibilite ao réu a contesta- ção. (Caput do artigo com redação dada pela Lei nº 6.014,
ção da ação proposta e a eventualidade de citação de 27/12/1973)
por edital. § 1º Se houver acordo, lavrar-se-á o respectivo
§ 2º A comunicação, que será feita mediante termo, que será assinado pelo juiz, escrivão, par-
registro postal isento de taxas e com aviso de tes e representantes do Ministério Público.
recebimento, importa em citação, para todos os § 2º Não havendo acordo, o juiz tomará o de-
efeitos legais. poimento pessoal das partes e das testemunhas,
§ 3º Se o réu criar embaraços ao recebimento da ouvidos os peritos se houver, podendo julgar o
citação, ou não for encontrado, repetir-se-á a dili- feito sem a mencionada produção de provas, se
gência por intermédio do oficial de justiça, servindo as partes concordarem.
de mandado a terceira via da petição ou do termo.
Art. 10. A audiência de julgamento será contí-
§ 4º Impossibilitada a citação do réu por qual-
nua; mas, se não for possível, por motivo de força
quer dos modos acima previstos, será ele citado
maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz marcará a
por edital afixado na sede do juízo e publicado
sua continuação para o primeiro dia desimpedido,
3 (três) vezes consecutivas no órgão oficial do Es-
independentemente de novas intimações.
tado, correndo a despesa por conta do vencido, a
final, sendo previamente a conta juntada aos autos. Art. 11. Terminada a instrução, poderão as par-
§ 5º O edital deverá conter um resumo do pe- tes e o Ministério Público aduzir alegações finais,
dido inicial, a íntegra do despacho nele exarado, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para
a data e a hora da audiência. cada um.
§ 6º O autor será notificado da data e hora da Parágrafo único. Em seguida, o Juiz renovará a
audiência no ato de recebimento da petição, ou proposta de conciliação e, não sendo aceita, di-
da lavratura do termo. tará sua sentença, que conterá sucinto relatório
§ 7º O Juiz, ao marcar a audiência, oficiará ao do ocorrido na audiência.
empregador do réu, ou, se o mesmo for funcioná-
Art. 12. Da sentença serão as partes intimadas,
rio público, ao responsável por sua repartição, so-
pessoalmente ou através de seus representantes,
licitando o envio, no máximo até a data marcada
na própria audiência, ainda quando ausentes,
para a audiência, de informações sobre o salário
ou os vencimentos do devedor, sob as penas pre- desde que intimadas de sua realização.
vistas no art. 22 desta lei. Art. 13. O disposto nesta Lei aplica-se igualmente,
§ 8º A citação do réu, mesmo no caso dos no que couber, às ações ordinárias de desquite,
arts. 200 e 201 do Código de Processo Civil, far-se-á nulidade e anulação de casamento, à revisão de
na forma do § 2º do art. 5º desta Lei. (Parágrafo com sentenças proferidas em pedidos de alimentos e
redação dada pela Lei nº 6.014, de 27/12/1973) respectivas execuções.
Art. 6º Na audiência de conciliação e julgamento, § 1º Os alimentos provisórios fixados na inicial
deverão estar presentes autor e réu, independen- poderão ser revistos a qualquer tempo, se houver
temente de intimação e de comparecimento de modificação na situação financeira das partes, mas
seus representantes. o pedido será sempre processado em apartado.
95
§ 2º Em qualquer caso, os alimentos fixados re- Parágrafo único. Nas mesmas penas incide quem,
troagem à data da citação. de qualquer modo, ajuda o devedor a eximir-se ao
§ 3º Os alimentos provisórios serão devidos até pagamento de pensão alimentícia judicialmente
a decisão final, inclusive o julgamento do recurso acordada, fixada ou majorada, ou se recusa, ou
extraordinário. procrastina a executar ordem de descontos em fo-
Art. 14. Da sentença caberá apelação no efeito lhas de pagamento, expedida pelo Juiz competente.
devolutivo. (Caput do artigo com redação dada pela Art. 23. A prescrição quinquenal referida no
Lei nº 6.014, de 27/12/1973) art. 178, § 10, inciso I, do Código Civil só alcança
Art. 15. A decisão judicial sobre alimentos não as prestações mensais e não o direito a alimentos,
transita em julgado e pode a qualquer tempo ser que, embora irrenunciável, pode ser provisoria-
revista, em face da modificação da situação finan- mente dispensado.
ceira dos interessados. Art. 24. A parte responsável pelo sustento da fa-
Arts. 16 a 18. (Revogados pela Lei nº 13.105, de 16/3/2015, mília, e que deixar a residência comum por mo-
publicada no DOU de 17/3/2015, em vigor após 1 ano da tivo, que não necessitará declarar, poderá tomar
publicação) a iniciativa de comunicar ao juiz os rendimentos
Art. 19. O juiz, para instrução da causa, ou na exe- de que dispõe e de pedir a citação do credor, para
cução da sentença ou do acordo, poderá tomar comparecer à audiência de conciliação e julga-
todas as providências necessárias para seu escla- mento destinada à fixação dos alimentos a que
recimento ou para o cumprimento do julgado ou está obrigado.
do acordo, inclusive a decretação de prisão do de- Art. 25. A prestação não pecuniária estabelecida
vedor até 60 (sessenta) dias. no art. 403 do Código Civil, só pode ser autorizada
§ 1º O cumprimento integral da pena de prisão pelo juiz se a ela anuir o alimentando capaz.
não eximirá o devedor do pagamento das presta-
ções alimentícias, vincendas ou vencidas e não Art. 26. É competente para as ações de alimen-
pagas. (Parágrafo com redação dada pela Lei nº 6.014, tos decorrentes da aplicação do Decreto Legis-
de 27/12/1973) lativo nº 10, de 13 de novembro de 1958, e De-
§ 2º Da decisão que decretar a prisão do deve- creto nº 56.826, de 2 de setembro de 1965, o Juízo
dor, caberá agravo de instrumento. (Parágrafo com Federal da Capital da unidade federativa brasileira
redação dada pela Lei nº 6.014, de 27/12/1973) em que reside o devedor, sendo considerada ins-
§ 3º A interposição do agravo não suspende a tituição intermediária, para os fins dos referidos
execução da ordem de prisão. (Parágrafo com reda- decretos, a Procuradoria-Geral da República.
ção dada pela Lei nº 6.014, de 27/12/1973) Parágrafo único. Nos termos do inciso III, art. 2º,
da Convenção Internacional sobre ações de ali-
Art. 20. As repartições públicas, civis ou militares,
inclusive do Imposto de Renda, darão todas as in- mentos, o Governo brasileiro comunicará, sem
formações necessárias à instrução dos processos demora, ao Secretário Geral das Nações Unidas,
previstos nesta Lei e à execução do que for deci- o disposto neste artigo.
dido ou acordado em juízo. Art. 27. Aplicam-se supletivamente nos processos
[...] regulados por esta Lei as disposições do Código
Art. 22. Constitui crime contra a administração de Processo Civil.
da Justiça deixar o empregador ou funcionário Art. 28. Esta Lei entrará em vigor 30 (trinta) dias
público de prestar ao juízo competente as infor- depois de sua publicação.
mações necessárias à instrução de processo ou
Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário.
execução de sentença ou acordo que fixe pensão
alimentícia: Brasília, 25 de julho de 1968; 147º da
Independência e 80º da República.
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano,
sem prejuízo da pena acessória de suspensão do A. COSTA E SILVA
emprego de 30 (trinta) a 90 (noventa) dias. Luís Antônio da Gama e Silva
96
LEI Nº 8.560, DE 29 DE DEZEMBRO DE 1992
pagamento dos profissionais que integrarem as gerais à esfera federal e a coordenação e execução
equipes de referência, responsáveis pela organiza- dos programas, em suas respectivas esferas, aos
ção e oferta daquelas ações, conforme percentual Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.
apresentado pelo Ministério do Desenvolvimento Art. 12. Compete à União:
Social e Combate à Fome e aprovado pelo CNAS. I – responder pela concessão e manutenção dos
(Artigo acrescido pela Lei nº 12.435, de 6/7/2011)
benefícios de prestação continuada definidos no
Parágrafo único. A formação das equipes de re- art. 203 da Constituição Federal;
ferência deverá considerar o número de famílias e II – cofinanciar, por meio de transferência auto-
indivíduos referenciados, os tipos e modalidades mática, o aprimoramento da gestão, os serviços,
de atendimento e as aquisições que devem ser os programas e os projetos de assistência social
garantidas aos usuários, conforme deliberações em âmbito nacional; (Inciso com redação dada pela
do CNAS. Lei nº 12.435, de 6/7/2011)
Art. 7º As ações de assistência social, no âmbito III – atender, em conjunto com os Estados, o
das entidades e organizações de assistência social, Distrito Federal e os Municípios, às ações assis-
observarão as normas expedidas pelo Conselho tenciais de caráter de emergência;
Nacional de Assistência Social (CNAS), de que IV – realizar o monitoramento e a avaliação da
trata o art. 17 desta Lei. política de assistência social e assessorar Estados,
Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Distrito Federal e Municípios para seu desenvolvi-
Municípios, observados os princípios e diretrizes mento. (Inciso acrescido pela Lei nº 12.435, de 6/7/2011)
estabelecidos nesta Lei, fixarão suas respectivas Art. 12-A. A União apoiará financeiramente o apri-
Políticas de Assistência Social. moramento à gestão descentralizada dos serviços,
Art. 9º O funcionamento das entidades e organi- programas, projetos e benefícios de assistência
zações de assistência social depende de prévia social, por meio do Índice de Gestão Descentrali-
inscrição no respectivo Conselho Municipal de zada (IGD) do Sistema Único de Assistência Social
Assistência Social, ou no Conselho de Assistência (Suas), para a utilização no âmbito dos Estados,
Social do Distrito Federal, conforme o caso. dos Municípios e do Distrito Federal, destinado,
§ 1º A regulamentação desta lei definirá os crité- sem prejuízo de outras ações a serem definidas
rios de inscrição e funcionamento das entidades em regulamento, a: (Artigo acrescido pela Lei nº 12.435,
de 6/7/2011)
com atuação em mais de um município no mesmo
Estado, ou em mais de um Estado ou Distrito Fe- I – medir os resultados da gestão descentrali-
deral. zada do Suas, com base na atuação do gestor esta-
§ 2º Cabe ao Conselho Municipal de Assistência dual, municipal e do Distrito Federal na implemen-
Social e ao Conselho de Assistência Social do Dis- tação, execução e monitoramento dos serviços,
trito Federal a fiscalização das entidades referidas programas, projetos e benefícios de assistência
no caput na forma prevista em lei ou regulamento. social, bem como na articulação intersetorial;
§ 3º (Revogado pela Lei nº 12.101, de 27/11/2009) II – incentivar a obtenção de resultados qualita-
§ 4º As entidades e organizações de assistência tivos na gestão estadual, municipal e do Distrito
social podem, para defesa de seus direitos refe- Federal do Suas; e
rentes à inscrição e ao funcionamento, recorrer III – calcular o montante de recursos a serem
aos Conselhos Nacional, Estaduais, Municipais e repassados aos entes federados a título de apoio
do Distrito Federal. financeiro à gestão do Suas.
§ 1º Os resultados alcançados pelo ente fe-
Art. 10. A União, os Estados, os Municípios e o Dis- derado na gestão do Suas, aferidos na forma de
trito Federal podem celebrar convênios com en- regulamento, serão considerados como prestação
tidades e organizações de assistência social, em de contas dos recursos a serem transferidos a tí-
conformidade com os Planos aprovados pelos tulo de apoio financeiro.
respectivos Conselhos. § 2º As transferências para apoio à gestão des-
Art. 11. As ações das três esferas de governo na centralizada do Suas adotarão a sistemática do
área de assistência social realizam-se de forma Índice de Gestão Descentralizada do Programa
articulada, cabendo a coordenação e as normas Bolsa Família, previsto no art. 8º da Lei nº 10.836,
101
de 9 de janeiro de 2004, e serão efetivadas por IV – atender às ações assistenciais de caráter de
meio de procedimento integrado àquele índice. emergência;
§ 3º (Vetado) V – prestar os serviços assistenciais de que trata
§ 4º Para fins de fortalecimento dos Conselhos o art. 23 desta Lei;
de Assistência Social dos Estados, Municípios e VI – cofinanciar o aprimoramento da gestão,
Distrito Federal, percentual dos recursos transferi- os serviços, os programas e os projetos de assis-
dos deverá ser gasto com atividades de apoio téc- tência social em âmbito local; (Inciso acrescido pela
nico e operacional àqueles colegiados, na forma Lei nº 12.435, de 6/7/2011)
fixada pelo Ministério do Desenvolvimento Social VII – realizar o monitoramento e a avaliação da
e Combate à Fome, sendo vedada a utilização dos política de assistência social em seu âmbito. (Inciso
recursos para pagamento de pessoal efetivo e de acrescido pela Lei nº 12.435, de 6/7/2011)
gratificações de qualquer natureza a servidor pú- Art. 15. Compete aos Municípios:
blico estadual, municipal ou do Distrito Federal. I – destinar recursos financeiros para custeio do
Art. 13. Compete aos Estados: pagamento dos benefícios eventuais de que trata
I – destinar recursos financeiros aos Municípios, o art. 22, mediante critérios estabelecidos pelos
a título de participação no custeio do pagamento Conselhos Municipais de Assistência Social; (Inciso
dos benefícios eventuais de que trata o art. 22, com redação dada pela Lei nº 12.435, de 6/7/2011)
mediante critérios estabelecidos pelos Conselhos II – efetuar o pagamento dos auxílios natalidade
Estaduais de Assistência Social; (Inciso com redação e funeral;
dada pela Lei nº 12.435, de 6/7/2011) III – executar os projetos de enfrentamento da
II – cofinanciar, por meio de transferência auto- pobreza, incluindo a parceria com organizações
mática, o aprimoramento da gestão, os serviços, da sociedade civil;
os programas e os projetos de assistência social IV – atender às ações assistenciais de caráter de
em âmbito regional ou local; (Inciso com redação emergência;
dada pela Lei nº 12.435, de 6/7/2011) V – prestar os serviços assistenciais de que trata
III – atender, em conjunto com os Municípios, o art. 23 desta Lei;
às ações assistenciais de caráter de emergência; VI – cofinanciar o aprimoramento da gestão,
IV – estimular e apoiar técnica e financeira- os serviços, os programas e os projetos de assis-
mente as associações e consórcios municipais na tência social em âmbito local; (Inciso acrescido pela
prestação de serviços de assistência social; Lei nº 12.435, de 6/7/2011)
V – prestar os serviços assistenciais cujos custos VII – realizar o monitoramento e a avaliação da
ou ausência de demanda municipal justifiquem política de assistência social em seu âmbito. (Inciso
uma rede regional de serviços, desconcentrada, acrescido pela Lei nº 12.435, de 6/7/2011)
no âmbito do respectivo Estado; Art. 16. As instâncias deliberativas do Suas, de
VI – realizar o monitoramento e a avaliação da caráter permanente e composição paritária entre
política de assistência social e assessorar os Mu- governo e sociedade civil, são: (Caput do artigo com
nicípios para seu desenvolvimento. (Inciso acrescido redação dada pela Lei nº 12.435, de 6/7/2011)
pela Lei nº 12.435, de 6/7/2011)
I – o Conselho Nacional de Assistência Social;
Art. 14. Compete ao Distrito Federal: II – os Conselhos Estaduais de Assistência Social;
I – destinar recursos financeiros para custeio III – o Conselho de Assistência Social do Distrito
do pagamento dos benefícios eventuais de que Federal;
trata o art. 22, mediante critérios estabelecidos IV – os Conselhos Municipais de Assistência
pelos Conselhos de Assistência Social do Distrito Social.
Federal; (Inciso com redação dada pela Lei nº 12.435, de Parágrafo único. Os Conselhos de Assistência
6/7/2011) Social estão vinculados ao órgão gestor de as-
II – efetuar o pagamento dos auxílios natalidade sistência social, que deve prover a infraestrutura
e funeral; necessária ao seu funcionamento, garantindo re-
III – executar os projetos de enfrentamento da cursos materiais, humanos e financeiros, inclusive
pobreza, incluindo a parceria com organizações com despesas referentes a passagens e diárias de
da sociedade civil; conselheiros representantes do governo ou da
102
LEI Nº 8.742, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1993
longo prazo de natureza física, mental, intelec- § 10. Considera-se impedimento de longo prazo,
tual ou sensorial, o qual, em interação com uma para os fins do § 2º deste artigo, aquele que pro-
ou mais barreiras, pode obstruir sua participação duza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos.
plena e efetiva na sociedade em igualdade de con- (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.470, de 31/8/2011)
dições com as demais pessoas. (Parágrafo com reda- § 11. Para concessão do benefício de que trata o
ção dada pela Lei nº 13.146, de 6/7/2015, publicada no caput deste artigo, poderão ser utilizados outros
DOU de 7/7/2015, em vigor 180 dias após sua publicação) elementos probatórios da condição de miserabi-
I – (Revogado pela Lei nº 12.470, de 31/8/2011) lidade do grupo familiar e da situação de vulnera-
II – (Revogado pela Lei nº 12.470, de 31/8/2011) bilidade, conforme regulamento. (Parágrafo acres-
§ 3º Considera-se incapaz de prover a manu- cido pela Lei nº 13.146, de 6/7/2015, publicada no DOU de
tenção da pessoa com deficiência ou idosa a fa- 7/7/2015, em vigor 180 dias após sua publicação)
mília cuja renda mensal per capita seja inferior a
Art. 21. O benefício de prestação continuada deve
1/4 (um quarto) do salário mínimo. (Parágrafo com
ser revisto a cada 2 (dois) anos para avaliação da
redação dada pela Lei nº 12.435, de 6/7/2011)
continuidade das condições que lhe deram origem.
§ 4º O benefício de que trata este artigo não
§ 1º O pagamento do benefício cessa no mo-
pode ser acumulado pelo beneficiário com qual-
mento em que forem superadas as condições
quer outro no âmbito da seguridade social ou de
referidas no caput, ou em caso de morte do be-
outro regime, salvo os da assistência médica e da
neficiário.
pensão especial de natureza indenizatória. (Pará-
§ 2º O benefício será cancelado quando se cons-
grafo com redação dada pela Lei nº 12.435, de 6/7/2011)
tatar irregularidade na sua concessão ou utilização.
§ 5º A condição de acolhimento em instituições
§ 3º O desenvolvimento das capacidades cog-
de longa permanência não prejudica o direito do
nitivas, motoras ou educacionais e a realização
idoso ou da pessoa com deficiência ao benefício
de atividades não remuneradas de habilitação e
de prestação continuada. (Parágrafo com redação
reabilitação, entre outras, não constituem motivo
dada pela Lei nº 12.435, de 6/7/2011)
de suspensão ou cessação do benefício da pessoa
§ 6º A concessão do benefício ficará sujeita à
com deficiência. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.435,
avaliação da deficiência e do grau de impedi-
de 6/7/2011)
mento de que trata o § 2º, composta por avaliação
§ 4º A cessação do benefício de prestação con-
médica e avaliação social realizadas por médicos
tinuada concedido à pessoa com deficiência não
peritos e por assistentes sociais do Instituto Na-
impede nova concessão do benefício, desde que
cional de Seguro Social (INSS). (Parágrafo com reda-
atendidos os requisitos definidos em regulamento.
ção dada pela Lei nº 12.470, de 31/8/2011)
(Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.435, de 6/7/2011, e com
§ 7º Na hipótese de não existirem serviços no
redação dada pela Lei nº 12.470, de 31/8/2011)
município de residência do beneficiário, fica as-
segurado, na forma prevista em regulamento, o Art. 21-A. O benefício de prestação continuada
seu encaminhamento ao município mais próximo será suspenso pelo órgão concedente quando a
que contar com tal estrutura. (Parágrafo com redação pessoa com deficiência exercer atividade remune-
dada pela Lei nº 9.720, de 30/11/1998) rada, inclusive na condição de microempreende-
§ 8º A renda familiar mensal a que se refere o § 3º dor individual. (Artigo acrescido pela Lei nº 12.470, de
deverá ser declarada pelo requerente ou seu re- 31/8/2011)
presentante legal, sujeitando-se aos demais pro- § 1º Extinta a relação trabalhista ou a atividade
cedimentos previstos no regulamento para o defe- empreendedora de que trata o caput deste artigo
rimento do pedido. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.720, e, quando for o caso, encerrado o prazo de paga-
de 30/11/1998) mento do seguro-desemprego e não tendo o be-
§ 9º Os rendimentos decorrentes de estágio su- neficiário adquirido direito a qualquer benefício
pervisionado e de aprendizagem não serão com- previdenciário, poderá ser requerida a continui-
putados para os fins de cálculo da renda familiar dade do pagamento do benefício suspenso, sem
per capita a que se refere o § 3º deste artigo. (Pará- necessidade de realização de perícia médica ou
grafo acrescido pela Lei nº 12.470, de 31/8/2011, e com re- reavaliação da deficiência e do grau de incapaci-
dação dada pela Lei nº 13.146, de 6/7/2015, publicada no dade para esse fim, respeitado o período de revi-
DOU de 7/7/2015, em vigor 180 dias após sua publicação) são previsto no caput do art. 21.
105
§ 2º A contratação de pessoa com deficiência I – às crianças e adolescentes em situação de
como aprendiz não acarreta a suspensão do bene- risco pessoal e social, em cumprimento ao dis-
fício de prestação continuada, limitado a 2 (dois) posto no art. 227 da Constituição Federal e na
anos o recebimento concomitante da remunera- Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
ção e do benefício. Criança e do Adolescente);
II – às pessoas que vivem em situação de rua.
Seção II
Dos Benefícios Eventuais Seção IV
Art. 22. Entendem-se por benefícios eventuais as Dos Programas de Assistência Social
provisões suplementares e provisórias que inte- Art. 24. Os programas de assistência social com-
gram organicamente as garantias do Suas e são preendem ações integradas e complementares
prestadas aos cidadãos e às famílias em virtude de com objetivos, tempo e área de abrangência de-
nascimento, morte, situações de vulnerabilidade finidos para qualificar, incentivar e melhorar os
temporária e de calamidade pública. (Artigo com benefícios e os serviços assistenciais.
redação dada pela Lei nº 12.435, de 6/7/2011) § 1º Os programas de que trata este artigo serão
§ 1º A concessão e o valor dos benefícios de que definidos pelos respectivos Conselhos de Assis-
trata este artigo serão definidos pelos Estados, tência Social, obedecidos os objetivos e princípios
Distrito Federal e Municípios e previstos nas res- que regem esta Lei, com prioridade para a inser-
pectivas leis orçamentárias anuais, com base em ção profissional e social.
critérios e prazos definidos pelos respectivos Con- § 2º Os programas voltados para o idoso e a in-
selhos de Assistência Social. tegração da pessoa com deficiência serão devida-
§ 2º O CNAS, ouvidas as respectivas represen- mente articulados com o benefício de prestação
tações de Estados e Municípios dele participantes, continuada estabelecido no art. 20 desta Lei. (Pa-
poderá propor, na medida das disponibilidades rágrafo com redação dada pela Lei nº 12.435, de 6/7/2011)
orçamentárias das 3 (três) esferas de governo, a Art. 24-A. Fica instituído o Serviço de Proteção e
instituição de benefícios subsidiários no valor de Atendimento Integral à Família (Paif), que integra
até 25% (vinte e cinco por cento) do salário mí- a proteção social básica e consiste na oferta de
nimo para cada criança de até 6 (seis) anos de ações e serviços socioassistenciais de prestação
idade. continuada, nos Cras, por meio do trabalho social
§ 3º Os benefícios eventuais subsidiários não com famílias em situação de vulnerabilidade so-
poderão ser cumulados com aqueles instituídos cial, com o objetivo de prevenir o rompimento dos
pelas Leis nº 10.954, de 29 de setembro de 2004, vínculos familiares e a violência no âmbito de suas
e nº 10.458, de 14 de maio de 2002. relações, garantindo o direito à convivência fami-
Seção III liar e comunitária. (Artigo acrescido pela Lei nº 12.435,
Dos Serviços de 6/7/2011)
Art. 23. Entendem-se por serviços socioassisten- Parágrafo único. Regulamento definirá as dire-
ciais as atividades continuadas que visem à me- trizes e os procedimentos do Paif.
lhoria de vida da população e cujas ações, volta- Art. 24-B. Fica instituído o Serviço de Proteção
das para as necessidades básicas, observem os e Atendimento Especializado a Famílias e Indiví-
objetivos, princípios e diretrizes estabelecidos duos (Paefi), que integra a proteção social espe-
nesta Lei. (Caput do artigo com redação dada pela cial e consiste no apoio, orientação e acompa-
Lei nº 12.435, de 6/7/2011) nhamento a famílias e indivíduos em situação de
§ 1º O regulamento instituirá os serviços so- ameaça ou violação de direitos, articulando os
cioassistenciais. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.435, serviços socioassistenciais com as diversas polí-
de 6/7/2011) ticas públicas e com órgãos do sistema de garan-
§ 2º Na organização dos serviços da assistência tia de direitos. (Artigo acrescido pela Lei nº 12.435, de
social serão criados programas de amparo, entre 6/7/2011)
outros: (Primitivo parágrafo único renumerado e com re- Parágrafo único. Regulamento definirá as dire-
dação dada pela Lei nº 12.435, de 6/7/2011) trizes e os procedimentos do Paefi.
106
LEI Nº 8.742, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1993
Art. 24-C. Fica instituído o Programa de Erradica- Art. 28. O financiamento dos benefícios, serviços,
ção do Trabalho Infantil (Peti), de caráter interse- programas e projetos estabelecidos nesta Lei far-
torial, integrante da Política Nacional de Assistên- -se-á com os recursos da União, dos Estados, do
cia Social, que, no âmbito do Suas, compreende Distrito Federal e dos Municípios, das demais con-
transferências de renda, trabalho social com fa- tribuições sociais previstas no art. 195 da Cons-
mílias e oferta de serviços socioeducativos para tituição Federal, além daqueles que compõem o
crianças e adolescentes que se encontrem em si- Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS).
tuação de trabalho. (Artigo acrescido pela Lei nº 12.435, § 1º Cabe ao órgão da Administração Pública
de 6/7/2011) responsável pela coordenação da Política de As-
§ 1º O Peti tem abrangência nacional e será sistência Social nas 3 (três) esferas de governo
desenvolvido de forma articulada pelos entes gerir o Fundo de Assistência Social, sob orienta-
federados, com a participação da sociedade civil, ção e controle dos respectivos Conselhos de As-
e tem como objetivo contribuir para a retirada sistência Social. (Parágrafo com redação dada pela
de crianças e adolescentes com idade inferior Lei nº 12.435, de 6/7/2011)
a 16 (dezesseis) anos em situação de trabalho, § 2º O Poder Executivo disporá, no prazo de
ressalvada a condição de aprendiz, a partir de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data de pu-
14 (quatorze) anos. blicação desta lei, sobre o regulamento e funcio-
§ 2º As crianças e os adolescentes em situação namento do Fundo Nacional de Assistência Social
de trabalho deverão ser identificados e ter os seus (FNAS).
dados inseridos no Cadastro Único para Progra- § 3º O financiamento da assistência social no
mas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), com Suas deve ser efetuado mediante cofinancia-
a devida identificação das situações de trabalho mento dos 3 (três) entes federados, devendo os
infantil. recursos alocados nos fundos de assistência so-
Seção V cial ser voltados à operacionalização, prestação,
Dos Projetos de Enfrentamento da Pobreza aprimoramento e viabilização dos serviços, pro-
Art. 25. Os projetos de enfrentamento da pobreza gramas, projetos e benefícios desta política. (Pará-
grafo acrescido pela Lei nº 12.435, de 6/7/2011)
compreendem a instituição de investimento eco-
nômico-social nos grupos populares, buscando Art. 28-A. (Revogado pela Medida Provisória nº 852, de
subsidiar, financeira e tecnicamente, iniciativas 21/9/2018)
que lhes garantam meios, capacidade produtiva
Art. 29. Os recursos de responsabilidade da União
e de gestão para melhoria das condições gerais
destinados à assistência social serão automatica-
de subsistência, elevação do padrão da quali-
mente repassados ao Fundo Nacional de Assis-
dade de vida, a preservação do meio ambiente e
tência Social (FNAS), à medida que se forem rea-
sua organização social.
lizando as receitas.
Art. 26. O incentivo a projetos de enfrentamento Parágrafo único. Os recursos de responsabili-
da pobreza assentar-se-á em mecanismos de arti- dade da União destinados ao financiamento dos
culação e de participação de diferentes áreas go- benefícios de prestação continuada, previstos no
vernamentais e em sistema de cooperação entre art. 20, poderão ser repassados pelo Ministério da
organismos governamentais, não governamentais Previdência e Assistência Social diretamente ao
e da sociedade civil. INSS, órgão responsável pela sua execução e ma-
CAPÍTULO V nutenção. (Parágrafo único acrescido pela Lei nº 9.720,
DO FINANCIAMENTO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL de 30/11/1998)
Art. 27. Fica o Fundo Nacional de Ação Comuni- Art. 30. É condição para os repasses, aos Muni-
tária (Funac), instituído pelo Decreto nº 91.970, cípios, aos Estados e ao Distrito Federal, dos re-
de 22 de novembro de 1985, ratificado pelo De- cursos de que trata esta lei, a efetiva instituição e
creto Legislativo nº 66, de 18 de dezembro de 1990, funcionamento de:
transformado no Fundo Nacional de Assistência I – Conselho de Assistência Social, de composi-
Social (FNAS). ção paritária entre governo e sociedade civil;
107
II – Fundo de Assistência Social, com orientação CAPÍTULO VI
e controle dos respectivos Conselhos de Assistên- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
cia Social; Art. 31. Cabe ao Ministério Público zelar pelo efe-
III – Plano de Assistência Social. tivo respeito aos direitos estabelecidos nesta lei.
Parágrafo único. É, ainda, condição para trans-
Art. 32. O Poder Executivo terá o prazo de 60 (ses-
ferência de recursos do FNAS aos Estados, ao
senta) dias, a partir da publicação desta Lei, obe-
Distrito Federal e aos Municípios a comprovação
decidas as normas por ela instituídas, para elabo-
orçamentária dos recursos próprios destinados à
rar e encaminhar projeto de lei dispondo sobre a
Assistência Social, alocados em seus respectivos
extinção e reordenamento dos órgãos de assistên-
Fundos de Assistência Social, a partir do exercício
cia social do Ministério do Bem-Estar Social.
de 1999. (Parágrafo único acrescido pela Lei nº 9.720, de
30/11/1998)
§ 1º O projeto de que trata este artigo definirá
formas de transferências de benefícios, serviços,
Art. 30-A. O cofinanciamento dos serviços, pro- programas, projetos, pessoal, bens móveis e imó-
gramas, projetos e benefícios eventuais, no que veis para a esfera municipal.
couber, e o aprimoramento da gestão da polí- § 2º O Ministro de Estado do Bem-Estar Social
tica de assistência social no Suas se efetuam por indicará Comissão encarregada de elaborar o pro-
meio de transferências automáticas entre os fun- jeto de lei de que trata este artigo, que contará
dos de assistência social e mediante alocação de
com a participação das organizações dos usuá-
recursos próprios nesses fundos nas 3 (três) es-
rios, de trabalhadores do setor e de entidades e
feras de governo. (Artigo acrescido pela Lei nº 12.435,
organizações de assistência social.
de 6/7/2011)
Parágrafo único. As transferências automáticas Art. 33. Decorrido o prazo de 120 (cento e vinte)
de recursos entre os fundos de assistência social dias da promulgação desta Lei, fica extinto o
efetuadas à conta do orçamento da seguridade so- Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS), re-
cial, conforme o art. 204 da Constituição Federal, vogando-se, em consequência, os Decretos-Lei
caracterizam-se como despesa pública com a se- nos 525, de 1º de julho de 1938, e 657, de 22 de
guridade social, na forma do art. 24 da Lei Com- julho de 1943.
plementar nº 101, de 4 de maio de 2000. § 1º O Poder Executivo tomará as providências
necessárias para a instalação do Conselho Nacio-
Art. 30-B. Caberá ao ente federado responsável
nal de Assistência Social (CNAS) e a transferência
pela utilização dos recursos do respectivo Fundo
das atividades que passarão à sua competência
de Assistência Social o controle e o acompanha-
dentro do prazo estabelecido no caput, de forma
mento dos serviços, programas, projetos e benefí-
a assegurar não haja solução de continuidade.
cios, por meio dos respectivos órgãos de controle,
§ 2º O acervo do órgão de que trata o caput
independentemente de ações do órgão repassa-
será transferido, no prazo de 60 (sessenta) dias,
dor dos recursos. (Artigo acrescido pela Lei nº 12.435,
para o Conselho Nacional de Assistência Social
de 6/7/2011)
(CNAS), que promoverá, mediante critérios e pra-
Art. 30-C. A utilização dos recursos federais des- zos a serem fixados, a revisão dos processos de
centralizados para os fundos de assistência social registro e certificado de entidade de fins filantró-
dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal picos das entidades e organização de assistência
será declarada pelos entes recebedores ao ente social, observado o disposto no art. 3º desta lei.
transferidor, anualmente, mediante relatório de
Art. 34. A União continuará exercendo papel su-
gestão submetido à apreciação do respectivo Con-
pletivo nas ações de assistência social, por ela
selho de Assistência Social, que comprove a exe-
atualmente executadas diretamente no âmbito
cução das ações na forma de regulamento. (Artigo
dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal,
acrescido pela Lei nº 12.435, de 6/7/2011)
visando à implementação do disposto nesta Lei,
Parágrafo único. Os entes transferidores pode-
por prazo máximo de 12 (doze) meses, contados
rão requisitar informações referentes à aplicação
a partir da data da publicação desta Lei.
dos recursos oriundos do seu fundo de assistência
social, para fins de análise e acompanhamento de Art. 35. Cabe ao órgão da Administração Pú-
sua boa e regular utilização. blica Federal responsável pela coordenação da
108
LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997
111
Art. 1.585. Em sede de medida cautelar de se- [...]
paração de corpos, em sede de medida cautelar
CAPÍTULO V
de guarda ou em outra sede de fixação liminar de DO PODER FAMILIAR
guarda, a decisão sobre guarda de filhos, mesmo
Seção I
que provisória, será proferida preferencialmente
Disposições Gerais
após a oitiva de ambas as partes perante o juiz,
salvo se a proteção aos interesses dos filhos exigir Art. 1.630. Os filhos estão sujeitos ao poder fami-
a concessão de liminar sem a oitiva da outra parte, liar, enquanto menores.
aplicando-se as disposições do art. 1.584. (Artigo Art. 1.631. Durante o casamento e a união está-
com redação dada pela Lei nº 13.058, de 22/12/2014) vel, compete o poder familiar aos pais; na falta ou
Art. 1.586. Havendo motivos graves, poderá o impedimento de um deles, o outro o exercerá com
juiz, em qualquer caso, a bem dos filhos, regular exclusividade.
de maneira diferente da estabelecida nos artigos Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao
antecedentes a situação deles para com os pais. exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer
deles recorrer ao juiz para solução do desacordo.
Art. 1.587. No caso de invalidade do casamento,
havendo filhos comuns, observar-se-á o disposto Art. 1.632. A separação judicial, o divórcio e a dis-
nos arts. 1.584 e 1.586. solução da união estável não alteram as relações
entre pais e filhos senão quanto ao direito, que
Art. 1.588. O pai ou a mãe que contrair novas
aos primeiros cabe, de terem em sua companhia
núpcias não perde o direito de ter consigo os fi-
os segundos.
lhos, que só lhe poderão ser retirados por man-
dado judicial, provado que não são tratados con- Art. 1.633. O filho, não reconhecido pelo pai, fica
venientemente. sob poder familiar exclusivo da mãe; se a mãe
não for conhecida ou capaz de exercê-lo, dar-se-á
Art. 1.589. O pai ou a mãe, em cuja guarda não
tutor ao menor.
estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua
companhia, segundo o que acordar com o outro Seção II
cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscali- Do Exercício do Poder Familiar
zar sua manutenção e educação. Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer
Parágrafo único. O direito de visita estende-se a que seja a sua situação conjugal, o pleno exercí-
qualquer dos avós, a critério do juiz, observados cio do poder familiar, que consiste em, quanto
os interesses da criança ou do adolescente. (Pa- aos filhos: (Caput do artigo com redação dada pela
rágrafo único acrescido pela Lei nº 12.398, de 28/3/2011) Lei nº 13.058, de 22/12/2014)
Art. 1.590. As disposições relativas à guarda e I – dirigir-lhes a criação e a educação; (Inciso com
prestação de alimentos aos filhos menores es- redação dada pela Lei nº 13.058, de 22/12/2014)
tendem-se aos maiores incapazes. II – exercer a guarda unilateral ou comparti-
lhada nos termos do art. 1.584; (Inciso com redação
SUBTÍTULO II
dada pela Lei nº 13.058, de 22/12/2014)
DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO
III – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento
[...]
para casarem; (Inciso com redação dada pela Lei nº 13.058,
CAPÍTULO IV de 22/12/2014)
DA ADOÇÃO IV – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento
Art. 1.618. A adoção de crianças e adolescentes para viajarem ao exterior; (Inciso acrescido pela
será deferida na forma prevista pela Lei nº 8.069, Lei nº 13.058, de 22/12/2014)
de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do V – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento
Adolescente). (Caput do artigo com redação dada pela para mudarem sua residência permanente para
Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, outro Município; (Inciso acrescido pela Lei nº 13.058,
em vigor 90 dias após a publicação) de 22/12/2014)
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 12.010, de VI – nomear-lhes tutor por testamento ou do-
3/8/2009, publicada no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias cumento autêntico, se o outro dos pais não lhe
após a publicação) sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o
112
LEI Nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002
poder familiar; (Primitivo inciso IV renumerado pela IV – incidir, reiteradamente, nas faltas previstas
Lei nº 13.058, de 22/12/2014) no artigo antecedente;
VII – representá-los judicial e extrajudicialmente V – entregar de forma irregular o filho a ter-
até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, ceiros para fins de adoção. (Inciso acrescido pela
e assisti-los, após essa idade, nos atos em que Lei nº 13.509, de 22/11/2017)
forem partes, suprindo-lhes o consentimento; [...]
(Primitivo inciso V renumerado e com redação dada pela
TÍTULO IV
Lei nº 13.058, de 22/12/2014) DA TUTELA, DA CURATELA E DA
VIII – reclamá-los de quem ilegalmente os dete- TOMADA DE DECISÃO APOIADA
nha; (Primitivo inciso VI renumerado pela Lei nº 13.058, (Denominação do título com redação dada pela
de 22/12/2014) Lei nº 13.146, de 6/7/2015, publicada no DOU de
IX – exigir que lhes prestem obediência, res- 7/7/2015, em vigor 180 dias após a publicação)
peito e os serviços próprios de sua idade e condi-
CAPÍTULO I
ção. (Primitivo inciso VII renumerado pela Lei nº 13.058, DA TUTELA
de 22/12/2014)
Seção I
Seção III Dos Tutores
Da Suspensão e Extinção do Poder Familiar
Art. 1.728. Os filhos menores são postos em tutela:
Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar: I – com o falecimento dos pais, ou sendo estes
I – pela morte dos pais ou do filho; julgados ausentes;
II – pela emancipação, nos termos do art. 5º, pa- II – em caso de os pais decaírem do poder familiar.
rágrafo único;
Art. 1.729. O direito de nomear tutor compete
III – pela maioridade;
aos pais, em conjunto.
IV – pela adoção;
Parágrafo único. A nomeação deve constar de
V – por decisão judicial, na forma do artigo 1.638.
testamento ou de qualquer outro documento au-
Art. 1.636. O pai ou a mãe que contrai novas núp- têntico.
cias, ou estabelece união estável, não perde, quan-
Art. 1.730. É nula a nomeação de tutor pelo pai
to aos filhos do relacionamento anterior, os direi-
ou pela mãe que, ao tempo de sua morte, não
tos ao poder familiar, exercendo-os sem qualquer
tinha o poder familiar.
interferência do novo cônjuge ou companheiro.
Parágrafo único. Igual preceito ao estabelecido Art. 1.731. Em falta de tutor nomeado pelos pais
neste artigo aplica-se ao pai ou à mãe solteiros incumbe a tutela aos parentes consanguíneos do
que casarem ou estabelecerem união estável. menor, por esta ordem:
I – aos ascendentes, preferindo o de grau mais
Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua au-
próximo ao mais remoto;
toridade, faltando aos deveres a eles inerentes
II – aos colaterais até o terceiro grau, preferindo
ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, re-
os mais próximos aos mais remotos, e, no mesmo
querendo algum parente, ou o Ministério Público,
grau, os mais velhos aos mais moços; em qualquer
adotar a medida que lhe pareça reclamada pela
dos casos, o juiz escolherá entre eles o mais apto a
segurança do menor e seus haveres, até suspen-
exercer a tutela em benefício do menor.
dendo o poder familiar, quando convenha.
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o Art. 1.732. O juiz nomeará tutor idôneo e resi-
exercício do poder familiar ao pai ou à mãe con- dente no domicílio do menor:
denados por sentença irrecorrível, em virtude de I – na falta de tutor testamentário ou legítimo;
crime cuja pena exceda a dois anos de prisão. II – quando estes forem excluídos ou escusados
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder fami- da tutela;
liar o pai ou a mãe que: III – quando removidos por não idôneos o tutor
I – castigar imoderadamente o filho; legítimo e o testamentário.
II – deixar o filho em abandono; Art. 1.733. Aos irmãos órfãos dar-se-á um só tutor.
III – praticar atos contrários à moral e aos bons § 1º No caso de ser nomeado mais de um tutor
costumes; por disposição testamentária sem indicação de
113
precedência, entende-se que a tutela foi come- Art. 2º (Revogado pela Lei nº 11.692, de 10/6/2008, a par-
tida ao primeiro, e que os outros lhe sucederão tir de 1º/1/2008)
pela ordem de nomeação, se ocorrer morte, inca- Art. 3º (Revogado pela Lei nº 11.692, de 10/6/2008, a par-
pacidade, escusa ou qualquer outro impedimento. tir de 1º/1/2008)
§ 2º Quem institui um menor herdeiro, ou le-
Art. 4º (Revogado pela Lei nº 11.692, de 10/6/2008, a par-
gatário seu, poderá nomear-lhe curador especial
tir de 1º/1/2008)
para os bens deixados, ainda que o beneficiário se
encontre sob o poder familiar, ou tutela. Art. 5º (Revogado pela Lei nº 11.692, de 10/6/2008, a par-
tir de 1º/1/2008)
Art. 1.734. As crianças e os adolescentes cujos
pais forem desconhecidos, falecidos ou que tive- Art. 6º (Revogado pela Lei nº 11.692, de 10/6/2008, a par-
rem sido suspensos ou destituídos do poder fa- tir de 1º/1/2008)
miliar terão tutores nomeados pelo Juiz ou serão Art. 7º (Revogado pela Lei nº 11.692, de 10/6/2008, a par-
incluídos em programa de colocação familiar, na tir de 1º/1/2008)
forma prevista pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de
Art. 8º (Revogado pela Lei nº 11.692, de 10/6/2008, a par-
1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). (Artigo
tir de 1º/1/2008)
com redação dada pela Lei nº 12.010, de 3/8/2009, publicada
no DOU de 4/8/2009, em vigor 90 dias após a publicação) Art. 9º Fica criado, no âmbito da estrutura organi-
[...] zacional da Secretaria-Geral da Presidência da Re-
pública, o Conselho Nacional de Juventude (CNJ),
LIVRO COMPLEMENTAR com a finalidade de formular e propor diretrizes
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
da ação governamental voltadas à promoção de
[...]
políticas públicas de juventude, fomentar estudos
Art. 2.044. Este Código entrará em vigor 1 (um) e pesquisas acerca da realidade socioeconômica
ano após a sua publicação. juvenil e o intercâmbio entre as organizações ju-
[...] venis nacionais e internacionais.
Art. 2.046. Todas as remissões, em diplomas le- § 1º O CNJ terá a seguinte composição:
gislativos, aos Códigos referidos no artigo antece- I – 1/3 (um terço) de representantes do Poder
dente, consideram-se feitas às disposições corres- Público;
pondentes deste Código. II – 2/3 (dois terços) de representantes da so-
ciedade civil.
Brasília, 10 de janeiro de 2002; 181º da
§ 2º (Vetado)
Independência e 114º da República.
§ 3º Ato do Poder Executivo disporá sobre a
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO composição a que se refere o § 1º deste artigo e
Aloysio Nunes Ferreira Filho sobre o funcionamento do CNJ.
[...]
LEI Nº 11.129, DE 30 DE JUNHO DE 2005
Art. 11. À Secretaria Nacional de Juventude,
(LEI DO PROJOVEM)
(Publicada no DOU de 1º/7/2005) (Vide Lei nº 11.692, de
criada na forma da lei, compete, dentre outras
10/6/2008)
atribuições, articular todos os programas e proje-
tos destinados, em âmbito federal, aos jovens na
Institui o Programa Nacional de Inclusão de
Jovens (Projovem); cria o Conselho Nacional da faixa etária entre 15 (quinze) e 29 (vinte e nove)
Juventude (CNJ) e a Secretaria Nacional de Ju- anos, ressalvado o disposto na Lei nº 8.069, de 13
ventude; altera as Leis nos 10.683, de 28 de maio de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Ado-
de 2003, e 10.429, de 24 de abril de 2002; e dá lescente).
outras providências. Parágrafo único. Fica assegurada a participação
O presidente da República da Secretaria de que trata o caput deste artigo no
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu controle e no acompanhamento das ações previs-
sanciono a seguinte Lei: tas nos arts. 13 a 18 desta Lei.
Art. 1º (Revogado pela Lei nº 11.692, de 10/6/2008, a par- Art. 12. Ficam criados, no âmbito do Poder Exe-
tir de 1º/1/2008) cutivo Federal, para atender às necessidades da
114
LEI Nº 11.129, DE 30 DE JUNHO DE 2005
116
LEI Nº 11.692, DE 10 DE JUNHO DE 2008
outubro de 2003, 10.940, de 27 de agosto de Art. 4º Para a execução das modalidades trata-
2004, 11.129, de 30 de junho de 2005, e 11.180, das no art. 2º desta Lei, a União fica autorizada a
de 23 de setembro de 2005; e dá outras
transferir recursos aos Estados, ao Distrito Federal
providências.
e aos Municípios, sem a necessidade de convênio,
O presidente da República acordo, contrato, ajuste ou instrumento congê-
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu nere, mediante depósito em conta-corrente espe-
sanciono a seguinte Lei: cífica, sem prejuízo da devida prestação de contas
Art. 1º O Programa Nacional de Inclusão de Jo- da aplicação dos recursos.
vens (Projovem), instituído pela Lei nº 11.129, de § 1º O montante dos recursos financeiros a que
30 de junho de 2005, passa a reger-se, a partir de 1º se refere esta Lei será repassado em parcelas e
de janeiro de 2008, pelo disposto nesta Lei. calculado com base no número de jovens aten-
didos, conforme disposto em regulamentação, e
Art. 2º O Projovem, destinado a jovens de 15
destina-se à promoção de ações de elevação da
(quinze) a 29 (vinte e nove) anos, com o objetivo
escolaridade e qualificação profissional dos jo-
de promover sua reintegração ao processo educa-
vens, bem como à contratação, remuneração e
cional, sua qualificação profissional e seu desen-
formação de profissionais.
volvimento humano, será desenvolvido por meio
§ 2º Os profissionais de que trata o § 1º deste
das seguintes modalidades:
artigo deverão ser contratados em âmbito local.
I – Projovem Adolescente – Serviço Socioedu-
§ 3º Os órgãos responsáveis pela coordenação
cativo;
das modalidades do Projovem definirão, a cada
II – Projovem Urbano;
exercício financeiro, a forma de cálculo, o número
III – Projovem Campo – Saberes da Terra; e
e o valor das parcelas a serem repassadas aos Es-
IV – Projovem Trabalhador.
tados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem
Art. 3º A execução e a gestão do Projovem dar- como as orientações e instruções necessárias à
-se-ão por meio da conjugação de esforços da Se- sua execução, observado o montante de recursos
cretaria-Geral da Presidência da República e dos disponíveis para este fim, constante da Lei Orça-
Ministérios da Educação, do Trabalho e Emprego mentária Anual.
e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, § 4º Nas modalidades previstas nos incisos II e III
observada a intersetorialidade, sem prejuízo da do caput do art. 2º desta Lei, a transferência de re-
participação de outros órgãos e entidades da ad- cursos financeiros será executada pelo Fundo Na-
ministração pública federal. cional de Desenvolvimento da Educação (FNDE),
§ 1º Fica instituído o Conselho Gestor do Projo- vinculado ao Ministério da Educação, observada
vem, coordenado pela Secretaria Nacional de Ju- a necessária descentralização dos recursos orça-
ventude da Secretaria-Geral da Presidência da Re- mentários pelos órgãos de que trata o caput do
pública e composto pelos Secretários-Executivos art. 3º desta Lei.
dos Ministérios referidos no caput deste artigo e por § 5º A modalidade de que trata o inciso I do
1 (um) Secretário Nacional representante de cada caput do art. 2º desta Lei será ofertada pelo Muni-
um desses Ministérios, a ser indicado pelo respec- cípio que a ela aderir, nos termos do regulamento,
tivo Ministro de Estado. e cofinanciada pela União, Estados, Distrito Fe-
§ 2º O Projovem Adolescente – Serviço Socioedu- deral e Municípios por intermédio dos respectivos
cativo será coordenado pelo Ministério do Desen- Fundos de Assistência Social, respeitado o limite
volvimento Social e Combate à Fome; o Projovem orçamentário da União e os critérios de partilha
Urbano, pela Secretaria-Geral da Presidência da estabelecidos pelo Conselho Nacional de Assistên-
República; o Projovem Campo – Saberes da Terra, cia Social, de acordo com o inciso IX do caput do
pelo Ministério da Educação; e o Projovem Traba- art. 18 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993.
lhador, pelo Ministério do Trabalho e Emprego. § 6º Os saldos dos recursos financeiros recebi-
§ 3º Cada modalidade do Projovem contará com dos pelos órgãos e entidades da administração
1 (um) comitê gestor, a ser instituído pelo órgão pública federal, estadual, municipal e do Distrito
responsável por sua coordenação, assegurada Federal à conta do Projovem, existentes na conta-
nele a participação de representantes dos 3 (três) -corrente específica a que se refere o caput deste
outros órgãos a que se refere o caput deste artigo. artigo em 31 de dezembro de cada ano deverão
117
ser aplicados no exercício subsequente, com es- I – pertencentes a família beneficiária do Pro-
trita observância ao objeto de sua transferência, grama Bolsa Família (PBF);
nos termos da legislação vigente. II – egressos de medida socioeducativa de in-
Art. 5º Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios ternação ou em cumprimento de outras medidas
e as entidades de direito público e privado sem fins socioeducativas em meio aberto, conforme dis-
lucrativos prestarão conta dos recursos recebidos posto na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Esta-
do Projovem, na forma e prazo definidos em regu- tuto da Criança e do Adolescente);
lamento e nas demais disposições aplicáveis. III – em cumprimento ou egressos de medida
de proteção, conforme disposto na Lei nº 8.069, de
Art. 6º Fica a União autorizada a conceder auxí- 13 de julho de 1990;
lio financeiro, no valor de R$ 100,00 (cem reais) IV – egressos do Programa de Erradicação do
mensais, aos beneficiários do Projovem, nas mo- Trabalho Infantil (Peti); ou
dalidades previstas nos incisos II, III e IV do caput V – egressos ou vinculados a programas de com-
do art. 2º desta Lei, a partir do exercício de 2008. bate ao abuso e à exploração sexual.
§ 1º Na modalidade Projovem Urbano, poderão Parágrafo único. Os jovens a que se referem os
ser pagos até 20 (vinte) auxílios financeiros. incisos II a V do caput deste artigo devem ser en-
§ 2º Na modalidade Projovem Campo – Saberes caminhados ao Projovem Adolescente – Serviço
da Terra, poderão ser pagos até 12 (doze) auxílios Socioeducativo pelos programas e serviços espe-
financeiros. cializados de assistência social do Município ou do
§ 3º Na modalidade Projovem Trabalhador, po- Distrito Federal ou pelo gestor de assistência social,
derão ser pagos até 6 (seis) auxílios financeiros. quando demandado oficialmente pelo Conselho
§ 4º É vedada a cumulatividade da percepção Tutelar, pela Defensoria Pública, pelo Ministério
do auxílio financeiro a que se refere o caput deste Público ou pelo Poder Judiciário.
artigo com benefícios de natureza semelhante re-
cebidos em decorrência de outros programas fe- Art. 11. O Projovem Urbano tem como objetivo
derais, permitida a opção por um deles. elevar a escolaridade visando à conclusão do en-
sino fundamental, à qualificação profissional e
Art. 7º O órgão responsável pelas modalidades ao desenvolvimento de ações comunitárias com
do Projovem definirá o agente pagador entre uma exercício da cidadania, na forma de curso, con-
instituição financeira oficial. forme previsto no art. 81 da Lei nº 9.394, de 20 de
Art. 8º As despesas com a execução do Projovem dezembro de 1996.
observarão os limites de movimentação, de empe- Art. 12. O Projovem Urbano atenderá a jovens
nho e de pagamento da programação orçamentá- com idade entre 18 (dezoito) e 29 (vinte e nove)
ria e financeira anual. anos, que saibam ler e escrever e não tenham con-
Parágrafo único. O Poder Executivo deverá com- cluído o ensino fundamental.
patibilizar a quantidade de beneficiários de cada
modalidade do Projovem com as dotações orça- Art. 13. Poderão ser realizadas parcerias com o
mentárias existentes. Ministério da Justiça e com a Secretaria Especial
dos Direitos Humanos da Presidência da Repú-
Art. 9º O Projovem Adolescente – Serviço Socio- blica para implantação do Projovem Urbano nas
educativo, compreendido entre os serviços de que unidades prisionais e nas unidades socioeduca-
trata o art. 23 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de tivas de privação de liberdade, respectivamente.
1993, tem como objetivos: § 1º O disposto no art. 4º desta Lei não será apli-
I – complementar a proteção social básica à fa- cado no caso das parcerias citadas no caput deste
mília, criando mecanismos para garantir a convi- artigo, podendo ser realizado convênio, acordo,
vência familiar e comunitária; e contrato, ajuste ou instrumento congênere.
II – criar condições para a inserção, reinserção § 2º No caso das unidades socioeducativas de
e permanência do jovem no sistema educacional. privação de liberdade, poderão participar do Pro-
Art. 10. O Projovem Adolescente – Serviço Socio- jovem Urbano adolescentes em cumprimento de
educativo destina-se aos jovens de 15 (quinze) a medidas socioeducativas de privação de liberdade
17 (dezessete) anos: que tenham idade mínima de 15 (quinze) anos.
118
LEI Nº 11.692, DE 10 DE JUNHO DE 2008
§ 3º É assegurada aos jovens que iniciaram o § 1º O regulamento disporá sobre critérios ob-
Projovem Urbano nas unidades do sistema prisio- jetivos de habilitação e seleção de entidades pri-
nal ou nas unidades socioeducativas de privação vadas sem fins lucrativos para serem executoras
de liberdade a continuidade do curso nas locali- do Projovem.
dades onde existir o Programa. § 2º A habilitação e seleção das entidades refe-
ridas no § 1º deste artigo serão processadas em
Art. 14. O Projovem Campo – Saberes da Terra
estrita conformidade com os princípios básicos
tem como objetivo elevar a escolaridade dos jo-
da legalidade, da impessoalidade, da moralidade,
vens da agricultura familiar, integrando a quali-
da igualdade, da publicidade e do julgamento
ficação social e formação profissional, na forma
objetivo.
do art. 81 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
[...]
1996, estimulando a conclusão do ensino funda-
mental e proporcionando a formação integral Art. 21. Ato do Poder Executivo disporá sobre as
do jovem, na modalidade educação de jovens e demais regras de funcionamento de cada moda-
lidade do Projovem, inclusive no que se refere ao
adultos, em regime de alternância, nos termos do
estabelecimento de metas, à avaliação, ao moni-
regulamento.
toramento e ao controle social, e sobre os critérios
Art. 15. O Projovem Campo – Saberes da Terra adicionais a serem observados para o ingresso no
atenderá a jovens com idade entre 18 (dezoito) e Programa, bem como para a concessão, a manu-
29 (vinte e nove) anos, residentes no campo, que tenção e a suspensão do auxílio a que se refere o
saibam ler e escrever, que não tenham concluído art. 6º desta Lei.
o ensino fundamental e que cumpram os requisi- § 1º Cumpridos os requisitos estabelecidos
tos previstos no art. 3º da Lei nº 11.326, de 24 de nesta Lei e na sua regulamentação, ficam asse-
julho de 2006. guradas aos jovens com deficiência as condições
Art. 16. O Projovem Trabalhador tem como obje- que lhes possibilitem a efetiva participação no
tivo preparar o jovem para o mercado de trabalho Projovem.
§ 2º Nos currículos dos cursos oferecidos nas mo-
e ocupações alternativas geradoras de renda, por
dalidades de que trata o art. 2º desta Lei deverão
meio da qualificação social e profissional e do es-
ser incluídas noções básicas de comunicação oral
tímulo à sua inserção.
e escrita em língua portuguesa, de matemática, de
Art. 17. O Projovem Trabalhador atenderá a jo- informática, de cidadania e de língua estrangeira.
vens com idade entre 18 (dezoito) e 29 (vinte e
Art. 22. O Poder Executivo deverá veicular dados
nove) anos, em situação de desemprego e que
e informações detalhados sobre a execução orça-
sejam membros de famílias com renda mensal per
mentária e financeira dos Programas Projovem e
capita de até 1 (um) salário mínimo, nos termos
Bolsa Família, tratados nesta Lei.
do regulamento.
Art. 23. Esta Lei entra em vigor na data de sua
Art. 18. Nas unidades da Federação e nos Muni-
publicação.
cípios onde existirem programas similares e con- Parágrafo único. Aos beneficiários e exe-
gêneres ao previsto no Projovem Trabalhador, o cutores dos Programas disciplinados nas Leis
Ministério do Trabalho e Emprego buscará pro- nos 10.748, de 22 de outubro de 2003, 11.129, de
mover a articulação e a integração das ações dos 30 de junho de 2005, e 11.180, de 23 de setembro
respectivos Programas. de 2005, ficam assegurados, no âmbito do Projo-
Art. 19. Na execução do Projovem Trabalhador, o vem, os seus direitos, bem como o cumprimento
Ministério do Trabalho e Emprego fica autorizado, dos seus deveres, nos termos dos convênios, acor-
mediante convênio, a efetuar transferências de dos ou instrumentos congêneres firmados até 31
contribuições corrente e de capital aos órgãos e de dezembro de 2007.
entidades da administração pública federal, esta- Art. 24. Ficam revogados, a partir de 1º de janeiro
dual e municipal, bem como a entidades de direito de 2008:
público e privado sem fins lucrativos, observada a I – o art. 3º-A da Lei nº 9.608, de 18 de fevereiro
legislação pertinente. de 1998;
119
II – a Lei nº 10.748, de 22 de outubro de 2003; Art. 3º A expressão “pátrio poder” contida nos arts.
III – os arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 10.940, de 27 de 21, 23, 24, no parágrafo único do art. 36, no § 1º do
agosto de 2004; art. 45, no art. 49, no inciso X do caput do art. 129,
IV – os arts. 1º a 8º da Lei nº 11.129, de 30 de nas alíneas b e d do parágrafo único do art. 148, nos
junho de 2005; e arts. 155, 157, 163, 166, 169, no inciso III do caput
V – os arts. 1º a 10 da Lei nº 11.180, de 23 de do art. 201 e no art. 249, todos da Lei nº 8.069, de
setembro de 2005. 13 de julho de 1990, bem como na Seção II do Ca-
Brasília, 10 de junho de 2008; 187º da pítulo III do Título VI da Parte Especial do mesmo
Independência e 120º da República. Diploma Legal, fica substituída pela expressão
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA “poder familiar”.
Tarso Genro [...]
Guido Mantega
Fernando Haddad Art. 6º As pessoas e casais já inscritos nos cadas-
André Peixoto Figueiredo Lima tros de adoção ficam obrigados a frequentar, no
Paulo Bernardo Silva
prazo máximo de 1 (um) ano, contado da entrada
Patrus Ananias
Dilma Rousseff em vigor desta Lei, a preparação psicossocial e ju-
Luiz Soares Dulci rídica a que se referem os §§ 3º e 4º do art. 50 da
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, acrescidos
LEI Nº 12.010, DE 3 DE AGOSTO DE 2009 pelo art. 2º desta Lei, sob pena de cassação de sua
(LEI NACIONAL DE ADOÇÃO) inscrição no cadastro.
(Publicada no DOU de 4/8/2009 e retificada no DOU de
Art. 7º Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias
2/9/2009)
após a sua publicação.
Dispõe sobre adoção; altera as Leis nos 8.069, de
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Art. 8º Revogam-se o § 4º do art. 51 e os incisos IV,
Adolescente), 8.560, de 29 de dezembro de 1992; V e VI do caput do art. 198 da Lei nº 8.069, de
revoga dispositivos da Lei nº 10.406, de 10 de 13 de julho de 1990, bem como o parágrafo único
janeiro de 2002 (Código Civil), e da Consolida-
ção das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo
do art. 1.618, o inciso III do caput do art. 10 e
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943; e os arts. 1.620 a 1.629 da Lei nº 10.406, de 10 de
dá outras providências. janeiro de 2002 (Código Civil), e os §§ 1º a 3º do
O presidente da República art. 392-A da Consolidação das Leis do Trabalho,
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de
sanciono a seguinte Lei: maio de 1943.
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o aperfeiçoamento da Brasília, 3 de agosto de 2009; 188º da
sistemática prevista para garantia do direito à con- Independência e 121º da República.
vivência familiar a todas as crianças e adolescentes, LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
na forma prevista pela Lei nº 8.069, de 13 de julho Tarso Genro
de 1990, Estatuto da Criança e do Adolescente. Celso Luiz Nunes Amorim
§ 1º A intervenção estatal, em observância ao dis-
posto no caput do art. 226 da Constituição Federal, LEI Nº 12.127, DE 17 DE
será prioritariamente voltada à orientação, apoio e DEZEMBRO DE 2009
promoção social da família natural, junto à qual a (Publicada no DOU de 18/12/2009)
criança e o adolescente devem permanecer, ressal- Cria o Cadastro Nacional de Crianças e Ado-
vada absoluta impossibilidade, demonstrada por lescentes Desaparecidos.
decisão judicial fundamentada.
O vice-presidente da República, no exercício do
§ 2º Na impossibilidade de permanência na fa-
cargo de presidente da República
mília natural, a criança e o adolescente serão co-
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
locados sob adoção, tutela ou guarda, observadas
sanciono a seguinte Lei:
as regras e princípios contidos na Lei nº 8.069, de
13 de julho de 1990, e na Constituição Federal. Art. 1º Fica criado o Cadastro Nacional de Crian-
[...] ças e Adolescentes Desaparecidos.
120
LEI Nº 12.318, DE 26 DE AGOSTO DE 2010
10 (dez) anos seguintes, em sintonia com os prin- III – regimento interno que regule o funciona-
cípios elencados na Lei nº 8.069, de 13 de julho de mento da entidade, no qual deverá constar, no
1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). mínimo:
§ 1º As normas nacionais de referência para o a) o detalhamento das atribuições e responsabi-
atendimento socioeducativo devem constituir lidades do dirigente, de seus prepostos, dos mem-
anexo ao Plano de que trata o inciso II do art. 3º bros da equipe técnica e dos demais educadores;
desta Lei. b) a previsão das condições do exercício da dis-
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Muni- ciplina e concessão de benefícios e o respectivo
cípios deverão, com base no Plano Nacional de procedimento de aplicação; e
Atendimento Socioeducativo, elaborar seus pla- c) a previsão da concessão de benefícios ex-
nos decenais correspondentes, em até 360 (tre- traordinários e enaltecimento, tendo em vista
zentos e sessenta) dias a partir da aprovação do tornar público o reconhecimento ao adolescente
Plano Nacional. pelo esforço realizado na consecução dos objeti-
vos do plano individual;
Art. 8º Os Planos de Atendimento Socioedu-
IV – a política de formação dos recursos hu-
cativo deverão, obrigatoriamente, prever ações
manos;
articuladas nas áreas de educação, saúde, assis-
V – a previsão das ações de acompanhamento
tência social, cultura, capacitação para o trabalho
do adolescente após o cumprimento de medida
e esporte, para os adolescentes atendidos, em
socioeducativa;
conformidade com os princípios elencados na
VI – a indicação da equipe técnica, cuja quanti-
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
dade e formação devem estar em conformidade
Criança e do Adolescente).
com as normas de referência do sistema e dos
Parágrafo único. Os Poderes Legislativos federal,
conselhos profissionais e com o atendimento
estaduais, distrital e municipais, por meio de suas
socioeducativo a ser realizado; e
comissões temáticas pertinentes, acompanharão
VII – a adesão ao Sistema de Informações sobre
a execução dos Planos de Atendimento Socioedu-
o Atendimento Socioeducativo, bem como sua
cativo dos respectivos entes federados.
operação efetiva.
CAPÍTULO IV Parágrafo único. O não cumprimento do pre-
DOS PROGRAMAS DE ATENDIMENTO visto neste artigo sujeita as entidades de aten-
Seção I dimento, os órgãos gestores, seus dirigentes ou
Disposições Gerais prepostos à aplicação das medidas previstas no
art. 97 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Es-
Art. 9º Os Estados e o Distrito Federal inscreve-
tatuto da Criança e do Adolescente).
rão seus programas de atendimento e alterações
no Conselho Estadual ou Distrital dos Direitos da Art. 12. A composição da equipe técnica do pro-
Criança e do Adolescente, conforme o caso. grama de atendimento deverá ser interdisciplinar,
compreendendo, no mínimo, profissionais das
Art. 10. Os Municípios inscreverão seus progra-
áreas de saúde, educação e assistência social, de
mas e alterações, bem como as entidades de aten-
acordo com as normas de referência.
dimento executoras, no Conselho Municipal dos
§ 1º Outros profissionais podem ser acrescenta-
Direitos da Criança e do Adolescente.
dos às equipes para atender necessidades especí-
Art. 11. Além da especificação do regime, são re- ficas do programa.
quisitos obrigatórios para a inscrição de programa § 2º Regimento interno deve discriminar as
de atendimento: atribuições de cada profissional, sendo proibida
I – a exposição das linhas gerais dos métodos a sobreposição dessas atribuições na entidade de
e técnicas pedagógicas, com a especificação das atendimento.
atividades de natureza coletiva; § 3º O não cumprimento do previsto neste ar-
II – a indicação da estrutura material, dos re- tigo sujeita as entidades de atendimento, seus
cursos humanos e das estratégias de segurança dirigentes ou prepostos à aplicação das medidas
compatíveis com as necessidades da respectiva previstas no art. 97 da Lei nº 8.069, de 13 de julho
unidade; de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
125
Seção II II – a previsão do processo e dos requisitos para
Dos Programas de Meio Aberto a escolha do dirigente;
Art. 13. Compete à direção do programa de pres- III – a apresentação das atividades de natureza
tação de serviços à comunidade ou de liberdade coletiva;
assistida: IV – a definição das estratégias para a gestão de
I – selecionar e credenciar orientadores, desig- conflitos, vedada a previsão de isolamento cau-
nando-os, caso a caso, para acompanhar e avaliar telar, exceto nos casos previstos no § 2º do art. 49
o cumprimento da medida; desta Lei; e
II – receber o adolescente e seus pais ou respon- V – a previsão de regime disciplinar nos termos
sável e orientá-los sobre a finalidade da medida do art. 72 desta Lei.
e a organização e funcionamento do programa; Art. 16. A estrutura física da unidade deverá ser
III – encaminhar o adolescente para o orienta- compatível com as normas de referência do Sinase.
dor credenciado; § 1º É vedada a edificação de unidades socio-
IV – supervisionar o desenvolvimento da me- educacionais em espaços contíguos, anexos, ou
dida; e de qualquer outra forma integrados a estabeleci-
V – avaliar, com o orientador, a evolução do mentos penais.
cumprimento da medida e, se necessário, propor § 2º A direção da unidade adotará, em caráter
à autoridade judiciária sua substituição, suspen- excepcional, medidas para proteção do interno
são ou extinção. em casos de risco à sua integridade física, à sua
Parágrafo único. O rol de orientadores creden- vida, ou à de outrem, comunicando, de imediato,
ciados deverá ser comunicado, semestralmente, à seu defensor e o Ministério Público.
autoridade judiciária e ao Ministério Público.
Art. 17. Para o exercício da função de dirigente
Art. 14. Incumbe ainda à direção do programa de de programa de atendimento em regime de semi-
medida de prestação de serviços à comunidade liberdade ou de internação, além dos requisitos
selecionar e credenciar entidades assistenciais, específicos previstos no respectivo programa de
hospitais, escolas ou outros estabelecimentos atendimento, é necessário:
congêneres, bem como os programas comunitá- I – formação de nível superior compatível com
rios ou governamentais, de acordo com o perfil a natureza da função;
do socioeducando e o ambiente no qual a medida II – comprovada experiência no trabalho com
será cumprida. adolescentes de, no mínimo, 2 (dois) anos; e
Parágrafo único. Se o Ministério Público impug- III – reputação ilibada.
nar o credenciamento, ou a autoridade judiciária
CAPÍTULO V
considerá-lo inadequado, instaurará incidente
DA AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA
de impugnação, com a aplicação subsidiária do GESTÃO DO ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO
procedimento de apuração de irregularidade
Art. 18. A União, em articulação com os Estados,
em entidade de atendimento regulamentado na
o Distrito Federal e os Municípios, realizará avalia-
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
ções periódicas da implementação dos Planos de
Criança e do Adolescente), devendo citar o diri-
Atendimento Socioeducativo em intervalos não
gente do programa e a direção da entidade ou
superiores a 3 (três) anos.
órgão credenciado.
§ 1º O objetivo da avaliação é verificar o cum-
Seção III primento das metas estabelecidas e elaborar re-
Dos Programas de Privação da Liberdade comendações aos gestores e operadores dos Sis-
Art. 15. São requisitos específicos para a inscri- temas.
ção de programas de regime de semiliberdade ou § 2º O processo de avaliação deverá contar
internação: com a participação de representantes do Poder
I – a comprovação da existência de estabeleci- Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria
mento educacional com instalações adequadas e Pública e dos Conselhos Tutelares, na forma a ser
em conformidade com as normas de referência; definida em regulamento.
126
LEI Nº 12.594, DE 18 DE JANEIRO DE 2012
Art. 19. É instituído o Sistema Nacional de Avalia- Art. 21. A avaliação será coordenada por uma co-
ção e Acompanhamento do Atendimento Socio- missão permanente e realizada por comissões
educativo, com os seguintes objetivos: temporárias, essas compostas, no mínimo, por
I – contribuir para a organização da rede de 3 (três) especialistas com reconhecida atuação na
atendimento socioeducativo; área temática e definidas na forma do regulamento.
II – assegurar conhecimento rigoroso sobre as Parágrafo único. É vedado à comissão perma-
ações do atendimento socioeducativo e seus re- nente designar avaliadores:
sultados; I – que sejam titulares ou servidores dos órgãos
gestores avaliados ou funcionários das entidades
III – promover a melhora da qualidade da ges-
avaliadas;
tão e do atendimento socioeducativo; e
II – que tenham relação de parentesco até o 3º
IV – disponibilizar informações sobre o atendi-
grau com titulares ou servidores dos órgãos ges-
mento socioeducativo.
tores avaliados e/ou funcionários das entidades
§ 1º A avaliação abrangerá, no mínimo, a ges-
avaliadas; e
tão, as entidades de atendimento, os programas
III – que estejam respondendo a processos cri-
e os resultados da execução das medidas socio-
minais.
educativas.
§ 2º Ao final da avaliação, será elaborado rela- Art. 22. A avaliação da gestão terá por objetivo:
tório contendo histórico e diagnóstico da situação, I – verificar se o planejamento orçamentário e
as recomendações e os prazos para que essas sua execução se processam de forma compatível
sejam cumpridas, além de outros elementos a com as necessidades do respectivo Sistema de
Atendimento Socioeducativo;
serem definidos em regulamento.
II – verificar a manutenção do fluxo financeiro,
§ 3º O relatório da avaliação deverá ser enca-
considerando as necessidades operacionais do
minhado aos respectivos Conselhos de Direitos,
atendimento socioeducativo, as normas de refe-
Conselhos Tutelares e ao Ministério Público.
rência e as condições previstas nos instrumentos
§ 4º Os gestores e entidades têm o dever de co-
jurídicos celebrados entre os órgãos gestores e as
laborar com o processo de avaliação, facilitando
entidades de atendimento;
o acesso às suas instalações, à documentação e
III – verificar a implementação de todos os de-
a todos os elementos necessários ao seu efetivo
mais compromissos assumidos por ocasião da ce-
cumprimento.
lebração dos instrumentos jurídicos relativos ao
§ 5º O acompanhamento tem por objetivo ve-
atendimento socioeducativo; e
rificar o cumprimento das metas dos Planos de IV – a articulação interinstitucional e interseto-
Atendimento Socioeducativo. rial das políticas.
Art. 20. O Sistema Nacional de Avaliação e Acompa- Art. 23. A avaliação das entidades terá por obje-
nhamento da Gestão do Atendimento Socioeduca- tivo identificar o perfil e o impacto de sua atuação,
tivo assegurará, na metodologia a ser empregada: por meio de suas atividades, programas e projetos,
I – a realização da autoavaliação dos gestores e considerando as diferentes dimensões institucio-
das instituições de atendimento; nais e, entre elas, obrigatoriamente, as seguintes:
II – a avaliação institucional externa, contem- I – o plano de desenvolvimento institucional;
plando a análise global e integrada das instala- II – a responsabilidade social, considerada espe-
ções físicas, relações institucionais, compromisso cialmente sua contribuição para a inclusão social
social, atividades e finalidades das instituições de e o desenvolvimento socioeconômico do adoles-
atendimento e seus programas; cente e de sua família;
III – o respeito à identidade e à diversidade de III – a comunicação e o intercâmbio com a so-
entidades e programas; ciedade;
127
IV – as políticas de pessoal quanto à qualifica- Parágrafo único. As recomendações originadas
ção, aperfeiçoamento, desenvolvimento profissio- da avaliação deverão indicar prazo para seu cum-
nal e condições de trabalho; primento por parte das entidades de atendimento
V – a adequação da infraestrutura física às nor- e dos gestores avaliados, ao fim do qual estarão
mas de referência; sujeitos às medidas previstas no art. 28 desta Lei.
VI – o planejamento e a autoavaliação quanto
aos processos, resultados, eficiência e eficácia do Art. 27. As informações produzidas a partir do Sis-
projeto pedagógico e da proposta socioeducativa; tema Nacional de Informações sobre Atendimento
VII – as políticas de atendimento para os adoles- Socioeducativo serão utilizadas para subsidiar a
centes e suas famílias; avaliação, o acompanhamento, a gestão e o finan-
VIII – a atenção integral à saúde dos adolescen- ciamento dos Sistemas Nacional, Distrital, Esta-
tes em conformidade com as diretrizes do art. 60 duais e Municipais de Atendimento Socioeducativo.
desta Lei; e
IX – a sustentabilidade financeira. CAPÍTULO VI
DA RESPONSABILIZAÇÃO DOS GESTORES,
Art. 24. A avaliação dos programas terá por obje- OPERADORES E ENTIDADES DE ATENDIMENTO
tivo verificar, no mínimo, o atendimento ao que
determinam os arts. 94, 100, 117, 119, 120, 123 e Art. 28. No caso do desrespeito, mesmo que par-
124 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Esta- cial, ou do não cumprimento integral às diretri-
tuto da Criança e do Adolescente). zes e determinações desta Lei, em todas as esferas,
são sujeitos:
Art. 25. A avaliação dos resultados da execução
de medida socioeducativa terá por objetivo, no I – gestores, operadores e seus prepostos e
mínimo: entidades governamentais às medidas previstas
I – verificar a situação do adolescente após cum- no inciso I e no § 1º do art. 97 da Lei nº 8.069, de
primento da medida socioeducativa, tomando por 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Ado-
base suas perspectivas educacionais, sociais, pro- lescente); e
fissionais e familiares; e II – entidades não governamentais, seus gesto-
II – verificar reincidência de prática de ato in- res, operadores e prepostos às medidas previstas
fracional. no inciso II e no § 1º do art. 97 da Lei nº 8.069, de
Art. 26. Os resultados da avaliação serão utiliza- 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Ado-
dos para: lescente).
I – planejamento de metas e eleição de priorida- Parágrafo único. A aplicação das medidas pre-
des do Sistema de Atendimento Socioeducativo e vistas neste artigo dar-se-á a partir da análise
seu financiamento; de relatório circunstanciado elaborado após as
II – reestruturação e/ou ampliação da rede de
avaliações, sem prejuízo do que determinam os
atendimento socioeducativo, de acordo com as
arts. 191 a 197, 225 a 227, 230 a 236, 243 e 245 a 247
necessidades diagnosticadas;
da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
III – adequação dos objetivos e da natureza do
atendimento socioeducativo prestado pelas enti- Criança e do Adolescente).
dades avaliadas; Art. 29. Àqueles que, mesmo não sendo agentes
IV – celebração de instrumentos de cooperação públicos, induzam ou concorram, sob qualquer
com vistas à correção de problemas diagnostica- forma, direta ou indireta, para o não cumprimento
dos na avaliação;
desta Lei, aplicam-se, no que couber, as penali-
V – reforço de financiamento para fortalecer a
dades dispostas na Lei nº 8.429, de 2 de junho de
rede de atendimento socioeducativo;
1992, que dispõe sobre as sanções aplicáveis aos
VI – melhorar e ampliar a capacitação dos ope-
radores do Sistema de Atendimento Socioedu- agentes públicos nos casos de enriquecimento ilí-
cativo; e cito no exercício de mandato, cargo, emprego ou
VII – os efeitos do art. 95 da Lei nº 8.069, de 13 função na administração pública direta, indireta
de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Ado- ou fundacional e dá outras providências (Lei de
lescente). Improbidade Administrativa).
128
LEI Nº 12.594, DE 18 DE JANEIRO DE 2012
autoridade judiciária remeterá o inteiro teor da deve ser descontado do prazo de cumprimento da
decisão à direção do programa de atendimento, medida socioeducativa.
assim como as peças que entender relevantes à Art. 47. O mandado de busca e apreensão do ado-
nova situação jurídica do adolescente.
lescente terá vigência máxima de 6 (seis) meses, a
Parágrafo único. No caso de a substituição da
contar da data da expedição, podendo, se neces-
medida importar em vinculação do adolescente
sário, ser renovado, fundamentadamente.
a outro programa de atendimento, o plano indi-
vidual e o histórico do cumprimento da medida Art. 48. O defensor, o Ministério Público, o ado-
deverão acompanhar a transferência. lescente e seus pais ou responsável poderão pos-
tular revisão judicial de qualquer sanção disci-
Art. 45. Se, no transcurso da execução, sobrevier
plinar aplicada, podendo a autoridade judiciária
sentença de aplicação de nova medida, a autori-
suspender a execução da sanção até decisão final
dade judiciária procederá à unificação, ouvidos,
do incidente.
previamente, o Ministério Público e o defensor,
§ 1º Postulada a revisão após ouvida a autori-
no prazo de 3 (três) dias sucessivos, decidindo-se
dade colegiada que aplicou a sanção e havendo
em igual prazo.
provas a produzir em audiência, procederá o ma-
§ 1º É vedado à autoridade judiciária determi-
gistrado na forma do § 1º do art. 42 desta Lei.
nar reinício de cumprimento de medida socio-
§ 2º É vedada a aplicação de sanção disciplinar
educativa, ou deixar de considerar os prazos má-
de isolamento a adolescente interno, exceto seja
ximos, e de liberação compulsória previstos na
essa imprescindível para garantia da segurança
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
de outros internos ou do próprio adolescente a
Criança e do Adolescente), excetuada a hipótese
quem seja imposta a sanção, sendo necessária
de medida aplicada por ato infracional praticado
ainda comunicação ao defensor, ao Ministério
durante a execução.
Público e à autoridade judiciária em até 24 (vinte
§ 2º É vedado à autoridade judiciária aplicar
e quatro) horas.
nova medida de internação, por atos infracionais
praticados anteriormente, a adolescente que já CAPÍTULO III
tenha concluído cumprimento de medida socio- DOS DIREITOS INDIVIDUAIS
educativa dessa natureza, ou que tenha sido trans- Art. 49. São direitos do adolescente submetido
ferido para cumprimento de medida menos rigo- ao cumprimento de medida socioeducativa, sem
rosa, sendo tais atos absorvidos por aqueles aos prejuízo de outros previstos em lei:
quais se impôs a medida socioeducativa extrema. I – ser acompanhado por seus pais ou respon-
Art. 46. A medida socioeducativa será declarada sável e por seu defensor, em qualquer fase do
extinta: procedimento administrativo ou judicial;
I – pela morte do adolescente; II – ser incluído em programa de meio aberto
II – pela realização de sua finalidade; quando inexistir vaga para o cumprimento de me-
III – pela aplicação de pena privativa de liber- dida de privação da liberdade, exceto nos casos de
dade, a ser cumprida em regime fechado ou se- ato infracional cometido mediante grave ameaça
miaberto, em execução provisória ou definitiva; ou violência à pessoa, quando o adolescente de-
IV – pela condição de doença grave, que torne verá ser internado em Unidade mais próxima de
o adolescente incapaz de submeter-se ao cumpri- seu local de residência;
mento da medida; e III – ser respeitado em sua personalidade, in-
V – nas demais hipóteses previstas em lei. timidade, liberdade de pensamento e religião e
§ 1º No caso de o maior de 18 (dezoito) anos, em todos os direitos não expressamente limita-
em cumprimento de medida socioeducativa, res- dos na sentença;
ponder a processo-crime, caberá à autoridade IV – peticionar, por escrito ou verbalmente, di-
judiciária decidir sobre eventual extinção da exe- retamente a qualquer autoridade ou órgão pú-
cução, cientificando da decisão o juízo criminal blico, devendo, obrigatoriamente, ser respon-
competente. dido em até 15 (quinze) dias;
§ 2º Em qualquer caso, o tempo de prisão caute- V – ser informado, inclusive por escrito, das
lar não convertida em pena privativa de liberdade normas de organização e funcionamento do
131
programa de atendimento e também das previ- mos do art. 249 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de
sões de natureza disciplinar; 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), civil
VI – receber, sempre que solicitar, informações e criminal.
sobre a evolução de seu plano individual, parti- Art. 53. O PIA será elaborado sob a responsabili-
cipando, obrigatoriamente, de sua elaboração e, dade da equipe técnica do respectivo programa
se for o caso, reavaliação; de atendimento, com a participação efetiva do
VII – receber assistência integral à sua saúde, adolescente e de sua família, representada por
conforme o disposto no art. 60 desta Lei; e seus pais ou responsável.
VIII – ter atendimento garantido em creche e
Art. 54. Constarão do plano individual, no mínimo:
pré-escola aos filhos de 0 (zero) a 5 (cinco) anos.
I – os resultados da avaliação interdisciplinar;
§ 1º As garantias processuais destinadas a
II – os objetivos declarados pelo adolescente;
adolescente autor de ato infracional previstas na
III – a previsão de suas atividades de integra-
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
ção social e/ou capacitação profissional;
Criança e do Adolescente), aplicam-se integral-
IV – atividades de integração e apoio à família;
mente na execução das medidas socioeducativas,
V – formas de participação da família para efe-
inclusive no âmbito administrativo.
tivo cumprimento do plano individual; e
§ 2º A oferta irregular de programas de aten-
VI – as medidas específicas de atenção à sua
dimento socioeducativo em meio aberto não
saúde.
poderá ser invocada como motivo para aplica-
ção ou manutenção de medida de privação da Art. 55. Para o cumprimento das medidas de se-
liberdade. miliberdade ou de internação, o plano individual
conterá, ainda:
Art. 50. Sem prejuízo do disposto no § 1º do
I – a designação do programa de atendimento
art. 121 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de
mais adequado para o cumprimento da medida;
1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), a
II – a definição das atividades internas e exter-
direção do programa de execução de medida de
nas, individuais ou coletivas, das quais o adoles-
privação da liberdade poderá autorizar a saída, cente poderá participar; e
monitorada, do adolescente nos casos de tra- III – a fixação das metas para o alcance de desen-
tamento médico, doença grave ou falecimento, volvimento de atividades externas.
devidamente comprovados, de pai, mãe, filho, Parágrafo único. O PIA será elaborado no prazo de
cônjuge, companheiro ou irmão, com imediata até 45 (quarenta e cinco) dias da data do ingresso do
comunicação ao juízo competente. adolescente no programa de atendimento.
Art. 51. A decisão judicial relativa à execução de Art. 56. Para o cumprimento das medidas de
medida socioeducativa será proferida após ma- prestação de serviços à comunidade e de liber-
nifestação do defensor e do Ministério Público. dade assistida, o PIA será elaborado no prazo de
CAPÍTULO IV até 15 (quinze) dias do ingresso do adolescente
DO PLANO INDIVIDUAL DE no programa de atendimento.
ATENDIMENTO (PIA)
Art. 57. Para a elaboração do PIA, a direção do
Art. 52. O cumprimento das medidas socioedu- respectivo programa de atendimento, pessoal-
cativas, em regime de prestação de serviços à mente ou por meio de membro da equipe técnica,
comunidade, liberdade assistida, semiliberdade terá acesso aos autos do procedimento de apura-
ou internação, dependerá de Plano Individual ção do ato infracional e aos dos procedimentos
de Atendimento (PIA), instrumento de previsão, de apuração de outros atos infracionais atribuí-
registro e gestão das atividades a serem desen- dos ao mesmo adolescente.
volvidas com o adolescente. § 1º O acesso aos documentos de que trata o
Parágrafo único. O PIA deverá contemplar a caput deverá ser realizado por funcionário da en-
participação dos pais ou responsáveis, os quais tidade de atendimento, devidamente credenciado
têm o dever de contribuir com o processo res- para tal atividade, ou por membro da direção, em
socializador do adolescente, sendo esses passí- conformidade com as normas a serem definidas
veis de responsabilização administrativa, nos ter- pelo Poder Judiciário, de forma a preservar o que
132
LEI Nº 12.594, DE 18 DE JANEIRO DE 2012
determinam os arts. 143 e 144 da Lei nº 8.069, de V – garantia de acesso a todos os níveis de aten-
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Ado- ção à saúde, por meio de referência e contrarre-
lescente). ferência, de acordo com as normas do Sistema
§ 2º A direção poderá requisitar, ainda: Único de Saúde (SUS);
I – ao estabelecimento de ensino, o histórico VI – capacitação das equipes de saúde e dos pro-
escolar do adolescente e as anotações sobre o fissionais das entidades de atendimento, bem como
seu aproveitamento; daqueles que atuam nas unidades de saúde de re-
II – os dados sobre o resultado de medida an- ferência voltadas às especificidades de saúde dessa
teriormente aplicada e cumprida em outro pro- população e de suas famílias;
grama de atendimento; e VII – inclusão, nos Sistemas de Informação de
III – os resultados de acompanhamento espe- Saúde do SUS, bem como no Sistema de Informa-
cializado anterior. ções sobre Atendimento Socioeducativo, de dados
e indicadores de saúde da população de adoles-
Art. 58. Por ocasião da reavaliação da medida, é
centes em atendimento socioeducativo; e
obrigatória a apresentação pela direção do pro-
VIII – estruturação das unidades de internação
grama de atendimento de relatório da equipe
conforme as normas de referência do SUS e do Si-
técnica sobre a evolução do adolescente no cum-
nase, visando ao atendimento das necessidades
primento do plano individual.
de Atenção Básica.
Art. 59. O acesso ao plano individual será res-
Art. 61. As entidades que ofereçam programas
trito aos servidores do respectivo programa de
de atendimento socioeducativo em meio aberto
atendimento, ao adolescente e a seus pais ou
e de semiliberdade deverão prestar orientações
responsável, ao Ministério Público e ao defensor,
aos socioeducandos sobre o acesso aos serviços
exceto expressa autorização judicial.
e às unidades do SUS.
CAPÍTULO V
Art. 62. As entidades que ofereçam programas de
DA ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DE
ADOLESCENTE EM CUMPRIMENTO privação de liberdade deverão contar com uma
DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA equipe mínima de profissionais de saúde cuja
composição esteja em conformidade com as nor-
Seção I
mas de referência do SUS.
Disposições Gerais
Art. 63. (Vetado)
Art. 60. A atenção integral à saúde do adolescente
§ 1º O filho de adolescente nascido nos estabele-
no Sistema de Atendimento Socioeducativo se-
cimentos referidos no caput deste artigo não terá tal
guirá as seguintes diretrizes:
informação lançada em seu registro de nascimento.
I – previsão, nos planos de atendimento socio-
§ 2º Serão asseguradas as condições neces-
educativo, em todas as esferas, da implantação de
sárias para que a adolescente submetida à exe-
ações de promoção da saúde, com o objetivo de in-
cução de medida socioeducativa de privação de
tegrar as ações socioeducativas, estimulando a au-
liberdade permaneça com o seu filho durante o
tonomia, a melhoria das relações interpessoais e o
período de amamentação.
fortalecimento de redes de apoio aos adolescentes
e suas famílias; Seção II
II – inclusão de ações e serviços para a promo- Do Atendimento a Adolescente com
ção, proteção, prevenção de agravos e doenças e Transtorno Mental e com Dependência
recuperação da saúde; de Álcool e de Substância Psicoativa
III – cuidados especiais em saúde mental, in- Art. 64. O adolescente em cumprimento de me-
cluindo os relacionados ao uso de álcool e outras dida socioeducativa que apresente indícios de
substâncias psicoativas, e atenção aos adolescen- transtorno mental, de deficiência mental, ou as-
tes com deficiências; sociadas, deverá ser avaliado por equipe técnica
IV – disponibilização de ações de atenção à multidisciplinar e multissetorial.
saúde sexual e reprodutiva e à prevenção de doen- § 1º As competências, a composição e a atuação
ças sexualmente transmissíveis; da equipe técnica de que trata o caput deverão
133
seguir, conjuntamente, as normas de referência mento, que emitirá documento de identificação,
do SUS e do Sinase, na forma do regulamento. pessoal e intransferível, específico para a realiza-
§ 2º A avaliação de que trata o caput subsidiará a ção da visita íntima.
elaboração e execução da terapêutica a ser adotada,
Art. 69. É garantido aos adolescentes em cumpri-
a qual será incluída no PIA do adolescente, pre-
mento de medida socioeducativa de internação o
vendo, se necessário, ações voltadas para a família.
direito de receber visita dos filhos, independente-
§ 3º As informações produzidas na avaliação de
que trata o caput são consideradas sigilosas. mente da idade desses.
§ 4º Excepcionalmente, o juiz poderá suspen- Art. 70. O regulamento interno estabelecerá as
der a execução da medida socioeducativa, ouvi- hipóteses de proibição da entrada de objetos na
dos o defensor e o Ministério Público, com vistas unidade de internação, vedando o acesso aos
a incluir o adolescente em programa de atenção seus portadores.
integral à saúde mental que melhor atenda aos
objetivos terapêuticos estabelecidos para o seu CAPÍTULO VII
DOS REGIMES DISCIPLINARES
caso específico.
§ 5º Suspensa a execução da medida socio- Art. 71. Todas as entidades de atendimento socio-
educativa, o juiz designará o responsável por educativo deverão, em seus respectivos regimen-
acompanhar e informar sobre a evolução do aten- tos, realizar a previsão de regime disciplinar que
dimento ao adolescente. obedeça aos seguintes princípios:
§ 6º A suspensão da execução da medida socio- I – tipificação explícita das infrações como leves,
educativa será avaliada, no mínimo, a cada 6 (seis) médias e graves e determinação das correspon-
meses. dentes sanções;
§ 7º O tratamento a que se submeterá o adoles-
II – exigência da instauração formal de processo
cente deverá observar o previsto na Lei nº 10.216,
disciplinar para a aplicação de qualquer sanção,
de 6 de abril de 2001, que dispõe sobre a proteção
garantidos a ampla defesa e o contraditório;
e os direitos das pessoas portadoras de transtor-
III – obrigatoriedade de audiência do socioedu-
nos mentais e redireciona o modelo assistencial
cando nos casos em que seja necessária a instau-
em saúde mental.
ração de processo disciplinar;
§ 8º (Vetado)
IV – sanção de duração determinada;
Art. 65. Enquanto não cessada a jurisdição da
V – enumeração das causas ou circunstâncias
Infância e Juventude, a autoridade judiciária, nas
que eximam, atenuem ou agravem a sanção a ser
hipóteses tratadas no art. 64, poderá remeter
imposta ao socioeducando, bem como os requisi-
cópia dos autos ao Ministério Público para even-
tos para a extinção dessa;
tual propositura de interdição e outras providên-
VI – enumeração explícita das garantias de de-
cias pertinentes.
fesa;
Art. 66. (Vetado)
VII – garantia de solicitação e rito de apreciação
CAPÍTULO VI dos recursos cabíveis; e
DAS VISITAS A ADOLESCENTE EM VIII – apuração da falta disciplinar por comis-
CUMPRIMENTO DE MEDIDA DE INTERNAÇÃO
são composta por, no mínimo, 3 (três) integran-
Art. 67. A visita do cônjuge, companheiro, pais ou tes, sendo 1 (um), obrigatoriamente, oriundo da
responsáveis, parentes e amigos a adolescente a equipe técnica.
quem foi aplicada medida socioeducativa de in-
ternação observará dias e horários próprios defi- Art. 72. O regime disciplinar é independente da
nidos pela direção do programa de atendimento. responsabilidade civil ou penal que advenha do
ato cometido.
Art. 68. É assegurado ao adolescente casado ou
que viva, comprovadamente, em união estável o Art. 73. Nenhum socioeducando poderá desem-
direito à visita íntima. penhar função ou tarefa de apuração disciplinar
Parágrafo único. O visitante será identificado e ou aplicação de sanção nas entidades de atendi-
registrado pela direção do programa de atendi- mento socioeducativo.
134
LEI Nº 13.257, DE 8 DE MARÇO DE 2016
recerá assistência técnica na elaboração de planos III – executando ações diretamente ou em par-
estaduais, distrital e municipais para a primeira in- ceria com o poder público;
fância que articulem os diferentes setores. IV – desenvolvendo programas, projetos e ações
compreendidos no conceito de responsabilidade
Art. 9º As políticas para a primeira infância serão
social e de investimento social privado;
articuladas com as instituições de formação profis-
V – criando, apoiando e participando de redes
sional, visando à adequação dos cursos às carac-
de proteção e cuidado à criança nas comunidades;
terísticas e necessidades das crianças e à forma-
VI – promovendo ou participando de campa-
ção de profissionais qualificados, para possibilitar
nhas e ações que visem a aprofundar a consciên-
a expansão com qualidade dos diversos serviços.
cia social sobre o significado da primeira infância
Art. 10. Os profissionais que atuam nos diferentes no desenvolvimento do ser humano.
ambientes de execução das políticas e programas
Art. 13. A União, os Estados, o Distrito Federal e
destinados à criança na primeira infância terão
os Municípios apoiarão a participação das famí-
acesso garantido e prioritário à qualificação, sob
lias em redes de proteção e cuidado da criança
a forma de especialização e atualização, em pro-
em seus contextos sociofamiliar e comunitário
gramas que contemplem, entre outros temas, a
visando, entre outros objetivos, à formação e ao
especificidade da primeira infância, a estratégia
fortalecimento dos vínculos familiares e comuni-
da intersetorialidade na promoção do desenvolvi-
tários, com prioridade aos contextos que apresen-
mento integral e a prevenção e a proteção contra
tem riscos ao desenvolvimento da criança.
toda forma de violência contra a criança.
Art. 14. As políticas e programas governamentais
Art. 11. As políticas públicas terão, necessaria-
de apoio às famílias, incluindo as visitas domicilia-
mente, componentes de monitoramento e coleta
res e os programas de promoção da paternidade
sistemática de dados, avaliação periódica dos
e maternidade responsáveis, buscarão a articula-
elementos que constituem a oferta dos serviços à
ção das áreas de saúde, nutrição, educação, as-
criança e divulgação dos seus resultados.
sistência social, cultura, trabalho, habitação, meio
§ 1º A União manterá instrumento individual
ambiente e direitos humanos, entre outras, com
de registro unificado de dados do crescimento
vistas ao desenvolvimento integral da criança.
e desenvolvimento da criança, assim como sis-
§ 1º Os programas que se destinam ao fortaleci-
tema informatizado, que inclua as redes pública
mento da família no exercício de sua função de cui-
e privada de saúde, para atendimento ao disposto
dado e educação de seus filhos na primeira infân-
neste artigo.
cia promoverão atividades centradas na criança,
§ 2º A União informará à sociedade a soma dos
focadas na família e baseadas na comunidade.
recursos aplicados anualmente no conjunto dos
§ 2º As famílias identificadas nas redes de saúde,
programas e serviços para a primeira infância e o
educação e assistência social e nos órgãos do Sis-
percentual que os valores representam em rela-
tema de Garantia dos Direitos da Criança e do
ção ao respectivo orçamento realizado, bem como
Adolescente que se encontrem em situação de
colherá informações sobre os valores aplicados
vulnerabilidade e de risco ou com direitos viola-
pelos demais entes da Federação.
dos para exercer seu papel protetivo de cuidado
Art. 12. A sociedade participa solidariamente com e educação da criança na primeira infância, bem
a família e o Estado da proteção e da promoção da como as que têm crianças com indicadores de
criança na primeira infância, nos termos do caput risco ou deficiência, terão prioridade nas políti-
e do § 7º do art. 227, combinado com o inciso II cas sociais públicas.
do art. 204 da Constituição Federal, entre outras § 3º As gestantes e as famílias com crianças na
formas: primeira infância deverão receber orientação e
I – formulando políticas e controlando ações, formação sobre maternidade e paternidade res-
por meio de organizações representativas; ponsáveis, aleitamento materno, alimentação
II – integrando conselhos, de forma paritária complementar saudável, crescimento e desenvol-
com representantes governamentais, com fun- vimento infantil integral, prevenção de acidentes e
ções de planejamento, acompanhamento, con- educação sem uso de castigos físicos, nos termos
trole social e avaliação; da Lei nº 13.010, de 26 de junho de 2014, com o
137
intuito de favorecer a formação e a consolidação que acompanhará o projeto de lei orçamentária
de vínculos afetivos e estimular o desenvolvimento cuja apresentação se der após decorridos 60 (ses-
integral na primeira infância. senta) dias da publicação desta Lei.
§ 4º A oferta de programas e de ações de visita Art. 40. Os arts. 38 e 39 desta Lei produzem efeitos
domiciliar e de outras modalidades que estimu- a partir do primeiro dia do exercício subsequente
lem o desenvolvimento integral na primeira infân- àquele em que for implementado o disposto no
cia será considerada estratégia de atuação sempre art. 39.
que respaldada pelas políticas públicas sociais e [...]
avaliada pela equipe profissional responsável.
Art. 43. Esta Lei entra em vigor na data de sua
§ 5º Os programas de visita domiciliar voltados
publicação.
ao cuidado e educação na primeira infância deve-
rão contar com profissionais qualificados, apoia- Brasília, 8 de março de 2016; 195º da
Independência e 128º da República.
dos por medidas que assegurem sua permanência
e formação continuada. DILMA ROUSSEFF
Nelson Barbosa
Art. 15. As políticas públicas criarão condições Aloizio Mercadante
e meios para que, desde a primeira infância, a Marcelo Costa e Castro
criança tenha acesso à produção cultural e seja Tereza Campello
Nilma Lino Gomes
reconhecida como produtora de cultura.
Art. 16. A expansão da educação infantil deverá LEI Nº 13.431, DE 4 DE ABRIL DE 2017
ser feita de maneira a assegurar a qualidade da (Publicada no DOU de 5/4/2017)
oferta, com instalações e equipamentos que obe-
Estabelece o sistema de garantia de direitos
deçam a padrões de infraestrutura estabelecidos da criança e do adolescente vítima ou teste-
pelo Ministério da Educação, com profissionais munha de violência e altera a Lei nº 8.069, de
qualificados conforme dispõe a Lei nº 9.394, de 20 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Adolescente).
Educação Nacional), e com currículo e materiais O presidente da República
pedagógicos adequados à proposta pedagógica. Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
Parágrafo único. A expansão da educação in- sanciono a seguinte Lei:
fantil das crianças de 0 (zero) a 3 (três) anos de
TÍTULO I
idade, no cumprimento da meta do Plano Nacio- DISPOSIÇÕES GERAIS
nal de Educação, atenderá aos critérios definidos
Art. 1º Esta Lei normatiza e organiza o sistema de
no território nacional pelo competente sistema
garantia de direitos da criança e do adolescente
de ensino, em articulação com as demais políti-
vítima ou testemunha de violência, cria mecanis-
cas sociais.
mos para prevenir e coibir a violência, nos termos
Art. 17. A União, os Estados, o Distrito Federal do art. 227 da Constituição Federal, da Conven-
e os Municípios deverão organizar e estimular a ção sobre os Direitos da Criança e seus protocolos
criação de espaços lúdicos que propiciem o bem- adicionais, da Resolução nº 20/2005 do Conselho
-estar, o brincar e o exercício da criatividade em Econômico e Social das Nações Unidas e de outros
locais públicos e privados onde haja circulação de diplomas internacionais, e estabelece medidas de
crianças, bem como a fruição de ambientes livres assistência e proteção à criança e ao adolescente
e seguros em suas comunidades. em situação de violência.
[...]
Art. 2º A criança e o adolescente gozam dos di-
Art. 39. O Poder Executivo, com vistas ao cumpri- reitos fundamentais inerentes à pessoa humana,
mento do disposto no inciso II do caput do art. 5º sendo-lhes asseguradas a proteção integral e as
e nos arts. 12 e 14 da Lei Complementar nº 101, oportunidades e facilidades para viver sem violên-
de 4 de maio de 2000, estimará o montante da cia e preservar sua saúde física e mental e seu de-
renúncia fiscal decorrente do disposto no art. 38 senvolvimento moral, intelectual e social, e gozam
desta Lei e o incluirá no demonstrativo a que se de direitos específicos à sua condição de vítima
refere o § 6º do art. 165 da Constituição Federal, ou testemunha.
138
LEI Nº 13.431, DE 4 DE ABRIL DE 2017
Parágrafo único. A União, os Estados, o Distrito em que cometido, particularmente quando isto a
Federal e os Municípios desenvolverão políticas torna testemunha;
integradas e coordenadas que visem a garantir III – violência sexual, entendida como qualquer
os direitos humanos da criança e do adolescente conduta que constranja a criança ou o adoles-
no âmbito das relações domésticas, familiares e cente a praticar ou presenciar conjunção carnal ou
sociais, para resguardá-los de toda forma de ne- qualquer outro ato libidinoso, inclusive exposição
gligência, discriminação, exploração, violência, do corpo em foto ou vídeo por meio eletrônico ou
abuso, crueldade e opressão. não, que compreenda:
a) abuso sexual, entendido como toda ação que
Art. 3º Na aplicação e interpretação desta Lei,
se utiliza da criança ou do adolescente para fins
serão considerados os fins sociais a que ela se
sexuais, seja conjunção carnal ou outro ato libidi-
destina e, especialmente, as condições peculia-
noso, realizado de modo presencial ou por meio
res da criança e do adolescente como pessoas em eletrônico, para estimulação sexual do agente ou
desenvolvimento, às quais o Estado, a família e a de terceiro;
sociedade devem assegurar a fruição dos direitos b) exploração sexual comercial, entendida
fundamentais com absoluta prioridade. como o uso da criança ou do adolescente em ati-
Parágrafo único. A aplicação desta Lei é facul- vidade sexual em troca de remuneração ou qual-
tativa para as vítimas e testemunhas de violência quer outra forma de compensação, de forma inde-
entre 18 (dezoito) e 21 (vinte e um) anos, con- pendente ou sob patrocínio, apoio ou incentivo
forme disposto no parágrafo único do art. 2º da de terceiro, seja de modo presencial ou por meio
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da eletrônico;
Criança e do Adolescente). c) tráfico de pessoas, entendido como o recruta-
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, sem prejuízo da mento, o transporte, a transferência, o alojamento
tipificação das condutas criminosas, são formas ou o acolhimento da criança ou do adolescente,
de violência: dentro do território nacional ou para o estran-
I – violência física, entendida como a ação infli- geiro, com o fim de exploração sexual, mediante
ameaça, uso de força ou outra forma de coação,
gida à criança ou ao adolescente que ofenda sua
rapto, fraude, engano, abuso de autoridade, apro-
integridade ou saúde corporal ou que lhe cause
veitamento de situação de vulnerabilidade ou en-
sofrimento físico;
trega ou aceitação de pagamento, entre os casos
II – violência psicológica:
previstos na legislação;
a) qualquer conduta de discriminação, depre-
IV – violência institucional, entendida como a
ciação ou desrespeito em relação à criança ou ao
praticada por instituição pública ou conveniada,
adolescente mediante ameaça, constrangimento,
inclusive quando gerar revitimização.
humilhação, manipulação, isolamento, agressão
§ 1º Para os efeitos desta Lei, a criança e o ado-
verbal e xingamento, ridicularização, indiferença,
lescente serão ouvidos sobre a situação de vio-
exploração ou intimidação sistemática (bullying)
lência por meio de escuta especializada e depoi-
que possa comprometer seu desenvolvimento
mento especial.
psíquico ou emocional; § 2º Os órgãos de saúde, assistência social, edu-
b) o ato de alienação parental, assim enten- cação, segurança pública e justiça adotarão os
dido como a interferência na formação psicoló- procedimentos necessários por ocasião da reve-
gica da criança ou do adolescente, promovida ou lação espontânea da violência.
induzida por um dos genitores, pelos avós ou por § 3º Na hipótese de revelação espontânea da
quem os tenha sob sua autoridade, guarda ou vi- violência, a criança e o adolescente serão chama-
gilância, que leve ao repúdio de genitor ou que dos a confirmar os fatos na forma especificada no
cause prejuízo ao estabelecimento ou à manuten- § 1º deste artigo, salvo em caso de intervenções
ção de vínculo com este; de saúde.
c) qualquer conduta que exponha a criança ou § 4º O não cumprimento do disposto nesta Lei
o adolescente, direta ou indiretamente, a crime implicará a aplicação das sanções previstas na
violento contra membro de sua família ou de sua Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
rede de apoio, independentemente do ambiente Criança e do Adolescente).
139
TÍTULO II XIV – ter as informações prestadas tratadas
DOS DIREITOS E GARANTIAS confidencialmente, sendo vedada a utilização ou
Art. 5º A aplicação desta Lei, sem prejuízo dos o repasse a terceiro das declarações feitas pela
princípios estabelecidos nas demais normas na- criança e pelo adolescente vítima, salvo para os
cionais e internacionais de proteção dos direi- fins de assistência à saúde e de persecução penal;
tos da criança e do adolescente, terá como base, XV – prestar declarações em formato adaptado
entre outros, os direitos e garantias fundamentais à criança e ao adolescente com deficiência ou em
da criança e do adolescente a: idioma diverso do português.
I – receber prioridade absoluta e ter conside- Parágrafo único. O planejamento referido no in-
rada a condição peculiar de pessoa em desenvol- ciso VIII, no caso de depoimento especial, será reali-
vimento; zado entre os profissionais especializados e o juízo.
II – receber tratamento digno e abrangente; Art. 6º A criança e o adolescente vítima ou tes-
III – ter a intimidade e as condições pessoais pro- temunha de violência têm direito a pleitear, por
tegidas quando vítima ou testemunha de violência; meio de seu representante legal, medidas prote-
IV – ser protegido contra qualquer tipo de dis- tivas contra o autor da violência.
criminação, independentemente de classe, sexo, Parágrafo único. Os casos omissos nesta Lei serão
raça, etnia, renda, cultura, nível educacional, interpretados à luz do disposto na Lei nº 8.069,
idade, religião, nacionalidade, procedência regio- de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
nal, regularidade migratória, deficiência ou qual- Adolescente), na Lei nº 11.340, de 7 de agosto de
quer outra condição sua, de seus pais ou de seus 2006 (Lei Maria da Penha), e em normas conexas.
representantes legais;
TÍTULO III
V – receber informação adequada à sua etapa
DA ESCUTA ESPECIALIZADA E DO
de desenvolvimento sobre direitos, inclusive so- DEPOIMENTO ESPECIAL
ciais, serviços disponíveis, representação jurídica,
Art. 7º Escuta especializada é o procedimento de
medidas de proteção, reparação de danos e qual-
entrevista sobre situação de violência com criança
quer procedimento a que seja submetido;
ou adolescente perante órgão da rede de proteção,
VI – ser ouvido e expressar seus desejos e opi-
limitado o relato estritamente ao necessário para
niões, assim como permanecer em silêncio;
o cumprimento de sua finalidade.
VII – receber assistência qualificada jurídica e
psicossocial especializada, que facilite a sua parti- Art. 8º Depoimento especial é o procedimento de
cipação e o resguarde contra comportamento ina- oitiva de criança ou adolescente vítima ou teste-
dequado adotado pelos demais órgãos atuantes munha de violência perante autoridade policial
no processo; ou judiciária.
VIII – ser resguardado e protegido de sofrimento, Art. 9º A criança ou o adolescente será resguardado
com direito a apoio, planejamento de sua partici- de qualquer contato, ainda que visual, com o su-
pação, prioridade na tramitação do processo, ce- posto autor ou acusado, ou com outra pessoa que
leridade processual, idoneidade do atendimento represente ameaça, coação ou constrangimento.
e limitação das intervenções;
Art. 10. A escuta especializada e o depoimento
IX – ser ouvido em horário que lhe for mais ade-
quado e conveniente, sempre que possível; especial serão realizados em local apropriado e
X – ter segurança, com avaliação contínua sobre acolhedor, com infraestrutura e espaço físico que
possibilidades de intimidação, ameaça e outras garantam a privacidade da criança ou do adoles-
formas de violência; cente vítima ou testemunha de violência.
XI – ser assistido por profissional capacitado Art. 11. O depoimento especial reger-se-á por
e conhecer os profissionais que participam dos protocolos e, sempre que possível, será realizado
procedimentos de escuta especializada e depoi- uma única vez, em sede de produção antecipada
mento especial; de prova judicial, garantida a ampla defesa do in-
XII – ser reparado quando seus direitos forem vestigado.
violados; § 1º O depoimento especial seguirá o rito caute-
XIII – conviver em família e em comunidade; lar de antecipação de prova:
140
LEI Nº 13.431, DE 4 DE ABRIL DE 2017
I – quando a criança ou o adolescente tiver clusive a restrição do disposto nos incisos III e VI
menos de 7 (sete) anos; deste artigo.
II – em caso de violência sexual. § 5º As condições de preservação e de segu-
§ 2º Não será admitida a tomada de novo de- rança da mídia relativa ao depoimento da criança
poimento especial, salvo quando justificada a sua ou do adolescente serão objeto de regulamenta-
imprescindibilidade pela autoridade competente ção, de forma a garantir o direito à intimidade e à
e houver a concordância da vítima ou da testemu- privacidade da vítima ou testemunha.
nha, ou de seu representante legal. § 6º O depoimento especial tramitará em se-
gredo de justiça.
Art. 12. O depoimento especial será colhido con-
forme o seguinte procedimento: TÍTULO IV
DA INTEGRAÇÃO DAS POLÍTICAS
I – os profissionais especializados esclarecerão
DE ATENDIMENTO
a criança ou o adolescente sobre a tomada do de-
poimento especial, informando-lhe os seus direi- CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
tos e os procedimentos a serem adotados e plane-
jando sua participação, sendo vedada a leitura da Art. 13. Qualquer pessoa que tenha conheci-
denúncia ou de outras peças processuais; mento ou presencie ação ou omissão, praticada
II – é assegurada à criança ou ao adolescente em local público ou privado, que constitua vio-
a livre narrativa sobre a situação de violência, lência contra criança ou adolescente tem o dever
podendo o profissional especializado intervir de comunicar o fato imediatamente ao serviço de
quando necessário, utilizando técnicas que per- recebimento e monitoramento de denúncias, ao
conselho tutelar ou à autoridade policial, os quais,
mitam a elucidação dos fatos;
por sua vez, cientificarão imediatamente o Minis-
III – no curso do processo judicial, o depoi-
tério Público.
mento especial será transmitido em tempo real
Parágrafo único. A União, os Estados, o Distrito
para a sala de audiência, preservado o sigilo;
Federal e os Municípios poderão promover, pe-
IV – findo o procedimento previsto no inciso II
riodicamente, campanhas de conscientização da
deste artigo, o juiz, após consultar o Ministério Pú-
sociedade, promovendo a identificação das viola-
blico, o defensor e os assistentes técnicos, avaliará
ções de direitos e garantias de crianças e adoles-
a pertinência de perguntas complementares, or-
centes e a divulgação dos serviços de proteção e
ganizadas em bloco; dos fluxos de atendimento, como forma de evitar
V – o profissional especializado poderá adaptar a violência institucional.
as perguntas à linguagem de melhor compreen-
Art. 14. As políticas implementadas nos siste-
são da criança ou do adolescente;
mas de justiça, segurança pública, assistência
VI – o depoimento especial será gravado em
social, educação e saúde deverão adotar ações
áudio e vídeo.
articuladas, coordenadas e efetivas voltadas ao
§ 1º À vítima ou testemunha de violência é ga-
acolhimento e ao atendimento integral às vítimas
rantido o direito de prestar depoimento direta-
de violência.
mente ao juiz, se assim o entender.
§ 1º As ações de que trata o caput observarão as
§ 2º O juiz tomará todas as medidas apropria-
seguintes diretrizes:
das para a preservação da intimidade e da priva- I – abrangência e integralidade, devendo com-
cidade da vítima ou testemunha. portar avaliação e atenção de todas as necessida-
§ 3º O profissional especializado comunicará ao des da vítima decorrentes da ofensa sofrida;
juiz se verificar que a presença, na sala de audiên- II – capacitação interdisciplinar continuada,
cia, do autor da violência pode prejudicar o depoi- preferencialmente conjunta, dos profissionais;
mento especial ou colocar o depoente em situação III – estabelecimento de mecanismos de infor-
de risco, caso em que, fazendo constar em termo, mação, referência, contrarreferência e monitora-
será autorizado o afastamento do imputado. mento;
§ 4º Nas hipóteses em que houver risco à vida IV – planejamento coordenado do atendimento
ou à integridade física da vítima ou testemunha, o e do acompanhamento, respeitadas as especifici-
juiz tomará as medidas de proteção cabíveis, in- dades da vítima ou testemunha e de suas famílias;
141
V – celeridade do atendimento, que deve ser de violência, de forma a garantir o atendimento
realizado imediatamente – ou tão logo quanto acolhedor.
possível – após a revelação da violência; Art. 18. A coleta, guarda provisória e preservação
VI – priorização do atendimento em razão da de material com vestígios de violência serão rea-
idade ou de eventual prejuízo ao desenvolvimento lizadas pelo Instituto Médico Legal (IML) ou por
psicossocial, garantida a intervenção preventiva; serviço credenciado do sistema de saúde mais
VII – mínima intervenção dos profissionais en- próximo, que entregará o material para perícia
volvidos; e imediata, observado o disposto no art. 5º desta Lei.
VIII – monitoramento e avaliação periódica das
políticas de atendimento. CAPÍTULO III
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
§ 2º Nos casos de violência sexual, cabe ao res-
ponsável da rede de proteção garantir a urgência e Art. 19. A União, os Estados, o Distrito Federal e
a celeridade necessárias ao atendimento de saúde os Municípios poderão estabelecer, no âmbito do
e à produção probatória, preservada a confiden- Sistema Único de Assistência Social (Suas), os se-
cialidade. guintes procedimentos:
I – elaboração de plano individual e familiar
Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
de atendimento, valorizando a participação da
Municípios poderão criar serviços de atendimento,
criança e do adolescente e, sempre que possível,
de ouvidoria ou de resposta, pelos meios de comu-
a preservação dos vínculos familiares;
nicação disponíveis, integrados às redes de prote-
II – atenção à vulnerabilidade indireta dos de-
ção, para receber denúncias de violações de direi-
mais membros da família decorrente da situação
tos de crianças e adolescentes.
de violência, e solicitação, quando necessário, aos
Parágrafo único. As denúncias recebidas serão
órgãos competentes, de inclusão da vítima ou tes-
encaminhadas:
temunha e de suas famílias nas políticas, progra-
I – à autoridade policial do local dos fatos, para
mas e serviços existentes;
apuração;
III – avaliação e atenção às situações de intimi-
II – ao conselho tutelar, para aplicação de medi-
dação, ameaça, constrangimento ou discrimina-
das de proteção; e
ção decorrentes da vitimização, inclusive durante
III – ao Ministério Público, nos casos que forem
o trâmite do processo judicial, as quais deverão
de sua atribuição específica.
ser comunicadas imediatamente à autoridade ju-
Art. 16. O poder público poderá criar programas, dicial para tomada de providências; e
serviços ou equipamentos que proporcionem IV – representação ao Ministério Público, nos
atenção e atendimento integral e interinstitucio- casos de falta de responsável legal com capaci-
nal às crianças e adolescentes vítimas ou testemu- dade protetiva em razão da situação de violência,
nhas de violência, compostos por equipes multi- para colocação da criança ou do adolescente sob
disciplinares especializadas. os cuidados da família extensa, de família substi-
Parágrafo único. Os programas, serviços ou tuta ou de serviço de acolhimento familiar ou, em
equipamentos públicos poderão contar com de- sua falta, institucional.
legacias especializadas, serviços de saúde, perícia
CAPÍTULO IV
médico-legal, serviços socioassistenciais, varas DA SEGURANÇA PÚBLICA
especializadas, Ministério Público e Defensoria
Art. 20. O poder público poderá criar delegacias
Pública, entre outros possíveis de integração, e
especializadas no atendimento de crianças e ado-
deverão estabelecer parcerias em caso de indis-
lescentes vítimas de violência.
ponibilidade de serviços de atendimento.
§ 1º Na elaboração de suas propostas orça-
CAPÍTULO II mentárias, as unidades da Federação alocarão
DA SAÚDE recursos para manutenção de equipes multidis-
Art. 17. A União, os Estados, o Distrito Federal ciplinares destinadas a assessorar as delegacias
e os Municípios poderão criar, no âmbito do Sis- especializadas.
tema Único de Saúde (SUS), serviços para atenção § 2º Até a criação do órgão previsto no caput
integral à criança e ao adolescente em situação deste artigo, a vítima será encaminhada prioritaria-
142
DECRETO Nº 6.629, DE 4 DE NOVEMBRO DE 2008
posto no caput deste artigo, o julgamento e a O presidente da República, no uso da atribuição que
execução das causas decorrentes das práticas de lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea a, da Cons-
violência ficarão, preferencialmente, a cargo dos tituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 11.129,
juizados ou varas especializadas em violência do- de 30 de junho de 2005, e na Lei nº 11.692, de 10 de
méstica e temas afins. junho de 2008, decreta:
143
Art. 1º O Programa Nacional de Inclusão de Jo- Seção II
vens (Projovem), instituído pela Lei nº 11.129, de Dos Destinatários
30 de junho de 2005, e regido pela Lei nº 11.692, Art. 4º O Projovem destina-se a jovens na faixa
de 10 de junho de 2008, fica regulamentado na etária de quinze a vinte e nove anos, que atendam
forma deste Decreto e por disposições complemen- aos critérios de seleção estabelecidos para cada
tares estabelecidas pelos órgãos responsáveis pela modalidade.
sua coordenação, nas seguintes modalidades:
CAPÍTULO II
I – Projovem Adolescente – Serviço Socioedu-
DA GESTÃO E EXECUÇÃO DO PROJOVEM
cativo;
II – Projovem Urbano; Seção I
III – Projovem Campo – Saberes da Terra; e Da Conjugação de Esforços
IV – Projovem Trabalhador. Art. 5º A gestão e a execução do Projovem dar-se-
Parágrafo único. O Projovem Adolescente – -ão por meio da conjugação de esforços entre a
Serviço Socioeducativo será coordenado pelo Mi- Secretaria-Geral da Presidência da República e os
nistério do Desenvolvimento Social e Combate à Ministérios da Educação, do Trabalho e Emprego
Fome, o Projovem Urbano e o Projovem Campo – e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome,
Saberes da Terra pelo Ministério da Educação, e o observada a intersetorialidade e sem prejuízo da
Projovem Trabalhador pelo Ministério do Trabalho participação de outros órgãos e entidades da ad-
e Emprego. (Parágrafo único com redação dada pelo De- ministração pública federal.
creto nº 7.649, de 21/12/2011) Parágrafo único. No âmbito estadual, munici-
pal e do Distrito Federal, a gestão e a execução do
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Projovem dar-se-ão por meio da conjugação de es-
forços entre os órgãos públicos das áreas de edu-
Seção I cação, de trabalho, de assistência social e de juven-
Da Finalidade e Objetivos do Projovem tude, observada a intersetorialidade, sem prejuízo
Art. 2º O Projovem tem por finalidade executar de outros órgãos e entidades da administração pú-
ações integradas que propiciem aos jovens brasi- blica estadual, municipal e da sociedade civil.
leiros reintegração ao processo educacional, qua- Seção II
lificação profissional em nível de formação inicial Do Conselho Gestor do Projovem
e desenvolvimento humano.
Art. 6º O Conselho Gestor do Projovem (Cogep),
Parágrafo único. Nos currículos dos cursos ofere-
órgão colegiado e de caráter deliberativo, será a
cidos nas modalidades de que trata o art. 1º deve-
instância federal de conjugação de esforços para
rão ser incluídas noções básicas de comunicação
a gestão e execução do Projovem.
oral e escrita em língua portuguesa, de matemá-
§ 1º O Cogep será coordenado pela Secretaria
tica, de informática, de cidadania e de língua estran-
Nacional de Juventude da Secretaria-Geral da Pre-
geira, observadas as especificidades de cada moda-
sidência da República e integrado pelos Secretá-
lidade do Projovem.
rios-Executivos e por um Secretário Nacional dos Mi-
Art. 3º São objetivos do Projovem: nistérios da Educação, do Trabalho e Emprego e do
I – complementar a proteção social básica à fa- Desenvolvimento Social e Combate à Fome, indica-
mília, criando mecanismos para garantir a convi- dos pelos respectivos Ministros de Estado.
vência familiar e comunitária; § 2º O Cogep contará com uma Secretaria-Exe-
II – criar condições para a inserção, reinserção cutiva, cujo titular será designado pelo Secretário-
e permanência do jovem no sistema educacional; -Geral da Presidência da República.
III – elevar a escolaridade dos jovens do campo § 3º O Cogep será assessorado por uma comis-
e da cidade, visando a conclusão do ensino funda- são técnica, coordenada pelo Secretário-Executivo
mental, integrado à qualificação social e profissio- do Conselho, composta pelos coordenadores na-
nal e ao desenvolvimento de ações comunitárias; e cionais de cada modalidade do Projovem, indica-
IV – preparar o jovem para o mundo do trabalho, dos pelos titulares dos Ministérios que o integram.
em ocupações com vínculo empregatício ou em § 4º Poderão ser convidados a participar das re-
outras atividades produtivas geradoras de renda. uniões do Cogep representantes de outros órgãos
144
DECRETO Nº 6.629, DE 4 DE NOVEMBRO DE 2008
ou instituições públicas, bem como representan- V – articular-se com órgãos e instituições pú-
tes da sociedade civil, sempre que da pauta cons- blicas e privadas para a execução das ações do
tar assuntos de sua área de atuação. Projovem;
§ 5º O Cogep reunir-se-á trimestralmente ou VI – implementar estratégias de articulação com
mediante convocação do seu Coordenador. as demais modalidades do Projovem;
Art. 7º Compete ao Cogep: VII – estimular o controle social e o aperfeiçoa-
I – acompanhar a elaboração do plano pluria- mento dos mecanismos de participação da socie-
nual e da lei orçamentária anual da União, no que dade civil, visando fortalecer o desenvolvimento
se referir à execução do Projovem; das atividades da modalidade do Projovem;
II – consolidar plano de ação do Projovem; VIII – consolidar o relatório de gestão da moda-
III – acompanhar a execução orçamentária, fí- lidade a ser encaminhado ao Cogep, a fim de com-
sica e financeira do Projovem, propondo os ajus- por o relatório de gestão do Projovem;
tes que se fizerem necessários; IX – elaborar o seu regimento interno; e
IV – propor diretrizes e formas de articulação X – outras competências que lhe forem atribuí-
com os demais órgãos e instituições públicas e das pelo Cogep.
privadas na implementação do Projovem; § 2º Cabe aos órgãos coordenadores de cada
V – estabelecer estratégias de articulação e mobi- modalidade do Projovem prover apoio técnico-
lização dos parceiros institucionais e da sociedade -administrativo e os meios necessários à execução
civil para atuarem no âmbito do Projovem; dos trabalhos do seu respectivo comitê gestor.
VI – estimular o controle social e o aperfeiçoa- Art. 10. A participação no Cogep ou em sua co-
mento dos mecanismos de participação da socie- missão técnica, bem como nos comitês gestores,
dade civil, visando fortalecer o desenvolvimento será considerada prestação de serviço público re-
das ações do Projovem; levante, não remunerada.
VII – consolidar relatório anual de gestão do
Projovem; e CAPÍTULO III
DO FUNCIONAMENTO DO PROJOVEM
VIII – elaborar o seu regimento interno.
Seção I
Art. 8º À Secretaria-Geral da Presidência da Repú-
Da Implantação e da Execução do Projovem
blica caberá prover apoio técnico-administrativo
Adolescente – Serviço Socioeducativo
e os meios necessários à execução dos trabalhos
do Cogep. Art. 11. O Projovem Adolescente – Serviço Socio-
educativo, em consonância com os serviços assis-
Art. 9º Cada modalidade do Projovem contará com
tenciais de que trata o art. 23 da Lei nº 8.742, de 7 de
um comitê gestor, instituído pelo órgão responsá-
dezembro de 1993, tem como objetivos:
vel por sua coordenação, assegurada a participa-
I – complementar a proteção social básica à fa-
ção de um representante da Secretaria-Geral da
mília, mediante mecanismos de garantia da con-
Presidência da República e dos Ministérios do De-
vivência familiar e comunitária; e
senvolvimento Social e Combate à Fome, da Edu-
II – criar condições para a inserção, reinserção
cação e do Trabalho e Emprego.
e permanência do jovem no sistema educacional.
§ 1º Compete ao comitê gestor no âmbito de sua
Parágrafo único. O ciclo completo de atividades
modalidade:
do Projovem Adolescente – Serviço Socioeduca-
I – acompanhar a elaboração do plano pluria-
tivo tem a duração de um ano, de acordo com as
nual e da lei orçamentária anual da União, no que
disposições complementares do Ministério do
se referir à execução do Projovem;
Desenvolvimento Social e Combate à Fome. (Pará-
II – consolidar a proposta do plano de ação a ser
grafo único com redação dada pelo Decreto nº 7.649, de
encaminhada ao Cogep para compor o plano de
21/12/2011)
ação do Projovem;
III – acompanhar a execução orçamentária, fí- Art. 12. O Projovem Adolescente – Serviço Socio-
sica e financeira, propondo os ajustes que se fize- educativo terá caráter preventivo e oferecerá ati-
rem necessários; vidades de convívio e trabalho socioeducativo
IV – apreciar o material pedagógico; com vistas ao desenvolvimento da autonomia e
145
cidadania do jovem e a prevenção de situações III – demanda mínima de quarenta jovens de
de risco social. quinze a dezessete anos, de famílias beneficiárias
Parágrafo único. A participação do jovem será do Programa Bolsa Família, residentes no Municí-
voluntária e seus serviços socioeducativos não se pio, com base no Cadastro Único para Programas
confundem com as medidas socioeducativas pre- Sociais do Governo Federal (CadÚnico), de que
vistas no art. 112 da Lei nº 8.069, de 13 julho de 1990. trata o Decreto nº 6.135, de 26 de julho de 2007.
Art. 13. O Ministério do Desenvolvimento Social Art. 16. O Projovem Adolescente – Serviço Socio-
e Combate à Fome disporá sobre as equipes de educativo será cofinanciado pela União e pelos
trabalho necessárias à execução do serviço socio- Estados, Distrito Federal e Municípios, que a ele
educativo, nos termos previstos no § 1º do art. 4º aderirem, por intermédio dos respectivos fundos
da Lei nº 11.692, de 2008. de assistência social.
§ 1º Respeitados os limites orçamentários e fi-
Art. 14. O Projovem Adolescente – Serviço Socio-
nanceiros, o cofinanciamento da União dar-se-á
educativo destina-se aos jovens de quinze a de-
de acordo com os critérios de partilha estabeleci-
zessete anos e que:
dos pelo Conselho Nacional de Assistência Social,
I – pertençam à família beneficiária do Pro-
observado o disposto no inciso IX do art. 18 da
grama Bolsa Família, instituído pela Lei nº 10.836,
Lei nº 8.742, de 1993.
de 9 de janeiro de 2004;
§ 2º As metas do Projovem Adolescente – Ser-
II – sejam egressos de medida socioeducativa
viço Socioeducativo, observadas as regras de
de internação ou em cumprimento de outras me-
adesão estabelecidas para os Municípios e para o
didas socioeducativas em meio aberto, conforme
Distrito Federal, serão proporcionais à demanda
disposto na Lei nº 8.069, de 1990;
relativa ao serviço socioeducativo, estimada pela
III – estejam em cumprimento ou sejam egres-
quantidade de jovens de quinze a dezessete anos
sos de medida de proteção, conforme disposto na
pertencente às famílias beneficiárias do Programa
Lei nº 8.069, de 1990; Bolsa Família, considerado o conjunto dos Muni-
IV – sejam egressos do Programa de Erradicação cípios elegíveis.
do Trabalho Infantil (Peti); ou
V – sejam egressos ou vinculados a programas Art. 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios, em caso de adesão ao Projovem
de combate ao abuso e à exploração sexual.
Adolescente – Serviço Socioeducativo, serão cor-
Parágrafo único. Os jovens a que se referem os
responsáveis pela sua implementação.
incisos II a V devem ser encaminhados ao Projo-
§ 1º Cabe à União, por intermédio do Ministério
vem Adolescente – Serviço Socioeducativo pelos
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome:
programas e serviços especializados de assistên-
I – apoiar técnica e financeiramente os Estados,
cia social do Município ou do Distrito Federal, ou
o Distrito Federal e os Municípios na implemen-
pelo gestor de assistência social, quando deman-
tação do Projovem Adolescente – Serviço Socio-
dado oficialmente pelo Conselho Tutelar, pela De-
educativo;
fensoria Pública, pelo Ministério Público ou pelo
II – propor diretrizes para a prestação do ser-
Poder Judiciário.
viço socioeducativo previsto no Projovem Ado-
Art. 15. O Projovem Adolescente – Serviço Socio- lescente – Serviço Socioeducativo e pactuar as
educativo será ofertado pelo Município que a ele regulações no âmbito da Comissão Intergestores
aderir, mediante cumprimento e aceitação das Tripartite (CIT), instituída pela Resolução do Con-
condições estabelecidas neste Decreto e assinatura selho Nacional de Assistência Social nº 27, de 16 de
de termo de adesão a ser definido pelo Ministério dezembro de 1998, submetendo-as à deliberação
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. do Conselho Nacional de Assistência Social;
Parágrafo único. São condições para adesão ao III – dispor sobre os pisos variáveis de proteção
Projovem Adolescente – Serviço Socioeducativo: social básica do Sistema Único de Assistência So-
I – habilitação nos níveis de gestão básica ou cial, sua composição e as ações que os financiam;
plena no Sistema Único de Assistência Social; IV – instituir e gerir sistemas de informação, moni-
II – existência de centro de referência de assis- toramento e avaliação para acompanhamento do
tência social instalado e em funcionamento; e serviço socioeducativo do Projovem Adolescente
146
DECRETO Nº 6.629, DE 4 DE NOVEMBRO DE 2008
– Serviço Socioeducativo em articulação com os nhamento das famílias dos jovens e assessoria aos
Estados, o Distrito Federal e os Municípios; orientadores sociais do serviço socioeducativo,
V – definir padrões de qualidade para o desen- desde que no mesmo território de vulnerabilidade
volvimento do serviço socioeducativo do Projo- social, na proporção fixada pelo Ministério do De-
vem Adolescente – Serviço Socioeducativo; senvolvimento Social e Combate à Fome;
VI – produzir e distribuir material de apoio para IV – conduzir o processo de preenchimento das
gestores, técnicos e orientadores sociais; e vagas, de acordo com as prioridades e critérios
VII – capacitar gestores e técnicos dos Estados, estabelecidos pelos instrumentos normativos do
do Distrito Federal e dos Municípios que aderirem Projovem Adolescente – Serviço Socioeducativo;
ao Projovem Adolescente – Serviço Socioeducativo. V – inserir no CadÚnico as informações dos jo-
§ 2º Cabe aos Estados e, no que se aplicar, ao vens admitidos no serviço socioeducativo do Pro-
Distrito Federal: jovem Adolescente – Serviço Socioeducativo e de
I – prestar apoio técnico aos Municípios na es- suas respectivas famílias e atualizar as informa-
truturação, implantação e execução do serviço ções sempre que necessário;
socioeducativo do Projovem Adolescente – Ser- VI – alimentar e manter atualizadas as bases de
viço Socioeducativo; dados dos subsistemas e aplicativos da rede do
II – dispor de profissional capacitado para o Sistema Único de Assistência Social, componen-
apoio aos Municípios que possuam presença de tes do sistema nacional de informação do serviço
povos indígenas e comunidades tradicionais; socioeducativo, atualizando-o, no mínimo, a cada
III – gerir, no âmbito estadual, os sistemas de três meses;
informação, monitoramento e avaliação do ser- VII – coordenar, gerenciar, executar e cofinan-
viço socioeducativo do Projovem Adolescente ciar programas de capacitação de gestores, pro-
– Serviço Socioeducativo, desenvolvidos pelo Go- fissionais e prestadores de serviço envolvidos na
verno Federal; oferta do serviço socioeducativo;
IV – indicar os técnicos a serem capacitados, VIII – prover, em articulação com os Estados e
pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Com- com a União, os meios necessários para o acesso
bate à Fome, para atuar como multiplicadores da e participação dos profissionais envolvidos na
concepção e da metodologia do Projovem Adoles- oferta do serviço socioeducativo aos materiais e
cente – Serviço Socioeducativo; aos eventos de capacitação do Projovem Adoles-
V – realizar, em parceria com a União, a capaci- cente – Serviço Socioeducativo;
tação dos gestores e técnicos municipais, envol- IX – estabelecer o fluxo de informações entre o
vidos no Projovem Adolescente – Serviço Socio- Projovem Adolescente – Serviço Socioeducativo,
educativo; o CadÚnico e o Programa Bolsa Família;
VI – acompanhar a implantação e execução do X – apresentar o Projovem Adolescente – Ser-
serviço socioeducativo do Projovem Adolescente viço Socioeducativo e pautar o tema da juventude
– Serviço Socioeducativo; e nas agendas dos diversos conselhos setoriais e de
VII – estabelecer articulações intersetoriais para políticas públicas do Município, promovendo o
a integração de serviços e programas com os ór- debate sobre a importância da intersetorialidade
gãos que atuem na defesa da criança e do ado- na promoção dos direitos do segmento juvenil;
lescente e com as políticas públicas estaduais e XI – submeter a implantação do Projovem Ado-
regionais. lescente – Serviço Socioeducativo à aprovação do
§ 3º Cabe aos Municípios e ao Distrito Federal: conselho municipal de assistência social;
I – referenciar o serviço socioeducativo do Pro- XII – articular-se com os demais órgãos públicos
jovem Adolescente – Serviço Socioeducativo ao para integração do Projovem Adolescente – Ser-
centro de referência de assistência social; viço Socioeducativo com os diversos programas
II – disponibilizar espaços físicos e equipamen- setoriais, em especial com as demais modalida-
tos adequados à oferta do serviço socioeducativo, des do Projovem; e
na forma estabelecida pelo Ministério do Desen- XIII – manter em arquivo, durante cinco anos,
volvimento Social de Combate à Fome; documentação comprobatória das despesas e
III – designar os técnicos de referência do centro atividades realizadas, dos processos de seleção
de referência de assistência social para acompa- dos profissionais e do preenchimento de vagas
147
no âmbito do Projovem Adolescente – Serviço Parágrafo único. O monitoramento será reali-
Socioeducativo. zado de forma articulada com os demais entes e
Art. 18. O preenchimento das vagas do Projovem poderá ser complementado por meio de visitas
Adolescente – Serviço Socioeducativo é de res- aos locais de execução do Projovem Adolescente
ponsabilidade intransferível do Município ou do – Serviço Socioeducativo.
Distrito Federal, que a ele aderirem, e será coorde- Art. 23. Os centros de referência de assistência
nado pelo órgão gestor da assistência social. social, os demais órgãos públicos e as entidades
Art. 19. Os jovens admitidos no Projovem Adoles- de assistência social conveniadas que executem o
cente – Serviço Socioeducativo serão organizados serviço socioeducativo do Projovem Adolescente
em grupos e cada um deles constituirá um cole- – Serviço Socioeducativo, deverão:
tivo, na forma definida pelo Ministério do Desen- I – afixar, em lugar visível ao público, no local
volvimento Social e Combate à Fome. de funcionamento do serviço socioeducativo, a
grade semanal de atividades de cada coletivo com
Art. 20. O Projovem Adolescente – Serviço Socio-
os respectivos horários e locais de realização; e
educativo será ofertado no centro de referência
II – manter registro diário da frequência dos
de assistência social ou será por ele obrigatoria-
jovens.
mente referenciado, em caso de oferta em outra
Parágrafo único. Os registros de frequência dos
unidade pública ou em entidade de assistência
jovens no serviço socioeducativo deverão ser ar-
social localizados no território de abrangência
quivados e conservados pelo Município e pelo Dis-
daquele centro.
trito Federal por um período mínimo de cinco anos.
§ 1º A oferta do serviço socioeducativo deverá
ser amplamente divulgada nos Municípios e no Art. 24. O Ministério do Desenvolvimento Social e
Distrito Federal. Combate à Fome, após consulta ao Cogep, disporá
§ 2º Pelo menos dois terços do total de vagas sobre as demais regras de execução do Projovem
atribuídas a cada centro de referência de assistên- Adolescente – Serviço Socioeducativo.
cia social e a cada coletivo deverão ser preenchi- Seção II
das com jovens de famílias beneficiárias do Pro- Da Implantação e da Execução
grama Bolsa Família, que residam no seu território do Projovem Urbano
de abrangência. Art. 25. O Projovem Urbano tem como objetivo
§ 3º O Município e o Distrito Federal poderão garantir aos jovens brasileiros ações de elevação
destinar, no máximo, um terço do total de vagas de escolaridade, visando a conclusão do ensino
referenciadas a cada centro de referência de assis- fundamental, qualificação profissional inicial e
tência social e em cada coletivo aos jovens a que participação cidadã, por meio da organização
se referem os incisos II, III, IV e V do art. 14. de curso, de acordo com o disposto no art. 81 da
§ 4º Observados os critérios de acesso ao Pro- Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
jovem Adolescente – Serviço Socioeducativo de- § 1º A carga horária total prevista do curso é de
finidos no art. 14, terão prioridade os jovens com duas mil horas, sendo mil quinhentos e sessenta
deficiência. presenciais e quatrocentos e quarenta não pre-
Art. 21. Os jovens egressos do Projovem Adoles- senciais, cumpridas em dezoito meses.
cente – Serviço Socioeducativo que tenham con- § 2º O curso será organizado em três ciclos,
cluído com aproveitamento as atividades terão sendo que cada ciclo é composto por duas uni-
prioridade no acesso às vagas das demais moda- dades formativas.
lidades do Projovem, desde que se enquadrem § 3º Cada unidade formativa tem a duração de
nos respectivos critérios de seleção. três meses.
Art. 22. O Ministério do Desenvolvimento Social § 4º O processo de certificação far-se-á de
e Combate à Fome fará o monitoramento do Pro- acordo com normas da Câmara de Educação Bá-
jovem Adolescente – Serviço Socioeducativo, de sica do Conselho Nacional de Educação.
modo contínuo e sistemático, por meio de sistema Art. 26. O ingresso no Projovem Urbano ocorrerá
informatizado, no âmbito da rede do Sistema por meio de matrícula nos Estados, Distrito Fe-
Único de Assistência Social. deral e Municípios, a ser monitorada por sistema
148
DECRETO Nº 6.629, DE 4 DE NOVEMBRO DE 2008
próprio do Ministério da Educação. (Artigo com reda- e registros de avaliação de alunos, integrante do
ção dada pelo Decreto nº 7.649, de 21/12/2011) sistema de monitoramento e avaliação do Projo-
Art. 27. Para se matricular no Projovem Urbano, o vem Urbano;
jovem deverá ter entre dezoito e vinte e nove anos IV – formular o projeto pedagógico integrado do
completos, no ano em que for realizada a matrí- Projovem Urbano e fiscalizar sua aplicação pelos
cula, não ter concluído o ensino fundamental e entes federados participantes;
saber ler e escrever. V – elaborar, produzir e distribuir o material
§ 1º Fica assegurada ao público alvo da educa- didático-pedagógico;
ção especial, participante do Projovem Urbano o VI – (Revogado pelo Decreto nº 7.649, de 21/12/2011)
atendimento às necessidades educacionais espe- VII – promover a formação inicial e continuada
cíficas, desde que cumpridas as condições pre- dos formadores dos professores de ensino funda-
vistas neste artigo. (Parágrafo com redação dada pelo mental, qualificação profissional e participação ci-
Decreto nº 7.649, de 21/12/2011) dadã, bem como de equipe de coordenação local
§ 2º O jovem será alocado, preferencialmente, do Projovem Urbano;
em turma próxima de sua residência, ou de seu VIII – descentralizar recursos referentes ao Pro-
local de trabalho. jovem Urbano aos Ministérios gestores referidos
no parágrafo único do art. 1º, ao Ministério da Jus-
Art. 28. O curso do Projovem Urbano deve ser
tiça e à Secretaria Especial dos Direitos Humanos
implementado em locais adequados, obrigato-
da Presidência da República, ou a seus respecti-
riamente nas escolas da rede pública de ensino,
vos órgãos subordinados ou vinculados, para via-
sem prejuízo da utilização de outros espaços para
bilização das ações de sua competência;
as atividades de coordenação e práticas de qualifi-
IX – efetuar o repasse dos recursos financeiros
cação profissional e de participação cidadã.
destinados ao custeio das ações do Projovem Ur-
Art. 29. O Projovem Urbano será implantado gra- bano devidamente justificado e comprovado;
dativamente nos Estados, no Distrito Federal e nos X – apoiar outras ações de implementação no
Municípios que a ele aderirem, mediante aceita- âmbito dos entes federados, de acordo com as
ção das condições estabelecidas neste Decreto e normas legais aplicáveis; e
assinatura de termo de adesão a ser definido pelo XI – designar órgão responsável pela coorde-
Ministério da Educação. (Caput do artigo com redação nação nacional do Projovem Urbano no âmbito
dada pelo Decreto nº 7.649, de 21/12/2011) do Ministério. (Inciso com redação dada pelo De-
Parágrafo único. As metas do Projovem Urbano creto nº 7.649, de 21/12/2011)
nos Estados, nos Municípios e no Distrito Federal, § 2º Cabe ao Ministério da Educação, por meio
observadas as regras de adesão previstas neste do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Edu-
Decreto, serão proporcionais à população esti- cação (FNDE):
mada que possua o perfil do jovem que reúna I – transferir recursos aos Estados, ao Distrito Fe-
condições de atendimento. deral e aos Municípios que aderirem ao Projovem
Art. 30. A União, os Estados, o Distrito Federal e Urbano, sem necessidade de convênio, acordo,
os Municípios que aderirem ao Projovem Urbano contrato, ajuste ou instrumento congênere, me-
serão corresponsáveis pela sua implementação. diante depósito em conta-corrente específica, sem
§ 1º Cabe à União, por intermédio do Ministério prejuízo da devida prestação de contas da apli-
da Educação: (Caput do parágrafo com redação dada cação dos recursos, de acordo com o disposto no
pelo Decreto nº 7.649, de 21/12/2011) art. 4º da Lei nº 11.692, de 2008;
I – coordenar, acompanhar, monitorar e ava- II – publicar resolução de seu conselho delibe-
liar a implementação das ações da modalidade rativo, estabelecendo as ações, as responsabilida-
pelos entes federados que aderirem ao Projovem des de cada agente, os critérios e as normas para
Urbano; transferência dos recursos e demais atos que se
II – (Revogado pelo Decreto nº 7.649, de 21/12/2011) fizerem necessários; (Inciso com redação dada pelo
III – disponibilizar aos Estados, Distrito Federal Decreto nº 7.649, de 21/12/2011)
e Municípios sistema informatizado de matrícula III – realizar processo licitatório para forne-
e de controle de frequência, entrega de trabalhos cimento do material didático-pedagógico do
149
Projovem Urbano, bem como providenciar a sua IV – disponibilizar profissionais para atuarem no
distribuição; e Projovem Urbano em âmbito local e em quantita-
IV – apoiar outras ações de implementação no tivos adequados ao número de alunos atendidos,
âmbito dos entes federados, de acordo com as de acordo com o projeto pedagógico integrado,
normas legais aplicáveis. nos termos definidos pelo Ministério da Educação;
§ 3º Cabe ao Ministério da Justiça, na implemen- (Inciso com redação dada pelo Decreto nº 7.649, de
tação do Projovem Urbano em unidades prisionais: 21/12/2011)
I – transferir aos Estados e ao Distrito Federal V – garantir formação inicial e continuada aos
os recursos para operacionalização do Projovem profissionais que atuam no Projovem Urbano em
Urbano; suas localidades, em conformidade com o projeto
II – responsabilizar-se orçamentária e finan- pedagógico integrado, nos termos definidos pelo
ceiramente pelas ações não consignadas no or- Ministério da Educação; (Inciso com redação dada
çamento anual do Projovem Urbano, que visem pelo Decreto nº 7.649, de 21/12/2011)
assegurar a qualidade do atendimento no interior VI – receber, armazenar, zelar e distribuir aos
das unidades do sistema prisional; e alunos, educadores e gestores locais o material
III – apoiar outras ações de implementação no didático-pedagógico fornecido pelo Governo Fe-
âmbito dos entes federados, de acordo com as deral, adotando-o integralmente;
normas legais aplicáveis. VII – providenciar espaço físico adequado com
§ 4º Cabe à Secretaria Especial dos Direitos computadores, impressoras, conexão com inter-
Humanos da Presidência da República, na im- net para utilização pelos alunos matriculados e
plementação do Projovem Urbano nas unidades frequentes, e dos profissionais que atuam no âm-
socioeducativas de privação de liberdade: bito do Projovem Urbano;
I – transferir os recursos aos Estados e ao Dis- VIII – responsabilizar-se pela inclusão e manu-
trito Federal para operacionalização do Projovem tenção constante das informações sobre a fre-
Urbano; quência dos alunos e de sua avaliação em sistema
II – responsabilizar-se orçamentária e finan- próprio disponibilizado pelo Ministério da Educa-
ceiramente pelas ações não consignadas no or- ção; (Inciso com redação dada pelo Decreto nº 7.649, de
çamento anual do Projovem Urbano, que visem 21/12/2011)
assegurar a qualidade do atendimento no interior IX – certificar os alunos matriculados e frequen-
das unidades socioeducativas de privação de li- tes por intermédio de seus estabelecimentos de
berdade; e ensino, em níveis de conclusão do ensino fun-
III – apoiar outras ações de implementação no damental e de formação inicial em qualificação
âmbito dos entes federados, de acordo com as profissional, desde que atendidas as condiciona-
normas legais aplicáveis. lidades para permanência e conclusão do curso;
§ 5º Cabe aos entes federados que aderirem ao X – providenciar alimentação com qualidade
Projovem Urbano: aos alunos matriculados e frequentes;
I – receber, executar e prestar contas dos recur- XI – arcar com as despesas de insumos no âm-
sos financeiros transferidos pela União, segundo bito de sua responsabilidade;
determinações descritas no projeto pedagógico in- XII – instituir unidade de gestão, composto por
tegrado e demais diretrizes nacionais do Projovem representantes das áreas de educação, trabalho,
Urbano, em conformidade com a legislação vigente; assistência social, juventude, entre outras, para a
II – localizar e identificar os jovens que atendam organização e coordenação do Projovem Urbano,
às condicionalidades previstas no caput do art. 27 em âmbito local;
e matriculá-los por meio de sistema próprio dis- XIII – garantir a disponibilidade de laboratórios,
ponibilizado pelo Ministério da Educação; (Inciso oficinas ou outros espaços específicos, bem como
com redação dada pelo Decreto nº 7.649, de 21/12/2011) de máquinas e equipamentos adequados, destina-
III – providenciar espaço físico adequado para o dos às aulas de qualificação social e profissional;
funcionamento das turmas e dos núcleos do Pro- XIV – arcar com todas as despesas tributárias ou
jovem Urbano, obrigatoriamente em escolas da extraordinárias que incidam sobre a execução dos
rede pública de ensino; recursos financeiros recebidos, ressalvados aque-
150
DECRETO Nº 6.629, DE 4 DE NOVEMBRO DE 2008
les de natureza compulsória lançados automatica- Campo – Saberes da Terra é de duas mil e quatro-
mente pela rede bancária arrecadadora; centas horas, divididas em, no mínimo:
XV – responsabilizar-se por eventuais litígios, I – mil e oitocentas horas correspondentes às ati-
inclusive de natureza trabalhista e previdenciária vidades pedagógicas desenvolvidas no espaço de
decorrentes da execução do Projovem Urbano; e unidade escolar, definidas como tempo-escola; e
XVI – apoiar outras ações de implementação II – seiscentas horas correspondentes às ativi-
acordadas com o Ministério da Educação. (Inciso dades pedagógicas planejadas pelos educadores
com redação dada pelo Decreto nº 7.649, de 21/12/2011) e desenvolvidas junto à comunidade, definidas
§ 6º Cabe à Secretaria-Geral da Presidência da como tempo-comunidade.
República: (Parágrafo acrescido pelo Decreto nº 7.649, Art. 35. O Projovem Campo – Saberes da Terra
de 21/12/2011) será implantado gradativamente nos Estados, no
I – participar do processo de formação inicial e Distrito Federal e nos Municípios que a ele aderi-
continuada de gestores, formadores e educadores, rem, mediante aceitação das condições previstas
sendo responsável pelo conteúdo específico rela- neste Decreto e assinatura de termo específico a
tivo aos temas da juventude; ser definido pelo Ministério da Educação.
II – articular mecanismos de acompanhamento § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
e controle social da execução do Projovem Urbano, cípios interessados em participar do Projovem
observado o disposto nos arts. 56 a 59; Campo – Saberes da Terra deverão assinar, além
III – realizar a avaliação externa do Projovem do termo referido no caput, o termo de adesão ao
Urbano; e Plano de Metas Compromisso Todos pela Educa-
IV – verificar a adequação da implementação ção (Compromisso), de acordo com o disposto no
do Projovem Urbano com as diretrizes da política Decreto nº 6.094, de 24 de abril de 2007.
nacional da juventude. § 2º As metas do Projovem Campo – Saberes
Art. 31. (Revogado pelo Decreto nº 7.649, de 21/12/2011) da Terra serão estabelecidas de acordo com o nú-
mero de jovens agricultores familiares, indicado-
Seção III
res educacionais e a política de atendimento aos
Da Implantação e da Execução do
Projovem Campo – Saberes da Terra territórios da cidadania inseridos no Programa
Territórios da Cidadania.
Art. 32. O Projovem Campo – Saberes da Terra
tem como objetivo a oferta de escolarização em Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e
nível fundamental, na modalidade educação de os Municípios que aderirem ao Projovem Campo
jovens e adultos, integrada à qualificação social e – Saberes da Terra serão corresponsáveis pela sua
profissional. implementação.
§ 1º Cabe à União, por intermédio da Secretaria
Art. 33. O Projovem Campo – Saberes da Terra
de Educação Continuada, Alfabetização e Diver-
destina-se a jovens agricultores familiares com
sidade do Ministério da Educação, entre outras
idade entre dezoito e vinte e nove anos, residen-
atribuições:
tes no campo, que saibam ler e escrever e que não
I – coordenar a modalidade em nível nacional;
tenham concluído o ensino fundamental.
II – prestar apoio técnico-pedagógico aos entes
Parágrafo único. Para os efeitos deste Decreto,
executores e às instituições públicas de ensino su-
serão considerados agricultores familiares os edu-
perior na realização das ações;
candos que cumpram os requisitos do art. 3º da
III – monitorar a execução física das ações; e
Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006.
IV – realizar o acompanhamento por meio de
Art. 34. A escolarização dos jovens será ofertada sistema de monitoramento e acompanhamento.
por meio do regime de alternância, entre perío- § 2º O Ministério da Educação, por intermédio
dos de tempo-escola e tempo-comunidade, con- do FNDE, poderá firmar convênios e parcerias com
forme estabelecem o § 2º do art. 23 e o art. 28 da instituições de ensino superior públicas para:
Lei nº 9.394, de 1996. I – implantar e desenvolver todas as etapas do
Parágrafo único. A carga horária obrigatória curso de formação continuada dos educadores e
a ser ofertada aos beneficiários do Projovem coordenadores de turmas em efetivo exercício;
151
II – produzir e reproduzir materiais didáticos IX – articular-se com entidades, movimentos
apropriados para o desenvolvimento da prática sociais e sindicais do campo para a execução do
docente e profissional em conformidade com os Projovem Campo – Saberes da Terra.
princípios político-pedagógicos;
Seção IV
III – realizar acompanhamento pedagógico e Da Implantação e da Execução
registrar informações do funcionamento das tur- do Projovem Trabalhador
mas em sistema de monitoramento e acompanha-
Art. 37. O Projovem Trabalhador tem como obje-
mento;
tivo preparar o jovem para ocupações com vínculo
IV – articular-se com entidades, movimentos so-
empregatício ou para outras atividades produti-
ciais e sindicais do campo, para a construção da
vas geradoras de renda, por meio da qualificação
proposta e realização de formação continuada; e
social e profissional e do estímulo à sua inserção
V – constituir rede nacional de formação dos
no mundo do trabalho.
profissionais da educação que atuarão no Projo-
vem Campo – Saberes da Terra. Art. 38. O Projovem Trabalhador destina-se ao
§ 3º Cabe ao FNDE: jovem de dezoito a vinte e nove anos, em situação
I – prestar assistência financeira em caráter su- de desemprego, pertencente a família com renda
plementar; per capita de até um salário mínimo, e que esteja:
II – normatizar e monitorar a aplicação dos re- I – cursando ou tenha concluído o ensino fun-
cursos financeiros; e damental; ou
III – receber e analisar as prestações de contas. II – cursando ou tenha concluído o ensino
§ 4º Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos médio, e não esteja cursando ou não tenha con-
Municípios: cluído o ensino superior.
I – receber, executar e prestar contas dos re- Parágrafo único. Nas ações de empreendedo-
cursos financeiros transferidos pelo Ministério da rismo juvenil, além dos jovens referidos no caput,
Educação; também poderão ser contemplados aqueles que
II – organizar turmas e prover a infraestrutura estejam cursando ou tenham concluído o ensino
física e de recursos humanos; superior.
III – prover as condições técnico-administrativas Art. 39. A implantação do Projovem Trabalhador
necessárias à coordenação em âmbito estadual ou dar-se-á nas seguintes submodalidades:
municipal para realização da gestão administrativa I – consórcio social de juventude, caracterizada
e pedagógica; pela participação indireta da União, mediante
IV – oferecer condições necessárias para a efe- convênios com entidades privadas sem fins lu-
tivação da matrícula dos beneficiários, nos siste- crativos para atendimento aos jovens;
mas públicos de ensino; II – juventude cidadã, caracterizada pela parti-
V – manter permanentemente atualizadas no cipação direta dos Estados, Distrito Federal e Mu-
sistema de monitoramento e acompanhamento nicípios no atendimento aos jovens;
as informações cadastrais da instituição, educan- III – escola de fábrica, caracterizada pela inte-
dos, educadores e coordenadores, bem como ou- gração entre as ações de qualificação social e pro-
tras informações solicitadas, para efeito de moni- fissional com o setor produtivo; e
toramento, supervisão, avaliação e fiscalização da IV – empreendedorismo juvenil, caracterizada
execução do Projovem Campo – Saberes da Terra; pelo fomento de atividades empreendedoras
VI – promover, em parceria com outros órgãos, como formas alternativas de inserção do jovem
ações para que os educandos tenham a documen- no mundo do trabalho.
tação necessária para cadastro no Projovem § 1º A execução das submodalidades de que
Campo – Saberes da Terra; trata o caput dar-se-á por:
VII – realizar a avaliação dos conhecimentos I – adesão dos Estados, do Distrito Federal e dos
construídos pelos educandos para estabelecer o Municípios, nos termos do art. 4º da Lei nº 11.692,
processo de desenvolvimento do curso; de 2008, mediante aceitação das condições pre-
VIII – designar instituição pública de ensino res- vistas neste Decreto e assinatura de termo de ade-
ponsável pela certificação dos educandos; e são, com transferência de recursos sem a neces-
152
DECRETO Nº 6.629, DE 4 DE NOVEMBRO DE 2008
o agente pagador dos seus respectivos auxílios a serem fixados nas disposições complementares
financeiros. estabelecidas pelo Cogep.
§ 1º As normas de convivência de que trata o in-
Seção VI
Da Suspensão do Auxílio Financeiro ciso V serão definidas pelo comitê gestor de cada
modalidade, ressalvado o Projovem Campo – Sa-
Art. 50. O auxílio financeiro concedido aos bene-
beres da Terra, que seguirá as normas da rede de
ficiários do Projovem será suspenso nas seguin-
ensino em que a turma estiver vinculada.
tes situações:
§ 2º O disposto no inciso II não se aplica à mo-
I – verificada a percepção pelo jovem de benefí-
dalidade Projovem Adolescente – Serviço Socio-
cios de natureza semelhante recebidos em decor-
educativo.
rência de outros programas federais;
§ 3º O jovem que completar a idade limite pre-
II – frequência mensal nas atividades da moda-
vista para cada modalidade tem garantido o di-
lidade abaixo do percentual mínimo de setenta e
reito de concluir as atividades ou ciclo anual, no
cinco por cento; ou
caso do Projovem Adolescente.
III – não atendimento de outras condições espe-
cíficas de cada modalidade. CAPÍTULO IV
DO MONITORAMETO, DA
§ 1º O auxílio financeiro do jovem participante
AVALIAÇÃO E DO CONTROLE
do Projovem Urbano também será suspenso no
caso de não entrega dos trabalhos pedagógicos. Seção I
§ 2º Os casos de aceitação de justificativa de Do Monitoramento e da Avaliação
frequência inferior a setenta e cinco por cento Art. 52. O monitoramento e a avaliação de cada
serão regulamentados pelo comitê gestor de cada modalidade do Projovem serão realizados pelos
modalidade. seus órgãos coordenadores.
§ 3º O Cogep definirá as formas, prazos e encami- Parágrafo único. As bases de dados atualizadas
nhamentos relativos às solicitações de revisão da referentes aos sistemas próprios de monitora-
suspensão dos benefícios, bem como as instâncias, mento deverão ser disponibilizadas à Secretaria-
em cada modalidade, responsáveis pela avaliação -Executiva do Cogep, sempre que solicitadas.
da referida revisão. Art. 53. Aos jovens beneficiários do Projovem será
Seção VII atribuído Número de Identificação Social (NIS),
Do Desligamento caso ainda não o possuam, a ser solicitado pelo
Art. 51. Será desligado do Projovem e deixará de órgão coordenador da modalidade à qual estejam
receber o auxílio financeiro, quando for o caso, o vinculados.
jovem que: Parágrafo único. Para a modalidade Projovem
I – concluir as atividades da modalidade; Adolescente, o NIS será obtido a partir da inscrição
II – tiver, sem justificativa, frequência inferior a do jovem no CadÚnico.
setenta e cinco por cento da carga horária prevista Art. 54. O Cogep realizará o monitoramento da
para as atividades presenciais de todo o curso; execução do Projovem por meio de sistema que
III – prestar informações falsas ou, por qualquer integrará as informações geradas pelos sistemas
outro meio, cometer fraude contra o Projovem; de gestão e acompanhamento específicos de cada
IV – desistir de participar, devendo, quando pos- modalidade.
sível, ser a desistência formalizada; § 1º O sistema de monitoramento será composto
V – descumprir de forma grave ou reiterada as por informações relativas à matrícula, pagamento
normas de convivência nas atividades da moda- de auxílio financeiro, entre outras a serem estabe-
lidade; lecidas pelo Cogep.
VI – deixar de frequentar as atividades por de- § 2º Os órgãos referidos no parágrafo único do
terminação judicial; ou art. 1º deverão:
VII – abandonar as atividades, em face de razões I – manter atualizado o sistema específico de
alheias à sua vontade, como mudança de ende- gestão e acompanhamento da modalidade sob
reço, doença, óbito, entre outros impedimentos sua coordenação;
155
II – disponibilizar as informações que comporão I – acompanhar e subsidiar a fiscalização da exe-
o sistema de monitoramento do Projovem; e cução do Projovem, em âmbito local;
III – promover ações de integração dos sistemas II – acompanhar a operacionalização do Projo-
de monitoramento das diversas modalidades do vem; e
Projovem. III – estimular a participação comunitária no con-
§ 3º O sistema de monitoramento utilizará como trole de sua execução, em âmbito local.
identificador do jovem seu respectivo NIS e servirá Art. 58. O Poder Executivo deverá veicular dados
para verificação de eventuais multiplicidades de e informações detalhados sobre a execução orça-
pagamento dos auxílios financeiros do Projovem. mentária e financeira do Projovem, nos termos do
§ 4º O Cogep fixará diretrizes para a padroniza- Decreto nº 5.482, de 30 de junho de 2005.
ção e compartilhamento das informações coleta-
Art. 59. Os entes envolvidos na implementação
das e processadas pelos sistemas específicos de
do Projovem deverão promover ampla divulgação
cada modalidade do Projovem.
das informações sobre a estrutura, objetivos, re-
§ 5º As despesas decorrentes do desenvolvi-
gras de funcionamento e financiamento, de modo
mento do sistema de monitoramento serão supor-
a viabilizar o seu controle social.
tadas pelas dotações orçamentárias dos órgãos
coordenadores de cada modalidade do Projovem. Seção III
Da Fiscalização e da Prestação de Contas
Art. 55. A avaliação do Projovem dar-se-á de forma
Art. 60. A fiscalização do Projovem, em todas as
contínua e sistemática sobre os processos, resulta-
suas modalidades, será realizada pelos órgãos in-
dos e impactos das atividades exercidas nas moda-
dicados no parágrafo único do art. 1º, no âmbito de
lidades, a partir de diretrizes e instrumentos defini-
suas competências, respeitadas as atribuições dos
dos pelo Cogep.
órgãos de fiscalização da administração pública fe-
Seção II deral e dos entes federados parceiros.
Do Controle e Participação Social
Art. 61. Qualquer cidadão poderá requerer a apu-
Art. 56. O controle e participação social do Projo- ração de fatos relacionados à execução do Projo-
vem deverão ser realizados, em âmbito local, por vem, em petição dirigida à autoridade responsável
conselho ou comitê formalmente instituído pelos pela modalidade em questão.
entes federados, assegurando-se a participação da
Art. 62. Constatada a ocorrência de irregularidade
sociedade civil.
na execução local do Projovem, caberá à autori-
§ 1º O controle social do Projovem em âmbito
dade responsável pela modalidade em questão,
local poderá ser realizado por conselho, comitê ou
sem prejuízo de outras sanções administrativas,
instância anteriormente existente, preferencial- civis e penais:
mente que atuem com a temática da juventude, I – recomendar a adoção de providências sanea-
garantida a participação da sociedade civil. doras ao respectivo ente federado; e
§ 2º Na modalidade Projovem Campo – Saberes II – propor à autoridade competente a instau-
da Terra, o controle social será realizado em âm- ração de tomada de contas especial, com o obje-
bito local pelos comitês estaduais de educação do tivo de submeter ao exame preliminar do sistema
campo. de controle interno e ao julgamento do Tribunal de
§ 3º Na modalidade Projovem Adolescente – Ser- Contas da União, os casos e situações identifica-
viço Socioeducativo, o controle social será reali- dos nos trabalhos de fiscalização que configurem
zado em âmbito local pelos conselhos municipais prática de ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de
de assistência social e pelo conselho de assistência que resulte dano ao erário, na forma do art. 8º da
social do Distrito Federal. Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992.
§ 4º Na modalidade Projovem Trabalhador, o
Art. 63. As prestações de contas da modalidade
controle social dar-se-á com a participação das co-
Projovem Adolescente – Serviço Socioeducativo
missões estaduais e municipais de emprego.
deverão respeitar a forma e prazos fixados
Art. 57. Cabe aos conselhos de controle social do na Lei nº 9.604, de 5 de fevereiro de 1998, e no
Projovem: Decreto nº 2.529, de 25 de março de 1998.
156
DECRETO Nº 8.736, DE 3 DE MAIO DE 2016
Art. 64. As prestações de contas das modalidades Art. 68. O CadÚnico será a ferramenta de busca e
Projovem Urbano e Projovem Campo – Saberes identificação de jovens que possuam o perfil de
da Terra, quando realizadas sem a necessidade cada modalidade do Projovem.
de convênio, ajuste ou instrumento congênere, Parágrafo único. As famílias dos jovens benefi-
seguirão as definições de forma e prazos esta- ciários do Projovem poderão ser cadastradas no
belecidas em normativos próprios fixados pelos CadÚnico.
órgãos repassadores dos recursos, após anuência Art. 69. Os valores destinados à execução do Pro-
do respectivo órgão coordenador da modalidade, jovem seguirão cronograma com prazos definidos
de acordo com as Resoluções CD/FNDE nº 21 e 22, pelos órgãos repassadores aos Estados, Distrito
ambas de 26 de maio de 2008, e as que vierem a Federal, Municípios e entidades públicas e priva-
substituí-las. das, após anuência do órgão coordenador da mo-
Art. 65. As prestações de contas da modalidade dalidade.
Projovem Trabalhador, quando se tratar da apli- Art. 70. Às transferências de recursos realizadas
cação de recursos transferidos mediante convênio, na forma do art. 4º da Lei nº 11.692, de 2008, não
observarão as disposições do Decreto nº 6.170, de se aplicam as regras do Decreto nº 6.170, de 2007.
2007, e, quando transferidos na forma de que trata Art. 71. Este Decreto entra em vigor na data de
o art. 4º da Lei nº 11.692, de 2008, seguirão as dis- sua publicação.
posições a serem definidas pelo Ministério do Tra-
Art. 72. Ficam revogados o Decreto nº 5.557, de
balho e Emprego.
5 de outubro de 2005, e o Decreto nº 5.199, de 30
Parágrafo único. As prestações de contas relati-
de agosto de 2004.
vas à aplicação de recursos transferidos na forma
do art. 4º da Lei nº 11.692, de 2008, conterão, no Brasília, 4 de novembro de 2008; 187º da
Independência e 120º da República.
mínimo:
I – relatório de cumprimento do objeto; LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
II – demonstrativo da execução da receita e da Tarso Genro
Guido Mantega
despesa;
Fernando Haddad
III – relação de pagamentos efetuados; Carlos Lupi
IV – relação de jovens beneficiados; Paulo Bernardo Silva
V – relação de bens adquiridos, produzidos ou Patrus Ananias
construídos;
VI – relação das ações e dos cursos realizados; e DECRETO Nº 8.736, DE 3
VII – termo de compromisso quanto à guarda
DE MAIO DE 2016
(Publicado no DOU de 4/5/2016)
dos documentos relacionados à aplicação dos
recursos. Institui o Plano Nacional de Juventude e
Sucessão Rural.
CAPÍTULO V
A presidenta da República, no uso das atribui-
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
ções que lhe confere o art. 84, caput, incisos IV e
Art. 66. Aos beneficiários e executores dos Pro- VI, alínea a, da Constituição, e tendo em vista o
gramas disciplinados na Lei nº 10.748, de 22 de disposto na Lei nº 12.852, de 5 de agosto de 2013,
outubro de 2003, na Lei nº 11.129, de 2005, e na e na Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, decreta:
Lei nº 11.180, de 23 de setembro de 2005, ficam
Art. 1º Fica instituído, no âmbito do Ministério
assegurados, no âmbito do Projovem, os seus di-
do Desenvolvimento Agrário, o Plano Nacional
reitos, bem como o cumprimento dos seus deveres,
de Juventude e Sucessão Rural, com o objetivo de
de acordo com os convênios, acordos ou instru-
integrar e articular políticas, programas e ações
mentos congêneres firmados até 31 de dezembro
para a promoção da sucessão rural e a garantia
de 2007.
dos direitos da juventude do campo, nos termos
Art. 67. As turmas do Projovem Adolescente – do Anexo.
Serviço Socioeducativo iniciadas em 2008 serão Parágrafo único. O Plano Nacional de Juven-
finalizadas em 31 de dezembro de 2009. tude e Sucessão Rural será executado pela União
157
em regime de cooperação, por adesão, com Es- Art. 7º Fica instituído o Comitê Gestor do Plano Na-
tados, Distrito Federal, Municípios, organizações cional de Juventude e Sucessão Rural, instância de
da sociedade civil e entidades privadas. caráter deliberativo, com a finalidade de orientar a
Art. 2º O Plano Nacional de Juventude e Suces- formulação, a implementação, o monitoramento e
são Rural destina-se à população jovem rural da a avaliação do Plano.
agricultura familiar e de comunidades remanes- § 1º O Comitê Gestor do Plano Nacional de Ju-
centes de quilombos rurais e demais povos e co- ventude e Sucessão Rural será composto pelos
munidades tradicionais, nos termos do art. 3º, § 2º, seguintes órgãos:
inciso VI, da Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006. I – Ministério do Desenvolvimento Agrário, que
Parágrafo único. O Cadastro Único para Progra- o coordenará;
mas Sociais (CadÚnico) do Governo federal e a De- II – Ministério da Educação;
claração de Aptidão ao Programa Nacional de For- III – Ministério da Cultura;
talecimento de Agricultura Familiar (Pronaf) serão IV – Ministério do Trabalho e Previdência Social;
utilizados para identificação do público-alvo do V – Ministério da Saúde;
Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural. VI – Ministério das Comunicações;
VII – Ministério do Meio Ambiente;
Art. 3º Os princípios do Estatuto da Juventude,
VIII – Ministério das Mulheres, da Igualdade Ra-
previstos no art. 2º da Lei nº 12.852, de 5 de agosto
cial, da Juventude e dos Direitos Humanos;
de 2013, orientarão a implementação do Plano
IX – Conselho Nacional de Juventude do Minis-
Nacional de Juventude e Sucessão Rural.
tério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juven-
Art. 4º São diretrizes do Plano Nacional de Juven- tude e dos Direitos Humanos; e
tude e Sucessão Rural: X – Conselho Nacional de Desenvolvimento
I – garantia dos direitos sociais e da juventude; Rural Sustentável do Ministério do Desenvolvi-
II – garantia de acesso a serviços públicos; mento Agrário.
III – garantia de acesso às atividades produtivas § 2º Os representantes, titular e suplente, serão
com geração de renda e promoção do desenvolvi- indicados pelo respectivo Ministro de Estado e de-
mento sustentável e solidário; signados em ato do Ministro de Estado do Desen-
IV – estímulo e fortalecimento das redes da ju- volvimento Agrário.
ventude nos territórios rurais; § 3º A Secretaria-Executiva do Comitê Gestor do
V – valorização das identidades e das diversi- Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural e
dades individual e coletiva da juventude rural; e o apoio administrativo necessário ao funciona-
VI – atuação transparente, democrática, partici- mento do Comitê serão prestados pelo Ministério
pativa e integrada. do Desenvolvimento Agrário.
Art. 5º São objetivos do Plano Nacional de Juven- § 4º Poderão ser convidados para contribuir
tude e Sucessão Rural: com os trabalhos do Comitê Gestor do Plano Na-
I – ampliar o acesso da juventude do campo aos cional de Juventude e Sucessão Rural represen-
serviços públicos; tantes de órgãos e entidades públicos, de insti-
II – propiciar o acesso à terra e às oportunidades tuições privadas, da sociedade civil, dos Poderes
de trabalho e renda; e Legislativo e Judiciário e do Ministério Público.
III – ampliar e qualificar a participação da juven- § 5º Poderão ser constituídos, no âmbito do
tude rural nos espaços decisórios. Comitê Gestor do Plano Nacional de Juventude
e Sucessão Rural, grupos de trabalho temáticos
Art. 6º São eixos de atuação do Plano Nacional de
destinados ao estudo e à elaboração de propostas
Juventude e Sucessão Rural:
sobre temas específicos.
I – acesso à terra e ao território;
II – garantia de trabalho e renda; Art. 8º A participação no Comitê Gestor do Plano
III – acesso à educação do campo; Nacional de Juventude e Sucessão Rural será con-
IV – promoção da qualidade de vida; e siderada prestação de serviço público relevante,
V – ampliação e qualificação da participação. não remunerada.
158
DECRETO Nº 9.306, DE 15 DE MARÇO DE 2018
Art. 9º O Plano Nacional de Juventude e Sucessão Art. 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
Rural será revisado e atualizado por ocasião da ela- pios poderão aderir ao Sinajuve mediante assina-
boração do Plano Plurianual. tura de termo de adesão.
Parágrafo único. São requisitos mínimos para a
Art. 10. Para a execução do Plano Nacional de
formalização de termo de adesão:
Juventude e Sucessão Rural poderão ser firma-
I – a instituição de conselho estadual, distrital
dos convênios, acordos de cooperação, ajustes ou municipal de juventude;
ou outros instrumentos congêneres, com órgãos II – a elaboração, ou a adaptação, de plano es-
e entidades da administração pública federal, dos tadual, distrital ou municipal de juventude com
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com participação da sociedade civil;
consórcios públicos e com entidades privadas. III – a previsão orçamentária para a implemen-
Art. 11. As despesas necessárias ao funciona- tação do plano estadual, distrital ou municipal de
mento do Comitê Gestor e à execução das ações juventude; e
IV – a existência de órgão estadual, distrital ou
do Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural
municipal responsável pelas políticas públicas de
observarão as dotações orçamentárias próprias
juventude.
consignadas anualmente nos orçamentos dos ór-
gãos e entidades envolvidos, observados os limites Art. 3º Integram a estrutura do Sinajuve:
de movimentação, de empenho e de pagamento I – o Conselho Nacional de Juventude;
II – o Comitê Interministerial da Política de Ju-
da programação orçamentária e financeira anual.
ventude;
Art. 12. Este Decreto entra em vigor na data de III – a Secretaria Nacional de Juventude da Se-
sua publicação. cretaria de Governo da Presidência da República;
Brasília, 3 de maio de 2016; 195º da IV – os órgãos estaduais, distrital e municipais
Independência e 128º da República. responsáveis pelas políticas públicas de juven-
tude que aderirem ao sistema na forma prevista
DILMA ROUSSEFF
no art. 2º; e
Patrus Ananias
V – os conselhos estaduais, distrital e munici-
ANEXO pais de juventude.
(Vide http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2016/ § 1º As ações realizadas pelo Governo federal
decreto-8736-3-maio-2016-782992-anexo-pe.pdf) no âmbito do Sinajuve observarão os princípios
estabelecidos na Lei nº 12.852, de 2013.
DECRETO Nº 9.306, DE 15 § 2º A Secretaria Nacional de Juventude da Se-
DE MARÇO DE 2018 cretaria de Governo da Presidência da República
(Publicado no DOU de 16/3/2018) coordenará o Sinajuve, com o apoio do Conselho
Nacional de Juventude.
Dispõe sobre o Sistema Nacional de Juventude,
instituído pela Lei nº 12.852, de 5 de agosto Art. 4º São diretrizes do Sinajuve:
de 2013. I – a descentralização das ações e a cooperação
O presidente da República, no uso das atribuições entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios;
que lhe conferem o art. 84, caput, incisos IV e VI,
II – a promoção da participação social, especial-
alínea a, da Constituição, e tendo em vista o dis-
mente dos jovens, na formulação, na implementa-
posto no Título II da Lei nº 12.852, de 5 de agosto
ção, no acompanhamento, na avaliação e no con-
de 2013, e na Lei nº 11.129, de 30 de junho de 2005,
trole social das políticas públicas de juventude;
decreta:
III – o respeito à diversidade regional e territorial;
Art. 1º O Sistema Nacional de Juventude (Sina- IV – a atuação em rede e a articulação entre o
juve), instituído pela Lei nº 12.852, de 5 de agosto Poder Público e a sociedade civil; e
de 2013, constitui forma de articulação e organiza- V – a transparência e a ampla divulgação dos
ção da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos programas, das ações e dos recursos das políticas
Municípios e da sociedade civil para a promoção públicas de juventude.
de políticas públicas de juventude. Art. 5º São objetivos do Sinajuve:
159
I – promover a intersetorialidade e a transver- XI – segurança pública e acesso à justiça.
salidade das políticas, dos programas e das ações
Art. 9º A Conferência Nacional de Juventude será
destinadas à população jovem;
realizada a cada quatro anos e observará as dire-
II – estimular o intercâmbio de boas práticas, de
trizes previstas na Lei nº 12.852, de 2013.
programas e de ações que promovam os direitos
Parágrafo único. A Conferência Nacional de Ju-
dos jovens previstos no Estatuto da Juventude;
ventude será coordenada pela Secretaria Nacional
III – integrar as políticas públicas de juventude
ao ciclo de planejamento e orçamento públicos de Juventude da Secretaria de Governo da Presi-
anual e plurianual; dência da República em conjunto com o Conselho
IV – ampliar a produção de conhecimento sobre Nacional de Juventude e seu regulamento será
a juventude; elaborado com a participação da sociedade civil.
V – incentivar a cooperação entre os Poderes Art. 10. São etapas da Conferência Nacional de
Executivo, Legislativo e Judiciário, o Ministério Juventude:
Público e as Defensorias Públicas da União, dos I – conferências municipais e regionais;
Estados e do Distrito Federal para a observância II – conferências estaduais e distrital; e
do Estatuto da Juventude; e
III – consulta nacional aos povos e às comuni-
VI – estimular e articular a elaboração e a im-
dades tradicionais.
plementação dos planos de juventude dos entes
§ 1º As etapas a que se refere o caput são obri-
federativos.
gatórias para eleição de delegados e aprovação
Art. 6º São instrumentos para a implementação de propostas em proporção definida em regula-
do Sinajuve: mento da Conferência Nacional de Juventude.
I – o Plano Nacional de Juventude; § 2º A consulta nacional aos povos e às comu-
II – a Plataforma virtual interativa;
nidades tradicionais tem por finalidade eleger os
III – o Cadastro Nacional das Unidades de Ju-
delegados que participarão da Conferência Nacio-
ventude; e
nal da Juventude, de acordo com o regulamento,
IV – o Subsistema de Informação, Monitora-
de forma a garantir a representação e a atuação
mento e Avaliação.
dessas populações na referida Conferência.
Art. 7º O Plano Nacional de Juventude (PNJ) é o
instrumento de planejamento das políticas públi- Art. 11. O Conselho Nacional de Juventude,
cas de juventude, elaborado a partir das diretrizes de acordo com o art. 9º da Lei nº 11.129, de 30 de
definidas na Conferência Nacional de Juventude. junho de 2005, é a instância de participação e con-
Parágrafo único. O PNJ será precedido de diag- trole social das políticas públicas de juventude, e
nóstico realizado pelo Comitê Interministerial da realizará, a cada dois anos, o Encontro Nacional
Política de Juventude, conforme estabelecido no de Conselhos de Juventude com o objetivo de pro-
art. 2º, caput, inciso IV, do Decreto nº 9.025, de 5 de mover o intercâmbio de boas práticas e o acompa-
abril de 2017, e conterá a descrição dos objetivos, nhamento da implementação do Sinajuve.
das metas e das ações a serem implementados.
Art. 12. A Plataforma virtual interativa é um ins-
Art. 8º O PNJ será organizado a partir dos seguin- trumento de tecnologia da informação, e tem por
tes eixos prioritários: objetivos:
I – cidadania, participação social e política e re- I – a promoção da participação dos jovens no
presentação juvenil; Sinajuve, por meio da internet;
II – educação; II – a mobilização social dos jovens; e
III – profissionalização, trabalho e renda; III – a produção e a divulgação de conhecimento
IV – diversidade e igualdade;
sobre a juventude na internet.
V – saúde;
VI – cultura; Art. 13. Fica criado o Cadastro Nacional das Uni-
VII – comunicação e liberdade de expressão; dades de Juventude, instrumento responsável
VIII – desporto e lazer; pelo registro de entidades que desenvolvam ações
IX – território e mobilidade; de promoção das políticas públicas de juventude
X – sustentabilidade e meio ambiente; e reconhecidas pela coordenação do Sinajuve.
160
DECRETO Nº 9.603, DE 10 DE DEZEMBRO DE 2018
§ 1º Para se cadastrarem como unidades de ju- Art. 17. Este Decreto entra em vigor na data de
ventude do Sinajuve, as entidades deverão cum- sua publicação.
prir os seguintes requisitos: Brasília, 15 de março de 2018; 197º da
I – possuir instância de gestão, preferencial- Independência e 130º da República.
mente com a participação dos jovens e da comu- MICHEL TEMER
nidade; e Carlos Marun
II – possuir metas de atendimento e parâmetros
de qualidade dos serviços oferecidos que conside- DECRETO Nº 9.603, DE 10
rem as especificidades da juventude, garantidos a
DE DEZEMBRO DE 2018
(Publicado no DOU de 11/12/2018)
acessibilidade e o ambiente livre de preconceitos
e intolerância. Regulamenta a Lei nº 13.431, de 4 de abril de
2017, que estabelece o sistema de garantia de
§ 2º Ato da Secretaria Nacional de Juventude direitos da criança e do adolescente vítima ou
da Secretaria de Governo da Presidência da Repú- testemunha de violência.
blica definirá as condições para atendimento dos O presidente da República, no uso das atribuições
requisitos mencionados no § 1º e para a submis- que lhe confere o art. 84, caput, incisos IV e VI, alí-
são de cadastro. nea a, da Constituição, e tendo em vista o disposto
Art. 14. Fica instituído, no âmbito do Sinajuve, o na Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017, decreta:
Subsistema de Informação, Monitoramento e Ava- CAPÍTULO I
liação (Sima), com a finalidade de gerir a informa- DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
ção, o monitoramento e a avaliação das políticas Seção I
públicas de juventude. Dos Princípios e dos Conceitos
Parágrafo único. Serão desenvolvidos, no âm- Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei nº 13.431,
bito do Sima, indicadores relativos à população de 4 de abril de 2017, que estabelece o sistema de
jovem, à institucionalidade da política pública de garantia de direitos da criança e do adolescente
juventude e ao monitoramento do PNJ. vítima ou testemunha de violência.
Art. 15. A Secretaria Nacional de Juventude da Art. 2º Este Decreto será regido pelos seguintes
Secretaria de Governo da Presidência da Repú- princípios:
blica fornecerá os recursos humanos, tecnoló- I – a criança e o adolescente são sujeitos de di-
reito e pessoas em condição peculiar de desenvol-
gicos e orçamentários para a implementação, a
vimento e gozam de proteção integral, conforme o
manutenção e a operacionalização da Plataforma
disposto no art. 1º da Lei nº 8.069, de 13 de julho
virtual interativa, do Subsistema de Informação,
de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente);
Monitoramento e Avaliação e do Cadastro Nacio-
II – a criança e o adolescente devem receber
nal de Unidades de Juventude, observada a dispo- proteção integral quando os seus direitos forem
nibilidade orçamentária e financeira. violados ou ameaçados;
Parágrafo único. Para os fins do disposto no III – a criança e o adolescente têm o direito de
caput, a Secretaria Nacional de Juventude da Se- ter seus melhores interesses avaliados e conside-
cretaria de Governo da Presidência da República rados nas ações ou nas decisões que lhe dizem
poderá firmar parcerias com outros órgãos públi- respeito, resguardada a sua integridade física e
cos e com entidades da sociedade civil. psicológica;
IV – em relação às medidas adotadas pelo Poder
Art. 16. As transferências voluntárias de recursos
Público, a criança e o adolescente têm preferência:
públicos federais, no âmbito da dotação orçamen-
a) em receber proteção e socorro em quaisquer
tária da Secretaria Nacional de Juventude da Se- circunstâncias;
cretaria de Governo da Presidência da República, b) em receber atendimento em serviços públi-
para apoio à promoção das políticas públicas de cos ou de relevância pública;
juventude, priorizarão os entes federativos que c) na formulação e na execução das políticas
aderirem ao Sinajuve. sociais públicas; e
161
d) na destinação privilegiada de recursos públi- temunha de violência, tomadas as medidas neces-
cos para a proteção de seus direitos; sárias para esse atendimento, quando possível.
V – a criança e o adolescente devem receber in-
Art. 5º Para fins do disposto neste Decreto, con-
tervenção precoce, mínima e urgente das autori-
dades competentes tão logo a situação de perigo sidera-se:
seja conhecida; I – violência institucional – violência praticada
VI – a criança e o adolescente têm assegurado o por agente público no desempenho de função
direito de exprimir suas opiniões livremente nos as- pública, em instituição de qualquer natureza, por
suntos que lhes digam respeito, inclusive nos proce- meio de atos comissivos ou omissivos que prejudi-
dimentos administrativos e jurídicos, consideradas quem o atendimento à criança ou ao adolescente
a sua idade e a sua maturidade, garantido o direito vítima ou testemunha de violência;
de permanecer em silêncio;
II – revitimização – discurso ou prática institu-
VII – a criança e o adolescente têm o direito de
cional que submeta crianças e adolescentes a pro-
não serem discriminados em função de raça, cor,
cedimentos desnecessários, repetitivos, invasivos,
sexo, idioma, crença, opinião política ou de outra
natureza, origem nacional ou regional, étnica ou que levem as vítimas ou testemunhas a reviver a
social, posição econômica, deficiência, nasci- situação de violência ou outras situações que
mento ou outra condição, de seus pais ou de seus gerem sofrimento, estigmatização ou exposição
responsáveis legais; de sua imagem;
VIII – a criança e o adolescente devem ter sua III – acolhimento ou acolhida – posicionamento
dignidade individual, suas necessidades, seus ético do profissional, adotado durante o processo
interesses e sua privacidade respeitados e pro-
de atendimento da criança, do adolescente e de
tegidos, incluída a inviolabilidade da integridade
suas famílias, com o objetivo de identificar as ne-
física, psíquica e moral e a preservação da ima-
cessidades apresentadas por eles, de maneira a
gem, da identidade, da autonomia, dos valores,
das ideias, das crenças, dos espaços e dos obje- demonstrar cuidado, responsabilização e resolu-
tos pessoais; e tividade no atendimento; e
IX – a criança e o adolescente têm direito de se- IV – serviço de acolhimento no âmbito do Sis-
rem consultados acerca de sua preferência em tema Único de Assistência Social (Suas) – serviço
serem atendido por profissional do mesmo gênero. realizado em tipos de equipamentos e modalida-
Art. 3º O sistema de garantia de direitos intervirá des diferentes, destinados às famílias ou aos indi-
nas situações de violência contra crianças e ado- víduos com vínculos familiares rompidos ou fra-
lescentes com a finalidade de: gilizados, a fim de garantir sua proteção integral.
I – mapear as ocorrências das formas de violên-
Seção II
cia e suas particularidades no território nacional;
Da Acessibilidade
II – prevenir os atos de violência contra crianças
e adolescentes; Art. 6º A acessibilidade aos espaços de atendi-
III – fazer cessar a violência quando esta ocorrer; mento da criança e do adolescente vítima ou tes-
IV – prevenir a reiteração da violência já ocorrida; temunha de violência deverá ser garantida por
V – promover o atendimento de crianças e ado-
meio de:
lescentes para minimizar as sequelas da violência
I – implementação do desenho universal nos
sofrida; e
espaços de atendimentos a serem construídos;
VI – promover a reparação integral dos direitos
da criança e do adolescente. II – eliminação de barreiras e implementação
de estratégias para garantir a plena comunicação
Art. 4º A criança ou o adolescente, brasileiro ou
de crianças e adolescentes durante o atendimento;
estrangeiro, que fale outros idiomas deverá ser
consultado quanto ao idioma em que prefere se III – adaptações razoáveis nos prédios públicos
manifestar, em qualquer serviço, programa ou ou de uso público já existentes; e
equipamento público do sistema de garantia de IV – utilização de tecnologias assistivas ou aju-
direitos da criança e do adolescente vítima ou tes- das técnicas, quando necessário.
162
DECRETO Nº 9.603, DE 10 DE DEZEMBRO DE 2018
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LISTA DE OUTRAS NORMAS E Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 178/1999, de
INFORMAÇÕES DE INTERESSE 14/12/1999, e promulgada pelo Decreto nº 3.597,
de 12/9/2000.
CONVENÇÃO INTERNACIONAL PARA A REPRES-
PROTOCOLO ADICIONAL À CONVENÇÃO INTERNACIO-
SÃO DO TRÁFICO DE MULHERES E DE CRIANÇAS
NAL CONTRA O CRIME ORGANIZADO TRANSNACIO-
(GENEBRA, 1921)
NAL RELATIVO À PREVENÇÃO, REPRESSÃO E PUNIÇÃO
Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 7/1950, de
DO TRÁFICO DE PESSOAS, EM ESPECIAL MULHERES
1º/2/1950, e promulgada pelo Decreto nº 37.176,
E CRIANÇAS (NOVA YORK, 2000)
de 15/4/1955.
Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 231/2003, de
CONVENÇÃO OIT Nº 138 (GENEBRA, 1973) 29/5/2003, e promulgada pelo Decreto nº 5.017,
Convenção sobre idade mínima de admissão ao de 12/3/2004.
emprego.
PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO SOBRE
Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 179/1999, de
OS DIREITOS DA CRIANÇA RELATIVO AO ENVOLVI-
14/12/1999, e promulgada pelo Decreto nº 4.134,
MENTO DE CRIANÇAS EM CONFLITOS ARMADOS
de 15/2/2002.
(NOVA YORK, 2000)
CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE CONFLITO Aprovado pelo Decreto Legislativo nº 230/2003, de
DE LEIS EM MATÉRIA DE ADOÇÃO DE MENORES (LA 29/5/2003, e promulgado pelo Decreto nº 5.006,
PAZ, 1984) de 8/3/2004.
Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 60/1996, de
LEI Nº 8.242, DE 12 DE OUTUBRO DE 1991
19/6/1996, e promulgada pelo Decreto nº 2.429,
Cria o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e
de 17/12/1997.
do Adolescente (Conanda) e dá outras providências.
CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE A RESTITUIÇÃO Publicada no DOU de 16/10/1991.
INTERNACIONAL DE MENORES (MONTEVIDÉU, 1989)
LEI Nº 12.662, de 5 DE JUNHO DE 2012
Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 3/1994, de
Assegura validade nacional à Declaração de Nas-
7/2/1994, e promulgada pelo Decreto nº 1.212, de
cido Vivo (DNV), regula sua expedição, altera a
3/8/1994.
Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, e dá ou-
CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE OBRIGA- tras providências.
ÇÃO ALIMENTAR (MONTEVIDÉU, 1989) Publicada no DOU de 6/6/2012.
Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 1/1996, de
LEI Nº 12.933, DE 26 DE DEZEMBRO DE 2013
28/2/1996, e promulgada pelo Decreto nº 2.428,
Dispõe sobre o benefício do pagamento de meia-
de 17/12/1997.
-entrada para estudantes, idosos, pessoas com
CONVENÇÃO RELATIVA À PROTEÇÃO DAS CRIAN- deficiência e jovens de 15 a 29 anos comprovada-
ÇAS E À COOPERAÇÃO EM MATÉRIA DE ADOÇÃO IN- mente carentes em espetáculos artístico-culturais
TERNACIONAL (HAIA, 1993) e esportivos, e revoga a Medida Provisória nº 2.208,
Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 1/1999, de de 17 de agosto de 2001.
14/1/1999, e promulgada pelo Decreto nº 3.087, Publicada no DOU de 18/6/2014.
de 21/6/1999.
DECRETO DE 19 DE OUTUBRO DE 2004
CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE TRÁFICO IN- Cria Comissão Intersetorial para Promoção, De-
TERNACIONAL DE MENORES (CIDADE DO MÉXICO, fesa e Garantia do Direito de Crianças e Adoles-
1994) centes à Convivência Familiar e Comunitária, e dá
Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 105/1996, de outras providências.
30/10/1996, e promulgada pelo Decreto nº 2.740, Publicado no DOU de 20/10/2004.
de 20/8/198.
DECRETO DE 11 DE OUTUBRO DE 2007
CONVENÇÃO OIT Nº 182 (GENEBRA, 1999) Institui a Comissão Intersetorial de Enfrenta-
Convenção sobre a proibição das piores formas mento à Violência Sexual contra Crianças e Ado-
de trabalho infantil e a ação imediata para a sua lescentes, e dá outras providências.
eliminação. Publicado no DOU de 15/10/2007.
167
DECRETO DE 11 DE OUTUBRO DE 2007 Portais
Institui a Comissão Nacional Intersetorial para
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Acompanhamento da Implementação do Plano Adolescente (Conanda)
Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Di- http://www.mdh.gov.br/informacao-ao-cidadao/
reito de Crianças e Adolescentes à Convivência participacao-social/conselho-nacional-dos-
Familiar e Comunitária, e dá outras providências. direitos-da-crianca-e-do-adolescente-conanda
Publicado no DOU de 15/10/2007.
Disque 100 (Disque Denúncia Nacional)
DECRETO Nº 6.307, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2007 http://www.mdh.gov.br/mdh/informacao-ao-
Dispõe sobre os benefícios eventuais de que trata cidadao/disque-100
o art. 22 da Lei N° 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Funcionamento: de 8 às 22 horas, inclusive nos
Publicado no DOU de 17/12/2007. fins de semana e feriados.
168
ed
L
edições câmara
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