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Celeste do Rosário Santos

A INVISIBILIDADE DAS MULHERES QUE FAZEM SEXO COM MULHERES


(MSM), LÉSBICAS E BISSEXUAIS DENTRO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Monografia apresentada no Curso de


Especialização em Prevenção ao HIV/Aids no
Quadro da Vulnerabilidade e Direitos Humanos do
Departamento de Medicina Preventiva da
Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo.

Orientadora: Profa. Cristiane Gonçalves

São Paulo
2011
Celeste do Rosário Santos

A INVISIBILIDADE DAS MULHERES QUE FAZEM SEXO COM MULHERES


(MSM), LÉSBICAS E BISSEXUAIS DENTRO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE

Monografia apresentada no Curso de


Especialização em Prevenção ao HIV/Aids no
Quadro da Vulnerabilidade e Direitos Humanos do
Departamento de Medicina Preventiva da
Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo.

Programa de: Medicina Preventiva

Orientadora: Profa. Cristiane Gonçalves

São Paulo
2011
Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der ou puder ou quiser...
(Gonzaguinha)
Dedico esta monografia a Andréia Albuquerque,
minha grande companheira de todas as horas e
Celina do Rosário Santos, irmã e amiga, pessoas
queridas que me incentivaram a compor este
trabalho.
AGRADECIMENTOS

Finalizo mais uma etapa de minha formação com esta monografia, uma
fase cheia de desafios e incertezas que trouxe muita riqueza para minha
vida e meu trabalho, diante de tantos ganhos só me resta agradecer a todos
aqueles que me proporcionaram a oportunidade de realizá-la:
A minha orientadora Cristiane Gonçalves pelo incentivo, paciência e a
contribuição com sugestões valiosas sem as quais este trabalho não seria
possível.
As monitoras do curso, especialmente a Bruna Lara e Gabriela Calazans
pela dedicação e carinho com que aplacaram minhas ansiedades e
angustias nos momentos mais difíceis.
A todos os professores pela dedicação e incentivo, por compartilharem
conhecimento e experiência provocando discussões e reflexões importantes
que de diversas formas vieram contribuir para elaboração deste trabalho, em
especial a Vera Paiva que com sua atenção, carinho e respeito me fez sentir
acolhida e estimulada a seguir em frente.
A Universidade de São Paulo pela oportunidade de poder cumprir mais
uma etapa da minha formação em um ambiente tão acolhedor.
Meus colegas de classe com os quais tive a honra de conviver nesse
curto período de tempo mas que ficarão na minha memória e no meu
coração para sempre pelas discussões acaloradas, pelas experiências
compartilhadas, pelas risadas e cantorias no bar.
Minha amada e companheira Andréia Albuquerque pela paciência,
carinho e contribuição na organização de idéias e materiais para este
trabalho, a Celina R. Santos irmã e amiga pelo incentivo e revisão desta
monografia.
RESUMO

Santos CR. A invisibilidade das mulheres que fazem sexo com mulheres
(MSM), lésbicas e bissexuais dentro dos serviços de saúde. [Monografia]
São Paulo: Faculdade de Medicina – Departamento de Medicina
Preventiva/Núcleo de Estudos e Prevenção da Aids (NEPAIDS),
Universidade de São Paulo; 2011.

O presente trabalho é um estudo sobre a invisibilidade de mulheres que


fazem sexo com mulheres (MSM), lésbicas e bissexuais, dentro dos serviços
de saúde, realizado a partir de revisão bibliográfica e seleção de pesquisas
qualitativas. A análise foca o atendimento ginecológico e a relação
estabelecida entre médico e usuária a partir da revelação ou não da
homossexualidade feminina. Enfoca também o preconceito e o descaso
sofrido por essa população nos serviços de saúde que as coloca em
situação de vulnerabilidade as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)
e o despreparo do profissional de saúde que desconhece as práticas sexuais
e as especificidades de mulheres não heterossexuais. Mostra a luta das
lésbicas através dos movimentos da sociedade civil em busca de
visibilidade, afirmação da identidade lésbica e autonomia para o exercício da
cidadania. Este estudo pretende oferecer subsídios que possam contribuir
para debates e organização de ações de prevenção no campo da saúde
sexual de MSM, lésbicas e bissexuais para um atendimento humanizado nos
serviços públicos de saúde.

Descritores: Homossexualidade feminina e DST; Saúde Sexual; Mulheres


que fazem sexo com mulheres e Lésbicas.
SUMÁRIO

Resumo
1 INTRODUÇÃO................................................................................... 1
2 OBJETIVOS....................................................................................... 4
2.1 Objetivo Geral.................................................................................. 4
2.2 Objetivos Específicos....................................................................... 4
3 MÉTODOLOGIA................................................................................. 5
4 RESULTADOS .................................................................................. 7
5 DISCUSSÃO....................................................................................... 17
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................... 20
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................. 22
8 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA........................................................ 25
1

1 INTRODUÇÃO

A iniciativa de fazer uma análise sobre a invisibilidade das Mulheres que

fazem sexo com mulheres (MSM), Lésbicas e Bissexuais nos serviços de

saúde, nasceu do interesse em saber como se dá o cuidado à saúde sexual

dessa população no atendimento médico-ginecológico.

Tema com o qual já havia entrado em contato através de um grupo de

ativistas lésbicas de São Paulo em 2003 como participante em uma oficina

sobre sexo seguro na qual se discutia a exposição da lésbica ao HIV/Aids e

outras DST e oferecia opções de insumos para prevenção e através de

palestra ministrada por Bacci (2009) em junho de 2010 no Programa

Municipal de DST/Aids, onde expunha a problemática da lésbica para

acessar o serviço de saúde, o preconceito e discriminação vivenciado por

essas mulheres na consulta ginecológica aliado ao despreparo dos

profissionais de saúde que desconhecem as práticas sexuais e as

especificidades dessa população e principalmente a invisibilidade da lésbica

nos serviços de saúde, questões que hoje tenho a oportunidade de resgatar

através deste trabalho.

Considerando as dificuldades dessas mulheres em acessar os serviços

de saúde, pareceu-nos ser necessário compreender sua exposição ao

HIV/Aids e outras DST, uma vez que essa complexidade as distancia e as

faz invisíveis diante dos programas de saúde (ALMEIDA, 2009).

De acordo com Coelho (2001) que estudou as representações sociais

da homossexualidade feminina nos ginecologistas, as mulheres parecem


2

estar mais vulneráveis às DST porque os ginecologistas desconhecem as

práticas sexuais e as especificidades das lésbicas, as consultas são

geradoras de conflitos para as usuárias, pela decisão de revelar ou não sua

orientação sexual, e para o médico, que por não saber manejar a informação

recebida ignora-a seguindo o protocolo de atendimento para mulheres

heterossexuais.

Em outros trabalhos consultados verifica-se que a saúde sexual da

lésbica é pouco contemplada nos serviços de saúde, há despreparo dos

profissionais no atendimento dessa população. Os trabalhos apontam para o

fato dos insumos existentes de proteção para sexo seguro o kit de

prevenção (contendo uma tesoura pequena, luvas e cortador de unha)

criado pelo Ministério da Saúde (MS) e a orientação de usar películas para o

sexo oral adaptadas de preservativos ou luvas não atendem as

necessidades das lésbicas, uma vez que a manipulação antecipada desses

materiais denuncia a intenção da relação sexual e mecaniza o encontro.

Pode-se também perceber a falta de políticas públicas para garantir a

inclusão de MSM, lésbicas e bissexuais dentro dos programas de saúde da

mulher, o que resulta na invisibilidade dessa população nos serviços de

saúde (BACCI, 2009; FACCHINI e BARBOSA, 2006 e PINTO, 2004).

Acredita-se que o conhecimento das dificuldades de MSM, lésbicas e

bissexuais no atendimento ginecológico, fatores que causam sua

invisibilidade e por conseqüência vulnerabilidade às DST, seja de suma

importância para debates e reflexões que levem à elaboração e

implementação de políticas públicas voltadas à mulher para o cumprimento


3

efetivo do SUS e um atendimento mais humanizado para essas usuárias que

não discrimine sua orientação sexual, com profissionais que conheçam suas

práticas sexuais e respeitem suas especificidades, buscando minimizar o

constrangimento intrínseco à consulta ginecológica, realizado a partir do

Quadro da Vulnerabilidade e Direitos Humanos.


4

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Esse trabalho pretende compreender o atendimento de MSM, lésbicas e

bissexuais em serviços ginecológicos a partir dos resultados da revisão de

material bibliográfico sobre atenção à saúde dessas mulheres prestada

dentro dos serviços de saúde.

2.2 Objetivos específicos

• Descrever como acontece a invisibilidade de MSM, lésbicas e

bissexuais nos serviços de saúde;

• Identificar a dificuldade de MSM, lésbicas e bissexuais no

atendimento nos serviços de saúde e os entraves que prejudicam sua

consulta ginecológica;

• Descrever os avanços obtidos no campo da saúde sexual de MSM,

lésbicas e bissexuais em decorrência da luta dos movimentos sociais;

• Oferecer subsídios que possam contribuir para debates e para

organização de ações de prevenção no campo da saúde sexual de

MSM, lésbicas e bissexuais que invistam para um atendimento mais

humanizado nos serviços públicos de saúde.


5

3 METODOLOGIA

Para a revisão bibliográfica, realizou-se primeiramente levantamento de

artigos científicos, teses de doutorado e de mestrado que abordam a

invisibilidade das mulheres que fazem sexo com mulheres, lésbicas e

bissexuais dentro dos serviços de saúde.

A base de dados utilizada foi o LILACS e o Google acadêmico, também

foram consultados os sites do Ministério da Saúde, do SENALE (Seminário

Nacional de Lésbicas), do Portal da Saúde e o site da Coordenação

Nacional de DST/Aids (Departamento DST/Aids e Hepatites Virais).

O critério de seleção foi a de pesquisas qualitativas, incluindo somente

artigos em português, sem critério de tempo e usando palavras-chave como:

Homossexualidade feminina, Saúde Sexual, Homossexualidade feminina e

DST, Mulheres que fazem sexo com mulheres, Lésbicas, AIDS, Brasil.

Utilizou-se para o presente trabalho as três categorias mais empregadas

para a identificação da homossexualidade feminina: “Mulheres que fazem

sexo com mulheres” (MSM), “Lésbicas” e “Bissexuais”, uma vez que estas

contemplam as várias formas de vivenciar a identidade sexual dessas

mulheres, a partir da análise de que não se trata de uma população

homogênea.

Com o levantamento bibliográfico foram localizados dezoito trabalhos

científicos que abordavam a homossexualidade feminina e a saúde sexual

de MSM, lésbicas e bissexuais. Desses trabalhos, foram selecionados onze

artigos científicos, uma tese de doutorado em Ciências Sociais e uma


6

dissertação de mestrado em Saúde Pública1. Também foram utilizadas duas

apostilas do Curso de Especialização em Prevenção ao HIV/Aids no Quadro

das Vulnerabilidades e dos Direitos Humanos. Os quinze trabalhos foram

lidos e analisados na íntegra, uma vez que eram os únicos que focavam

diretamente o tema de interesse, invisibilidade e saúde sexual.

1
Somente esta obra tratou da prevalência de DST entre MSM no Brasil.
7

4 RESULTADOS

A invisibilidade de MSM, lésbicas e bissexuais nos serviços de saúde

acontece a partir do atendimento ginecológico, em conseqüência da visão do

médico estar limitada à preocupação com a reprodução e proteção à

maternidade, sob uma perspectiva heterossexual, partindo do pressuposto

de que toda mulher se relaciona sexualmente com homem. Isso é

decorrente de sua formação que o preparou para olhar a mulher enquanto

corpo reprodutivo (ALMEIDA, 2009), ignorando a homossexualidade

feminina até pela falsa crença de que a relação sexual entre duas mulheres

não oferece risco de infecção ao HIV. Porém, outro estudo explica que há

troca de secreções durante as relações sexuais entre lésbicas em práticas

como sexo oral, tribadismo, utilização de acessórios sexuais compartilhados,

uso de drogas e relações durante o período menstrual configurando um

importante fator de risco para DST/Aids (PINTO, 2004 p. 97 e 98).

Entende-se que dessa forma a saúde sexual da lésbica vem sendo

descuidada, uma vez que se sabe que uma doença sexualmente

transmissível é uma porta de entrada para outras DST, inclusive para o HIV.

A idéia de que prevenção para MSM, lésbicas e bissexuais não seria

necessária foi disseminada porque, no começo da epidemia de HIV/Aids,

acreditava-se que a mulher homossexual tinha baixo risco de infecção pelo

HIV. De acordo com o autor, essa crença se deu porque não se tinha

conhecimento sobre a incidência de infecções específicas entre MSM


8

(PINTO, 2004, p. 6). Este fato não quer dizer que ela não possa vir a se

infectar e que essa população não necessite de consultas e diagnósticos

médicos voltados ao cuidado de sua saúde sexual e integral.

Se existe a possibilidade de infecção pelo HIV e outras DST então se

torna necessário um atendimento digno para que essas mulheres possam

cuidar de sua saúde sexual.

Entende-se a “saúde sexual” como a

capacidade de desfrutar e ter controle sobre a vida sexual, de


acordo com os limites éticos individuais; estar livre de
constrangimentos como medo, vergonha, culpa, idéias falsas e
preconceitos que inibam o desfrute da atividade sexual; estar livre
de doenças, deficiências e desordens que impeçam o desfrute da
vida sexual (VILELLA, 2003, p.10).

De acordo com essa noção é preciso cuidar para que essa população

tenha acesso aos serviços de saúde respeitando seus “direitos sexuais”.

O conceito de direitos sexuais foi criado a partir do Plano de Ação da

Conferência Internacional de População e Desenvolvimento realizada no

Cairo em 1994 e a IV Conferência Mundial sobre Mulheres, em Pequim no

ano de 1995, que apontaram que o conceito de saúde reprodutiva envolve o

bem estar físico, mental e social, o que embasa a noção de “saúde sexual”

levando a construção dos “direitos sexuais” (CN de DST/Aids, 2003).

Direitos esses definidos pelo Ministério da Saúde como:

direito de viver e expressar livremente a sexualidade sem


violência, discriminações e imposições; direito de viver plenamente
a sexualidade sem medo, vergonha, culpa e falsas crenças; direito
de expressar livremente sua orientação sexual:
heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade, entre
outras; direito a serviços de saúde que garantam privacidade,
9

sigilo e atendimento de qualidade e sem discriminação e direito à


2
informação e à educação sexual e reprodutiva” (Cartilha de
Direitos Sexuais, 2006).

De acordo com essa definição e segundo os materiais analisados para

esse trabalho esses direitos estão sendo negligenciados nos serviços de

saúde especialmente no atendimento ginecológico e sabe-se que quando

não se tem garantia dos direitos sexuais é possível que haja mais

vulnerabilidade.

De acordo com os princípios do SUS que preconiza a universalidade e a

equidade nos serviços de saúde e segundo Lionço (2008) que cita em seu

trabalho sobre a saúde sexual da população de Lésbicas, Gays, Bissexuais

e Travestis (LGBT) o SUS “assegura o atendimento humanizado e livre de

preconceito e discriminação por orientação sexual e identidade de gênero”

(LIONÇO, 2008, p.12 e 18).

Entende-se que esses direitos deveriam ser respeitados, entretanto, não

é o que se percebe nos trabalhos analisados, logo deve-se garantir um

atendimento realizado dentro do Quadro da Vulnerabilidade e dos Direitos

Humanos para a efetivação do SUS.

As dificuldades das MSM, lésbicas e bissexuais no atendimento nos

serviços de saúde foram identificadas de diversas formas, uma delas está

relacionada a questões da revelação ou não da orientação sexual no

momento da consulta ginecológica, aliada ao despreparo dos profissionais

2
Disponível em:
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/cartilha_direitos_sexuais_2006.pdf.
Acesso em 9 out. 2011.
10

que desconhecem as práticas sexuais das lésbicas e por conseqüência suas

necessidades de cuidado com a saúde, indicando que a não revelação

muitas vezes se dá por vergonha de expor o corpo ou medo de revelarem a

homossexualidade e serem discriminadas, fatores que as distanciam dos

serviços de saúde colocando-as em situação de vulnerabilidade ao HIV/Aids

e outras DST (ALMEIDA, 2009). Diante disso aponta-se para a necessidade

de incluir na formação médica conceitos de Direitos Humanos, conhecimento

sobre orientação sexual, relações de gênero e práticas sexuais e

especificidades das MSM, lésbicas e bissexuais.

Através de pesquisa realizada com 135 mulheres na cidade de São

Paulo e região metropolitana do ABC no período de janeiro de 1998 a junho

de 1999, ficou constatado que a consulta ginecológica acontece sob forte

stress de ambas as partes pela dificuldade em lidar com a

homossexualidade. Foi relatado que alguns médicos, mesmo a partir da

revelação sobre a orientação sexual (59,5%) da paciente, seguem o

protocolo da consulta ignorando a informação, outros ainda demonstram

espanto, preconceito ou aversão, causando constrangimentos para essas

mulheres (COELHO, 2001). Este estudo indica que os médicos

desconhecem o atendimento dentro do “Quadro da Vulnerabilidade e dos

Direitos Humanos” e confirmam a vulnerabilidade de MSM, lésbicas e

bissexuais para o HIV/Aids e outros agravos a sua saúde.

Pesquisa realizada na grande São Paulo entre 2003 e 2006 com 20

mulheres das camadas populares e 10 mulheres de estratos médios, de 18 a

45 anos, aponta que mulheres das camadas populares, mulheres com


11

atributos corporais “masculinizados” e as que nunca tiveram relação sexual

com homens encontram mais dificuldade para acessar cuidados

ginecológicos (BARBOSA e FACCHINI, 2009). Esses resultados mostram a

vulnerabilidade individual, social e programática dessas mulheres a partir da

exclusão por classe social, discriminação e preconceito através da hierarquia

de gênero, fenômenos que influem para o não cumprimento dos Diretos

Humanos, levando-as à não prevenção e ao não cuidado com a saúde e

favorecendo o adoecimento.

De acordo com pesquisa feita com 145 mulheres na cidade de São

Paulo objetivando conhecer as características epidemiológicas das DST em

mulheres que fazem sexo com mulheres, 49% das usuárias entrevistadas

revelaram sua condição homossexual na consulta ginecológica. Diante

dessa revelação 43,7% dos médicos mantiveram atitude de naturalidade, 5%

reagiram com surpresa, 29,6% não deram atenção ao fato e 21,1% tiveram

reações negativas para com a usuária. Pinto (2004, p. 86) sugere que:

o fato do profissional conduzir a consulta sem abordar a questão


da atividade sexual, após a paciente ter revelado ser
homossexual, pode indicar pouca atenção ao fato e não
naturalidade.

Esses dados apontam atitudes que explicitam os entraves que

prejudicam a consulta ginecológica através do descaso, do preconceito, do

despreparo do profissional de saúde e que coloca as MSM em situação de

vulnerabilidade as DST e ao HIV/Aids, confirmando a necessidade garantir

os direitos à saúde.
12

A luta reivindicatória no campo da saúde sexual de MSM, lésbicas e

bissexuais aconteceu a princípio, dentro de outros movimentos da sociedade

civil, formados por movimentos feministas e grupos homossexuais

masculinos que deram início à busca pela visibilidade e inclusão dessa

população na agenda de política brasileira (FACCHINI e BARBOSA, 2006),

portanto, suas reivindicações políticas ficaram por muito tempo encobertas

dentro desses movimentos e mais uma vez as mulheres lésbicas procuram

novas formas para afirmação de identidade.

A partir de reivindicações do movimento de mulheres, em 1984 o

Ministério da Saúde elabora o Programa de Assistência Integral à Saúde da

Mulher (PAISM), com a proposta de cuidados da saúde geral da mulher e a

homossexualidade feminina continuou invisível no programa de saúde

(ALMEIDA, 2009).

As lésbicas conquistam maior capacidade reivindicatória a partir de 1980

quando começam a se organizar os primeiros grupos somente de lésbicas e

com o VII Encontro Brasileiro de Lésbicas e Homossexuais. A partir de 1993

o “L de lésbica” foi incluído no nome do movimento de Gays, Lésbicas,

Bissexuais e Travestis (GLBT) (FACCHINI e BARBOSA, 2006) o que trouxe

visibilidade para essa população.

O crescimento de casos de Aids entre as mulheres, no início da década

de 1990 mobilizou diversas pesquisas sobre a sexualidade da população

brasileira, porém, a homossexualidade feminina foi pouco explorada

(FACCHINI e BARBOSA, 2006), no entanto, a epidemia da Aids foi a


13

“brecha” utilizada pelo movimento para afirmação da identidade lésbica e

para dar visibilidade às suas reivindicações de saúde.

Através da articulação com ativistas dos movimentos lésbicos, em 1996

o Programa Nacional de DST/Aids, em diálogo com a sociedade civil, criou

o grupo matricial como espaço de discussão sobre a saúde dessa população

resultando na elaboração de reivindicações sobre a necessidade de

cuidados médico-ginecológicos dessa população, no sentido de romper com

a invisibilidade da lésbica. A organização do primeiro SENALE (Seminários

Nacionais de Lésbicas) em 29 de agosto de 1996, com suporte do Programa

Nacional de DST/Aids e do Ministério da Saúde, inicia o caminho em busca

de ações afirmativas de visibilidade para mulheres que fazem sexo com

mulheres, lésbicas e bissexuais, marcando a afirmação da identidade lésbica

e sua inclusão na agenda de políticas públicas (FACCHINI e BARBOSA,

2006).

A partir desse momento o governo assume a possibilidade de infecção e

a vulnerabilidade dessas mulheres às DST/Aids como uma questão de

saúde pública e passa a pensar em estratégias de prevenção para essa

população. Passados mais de dez anos, marcados por muitas lutas

reivindicatórias o documento do último SENALE que aconteceu em Porto

Velho em 2010 cita que,


14

ainda vivemos em uma situação de lesbofobia estatal e


institucional, não sendo reconhecidas como sujeitas de direitos e
conseqüentemente, invisibilizadas nas políticas públicas e pelo
3
sistema político .

Esta citação demonstra que apesar dos avanços obtidos pelos

movimentos de mulheres lésbicas até aqui, existe um longo caminho a

percorrer em busca da visibilidade e cidadania.

O caminho percorrido para afirmação da identidade lésbica e sua

inclusão nas agendas de políticas públicas vem reivindicar não só um olhar

para a saúde sexual das MSM, mas a ampliação do olhar médico para a

saúde geral dessas mulheres, e segundo citação de Facchini e Barbosa

(2006, p. 22), no Dossiê de Saúde das Mulheres Lésbicas, “não foi possível

localizar estudos brasileiros que tematizem diretamente outras questões

relacionadas à saúde integral associando-as ao homoerotismo feminino”, o

que vem afirmar a necessidade de estudos relacionados à vulnerabilidade

dessas mulheres a outros agravos a sua saúde em função do

desconhecimento de suas especificidades.

Como parte da resposta programática ao HIV/Aids no Brasil, o governo

lança o Plano Integrado de Enfrentamento da Feminização da Epidemia de

Aids e outras DST em 2007, que foi revisado em 2009, representando a

consolidação da política intra e intersetorial, resultado da I e II Conferência

Nacional de Políticas para Mulheres realizadas em 2004 e 2007. O Plano

tem como estratégia contemplar mulheres em suas especificidades através

de agendas afirmativas. Como parte da estratégia o Ministério da Saúde

3
Disponível em: http://senale.files.wordpress.com/2010/05/carta-porto-
velho2.pdf. Acesso em 15 out. 2011.
15

lança o livreto especial para lésbicas e mulheres bissexuais com o título

“Chegou a Hora de Cuidar da Saúde”, com informações importantes sobre

prevenção e cuidado à saúde de MSM, lésbicas e bissexuais4.

Nos trabalhos consultados são muitas as contribuições encontradas no

sentido de fornecer subsídios para organização de ações de prevenção. A

partir de diálogo entre governo e a sociedade civil o Ministério da Saúde

elabora agenda afirmativa para MSM, lésbicas e bissexuais onde procura

contemplar a demanda do movimento lésbico, através das seguintes ações:

Incentivo a pesquisas científicas e tecnológicas para produção de


conhecimento sobre a saúde das lésbicas, bissexuais e MSM que
demonstrem suas especificidades de agravo à saúde; incentivo à
produção e ao desenvolvimento de novos insumos de prevenção;
desmistificação da crença da não vulnerabilidade das lésbicas,
bissexuais e outras MSM às DST/HIV/Aids; qualificação de serviços
de saúde para incorporar as especificidades das lésbicas, mulheres
bissexuais e outras MSM; inclusão da variável orientação
sexual/identidade de gênero nos formulários oficiais da rede de
serviços de saúde, principalmente os referentes à colpocitologia
oncótica, colposcopia e demais exames ginecológicos e para DST;
inclusão da temática identidade de gênero e orientação sexual,
direitos sexuais e direitos reprodutivos, nos processos de educação
permanente das equipes multiprofissionais, no nível estadual e
municipal e incentivo às estratégias de enfrentamento à lesbofobia
para a promoção da saúde (Disponível em www.aids.gov.br).

Estas ações estratégicas citadas acima são resultados do esforço de

muitas lutas da sociedade civil e dos vários trabalhos científicos que

apontaram as práticas e as especificidades das lésbicas explicitando suas

4
Disponível em:
<http://bsvms.saude.gov.br/bvs/publicações/plano_feminização_final.pdf>. Acesso em 1 out.
de 2011.
16

necessidades, estratégias que foram muito bem elaboradas, com algumas

propostas já encaminhadas e outras que ainda precisam ser efetivadas.


17

5 DISCUSSÃO

Percebe-se que os trabalhos analisados mostram que a invisibilidade

das MSM, lésbicas e bissexuais no atendimento nos serviços de saúde se

dá de várias formas e por diferentes fatores. Algumas lésbicas, por terem

passado por experiências ruins em consultas ginecológicas anteriores,

podem ter dificuldade para procurar os serviços de saúde. Já as MSM,

lésbicas e bissexuais que chegam aos serviços, têm dificuldade para revelar

sua condição homossexual ao médico, seja por vergonha de expor o corpo

ou por medo de sofrer discriminação e preconceito. O profissional, por sua

vez, não pergunta a orientação sexual, orientado por uma formação que

pressupõe que toda mulher seja heterossexual. Mesmo quando a usuária

revela sua homossexualidade, os médicos não sabem como manejar a

informação, por desconhecerem práticas sexuais das lésbicas e suas

especificidades. Desta forma, os profissionais acabam ignorando a

informação e seguem com a consulta clássica para heterossexuais,

colocando-as em situação de maior vulnerabilidade.

A vulnerabilidade está condicionada a outros determinantes sociais

como classe social, etnia, hierarquia de gênero e orientação sexual,

marcadores que podem gerar discriminação, preconceito e invisibilidade

aumentando a vulnerabilidade em sua dimensão individual, social e

programática porque a estigmatização leva à exclusão e violação de direitos.


18

Segundo Ayres (2003)5 apud Santos e Paiva (2007, p.1), o conceito de

vulnerabilidade aplicada á saúde

pode ser resumido como o movimento de considerar a chance de


exposição das pessoas ao adoecimento como a resultante de um
conjunto de aspectos não apenas individuais, mas coletivos,
contextuais, que acarretam maior suscetibilidade à infecção e ao
adoecimento e, de modo inseparável, maior ou menor
disponibilidade de recursos de todas as ordens para se proteger de
ambos (AYRES, 2003 e colaboradores, p.122).

Entendemos a vulnerabilidade na dimensão individual analisando a

qualidade e grau de informação que a pessoa tem sobre fatores que a expõe

à infecção ou ao adoecimento e a possibilidade dela assimilar informações

que leve a adotar novos comportamentos. Na dimensão social analisando

as formas como a pessoa está inserida na sociedade, a desigualdade no

acesso aos bens e serviços públicos, situações de estigma e discriminação,

fatores que podem facilitar ou não o risco à infecção ou agravo à saúde e

que impedem o exercício pleno da cidadania. Na dimensão programática

avaliando a estrutura local de serviços de assistência e tratamento na rede

pública oferecida a uma determinada população e a realização de

programas de prevenção existentes para enfrentar fatores de risco à saúde e

ao adoecimento (SANTOS e PAIVA, 2007 e AYRES, PAIVA e FRANÇA JR,

2010).

5
Ayres JRCM e colaboradores. O conceito de vulnerabilidade e as práticas de
saúde: novos desafios e perspectivas. In: Czeresneia, D. e Machado Freitas, C., orgs.
Promoção da saúde – conceitos, reflexões, tendências. Rio de Janeiro, Fiocruz, 2003. p.
116-138.
19

A vulnerabilidade das MSM à DST/Aids vem sendo denunciada pelo

movimento lésbico, que através da epidemia da Aids encontrou uma lacuna

para reivindicar visibilidade e afirmar sua identidade. A questão hoje, não

trata mais de afirmar se as lésbicas correm ou não o risco de se infectarem

pelo HIV através da relação sexual, e sim de ter lugar garantido nos

programas de saúde, serem incluídas nos programas de saúde da mulher

para que possam ser olhadas como o “ser integral” que são, com

necessidades de cuidados como qualquer outra mulher, mais com

especificidades que devem ser conhecidas e respeitadas.

Foram muitas lutas através dos movimentos feministas e lésbicos no

sentido de romper com a invisibilidade e as diversas formas de preconceito,

na busca de afirmação da identidade e conquista de seus direitos sexuais,

lutas marcadas por conquistas importantes, mas que não respondem todas

as demandas das lésbicas que continuam invisibilizadas diante das políticas

públicas, continuam sofrendo preconceitos e não reconhecidas em seus

direitos, o que vem demonstrar que muito ainda se tem a fazer em busca da

cidadania dessas mulheres.

Diante desse desafio acredita-se que o quadro da vulnerabilidade e

Direitos Humanos possa contribuir com os serviços de saúde fazendo com

que o SUS seja realmente efetivado, preparando os profissionais para um

atendimento mais humanizado, onde a saúde da mulher seja vista de forma

integral, onde as diferenças não sejam impeditivas de acesso aos serviços e

sim um facilitador, através da eliminação dos preconceitos e reconhecimento

das práticas e especificidades das MSM, lésbicas e bissexuais.


20

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O maior desafio continua sendo o combate à discriminação e ao

preconceito nas suas mais diversas formas para que as MSM, lésbicas e

bissexuais tenham acesso e um atendimento mais humanizado nos serviços

de saúde.

O atendimento humanizado busca minimizar possíveis

constrangimentos inerentes ao serviço e baseia-se numa anamnese

cuidadosa, considerando o contexto onde a mulher está inserida, ao mesmo

tempo em que trace um perfil individual, estabelecendo um vínculo de

confiança capaz de proporcionar um diálogo entre médico e usuária que leve

a incorporar práticas conscientes de prevenção e por conseqüência a

diminuição da vulnerabilidade dessa população às DST/Aids.

Através da bibliografia estudada, percebe-se que a formação médico-

ginecológico não contempla a homossexualidade feminina, portanto os

ginecologistas desconhecem as práticas sexuais e especificidades dessas

mulheres. Além disso, a formação ainda ocorre orientada por uma

perspectiva heteronormativa da sexualidade (que pressupõe que toda

mulher se relaciona sexualmente com homens) o que demonstra a

necessidade de se discutir o currículo da medicina que hoje tende à

formação de profissional direcionado para a discriminação.

Para que esse atendimento se dê da forma mais equânime é necessário

que os profissionais de saúde estejam abertos para a diversidade sexual,

conheçam e respeitem as práticas sexuais e especificidades dessas


21

mulheres. Para que isso aconteça propõe-se incluir o Quadro da

Vulnerabilidade e dos Direitos Humanos na formação médica através da

reformulação dos currículos e nos cursos oferecidos para o pessoal de

saúde de todos os níveis, com a finalidade de provocar nesses profissionais

a reflexão de seus valores e preconceitos levando a diminuir a discriminação

nos serviços de saúde e por conseqüência a vulnerabilidade dessa

população.
22

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Almeida G. Argumentos em torno da possibilidade da infecção por DST/Aids

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