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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

ESTUDO SOBRE A ASSOCIAÇÃO ENTRE AS CARACTERÍSTICAS DE

GOVERNANÇA CORPORATIVA E O NÍVEL DE DISCLOSURE DAS PROVISÕES

E PASSIVOS CONTINGENTES DAS EMPRESAS LISTADAS

NA BM&FBOVESPA

GISLAINE LOPES DOS REIS

JUIZ DE FORA

2016
GISLAINE LOPES DOS REIS

ESTUDO SOBRE A ASSOCIAÇÃO ENTRE AS CARACTERÍSTICAS DE GOVERNANÇA

CORPORATIVA E O NÍVEL DE DISCLOSURE DAS PROVISÕES E PASSIVOS

CONTINGENTES DAS EMPRESAS LISTADAS

NA BM&FBOVESPA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


pela acadêmica Gislaine Lopes dos Reis ao
curso de Ciências Contábeis da Universidade
Federal de Juiz de Fora, como requisito para a
obtenção do título de Bacharel em Ciências
Contábeis.
Orientadora: Prof(a). Ma. Luciana Holtz.
Área de concentração:..

Juiz de Fora
FACC/UFJF
2016
Dedico aos meus pais Moacir e Maria
Aparecida, a minha irmã Gisele, a minha filha
Ketlin e ao meu amigo Rafael, por todo
incentivo, paciência e amor.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS

Termo de Declaração de Autenticidade de Autoria

Declaro, sob as penas da lei e para os devidos fins, junto à Universidade Federal de Juiz
de Fora, que meu Trabalho de Conclusão de Curso é original, de minha única e exclusiva
autoria e não se trata de cópia integral ou parcial de textos e trabalhos de autoria de
outrem, seja em formato de papel, eletrônico, digital, audiovisual ou qualquer outro meio.
Declaro ainda ter total conhecimento e compreensão do que é considerado plágio, não
apenas a cópia integral do trabalho, mas também parte dele, inclusive de artigos e/ou
parágrafos, sem citação do autor ou de sua fonte. Declaro por fim, ter total conhecimento
e compreensão das punições decorrentes da prática de plágio, através das sanções civis
previstas na lei do direito autoral¹ e criminais previstas no Código Penal², além das
cominações administrativas e acadêmicas que poderão resultar em reprovação no
Trabalho de Conclusão de Curso.

Juiz de Fora, 15 de Março de 2016.

________________________________________________
Gislaine Lopes dos Reis

______________________
¹ LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos
autorais e dá outras providências.
² Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano
ou multa.
Faculdade de Administração e Ciências Contábeis
Bacharelado em Ciências Contábeis

ATA DE DEFESA DO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Aos 15 dia do mês de Março de 2016, nas dependências da Faculdade de Administração e


Ciências Contábeis da Universidade Federal de Juiz de Fora, reuniu-se a banca examinadora
formada pelos professores abaixo assinados para examinar o Trabalho de Conclusão de Curso
de GISLAINE LOPES DOS REIS, discente regularmente matriculado(a) no Bacharelado em
Ciências Contábeis sob o número 201177012, intitulado ESTUDO SOBRE A ASSOCIAÇÃO
ENTRE AS CARACTERÍSTICAS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA E O NÍVEL DE
DISCLOSURE DAS PROVISÕES E PASSIVOS CONTINGENTES DAS EMPRESAS
LISTADAS NA BM&FBOVESPA. Após a apresentação e consequente deliberação, a banca
examinadora se reuniu em sessão fechada, considerando o (a) discente
_________________________________. Tal conceito deverá ser lançado em seu histórico
escolar quando da entrega da versão definitiva do trabalho, impressa e em meio digital.

Juiz de Fora, 15 de Março de 2016.

Prof. Ma. Luciana Holtz


Orientadora

Prof. Me. Angelino Fernandes Silva

Prof. Me. Luis Carlos Barbosa dos Santos


LISTA DE TABELAS
Tabela1 – Composição final da amostra................................................................................... 29
Tabela 2 – Itens de divulgação das provisões e passivos contingentes .................................... 31
Tabela 3 – Interpretação de correlação ..................................................................................... 35
Tabela 4 – Estatística descritiva ds variáveis ........................................................................... 37
Tabela 5 – Distribuição de frequência das variáveis binárias .................................................. 39
Tabela 6 – Matriz de correlação de Spearman ......................................................................... 40
Tabela 7 – Teste de médias – comparação ID em relação a Auditoria .................................... 41
Tabela 8 – Teste de médias – comparação ente ID em relação a Separação entre presidete do
conselho e CEO ........................................................................................................................ 42
Tabela 9 – Teste de média – comparação do ID entre os anos ................................................. 43
Tabela 10 – Resumo dos resultados encontrados ..................................................................... 45
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BM&FBOVESPA Bolsa de Valores Mercadorias e Futuros


CEO Chief Executive Office
CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis
CVM Comissão de Valores Mobiliários
DFP Demonstrações Financeiras Padronizadas
FASB Financial Accounting Standards Board
FR Formulário de Referência
IAS International Accounting Standard
IBGC Instituto Brasileiro de Governança Corporativa
RESUMO

A expansão do mercado de capitais e a harmonização das normas contábeis devido ao


processo de globalização, impulsionou a demanda pelo disclosure das informações e
conhecimento da situação econômica financeira das empresas por parte dos usuários da
informação. Em 2009, a emissão do CPC 25 em consonância às Normas Internacionais de
Contabilidade apresentou as diretrizes para o tratamento que deve ser dado as provisões e aos
passivos contingentes no que tange sua mensuração, reconhecimento e divulgação.
Considerando a importância das informações sobre os riscos e incertezas as quais as empresas
estão expostas, visto que estas que podem vir a afetar resultados futuros e a falta de estudos
com a presente abordagem, a pesquisa classificada como teórico-empírica, de caráter
descritivo, tem por objetivo identificar quais características de governança corporativa
apresentam associação com o nível de disclosure das provisões e passivos contingentes das
empresas listadas na BM&FBOVESPA. A amostra é composta por 218 empresas listadas na
BM&FBOVESPA, que negociam apenas ações e, os dados utilizados na pesquisa foram
obtidos através das Demonstrações Financeiras Padronizadas e dos Relatórios de Referência
dos exercícios de 2010 e 2014. Para atender ao objetivo proposto foi calculado o índice de
disclosure e apurada as proxys das características. Utilizou-se do modelo estatístico de
correlação Spearman e do teste de diferença de médias para responder as hipóteses
levantadas. Os resultados revelam que as características ‘Tamanho do Conselho’ e Auditoria’
apresentaram associação positiva com o nível de disclosure. As características ‘Concentração
de Capital’ e ‘Independência do Conselho’ não são estatisticamente significativas. Já a
característica ‘Separação entre CEO e Presidente do Conselho’ apresentou associação positiva
significativa com o nível de disclosure apenas no ano de 2014. Complementarmente O índice
de disclosure não apresentou evolução estatisticamente significativa de 2010 para 2014. A
partir das evidências empíricas obtidas neste estudo pode-se afirmar que as características de
governança corporativa recomendadas pelo IBGC, consideradas boas práticas, influenciam
positivamente na divulgação de informações ao mercado.

Palavras-chave: Provisões. Passivos Contingentes. Disclosure. Características de


Governança Corporativa.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................9
1.1 Contextualização ............................................................................................................. 9
1.2 Problema de pesquisa ................................................................................................... 10
1.3 Objetivo ......................................................................................................................... 11
1.4 Motivação e Justificativa ............................................................................................. 12
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 14
2.1 Teoria da Divulgação................................................................................................... 14
2.1.1 Tipos de Disclosure ................................................................................................. 16
2.2 Governança Corporativa ............................................................................................ 18
2.3 Provisões e Passivos Contingentes .............................................................................. 20
2.4 Estudos Anteriores ....................................................................................................... 23
2.5 Construção das hipóteses de estudo ........................................................................... 25
3 METODOLOGIA............................................................................................................... 29
3.1 População e amostra .................................................................................................... 29
3.2 Coleta e técnicas de análise de dados ........................................................................ 30
3.2.1 Mensuração do nível de disclosure das provisões e passivos contingentes ............ 30
3.2.2 Índice de disclosure ................................................................................................. 32
3.2.3 Estimação das variáveis de governança corporativa.............................................. 33
3.2.4 Modelo estatístico .................................................................................................... 34
3.2.5 Teste de médias........................................................................................................ 35
3.3 Limitações da pesquisa............................................................................................... 36
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................................ 37
4.1 Análise das características de governança corporativa e do índice de disclosure..37
4.2 Análise dos testes de correlação e de diferença de médias ...................................... 40
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 44
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 47
APÊNDICE A - Frequências relativas dos itens de divulgação de 2010 e 2014............ 52
APÊNDICE B - Correlação de Spearman ........................................................................ 53
APÊNDICE C - Teste de médias ....................................................................................... 54
9

1 INTRODUÇÃO
A introdução do presente estudo destina-se à contextualização, à apresentação do
problema de pesquisa, dos objetivos geral e específicos, bem como a motivação e
justificativa.

1.1 Contextualização
O advento da globalização econômica trouxe diversas mudanças para o cenário
contábil nacional e internacional, impulsionando a demanda por informações e a busca por
maior disclosure por parte das empresas, dos investidores e dos demais stakeholders
(DANTAS et al, 2005).
Ocasionou também na necessidade de se promover a harmonização das práticas
contábeis; a convergência da contabilidade brasileira às normas internacionais de
contabilidade demandou a criação do Comitê de Pronunciamento Contábeis – CPC
(ALMEIDA et al, 2012).
O CPC foi criado pela resolução do Conselho Federal de Contabilidade - CFC n º
1.055/05, com o objetivo de estudar, preparar e emitir pronunciamentos técnicos, suas
interpretações e orientações sobre procedimentos de contabilidade societária e a divulgação de
informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pelas entidades reguladoras
brasileiras, visando atender as demandas desse processo de universalização.
Dentre os pronunciamentos emitidos está o CPC 25, correlato à Norma Internacional
de Contabilidade International Accounting Standard - IAS 37, no qual estão estabelecidos os
critérios de reconhecimento e bases de mensuração apropriados a provisões, a passivos e
ativos contingentes, bem como a divulgação suficiente de informações em notas explicativas
que permita aos usuários entendimento sobre sua natureza, oportunidade e valor (CPC 25,
2009).
Iudícibus (2000) enfatiza que para atender à demanda informacional, a Contabilidade
deve fornecer um conjunto de informações diferenciadas que atenda a todos os usuários
através do disclosure. Para Hendriksen e Van Breda (1999) a divulgação de informações é
indispensável à tomada de decisão por parte de seus usuários. Complementarmente
Verrecchia (2001) acredita que uma maior evidenciação resulta em maior a confiança do
investidor.
A relevância do disclosure de contingências se revela então no fornecimento de
informações úteis aos participantes no mercado de títulos, já que proporciona aos usuários
10

mais transparência em relação à situação das empresas (BACKMON; VICKREY, 1997), e de


acordo com Leite (2001) exibe os riscos e as incertezas as quais estão expostas.
Considerando este contexto e com vistas à sobrevivência e expansão, Lopes e Martins
(2005) julgam ser necessário que os demonstrativos financeiros das empresas reflitam a real
situação econômica-financeira e que os relatórios financeiros possibilitem o conhecimento da
conduta mediante as exigências normativas, de modo a reduzir a assimetria informacional,
conferir transparência e credibilidade às informações divulgadas através da evidenciação.
Lima e Pereira (2011) alegam que tais fatores são considerados reflexos da adoção de práticas
de governança corporativa.
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa - IBGC (2009) define governança
corporativa como um sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e
incentivadas, envolvendo as práticas e os relacionamentos entre proprietários, conselho de
administração, diretoria e órgãos de controle.
Gonçalves et al (2008) destacam que empresas com melhores práticas de governança
corporativa tendem a divulgar informações mais completas e com melhor qualidade, isto
porque as dimensões da governança corporativa, como: a propriedade, o conselho de
administração, a auditoria independente e a transparência e gestão, contribuem
substancialmente para que as empresas sejam mais transparentes, sendo elas beneficiadas pela
melhoria da imagem institucional e pela redução dos riscos que oferecem na visão dos
investidores, já que para eles, a adoção de tais políticas possui relação com a segurança e o
sucesso do investimento.

1.2 Problema de Pesquisa


A problemática que envolve o tratamento contábil dado às provisões e aos passivos
contingentes está na incerteza e subjetividade ao se mensurar tais elementos, conforme expõe
Farias (2006). Sendo assim, é necessário que os demonstrativos financeiros sejam elaborados
com observância às normas de modo a representar a real situação das empresas, com vistas à
transparência e credibilidade em relação a estas que reportam a informação.
Dada a relevância da divulgação de informações sobre prováveis e possíveis
desembolsos para a liquidação destas obrigações estar em conformidade com as normas,
Oliveira (2007) afirma ser esperado que as empresas atendam às exigências normativas e as
demandas informacionais, além de apresentar melhor qualidade e detalhamento mediante a
boas práticas de governança corporativa.
11

Deste modo, formulou-se o seguinte problema de pesquisa:


Quais características de governança corporativa estão associadas com o nível de disclosure
das provisões e passivos contingentes das empresas com ações negociadas na
BM&FBOVESPA?

1.3 Objetivo
Objetivo geral
Visando responder à pergunta de pesquisa, o objetivo geral do estudo é identificar
quais características de governança corporativa apresentam associação com o nível de
disclosure das provisões e passivos contingentes das empresas listadas na BM&FBOVESPA .

Objetivos Específicos
Para o cumprimento do objetivo geral foram estabelecidos os seguintes objetivos
específicos:
 Elaborar um checklist de informações a serem evidenciadas conforme determinado o
CPC 25;
 Verificar, através do índice de disclosure, o nível de evidenciação das provisões e
passivos contingentes conforme exigido pelo CPC 25;
 Apurar o nível de Concentração de Capital utilizando como proxy o percentual de
ações detidas pelos cinco maiores acionistas;
 Verificar o tamanho do Conselho de Administração;
 Apurar o nível de Independência do Conselho de Administração utilizando como
proxy a proporção de conselheiros independentes em relação ao total de membros;
 Identificar quais as empresas são auditadas pelas Bigfour, classificando-as através de
codificação binária;
 Investigar se existe separação dos cargos de diretor-presidente e presidente do
conselho de administração, através de codificação binária;
 Verificar estatisticamente se existe correlação entre o nível de índice disclosure e as
características de governança corporativa concentração de capital, tamanho do conselho
e independência do conselho;
 Investigar se as empresas auditadas pelas Bigfour apresentam maior índice de
dislcosure em relação às demais;
12

 Investigar se as empresas que tem separação entre cargos de presidente do conselho e


diretor executivo apresentam maior índice de dislcosure em relação às demais;
 Comparar o nível de disclosure dos anos de 2010 e 2014 a fim de verificar se houve
evolução, sendo eles estatisticamente diferentes.

1.4 Motivação e Justificativa


A necessidade de adaptar os demonstrativos financeiros às Normas Internacionais de
Contabilidade se apresentou como um grande desafio para a contabilidade nas últimas
décadas, sendo este, no entendimento de Oliveira (2011), intensificado por assuntos dúbios,
tais quais representam as provisões e os passivos contingentes.
As peculiaridades que envolvem as provisões e os passivos contingentes influenciam
diretamente na credibilidade das informações divulgadas pelas empresas, bem como no
próprio patrimônio da entidade. No entanto, como afirma Lopes (2014), embora seja
obrigatória a divulgação das informações exigidas pelas normas contábeis, algumas empresas
apresentam resistência em divulgar tais informações já que os stakeholders tendem a associar,
principalmente a existência de provisões, a riscos financeiros.
Deste modo, para Oliveira (2011) a integração dos mercados potencializou a adoção
das práticas de governança corporativa, considerados mecanismos que conferem às empresas
credibilidade e visibilidade perante aos usuários das informações contábeis e ao mercado,
contribuindo para que haja maior transparência na divulgação de tais informações e que
tragam melhor entendimento aos usuários sobre as contingências e a situação da empresa.
A evidenciação das provisões e passivos contingentes é um assunto que vem sendo
explorado na literatura acadêmica, porém a maioria dos estudos se propõe a analisar apenas
um período de divulgação das informações.
Este estudo busca verificar se houve evolução na evidenciação das informações e se
propõe a investigar dois anos: 2010, o ano de vigência do CPC 25 em convergência às
Normas Internacionais e 2014, o mais recente referente a qual os demonstrativos financeiros
estão disponíveis, com análise comparativa entre ambos.
Cabe ressaltar que não fora encontrada nas publicações pesquisadas a proposta de
verificar a correlação entre o nível de disclosure e características específicas de governança
corporativa. Portanto, pretende-se contribuir com a literatura com novas evidências em
relação ao cumprimento das empresas frente às exigências legais de evidenciação e fomentar
as discussões acerca do disclosure e governança corporativa.
13

O estudo se justifica dada a relevância de verificar se estão sendo disponibilizadas


informações acerca das provisões e dos passivos contingentes conforme as exigências do CPC
25, já que estes são elementos revestidos de incertezas e riscos tais quais não estão totalmente
sob controle das empresas e que podem vir a influenciar as decisões tomadas pelos usuários, o
desempenho e a posição no mercado (FARIAS, 2004).
Do mesmo modo faz-se pertinente verificar se as características de governança
corporativa apresentam associação com o nível de evidenciação dada a importância atribuída
ao papel da governança corporativa no disclosure das informações.
O estudo está estruturado em cinco capítulos: este primeiro, a introdução, o capítulo 2
aborda o referencial teórico, o capítulo 3 apresenta a metodologia utilizada, o 4 destina-se a
análise e discussão dos resultados e o 5 traz as considerações finais.
14

2 REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo destina-se a revisão da literatura e abordará a Teoria da Divulgação,
Características da Governança Corporativa, Provisões e Passivos Contingentes, Estudos
Anteriores e por fim o desenvolvimento das hipóteses.

2.1 Teoria da Divulgação


A teoria da divulgação segundo Rover (2009) tem como principal objetivo elucidar o
fenômeno da divulgação das informações financeiras, bem como as razões para que sejam
divulgadas. A evidenciação contábil, também conhecida como divulgação ou disclosure é o
processo de tornar públicas as informações financeiras de uma empresa.
Autores como Lopes e Martins (2005) enfatizam que esta é umas das etapas do
processo contábil, que tem por objetivo fornecer informações sobre determinado patrimônio,
ressaltando as transações e eventos já reconhecidos e mensurados.
Já Yamamoto e Salotti (2006) explicitam que a divulgação é uma informação sobre o
valor da empresa e que esta deve ser completa, justa e adequada, porém ressaltam que a
informação é imperfeita.
O disclosure é conceituado por Iudícibus (2000, p.121) como:
Um compromisso inalienável da contabilidade com seus usuários e com os próprios
objetivos. As formas de evidenciação podem variar, mas a essência é sempre a
mesma: apresentar informação quantitativa e qualitativa de maneira ordenada,
deixando o menos possível para ficar de fora dos demonstrativos formais, a fim de
propiciar uma base adequada de informação para o usuário.

O conceito apresentado por Murcia e Santos (2009) guarda relação com o conceito de
transparência corporativa. Segundo os autores o disclosure refere-se a disseminação de
informações confiáveis e relevantes sobre o desempenho financeiro e operacional, sobre as
práticas de governança, as oportunidades e os riscos aos quais a empresa está sujeita.
Para Hendriksen e Van Breda (1999) a divulgação de informações é indispensável à
tomada de decisão por parte de seus usuários, além de contribuir com a dinâmica do mercado
de capitais. Os autores são complementados com o posicionamento de Verrecchia (2001) que
ressalta que uma maior evidenciação resulta em maior confiança do investidor, na redução da
assimetria da informação e no auxílio à gestão do risco.
Considerando este processo informacional, Lopes e Martins (2005) acrescentam que a
Contabilidade desempenha papel fundamental ao materializar a situação econômica-
financeira das empresas por meio dos demonstrativos financeiros.
15

Contudo, Murcia (2010) ressalta que a prática da contabilidade é realizada por


indivíduos e que os processos de reconhecimento, mensuração e disclosure envolvem
julgamento, sendo necessário considerar que a discricionariedade influencia as escolhas
contábeis, visto o risco de a informação perder sua utilidade para os usuários e agentes.
Na mesma linha, Lopes (2014) coloca que a divulgação das informações é fortemente
influenciada pelos princípios da Teoria da Agência, onde agente e principal buscam agir em
favor de seu interesse próprio. O autor no entanto, enfatiza que as mudanças ocorridas na
economia global e a pressão emergente dos mercados de capitais exigem que a informação
seja divulgada de forma oportuna e que atenda às expectativas externas e de seus usuários.
Tais considerações alinham-se ao que Jensen e Meckling (1976) já haviam afirmado, de que o
disclosure das informações auxilia na redução dos conflitos de agência.
Tem-se então que o comprometimento com um melhor disclosure diminui a
possibilidade dos gestores agirem de forma a destruir o valor da empresa, conforme menciona
Murcia (2010) e ainda serve como mecanismo de proteção aos direitos dos acionistas
minoritários, já que não possuem acesso privilegiado a informações.
Neste mesmo discurso de benefícios sobre disclosure, Rover (2009) acrescenta como
resultado do mesmo a redução do custo de capital, aumento da liquidez das ações e aumento
da visibilidade da empresa, considerando-os como fatores que incentivam as divulgações.
Por outro lado, o mesmo autor alerta que as empresas têm incentivos a não divulgar
informações, influenciados pelos custos de propriedade; há uma tendência da empresa
demonstrar uma boa performance, ressaltando suas qualidades aos investidores e acionistas,
de modo a manter uma posição competitiva no mercado e contribuir para que a
responsabilidade de um desempenho insatisfatório não seja atribuída totalmente a ela, mas a
fatores externos sobre os quais não tem controle (ROVER, 2009).
Nessa mesma vertente, Verrecchia (2001) expõe que as forças econômicas limitam a
divulgação e, neste caso, as empresas optam por fornecer somente informações que serão bem
vistas pelo mercado, ainda que com isso tenham que arcar com custos de capital mais alto.
No que tange à relação entre custo e benefício da divulgação, Dantas et al (2005)
discorrem que os custos para produzir a informação não devem exceder os benefícios
oriundos desta, sendo necessário haver equilíbrio entre ambos. Verrecchia (2001) ressalta que
há influência dessa relação no nível de divulgação, sendo que, quando os custos aumentam, o
nível de disclosure é reduzido, já que o equilíbrio não é atingido. As empresas têm então esse
fato como outro limitador da produção e divulgação de informações. Porém, o autor
16

acrescenta que, se não existem custos de divulgação, a empresa é incentivada a divulgar as


informações de forma ampla, ou seja, full disclosure; caso o contrário, o mercado pode vir a
avaliar tal situação como desfavorável para a empresa.
Em contraponto, Dye (2001) argumenta que o mercado não pressiona nem induz as
empresas a divulgar informações dado que os stakeholders desconhecem o total de
informações que foram ou não disponibilizadas e que os investidores interpretam as
informações, ou sua não divulgação de maneiras diferentes.
Ainda neste contexto, Dantas et al.(2005) colocam que os agentes reguladores atuam
impondo um conjunto de informações mínimas que supram as necessidades dos usuários de
modo geral, devendo ser capazes de auxiliar na tomada de decisão e a estimar o valor da
empresa, de modo confiável. Assim, a exigência de requisitos mínimos de divulgação também
contribui para a redução dos conflitos de agência e da disparidade de conhecimento dos
agentes econômicos, considerando a expropriação das informações.
Adicionalmente, Verrecchia (2001) argumenta que as empresas devem considerar as
consequências da divulgação das informações, tendo em vista que o disclosure contribui para
que sua situação no mercado seja alterada, uma vez que a tomada de decisão dos usuários e
percepção do mercado são influenciadas pela qualidade e quantidade das informações
disponibilizadas.

2.1.1 Tipos de Disclosure


A evidenciação contábil, ou disclosure, divide-se em dois tipos: compulsório e
voluntário. Segundo Lima (2007) o disclosure compulsório refere-se a determinações legais e
regulamentares, que engloba os requerimentos de informações necessárias ao registro das
companhias abertas e as demais informações periódicas exigidas pela Comissão de Valores
Mobiliários ou associações de cada país.
Já o disclosure voluntário, como Lima (2007) descreve, está relacionado às
informações não obrigatórias por lei que, no âmbito corporativo fazem alusão à transparência
da empresa. Ambos os tipos, de acordo com Iudícibus (2004) estão relacionados com os
objetivos da Contabilidade no que tange à garantia de informações que subsidie os usuários na
tomada de decisão.
De acordo com a CVM (2010), as empresas tendem a limitar-se apenas à divulgação
de informações legalmente exigidas e, se faz necessário a presença do órgão regulador para
evitar que sejam adotadas práticas que coloquem em risco a confiabilidade do mercado
17

financeiro como um todo, de modo a assegurar que a informação fornecida seja tempestiva,
relevante e útil,e tenha sua utilidade maximizada ao usuário.
Ainda nessa vertente, Murcia e Santos (2009) salienta que através do disclosure os
investidores distinguem as empresas entre boas ou ruins, portanto, as empresas têm buscado
divulgar mais informações adicionais por considerá-las como uma possível vantagem
competitiva.
Dye (2001) observa que o disclosure obrigatório e o disclosure voluntário algumas
vezes são substitutos. Complementarmente Murcia (2010) coloca que um aumento no nível de
disclosure obrigatório pode vir a substituir práticas que até então eram voluntárias e cita como
exemplo a Demonstração dos Fluxos de Caixa.
Yamamoto e Salotti (2006) advertem que faz-se necessário discussões entre os
pesquisadores sobre como as divulgações devem ser tratadas, pois os defensores da
obrigatoriedade da divulgação colocam que não são fornecidas informações suficientes aos
usuários; já os que defendem a divulgação de forma voluntária argumentam que as empresas
atendem sim a demanda informacional, tendo em vista que recebem incentivos para tal.
Anteriormente, ao discorrer sobre os grupos que divergem sobre a divulgação,
Hendriksen e Van Breda (1999), apresentaram o mesmo argumento trazido por Yamamoto e
Salotti (2006) em relação aos que são a favor de uma regulação mais rígida. Porém, trazem
como argumento dos defensores do disclosure voluntário a concepção de que as informações
que não são divulgadas são irrelevantes, consequentemente sem nenhum efeito sobre as
decisões dos usuários.
Na concepção de Verrecchia (2001), não existe uma teoria unificada em relação às
informações emitidas pelas empresas; existe apenas um conjunto de direcionadores que
permitem que os estudos sejam integrados e por isso várias são as críticas em relação aos
estudos sobre a informação contábil.
Dye (2001) concorda com Verrecchia (2001) que a literatura sobre o disclosure
obrigatório não está madura o suficiente para ser considerada teoria. Porém, se contrapõe no
que diz respeito ao disclosure voluntário; o autor argumenta que este pode ser considerado
como uma extensão da Teoria dos Jogos1, em que a entidade divulgará voluntariamente a
informação na medida em que esta lhe for favorável.

1
O conceito de teoria dos Jogos apresentado pelo matemático norte- americano Jonh Nash (1950), refere-se a
uma estratégia “ótima”, ou seja, a tomada de decisões que levam ao melhor resultado, considerando
antecipadamente a percepção dos receptores. Ganhou notoriedade no mundo acadêmico, destacadamente nas
18

Apesar de apresentarem algumas discordâncias, Verrecchia (2001) e Dye (2001),


concordam que deve ser dada atenção aos estudos que se propõem a investigar a eficiência do
disclosure obrigatório.

2.2 Governança Corporativa


O mercado financeiro tem sido cada vez mais influenciado pelo crescimento
econômico e pela globalização, o que para Silveira (2003), vem resultando em um crescente
aumento no número de investidores e acionistas, e estes buscam informações que assegurem o
retorno sobre seus investimentos. Neste contexto, o desenvolvimento e a credibilidade do
mercado demandam por maior transparência através de boas práticas contábeis e de
governança corporativa. Busca-se então através destas práticas, preservar e otimizar o valor
das empresas, para que, além de acesso facilitado ao capital, possam assegurar a
competitividade das mesmas (IBGC, 2009).
No Brasil, as discussões acerca da governança corporativa tiveram início a partir de
1990, quando as companhias passaram a demandar práticas capazes de fazer com que as
divergências entre os agentes e os principais fossem reduzidas, dada a separação entre
propriedade e controle. A partir dessa necessidade, e com a criação do Instituto Brasileiro de
Governança Corporativa (IBGC) em 1995, as práticas pertinentes foram aprimoradas,
consistindo em um sistema de monitoramento e incentivo das organizações, referente às
relações entre proprietários, conselhos de administração e órgãos de controle, a fim de
expandir o nível informacional e reforçar a ideia de transparência (IBGC, 2009).
A governança corporativa, além de estar relacionada com a criação de mecanismos
internos e externos que garantam que as decisões corporativas sejam conduzidas de modo a
maximizar o retorno dos investidores e acionistas, como coloca Silveira (2003), está
diretamente vinculada a quatro pilares: a transparência, a equidade, a prestação de contas e a
responsabilidade corporativa, sendo estes no entendimento de Yamamoto e Salotti (2006)
fundamentais à divulgação de informações fidedignas a fim de possibilitar maior
confiabilidade e segurança na tomada de decisão pelos usuários da informação.

Ciências Sociais e Econômicas, a Teoria dos Jogos é utilizada para explicar as interações humanas no que diz
respeito a decisões estratégicas.
19

É destacada por Healy e Palepu (2001) a importância do disclosure como um dos


pilares da governança corporativa, já que é o mecanismo de comunicação entre as empresas,
investidores e o mercado de capitais.
Para a BM&FBOVESPA (2009), “o conceito de governança corporativa engloba um
conjunto de regras que disciplina as relações empresariais, assegurando o alinhamento de
interesses entre empresa, administradores, controladores e demais acionistas”. Pode ainda ser
entendida, como sugere Carvalho (2002), como um conjunto de mecanismos ou princípios
que tem o intuito de minimizar os problemas de agência e conduzir os processos decisórios de
uma empresa.
No entendimento de Shleifer e Vishny (1997) governança corporativa refere-se a
mecanismos utilizados pelos fornecedores de recursos para assegurar o retorno do capital
investido. Lima (2007) complementa expondo que as práticas de governança corporativa
visam principalmente a redução as assimetria informacional.
Sob a ótica do investidor, uma empresa torna-se mais interessante quando a
governança corporativa é eficiente, pois, conforme Aguiar et al. (2004), as boas práticas e o
nível de divulgação de informações conferem maior segurança na decisão de como alocar seu
capital. Por outro lado, empresas com governança corporativa pouco eficiente são forçadas a
se financiarem internamente ou através de bancos governamentais (SHLEIFER; VISHINY,
1997).
De acordo com o IBGC (2009) “as práticas e os relacionamentos entre os
Acionistas/Cotistas, o Conselho de Administração, a Diretoria, uma Auditoria externa e até
mesmo um Conselho Fiscal” compõem a estrutura de governança corporativa e são estes que
possibilitam uma melhor administração e monitoração da direção executiva e da empresa
como um todo.
O conselho de administração e a auditoria são destacados por Fama e Jensen (1983)
como mecanismos de governança corporativa de grande eficiência para o controle, gestão e na
competição no mercado financeiro.
Para Santos e Almeida (2013) o conselho de administração é o mecanismo interno
mais eficiente para a redução dos custos de agência. Do mesmo modo, Jensen (1993)
argumenta que sucesso do controle interno e o funcionamento da empresa dependem
primordialmente de um conselho de administração eficiente e ainda destaca a importância do
tamanho do conselho, tendo em vista que, um alto número de membros pode prejudicar seu
desempenho.
20

Neste sentido, a independência do conselho de administração, é um atributo


indispensável para a proteção e valorização do patrimônio, devendo estes prezar por uma
atuação sem influencia de membros de alto cargo da empresa (IBGC, 2009).
No que tange a auditoria, Tavares Filho (2006) salienta que as empresas que contratam
auditorias externas com boa reputação e que são consideradas competentes pelo mercado,
estão prezando pela transparência e consequentemente reduzem a assimetria da informação
entre gestores e investidores.
Além disso, o IBGC (2009) ressalta que os membros independentes desempenham
papel fundamental quando os cargos de diretor-presidente e presidente do conselho de
administração são exercidos pela mesma pessoa; eles são responsáveis por conduzir as
discussões conflituosas para que não haja influência de sobreposição de cargos. Essa
dualidade de cargos, na concepção de Gul e Leung (2004) pode acarretar na redução da
independência do conselho e do controle dos gestores, além de reduzir a publicidade das
informações. A estrutura de propriedade de acordo com Silveira (2003) afeta a governança
corporativa uma vez que em empresas com estrutura de capital muito concentrada, ocorre a
sobreposição entre propriedade e controle. Como exemplo tem-se as companhias abertas
brasileiras, em que a presença de um acionista controlador é marcante e este, quando não
ocupa a função de gestor, indica alguém de sua confiança (TAVARES FILHO, 2006).
Adicionalmente, Alencar (2007) salienta que nas empresas em que há maior
concentração de controle acionário, a demanda por informações é menor, uma vez que os
acionistas controladores têm acesso privilegiado às informações. O mesmo autor acrescenta
que este fato compromete o disclosure e principalmente o relacionamento entre acionistas
controladores e minoritários.

2.3 Provisões e Passivos Contingentes

A divulgação das provisões e passivos contingentes no Brasil tornou-se obrigatória


para as companhias abertas com a deliberação da Comissão de Valores Mobiliários - CVM nº
489, publicada em outubro de 2005. Esta foi revogada pela deliberação nº594/2009, que
aprovou o Pronunciamento Técnico emitido pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis, CPC
25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes, correlato ao IAS 37 com vistas
à convergência às Normas Internacionais de Contabilidade.
O objetivo do CPC 25, bem como do IAS 37, é assegurar que os critérios de
reconhecimento e bases de mensuração apropriados a provisões e a contingentes sejam
21

aplicados, bem como a divulgação de informações em notas explicativas que sejam


suficientes ao entendimento do usuário sobre a natureza, oportunidade e valor destes
elementos (CPC 25, 2009).
O conceito de passivo apresentado por Hendriksen e Van Breda (1999, p.410) segundo
a FASB - Financial Accounting Standards Board, é similar ao conceito apresentado pelo CPC
25 (2009): “sacrifícios futuros prováveis de benefícios econômicos resultantes de obrigações
presentes de uma entidade no sentido de transferir ativos ou serviços para outras entidades no
futuro em consequência de transações e eventos passados”. Segundo os mesmos autores, um
passivo apresenta três características essenciais (p. 286):
1. Contém uma obrigação ou responsabilidade presente com uma ou mais
entidades, prevendo liquidação pela transferência futura provável ou pelo uso de
ativos numa data especificada ou determinável, na ocorrência de um evento
predeterminado, ou assim que seja solicitada;
2. A obrigação ou responsabilidade compromete dada entidade, permitindo-lhe
pouca ou nenhuma liberdade para evitar o sacrifício futuro;
3. A transação ou outro evento que obriga a entidade já ocorreu.

Além destas, como exposto pelo CPC 25 (2009), a obrigação deve ser mensurável,
relevante e precisa. Todas as características devem ser atendidas simultaneamente para que o
passivo seja reconhecido.
No que tange a relação entre provisão e passivo contingente, o CPC 25 (2009) explica
que toda provisão é contingente porque é incerta quanto ao seu prazo ou valor. Ressalta que o
termo passivo contingente é utilizado para passivos que não satisfazem os critérios de
reconhecimento.
Em relação às peculiaridades destes itens, Oliveira (2007) considera que o conceito de
risco faz alusão à perda e o conceito de incerteza está associado à probabilidade de
ocorrência, ou seja, são conceitos diferentes, assim como as provisões e os passivos
contingentes.
No que se refere à probabilidade de ocorrência ou não de eventos futuros, Marques
(2015) explicita três níveis: provável, possível e remoto. Um evento futuro é considerado
provável quando apresenta alta probabilidade de ocorrer. Possível, quando sua probabilidade
de ocorrência é média e remota, quando a probabilidade de ocorrência é baixa e muito
provavelmente o evento futuro não irá ocorrer. A autora ressalta que é através destes níveis de
probabilidade que se diferencia uma provisão de um passivo contingente.
A provisão é definida pelo CPC 25 (2009), assim como por Lopes (2014) como um
passivo de prazo ou de valor incertos e, esta deve ser reconhecida quando (CPC 25, 2009):
22

1. a entidade tem uma obrigação presente (legal ou não formalizada) como resultado de
evento passado;
2. seja provável que será necessária uma saída de recursos que incorporam benefícios
econômicos para liquidar a obrigação; e
3. possa ser feita uma estimativa confiável do valor da obrigação.
Se essas condições não forem satisfeitas, nenhuma provisão deve ser reconhecida.
Deve-se atentar para a diferença entre provisões de fato e provisões que são derivadas
de apropriações por competência (accruals), como salienta Iudícibus et al (2010). As
apropriações por competência são passivos a pagar por bens ou serviços adquiridos, ou seja,
são obrigações já existentes registrada respeitando o período de competência, geralmente
divulgados como parte das contas a pagar. Já as provisões são divulgadas separadamente.
É ressaltado pelo CPC 25 (2009) que “embora algumas vezes seja necessário estimar o
valor ou prazo desses passivos, a incerteza é geralmente muito menor do que nas provisões”.
A definição de passivo contingente, segundo o CPC 25 (2009) é dada por “uma
obrigação possível, que resulta de eventos passados cuja existência será confirmada apenas
pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos não totalmente sobe controle
da entidade”. Por depender da existência de um evento futuro, Porter e Norton (2013) o
definem como um item de resultado desconhecido. Na concepção de Farias (2004), o passivo
contingente representa para a contabilidade um dos elementos patrimoniais mais complexos,
principalmente em relação à dificuldade de se atribuir valor a ele.
Niyama e Silva (2011, p.165) salientam que os passivos contingentes não devem ser
reconhecidos nas demonstrações financeiras; devem ser divulgados em nota explicativa se sua
probabilidade de ocorrência no futuro for razoável. Caso a probabilidade for considerada
remota, nenhuma referência deve ser feita.
No que se refere à mensuração de uma provisão, o valor a ser reconhecido deve
corresponder à melhor estimativa do desembolso exigido para que se liquide a obrigação
presente na data do balanço e, devem ser levados em conta os riscos e as incertezas na
determinação da estimativa, uma vez que estes podem alterar os valores mensurados. Porém,
conforme o CPC 25 (2009) deve-se atentar à prudência para que os itens não sejam
subavaliados ou superavaliados. Além disso, deve-se considerar o efeito do valor do dinheiro
ao longo do tempo e, sendo este material, o valor deve ser descontado a uma taxa que reflita
da melhor maneira o seu valor presente.
23

No entendimento de Farias (2004) é necessário haver avaliação permanente das


provisões, bem como serem realizadas baixas e reversões, para que reflitam a melhor
estimativa corrente.
Do mesmo modo, é destacado por Iudícibus et al (2010) que os passivos contingentes
devem ser avaliados periodicamente, dado que inesperadamente, uma saída de recursos pode
tornar-se provável, sendo necessário seu reconhecimento como provisão no período em que
ocorreu a mudança na estimativa.
Neste sentido, caso a perda contingente possa ser razoavelmente estimada e a
probabilidade de ocorrência seja relativamente elevada e satisfeita a definição de passivo,
deve ser reconhecido um passivo (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 1999).
Os itens de divulgação das provisões e dos passivos contingentes que devem ser
evidenciados pelas empresas são apresentados na tabela 2 – Itens de evidenciação das
provisões e dos passivos contingente, que encontra-se disposta na seção 3.2.1.

2.4 Estudos Anteriores


Eng e Mak (2003) investigaram 158 empresas listadas na bolsa de Valores de
Singapura no ano de 1995, a fim de verificar a relação entre características de governança
corporativa e o disclosure voluntário. O estudo mostrou que a estrutura de propriedade e
composição do conselho de administração afetam divulgação; a divulgação está
negativamente associada a presença de blocos controladores e uma menor participação dos
administradores são associados ao aumento da divulgação, assim com uma maior presença de
diretores. Do mesmo modo a auditoria também se mostrou estatisticamente significativa. Já a
variável independência do conselho apresentou relação inversa com o nível de disclosure.
Com o objetivo de detectar a relação entre disclosure e governança corporativa nas
empresas brasileiras com liquidez acima da média do mercado no ano de 2002, Lanzana
(2004), comprovou em seu estudo que a independência do conselho de administração
influencia a divulgação voluntária de informações. Já as variáveis número de membros do
conselho, presença do presidente da empresa ocupando cargo de presidente do conselho e
direito de controle não apresentaram relação estatisticamente significante.
Murcia e Santos (2009) pesquisaram os fatores que explicam o nível de disclosure
voluntário de companhias abertas no Brasil, em relação às informações de natureza
econômica, social e ambiental. Foram analisadas as demonstrações financeiras padronizadas
dos exercícios de 2006 a 2008 das 100 maiores companhias não financeiras listadas na
24

Bovespa. A partir dos resultados constatou-se associação entre o nível de disclosure das
empresas e a variável auditoria. Já a variável concentração de controle não se mostrou
estatisticamente significativa no nível de disclosure das informações.
Através da análise de possíveis fatores explicativos do nível de disclosure voluntário
de 225 empresas brasileiras de capital aberto, no ano de 2008, e baseado no estudo de
Lanzana (2004), Gondrige (2010) constatou que as características de governança corporativa
comitê de auditoria e reputação da empresa de auditoria são estatisticamente significativas
para explicar a divulgação de informações da empresa, com um nível de confiança de 95%.
Ao contrário de Lanzana (2004), Gondrige (2010) verificou que o tamanho do conselho é
estatisticamente explicativo para o disclosure. Já as variáveis independência do conselho e a
dualidade de cargos de diretor-presidente e presidente do conselho não apresentaram
significância em relação ao disclosure.
Em seu estudo sobre práticas de divulgação sobre segmentos – CPC 22, Souza (2013),
ao analisar 272 empresas brasileiras distribuídas entre 20 setores econômicos, buscou
verificar o nível de detalhamento das informações e fatores que influenciam a divulgação, nos
anos de 2011 e 2012. Foi constatado que não há uniformidade nas práticas das empresas
estudadas, sendo identificadas diferenças nos tipos de informações divulgadas e nos níveis de
detalhamento das mesmas, não sendo explorados todos os pontos mencionados no CPC 22.
Em relação a influencia das variáveis, verificou-se que as características governança
corporativa e auditoria são determinantes dos níveis de divulgações das informações sobre
segmentos.
Com o intuito de avaliar o nível de evidenciação dos passivos contingentes
relacionados ao risco legal em empresas petrolíferas, cujos valores são negociados nas
principais bolsas do Brasil, Estados Unidos e Reino Unido, Viviani e Fernandes (2014),
analisaram as notas explicativas referente aos anos de 2011 e 2012 das 3 maiores empresas
por ativo total (base 2012) de cada um dos países de estudo. Foi constatado que o atendimento
a evidenciação conforme a IAS 37 foi de 28% (média), demonstrando um baixo nível de
atendimento a norma pelas empresas e, como consequência, a falta de evidenciação dos riscos
legais a que estão expostas.
Lopes (2014) analisou 47 empresas não-financeiras listadas no mercado Euronext
Lisbon de Portugal, com ano de referência 2012, através dos relatórios consolidados anuais. O
objetivo era verificar o cumprimento de divulgação de informações sobre provisões,
contingências passivas e impostos diferidos com as normas internacionais de contabilidade
25

(IAS 37 e IAS 12, respectivamente), bem como identificar quais das variáveis melhor
explicam a variação dos índices de divulgação de informações. Associações positivas foram
obtidas entre os índices e empresa de auditoria, constatando-se que o nível de conformidade
com as normas internacionais de contabilidade são impulsionadas por indicadores não
financeiros.
Marques (2015) analisou o nível de conformidade das demonstrações financeiras
consolidadas de 13 entidades cotadas no índice da bolsa PSI 20, que consiste nas empresas
mais bem cotadas na bolsa de Lisboa, com os requisitos de divulgação do IAS- 37, nos
períodos de 2005 e 2013. Como resultado, constatou que, em relação a divulgação de
informações sobre provisões, houve aumento estatisticamente significativo, de 64,8% em
2005 para 80,9% em 2013. Os passivos e ativos contingentes apresentaram nível de
conformidade acima de 80% em ambos os anos, tendo atingido 100% a divulgação dos ativos
contingentes em 2013, porém a evolução não se revelou estatisticamente significativa, tendo o
autor concluído que houve melhora na quantidade e qualidade da divulgação da informação
no período estudado.

2.5 Construção das hipóteses de estudo


Considerando o objetivo de verificar se existe associação entre o nível de dislcosure e
as características de governança corporativa, são apresentadas a seguir as justificativas que
suportam as hipóteses levantadas.

Concentração de Capital
Na concepção de Shleifer e Vishny (1997) empresas que não apresentam diversidade
de acionistas estão sujeitas a um risco excessivo, o que as leva a diversificar as atividades ou
ser conservadoras nos empreendimentos, ambos de forma excessiva, a fim de minimizar o
risco.
Lanzana (2004) entende que grande concentração acionária sob posse de blocos
controladores culmina em conflitos de agência entre gestores e acionistas e podem acarretar
na expropriação dos acionistas minoritários pelos controladores.
O argumento apresentado por Jensen e Meckling (1976) é que, uma maior participação
dos gestores na propriedade restringe os incentivos para quaisquer desvios que possam
comprometer a maximização do valor do acionista.
26

Leuz e Verrecchia (2000) enfatizam que o acionistas controladores não demandariam


o disclosure de informações, já que tem acesso privilegiado à informações. Ademais, um alto
controle acionário contribui para que ações sejam tomadas em detrimento dos interesses dos
acionistas minoritários.
Acredita-se então que o controle acionário concentrado reduz o disclosure das
informações. Em contrapartida, um controle acionário mais pulverizado contribui para que a
empresa divulgue mais informações a fim de reduzir a assimetria da informação e os custos de
agência (LOPES; WALKER, 2008).
H1: Existe correlação negativa entre o nível de disclosure e o nível concentração
de capital.

Tamanho do Conselho
A Lei da S.A.s (6.404/1976), prevê que o conselho de administração deve ser composto
por, no mínimo, três membros. Já Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa
(IBGC, 2009) recomenda que o conselho deve ser composto de no mínimo 5 e, no máximo 11
conselheiros, ressaltando que este número deve variar de acordo com a complexidade das
atividades, porte e setor de atuação da empresa e seu estágio do ciclo de vida.
Na concepção de Lipton e Lorsch (1992), conselhos muito grandes, com mais de 10
membros, dificultam a comunicação e podem acarretar em conflitos de agência e, assim como
Jensen (1993), acreditam que conselhos menores são mais eficientes, com número de 7 ou 8
membros. Por outro lado, Vafeas (2000) acredita do mesmo modo que conselhos pequenos
podem melhorar o desempenho da empresa, podem também se apresentar insuficientes para
desempenhar suas funções com eficiência, devendo então haver um número comedido
membros.
H2: Existe correlação entre o nível de disclosure e o tamanho conselho de
administração.

Independência do Conselho de Administração


O Conselho de Administração é considerado como determinante de governança e do sucesso
do controle interno da empresa e desempenha as funções de assessoramento e monitoramento
da gestão (GONDRIGE, 2010).
Segundo consta no Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa (IBGC,
2009) a quantidade de conselheiros independentes depende de fatores como a maturidade da
27

empresa, seu ciclo de vida, bem como suas características. Porém, recomenda-se que estes
sejam maioria na composição do conselho.
Lopes e Walker (2008) acreditam que o mercado avalia a presença de conselheiros
independentes como um compromisso da empresa em prezar por requisitos mínimos de boa
conduta. Os mesmos autores ressaltam que estes inibem a seleção de informações a serem
divulgadas.
No entendimento de Lanzana (2004) os membros do conselho externos podem vir a
auxiliar na resolução de conflitos de agência e oferecer uma visão estratégica adicional que
auxiliem nas decisões relevantes ao desempenho da empresa.
Nos conselhos em que a proporção de membros externos é maior, constata-se melhor
monitoramento de suas atividades, conforme posicionam Fama e Jensen (1983). Neste
sentido, tem-se que os membros independentes são menos influenciados pela gerencia, sendo
mais propensos a incentivar as empresas a disponibilizar mais informações e a serem mais
transparentes (COOK; HANIFFA, 2000).
H3: Existe correlação positiva entre o nível de disclosure e o nível de
independência do conselho de administração.

Auditoria
A Auditoria Externa tem como atribuição segundo o IBGC (2009) atestar que as
demonstrações financeiras refletem de forma adequada a realidade da empresa.
É salientado por Tavares Filho (2006) que as empresas que contratam auditorias
externas com boa reputação e que são consideradas competentes pelo mercado, estão
prezando pela transparência e consequentemente reduzem a assimetria da informação entre
gestores e investidores.
As grandes empresas de auditoria, classificadas como Bigfour tendem a incentivar
seus clientes a divulgarem as informações conforme o exigido, pois preocupam-se com sua
reputação e a percepção do mercado em relação a qualidade do serviço (CHALMERS;
GODFREY, 2004). Na mesma concepção, Lopes e Rodrigues (2007) acreditam que empresas
que contratam as Bigfour tendem a apresentar mais informações devido a um disclosure
mínimo exigido pelas empresas de auditoria.
Nakayama e Salotti (2014) consideram que estas empresas possuem maior experiência
internacional no que se refere à utilização de regras sobre divulgação de informações e por
28

isso estão mais preparadas para certificar o disclosure. As Bigfour são representadas pelas
empresas: KPMG, Pricewaterhouse-Coopers, Deloitte Touche Tohmatsu e Ernest & Young.
H4: Empresas auditadas pelas Big4 apresentam maior índice médio de disclosure
que as demais empresas.

Separação dos cargos de diretor-presidente e presidente do conselho de administração


As atribuições do presidente do conselho de administração, conforme o IBGC (2009)
se diferem e complementam as atribuições do diretor presidente. Sendo assim é recomendado
que não haja acúmulo de funções, considerando que a concentração de poder compromete
tanto a gestão e que a supervisão da gestão.
Tendo o mesmo entendimento, Fama e Jensen (1983) e Lipton e Lorsch (1992)
salientam a importância de haver a separação dos cargos de presidente da companhia e
presidente do conselho de administração para que não haja influência nas decisões de um
sobre o outro e para que o monitoramento da gerencia pelo conselho seja efetivo. É
acrescentado por Cooke e Haniffa (2000) que ao evitar essa dualidade, a retenção de
informações seria reduzida, o que consequentemente levaria a um maior disclosure.
Silveira, Barros e Famá (2003) acreditam ser mais saudável para as empresas ter
pessoas distintas ocupando o cargo de diretor-presidente e presidente do conselho de
administração, além de torná-las mais bem vistas pelo mercado.
H5: Empresas em que há separação entre os cargos de CEO e presidente do
conselho de administração apresentam maior índice médio de disclosure que as demais.
.
29

3 METODOLOGIA
A metodologia consiste na apresentação das técnicas e métodos utilizados para atender
os objetivos propostos pela pesquisa (MINAYO, 2007, p. 44). A presente pesquisa classifica-
se como teórico-empírica, de caráter descritivo, com o objetivo de investigar fatores que
determinam ou contribuem para a ocorrência de outros (GIL, 2007).
Quanto à abordagem se classifica como quantitativa, pois utiliza de métodos e
procedimentos estatísticos para o processamento e análise de dados brutos a fim compará-los
com outras informações e centra-se na objetividade (FONSECA, 2002, p.20).
Deste modo, a formulação do checklist, a utilização do índice de disclosure bem como
a definição das variáveis para a elaboração das hipóteses, e a aplicação de testes de correlação
e de médias, visaram atender aos objetivos e procurar responder ao problema proposto.
Os procedimentos adotados foram a pesquisa bibliográfica, contendo as referencias
teóricas que embasam a pesquisa e permitem conhecimento prévio sobre o problema e a
pesquisa documental, para posterior análise de conteúdo, onde os dados coletados foram
organizados e analisados a fim de atender os objetivos da pesquisa (GIL, 2007), sendo
utilizadas as Demonstrações Financeiras Padronizadas-DFPs e os Formulários de Referência
– FRs, disponíveis no sítio da BM&FBOVESPA.

3.1 População e amostra


A população do estudo engloba todas as empresas ativas listadas na
BM&FBOVESPA. A seleção da amostra respeitou critério predefinido: empresas listadas na
BM&FBOVESPA que comercializam apenas ações. A amostra da pesquisa é composta pelas
246 empresas, ativas em ambos os anos 2010 e 2014, e que apresentam provisões e/ou
passivos contingentes em seus demonstrativos dos respectivos exercícios, já excluídas as
instituições financeiras, por estarem sujeitas a normas específicas.
A tabela 1, apresentada logo a seguir explicita a relação de exclusões da amostra e sua
composição final.

Tabela 1: Composição final da amostra


Amostra inicial 246
Exclusões
(-) Demonstrações Financeiras indisponíveis 7
(-) Número de conselheiros inferior a 3 8
(-) Formulários de Referencia incompletos 13
Amostra final 218
Fonte: Elaborada pelo autor
30

Como pode ser observado, além de excluídas 7 (sete) empresas que não possuíam as
demonstrações financeiras disponíveis no sítio da BM&FBOVESPA, 8 (oito) empresas
apresentaram número de conselheiros inferior ao número mínimo exigido pela legislação
brasileira, a saber 3 (três) membros e 13 (treze) apresentaram seus Formulários de Referências
incompletos.
A amostra final da pesquisa é composta, portanto, de 218 empresas. A delimitação
temporal dos anos de 2010 e 2014 se deu em virtude da vigência do CPC 25 e do exercício
findo mais atual, respectivamente, o que possibilita uma análise comparativa entre os anos,
com o intuito de constatar se houve evolução do nível de evidenciação em relação ao início da
sua obrigatoriedade.

3.2 Coleta e técnicas de análise de dados


A base de análise utilizada na pesquisa corresponde às Demonstrações Financeiras
Padronizadas- DFPs, mais especificamente os Balanços Patrimoniais e as Notas Explicativas,
e os Formulários de Referência- FRs, referentes aos exercícios de 2010 e 2014 disponíveis no
sítio da BM&FBOVESPA.
As subseções apresentam as técnicas detalhadamente.

3.2.1 Mensuração do nível de disclosure das provisões e passivos contingentes


Para verificar o nível de conformidade ao CPC 25, foi realizada análise de conteúdo
onde buscou-se verificar a evidenciação dos itens de divulgação das provisões e dos passivos
contingentes nos Balanços Patrimoniais e nas Notas Explicativas da empresas nos anos de
2010 e 2014.
Inicialmente foi elaborado um checklist, representado pela tabela 2, contendo a relação
das exigências do CPC 25 referentes à divulgação das provisões e dos passivos contingentes,
preenchido com os dados extraídos dos demonstrativos financeiros, que serviram de base para
o cálculo do índice de disclosure. Nele estão representados um total de 13 itens obrigatórios a
ser evidenciados.
O passo seguinte consistiu na análise dos balanços patrimoniais, a fim de verificar se
haviam valores registrados nas contas de provisão, atentando-se aos valores referentes ao
início e ao fim do período e/ou à inexistência de saldo;
Uma vez que os valores no início e no final do período são iguais, muito
provavelmente não ocorreu nenhuma mudança de estimativa ou movimentação desses saldos.
31

Por outro lado, se diferentes, as informações que correspondem à atualizações,


mudanças de estimativa e movimentações ocorridas no período devem estar evidenciadas nas
notas explicativas. Se não existem saldos provisionados, a pesquisa em notas explicativas
objetivou confirmar a inexistência e foi direcionada à verificação da divulgação dos passivos
contingentes.
Deste modo, a pesquisa nas notas explicativas, posteriormente à análise dos balanços
patrimoniais, objetivou verificar se são divulgadas informações mais detalhadas sobre os
valores provisionados e se são divulgadas as exigências referentes aos passivos contingentes;
sendo estes itens de divulgação representados pela tabela 2.
Apurou-se a divulgação atribuindo codificação binária aos itens:
 0: não divulgados
 1: divulgados.
Lopes (2014) expõe que esse tipo de codificação evita o aumento da subjetividade e
visa classificar os itens por sua presença ou ausência, não sendo considerada sua qualidade ou
relevância.
Adicionalmente foi atribuída classificação NA(não aplicável), para os itens aos quais
não há nenhuma menção. O intuito, como afirma Cooke (1989) é não penalizar as empresas
que não divulgaram determinado item. Deste modo, entende-se que este item não é relevante
ou aplicável para a empresa no determinado ano e o mesmo não será considerado no cálculo
do índice.
A tabela 2 é apresentada a seguir:
Tabela 2: Itens de evidenciação das provisões e dos passivos contingentes
ITENS DE EVIDENCIAÇÃO DAS PROVISÕES E DOS PASSIVOS classificação/
CONTINGENTES codificação
PROVISÃO

valor contábil no início e no fim do período

provisões adicionais feitas no período, incluindo aumentos de provisões existentes

valores utilizados (ou seja, incorridos e baixados contra a provisão) durante o


período
valores não utilizados revestidos durante o período

aumento durante o período no valor descontado a valor presente proveniente da


passagem do tempo e o efeito de qualquer mudança na taxa de desconto
breve descrição da natureza da obrigação e o cronograma esperado de quaisquer
saídas de benefícios econômicos resultantes
indicação das incertezas sobre o valor ou o cronograma dessas saídas
32
Continuação Tabela 2

ITENS DE EVIDENCIAÇÃO DAS PROVISÕES E DOS PASSIVOS classificação/


CONTINGENTES codificação
valor de qualquer reembolso esperado, declarando o valor de qualquer ativo que
tenha sido reconhecido por conta desse reembolso esperado
PASSIVO CONTINGENTE

breve descrição da natureza do passivo contingente

estimativa do seu efeito financeiro

indicação das incertezas relacionadas ao valor ou no momento de ocorrência de


quaisquer saída
possibilidade de qualquer reembolso

o fato da divulgação das informações não for praticável

Tabela 2. Itens de evidenciação das provisões e dos passivos contingentes


Fonte:Adaptado de Knoblauch, S. C. A. V. (2010).

Num segundo momento foi feito o cálculo do índice de disclosure, utilizando as


informações registradas na tabela de itens de evidenciação das provisões e dos passivos
contingente.

3.2.2 Índice de disclosure


Para verificar o nível de disclosure das provisões e dos passivos contingentes, fez-se
necessária a utilização de um índice para a medição. “O índice de disclosure pode ser
entendido como nível de compilance, por se tratar de itens de divulgação compulsória”
(NAKAYAMA; SALOTI, 2013, p.).
Os aspectos verificados, representados pelas exigências do CPC 25, que compõem o
índice, respeitam a objetividade e foram classificados quantitativamente, através de
codificação binária, assumindo que todos os itens apresentam o mesmo nível de importância
enquanto informação a ser divulgada.
A metodologia utilizada na determinação do índice foi utilizada em outras pesquisas
sobre o nível de conformidade com as IAS 37; a exemplo Lopes (2014) e Marques (2015).
O mesmo é obtido através do quociente entre o total de itens divulgados pela empresa e o total
de itens obrigatórios a serem divulgados. Para cálculo do índice serão utilizadas as
informações preenchidas no checklist.
A fórmula do índice de disclosure é dada por:
𝐷
𝐼𝐷 =
𝐴
33

Em que:
𝐷 = ∑𝑚 𝑛
𝑖=1 𝑒𝑖 e𝐴 = ∑𝑖=1 𝑒𝑖

Onde:
ID – índice de divulgação;
D – total de itens evidenciados;
ei– item i divulgado; apurado através da codificação binária;
m – número máximo de itens divulgados, em que m≤ n;
A – total de itens aplicáveis;
n – número máximo de itens aplicáveis; n ≤ 13.

3.2.3 Estimação das variáveis de governança corporativa


A estimação das variáveis de governança corporativa se deu através das informações
contidas nos Formulários de Referencia-RFs.

Concentração de capital
A proxy para a concentração do capital está representado pela soma do percentual de
ações ordinárias detidas pelos 5 maiores acionistas.
CC= soma do percentual de ações detidas pelos 5 maiores acionistas

Tamanho do Conselho
O tamanho do conselho de administração é dado pela soma do número de membros
efetivos que compõem o conselho, sendo eles internos ou independentes.
TAM = soma do número de membros efetivos

Independência do Conselho
A proxy para a independência do conselho de administração é a proporção de
conselheiros independentes em relação ao total de membros, dado por:

𝐼𝑁𝐷
𝐼𝐶 =
𝑇𝑀
34

Onde:
IC- proporção da independência do conselho
IND- número de membros independentes
TM- total de membros integrantes do conselho

Auditoria
Para classificação das empresas quanto à empresa por qual é auditada, foi utilizada
codificação binária:

 1: para as empresas auditadas pelas Bigfour;


 0: para as empresas não auditadas pelas Bigfour.

Separação dos cargos de diretor-presidente e presidente do conselho de administração


Para classificação das empresas quanto a separação dos cargos de diretor-presidente e
presidente do conselho de administração, foi utilizada codificação binária:

 1: cargos de diretor-presidente e presidente do conselho ocupados por pessoas


diferentes;
 0: cargos de diretor-presidente e presidente do conselho ocupados pela mesma
pessoa.

3.2.4 Modelo estatístico


Para verificar se existe correlação entre as características de governança corporativa e
o índice de disclosure utilizou-se da análise de correção.
De acordo com Garson (2009), a correlação “é uma medida de associação bivariada do
grau de relacionamento entre duas variáveis”.
A correlação é uma medida de associação entre duas variáveis, isto é, um índice que
nos mostra o quanto o comportamento de uma variável se assemelha ao de outra. A correlação
pode assumir valores entre -1 e 1, sendo que, quanto mais próximo do |1|, maior é a
associação destas variáveis. Esta pode ser positiva ou negativa. Quando ela é positiva, mostra
que o comportamento das variáveis é diretamente proporcional, em outras palavras, quando
uma cresce a outra também cresce.
35

Já para o caso dela ser negativa, temos uma relação inversamente proporcional, o que
significa dizer que quando uma variável cresce a outra decresce. Analogamente, quando uma
variável decresce, a outra cresce. Por fim, em casos onde a correlação é zero, dizemos que não
existe nenhuma evidência de relação entre as duas variáveis.
Existem duas formas de fazer correlação, pelo método de Pearson e pelo método de
Spearman. Será adotada a Correlação de Spearman, sendo esta uma das alternativas para a
correlação de Pearson, tendo em vista que ela é uma medida não-paramétrica e não tem como
pressuposto a normalidade das variáveis e nem linearidade das relações. Se duas variáveis
tiverem uma relação quadrática, por exemplo, o coeficiente de correlação de Spearman
consegue captar bem essa relação, enquanto o de Pearson não se mostra eficiente para tal.
Este método de cálculo também não tem qualquer suposição sobre a amostra
(SPRENT, 2001). Para o cálculo da correlação será utilizado o software estatístico R (R
CORE TEAM, 2013).
A interpretação do valor de correlação varia de acordo com alguns pesquisadores. No
entanto, uma definição de Dancey e Reidy (2005) se dá de acordo com a tabela 3, apresentada
abaixo:

Tabela 3: Interpretação de correlação


Valor de r Intensidade da Correlação
0 a |0,09| Muito Fraca
|0,10| a |0,39| Fraco
|0,40| a |0,69| Moderado
|0,70| a |0,80| Forte
Acima de |0,80| Muito Forte
Tabela 3. Interpretação de correlação
Fonte. Adaptado de Dancey e Reidy (2005)

3.2.5 Teste de médias


Um dos problemas a serem resolvidos por Inferência Estatística é o teste de hipóteses.
Ou seja, dada uma afirmação sobre uma população, geralmente sobre um parâmetro desta, é
desejado saber se os resultados da amostra apoiam ou refutam a hipótese formulada a um
dado nível de confiança. As hipóteses podem ser sobre uma população ou mais, a partir dos
parâmetros desta. Os testes mais conhecidos são comparando média e um valor, variância e
um valor e sobre duas médias e duas variâncias (BUSSAB; MORETTIN, 2013).

Para atender ao objetivo de verificar se houve evolução do nível de disclosure do ano


de 2010 para o ano de 2014 foi utilizado o teste de médias através do software estatístico R (R
36

CORE TEAM, 2013), a fim de comparar a igualdade entre duas médias de amostras normais,
independentes, considerando variâncias desconhecidas e adotando como base 95% de
confiança.
Procedeu-se calculando o valor da estatística T e o comparando com o valor de
rejeição ao nível de significância dado. Após a conclusão dos testes pôde-se alegar se as
médias dos anos são ou não estatisticamente iguais.

3.3 Limitações da pesquisa


A escolha da técnica estatística utilizada apresenta-se como uma limitação do estudo;
ainda que os testes de correlação utilizem da dependência de uma variável em relação a outra,
uma relação forte entre elas não implica em uma relação de causa e efeito. Portanto, a análise
de correlação indica apenas o relacionamento esperado entre as variáveis e não são suficientes
para explicar quais das características de governança utilizadas no estudo influenciam o
disclosure das provisões e passivos contingentes.
As características estudadas foram especificamente escolhidas, sendo que estas não
representam a totalidade de características das boas práticas de governança corporativa.
Outro limitador refere-se a amostra, selecionada de forma não aleatória. Deste modo, o
resultado da pesquisa refere-se unicamente às empresas que compõem a amostra, não
podendo ser feita inferência ao mercado de capitais brasileiro como um todo.
37

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Nesta seção serão reportados os resultados dos testes utilizados para o alcance dos
objetivos e os mesmos serão analisados, conforme as hipóteses de estudo.
Inicialmente são reportados os dados da estatística descritiva e distribuição de
frequência das variáveis de estudo, representadas pelas características de governança
corporativa e pelo índice de disclosure.
Posteriormente serão apresentadas as análises dos testes de média e de correlação entre as
variáveis.

4.1 Análise das características de governança corporativa e do índice de disclosure


Na tabela 4, a seguir apresentada, encontra-se a estatística descritiva das características
de governança corporativa concentração de capital, tamanho do conselho de administração e
independência do conselho de administração.
Tabela 4: Estatística descritiva das variáveis
Painel A – estatística descritiva das variáveis para o exercício de 2010

Variável Média Desvio Padrão Mínimo Máximo


Capital dos
78,44% 20,81% 18,19% 100%
5 maiores acionistas
Tamanho do Conselho
7,06 2,68 3 16
Conselho
% Conselheiros
13,43% 19,05% 0 80%
Independentes
ID 0,68 0,23 0 1,00

Número de observações 218

Painel B – estatística descritiva das variáveis para o exercício de 2014

Variável Média Desvio Padrão Mínimo Máximo


Capital dos
77,09% 20,78% 20,09% 100%
5 maiores acionistas
Tamanho do Conselho
6,98 2,58 3 16
Conselho
% Conselheiros
19,47% 22,79% 0% 100%
Independentes
ID 0,70 0,22 0 1,00

Número de observações 218


Fonte: Elaborada pelo autor
38

Como pode ser observado na tabela acima, a proporção de capital detido pelos cinco
maiores acionistas apresenta média de 78,44%, em 2010 e 77,09% em 2014. Ainda que tenha
ocorrido uma redução de 1,35% os dados confirmam a tendência do mercado acionário
brasileiro à uma alta concentração de capital.
O número máximo de membros do conselho de administração observado é de 16 para
ambos os anos. As médias de membros, de 7,06 para 2010 e 6,98 para 2014 estão dentro do
intervalo de 5 a 11 membros conforme sugerido pelo IBGC (2009).
Já a proporção de conselheiros independentes apresenta média de 13,43% em 2010,
sendo o mínimo 0 e o máximo 80%, e média de 19,47% em 2014, sendo o máximo no ano de
100%, ou seja, a amostra contém observações em que todos os membros do conselho são
classificados como independentes. O desvio padrão da característica é o maior apresentado
pela amostra, 22,79% em 2014.
Ainda que tenha apresentado um aumento de 6,04% na média, podemos observar que
a proporção de conselheiros independentes de ambos os anos vai na contramão das
recomendações do código das melhores práticas de governança corporativa do IBGC, que
sugerem que o conselho seja composto em sua maioria por membros independentes. Por
outro lado, o aumento pode indicar uma tendência das empresas em buscar, aos poucos,
atender às recomendações.
Em relação ao índice de disclosure médio, no ano de 2010 é de 0,68, e para o ano de
2014 é de 0,70, com mínimo 0 e máximo 1,00 em ambos os anos.
Viviani e Fernandes (2014) encontraram um nível de disclosure médio para os anos de
2011 e 2012 de 28%, para 9 empresas em cada ano. Já o estudo de Lopes (2014) indicou um
nível de disclosure das provisões e passivos contingentes de 47% para as 47 empresas no ano
de 2012. Marques (2015) encontrou nível de evidenciação acima de 80% referente às 13
empresas estudadas em relação ao ano de 2013.
Essa diferença no nível de disclosure em relação aos estudos mencionados pode ser
resultado da diferença do tamanho das amostras estudadas, uma vez que a amostra do presente
estudo se apresenta maior que dos estudos mencionados, contemplando todas as empresas
listadas na BM&FBOVESPA que apresentaram provisões e passivos contingentes nos
demonstrativos dos anos de 2010 e 2014.
É necessário complementar que a metodologia utilizada no cálculo do índice do
presente estudo se difere do utilizado por Viviani e Fernandes (2014), o que pode também ter
influenciado na variação do índice.
39

Abaixo na tabela 5 são reportados os resultados da distribuição de frequência das


variáveis binárias utilizadas no estudo.

Tabela 5: Distribuição de frequência das variáveis binárias


Painel A – Frequência das variáveis para o exercício de 2010
Variável Frequência Percentual Acumulado
Auditoria 1 156 71,56% 71,56%
0 62 28,44% 100%
Separação entre
CEO e presidente 1 163 74,77% 74,77%
do conselho
0 55 25,23% 100%
Número de observações 218
Painel B – Frequência das variáveis para o exercício de 2014
Variável Frequência Percentual Acumulado
Auditoria 1 181 83,03% 83,03%
0 37 16,97% 100%
Separação entre
CEO e presidente 1 181 83,03% 83,03%
do conselho
0 37 16,97% 100%
Número de observações 218
Fonte: Elaborada pelo autor

Analisando os dados da tabela 5, constata-se que, em 2010, 156 das 218 empresas que
compõem a amostra foram auditadas pelas Bigfour e em 163 empresas notou-se a separação
dos cargos de CEO e presidente do conselho de administração. Já em 2014, pode-se observar
um aumento na frequência de ambas as características de governança corporativa: ambas
apresentaram 181, o que representa 83,03% do total das observações. O crescimento dos
números, que já se apresentavam acima de 70% em 2010, podem indicar que as empresas se
preocupam com a reputação das empresas que contratam para prestar serviço de auditoria e
uma adequação aos códigos de governança corporativa, que acreditam que a dualidade de
cargos leva a um excesso de poder prejudicial ao bom desempenho da empresa, sendo mais
saudável que haja a separação entre os cargos.
Em relação aos itens de divulgação exigidos pelo CPC 25 que compõem o índice de
disclosure e que se encontram no apêndice A, pode-se dar destaque para alguns mais
importantes. Foi verificado que todas as empresas, nas quais se aplicam a divulgação,
representado por um total de 204 em 2010 e 207 em 2014, apresentaram o valor da provisão
no início e no final do período em suas Demonstrações Financeiras Padronizadas. A mesma
constatação foi apresentada por Marques (2015) para os anos de 2005 e 2013.
40

Constatou-se também que o item “estimativa do seu efeito financeiro” foi evidenciado
por quase todas as entidades, 93,65% e 96,43%, para 2010 e 2014, respectivamente, podendo
ser observado uma crescente de 2,78%.
Em relação ao item menos divulgado em 2010 e 2014 destaca-se o item “divulgação
das informações não praticável”. Este, que está exposto no parágrafo 91 do CPC 25,com a
exigência de que as entidades divulguem o fato de os itens referentes aos passivos
contingentes não serem passíveis de divulgação, foi evidenciado por 6,93% das empresas ou
seja, apenas 14 das 202 das quais o item se aplica em 2010. No ano de 2014, o item foi
divulgado por 7,80% das empresas (16 das 205). No estudo de Marques (2015) este também
aparece como um dos menos divulgados.
Já o item que apresentou maior evolução em termos percentuais de 2010 para 2014 foi
“aumento durante o período”, com aumento de 7,11% na divulgação.

4.2 Análise dos testes de correlação e de diferença de médias


Na tabela 6 são reportados os coeficientes da correlação de Spearman entre as
características de governança corporativa e o índice de disclosure.

Tabela 6: Matriz de correlação de Spearman


Característica Correlação entre as Correlação entre as
variáveis em 2010 variáveis em 2014
ID ID
Capital 5 maiores votantes -0,0528 -0,0438
Tamanho do Conselho 0,2236* 0,2948*
% Conselheiros Independentes -0,0012 0,0475
ID 1 1
Nº de observações 218 218
* mostra que o valor é significante ao nível de 5%.
Fonte: Elaborada pelo autor

Analisando as correlações acima apresentadas, pode-se verificar, em relação a


Concentração de Capital, que o coeficiente da característica, em 2010 de -0,0528 e em 2014
de -0,0438, apresentou sinal negativo conforme o esperado, o que indica a tendência de uma
maior concentração de capital ser inversamente proporcional ao nível de disclosure,
corroborando com Eng e Mark (2003). Porém a Hipótese 1 do estudo não pode ser
confirmada, uma vez que a correlação não se mostrou estatisticamente significativo, o que
corrobora o estudo de Murcia e Santos (2009).
41

Do mesmo modo, a independência do conselho, apresentou o sinal positivo esperado


do coeficiente apenas em 2014, porém sem significância estatística, fazendo com que a
Hipótese 3 também não seja confirmada em ambos os anos. Gondrige (2010), igualmente,
verificou que não existe correlação significativa entre a independência do conselho de
administração e o nível de disclosure. Já Eng e Mark (2003) encontraram associação
significativa e inversamente proporcional entre as variáveis.
A característica tamanho do conselho foi a única que se apresentou estatisticamente
significante, com coeficiente de 0,2236 e 0,2948 para 2010 e 2014, respectivamente. No
entanto, de acordo com a tabela de interpretação de correlação, ambas caracterizam-se como
uma correlação de fraca intensidade. A Hipótese 2 do estudo foi confirmada para ambos os
anos; há correlação entre tamanho do conselho de administração e nível de disclosure de
informações de provisões e passivos contingentes, sendo esta correlação positiva, ou seja
apresenta uma tendência de que quanto maior o conselho maior a evidenciação. Tal
constatação corrobora o resultado encontrado por Gondrige (2010).
Retomando a literatura acerca de conselhos de administração é salientado por Lipton
e Losch (1992) e Jensen (2013) que conselhos com mais de 9 ou 10 membros são prejudiciais
para as empresas. Contudo, na amostra do presente estudo foi observado um máximo de 16
membros compondo o conselho, e, a média para os dois anos de estudo de 7,02 membros,
levando-se em conta a concepção dos autores supracitados, é considerado um número de
membros satisfatório para o conselho desempenhar suas funções com eficiência. Desde modo
a relação positiva encontrada entre as variáveis encontra seu suporte no argumento do autores.
São apresentadas abaixo as tabela 7 e 8 relativas aos testes de diferença de médias que
verificaram se existe diferenças entre os índices de disclosure médio dos anos de estudo em
relação às características classificadas binariamente. Primeiramente será analisado os
resultados relacionados a empresa de auditoria, conforme dados da tabela 7.

Tabela 7: Teste de médias - comparação ID em relação a Auditoria


Ano Característica Média Estatística de Graus de P-Valor Houve
Teste Liberdade Diferença
Presença de
2010 0,7289976
Auditoria (1)
4,2551 88 0,0000522 Sim
Ausência de
Auditoria (0) 0,5647535

2014 Presença de
Auditoria (1) 0,7369123 4,4311 44 0,00006349 Sim
42
Continuação Tabela 7

Ano Característica Média Estatística de Graus de P-Valor Houve


Teste Liberdade Diferença
Ausência de
Auditoria (0) 0,5246665

Fonte: Elaborada pelo autor

Como pode ser observado, o resultado do teste de diferença de médias, com t de


Student de 4,2551 e 4,4311 para 2010 e 2014 respectivamente, com nível de significância de
5%, atesta que deve-se rejeitar a hipótese nula de igualdade das médias, sendo elas diferentes.
É possível afirmar então que, em ambos os anos, as empresas auditas pelas Bigfour
apresentaram índice de disclosure médio maior que às demais empresas, ou seja, os índices
são estatisticamente diferentes. Tal constatação corrobora os resultados encontrados por
Murcia e Santos (2009), Gondrige (2010), Souza (2013) e Lopes (2014). Sendo assim,
confirma-se a Hipótese 4 do estudo.
A seguir, na tabela 8 são analisados os resultados da comparação dos índices de
disclosure em relação a separação dos cargos de presidente do conselho e CEO.

Tabela 8: Teste de médias - comparação ID em relação a Separação entre presidente do conselho e CEO
Estatística de Graus de Houve
Ano Característica Média P-Valor
Teste Liberdade Diferença
2010 Separação entre
CEO e 0,6982615
Presidente (1)
Ausência de 1,7482 95 0,08366 Não
Separação entre
0,6349403
CEO e
presidente (0)
Separação entre
CEO e 0,7176297
2014
Presidente (1)
Ausência de 0,6189950 2,1374 46 0,03796 Sim
Separação entre
CEO e
presidente (0)
Fonte: Elaborada pelo autor

Em relação a separação dos cargos de CEO e presidente do conselho de administração


e, verificou-se que em 2010, o P-valor encontrado de 0,08366, acima do nível de significância
de 5%, com t de Student de 1,7482, evidencia que não deve-se rejeitar a hipótese nula de
igualdade, ou seja, não houve diferença entre os índices de disclosure médio das empresas
que em há separação dos cargos para àquelas em os cargos são ocupados pela mesma pessoa.
43

Do mesmo modo, Lanzana (2004) e Gondrige (2010) investigaram se empresas com


dualidade de cargos apresentam menor disclosure do que as empresas em que há á separação
de cargos e os testes também não se mostraram estatisticamente significativos.
Já referente a 2014, os testes indicaram que o índice de disclosure foi maior para as
empresas em que há separação de cargos. A Hipótese 5 é rejeitada parcialmente, sendo
possível apenas detectar a diferença no ano de 2014. A confirmação da hipótese em 2014
pode ser um indicativo de que o aumento na proporção de conselheiros independentes de
2010 para 2014 contribuiu para que houvesse uma evolução na evidenciação de informações
sobre provisões e passivos contingentes.
Ao final, considerando a disponibilidade de dados e com o intuito de dar robustez ao
trabalho, propôs-se verificar se houve evolução do índice de disclosure médio de 2010 para
2014.
A tabela 9 apresentada a seguir apresenta os resultados encontrados no teste de
médias.

Tabela 9: Teste de médias - comparação do ID entre os anos


Estatística de
Variável ID P-valor Houve Diferença
Teste
2010 2014
-0,849 0,3963 Não
0,68 0,70
Fonte: Elaborada pelo autor

Embora o índice médio de disclosure de 2010, que foi de 0,68, tenha aumentado para
o ano de 2014 para 0,70, como observado na tabela acima, o P-valor de 0,3963 para nível de
significância de 5% atesta a igualdade entre os índices de disclosure. Não havendo diferença
significativa, conclui-se os índices de disclosure médio dos anos de 2010 e 2014 são
estatisticamente iguais, ou seja, não houve evolução da divulgação das provisões e passivos
contingentes.
44

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo teve por objetivo é identificar quais características de governança
corporativa apresentam associação com o nível de disclosure das provisões e passivos
contingentes das empresas listadas na BM&FBOVESPA .
A amostra utilizada foi composta de 218 empresas listadas na BM&FBOVESPA
ativas nos anos de 2010 e 2014, que apresentaram em seus demonstrativos provisões e/ou
passivos contingentes.
A apuração do índice de disclosure, obtido através dos 13 itens de evidenciação
exigidos na CPC e a apuração das proxys das características de governança corporativa foram
as primeiras etapas realizadas para se atender ao objetivo proposto.
Ao avaliar a evidenciação das provisões e dos passivos contingentes foram
encontrados índices de disclosure médios de 0,68 e 0,70 para 2010 e 2014, respectivamente.
Submetidos ao teste de diferença de médias, verificou-se que não apresentaram evolução
significativa, sendo considerados estatisticamente iguais em ambos os anos.
Através da análise da estatística descritiva constatou-se que a proporção de capital
pertencente aos 5 maiores acionistas se apresentou acima de 70% tanto em 2010 quanto em
2011. Essa proporção representa uma realidade do mercado acionário brasileiro em relação a
alta concentração de capital das empresas. A observação máxima de membros compondo o
conselho de administração foi de 16, em ambos os anos. Pode-se verificar ainda que a média
da proporção de conselheiros independentes aumentou 6,04% de 2010 para 2014, atingindo
19,47%, enquanto o IBGC sugere que o conselho seja composto em sua a totalidade por
membros independentes.
A auditoria por empresas classificadas como Bigfour e a separação entre CEO e
presidente do conselho representaram, em relação a amostra total, mais de 70% e 80% para
2010 e 2014 respectivamente. Os números apresentados por essas características demonstram
uma tendência das empresas a adotar boas práticas de governança corporativa.
Adicionalmente, para responder as hipóteses levantadas foram utilizados os testes de
correlação de Spearman e de diferença de média. Os resultados dos testes de correlação
mostraram que a característica ‘capital dos 5 maiores acionistas’ apresentou sinal negativo, ou
seja, a concentração de capital é inversamente proporcional ao nível de disclosure, porém a
Hipótese1 não foi confirmada para ambos os anos, já que a correlação do característica com o
índice não foi significativa. Do mesmo modo, por não apresentar significância tanto em 2010
quanto em 2014, a Hipótese 3 de que existe correlação positiva entre o nível de disclosure e a
45

proporção de conselheiros independentes também não foi confirmada, porém, ao contrário do


esperado, apresentou sinal de correlação negativo em 2010.
Já a característica ‘tamanho do conselho’ apresentou correlação significativa e se
associa positivamente com o nível de disclosure, confirmando a Hipótese 2 para ambos os
anos.
Feitos os testes de diferença de médias, a Hipótese 4 não foi rejeitada, o que
confirmou que as empresas auditadas pelas Bigfour apresentam maior índice de disclosure
médio que as demais, em ambos os anos. Já a Hipótese 5 foi parcialmente rejeitada, pois para
o ano de 2010 os testes não se mostraram significantes para considerar o índice de disclosure
das empresas em que há separação dos cargos de CEO e diretor presidente maior que das
demais empresas. Para 2014, os índices foram considerados estatisticamente diferentes,
corroborando com a Hipótese do estudo.
Abaixo, a tabela 10 apresenta o resumo dos resultados encontrados.

Tabela10:Resumo dos resultados encontrados


2010 2014
Resultado Resultado
Sinal Sinal Sinal
Variável Hipótese sobre a sobre a
Esperado Observado observado
Hipótese Hipótese
Concentração Não Não
H1 - - -
de Capital confirmada confirmada
Tamanho do
H2 ? + Confirmada + Confirmada
Conselho
Independência Não Não
H3 + - +
do Conselho confirmada confirmada

Auditoria H4 + + Confirmada + Confirmada

Separação
Não
entre CEO e H5 + + + Confirmada
confirmada
presidente
Fonte: Elaborada pelo autor

Os resultados do estudo, principalmente em relação às características ‘auditoria’ e


‘separação entre CEO e presidente do conselho’, indicam uma melhor evidenciação das
provisões e passivos contingentes por parte das empresas que adotam boas práticas de
governança corporativa. Este fato pode ser um sinalizador para o mercado de que as empresas
precisam aderir a tais práticas para ganhar visibilidade e se manter competitivas.
46

Apesar das limitações do estudo, foi possível constatar o atendimento das empresas
em relação às exigências de divulgação das informações investigadas bem como o
envolvimento com as boas práticas de governança corporativa.
Como sugestão, trabalhos futuros podem se propor a : investigar associações
utilizando outras variáveis e/ou proxys, utilizar como técnica estatística a regressão, uma vez
que este é mais robusto e conclusivo para explicar a relação das características de governança
corporativa e o nível de disclosure, considerar uma maior delimitação temporal, a fim de
permitir uma melhor comparação e avaliar qualitativamente o disclosure.
47

REFERÊNCIAS

AGUIAR, Andson Braga de.; CORRAR, Luiz João. e BATISTELLA, Flavio Donizete.
Adoção de práticas de governança corporativa e o comportamento das ações na Bovespa:
evidências empíricas. R. Adm., São Paulo. v. 39, n. 4. p. 338-347, out./nov./dez. 2004.

ALENCAR, Roberta. Nível de disclosure e custo de capital próprio no mercado Brasileiro.


Tese (Doutorado em Controladoria e Contabilidade) – Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

ALMEIDA, S. G. Oliveira de et al. Convergência da Contabilidade Brasileira aos Padrões


Internacionais: Um Estudo Comparativo entre Contabilistas e Docentes. In: Congresso USP
de controladoria e contabilidade. 12. 2012.

BACKMON, R. I., & VICKREY, D. W. (1997). An empirical examination of the relationship


between bond risk premiums and loss contingency disclosures. Journal of Accounting,
Auditing and Finance, 12(2), 179–198.

BM&FBOVESPA – BOLSA DE VALORES, MERCADORIAS E FUTUROS. 2009. F.R,


DFP, NA e outras informações. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/.> Acesso
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APÊNDICE A – Frequências relativas dos itens de divulgação de 2010 e 1014

Não Não se Apresentam Não Não se


Apresentam
Característica Apresentam Aplicam (%) Apresentam Aplicam
(%)
(%) (%) (%) (%)
2014
2010

Auditoria 71,23 28,77 0 82,65 17,35 0,00


Separação entre
Presidente e 25,57 74,43 0 16,89 83,11 0,00
CEO
Valor Contábil
no início e fim do 100,00 0,00 6,39 100,00 0,00 5,02
período
Provisões
83,08 16,92 10,96 86,67 13,33 10,96
adicionais
Valores
80,00 20,00 24,20 82,74 17,26 22,83
utilizados
Valores não
77,24 22,76 33,79 81,58 18,42 30,59
utilizados
Aumento
durante o 58,10 41,90 52,05 65,77 34,23 48,86
período
Breve descrição
88,35 11,65 5.94 86,89 13,11 5,94
da natureza
Indicação das
36,10 63,90 6,39 60,39 39,61 5,48
incertezas
Valor de
qualquer
100,00 0,00 98,17 66,67 33,33 98,63
reembolso
esperado
Breve descrição
89,06 10,94 12,33 87,88 12,12 9,59
da natureza
Estimativa do
seu efeito 93,68 6,32 13,24 96,45 3,55 10,05
financeiro
Indicação das
38,95 61,05 12,79 42,93 57,07 9,59
incertezas
Possibilidade de
100,00 0,00 91,32 100,00 0,00 93,61
reembolso
Divulgação das
informações não 6,90 93,10 7,31 7,77 92,23 5,94
praticável
53

APÊNDICE B – Correlação de Sperman

A correlação de Spearman se constitui por calcular o coeficiente de correlação de


Pearson em cada posto de um número.
Para cada variável, devemos fazer o rol (ordenar em ordem crescente) e atribuir
postos, que são posições. Dessa forma, a observação de menor valor ficará com o posto 1, a
de segundo menor valor com o posto 2 e assim por diante, até a observação X estar toda
ordenada. Da mesma forma, fazemos com a observação Y, até termos n pares de observações
e mesmos postos. Caso haja empate em algum valor, o posto atribuído será a metade entre o
posto atual e o posto seguinte. Após esta ordenação, fazemos a diferença entre as observações,
chamadas de di onde i refere-se à i-ésima observação.
Desta forma, podemos calcular o coeficiente de correlação de Spearman por:

𝑚
6 ∗ ∑𝑑𝑖²
𝐷 = ∑ 𝑒𝑖 1 −
𝑛³ − 𝑛
𝑖=1

Em que:

di - diferença entre as variáveis de mesmo posto;


n - número de observações.
54

APÊNDICE C – Teste de médias

Para realizar a o teste de diferença de médias, primeiramente deve-se fazer um teste


para verificar se as variâncias, mesmo desconhecidas, são iguais ou diferentes.
Suponha-se que as variâncias calculadas de duas populações possam ser denotadas por
𝑆12 e𝑆22 respectivamente, assim podemos escrever a variável aleatória:
𝑆12
W= ~ F (𝑛1 − 𝑛2 ), o que significa dizer que 𝑆12 dividido por 𝑆22 tem distribuição F com
𝑆22

𝑛1 − 𝑛2 graus de liberdade, sendo 𝑛1 − 𝑛2 o tamanho das amostras 1 e 2.


Para o teste de variâncias, testa-se as seguintes hipóteses:
H0: 𝜎12 = 𝜎22 , As variâncias são iguais versus
H1:𝜎12 ≠ 𝜎22 , As variâncias são diferentes.
Após calcular o valor de W, deve ser observado o valor crítico na tabela T com s graus de
liberdade indicados. Este valor crítico representa a região de rejeição da hipótese nula e de
não rejeição da mesma, ou seja, é avaliado se rejeita ou não a hipótese de que as variâncias
são iguais.
Dado este teste para as variâncias,faz-se o teste entre as médias de acordo com o caso:
 Variâncias Iguais
Feito o teste para as variâncias e não rejeitando a hipótese nula, isto é, 𝜎12 = 𝜎22 = 𝜎 2 ,
pode-se fazer o teste de hipóteses para as seguintes afirmações:
H0:𝜇1 = 𝜇2 , Média das duas populações são iguais versus
H1:𝜇1 ≠ 𝜇2 , Média das duas populações são diferentes

Para testar estas hipóteses, é utilizada a estatística T:


𝑋̅ − 𝑌̅
T= 1 1
~ T (𝑛1 + 𝑛2 – 2), ou seja, a estatística T tem distribuição t de Student
𝑆𝑝 √ +
𝑛1 𝑛2

com 𝑛1 + 𝑛2 – 2 graus de liberdade.


Onde: 𝑛1 e 𝑛2 são os tamanhos amostrais das populações 1 e 2, respectivamente. Além disso,
Sp é a variância combinada e que pode ser obtida pela fórmula:

∑𝑛𝑖=1
1 𝑛2
(𝑋1 − 𝑋̅)² + ∑𝑖=1(𝑌1 − 𝑌̅)²
𝑆𝑝 =
𝑛1 + 𝑛2 − 2
55

Após calcular a estatística de teste T, são verificados os valores críticos para os graus
de liberdade indicados para então rejeitar ou não a hipótese nula, dado o nível de
significância.

 Variâncias Desiguais
Quando a hipótese inicial de igualdade de variâncias for rejeitada, isto é, 𝜎12 ≠ 𝜎22 , é
utilizado a seguinte estatística T’:

𝑋̅ − 𝑌̅
T’ = ~ T( ν ), isto é, a estatística T’ tem distribuição t de Student com ν graus
𝑆2 𝑆2
√ 1+ 2
𝑛1 𝑛2

de liberdade.
Sendo:
(𝐴+𝐵)² 𝑆2 𝑆2
ν= 𝐴2 𝐵2
com A= 𝑛1 e B= 𝑛2 .
+ 1 2
𝑛1 −1 𝑛2 −1

Analogamente ao caso das variâncias desconhecidas mas iguais, calcula-se o valor da


estatística T’ e o compara com o valor de rejeição ao nível de significância dado.
Após a conclusão dos testes pode-se alegar se as médias dos anos são ou não estatisticamente
iguais

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