Licenciatura Engenharia Eléctrica e Electrónica 

Sistemas de Energia e Controlo
ISE – UAlg

Electrotecnia Aplicada

Cap. 3: Harmónicos em Sistemas Eléctricos de Energia

Luís M. R. Oliveira

Harmónicos em Sistemas de Energia Eléctrica

Grandezas alternadas não sinusoidais

 Corrente e tensão de alimentação de
um computador pessoal

i (t )
i [A] v [V]

v (t )
4 400
v(t )
3 300

2 200
i (t )
1 100

0 0 0.005 0.01 0.015 0.02

t [s]
‐1 ‐100

‐2 ‐200

‐3 ‐300

2 ‐4 ‐400

1
 Grandezas alternadas não sinusoidais - Exemplos

Tensão e corrente de alimentação de uma lâmpada LED

Grandezas alternadas não sinusoidais - Exemplos

Tensão composta no motor

Variador electrónico de velocidade

Alimentação
da rede
VLL  400 V

f  50 Hz
Motor de
indução
trifásico

Rectificador Condensador Inversor trifásico

trifásico de filtragem

Corrente no motor Tensão simples no motor

2
 Grandezas alternadas não sinusoidais - Exemplos

Tensões da rede
Tensão compostas
[V] Tensão simples [V]
vab (t ) vbc (t ) vca (t )
600 600

500 500

400 va (t ) vb (t ) vc (t ) 400

300 300

200 200

100 100

0 0
0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 0.03 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 0.03 [s]
[s]
‐100 ‐100

‐200 ‐200

‐300 ‐300

‐400 ‐400

‐500 ‐500

‐600 ‐600

Função periódica

f (t )  f (t  n  T )

f (t)

t [s] T

T T

T T
T
6

3
 Decomposição em Série de Fourier

Decomposição em Série de Fourier - Definição:

 Uma função periódica pode ser representada por um soma
infinita de termos em seno e co-seno:

 
f (t )  F0  
h1
f h (t )  F0  
h1
 a cos(h t )  b sen(h t ) 
 h 1 h 1 

Forma
 F0: Valor médio da função; trigonométrica da
 ah e bh: Coeficientes de Fourier; série de Fourier

 1: Frequência angular fundamental;

 Múltiplos inteiros de 1 (21, 31, 41 …): frequências
harmónicas.

Decomposição em Série de Fourier

Condições de Dirichlet:
 Condições suficientes para aplicar a série de Fourier:
 f(t) é função de uma única variável;
 f(t) possua um número finito de descontinuidades ao longo de um
período;
 f(t) possua um número finito de máximos e mínimos num
período; T
 O integral  f (t ) dt
0
exista.

4
 Decomposição em Série de Fourier

Função f(t)

9
Decomposição em série de Fourier

Decomposição em Série de Fourier

V (V)

Vˆ1
v1 (t )  v3 (t )  v5 (t ) [V]
Vˆ3 100
Vˆ5 f (Hz) 50

f1 f3 f5 v5 (t ) [V] 0
100
‐50
v3 (t ) [V] 0.005
50
f (Hz) ‐100
100
v1 (t ) [V] f5 0.01

50 0.015
100 ‐50
f3 0.005
0.02
50 ‐100
v(t ) [V] 0.01
0.025
f1 0.005 t [s]
100 0.015
‐100
‐50 0.01
50 0.02
0.005
0.015
‐100 0.025
0 t [s]
0.01
0.02
‐50 0.015
0.005 0.025
‐100 0.02 t [s]
0.01
0.025
0.015
t [s]
0.02

T 0.025
t [s]

10

5
 Decomposição em Série de Fourier
Forma trigonométrica da série de Fourier

 
f (t )  F0   h 1
f h (t )  F0    a cos(h t )  b sen(h t )
h 1
h 1 h 1

Valor médio:
T

 f (t )dt
1
F0 
T
0

Coeficientes de Fourier:
T T

 f (t ) cos(h t )dt  f (t ) sen(h t )dt

2 2
ah  1 bh  1
T T
0 0

11

Decomposição em Série de Fourier

f1(t) f3(t) f5(t)

400 400 400

0 0 0

-400 -400 -400

0 120 240 360 0 120 240 360 0 120 240 360

131

f1(t) + f3(t) + f5(t) +f7(t)  f h (t) ; h impar

f7(t) h1
400 400 400

0 0 0

-400 -400 -400

0 120 240 360 0 120 240 360 0 120 240 360

12

6
 Decomposição em Série de Fourier

Soma dos harmónicos: onda quadrada

13

Decomposição em Série de Fourier

Soma dos harmónicos: onda triangular

14

7
 Decomposição em Série de Fourier
[V] v(t )
100

Exemplo 50

0
0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 t [s]
‐50

‐100

V (V)
T
Vˆ1
v1 (t )  v3 (t )  v5 (t ) [V]
Vˆ3 100
Vˆ5
f (Hz) 50

f1 f3 f5 v5 (t ) [V] 0
100
‐50
v3 (t ) [V] 0.005
50
f (Hz) ‐100
100
v1 (t ) [V] f5 0.01

50 0.015
100 ‐50
f3 0.005
0.02
50 ‐100
v (t ) [V] 0.01
0.025
f1 0.005 t [s]
100 0.015
‐100
‐50 0.01
50 0.02
0.005
0.015
‐100 0.025
0 t [s]
0.01
0.02
‐50 0.015
0.005 0.025
‐100 0.02 t [s]
0.01
0.025
0.015
t [s]
0.02

T 0.025
t [s]

15

Simetrias utilizadas no cálculo dos coeficientes de Fourier

Simetria par: f (t )  f (t )

f (t)

t [s]

T T

f (t)

0 t [s]

T T

f (t)

t [s]
T T

16

8
 Simetrias utilizadas no cálculo dos coeficientes de Fourier

Simetria ímpar: f (t )   f (t )

f (t)

t [s]

T T

T T

f (t)

t [s]

T T
17

Simetrias utilizadas no cálculo dos coeficientes de Fourier

Simetria ímpar/par: tem de se definir a origem

 A mesma forma de onda pode ser considerada par ou ímpar,
dependendo de onde se considera a origem!
f (t)

Nem par nem ímpar

0 t [s]

T T

f (t)

Par

0 t [s]

T T

f (t)

Ímpar
0 t [s]

T T
18

9
 Simetrias utilizadas no cálculo dos coeficientes de Fourier

T
Simetria de meia onda: f (t )   f (t  ) F0  0
2
f (t)

t [s]

T T
T T

T
T

19

Simetria de ¼ onda: (par + ½ onda) ou (ímpar + ½ onda)

Exemplos
Não é ímpar
f (t) f (t)

t [s]
t [s]
T T T

f (t) Não tem simetria

de ½ onda

t [s]
T
T

20

10
 Simetrias utilizadas na análise de Fourier
Simetrias utilizadas na análise de Fourier
Simetria Condição requerida a h e bh


T 2
f  t   f (t )
4
Par bh  0 ; ah  f (t ) cos  h1t  dt
T 0

T
T 2
f  t    f  t 
4
Impar ah  0 ; bh  f (t )sen  h1t  dt
0

ah  bh  0 para h par


4 T 2
 T ah  f (t ) cos  h1t  dt para h ímpar
Meia–onda f t    f  t   T 0
 2

T
4 T 2
b 
h f (t )sen  h1t  dt para h ímpar
0

bh  0 para todos os h
8

T 4
Par de quarto
Par e meia-onda  f (t ) cos  h1t  dt para h impar
de onda ah  T 0
0 para h par

ah  0 para todos os h
Ímpar de
8

T 4
quarto de Ímpar e meia-onda  f (t ) sen  h1t  dt para h impar
onda bh  T 0
0 para h par
21

Forma trigonométrica alternativa da série de Fourier

 
f (t )  F0  ah cos(h1t )  bh sen(h1t )  F0   ah cos(h1t )  bh cos(h1t  90º )
h 1 h 1

Utilizando notação complexa:

ah cos(h1t )  Re  ah 0  a h  ah 0  ah

bh cos(h1t  90º )  Re bh 90º   b h  bh 90º   jbh

ah cos(h1t )  bh cos(h1t  90º )  Re  ah 0º  bh 90º   Re Ch 

C h  ah  jbh  ah2  bh2 h  Ch h

Ch  ah2  bh2

Re C h   Re Ch h   Ch cos(h1t  h )

22

11
 Forma trigonométrica alternativa da série de Fourier

Forma trigonométrica alternativa da série de Fourier


f (t )  F0  C
h 1
h cos( h1t  h )

 f (t )dt
1
F0  C h  ah  jbh  Ch h
T
0

23

Espectrogramas de amplitude e de fase

Exemplo
Ch
v [V]
150 400

200

150
100
100
400
50 50 3 400 400 400 400 400
5 7 9 11 13
0
0.005 0.010 0.015 0.020 t [s]
f (Hz)
0
50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650
h
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

h
90º

f (Hz)
0
50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650
h
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

24

12
 Representação em série de Fourier de fontes

Fonte de tensão

v(t )  VDC  v1 (t )  v2 (t )  v3 (t )  v4 (t )  

 i(t )
 V0

i(t ) 
 v1(t )

 v2 (t )
Circuito  Circuito
v(t ) v(t )  v3 (t ) circuito linear
Eléctrico Linear  Eléctrico Linear

 v4 (t )

 ...

 vh (t )


25

Representação em série de Fourier de fontes

Fonte de corrente i (t )  I DC  i1 (t )  i2 (t )  i3 (t )  i4 (t )  

i(t ) circuito 
v(t )
linear

i(t )


i(t )  I0 i1(t ) i2 (t ) i3 (t ) i4 (t ) ih (t ) circuito 
v(t )
 linear


26

13
 Exemplo
10 
Determinar i(t)
[V] v(t ) i(t )
100

50
v(t ) 100 mH
0
0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 t [s]
‐50

‐100

Vantagem da utilização da decomposição em série de

Fourier:
 analisando o circuito para cada componente harmónica
(sinusoidal), através do teorema da sobreposição, obtém-se a
resposta total do circuito.
Para cada um dos componentes harmónicos pode (e deve)
utilizar-se o domínio fasorial

27

10  Exemplo (cont.)
i(t )
[A] [V]
v (t )
v(t ) 100 mH

i (t )

0
t [s]
10 

i(t )
 v1(t )
 [A]
 i (t )
 v3 (t ) i1 (t )

v(t )  v5 (t ) 100 mH i3 (t )

 v7 (t )
t [s]

 ...

[A]
i (t )
10  i1 (t )  i3 (t )

Ih t [s]
Vh jh1L

Nota: Neste exemplo não existe componente DC.

28 Caso exista tem de ser considerada.

14
 Cálculo da potência média (ou activa)

Potência activa total: soma da potência activa transferida

por todos os componentes harmónicos
T 
P
1
T 0
v(t )  i(t ) dt  VDC  I DC  
h1
Vh(ef )  I h(ef ) cos(vh  ih )


P  PDC  
h1
Ph  PDC  P1  P2  P3  ...

P  VDC  I DC
 DC
com 
P  V
 h h(ef )  I h(ef ) cos(vh  ih )

29

Valor eficaz de grandezas não sinusoidais periódicas

i (t )  I DC  2 I1(ef ) cos(1t  i1 )  2 I 2(ef ) cos(21t  i 2 )  ...

Valor eficaz
T T   2

Ief 
1
T 0
i(t )2 dt  Ief 
1
T  I
 DC  
h1
2 I h(ef ) cos(h1t  ih )  dt 

0  

0
1 2
 I ef  I  2 I1(ef ) cos(1t  i1 )  2 I 2(ef ) cos(21t  i 2 )  ... dt 
T  DC 

 Ief  I DC
2  I2
1(ef )  I 2(ef )  I3(ef )  ...
2 2

Vef  VDC
2 V 2 V 2
1(ef ) 2(ef )  V3(ef )  ...
2

30

15
 Potência aparente e potência não-activa

Potência aparente

S  Vef  I ef  VDC
2 V 2
1(ef )  V2(ef )  V3(ef )  ...  I DC  I1(ef )  I 2(ef )  I3(ef )  ...
2 2 2 2 2 2

Potência reactiva fundamental

Q1  V1(ef )  I1(ef ) sen  v1  i1 

Potência não-activa

N  S 2  P2

Factor de potência
P
FP 
S
31

Distorção harmónica total

Distorção harmónica total (THD: Total Harmonic Distortion):

 Quantifica a distorção da forma de onda em relação à
sinusoidal equivalente (ou seja ao primeiro harmónico):

Ief2  I1(2 ef )
THDi  100
I1(2 ef )

Vef2  V1(2ef )
THDv  100
V1(2ef )
32

16
 Exemplo
i(t )

v(t ) Circuito
Eléctrico Linear

Harmónicos de tensão e corrente? Espectrogramas?

Potências P, N, Q1, e S?
THDv? I h(ef ) I1(ef )  9 A

THDi?

I1(ef )
3 I1(ef )
I1(ef ) I1(ef )
5 I1(ef ) I1(ef )
7 9 11 13
f (Hz)
50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650
h
33 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Harmónicos em sistemas trifásicos

Geralmente, as formas de onda de um sistema trifásico

equilibrado (assume se directo) são idênticas, estando
desfasadas entre si de T/3 ou T/3=120º.
[V] T v A1 (t )
v A (t )

t [s]
v A (t )  f (t ) v A3 (t )

vB (t )  f  t  T 3 T 3 vB1 (t )
vB (t )

vC (t )  f  t  2T 3
t [s]
vB 3 (t )

2T 3 vC1 (t )
vC (t )

vB 3 (t ) t [s]
34

17
 Harmónicos em sistemas trifásicos
Assuma-se que o valor médio das tensões é nulo e só existem
harmónicos ímpares, como no exemplo anterior. Considerando a
decomposição em série de Fourier, vem para a fase A:

v A (t )  
h 1
2 Vh(ef ) sen  h1t  vh  1 
2
T

Desfasando (atrasando) de T/3 obtém-se a expressão para a fase B:

 
2h T
vB (t )  h 1
2 Vh(ef ) sen  h1  t  T 3  vh   
h 1

2 Vh(ef ) sen  h1t 
 T 3

 vh 


2h
vB (t )  
h 1

2 Vh(ef ) sen  h1t 
 3

 vh 


Desfasando (atrasando) de T/3 obtém-se a expressão para a fase B:


2h
vC (t )  
h 1

2 Vh(ef ) sen  h1t 
 3

 vh 

35

Harmónicos em sistemas trifásicos


v A (t )  
h 1
2 Vh(ef ) sen  h1t  vh 
2

2h 1 
vB (t )  
h 1

2 Vh(ef ) sen  h1t 
 3

 vh 

T

2h
vC (t )  
h 1

2 Vh(ef ) sen  h1t 
 3

 vh 


Para o fundamental h=1: VC1


v (t )  2 V1(ef ) sen  1t  v1 
 A1 VA1  V1(ef ) v1
VA1
  2  
vB1 (t )  2 V1(ef ) sen  1t   v1   VB1  V1(ef ) 120º v1
  3  
 V V 120º v1
 2   C1 1(ef )
vC1 (t )  2 V1(ef ) sen  1t   v1 
  3 
VB1
36

18
 Harmónicos em sistemas trifásicos

v A (t )  
h 1
2 Vh(ef ) sen  h1t  vh 
2

2h 1 
vB (t )  
h 1

2 Vh(ef ) sen  h1t 
 3

 vh 

T

2h
vC (t )  
h 1

2 Vh(ef ) sen  h1t 
 3

 vh 


Para o harmónico h=3:

v A3 (t )  2 V3( ef ) sen  31t  v3  VA3  V3( ef ) v3 VA3

 
vB3 (t )  2 V3( ef ) sen  31t  v3   VB 3  V3( ef ) v3
VB 3
 
vC 3 (t )  2 V3(ef ) sen  31t  v3   C 3
VC 3
V  V3( ef ) v3

Os harmónicos múltiplos de 3 constituem um sistema

homopolar de tensões (mesma amplitude e em fase)
37

Harmónicos em sistemas trifásicos

Para o harmónico h=6n-1 (n   ) as três tensões formam
um sistema inverso. Por exemplo para h=5

v A5 (t )  2 V5(ef ) sen  51t  v 5 
 VA5  V5(ef ) v5
  2   2  
vB 5 (t )  2 V5(ef ) sen  51t  v5  5    2 V5(ef ) sen  51t  v5    VB 5  V5(ef ) 120º v 5
  3   3  
  2   2  VC 5  V5(ef ) 120º v5
vC 5 (t )  2 V5(ef ) sen  51t  v 5  5    2 V5(ef ) sen  51t  v5  
  3   3 

VB5

VA5

VC 5

38

19
 Harmónicos em sistemas trifásicos

Para o harmónico h=6n-1 (n   ) as três tensões formam

um sistema directo. Por exemplo para h=7

v A7 (t )  2 V7( ef ) sen  71t  v 7 
 VA7  V7( ef ) v 7
  2   2  
vB 7 (t )  2 V7( ef ) sen  71t  v 7  7    2 V7( ef ) sen  71t  v 7    VB 7  V7( ef ) 120º v 7
  3   3  
  2   2  VC 7  V7( ef ) 120º v 7
vC 7 (t )  2 V7( ef ) sen  71t  v 7  7    2 V7(ef ) sen  71t  v 7  
  3   3 

VC 7

V A7

VB 7

39

Harmónicos em sistemas trifásicos

Resumindo:
 h=3n, sequência homopolar
 h=6n-1 sequência contrária ao do fundamental (sequência inversa)
 h=6n+1 mesma sequência que fundamental (sequência directa)

40

20