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upeneceaeeen Depreciacao na Agropecuaria 56 comabiade Rural» Maron Algumas divergéncias existem na utilizacio dos termos depreciacéo, exaustéo € amortizasdo na Contabilidade Agropecudria. Dai a preocupagao de iniciar este capitulo com alguns conceitos. 1 Conceitos conforme a teoria da contabilidade Alkindar de Toledo Ramos, em sua tese de doutoramento (0 Problema da Amortizagao dos Bens Deprecidveis e as Necessidades Administrativas das Empre- as), sugere que “a amortizaglo, em sentido amplo, seria aplicada a quaisquer tipos de bens do ativo fixo, com vida wil limitada. Depreciagdo seria sindnimo de amortizacio, em sentido amplo, porém sendo aplicada somente aos bens tangi- veis, como maquinas, equipamentos, méveis, utensils, edificios ete. Exaustdo Seria sinénimo de amortizacdo em sentido amplo, porém sendo aplicada somente 408 recursos naturais exauriveis, como reservas florestais, petroliferas etc. Amor- {zagéo, em sentido restrito, se confundiria com o seu sentido amplo, mas somen. te quando aplicada aos bens intangiveis de duracdo limitada, como as patentes, as benfeitorias em propriedades de terceiros etc.”” 2 Entendimento fiscal (na agropecuaria) Conforme disposigdes contidas no Parecer Normativo CST n* 18, de 9-4-79, © Fisco da sua interpretacio no caso especifico da agricultura, em nada contradi. zendo 0s conceitos expostos. No que tange as culturas permanentes, as florestas ou drvores ¢ a todos os ‘vegetais de menor porte, somente se pode falar em depreciagdo em caso de em. Preendimento préprio da empresa e do qual serio extraidos os frutos, Nesta hi. Pétese, o custo de aquisi¢ao ou formacdo da cultura é depreciado em tantos anos ‘Quantos forem os de produgéo de frutos. Exemplo: café, laranja, uva etc. Quando se trata de floresta prépria (ou vegetagao em geral), 0 custo de sua aquisigao ou formagao (excluido o solo) seré objeto de quotas de exaustdo, & me- dida que seus recursos forem exauridos (esgotados). Aqui, no se tem a extragao de frutos, mas a propria drvore é ceifada, cortada ou extraida do solo: refloresta. mento, cana-de-acticar, pastagem etc. O termo amortizasdo, por sua vez, é reservado tecnicamente para os casos de aquisi¢éo de direitos sobre empreendimentos de propriedade de terceitos, apropriando-se 0 custo desses direitos ao longo do perfodo determinado, contra. tado para a exploracio. * Boleti 54 da FEAVUSP — Departamento de Contabilidadee Aura, 1968 DerrecsSo na Apacs $7 3 Casos de depreciagao 3.1 Cultura agricola (Ativos Biolégicos) {Um canavial, por outro lado, tem sua parte externa extraida (cortada), man- tendo-se a parte contida no solo para formar novas drvores Segundo esse raciocinto, sobre cafeeiro incidiré depreciagéo e sobre o ca- navial, exaustio, Asim, cafeero, laranjeiras, pereiras, videiras, castanheiras, macieras, jabu- Ucabeiras, abacateiros, jaqueiras, mamoeiros etc. serdo alvos de depreciago. Na cultura de ché, o desbastamento das folhas é considerado depreciagéo, Pois a folha ¢ o produto final e nio a drvore, o caule. © mesmo acontece conn Davaneita que, apés produzir 0 cacho de bananas, tem seu tronco cortados dai, a depreciagéo. {Dma pergunta natural que pode surgir neste momento é quanto & taxa de de- Preciatdo. E ela s6 pode ser respondida por agrdnomos, téenicos em agronomia Ou pelos préprios agricultores que conhecem a vida dil ou o niimero de ones de Produsio da arvore, que varia néo sé em funglo do tipo de solo, cima, manuren, ‘sdo etc., mas também em virtude da qualidade ou tipo de arvore, ic faitim. se uma videira tipo nidgara rosada,na rego de Valinhos ~ SP produ. 2irfrutos, em média, durante 15 anos, a taxa de depreciacéo média anual rd ce 6,67% (100/15 anos), considerando-se taxas constantes (linha reta), Pode-se também calcular a taxa de depreciagdo de acordo com 2 produgao 5, \odavia, ique bem definido que a depreciagio passa a incidir sobre a cultura 3p6s formada (nunca em formagio), a partir da primeira colheita, inclusive, ‘capitulo i sugestées de almanac ava 3.2 Implementos agricolas (tratores, mdquinas...) Uma das dificuldades encontradas para calcular 0 custo das lavouras ou das safras € 0 eélculo exato do custo dos equipamentos agricolas utilizados na cultura agricola. Esse item ganhou bastante significado nos wiltimos tempos em virrude do esforco que se faz para a implantaco da mecanizacdo agricola com o objetivo de melhorar a produtividade na agricultura. Alguns desvios tm sido cometidos no céleulo do custo pelo uso desses equi- pamentos. Um deles é atribuir 0 custo de reposicio de pecas’ ou custo por dias parados, por defeito ou quebra, & cultura que na ocasiao era beneficiada pelo equipamento. Certamente, a cultura ndo deveria ser sobrecarregada em virtude da improdutividade ou da reposigdo de pecas do implemento agricola. 0 problema maior, todavia, esta no céleulo da depreciagao dos implementos agricolas. Normalmente se tem cometido o equivoco de calcular a depreciagdo a uma taxa anual, com critérios fiscais, apropriando-se a depreciacdo do ano entre as diversas culturas. Implementos agricolas como tratores, colhedeiras, aparelhos agricolas etc. no sdo utilizados ininterruptamente durante 0 ano (como normalmente sao 05 equipamentos industriais) em virtude de entressafra, chuvas, geadas, ociosidades ete. Dessa forma, recomenda-se a apropriacio da depreciacdo em decorréncia do uso &s respectivas culturas ou projetos. Daf a necessidade de se calcular a depre- ciagdo por hora, estimado-se um niimero de horas de trabalho por equipamento, em vez da quantidade de anos de vida titi. Hé quem rejeite essa proposigdo pela dificuldade de estimativa da vida tril em horas. No entanto, deve-se consultar o fabricante do equipamento, que normalmen- te tem condigdes de estimar a vida titil em horas. Observa-se, porém, que todas as taxas de depreciacao, principalmente as fi- xadas pelo Imposto de Renda, so estimadas (para ndo dizer “chutadas”). Quan- €o, por exemplo, a taxa de maquinas é fixada em 10%, nota-se que pode haver desvios significativos: hé méquinas cuja vida titil nao ultrapassa trés anos, en- quanto outras ultrapassam dez anos. Isto, sem divida, dé um estimulo maior para tais estimat Em vez de se calcular a depreciagéo de um trator em quatro anos (25% ao ‘ano), como permite o Fisco, na falta de melhores dados, poderemos utilizar pa- droes para os paises em desenvolvimento propostos pelo Programa Cooperativo do Banco Mundial/FAO,” cujas estimativas so: 7K reposigao de pegas, quando aumenta a vida stil do trator, deve ser atvada (Imobilizado), dando-se baixa como “perda" na pesa antiga substitu, " SMEYERS, F (coord.) Quick cos estimates for use agricultural machinery. FAO. Depracom Apropecaia 59 + tratores de pneus ~ 8.000 horas aproximadas de trabalho; + tratores de esteira ~ 9.000 horas aproximadas de trabalho. Pressupde-se que apés esse mimero de horas de trabalho o valor residual desse equipamento seja desprez Ha empresas agropecuérias que limitam a vida til de um trator a um nt- mero de horas bastante inferior & vida titil proposta acima, evitando-se assim um énus elevado de manutencio nos tltimos anos de vida ttl, jf que o trator seria vendido antes da manutencio acentuada. Nesse caso, a fixagdo de horas de tra- balho é mais fécil, porquanto o gerente fixa o limite, por exemplo, de 4.000 horas de trabalho. Atingindo esse marco, o trator seria vendido. Optando-se por essa situacio, teriamos de fixar um valor residual, jé que o trator terd um “bom” prego de mercado no momento da sua venda. Dessa forma, o edleulo da depreciacdo horéria do trator ou outros implemen- tos agricolas seria: ‘Valor do equipamento* ‘iimero esuimade de horas de wabaiho ~ ° ™*PFSs0 P/hora 0 céleulo do custo por hora pelo uso do trator é obtido considerando-se as seguintes varidveis: pee Valor do trator 5.000 foras (9.000 horas =esteiza) “Manutensdo ¢ reparos (para nfo sobrecarregar as culuras especificas, recomenda-seestimar esse dado). Dados aproximados™* sence” S,, Exel: 0,81 hora >PO" Bort a | ae deprecagso CCombustivel~n® de lites por hora x $. (Outros custos indiretos(lubrificagio, seguro, deprecacéo da oficina.. Caleua-se um percentual sobre a depreciagfo ou a soma dos custo até | porlizo =$ Salirio por hora do tratorista + encargos socials = ‘Total do eusto por hora =. © Se houver valor residual de venda, reduzir deste montante, 0 gasto mais acentuado para o trator de pneus 6 quanto & repos de pews.

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