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Belém
2011
2
Belém
2011
3
363.741
L732a Lima, Simone de Nazaré Dias Pena.
Análise de danos subjetivos do ruído urbano na população de
Belém-PA / Simone de Nazaré Dias Pena Lima. – 2011.
100 f.: il.; 21 x 30 cm.
Banca Examinadora
Apresentado em: __ / __ / __
Conceito: ___________
Belém
2011
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Sebastião Pena, pai querido, por sempre ter incentivado meu desenvolvimento intelectual.
Cecília, mãe dedicada, pelo constante apoio emocional e espiritual.
Arnoud, marido amado, pela compreensão, confiança e ajuda incondicional.
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por ter me dado determinação e paciência permitindo a conclusão de mais
essa etapa de minha vida.
A minha orientadora Profª Drª. Elcione Maria Lobato de Moraes, por toda orientação,
acolhimento, confiança e motivação durante todas as fases da pesquisa.
Aos professores do curso com quem tive o prazer de conviver durante as disciplinas cursadas que
são responsáveis por parte de minha formação atual, em especial ao coordenador do curso Profº.
Dr. Marco Aurélio Arbage Lobo.
A Luiza Ataíde, pela sua ação voluntária na aplicação dos questionários desta pesquisa.
A Rita Souza e Willyans Assunção pelo o apoio de ambos nos momentos que precisei.
(anônimo)
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RESUMO
ABSTRACT
The quality of life generally depends on the quality of the planning of space. However, the
intention of planning of space constructed and visible acts on several areas: safety, health,
comfort, etc. In this sense, sound urban space planning policy is still in a defensive attitude in
relation to noise, while noise pollution is a factor absolutely pervasive in all modern societies and
part, increasingly urban, everyday. Want to live in an environment that offers good quality of life.
The basic rule of livability is live in safety, with a healthy and productive life in harmony with
nature and the local values. In this context the noise pollution is not only a source of
contamination and degradation of the environment as well, causing direct effects, cumulative
adverse economic, social and environmental and human health. This survey is the result of a
quali-quantitative analysis that allowed correlate psychoacoustics (subjective perception) noise
with the sound levels and compare them with two different urban contexts: a neighborhood with
high levels of noise contamination and the other with acceptable sound levels, both belonging to
the acoustic map spanning from Belém. There was the perception of noise nuisance produced by
to residents, for this was drafted a questionnaire that allowed identifying sources of noise,
assessing hardship, analyse the main effects of noise and the individual measures taken by the
respondents. It was noted that the population is increasingly smartening up quite as regards
contamination, noise (and denounces) recognizes that noise is a contaminant that affects
negatively in the lives of citizens and disrupts the normal development of their activities.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 13 - Sintomas causados pelo ruído nos moradores do bairro da Cidade Velha 74
11
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 14
1.1. PROBLEMA 14
1.2. HIPÓTESE 17
2. JUSTIFICATIVA 18
3. OBJETIVOS 20
3.1. OBJETIVO GERAL 20
3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 20
4. METODOLOGIA 21
5. CARACTERÍZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO E SEUS PROCESSOS
SÓCIO-ESPACIAIS 22
5.1. DENSIDADE DEMOGRÁFICA DOS BAIRROS ESTUDADOS 25
5.2. MORFOLOGIA URBANA DA ÁREA EM ESTUDO 26
5.2.1. A VERTICALIZAÇÃO DE BELÉM 30
5.3. FLUXO DE VEÍCULOS (HISTÓRICO ATÉ OS DIAS ATUAIS) 33
6. FUNDAMENTOS DA PSICOACÚSTICA 38
6.1. PERCEPÇÃO DOS EFEITOS NEGATIVOS DO RUÍDO URBANO 38
6.2. EFEITOS NOCIVOS DO RUÍDO SOBRE O HOMEM 39
7. HISTÓRIA DA URBANIZAÇÃO BRASILEIRA 41
7.1. POLUIÇÃO SONORA URBANA 44
7.2. PRINCIPAIS FONTES GERADORAS DE RUÍDO URBANO 45
7.3. A POLUIÇÃO SONORA E SUA NORMATIZAÇÃO
47
7.4. MEDIDAS PREVENTIVAS PARA A REDUÇÃO DA POLUIÇÃO
SONORA 55
8. RUÍDO URBANO NA CIDADE DE BELÉM – BRASI 57
8.1. O MAPA ACÚSTICO DE BELÉM 57
8.2. RUÍDO NO BAIRRO DA CIDADE VELHA 59
8.3. RUÍDO NO BAIRRO NAZARÉ 60
9. ANÁLISES DOS RESULTADOS 61
9.1. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 82
10.CONCLUSÃO 85
REFERÊNCIAS 88
APÊNDICES 94
ANEXOS 96
14
1. INTRODUÇÃO
1.1 PROBLEMA
qual o ser humano está inserido, alias, é o principal ator, já que é um dos maiores degradantes da
natureza. Quando a poluição sonora é restrita a um determinado local, ou área, o problema pode
ser considerado localizado e às vezes de pequena proporção, mas atinge grande parte da cidade,
como no caso de trânsito intenso e dos corredores de tráfego, a questão passa a ser mais ampla e
generalizada, pois além de atingir os moradores próximos às vias públicas barulhentas, afeta
ainda os que por elas circulam, tornando-se assim não só um problema de contaminação urbana,
mas, também, um problema de saúde pública.
A poluição sonora vem sendo reconhecida mundialmente como questão de saúde, tanto
que já há inclusive o Plano Nacional de Saúde Ambiental da Europa que trata da ligação do
barulho excessivo à saúde. Na área trabalhista, uma das principais causas da incapacidade
funcional é justamente o da perda da audição – disacusia, pela ocorrência do excesso de barulho
no ambiente de trabalho, ou seja, pela poluição sonora a que se expõe o trabalhador. (SANTOS,
2001a).
A Lei Federal 7.347/85, diz que a poluição sonora por se tratar de um problema social e
difuso deve ser combatida pelo poder público e por toda a sociedade, individual mediante ações
judiciais de cada prejudicado ou pela coletividade através da ação civil pública para a garantia ao
direito ao sossego, onde este está resguardado no art. 225 da Constituição Federal, a qual dispõe
que todo ser humano tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e a
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para a presente e futuras gerações. (BRASIL,
1988).
A Resolução 002/93 – CONAMA -Conselho Nacional do Meio Ambiente - dispõe sobre
a emissão de ruído, em decorrência de quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais ou
recreativas, determinando padrões, critérios e diretrizes, no entanto, estabelecendo limites
máximos de ruído a várias espécies de veículos automotores. (BRASIL, 2009b).
No âmbito doméstico a poluição sonora é caracterizada por produtos eletrodomésticos que
emitem ruídos muitas vezes acima do recomendado para a preservação da saúde humana. A Lei
Federal 8.078/90, que trata do consumidor, em seus art.8º, 9º e 10º, proíbe o fornecimento de
produtos e serviços que prejudicam a saúde e segurança do consumidor. (BRASIL, 1988).
A cidade de Belém possui um rico diagnóstico sobre o ruído na região da 1ª Légua
Patrimonial, o Mapa Acústico de Belém (MAB). O MAB, realizado entre os anos de 2002 e
17
2004, teve como objetivo traçar o perfil sonoro da região, possibilitando a intervenção correta no
sentido de amenizar e resolver os problemas ocasionados pelos distúrbios sonoros no ambiente
urbano da cidade, influenciando o nível de qualidade de vida da população. O MAB
diagnosticou, através de uma coleta de dados físicos e subjetivos, os Níveis de Pressão Sonora
(NPS) aos quais a população belenense está exposta; analisou, a partir da percepção sonora dos
habitantes e o grau de moléstias gerado pelos diversos tipos de ruído na 1ª Légua Patrimonial de
Belém. O mapa acústico é resultado de uma pesquisa realizada pela Universidade da Amazônia
(Unama) em 18 bairros de Belém, onde foram identificados os pontos críticos de poluição sonora
na cidade. (MORAES e LARA, 2004).
Com base no diagnóstico do MAB o bairro de Nazaré é um dos mais afetados pelo ruído
proveniente do tráfego de veículos; o bairro da Cidade Velha aparece como um dos menos
afetados. Neste sentido, a presente dissertação propõe analisar os efeitos subjetivos do ruído
sobre a população dos dois bairros supracitados como, também, propor diretrizes para uma
melhor prevenção contra o ruído urbano na área de estudo.
A dissertação foi desenvolvida em quatro etapas. Sendo que a primeira etapa apresenta a
fundamentação teórica, abordando temas relacionados ao ruído urbano. A segunda etapa é
composta de coleta de dados junto à população pesquisada a fim de apoiar as análises. No
entanto, a terceira etapa apresenta as análises dos dados coletados através de uma pesquisa de
campo.E por fim, a quarta etapa, possui os resultados que foram adquiridos através das análises,
onde se avalia a relação dose-efeito do ruído urbano e como este pode influenciar na vida do
indivíduo. Contudo, esta etapa corresponde a um diagnóstico subjetivo da saúde da população
frente ao ruído urbano, verificando quais fatores são responsáveis para o desconforto ou não dos
moradores sobre a incessante poluição sonora urbana.
1.2. HIPÓTESE
Considera-se a hipótese de o ruído urbano ser percebido pelos moradores entrevistados
dos bairros de Nazaré e Cidade Velha com o mesmo grau de incômodo.
18
2. JUSTIFICATIVA
As periferias das cidades crescem mais do que os núcleos centrais em algumas metrópoles
brasileiras. Na década de 90 esse crescimento foi explosivo, como em Belém (157,9%), Curitiba
(28,2%), Belo Horizonte (20,9%), Salvador (18, 1%) e São Paulo (16,3%), por exemplo.
(MARICATO, 2002).
Com o crescimento das cidades em todo o mundo aumenta também o ruído urbano. Nesta
circunstância, Belém é uma cidade que possui diversos problemas sócio-ambientais, e um fator
que vem chamando muito a atenção não só de profissionais e estudantes do ramo acústico, mas
também da população em geral, é o ruído excessivo no meio urbano. Sem dúvida, a fonte de
ruído mais importante nas zonas urbanas é o tráfego rodado. Tal afirmação não só é uma
consequência do extraordinário aumento que sofreu o parque automobilístico nas últimas décadas
em todos os países, como também, o fato de que em geral as cidades não foram concebidas para
suportar o volume de veículos que alcançou. (MARICATO, 1996).
Os níveis de contaminação acústica produzidos pelo tráfego de veículos costumam
alcançar valores muito elevados em todas as grandes vias urbanas ou interurbanas, que, em
muitos casos, estão sujeitas à densidade de tráfego muito alta tanto de dia como de noite. Em
geral os automóveis com motor a gasolina são relativamente silenciosos, para 50% desses
veículos o nível sonoro que produzem apenas superam os 70 dB(A), enquanto que os níveis de
ruído produzidos pelos veículos pesados (a diesel) superam facilmente os 85 dB(A). (MORAES e
LARA, 2004).
Julieta Maria Pires António, afirma que as grandes fontes geradoras de ruído são o tráfego
(rodoviário, ferroviário e aéreo); as indústrias, já que as cidades nem sempre são bem planejadas
e, em sua maioria, há uma mistura entre a malha urbana; e a industrial e as tecnologias da vida
moderna. “Há um aumento constante de equipamentos dentro de nossas casas para realizar as
mais diversas tarefas. Desse modo, toda a evolução tecnológica contribui para a geração de
ruído”. Embora existam leis nacionais, estaduais e municipais que dispõem sobre a emissão de
ruído e estabelecem que os níveis de ruído, em decorrência de quaisquer atividades, não devem
ser superiores aos considerados aceitáveis pela Organização Mundial de Saúde. (ANTÓNIO,
2009).
19
3. OBJETIVOS
4. METODOLOGIA
Em 1616, quando a cidade de Belém foi fundada, o principal norteador da sua localização
e logo depois de sua expansão foi propriamente o rio. O ponto que se poder indicar como inicial é
o bairro da Cidade Velha e, posteriormente o da Campina. Ao longo da história, a orla ribeirinha
desses bairros originou-se no segmento mais importante territorial da cidade. (LIMA e
TEIXEIRA, 2009).
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Bairro de Nazaré
Este bairro obteve este nome devido a construção da Basílica Santuário Nossa Senhora de
Nazaré, que se iniciou por uma Ermida, posteriormente por uma Igreja e atualmente representada
pela suntuosa Basílica. (CRUZ, 1970).
Segundo Penteado (1968), este bairro apresentava grandes contrastes entre o velho e o
novo, possuindo como marco Arquitetônico a Basílica de Nazaré, luxuosos palacetes, onde
alguns foram transformados em repartições públicas ou ocupados por famílias tradicionais da
cidade. Contudo, as modernas construções da época, como o Edifício Manoel Pinto da Silva.
Além de ser o centro religioso, o bairro funcionava como centro educacional, comercial e
recreativo, pois existia no bairro a Faculdade de Administração da Universidade Federal do Pará,
o colégio Nossa Senhora de Nazaré, o Núcleo de Matemática e Física, a Aliança Francesa, a
União Cultural Brasil-Estados Unidos, galerias, livrarias, farmácias, institutos de beleza,
boutiques, cinemas, restaurantes, lanchonetes, bares e clubes sociais, o que permitia o
desenvolvimento de uma vida noturna e agitada.
O bairro de Nazaré é um bairro predominantemente residencial, porém com importante zona de
comércio e serviços. Foi um vetor de expansão da cidade no período colonial e até hoje suporta grandes
fluxos de veículos coletivos, particulares e pedestres. Possui em seu território três das mais importantes
vias de escoamento do centro da cidade. O bairro faz a conexão entre o centro da cidade e os bairros
adjacentes, por esse motivo há uma grande e constante circulação de veículos coletivos, de carga e de
passeio. Uma boa parte das vias do bairro são largas e de fluxo intenso. Não há dúvida de que é o
tráfego de veículos automotores é a principal fonte de ruído no bairro.
Na análise feita pelo MAB, pôde-se observar que os níveis de pressão sonora máximos foram
registrados nas principais vias do bairro no período diurno (7h-22h) com níveis de pressão sonora entre
25
75 dBA e 85 dBA. Em todas as demais vias do bairro os níveis não são inferiores a 70 dBA.
(MORAES e LARA, 2004).
Cidade Velha
Nazaré
Segundo o Censo de 2010, o bairro de Nazaré tem uma área superficial de 151.322,07ha e
uma população de 18.706 habitantes. (IBGE, 2010).
Esta área é compreendida por 20 vias (ruas, travessas e avenidas), sendo elas as
longitudinais: Rua Henrique Gurjão, Rua Boa Ventura da Silva, Rua João Balbi, Av. Governador
José Malcher, Av. Nazaré, Av. Gov. Magalhães Barata, Av. Comdt. Braz de Aguiar, Av. Gentil
Bittencourt, Av. Conselheiro Furtado e as transversais: Av. Assis de Vasconcellos, Av. Serzedêlo
Corrêa, Trav. Benjamim Constant, Trav. Rui Barbosa, Trav. Quintino Bocaiúva, Av. Visconde de
Souza Franco, Av. Almirante Wandenkolk, Trav. Dom Romualdo de Seixas, Av. Generalíssimo
26
Deodoro, Trav. 14 de março e por fim a Av. Alcindo Cacela. O bairro de Nazaré compete ao
centro da cidade, com predominância residencial e de comércio/serviço, possuindo grande parte
dos equipamentos urbanos necessários, onde há um fluxo acentuado por de veículos e pessoas e
tem as principais vias de escoamento do centro da cidade, onde todas as vias do bairro possuem o
asfalto como pavimentação. (MORAES e LARA, 2004).
A “Planta geométrica da cidade de Belém do Grão Pará” (fig. 03), levantada por João
André Schwebel em 1753, é considerada o primeiro levantamento rigoroso da cidade. Essa planta
apresenta, Cidade Velha e Campina, sendo considerados os dois núcleos pioneiros, com o traçado
urbano em adiantado estágio de consolidação e ocupando inteiramente a faixa de terra disponível
entre o rio e o pântano. (REIS FILHO, 1968).
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preciso abrir três longas e largas estradas de passeio construídas de cascalho, munidas de calçadas
e adornadas por mongubeiras, taperebazeiros e laranjeiras.
No século XVIII, houve o aparecimento de ruas e praças com várias construções de
igrejas como a Catedral (1737-1755) e a de Santana (1761), como também o aparecimento de
edifícios públicos. Em meados de XIX foi marcado por um fato importante para a cidade: o aterro
do Piri. Em 1803, o que se visava era a urbanização da área compreendida entre a Cidade e a
Campina, resultando no surgimento da praça Patroni, do Edifício da Prefeitura e parte das ruas
Ângelo Custódio, Trav. Padre Eutíquio e a antiga estrada de São José. A cidade já ocupava um
espaço muito maior, além dos bairros da Cidade Velha e da Campina, já haviam ruas abertas e
habitadas nos atuais bairros do Reduto, de Nazaré, de Batista Campos e Umarizal. A partir deste
período, Belém se prepara para ser a capital da borracha, se tornando uma capital regional, um
centro comercial de vida própria, mas interligado aos mercados exteriores e a sua região, jamais
conhecido pela Amazônia. Os bairros de Belém começam a se consolidar e novos bairros a surgir
devido à grande explosão demográfica na cidade. (PENTEADO, 1968).
A morfologia urbana de Belém se apresenta sobre significativa modificação, à medida que
as áreas mais altas começam a serem ocupadas pela camada da população de maior poder
aquisitivo como Av. Nazaré, Governador Magalhães Barata e Almirante Barroso, onde suas
principais características são: ruas largas e arborizadas, traçado ortogonal, lotes grandes, amplas
residências e sobrados, praças públicas e espaços de lazer e que foram habitadas de forma
organizada. No caso das áreas mais baixas, eram habitadas pela população considerada mais
pobre, onde sua ocupação deu-se de forma desenfreada, sem controle por parte da administração
municipal, ocasionando em um espaço caótico e desorganizado, sem infra-estrutura de modo
geral, com ruas estreitas e indefinidas e falta de áreas de lazer para a população, ou seja, o
processo de produção do espaço urbano de Belém deu-se sempre a partir das áreas mais altas,
mais valorizadas, para depois se dirigir às mais baixas. A verticalização segue também esta
mesma lógica, muito freqüente nas cidades brasileiras. (NASCIMENTO, 1995).
Para Nascimento (1995), Belém se expandiu ao longo do Rio Guamá, devido a grande
expansão urbana que acontecia na segunda metade do século XX, e é quando o crescimento
urbano de Belém toma novos rumos em relação ao bloqueio que fora estabelecido no final da
Primeira Légua Patrimonial.
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crescimento vertical da cidades está tendendo à segregação sócio-espacial para segmentos da alta
e média alta classes sociais local.
Coimbra (2007) aponta, ainda, que o processo de verticalização de Belém se deve por três
três fatores importantes: as características morfológicas adversas do sítio urbano de Belém; as
numerosas bacias hidrográficas que entrecortam a cidade (córregos, igarapés e canais) e a
concentração de equipamentos urbanos na 1ª Légua Patrimonial, que contribuiu para a
valorização imobiliária das áreas centrais.
Nos anos 80, como já indicavam as análises de Penteado (1968), os terrenos nas áreas
centrais tiveram elevada alta de preços, com suas ofertas atingindo níveis de saturação,
acentuando, assim, a especulação imobiliária. Agravando esta tendência, houve também nesse
período um nítido crescimento populacional. Assim, a verticalização deixou de ser concentrada
nos bairros centrais e se expandiu primeiramente para os bairros do Marco e da Pedreira, com
cotas de nível mais elevadas, largas avenidas, muitos equipamentos urbanos e fácil acesso ao
centro da cidade.
Segundo Penteado (1968), alguns bairros de Belém, entre eles, Nazaré, possuem terrenos
elevados, com quarteirões amplos, ruas largas e traçados com um certo planejamento. Nele reside
a classe média belenense. Suas casas eram assobradadas, revestidas de azulejo, construídas no
alinhamento da rua, geralmente asfaltadas e, com exceção de Canudos, todas eram arborizadas.
Hoje, encontramos o bairro de Nazaré ainda com o seu traçado inicial, mas com construções mais
modernas e com uma forte presença da verticalização como se pode comprovar na Foto 01
abaixo.
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Atualmente, a cidade de Belém passa por um momento onde a construção civil está
fortalecida, com a chegada de muitas empresas de fora com parcerias de empresas locais, estão
construindo em grande massa prédios para atender a demanda populacional. O mercado
imobiliário na Região Metropolitana de Belém é um segmento que está sempre em alta. A
avaliação é do presidente do Creci (Conselho Regional de Corretores de Imóveis) no Pará, Jaci
Colares. Para Colares, mesmo com a crise econômica não desfavoreceu o setor imobiliário.
Mesmo com a procura cada vez mais crescente por imóveis, o valor do imóvel em Belém é
considerado o 5º mais caro. (MERCADO DE BELÉM...,2009).
Neste sentido, está cada vez mais fácil comprar um imóvel em Belém, devido aos
subsídios do governo e financiamentos, ficou muito mais interessante investir em imóveis.
Segundo levantamento da Secretaria Municipal de Habitação, o déficit habitacional em Belém
chega a ultrapassar 72 mil moradias. De acordo com este resultado, as construtoras vêm
multiplicando o número de edificações na Região Metropolitana de Belém tendo como principal
alvo a classe média. (MERCADO DE BELÉM..., 2009).
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melhoria e a organização dos serviços prestados pela companhia é que o governo municipal
tomou providências, transferindo-a para que fosse organizada em Londres.
Em 27 de janeiro de 1905 é assinado contrato entre o capitalista Moller e a empresa por
este organizada em Londres que passou a se chamar “Pará Eletric Railways and Lighting
Company”, prevendo inicialmente o percurso de 13 linhas de bondes. Em agosto do ano seguinte
são assentados os primeiros trilhos para os bondes elétricos na Avenida Intendência, canto da
Praça Floriano Peixoto, Antiga São Brás. Finalmente em 15 de agosto de 1907 é inaugurado o
serviço de viação urbana por meio de bondes elétricos, substituindo os bondes a burro. A
definitiva extinção da viação à tração animal na cidade só ocorreu de fato em 07 de julho de
1908, com a eletrificação das últimas quatro linhas que ainda usavam esse sistema de tração.
(STIEL, 1984).
Para Stiel (1984), nesta época a extensão das linhas de bondes elétricos atingia cerca de
55 km e o material rodante já se compunha de aproximadamente 100 carros, transportando
diariamente em torno de 2.500 passageiros. Devido a fatores como contrato de monopólio para
veículos sobre trilhos e a falta de flexibilidade nos itinerários, aos poucos, como ocorreu em
várias outras cidades brasileiras, os serviços de bondes sofreram a concorrência do auto-ônibus, e
este último, fazia o mesmo trajeto dos bondes, apanhando passageiros, mesmo praticando altas
tarifas. Na cidade de Belém o serviço de auto-ônibus data de 1º de maio de 1911. No entanto,
estes percorriam rotas que iam do centro da cidade aos subúrbios e se alastrando posteriormente
por toda a cidade.
Em função da perda de passageiros dos bondes para os auto-ônibus, a Pará Eletric, em
1926, unificou as tarifas a um valor único, ou seja, a partir dessa data não haveria mais distinção
de percurso ou classe, se comprometendo ainda a aumentar a frota de bondes, construir novas
linhas e estações, além da manutenção do veículo. (STIEL, 1984).
Antes do término do contrato em 1947, a Cia. Pará Eletric, sofreu intervenção federal com
a extinção dos bondes em 27 de abril de 1947. O decreto declarava a caducidade do contrato de
concessão, outorgado pela prefeitura de Belém. (STIEL, 1984).
Stiel (1984) relata que na mesma época, cerca de 200 empresas de ônibus já
congestionavam o tráfego nas ruas de Belém. Os últimos bondes a trafegar foram importados de
“Cardiff” (Inglaterra) em 1927. Na época eram considerados “os mais modernos em uso nas
capitais”. Neste sentido, a cidade de Belém começa de fato, a sofrer as transformações em sua
35
paisagem urbana, começando a era automobilística ganhar força na capital paraense. A Foto 02 a
seguir revela uma das ruas que o trânsito é intenso em praticamente todas as horas do dia: Trav.
14 de março no bairro de Nazaré, no horário de 12:00 h.
Com o crescimento da população mundial surge uma demanda de expansão dos centros
urbanos, que na maioria das vezes é feita desordenadamente e com falta de consciência
ambiental, gerando problemas como: poluição do ar, água e solo, ruído urbano, enchentes, caos
no trânsito, dentre outros. (AMBIÊNCIA, 2010).
Contudo, à medida que foi aumentando o número de veículos em circulação no país, as
condições do trânsito brasileiro agravaram-se. O Brasil sempre é citado entre os campeões
mundiais de acidentes de trânsito, como reflexo da desorganização do trânsito, da deficiência
geral da fiscalização sobre as condições dos veículos, da falta de manutenção e conservação das
rodovias, da impunidade aos infratores e do comportamento dos usuários nos papéis de pedestres
ou condutores. (VASCONCELOS, 1992).
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6. FUNDAMENTOS DA PSICOACÚSTICA
como ruído justamente por interferir em alguma atividade. Assim como qualquer outro estímulo
do ambiente no qual existem evidências fortes de que o indivíduo difere na sua sensibilidade em
relação ao ruído.
Neste sentido, o ruído é um mal ecológico que permeia a vida e o ambiente das grandes
cidades. É definido como sendo qualquer distúrbio sonoro não desejado que interfere com aquilo
que se quer ouvir. Santos (1996c) identifica o ruído como o responsável pela produção de
sensações auditivas não prazerosas, sendo por isso, diferente de som. Nepomuceno (1994) define
ruído como um fenômeno audível cujas freqüências não podem ser discriminadas porque diferem
entre si por valores inferiores aos detectáveis pelo aparelho auditivo. Ele se apresenta como um
objeto de estudo interessante, pois afeta diretamente a saúde das pessoas, desqualifica o ambiente
onde elas vivem e traz problemas de ordem social, na medida em que seus efeitos alteram e
degradam as relações sociais. (SOUZA, 2004).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (1980) mensurar as conseqüências do
ruído sobre a qualidade de vida das pessoas é difícil devido a vários fatores que permeiam a vida
cotidiana. Apesar disso, a OMS afirma ser necessário estudar o ruído já que esta situação envolve
a população mundial em grande escala.
Santos (2005b) afirma que a população brasileira praticamente duplicou entre 1900 e
1920 no início da República. Este grande crescimento se deu devido às imigrações estrangeiras
para o Brasil provindas da Europa, região do Mediterrâneo e Ásia como os Italianos, Alemães,
Poloneses, Ucranianos, Povos Árabes, Japoneses, entre outros, concentrados mais nos Estados
das Regiões Sul e Sudeste.
Com esta imigração para o Brasil ocorreu um aumento também da população na Região
do Nordeste, Norte e Centro-Oeste, contudo, em função de vários fatores, entre eles, o clima, a
economia, a ocupação já consolidada e o início de uma produção agro-industrial, onde ela ocorre
de forma mais amena. Há uma intensificação na Região Centro-Oeste durante o período entre as
duas Grandes Guerras Mundiais onde, à distância dos grandes centros urbanos do Brasil foi visto
de forma estratégica pelas famílias dos imigrantes. (SANTOS, 2005b).
Já na região Norte, neste mesmo período, apresentou o valor mais baixo (62,3%) de taxa
de urbanização. (RODRIGUES, 1996).
Segundo Maricato (2009) no final da Segunda Guerra Mundial, a industrialização foi a
grande responsável para o fortalecimento do mercado interno, onde passou a produzir bens
duráveis com grande desenvolvimento da produção em grande escala, diversificação dos
produtos, funcionários assalariados e modernização da sociedade. No início do século XX
ocorreu a preocupação com as questões de saneamento básico e embelezamento paisagístico,
onde as obras foram realizadas em algumas cidades brasileiras e que caracterizaram o urbanismo
moderno à moda da periferia.
O mercado imobiliário ganhou força e a população que foi excluída deste processo foi
expulsa para os arredores da cidade. A partir de 1950, as produções de eletrodomésticos, bens
eletrônicos e automóveis geraram grandes mudanças no modo de vida dos consumidores, na
habitação e nas cidades, sendo que o consumo em massa destes bens acaba por alterar os valores,
a cultura e o ambiente construído. Contudo, o aumento da produção e do uso do automóvel
resultou também nas questões ambientais associadas ao ruído urbano. Após a Segunda Guerra
Mundial, o setor automobilístico caracterizou-se por pelo rápido crescimento da produção
mundial, ao passar de 3,9 milhões de unidades em 1946 para 13,7 milhões em 1955; e 24,3
milhões em 1965. (GUIMARÃES, 1980).
Santos (2005b) denominou este período como sendo tecnológico, caracterizado pela
difusão da indústria e do capitalismo das grandes corporações e da difusão rápida dos meios de
comunicação. O autor destaca que a tecnologia da comunicação é essencial para o crescimento.
Só após os anos 60 a cidade assumiu um novo processo de desenvolvimento nacional em
consequência do chamado “modelo de substituição das importações” que acelerou a urbanização.
Porém, foi a partir de 1964 que as cidades passam a ocupar o centro de uma política
idealizada a mudar o padrão de produção, onde o Brasil instalou a indústria automobilística que
modificou totalmente o sistema de transporte brasileiro. Em se tratando do mercado habitacional,
os recursos financeiros foram captados em grande escala, modificando o perfil das cidades.
Iniciou-se neste período, o processo de verticalização no país com a construção de edifícios
considerados de classe média. (MARICATO, 2009).
Outro indicador do processo de urbanização refere-se à expectativa de vida ao nascer. Na
década de noventa, a expectativa de vida ao nascer aumenta de 66 anos para 68,6 anos para
43
ambos os sexos. As taxas de natalidade, no Brasil, vêm decrescendo desde a década de 70 devido
a mudanças ocorridas no planejamento familiar e ao controle da natalidade com o uso de pílulas
anticoncepcionais e inserção maior das mulheres no mercado de trabalho. Nos anos 80, a taxa de
fecundidade era de 4,34 filhos por mulher. Após dez anos as taxas caíram para 2,85. (IBGE,
2010).
Lima e Santoro (2005) realizaram um estudo para identificar os avanços apresentados
pelas cidades brasileiras, quais os resultados e restrições que devem ser superados para reduzir as
consequências do transporte e trânsito por meio da gestão do crescimento urbano. Identificaram
que o trânsito e o tráfego de veículos, decorrentes do aumento do número de vias e de veículos
circulando, são grandes problemas das cidades atuais.
Os resultados revelaram sobre a questão do planejamento de transporte e de trânsito,
devem considerar as variáveis como o espaço e tempo necessários para os deslocamentos, com o
melhor uso do espaço urbano acarreta na redução do tempo de viagem para a maioria, e reduz
também custos e melhora a qualidade de vida e do meio ambiente com a diminuição de emissão
de poluentes.
Segundo Serre (2001) o processo de urbanização na Amazônia ocorreu a partir de uma
política pública que sustentava que os núcleos urbanos assumiam a função econômica e social.
Trata-se de um processo recente ocorrido há aproximadamente 40 anos. Através desta nova
conduta de política quase dois terços da população ocupou estes núcleos no início deste milênio.
Sendo que a ocupação do espaço e o adensamento populacional demandaram grandes
investimentos públicos em infraestrutura mínima. No entanto, a redução do financiamento
público forçou a reorganização das prioridades nacionais gerando diminuição dos movimentos
migratórios necessários para a ocupação efetiva das áreas selecionadas na Amazônia. Neste
contexto, o povoamento se dava de acordo com as configurações geográficas do espaço, onde a
região deixou de atrair e de ser alvo de grandes movimentos migratórios.
Mais especificamente na cidade de Belém, Sarges (1999) explica que a urbanização se
estabelece de acordo com o comércio da borracha a partir de 1897 no governo de Antônio Lemos.
A cidade de Paris foi o modelo para as intervenções urbanas na cidade, prevalecendo as ruas
largas para melhorar o escoamento da produção e a transação comercial da borracha, calçadas,
iluminação pública e espaços verdes. A capital sofreu uma transformação para atender o setor
financeiro e de consumo dos investidores estrangeiros e dos seringalistas. Belém precisou obter
44
obras de saneamento e melhora no urbanismo, onde também foi instalado serviço de transporte
público.
Para Machado (2004) a partir da década de 40 o fluxo migratório foi maior e, como
consequência, surgiram vilas e passagens nas terras altas, como também à ocupação de áreas
alagadas, invasões e implantação de projetos habitacionais nas áreas rurais de Belém e
Ananindeua. Esse crescimento desordenado se deu através do grande processo de verticalização
no centro urbano e pelo aparecimento de muitas vilas e passagens.
De acordo com o IBGE, no período compreendido entre 1980 e 1990, a cidade de Belém
apresentou uma das maiores taxas de expansão urbana. As taxas de crescimento da população
foram de 1,64% no Brasil. No Censo de 2010 a população urbana chega na marca de 1.380.836
de habitantes. (IBGE, 2010).
Para Rodrigues (1996) o processo de verticalização se torna inviável em alguns centros
comerciais na medida em que pode formar grandes muralhas de edifícios colados uns aos outros,
numa cidade de relevo pouco acidentado, causando alteração dos ventos e os tornando mais
sensíveis às questões de ruído. Contudo, o tráfego urbano se agrava devido ao número de
veículos que permanecem estacionados nas vias públicas e por esta razão impossibilita o fluxo
normal das vias de trânsito, além de contribuírem para a má qualidade do ar, com a emissão de
poluentes e geração de ruído.
De acordo com o DETRAN-PA em até outubro de 2010 a Região metropolitana de Belém
contava com 283.752 automóveis registrados. Segundo informações obtidas por funcionários da
Instituição, houve o aumento do uso de motocicletas que são usadas para serviço de moto-táxi e
de entregas de mercadorias e documentos realizados por trabalhadores autônomos, e que muitas
das vezes não são registrados, não podendo desta forma precisar o número total real.
Russo (1993b) cita que diariamente o ruído é introduzido no meio ambiente. São sons que
provocam desconforto mental e/ou físico, que resultam de vibrações irregulares que podem afetar
o equilíbrio sonoro, refletindo também sobre o sistema auditivo e nas funções orgânicas. Para o
autor, semelhante a um radar, a audição estende-se a todas as direções e grandes distâncias,
informando-nos acerca da localização e a distância em que se encontra o indivíduo da fonte
sonora; constituindo em um mecanismo de defesa e alerta. Observa-se ainda que, dependendo do
indivíduo, os sons podem provocar as mais diversas reações físicas e emocionais, como: susto,
risos, lágrimas, sensações de prazer e desprazer, participação e segurança, as quais são
partilhadas com os semelhantes, tendo como agente intermediário à linguagem falada, adquirida
principalmente pela audição.
A poluição sonora urbana, nas últimas décadas, passou a ser considerada como a forma de
poluição que atinge o maior número de pessoas. Assim, desde o Congresso Mundial realizado em
1989 na Suécia sobre a poluição sonora, o ruído passou a ser considerado como questão de saúde
pública. (FERNANDES, 2003).
A poluição é considerada hoje, o problema ambiental que afeta o maior número de
pessoas, depois da poluição do ar e da água (OMS, 2003). Sendo que para Marques (1997),
muitas pessoas atribuem a presença do barulho à modernidade, ao progresso e à diversão e
apontam o ruído como uma necessidade.
Schafer (1991) afirma que o progresso das civilizações criará mais ruído, e não menos.
Com toda esta probabilidade, o nível de ruído aumentará não só nos centros urbanos, mas, com o
aumento da população e a proliferação das máquinas, o ruído invadirá os poucos refúgios de
silêncio que restam no mundo e que daqui a um século, quando o homem quiser fugir para um
local mais silencioso, pode ser que não tenha sobrado nenhum lugar para onde ir.
De acordo com Nunes (2006), o ruído urbano pode se originar de várias fontes como: o
tráfego, indústrias, comércio, construções civis, carros-som, e vários outros tipos de atividades
que acabam prejudicando o bem-estar da sociedade. Até mesmo, alguns eventos com alto índice
de ruído que ocorrem poucas vezes durante o ano como: festas, propagandas políticas, micaretas,
etc são bastante prejudiciais à audição.
46
Podemos acusar como uma das principais fontes causadoras de ruído urbano nas grandes
cidades consiste no tráfego rodado. Este ruído vem dos motores, dos choques das peças e o
escapamento dos veículos, do atrito dos pneus com a pista de rolamento, etc. Sendo que a
indústria de automóvel está melhorando na fabricação dos motores para que diminua o ruído nas
ruas. (FREITAS, 2006).
Segundo Mota (1999), o crescimento da população urbana exige transporte, habitação e
uma maior incidência da instalação de comércio e indústria em áreas antes estritamente
residenciais. Sendo suas principais fontes de poluição sonora, como: tipos de transporte terrestre,
tráfego aéreo, obras de construção civil, atividades industriais, aparelhos eletrodomésticos, setor
de diversões públicas e o próprio comportamento humano.
Para Barretto (2008), atualmente o ruído se estabelece como um dos agentes
contaminantes mais nocivos à saúde humana. A noção do barulho é subjetiva, podendo variar de
pessoa para pessoa, mas o organismo tem limites físicos para suportá-lo, além de trazer uma série
de malefícios à população, sendo muitos deles irreversíveis, com a perda auditiva, por exemplo.
As principais fontes causadoras do ruído urbano são:
Fontes estacionárias: equipamentos urbanos (discotecas, restaurantes), construção civil,
fábricas, aparelhos eletrodomésticos, etc;
Fontes que provêm do tráfego urbano: trens, metrôs, aeronaves em sobrevôo às áreas
habitadas, helicópteros, tráfego viário (automóveis, utilitários, motocicletas, ônibus,
caminhões, etc);
Fontes produzidas pelo homem: diálogos, esportes, etc.
A questão da poluição sonora parece se tornar cada vez mais ampla, visto que lugares
bem próximos, que antes eram considerados sossegados, tornaram-se zonas de alto índice de
ruído e cada vez se torna mais difícil encontrar um local realmente silencioso nas cidades.
Embora o grau de sensibilidade varie com as características individuais e dependa do tipo de
sociedade em que cada qual se insere, o certo é que o agravamento da situação começa a suscitar
preocupações generalizadas nos profissionais da área de engenharia ambiental urbana, engenharia
civil, arquitetura e da área de saúde. (BARRETTO, 2008).
47
Verifica-se que a Constituição Federal de 1988 tem uma grande preocupação com o valor
humano, mediante princípios como o da igualdade, dignidade, felicidade do Homem, entre
outros. Com isso, reservou um capítulo para tratar somente do meio ambiente, tomando-se a
primeira Constituição do Brasil a tratar do tema. Em seu artigo 225, declara que “todos têm
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo pai-a as presentes e futuras gerações”.
Ao falarmos em qualidade de vida sadia, inserimos também um meio ambiente livre de
poluição sonora. Envolve a todos a proteção desse meio. É dever de todos, portanto, o controle do
ruído, sendo que cada um deve se policiar de seu barulho emitido e ajudar a coletividade a manter
o limite tolerável ao organismo humano. (BRASIL, 2009a).
Ainda no artigo 225, mais precisamente em seus § 1º e 3º nos revela que:
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das
espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei,
vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua
proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública
para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua
função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade.
48
Lei, denominada Estatuto da Cidade, (BRASIL, 2001), estabelece normas de ordem pública e
interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança
e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental. No artigo 2º nos fala:
A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais
da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:
I – garantia do direito a cidade sustentável, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao
saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho
e ao lazer, para as presentes e futuras gerações;
II – gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas
dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos,
programas e projetos de desenvolvimento urbano;
III – cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade no
processo de urbanização, em atendimento ao interesse social;
IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e
das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de influência, de modo a
evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio
ambiente;
V – oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos
adequados aos interesses e necessidades da população e às características locais;
VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:
a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos;
b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;
c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à
infra-estrutura urbana;
d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos
geradores de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente;
e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não
utilização;
f) a deterioração das áreas urbanizadas;
g) a poluição e a degradação ambiental;
50
f) Estabelecer convênios, contratos e atividades afins com órgãos e entidades que, direta ou
indiretamente, possa contribuir para o desenvolvimento do Programa SILÊNCIO.
O Programa Nacional de Educação e Controle da Poluição Sonora - SILÊNCIO foi
instituído pela Resolução CONAMA nº 002, de 8/3/90 considerando a necessidade de estabelecer
normas, critérios e ações para controlar o ruído excessivo que influencia na qualidade de vida, na
saúde e bem estar da população atingida pelo o excessivo ruído. O IBAMA é quem coordena o
programa SILÊNCIO. E quanto aos Estados e Municípios compete estabelecer e implementar os
programas estaduais de educação e controle da poluição sonora, de acordo com o estabelecido no
Programa SILÊNCIO.
O Programa SILÊNCIO tem como principais objetivos promover cursos técnicos para
capacitar pessoal e controlar os problemas de poluição sonora nos órgãos de meio ambiente
estaduais e municipais em todo o país; divulgar, junto à população, matéria educativa e
conscientizadora dos efeitos prejudiciais causados pelo excesso de ruídos; incentivar a fabricação
e uso de máquinas, motores, equipamentos e dispositivos com menor intensidade de ruído quando
de sua utilização na indústria, veículos em geral, construção civil, utilidades domésticas, etc;
incentivar a capacitação de recursos humanos e apoio técnico e logístico dentro da Polícia Civil e
Militar para receber denúncias e tomar providências de combate à poluição sonora urbana em
todo Território Nacional; estabelecer convênios, contratos e atividades afins com órgãos e
entidades que, direta ou indiretamente, possam contribuir para o desenvolvimento do Programa
SILÊNCIO.
Em 07 de Dezembro de 1994, foi estabelecida a Resolução CONAMA Nº 20/94,
(IBAMA, 2009) instituindo a obrigatoriedade do uso do SELO RUÍDO em eletrodomésticos
produzidos e importados e que gerem ruído no seu funcionamento. Este “selo” permite mostrar
ao consumidor informações sobre o ruído emitido pelos eletrodomésticos, possibilitando ao
indivíduo escolher o produto mais silencioso. Contudo esta resolução incentiva a fabricação de
produtos com menor nível de ruído, e consequentemente o documento expedido pelo IBAMA
autorizando o fabricante ou importador utilizar o SELO RUÍDO nas embalagens ou nos produtos
para os quais foram feitas as solicitações e atribuindo melhor qualidade destes. A Autorização é
concedida após análise dos documentos exigidos. De acordo com a resolução supracitada, para
haver manutenção do SELO RUÍDO, o fabricante ou importador tem a responsabilidade de
realizar medições periódicas (anuais) para verificar a necessidade de solicitação de nova
53
Autorização. Deve ser feita nova solicitação da Autorização ao IBAMA quando a média dos
resultados das medições ficar acima do valor da Declaração inicial ou quando a média dos
resultados das medições de manutenção ficar 6 (seis) dB(A) abaixo da Declaração inicial.
O uso do SELO RUÍDO é obrigatório para os seguintes eletrodomésticos:
Liquidificadores e aspiradores de pó, importados ou fabricados no país: o selo deve estar na
embalagem externa, obedecendo a tamanho B (6,8 cm x 6,3 cm), e a manutenção deve ser pelo
período de 12 meses.
O Conselho Superior da Polícia Civil – CONSUP, (ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO
ESTADO DO PARÁ , 2006), através da resolução nº 001/06, de 9 de março de 2006, no uso das
atribuições previstas no art. 13, item I, letra F e § 10 da Lei Complementar nº 022/94, com as
alterações introduzidas pelas Leis de nº 046/04 e 055/2006. CONSIDERANDO as demonstrações
estatísticas referentes às ocorrências de variados crimes, como homicídios, lesões corporais,
roubos, furtos, acidentes de trânsito, poluição sonora, etc., cujas incidências estão relacionadas
com estabelecimentos comerciais de diversões públicas; CONSIDERANDO que a maioria dessas
modalidades delituosas, além de ocorrer em ambientes ou no entorno de estabelecimentos que
comercializam bebidas alcoólicas, acontecem geralmente no período da madrugada;
CONSIDERANDO que um dos princípios institucionais da Polícia Civil consiste na preservação
da ordem pública e dos direitos individuais e coletivos, bem como o combate eficaz da
criminalidade e da violência; RESOLVE:
I – Determinar que, a partir da publicação desta, o funcionamento de estabelecimentos de
diversões públicas que comercializam bebidas alcoólicas será até zero hora, em todo o Estado do
Pará.
II – Consideram-se estabelecimentos de diversões públicas, para efeito desta resolução: bares,
restaurantes, postos de venda de combustíveis, depósitos de bebidas, tabernas, boates, lojas de
conveniência, clubes, casas de shows, espaços abertos públicos ou privados que comercializam
bebidas alcoólicas; danças e outros estabelecimentos sujeitos à fiscalização da Polícia;
III - Fica proibida também, até o limite do horário estabelecido nesta resolução, a
comercialização de bebidas alcoólicas por vendedores ambulantes e em residências;
IV – Os estabelecimentos de diversões públicas que possuam tratamento acústico, segurança
interna, infra-estrutura adequada e que não apresentem incidência de violência, poderão funcionar
54
até às 03:30 horas, do dia seguinte, desde que comprovem tais circunstâncias através de laudos
técnicos expedidos pelos órgãos públicos responsáveis;
V – Nos municípios onde existem leis municipais disciplinando o horário de funcionamento de
estabelecimentos de diversões públicas, deverão prevalecer às prescrições nelas contidas;
VI – Ficam proibidas as realizações de festas e outros eventos de que trata esta resolução, das
segundas-feiras às quintas-feiras, com a utilização de aparelhagens sonoras de pequeno, médio e
grande portes;
VII – A concessão de licença e/ou alvará para funcionamento de estabelecimentos de diversões
públicas poluidores ou potencialmente poluidores, pela Divisão de Polícia Administrativa (DPA),
ou na sua falta, pela Unidade Policial com tal atribuição, está condicionada à apresentação prévia
da licença ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente ou equivalente;
VIII – Incumbe às Diretorias de Polícia Especializada (DPE), de Polícia Metropolitana (DPM),
de Polícia do Interior (DPI) e demais Unidades a elas subordinadas, o controle e a fiscalização
para o efetivo cumprimento do disposto nesta resolução;
IX – Para fins de apoio e fiscalização ao cumprimento da presente resolução, oficie-se ao
Excelentíssimo Senhor Comandante Geral da Polícia Militar do Estado do Pará.
X – Revogam-se as disposições em contrário.
Instituída, sancionada e promulgada pela Câmara Municipal de Belém, a Lei Municipal de
nº 7.990, de 10 de janeiro de 2000, (SEMMA, 2000), dispõe sobre o controle e o combate à
poluição sonora no Município de Belém. Esta lei estabelece padrões, critérios e diretrizes para a
emissão ou imissão de sons e ruídos produzidos por qualquer atividade exercida em ambiente
confinado ou não.
De acordo com esta lei, estão garantidos o sossego e o bem estar público, proibindo a
perturbação com sons excessivos, vibrações ou ruídos incômodos de qualquer natureza, que
ultrapassem os limites estabelecidos na mesma, tendo como níveis de intensidades fixados pela
NBR 10.151/2000 da ABNT.
São obrigações como prevenção, fiscalização e o controle da poluição sonora que
competem ao órgão municipal responsável pela política ambiental. Estabelecer também um
programa de controle da poluição sonora, em ação conjunta com a Secretaria Executiva de
Segurança Pública do estado do Pará e outros órgãos afins. A legislação vigente prevê
penalidades desde uma simples advertência notificada por escrito, multa e apreensão dos
55
Para Rapin (1992), os veículos automotores são a maior causa de poluição sonora. O
CONAMA está para adotar normas internacionais avançadas na produção automobilística para
ganhar cerca de 12 dBA nos veículos novos. Teria que inspecionar eficazmente os escapamentos
dos veículos usados, sua fluidez e congestionamento no trânsito. Centrais de carga deveriam ser
criadas na periferia das metrópoles. Na Cidade, só circulariam caminhões leves, mais silenciosos
e em horas adequadas. Contudo, a pavimentação das ruas e estradas deveria produzir menos
ruído.
São também excessivamente ruidosos nossos aparelhos elétricos e mecânicos, que ecoam
pelos prédios, por isso não basta o "SELO DE RUÍDO" do INMETRO. Alguns setores industriais
e boêmios estão mal localizados nas zonas residenciais. As atividades de algumas pessoas e
autoridades desconsideram a questão, promovendo eventos ruidosos de dia e até pela noite.
(IBAMA, 2009).
As principais medidas, para se prevenir dos efeitos da poluição sonora, segundo uma
campanha publicada por Moniz, (2009), e outros pesquisadores que defendem a mesma idéia
como Moraes e Lara, (2004); Medeiros (1999) podem ser:
Redução do ruído e demais sons poluentes na fonte emissora;
Redução do período de exposição (principalmente para pessoas expostas continuamente a
processos que geram muito poluição sonora), quando não for possível a neutralização do risco
pelo uso de proteção adequada;
Educação da população;
Uso de proteção adequada nos ouvidos ao risco auditivo;
Em festas colocar o som com volume adequado ao "Ambiente", evitando-se o volume alto.
56
Não permanecer por tempo prolongado em ambientes onde se tenha que gritar para ser
ouvido pelo interlocutor à distância de um metro.
O controle do ruído não ocupacional depende de todos nós nos engajarmos numa
campanha de redução do controle de volume dos equipamentos sonoros coletivos ou individuais,
a fim de que o ouvido possa ser respeitado em sua excelência, além de estarmos, assim,
contribuindo para melhorar nossa própria qualidade de vida, tão ameaçada pelos vários tipos de
poluição ambiental e sonora. (RUSSO, 1993a).
57
A cidade de Belém possui uma pesquisa muito importante sobre poluição sonora que
compete à 1ª Légua Patrimonial, o Mapa Acústico de Belém (MAB). O MAB, realizado entre os
anos de 2002 e 2004, teve como objetivo traçar o perfil sonoro da região, possibilitando a
intervenção correta no sentido de amenizar e resolver os problemas ocasionados pelos distúrbios
sonoros no ambiente urbano da cidade, influenciando o nível de qualidade de vida da população.
O MAB diagnosticou, através de uma coleta de dados físicos e subjetivos, os níveis de pressão
sonora (NPS) aos quais a população da cidade de Belém está exposta; analisou, a partir da
percepção sonora dos habitantes, o grau de moléstias gerado pelos diversos tipos de ruído na 1ª
Légua Patrimonial de Belém. (MORAES e LARA, 2004).
O mapa acústico é resultado de uma pesquisa feita pela Universidade da Amazônia
(Unama) em 18 bairros de Belém, onde foram identificados os pontos críticos de poluição sonora.
Em grande parte dessas áreas a emissão de ruídos é muito alta ou intolerável na maior parte do
dia, levando-se em consideração as recomendações da Organização Mundial de Saúde. O mapa
acústico constatou, que em todos os 18 bairros analisados os índices de ruído ultrapassam os
58
níveis máximos permitidos pela legislação brasileira, na Norma NBR 10151 “Acústica –
Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade – Procedimento” da
ABNT, em vigor desde 1° de agosto de 2000, que fixa as condições exigíveis para avaliação da
aceitabilidade do ruído em comunidades independente da existência de reclamações”.
(MORAES e LARA, 2004).
O bairro da Cidade Velha é o mais antigo bairro da cidade e nele está situada parte do
patrimônio arquitetônico do período colonial de Belém, portanto, com edificações de um a no
máximo três pavimentos. Durante muito tempo foi um bairro predominantemente residencial,
com comércios e serviços portuários de pequenas embarcações para passageiros e cargas. Na
análise feita pelo MAB, no período diurno (7h-22h), os níveis de pressão sonora estavam um
pouco acima dos níveis aceitáveis e recomendáveis e era consequência do ruído de tráfego de
veículos, potencializado pelas características morfológicas do bairro. O tráfego de veículos que
causava mais impacto acontecia pela via principal e limite do bairro, o que gerava NPS médios
entre 75 dBA e 85 dBA. Enquanto que nas vias internas do bairro registravam NPS médios que
iam de 60 dBA à 75 dBA, conforme ilustra a FIGURA 3. (MORAES e LARA, 2004).
POPULAÇÃO
Cidade Velha Nazaré
TEMPO DE MORADIA NO BAIRRO (ANOS)
Nº % Nº %
01 a 05 32 14 74 25
06 a 10 35 11 70 23
11 a 20 38 13 108 36
21 a 30 20 7 48 16
A partir de 31 165 55 0 0
Total 300 100 300 100
POPULAÇÃO
Nº % Nº %
Nível Fundamental 155 51 75 25
Nível Médio 85 28 45 15
Superior 60 21 180 60
Total 300 100 300 100
Problema Auditivo.
A Tabela 3 mostra que 92% da população investigada do bairro da Cidade Velha declara
que ouvem bem, sendo que 8% alegam não ouvir bem. Enquanto que do bairro de Nazaré nos
indica que pelo menos 82% afirmam ouvir bem e 18% nos revela não escutar bem.
Verificou-se, portanto que, entre os 300 consultados do bairro da Cidade Velha, a cada
grupo de 12 pessoas, uma pessoa relata não ouvir bem. No bairro de Nazaré, é um número maior,
a cada cinco pessoas uma apresenta o mesmo problema.
POPULAÇÃO
Cidade Velha Nazaré
OUVE BEM
Nº % Nº %
Sim 275 92 245 82
Não 25 8 55 18
Total 300 100 300 100
Quanto à tolerância ao ruído, para o bairro da Cidade velha observa-se que 18% são
menos tolerantes, (75%) tolerantes e (7%) mais tolerantes, sendo que o de Nazaré, menos
tolerantes (16%), igual (73%) e mais tolerantes (11%).
Percebeu-se que no bairro da Cidade Velha a população é menos tolerante em relação ao
ruído do que a do bairro de Nazaré, pois o bairro ainda está passando por processo de mudança
63
em seu uso e ocupação do solo, fazendo com que as pessoas sejam menos tolerantes com o ruído
crescente no bairro. Conforme a tabela 4.
POPULAÇÃO
Cidade Velha Nazaré
TOLERÂNCIA AO RUÍDO
Nº % Nº %
Menos tolerantes 54 18 49 16
Tolerantes 226 75 220 73
Mais tolerantes 20 7 31 11
Total 300 100 300 100
No bairro da Cidade Velha, os três tipos de queixas mais frequêntes foram o zumbido
(25%), dor de cabeça (15%) e ruído intermitente (9%). Enquanto que no bairro de Nazaré a
queixa mais freqüente é a alta de sensibilidade (23%), zumbido (20%) e ruído intermitente
(12%). Ver gráficos 1 e 2.
INFLAMAÇÃO NO OUVIDO 1%
REDUÇÃO DE AUDIÇÃO 1%
RUÍDO INTERMITENTE 9%
ZUMBIDO 25%
0 5 10 15 20 25 30
64
DO QUE SE QUEIXA-NAZARÉ
NÃO ESCUTA
BEM AS VEZES
5%
DOR DE CABEÇA 6%
REDUÇÃO DE
AUDIÇÃO
8%
POPULAÇÃO
RUÍDO
INTERMITENTE
12%
ZUMBIDO 20%
ALTA
SENSIBILIDADE
23%
0 5 10 15 20 25
Ambiente e Percepção.
No bairro da Cidade Velha apenas 13% possui dificuldade de se comunicar em casa, 17%
possui o hábito de escutar som muito forte, 43% considerou ruidoso o local onde mora e 83%
avaliou que houve aumento do ruído como tempo de moradia, conforme tabela 5.
65
Nota-se, nesta amostra, que a população entrevistada no bairro de Nazaré tem maior
dificuldade de se comunicar em casa (60%) do que no bairro da Cidade Velha (13%).
Outra diferença está no questionamento se considera ruidoso o local onde mora, Cidade
Velha (43%) e Nazaré (87%). Isso se explica, pelo fato do bairro da Cidade Velha ser mais
silencioso nos períodos da manhã e de tarde ao somar 35% os dois turnos, e ficando o turno da
noite mais ruidoso com 65%. Pois em função da já citada modificação no uso do solo, não
somente residencial, mas com a forte presença de bares e casas noturnas. Ao contrário do bairro
de Nazaré, onde o período da manhã (72%) ainda é o mais ruidoso, reflexo do grande fluxo dos
veículos no bairro, o que nos mostra a tabela 7.
66
POPULAÇÃO
Cidade Velha Nazaré
PERÍODO DO DIA MAIS RUIDOSO
Nº % Nº %
Manhã 82 27 215 72
Tarde 23 8 52 17
Noite 195 65 33 11
Total 300 100 300 100
POPULAÇÃO
Cidade Velha Nazaré
CLASSIFICAÇÃO DO RUÍDO NO LOCAL
Nº % Nº %
Pouco intenso 85 28 20 7
Intenso 71 24 60 20
Muito intenso 145 48 220 73
Total 300 100 300 100
De acordo com o ruído que se escuta com mais freqüência, no bairro da Cidade Velha,
o tráfego está em 1º lugar com 63%, em 2º lugar a buzina com 40% e em 3º lugar, locais de lazer
(32%). No bairro de Nazaré, tráfego (96%), buzina (53%), pessoas gritando na rua (47%),
respectivamente. O resultado evidencia a forte influência do tráfego sobre a percepção do ruído
pelos entrevistados. Ver gráficos 3 e 4.
67
CASAS COMERCIAIS 4%
PESSOAS GRITANDO NA RUA 6%
RADIO OU TV DE VIZINHOS 7%
CONSTRUÇÃO 13%
POPULAÇÃO
FESTAS DE VIZINHOS 18%
ANIMAIS 30%
TRÁFEGO 63%
R U Í D O M A I S F R EQ U ÊN T E - N A Z A R É
CA SA S COM E RCI A I S 3%
RA DI O OU T V DE V I ZI NHOS 12%
A NI M A I S 20%
FE ST A S DE V I ZI NHOS 40%
B UZI NA S 53%
T R Á FE GO 96%
A T I V I D A D E I N T E R R O M P I D A - C I D A D E V E LHA
ESCUTAR
5%
MÚSICA
TRABALHAR 8%
POPULAÇÃO
CONVERSAR 12%
ASSISTIR
17%
TELEVISÃO
LER 30%
DORMIR 77%
ATIVIDADE INTERROMPIDA-NAZARÉ
TRABALHAR 17%
CONVERSAR 24%
POPULAÇÃO
ASSISTIR
30%
TELEVISÃO
LER 43%
DORM IR 78%
As fontes de ruído que mais aumentaram com o tempo no bairro da Cidade Velha são as
casas noturnas (82%), o tráfego de veículos (63%) e aparelhagens de som (30%). Na opinião dos
moradores do bairro de Nazaré, o tráfego aumentou em 78%, buzina 70% e locais de lazer (50%).
Portanto, os dados fortalecem a tese sobre o aumento do ruído noturno na Cidade Velha,
conforme os gráficos 7 e 8 a seguir.
70
R U Í D O Q U E A U M E N T O U C O M O T E M P O - C I D A D E V E LHA
CONSTRUÇÕES 6%
M Á QUINA S 11%
RUÍ DO
12 %
COM UNITÁ RIO
POPULA ÇÃ O
A NIM A IS 15%
B UZINA 18 %
A PA RELHA GEM
30 %
DE SOM
TRÁ FEGO 63 %
CA SA S
82 %
NOTURNA S
R U ÍD O QU E A U M EN T OU C OM O T EM PO- N A Z A R É
APARELHAGEM DE
SOM
8%
RUÍDO
COMUNITÁRIO
23%
ANIMAIS 33%
SIRENE 50%
BUZINA 70%
TRÁFEGO 78%
FOLHAS DE
6%
ÁRVORES
TV 9% POPULAÇÃO
M ÚSICA
16%
SUAVE
CHUVA 30%
0 50 100 150
M ÚSICA
52%
SUAVE POP ULAÇÃO
CHUVA 60%
FOLHAS DE
63%
ÁRV ORES
R U ÍD O D E SA GR A D ÁV E L- C I D A D E V E LH A
CONST RUÇÃ O 5%
P OP ULA ÇÃ O
RUÍ DO COM UNI T Á RI O 11%
A NI M A I S 15%
T RÁ FE GO 21%
B UZI NA 66%
R U Í D O D E S A G R A D ÁV E L - N A Z A R É
M Á QUI NA S P E SA DA S 22%
A NI M A I S 30%
T RÁ FE GO 93%
Sintomas.
80% dos moradores da Cidade Velha e 93% dos moradores de Nazaré consideram que o
ruído urbano é prejudicial à saúde. Os dados mostram o grau de consciência dos entrevistados em
relação ao prejuízo que o ruído causa à saúde. Ver tabela 9.
POPULAÇÃO
CIDADE VELHA NAZARÉ
O RUÍDO É PREJUDICIAL SIM % NÃO % SIM % NÃO %
Com relação aos sintomas percebidos com a exposição ao ruído no bairro da Cidade
Velha, os mais citados são: irritabilidade (76%), cefaléia (48%) e nervosismo (28%). No bairro
de Nazaré, a população entrevistada aponta a irritabilidade (78%), a cefaléia (73%) e a alteração
74
de concentração (56%). Nota-se que independente do nível e/ou do tipo de ruído, os sintomas
percebidos dos entrevistados são prioritariamente irritabilidade e cefaléia. Ver gráficos 13 e 14.
GRÁFICO 13. Sintomas causados pelo ruído nos moradores do bairro da Cidade Velha.
SI N T O M A S- C I D A D E V E L H A
A LT E RA ÇÃ O N A
25%
CONCE N T RA ÇÃ O
A LT E RA ÇÃ O DE
27% P OP ULA ÇÃ O
A T E N ÇÃ O
NE RV OSI SM O 28%
CE FA LÉ IA 48%
0 50 10 0 15 0 200 250
GRÁFICO 14. Sintomas causados pelo ruído nos moradores do bairro de Nazaré.
SI N T O M A S- N A Z A R É
NE RV OSI SM O 49%
A LT E RA ÇÃ O NA
56%
CONCE NT RA ÇÃ O
CE FALÉ IA 73%
PR EV EN ÇÃO D O R U Í D O- C I D A D E V ELHA
USA PROTETOR
12%
NO OUVIDO
POPULAÇÃO
PASSEAR 25%
ISOLA 29%
DENUNCIA 63%
PR EV EN ÇÃO D O R U ÍD O- N A Z A R É
ASSISTE TV 8%
LER 20%
POPULAÇÃO
ESCUTAR MÚSICA 32%
DORMIR 39%
PASSEAR 45%
DENUNCIA 48%
ISOLA 86%
Estresse e Informação.
POPULAÇÃO
CIDADE VELHA NAZARÉ
CONHECIMENTO SIM % NÃO % SIM % NÃO %
Leis de poluição sonora 244 81 56 19 214 71 86 29
Profissionais que atuam sobre o
estresse 260 87 40 13 255 85 45 15
Entre outros fatores que geram estresse na população do bairro da Cidade velha, os três
mais citados foram: trânsito (52%), desentendimentos (41%) e problemas pessoais (26%).E no
bairro de Nazaré, o trânsito ficou em 1º lugar com 72%; 63% injustiça e 42% desentendimentos.
Isto nos mostra que existem vários outros fatores que podem desencadear o estresse, não sendo
somente aplicado ao ruído urbano, pois a população de modo geral, o avalia de forma subjetiva.
Os resultados estão ilustrados nos gráficos 17 e 18 abaixo.
78
GRÁFICO 17. Outros fatores que geram estresse no bairro da Cidade Velha.
A NSIE DA DE 12%
M E NT IRA S 13%
E ST UDA R 16%
P OP ULA ÇÃ O
FA LT A DE RE SP E IT O 17%
B A GUNÇA 26%
DE SE NT E NDIM E NT OS 41%
T RÂ NSIT O 52%
O U T R O S F A T O R E S Q U E G E R A M E ST R E SSE - N A Z A R É
FA LT A DE RE SP E I T O 16%
M E DO 22%
POPULAÇÃO
B A GUNÇA 25%
T RA B A LHA R M UI T O 29%
I M P A CI Ê NCI A 37%
DE SE NT E NDI M E NT OS 42%
I NJ UST I ÇA 63%
T RÂ NSI T O 72%
Em relação aos meios de controle do estresse para o bairro da Cidade Velha, os três mais
citados resultam em: 62% preferem deitar; 51% passear e 45% tomar banho. E no bairro de
Nazaré, 66% preferem passear, 62% assistir Tv e 47% ouvir música. Foi verificado que no bairro
da Cidade Velha, a maioria do entrevistados possui idade a partir de 60 anos, com 58%. E o fato
das pessoas preferirem se deitar estar ligado diretamente com a idade.
80
GRÁFICO 19. Meios para o controle do estresse para o bairro da Cidade Velha.
CONV E RSA R 10 %
FI CA E M SI LÊ NCI O 11%
15 %
OUV E M ÚSICA
A UT OCONT ROLE 16 %
18 %
I SOLA
20%
P OPULA ÇÃO
A SSI ST E T V
T OM A RE M É DI O 24%
LE R 25%
A CA DE M I A 33%
T OM A R B A NHO 45%
PA SSEA R 5 1%
DE I T AR P / RE LA XA R 62%
0 20 40 60 80 10 0 12 0 14 0 16 0 18 0 200
81
C ON T R OL E D O ES T R ES S E- N A ZA R É
COMER 12%
ISOLA 25%
ACADEMIA 29%
LER 30%
ASSISTE TV 62%
PASSEAR 66%
Foram encontradas significativas diferenças quanto ao período do dia mais ruidoso nos
dois bairros. Na Cidade velha, o período noturno é o mais afetado (65%) e em Nazaré, é o
período diurno (72%). Este resultado é explicado pelo fato de que o bairro da Cidade Velha está
sofrendo mudanças nas suas características de uso, como já foi citado anteriormente, passando,
além de residencial e comercial diurna, à zona de lazer noturno, com o aparecimento de bares,
restaurantes, casas noturnas e atividades ao ar livre.
Com relação ao ruído mais frequênte, nos dois bairros o tráfego e a buzina de veículos
foram os mais escutados. Um estudo semelhante foi desenvolvido na cidade de Curitiba por
Zannin et al. (2002). Nele, os autores mostram que o tráfego foi, também, apontado como
principal fonte sonora geradora de ruído (71%), sendo o ruído de vizinhança (38%) o segundo
mais importante. Outro estudo (Kürer, 1997), também investigou a percepção da população
alemã face ao ruído, resultando em que 69% sentiam-se prejudicadas com o ruído do tráfego
urbano, 41% com o tráfego aéreo, 21% com os tráfegos ferroviários e industriais e também 21%
com o ruído comunitário. O resultado demonstra que o ruído de tráfego é o principal
contaminante entre diferentes tipos de ruído nos grandes centros urbanos.
De acordo com o estudo de Gerges (2000), o ruído é conhecido como um dos maiores
problemas da atualidade, em especial o ruído proveniente das áreas urbanas como bares, boates,
restaurantes, indústrias, entre outros, e principalmente o tráfego de veículos. Neste caso, o ruído
tem grande reflexo na saúde da população, podendo acarretar em vários problemas, tais como:
perda auditiva, desconforto acústico, interferência na comunicação, distúrbio no sono e outros
efeitos nocivos no corpo humano. Segundo sua pesquisa, estes efeitos podem causar problemas
sociais, tais como baixa produtividade e ausência no trabalho e na escola, aumento de uso de
drogas e acidentes, também como a perda de valor imobiliário em determinadas áreas urbanas.
Em algumas conversas informais junto aos entrevistados do bairro de Nazaré, foi
identificado que alguns moradores decidiram se mudar de suas habitações, por não se
acostumarem com o barulho intenso e/ou preferiu sair em busca de uma melhor qualidade de
vida.
Dormir e ler são as atividades mais interrompidas pelo ruído nos dois bairros analisados,
embora em Nazaré o período do dia mais ruidoso seja apontado o matutino, o que demonstra que
83
o sono é interrompido nas primeiras horas do dia. No bairro da Cidade Velha o período noturno
está cada vez mais ruidoso, prejudicando o sono dos moradores do local durante esse período. E,
de acordo com um estudo de Muzet (2007), o sono está diretamente relacionado ao ruído, pois,
mesmo o corpo dormindo, ele responde a estímulos provenientes do ambiente, onde os efeitos do
ruído no sono podem ser imediatos ou secundários à exposição, sendo que para ser imediato, o
indivíduo responde imediatamente após a emissão do ruído, e o secundário depende de fatores
que aconteceram no decorrer do dia ou relatos subjetivos de distúrbios do sono, enfatizando
também que a sensibilidade fisiológica do ruído no sono é atribuído à idade do indivíduo. Neste
sentido, observou-se que a maioria da população entrevistada do bairro da Cidade Velha possui
uma idade mais avançada (a partir de 60 anos), com 58% dos moradores, nos mostrando
verdadeiramente que a idade é um fator relevante em relação ao sono.
Um outro estudioso no tocante ao ruído urbano como Pimentel-Souza (1992), afirma que
todos os indivíduos têm o sono sensível ao ruído. Em seu estudo epidemiológico do sono,
realizado na cidade de São Paulo e também com suas diversas medições em Metrópoles
brasileiras permitem levantar a seguinte hipótese científica de que o efeito do ruído no sono se
resume em problema de saúde pública, envolvendo a maioria da população.
Quanto ao ruído que aumentou com o tempo, o bairro da Cidade Velha se difere do bairro
de Nazaré, apontando um incômodo maior por causa do ruído proveniente de casas noturnas
(82%) e em segundo lugar tráfego de veículos (63%), esse resultado confirma a presença de um
número cada vez maior de veículos atraídos pelos bares e casas noturnas no bairro. Entretanto,
em Nazaré, o tráfego continua sendo a principal fonte de ruído (78%), que o caracteriza como um
bairro de escoamento do fluxo de veículos, que faz a interligação dos bairros periféricos ao centro
da cidade, ficando em segundo lugar a buzina com 70%.
Para Jorge Jr et al. (1996) dizem que a situação de indivíduos que estão expostos a grande
intensidade sonora decorrente de alguns tipos de veículos podem se agravar ainda mais e são, na
maioria, jovens que, mesmo antes de iniciarem as fases produtivas de suas vidas, já podem
apresentar lesão de um órgão de comunicação.
Como prevenções do ruído, 86% dos moradores do bairro de Nazaré preferem isolar-se, e
apenas 48% da população fazem denúncia, mesmo o bairro sendo mais ruidoso em relação ao
bairro da Cidade Velha. Enquanto que no bairro da Cidade Velha a primeira atitude é denunciar
(63%) seguida de isolar-se (29%). Esse resultado nos faz entender que moradores de bairros
84
10. CONCLUSÃO
interferência do ruído sobre a saúde e a vida das pessoas, e possam dispor de soluções para o
controle e prevenção do ruído e a conservação da qualidade de vida urbana.
Portanto, acredita-se que as analises feitas para os bairros de Nazaré e Cidade Velha no
presente trabalho possam ser expandidas aos outros bairros da cidade de Belém, a exemplo do
Mapa Acústico de Belém e sirva, ainda, de modelo à outros municípios do Estado e demais
Estados brasileiros.
88
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94
APÊNDICES
ESTUDO: Análise dose-efeito dos danos subjetivos do ruído urbano na população de Belém-Pa.
Você está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa acima citado. O documento
abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que estamos fazendo. Sua
colaboração neste estudo será de extrema importância para nós, mas se desistir a qualquer
momento, isso não lhe causará nenhum prejuízo.
Eu, ------------------------------------------------------------------------------------------------residente e
domiciliado na .............................................................................................................., portador da
Cédula de identidade, RG ............................. , e inscrito no CPF/MF.......................... nascido(a)
em _____ / _____ /_______ , abaixo assinado(a), concordo de livre e espontânea vontade em
participar como voluntário(a) do estudo “Análise dose-efeito dos danos subjetivos do ruído
urbano na população de Belém-Pa.”. Declaro que obtive todas as informações necessárias, bem
como todos os eventuais esclarecimentos quanto às dúvidas por mim apresentadas.
Estou ciente que:
I) Esta pesquisa tem como objetivo analisar os efeitos extra-auditivos do ruído urbano em dois
bairros da cidade de Belém como o bairro de Nazaré: sendo este considerado o mais ruidoso e o
bairro da Cidade Velha, o menos ruidoso.O tema proposto tem como preocupação fazer uma
análise comparativa-quantitativa em relação ao grau de incômodo da população referente aos dois
bairros supracitados.
II) Será feita uma pesquisa de campo (aplicação de questionário) envolvendo apenas os
moradores dos bairros estudados com a finalidade de observar os resultados alcançados.
III) A pesquisa será feita apenas para este estudo, não causando nenhum risco e/ou transtorno ao
entrevistado. Quanto aos benefícios ao sujeito da pesquisa, estes contribuirão para que se melhore
cada vez mais o conforto ambiental no espaço, especialmente os relacionados ao ruído urbano.
IV) A participação neste projeto não me acarretará qualquer ônus pecuniário com relação aos
procedimentos efetuados com o estudo;
V) Tenho a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração neste estudo no momento em
que desejar, sem necessidade de qualquer explicação;
VI) A desistência não me causará nenhum prejuízo.
VII) Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo, mas concordo que sejam
divulgados em publicações científicas, desde que meus dados pessoais não sejam mencionados;
Caso eu desejar, poderei pessoalmente tomar conhecimento dos resultados, ao final desta
pesquisa.
Belém, de de 2010.
95
( ) Responsável ..................................................................................................
Testemunha 1 : _______________________________________________
Nome / RG / Telefone
Testemunha 2 : ___________________________________________________
Nome / RG / Telefone
Professora Dra. Elcione Maria Lobato de Moraes e Mestranda Simone de Nazaré Dias Pena Lima
no telefone e endereço UNAMA Av Alcindo Cacela, n° 287, Umarizal. Belém-Pa. Tel:
(91)40093284.
96
ANEXOS
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
15. Houve aumento do ruído com o tempo de moradia no local? Sim ( ) Não ( )
16. Que tipo de ruído aumentou com o tempo? ___________________________________
17. No local onde você mora, que tipo de ruído lhe é agradável? _____________________
18. E que tipo de ruído lhe é desagradável? ______________________________________
19. Já esteve exposto a algum tipo de explosão e em seguida sentiu algo na orelha?
Sim ( ) Não ( ) Lado da orelha:_________ Nº de episódios:________________
20.Você sente que o incômodo com o ruído urbano prejudica sua saúde? Sim ( ) Não ( )
21. Após ficar algum tempo em local ruidoso, você percebe ou já percebeu alguma vez, alguns
desses sintomas:
( ) Irritabilidade ( ) Dor de cabeça
( ) Nervosismo ( ) Alteração de atenção
( ) Alteração de concentração ( ) Outros. Quais: ___________________________
22.O que você faz para impedir ou minimizar o incômodo causado pelo ruído urbano?
_________________________________________________________________________
23.Você conhece as leis vigentes para controle da poluição sonora? Sim ( ) Não ( )
24. Além do estresse ocasionado pelo ruído, que outros fatores geram o estresse em você?
_________________________________________________________________________
25. Que sintomas corporais o estresse causa em você?
_________________________________________________________________________
26. Depois que está estressado, o que você faz para controlar o estresse?
_________________________________________________________________________
27. Você saberia dizer que profissional da área da saúde que atua no combate ao estresse?
Sim ( ) Não ( )
No caso de sim, qual?
_________________________________________________________________________