Você está na página 1de 4

O Teorema de Arzelà-Ascoli e Aplicações à Análise

Max Reinhold Jahnke1 , Exemplo 1. Para cara n ∈ N, seja xn : [0, 1] → R


Manuel Valentin Pera Garcia (orientador) 2 denida por
and
Sonia Regina Leite Garcia (orientadora) 3

 tn 0 ≤ t ≤ 1/n
1 Universidade de São Paulo (USP), Brazil xn (t) := 2 − tn 1/n ≤ t ≤ 2/n
jahnke@usp.br 0 2/n ≤ t

2 Universidade de São Paulo (USP), Brazil
mane@ime.usp.br A sequência (xn )n∈N não é equicontínua. De fato,
3 Universidade de São Paulo (USP), Brazil
sonia@ime.usp.br
tomando  = 1/2, qualquer que seja δ > 0, pela pro-
priedade arquimediana, existe n0 ∈ N tal que 1/n0 <
δ , logo d(xn0 (0), xn0 (1/n0 )) = d(0, 1) = 1 > .
1. Introdução
Lema 1. Sejam K um espaço compacto, M um es-
O teorema de ArzelàAscoli é muito importante para
paço métrico e (fn )n∈N uma sequência em C (K, M )
a análise funcional, pois ele determina quais são as
equicontínua, que converge pontualmente para a fun-
condições necessárias e sucientes para que um con-
ção f . Nestas condições, f é contínua e (fn ) converge
junto de funções de espaço compacto, com valores
uniformemente para f.
em um espaço métrico, seja compacto. A principal
condição é a equicontinuidade do conjunto de fun- Demonstração:
ções. Primeiro vamos provar que a função limite é con-
Foi Ascoli quem encontrou as condições sucien- tínua em x0 ∈ K : qualquer que seja  > 0, pela con-
tes para a compacidade e Arzelà quem estabeleceu as vergência pontual, existe n0 ∈ N tal que, se n ≥ n0 ,
condições necessárias, porém foi Fréchet quem gene- então d(fn (x0 ), f (x0 )) <  e pela equicontinuidade,
ralizou o teorema para qualquer espaço onde a noção existe V ⊂ X vizinhança aberta de x0 tal que, se
de limite faça sentido. x ∈ V , então d(fn (x0 ), fn (x)) < , ∀n ∈ N.
Pretendemos apresentar duas aplicações muito in- Portando, se x ∈ V , temos d(f (x0 ), f (x)) <
teressantes do teorema de Arzelà-Ascoli uma a teoria d(f (x0 ), fn0 (x0 )) + d(fn0 (x0 ), fn0 (x)) +
das equações diferenciais, o teorema de Peano e ou- d(fn (x), f (x)) < 2 + d(fn (x), f (x)), como, para
tra a Análise Complexa, o teorema de Montel. cada x ∈ V , temos que d(fn (x), f (x)) → 0 quando
n → ∞, então d(f (x0 ), f (x)) ≤ 2, o que prova a
2. O Teorema de Arzelà-Ascoli continuidade da função f .

Iniciaremos essa seção apresentando alguns concei- Agora vamos provar que (fn ) converge unifor-
tos e resultados importantes para enunciarmos e de- mente para f : qualquer que seja  > 0, pela equi-
monstrarmos o Teorema de Arzelà-Ascoli. continuidade da (fn ) e da continuidade da f , para
cada x ∈ K , existe Vx ⊂ X vizinhança aberta
Denotaremos por C (X, Y ) o conjunto de todas as de x tal que, qualquer que seja y ∈ Vx , temos:
funções f : X → Y contínuas. Quando X for com- d(fn (y), fn (x)) ≤ , ∀n ∈ N e d(f (x), f (y)) < .
pacto e Y for um espaço métrico usaremos a métrica Claramente {Vx }x∈K é um recobrimento aberto
d(f, g) := sup{d(f (x), g(x)) : x ∈ X}. do compacto K , então existe um sub-recobrimento
nito Vx1 , ..., Vxk que cobre K .
Denição 1. Seja X um espaço topológico e M um Qualquer que seja x ∈ K , existe i tal que x ∈ Vxi ,
espaço métrico. Dizemos que uma família F de e portanto d(f (x), f (xi )) < , além disso, existe n0 ∈
funções denidas em X com valores em M é equi- N sucientemente grande tal que, se n ≥ n0 então
contínua no ponto x0 ∈ X se, dado  > 0, existe d(f (xi ), fn (xi )) < , para 1 ≤ i ≤ k .
V ⊂ X vizinhança aberta do ponto x0 tal que, Portanto, para n ≥ n0 temos a seguinte
d(f (x0 ), f (x)) < , ∀x ∈ V e f ∈ F . Dizemos que a desigualdade d(f (x), fn (x)) ≤ d(f (x), f (xi )) +
F é equicontínua se F é equicontínua em todos os d(f (xi ), fn (xi ))+d(fn (xi ), fn (x)) < 3. Perceba que
pontos de X . Claramente temos F ⊂ C (X, M ), se a desigualdade é verdadeira para todo x ∈ K , por-
F é equicontínua. tanto a convergência é uniforme. 

79
Denição 2. Seja X um espaço topológico. Dize- e então, pelo lema anterior, sabemos que tal conver-
mos que H ⊂ X é relativamente compacto se H é gência é uniforme e concluimos que H é completo.
compacto.
Agora vamos provar que H é totalmente limi-
tado: qualquer que seja  > 0, como H é equi-
Denição 3. Seja X um espaço métrico. Dizemos contínuo, para cada x ∈ K , existe uma vizinhança
que X é totalmente limitado se, dado  > 0 existe aberta Vx tal que, se f ∈ H e y ∈ Vx , então
um recobrimento {O1 , ..., Ok } com a propriedade: se d(f (x), f (y)) < . Claramente {Vx }x∈K forma uma
x, y ∈ Oi , então d(x, y) ≤ . recobrimento aberto do compacto K , portanto existe
um sub-recobrimento nito, seja ele Vx1 , ..., Vxp .
Teorema 1. (de Ascoli) Seja K um espaço compacto Por hipótese, temos que cada H(xi ) é relativa-
e M um espaço métrico. Seja H ⊂ C (K, M ) então mente compacto, e portanto totalmente limitado,
H é relativamente compacto se, e somente se, H é assim, cada H(xi ) admite um recobrimento nito
equicontínuo e H(x) = {f (x) : f ∈ H} é relativa- Hi1 , ..., Himi tal que, se x, y ∈ Hij , então d(x, y) < .
mente compacto. Para cada sequência q1 , q2 , ..., qi , com 1 ≤
q1 ≤ m1 , ..., 1 ≤ qp ≤ mp , seja Hq1 ,q2 ,...,qp :=
Demonstração:
f ∈ H; f (xi ) ∈ Hipi , 1 ≤ i ≤ p.
(⇒): Suponha que H é relativamente compacto.
O conjunto {Hq1 ,q2 ,...,qp ; 1 ≤ q1 ≤ m1 , ..., 1 ≤ qp ≤
mp } cobre H , portanto temos que mostrar agora que
Primeiro vamos demonstrar que H(x) é relativa-
cada Hq1 ,q2 ,...,qi é totalmente limitado.
mente compacto: de fato, a função hx : C (K, M ) →
Sejam f, g ∈ Hq1 ,q2 ,...,qi , qualquer que seja x ∈ K ,
M denida por hx (f ) := f (x), ∀f ∈ C (K, M ) é con-
existe i tal que x ∈ Vxi , além disso, existe pi tal que
tínua, logo hx (H) é compacto, pois funções contínuas
f (x), g(x) ∈ Hipi , portando d(f (x), g(x)) ≤ . Logo
preservam a compacidade. Como H(x) ⊂ f (H), que
H é totalmente limitado. 
é fechado, temos H(x) ⊂ f (H), e, como todo fechado
fechado subconjunto de compacto, é compacto, te-
mos que H(x) é relativamente compacto. 3. Aplicações à Análise

Agora vamos demonstrar que H é equicontínuo: Teorema 2. (de Peano) Sejam S := [x0 − a, x0 + a] ×
como H é relativamente compacto, qualquer que seja [y0 − b, y0 + b] com a, b > 0 e f : S → R uma função
 > 0, existe um recobrimento nito H1 , ..., Hp tal contínua. Então, existe um a∗ com 0 < a∗ ≤ a,
que, se f, g ∈ Hi , então d(f, g) ≤ . tal que a equação diferencial y 0 = f (x, y) tem uma
Fixemos então elementos f1 ∈ H1 , ..., fp ∈ Hp e solução, denida em [x0 − a∗ , x + a∗ ], que passa pelo
x0 ∈ K . Da continuidade de cada fi , segue que ponto (x0 , y0 ).
existe uma vizinhança aberta Vx0 de x0 tal que, se
Demonstração:
x ∈ Vx0 , então d(fi (x0 ), fi (x)) <  e 1 ≤ i ≤ p.
Como f é continua e S é compacto, existe M > 0
Então, se f ∈ H , existe i tal que f ∈
tal que, |f (x, y)| < M , para todo (x, y) ∈ S . De-
Hi , e portanto d(f (x), f (x0 )) ≤ d(f (x), fi (x)) +
nimos a∗ = min{ M b
, a}. A escolha de a∗ cará clara
d(fi (x), fi (x0 )) + d(fi (x0 ), f (x0 )) < 3 e concluimos
seguir. Para simplicar a notação, usaremos a = a∗ .
que H é equicontinuo.
Seja I0 := [x0 , x0 + a] e, para cada n ∈ N, Ir :=
[x0 + (r − 1)a/n, x0 + ra/n], 1 < r ≤ n. Para cada
(⇐): Suponha que H é equicontínuo e que, para
n ∈ N, denimos uma função yx : I0 → R da seguinte
todo x ∈ K , H(x) é totalmente limitado.
maneira:
Para mostrar que H é relativamente compacto,
basta mostrar que H é totalmente limitado e que 
x ∈ I1
 y0
H é completo. yn (x) :=
Z x−a/n
 y0 + f (t, yn (t))dt x ∈ I1 , .., In
Vamos primeiro provar a completude de H : seja x0

(fn ) uma sequência de Cauchy em H . Para cada


Note que se x ∈ Ir , então yn (x) está de-
n ∈ N, seja f n ∈ H tal que d(fn , fn ) < 1/n.
nida em termos de yn (t), para t ∈ I1 ∪ ... ∪ Ir−1
Como H(x) é compacto, e portanto completo, e R x−a/n
a sequência (f n (x)) é de Cauchy, podemos denir além disso, |yn (x) − y0 | = | x0 f (t, yn (t))dt| ≤
R x−a/n
f (x) = limn→∞ f n (x). Por contrução, a sequência x0
M dt = M |x − a/n − x0 | ≤ M a ≤ b, portanto
(fn ) é equicontinua e converge portualmente para f , yn está bem denida e ainda é contínua.

80
A sequência (yn ) é equicontínua, de fato, Além disso, como cada fn é contínua existem
M1 , ..., Mn0 reais tais que |fn (x, y)| < Mn , para
R x−a/n
|yn (x) − yn (z)| = | x0 f (t, yn (t))dt −
R z−a/n R x−a/n n = 1, 2, ..., n0 .
f (t, yn (t))dt| = | x0 f (t, yn (t))dt +
Rxx00 R x−a/n Denindo M = max{Mf + 1, M1 , ..., Mn0 }, temos
z−a/n
f (t, yn (t))dt| = | z−a/n f (t, yn (t))dt| ≤ que, qualquer que seja (x, y) ∈ S, |f (x, y)| < M e
M |x − z|. |fn (x, y)| < M .
Aplicando o Teorema de Arzelà-Ascoli, sabemos Seja a∗ = b/M e para simplicar a notação, vamos
que {yn ; n ∈ N } é relativamente compacto, portanto assumir a = a∗.
a sequencia (yn ) tem uma subsequência (ynk )k∈N Como cada fn é continuamente diferenciável,
convergente. usando o teorema da desigualdade do valor médio
Denimos u(x) := limk→∞ ynk (x), para todo x ∈ concluimos que cada fn é também lipschitziana, en-
I0 . Vamos mostrar que u é solução de y 0 = f (x, y). tão, pelo teorema da existência de Cauchy, para
Por denição, temos ynk = y0 + cada fn , existe uma única função Ryn denida em
x
[x0 − a, x0 + a] tal que yn (x) = y0 + x0 f (t, yn (t))dt.
R x−a/nk Rx
f (t, ynk (t))dt = y0 + x0 f (t, ynk (t))dt +
Rxx−a/n
0
k
f (t, ynk (t))dt.
x Rx Vamos mostrar que {yn : n ∈ N} é relativamente
Perceba que limk→∞ x0 f (t, ynk (t))dt =
Rx R x−a/nk compacto em C ([x0 − a, x0 + a], [y0 − b.y0 + b]). Pelo
x0
f (t, u(t))dt e que 0 ≤ | x f (t, ynk (t))dt| ≤ teorema de Arzelà-Ascoli, é suciente demonstrar
que {yn : n ∈ N} é equicontínuo e que o conjunto
R x−a/nk
M/nk portanto limk→∞ x f (t, ynk (t))dt = 0.
Rx
Então u(x) = y0 + x0 f (t, u(t))dt, u0 (x) = {yn (x) : n ∈ N} é relativamente compacto, para todo
x ∈ [x0 − a, x0 + a].
f (x, u(x)) e u(x0 ) = y0 .

Para todo x ∈ [x0 − a, x0 + a], o conjunto {yn (x) :


Analogamente, podemos denir u em [x0 − a, x0 ].
n ∈ N} é limitado pois é subconjunto de [−M a, M a]

e portanto é relativamente compacto.
O teorema de Peano admite também uma outra
demonstração, que usa dois resultados da Topologia Dados x1 , x2 ∈ [x0 − a, x0 + a],Rqualquer que seja
x
que são muito úteis para a Análise, esses resultados yn , temos |yn (x1 ) − yn (x2 )| = | x01 fn (t, yn (t)dt −
R x2 R x1
são o teorema do ponto xo de Banach e o teorema f (t, yn (t)dt|
Rxx00 n
=
R x1
| x0 fn (t, yn (t)dt +
de Stone-Weierstrass. x2 n
f (t, yn (t)dt| = | x2 fn (t, yn (t)dt| < M |x2 − x1 |,
Com o teorema do ponto xo de Banach, podemos logo {yn : n ∈ N} é equicontínuo
provar que se Ω ⊂ R2 é aberto e f : Ω → R é uma
função contínua lipschitziana na segunda variável, Portanto yn tem uma subsequência (ynk )k∈N con-
então o problema do valor inicial, y 0 = f (t, y), com vergente em C ([x0 − a, x0 + a], [y0 − b.y0 + b]) para
y(x0 ) = y0 admitide uma única solução. Esse resul- uma função y .
tado é chamado de teorema de existência de Cauchy. Para mostrar que y é a função R x que procuramos,
O teorema de Stone-Weierstrass garante que toda basta mostrar que y(x) = y0 + x0 f (t, y(t))dt.
função contínua a valores reais, denidas num sub- Para simplicar a notação, a subsequência (ynk )
conjunto compacto K ⊂ R é o limite de uma sequên- será representada por (yn ).
cia de polinômios uniformemente convergente em K . Rx
Usando o fato y0 = yn (x) − x0 f (t, yn (t))dt, so-
Para uma demonstração destes resultados, sugerimos Rx
o livro [1]. mando e subtraindo x0 f (t, yn (t))dt e usando a de-
sigualdade triangular, chegamos a:
Rx
Segunda demonstração do teorema de Peano: |y(x) − y0 + x0 f (t, y(t))dt| ≤ |y(x) − yn (x)| +
Rx Rx
Pelo teorema de Stone-Weierstrass, f pode ser uni- | x0 fn (t, yn (t)) − f (t, yn (t))dt| + | x0 f (t, yn (t)) −
formemente aproximada por uma sequência (fn ) de f (t, y(t))dt|.
funções continuamente diferenciáveis. Portanto, qualquer que seja  > 0, existe n0 natu-
ral tal que, se n > n0 , então:
Como f é contínua e S é compacto, existe Mf tal |y(x) − yn (x)| < , pois (yn ) converge uniforme-
que |f (x, y)| < Mf , para todo (x, y) ∈ S e como (fn ) mente para para y .
converge uniformemente para f , existe n0 ∈ N tal R |f (x, yn (x) − f (x, y(x))| < /a e portanto
x
que se n > n0 , então |f − fn | < 1, então |fn (x, y)| < | x0 fn (t, yn (t)) − f (t, yn (t))dt| < , pois (fn ) con-
Mf + 1, para todo (x, y) ∈ S . verge uniformemente para f .

81
R |f (t, y(t)) − f (t, yn (t))| < /a e portanto
x
| x0 f (t, y(t)) − f (t, yn (t))dt| < , pois f é contínua. (⇐): Suponha que toda sequência de funções de
Como queríamos.  F |K tenha uma subsequência convergente.

Exemplo 2. Note que garantimos apenas a existência Como F |K é compacto, pelo teorema de Arzelà-
da solução, porém, não temos como garantir garantir Ascoli, F |K é equicontínuo e, para todo x ∈ K ,
a unicidade da solução apenas com as hipóteses do {f (x) : f ∈ F } é totalmente limitado, portanto
teorema de Peano: considere a equação diferencial existe Mx > 0 tal que |f (x)| < Mx , para toda
y 0 = 3y 2/3 , as funções z(x) = 0 e w(x) = x3 são f ∈ F |K .
soluções, denidas em uma vizinhança de 0, e z(0) = Como F |K é equicontinuo, existe Vx vizinhança
w(0), portanto não temos a unicidade da solução. aberta de x tal que se y ∈ Vx e f ∈ F então |f (x) −
f (y)| < 1.
Como K é compacto e {Vx }x∈K é um recobri-
Denição 4. Seja Ω ⊂ C aberto não vazio e F um mento aberto de K , existe K0 ⊂ K nito tal que
conjunto de funções analíticas equilimitadas sobre {Vx }x∈K0 ainda cobre K.
todo conjunto compacto K , isto é, dado um com- Seja então M = max{Mx + 1; x ∈ K0 }, temos que
pacto K ⊂ Ω, existe Mk ≥ 0 tal que |f (z)| ≤ Mk , |f (x)| < M , para todo x ∈ K e toda f ∈ F . 
para todo z ∈ K . Nestas condições a família F é
dita uma família normal. Referências

[1] Chaim Samuel Hönig, Aplicações da Topologia à Análise,


Lema 2. Toda família normal de funções analíticas IMPA, 1976.
é equicontínua. [2] Walter Rudin, Principles of mathematical analysis,
Demonstração: McGraw-Hill, 1976.
Seja F uma família normal de funções analíticas [3] Carlos R. Borges, Elementary topology and applications,
denidas no aberto Ω ⊂ C. World Scientic, 2000.
Dado z0 ∈ Ω, seja r > 0 tal que K :=
Br (z0 ) ⊂ Ω e Cr a fronteira de Br (z0 ). Qualquer
que seja z ∈ Br (z0 ), pela fórmula de Cauchy, te-
R f (w) R f (w)
mos f (z) − f (z0 ) = 2πi 1
Cr w−z
dw − Cr w−z 0
dw =
f (w)
z−z0
.
R
2πi Cr (w−z)(w−z0 )
dw
Se |z − z0 | < r/2 e w ∈ Cr , então |(w − z)(w −
z0 )| ≥ r2 /4, então temos que |f (z) − f (z0 )| =
f (w) Mk
| z−z dw| ≤ | z−z
R
2π || r 2 |L (Cz ) = |z−
0 0
2πi Cr (w−z)(w−z0 )

r , o que prova a equicontinuidade de F no


z0 | 4M
ponto z0 .

Teorema 3. (de Montel) Seja Ω ⊂ C aberto não va-


zio e F uma família de funções analíticas f : Ω → C.
Então F é normal se, e somente se, qualquer sequên-
cia de funções de F contêm uma subsequência con-
vergente em todo compacto K ⊂ Ω.
Demonstração:
Seja K ⊂ C compacto. Denotaremos por F |K o
conjunto das funções de F restritas a K .

(⇒): Suponha que F normal.

Sabemos que F é equilimitado e pelo lema ante-


rior, sabemos que F é equicontinuo, então, segue do
teorema de Arzelà-Ascoli que F |K é relativamente
compacto, isto é, toda sequência de de funções em
F |K tem uma subsequência convergente.

82

Você também pode gostar