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MEC discute detalhes finais da Base Nacional Comum Curricular

Terceira versão deve sair em março. Entenda qual é o caminho que o documento deve percorrer até virar currículo
nas escolas brasileiras por Laís Semis

Na última quinta-feira (26/01/17), em evento sobre os avanços no processo de elaboração da terceira versão da Base Nacional
Comum Curricular (BNCC), o Ministério da Educação (MEC) anunciou o cronograma do documento que vai definir os objetivos de
aprendizagem e desenvolvimento para cada ano da Educação Básica. Nesta semana, o texto foi apresentado para o Conselho
Nacional de Educação (CNE), a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Conselho Nacional de
Secretários de Educação (Consed). Ele tem recebido sugestões desses órgãos, de especialistas, associações científicas e
professores universitários. A previsão é que essa etapa de leituras críticas seja encerrada até 15 de fevereiro e que a terceira – e
última – versão do documento voltado à Educação Infantil e ao Ensino Fundamental esteja concluída até março, quando o material
deve ser entregue para o CNE.

O documento ainda passará por cinco audiências públicas (uma em cada região do país). “Só depois de reaberta a discussão com
a sociedade é que será elaborado o parecer do Conselho, o que requer tempo. Até o final do ano, provavelmente o documento
será aprovado pelo MEC”, prevê Alessio Costa, presidente da Undime.

Primeira fase da implementação

Kátia Smole doutora em Educação e integrante do Movimento pela Base Nacional Comum, explica que, após a
homologação do documento, a BNCC começa a valer. “Mas não dá para imaginar que ela é homologada em
setembro, por exemplo, e já começa a ser aplicada nas escolas em fevereiro”, coloca. De acordo com ela, ainda será
necessário um programa de implementação da Base. Esse período será dedicado a pensar políticas públicas que
apoiem a consolidação do documento em conteúdos a serem ensinados pelos professores.

Para o presidente da Undime, será preciso um amplo trabalho de formação para que as equipes técnicas consigam
auxiliar no processo de reelaboração dos currículos com base nas definições da BNCC. “Por isso, acreditamos que
precisa existir um trabalho articulado entre governo, municípios, estados e órgãos como Undime e Conselho Nacional
de Secretários de Educação (Consed)”, analisa Alessio. “Dentro desse contexto, defendemos uma rede de
formadores que possam ir até as cidades para dar orientações e apoiar a reformulação dos currículos locais, o que
exige um conhecimento técnico e um processo participativo com a comunidade educadora”, diz.

Adequação dos currículos

As redes e as escolas - inclusive as particulares - que já têm um currículo estruturado precisarão rever os pontos do
documento que estão de acordo com a proposta nacional e o que deve ser modificado para contemplar a Base.
Alessio explica que as unidades escolares podem elaborar seus currículos, o que não impede que um município, por
exemplo, monte um modelo que seja seguido ou adaptado pelas instituições. “Uma maneira interessante de realizar
isso é chamar todas as escolas para a construção coletiva da cidade”, sugere o presidente da Undime. As famílias e
a população em geral também precisarão ser comunicadas para que conheçam e saibam como podem acompanhar
o desenvolvimento das crianças.

Formação inicial e continuada

Quem está na sala de aula vai precisar se adaptar, bem como as próximas gerações de professores que estão em
processo de formação. Os docentes terão de conhecer as mudanças curriculares e saber como adequá-las ao
seu planejamento. “Isso deve levar à criação de sistemas de apoio pedagógico, que auxiliem o professor a fazer os
ajustes necessários e mostrem como colocar em prática esses novos conhecimentos”, pontua Kátia. Também será
preciso que as universidades, em parceria com o MEC, pensem as mudanças em seus currículos para que os futuros
docentes conheçam a Base.

Materiais didáticos e avaliações externas

Em paralelo, será preciso rever sistemas de monitoramento do ensino, como a Prova Brasil e o Exame Nacional do
Ensino Médio. “Essas avaliações servirão de termômetro para medir os resultados efetivos da Base”, coloca Kátia
Smole. Todos os livros didáticos também vão precisar se alinhar às expectativas para cada ano. Editoras e autores
necessitarão de um tempo para realizar esses ajustes nas obras. De acordo com a integrante do Movimento pela
Base Nacional Comum, essa parte do processo deve começar em 2018, após a aprovação do texto final, e
provavelmente vai levar cerca de dois a três anos. Mesmo tempo que a BNCC deve começar a entrar na sala de aula.
E, depois de cinco a dez anos, a BNCC deve ser revista, de acordo com os resultados da implementação.

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