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Universidade Federal Fluminense

Departamento de Economia
Teoria Microeconômica III
Estudante: Rodrigo Carvalho da Silva
Matrícula: 318004147
Professor: Roldan Muradian

Análise do artigo “Lottery Winners: The Myth and Reality”,


KAPLAN, 1985.
Questão 1

Kaplan, em seu artigo “Lottery Winners: The Myth and Reality” analisa como
ganhadores de loteria reagem ao prêmio. Partindo do pressuposto dos mitos
acercam dos vencedores, é de se esperar que eles deixem seus respectivos
trabalhos e elevem seu padrão de vida. Contudo, o resultado é inverso.

Tendo em consideração que, “As preferências são um estado mental e a cada


conjunto consistentemente ordenado de preferências corresponde um único
curso de ação. ” (GUIMARÃES, 2010, p.229). Tem-se a seguinte análise: os
indivíduos ao ganharem o prêmio, medem os prós e contras do fato. Em outras
palavras há um cálculo mental dos benefícios do prêmio, em que pode ser
traduzido como: oportunidade de quitar dívidas, criação de reserva financeira
para os filhos, aposentadoria antecipada para vencedores anciãos. E os custos,
por exemplo, impostos, que em alguns casos são pagos para as três esferas de
governo (município, Estado e União).

Logo, o que trará um aumento no bem-estar: o pagamento aos credores ou


criação de novas dívidas com o dinheiro do prêmio? O indivíduo também insere
a variável “duração do prêmio”, ou seja, vale a pena gastar tudo no curto prazo
e ter um pico de prazer (comportamento hedônico exacerbado) ou usar de forma
controlada o prêmio, para que prologue a duração do mesmo.

Os resultados do artigo do Kaplan demonstram que, os agentes em sua maioria,


caminham para a escolha racional em detrimento do hedonismo. Ou seja, é
aplicado o conceito neoclássico da racionalidade, em que, segundo Guimarães,
buscam e analisam as informações do meio para tomarem decisões que elevem
sua utilidade (bem-estar).

Com isso, ganhadores com até determinada renda, saem de seus respectivos
empregos, alguns retornam a estudar, para que, consigam empregos em
melhores condições. Já os vencedores com renda mais elevada continuam em
seus respectivos empregos. Essa informação corrobora com o conceito racional
neoclássico.

É surpreendente notar que, embora muitos dos pesquisados não conheçam,


com nível de profundidade estes conceitos microeconômicos, tem-se uma
aplicação natural ao elaborar o processo de escolha. Isso ocorre devido ao
processo de busca de informações somado ao aspecto temporal.

Ter conhecimento de casos em que antigos ganhadores de loteria gastaram tudo


de forma rápida, seja por ostentação, seja por demanda reprimida. Acende um
alerta para os novos vencedores. Além de potenciais casos em que se tornam
latentes desestruturas familiares. Em adição ao interesse excessivo da mídia em
destrinchar a mudança de perfil dos vencedores.
A durabilidade do dinheiro, também é uma variável importante. Por mais que haja
aplicações financeiras, ter a consciência de que podem existir imprevistos ao
longo da vida, e então o montante ganho cair drasticamente, obrigando o
indivíduo a retornar ao padrão de vida anterior ao ganho, torna a pessoa
cautelosa.

Portanto, os resultados obtidos na pesquisa de Kaplan são correspondentes a


teoria da escolha racional. Os ganhadores, em expressiva maioria, não elevam
tanto seu padrão de vida, para que haja um rendimento futuro do dinheiro ganho.
O que por consequência expande temporalmente o bem-estar. Então esta
preferência é mais racional do que a opção de usufruir o ganho máximo no curto
prazo.

Questão 2

A teoria da escolha racional uniformiza a decisão de um grupo de pessoas, com


aspectos socioeconômicos e culturais diversos. Entretanto, esse tipo de medida
pode levar a certas distorções de resultados. É necessário ter em mente a
complexidade humana, o que por consequência, inviabiliza a “matematização”
de um padrão esperado.

Kaplan, em seu artigo “Lottery Winners: The Myth and Reality”, explicita que há
diferentes núcleos sociais dos vencedores de loteria. Contudo, o foco será no
subgrupo dos introvertidos e extrovertidos. O ponto a ser analisado será a forma
em que ambos os subgrupos usufruem o prêmio.

Partindo do pressuposto da escolha racional, é esperado a preferência igual na


alocação do prêmio, entretanto é preciso adicionar a variável “individualidade
humana” na análise. A partir disso, qualquer resultado encontrado torna-se
sólido. Logo, a teoria da escolha racional será descartada.

Indivíduos introvertidos e extrovertidos possuem olhares diferentes para


situações e decisões do cotidiano. O impacto recebido com a vinda do prêmio
serão distintos, porque irão tornar latentes as escolhas a partir das experiências
pessoais. A trajetória individual somada a aspectos comportamentais é que
resultarão no uso do prêmio.

Como é possível, por exemplo afirmar que: o indivíduo A, extrovertido, frequenta


bastante festas, tem um amplo círculo social presente em diversas localidades;
e o indivíduo B, introvertido, com um pequeno círculo social, com tendências
metódicas; terão a mesma escolha racional?

É inequívoco pensar que A e B convergirão para determinada decisão, já que


ambos têm preferencias pessoais distintas. É necessário frisar que, mesmo
indivíduos pertencentes ao mesmo subgrupo, a escolha racional não é aplicada.
Colocando em exemplo, o indivíduo C também é introspectivo, contudo, sua
decisão de alocação do prêmio não convergirá em total sintonia com B,
entretanto, em alguns pontos, pode haver tangência de escolha.

Logo, a alocação do prêmio se resume em dois aspectos: experiências pessoais


ante experiência coletiva; especificidade comportamental ante padronização do
indivíduo. Com isso, Kaplan descarta a hipótese de que o ser humano em si age
de maneira racional. Como pode ser destacado o seguinte trecho:

“The experiences winners have are, for the most part, related to their own
personalities. People who are extroverted and open-minded tend to have fewer
problems of adjustment to their new financial status than people who are introverted,
anxious and suspicius of others’ intentions.” (KAPLAN, 1985, p.177)

A citação descrita corrobora com a análise ocorrida nesses parágrafos. Portanto,


os indivíduos não agem de forma racional para maximizar o bem-estar ao longo
prazo, mas sim, de forma que acentuam as peculiaridades, tornando diverso a
destinação do prêmio.

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