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NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO


JORGE GAMBOA BARBOSA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO II


EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO: PROCEDIMENTO DE
RESGATE EM ALTURA EM LINHA DE TRANSMISSÃO
JORGE GAMBOA BARBOSA

Eunápolis-BA
2019
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO II
EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO: PROCEDIMENTO DE
RESGATE EM ALTURA EM LINHA DE TRANSMISSÃO

Relatório de Estágio
Supervisionado orientado pelo
Supervisor acadêmico Saulo
Santos Moreira, como
avaliação final da Disciplina
Estágio Supervisionado II.

Eunápolis-BA
2019
SUMÁRIO

LISTA DE SIGLAS ...................................................................................................... 4


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 3
2 IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDIMENTOS ...................................................... 4
3 OS TIPOS DE ESTRUTURAS METÁLICAS ........................................................ 5
4 NR 35 – TRABALHO EM ALTURA ...................................................................... 6
5 OBJETIVO ........................................................................................................... 7
6 REQUISITOS MÍNIMOS ...................................................................................... 8
7 TERMOS E DEFINIÇÕES DO PROCEDIMENTO ............................................... 9
8 EQUIPE DE INTERVENÇÃO ............................................................................. 12
9 REGRAS DE SEGURANÇA .............................................................................. 13
10 OS TIPOS DE RESGATE............................................................................... 14
10.1 Resgate em vão desobstruído pela estrutura de torre .................................... 14
10.2 Resgate em vão desobstruído entre torres..................................................... 14
10.3 Resgate em vão obstruído .............................................................................. 15
11 RESGATE EM ALTURA ................................................................................. 18
11.1 TÉCNICA DE RESGATE EM ALTURA EM ESTRUTURAS DE TORRES DE
LINHA DE TRANSMISSÃO ....................................................................................... 18
11.2 DIRETRIZES BÁSICAS .................................................................................. 20
11.3 REALIZAÇÃO DE RESGATE ......................................................................... 21
12 EQUIPAMENTOS PARA RESGATE EM ALTURA ........................................ 36
12.1 LISTA DE EQUIPAMENTOS .......................................................................... 36
12.2 INSPEÇÃO DOS EQUIPAMENTOS............................................................... 41
12.2.1 RECOMENDAÇÕES PARA REALIZAÇÃO DE INSPEÇÃO NOS
EQUIPAMENTOS DE RESGATE ...................................................................... 42
13 RECOMENDAÇÕES QUANTO AO USO DE CORDAS ................................. 48
14 RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS QUANTO À PROTEÇÃO DAS CORDAS .. 54
CONCLUSÃO............................................................................................................ 56
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA ................................................................................. 57
15 ANEXO I – FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO AO ACIDENTADO............. 58
16 ANEXO II – CONTROLE DE INSPEÇÃO DO KIT DE SALVAMENTO........... 59
17 ANEXO III – FICHA DE INSPEÇÃO DE ACESSÓRIOS / EQUIPAMENTOS
DE RESGATE EM ALTURA ...................................................................................... 60
LISTA DE SIGLAS

1. EPI – Equipamento de proteção individual


2. EPC – Equipamento de Proteção Coletiva
3. SESMT – Serviços especializados em medicina e segurança do trabalho
4. LT – Linha de transmissão
5. SE – Subestação
6. NR – Norma regulamentadora
7. DDQS – Diálogo diário de qualidade e segurança
8. SESMT – Serviço especializado em segurança e Medicina do trabalho
9. ABNT – Associação brasileira de normas técnicas
10. NBR – Norma brasileira regulamentar
11. KN – Kilo Newton
12. KGF – Kilo grama força
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1 INTRODUÇÃO

Atualmente o mercado de trabalho tem se tornado mais exigente


no que tange à prevenção contra acidentes de trabalho, o cenário atual sobre
acidentes de trabalho no país é preocupante. Foram registrados mais 4 milhões de
acidentes de trabalho no período de 2012 até março de 2019 (Ministério Público,
2019), São números expressivos que afetam a todos, de forma direta ou indireta.

Este trabalho tem a finalidade de apresentar um procedimento


de resgate em altura em linha de transmissão de forma plena, conforme estabelece
a NR 35 trabalho em altura, o procedimento deve existir para satisfazer a real
necessidade de resgatar trabalhadores afetados e salvar vidas. As obras de
construção de linha de transmissão constituem um ambiente perigoso a saúde e
integridade física dos trabalhadores, a diferença de nível é um dos principais perigos
nesse segmento, pois as estruturas metálicas são relevantemente altas, originando
alturas que podem superar 100 (cem) metros.

As atividades realizadas em altura sempre foram a maior


preocupação para o setor de segurança do trabalho, por ser substancial e oferecer
risco de acidente fatal. É necessário direcionar recurso e técnicas de segurança para
elevar o nível de prevenção contra queda de trabalhadores em diferentes níveis.
(Tabocas Participações e Empreendimentos S/A, 2019).

Neste trabalho o conteúdo textual foi originado do projeto de


construção de linha de transmissão LT 500kv Poções III – Padre Paraíso-MG a
Poções-BA, na qual a empresa Tabocas Participações e Empreendimentos S/A é a
subsidiária do estágio e responsável pela construção de um determinado trecho da
obra.

O procedimento de resgate em altura teve contribuição de direta do


autor deste trabalho e membros do SESMT da empresa em questão.
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2 IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDIMENTOS

O estágio foi realizado no canteiro de obras principal do projeto, situado


em Almenara-MG, a obra possui 160 km e serão montadas 280 estruturas ao longo
de seu trajeto, a empresa Tabocas Participações e Empreendimentos S/A foi
contratada pelo grupo TPE – Transmissora Paraíso de Energia S/A para realizar a
construção de um dos trechos do referido projeto.

Figura 01: Traçado da obra

Fonte: Tabocas Participações e Empreendimentos S/A


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3 OS TIPOS DE ESTRUTURAS METÁLICAS

Nas obras de construção de linha de transmissão são utilizados dois


tipos de estruturas metálicas para montagem das torres, são elas, autoportante e
estaiada.
A estrutura autoportante possui a característica de auto sustentação,
possui uma fundação com quatro estruturas de concreto armado que varia de acordo
com o tipo de terreno e locação da torre.
A estrutura estaiada é suportada por um pino central, denominado
mastro central, a sua estabilidade depende de um conjunto de cabos estais que são
dimensionados para essa finalidade, abaixo na figura 02 demonstra essa diferença.

Figura 02: Características gerais da linha de transmissão

Fonte: XRTE – Xingu Rio Transmissora de Energia


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4 NR 35 – TRABALHO EM ALTURA

A nr 35 foi publicada pela portaria SIT (Secretária de Inspeção do


Trabalho) nº 313, de 23 de março de 2012. A referida norma que é direcionada à
segurança nas atividades realizadas em altura possui um objetivo claro, que é
estabelecer requisitos mínimos e medidas de proteção no trabalho em altura (NR 35,
item 35.1).
Em atendimento aos itens 35.6.1 e 35.6.3 da NR 35, deve-se
estabelecer uma equipe de salvamento e emergência, as ações que constituem
resgate devem ser precedidas de um plano de emergência conforme determina o
item mencionado (35.6.3 da NR 35), o procedimento de resgate elaborado tem como
premissa satisfazer o item acima citado.

Figura 03: Exemplo de um resgate em linha de transmissão

Fonte: Elaborado pelo autor


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5 OBJETIVO

Esse procedimento de resgate tem por objetivo estabelecer as


diretrizes para realizar resgate de acidentados ou vítimas de causas patológicas que
trabalham em altura, visando agilidade e máxima segurança dos envolvidos no
resgate satisfazendo as normas de segurança vigente.
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6 REQUISITOS MÍNIMOS

Os requisitos mínimos são restrições que afetam o andamento de


um resgate, neste caso, no mínimo deve conter os elementos abaixo:
a) Que haja os materiais necessários em quantidade suficiente, para realizar
resgate;
b) Que haja no mínimo duas pessoas para realizar resgate;
c) Os responsáveis pela realização de resgate devem estar capacitados e
autorizados para essa finalidade;
d) Os responsáveis pelo resgate devem estar devidamente equipados;
e) Que haja em quantidade o suficiente e especificamente selecionados os
equipamentos de proteção individual;
f) O colaborador responsável pelo resgate deve estar em boas condições
físicas e psicológicas;
g) O resgate somente deverá ocorrer, se as condições não oferecerem riscos
à saúde e integridade física do colaborador, responsável pelo resgate;
h) Que haja um planejamento mínimo, ágil e claro, para garantir a segurança
das vítimas e de socorristas.
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7 TERMOS E DEFINIÇÕES DO PROCEDIMENTO

Acesso por cordas: técnica de progressão utilizando cordas, em


conjunto com outros equipamentos mecânicos, para ascender, descender ou se
deslocar horizontalmente no local de trabalho, assim como para posicionamento no
ponto de trabalho.

Análise de risco: avaliação do trabalho a ser realizado, assim como


sua interação com a área de trabalho, identificando os riscos existentes na
realização da atividade.

Ascensão: método de progressão no qual o profissional utiliza


bloqueador(es) mecânico(s) para ascender pela corda de trabalho

Ascensão com talabarte: técnica de progressão, não em


suspensão, na qual o profissional se apoia pela estrutura, estando protegido por um
equipamento contra queda, em movimentação por torres, andaimes, estruturas
metálicas e escadas de marinheiro, entre outras estruturas.
Nota A: A ascensão com talabarte permite ao profissional uma
progressão segura por meio de estruturas que necessitam de fracionamento no
sentido vertical ou horizontal.

Ascensor: equipamento mecânico de ação de bloqueio que trava


sob carga em uma direção e desliza livremente na direção oposta.

Descensor: equipamento mecânico de ação por indução de fricção


com mecanismo de bloqueio automático, que permite que o usuário realize uma
descida controlada e pare com as mãos livres, em qualquer altura escolhida.

Trava-queda: dispositivo de segurança para proteção do usuário


contra quedas em operações com movimentação vertical ou horizontal, quando
conectado com cinturão de segurança para proteção contra quedas.
Nota A: Atualmente não existe uma norma Brasileira para
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dispositivos de ajustes de corda utilizados no trabalho de acesso por corda. Até que
exista uma norma, pode ser utilizada a BS EN 12841 como guia para o que é
requerido de um dispositivo de ajuste de corda apropria do. [ABNT NBR 14626].

Cinturão de segurança paraquedista: componente de um sistema


de proteção contra queda, constituído por um dispositivo preso ao corpo, destinado
a deter as quedas.
Nota A: O cinturão de segurança tipo paraquedista pode consistir em
fitas, ajustadores, fivelas e outros elementos, dispostos e acomodados de forma
adequada e ergonômica sobre o corpo de uma pessoa para sustentá-la em
posicionamento, restrição, suspensão e sustentação durante uma queda e depois de
sua detenção.

Conector: dispositivo de ligação entre componentes, que se abre e


permite ao usuário montar um sistema antiqueda e unir-se direta ou indiretamente a
um ponto de ancoragem.

Nó de retenção: nó utilizado no final da corda, com a finalidade de


evitar queda livre do profissional e/ou limitar a descida por questões de segurança.

Ponto de ancoragem: ponto de um sistema de ancoragem onde o


equipamento de proteção individual é projetado para ser conectado.

Resgate: capacidade da equipe de profissionais de acesso por


corda ou via estrutura, adquirida por treinamento, para sair de situações de
emergência ou adversas.
Nota A: Resgate em vão desobstruído de estrutura de torre: é a
condição em que a vítima será resgatada através de sua ancoragem na estrutura
metálica da torre, não tendo contato com a estrutura em sua descida.
Nota B: Resgate em vão desobstruído entre torres: é a condição em
que a vítima será resgatada através de sua ancoragem, sobre cabo (condutor, para
raio ou fibra óptica), não tendo contato com quaisquer estruturas.
Nota C: Resgate em vão obstruído: é a condição em que a vítima
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será resgatada através de sua ancoragem na estrutura, possibilitando o contato com


a estrutura.

Sistemas de ancoragem: componentes definitivos ou temporários,


dimensionados para suportar impactos de queda, aos qual o trabalhador possa
conectar seu equipamento de proteção individual, diretamente ou por meio de outro
dispositivo, de modo que permaneça conectado em caso de perda de equilíbrio,
desfalecimento ou queda.

Talabarte: Dispositivo de conexão de um sistema de segurança,


regulável ou não, para sustentar, posicionar e/ou limitar a movimentação do
trabalhador.

Elementos de ancoragem: dispositivo instalados nos pontos de


ancoragem para permitir a adequada colocação dos elementos de conexões,
podendo ser de cabo de aço ou fita/cinta/corda de poliamida com resistência igual
ou superior a 20KN ou 2000kgf.

Mosquetão: mosquetões em aço, formato “D” assimétrico, dotado


de sistema de travamento manual (rosqueado) com resistência nominal igual ou
superior a 20 KN ou 2000kgf.

Trabalho em altura: toda atividade executada acima de 2,0 m,


aonde haja risco de queda.

Corda de salvamento: corda desenvolvida para segurança pessoal


com diâmetro nominal de 11 mm, onde a alma da corda é composta de poliamida
que lhe confere maior resistência à tração e flexibilidade, é protegida por uma capa
de poliéster com resistência nominal igual ou superior a 20 KN ou 2000kgf.
Concreto aflorado: Estrutura de concreto armado sobressalente ao
solo que atinge níveis variáveis.
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8 EQUIPE DE INTERVENÇÃO

A equipe de intervenção básica deve ser constituída por


profissionais devidamente treinados nos procedimentos de primeiros socorros e
técnicas de resgate e salvamento em altura. O efetivo mínimo para compor a
equipe de resgate deve ser de quatro colaboradores.
Todos os colaboradores responsáveis pelos resgastes que podem ocorrer devem
ter conhecimento das técnicas específicas para salvamento em altura.
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9 REGRAS DE SEGURANÇA

Nas operações de resgate e salvamento, como de resto em todos


as situações de emergência e nos treinamentos, atendendo a estratégias e
técnicas definidas em procedimentos específicos ficam estabelecidas as seguintes
regras de segurança:

a) A Equipe de SESMT deve tomar as medidas cabíveis relativas ao


reconhecimento, avaliação, controle e segurança antes que se inicie qualquer
atividade de treinamento ou atendimento à emergência envolvendo resgate e
salvamento.

b) Antes do uso é de suma importância a verificação detalhada de todos os


sistemas de resgate montados, bem como a sua inspeção constante durante o uso.

c) Qualquer pessoa envolvida em operações de resgate e salvamento tem o


direito e o dever de interromper as ações quando observar que algo não está
seguro.

d) É importante considerar como requisito de segurança que as equipes de


resgate, ao intervir em emergências ou mesmo em treinamento, sempre se utilizem
seus EPI’s. Condições específicas envolvendo riscos à saúde e a integridade física
devem ser avaliados, sendo determinado pela equipe que irá realizar o resgate as
melhores opções.
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10 OS TIPOS DE RESGATE

Nas atividades executadas na construção de linha de transmissão


é considerado o resgate vertical, sendo subdivido em resgate em vão desobstruído
de estrutura de torre, resgate em vão desobstruído entre torres e resgate em vão
obstruído. Nas condições de construção de linha de transmissão o resgate pode
ocorrer em duas posições sendo elas, em reta ou diagonal, na ocasião a posição
diagonal necessitará de apoio de um veículo ou estrutura equivalente, para auxiliar
na inclinação do resgate.

10.1 RESGATE EM VÃO DESOBSTRUÍDO PELA ESTRUTURA DE TORRE

O Consiste na técnica utilizada por um socorrista capacitado e


autorizado, com a utilização de equipamentos especificamente selecionados,
aonde o profissional de resgate, se posiciona de modo a movimentar a vítima
verticalmente em que ela fica distante da estrutura da torre, possibilitando uma
descida ideal. Essa técnica é a mais recomendável, haja vista que, quanto mais
facilidade houver em um resgate, maior será sua agilidade, resultando em um
resgate ágil e eficiente.

10.2 RESGATE EM VÃO DESOBSTRUÍDO ENTRE TORRES

Consiste na técnica utilizada aonde o socorrista capacitado e


autorizado deverá utilizar uma série de equipamentos, que possibilite a descida da
vítima juntamente com o profissional ou descida individual do resgatado. Em geral a
vítima estará posicionada entre duas torres, com uma distância considerável em
qualquer das estruturas, é importante que haja uma prévia avaliação para considerar
uma chegada mais eficiente e posterior descida da vítima.
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10.3 RESGATE EM VÃO OBSTRUÍDO

É considerada uma das técnicas mais complexas, exige um esforço


físico maior por parte do profissional de resgate, durante a descida com vítima
ambos estão expostos a terem contato com a estrutura, que pode ocasionar lesão,
sempre que possível optar pelo resgate diagonal, evitando contato com a estrutura
metálica. Para realizar um resgate em diagonal é recomendável que haja um
veículo para suportar toda carga a ser transmitida ou algo similar.

Figura 04: Resgate em vão desobstruído pela estrutura de torre

Fonte: Elaborado pelo autor


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Figura 05: Resgate em vão desobstruído entre torres

Fonte: Elaborado pelo autor


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Figura 06: Resgate em vão obstruído

Fonte: Elaborado pelo autor


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11 RESGATE EM ALTURA

O resgate é a solução de uma ocorrência em condições ambientais


complexas, onde o colaborador estará submetido em determinadas ocorrências,
portanto não é uma opção realizar o resgate, mas, a principal alternativa. Levando
em consideração possíveis situações geradoras de perigos nas atividades
realizadas na construção de linha de transmissão, é importante que haja uma
segurança mínima necessária para o socorrista, em condições contrárias, não
deverá ocorrer o resgate em altura quando houver condições de risco grave e
iminente. O resgate deve respeitar o fluxograma (vide anexo I) simples antes de
iniciar uma resposta, aonde é determinado de forma objetiva às alternativas que
precedem resgastes.

11.1 TÉCNICA DE RESGATE EM ALTURA EM ESTRUTURAS DE TORRES DE


LINHA DE TRANSMISSÃO

O socorrista deverá avaliar muito bem o local do acidente antes de


iniciar o resgate, feito isto será possível verificar se existem perigos para si mesmo
e para a vítima. Entender rapidamente como à anomalia ocorreu, assim será
possível definir as prioridades no atendimento às vítimas. É importante que o
socorrista obtenha nos momentos imprevistos, um comportamento que se
assemelhe com as características abaixo:

a) Manter a calma e o bom senso;


b) Tenha em mente a seguinte ordem de segurança quando você estiver
prestando socorro: primeiro eu, depois minha equipe e a vítima; (isso parece
ser contraditório à primeira vista, más tem o intuito básico de não gerar
outras vítimas);
c) Mantenha terceiros afastados;
d) Evite manobras intempestivas (realizar de forma imprudente ou pressa);
e) Em caso de múltiplas vítimas, dê preferência àquelas que correm maiores
riscos morte.
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Durante o acesso ao acidentado, o socorrista deve estar


devidamente equipado, sempre que possível evitar subida sobreposta, dessa forma
garante mais segurança aos socorristas até a chegada da vítima. A subida do
socorrista deve ser realizada com auxílio de linha de vida, via trava quedas, assim
o socorrista ganhará mais tempo e agilidade, em último caso, o socorrista deverá
subir na estrutura utilizando talabarte duplo, neste caso a sua atenção deverá ser
redobrada, as extremidades das peças aonde é feita a ancoragem, devem ser
observadas, de modo a verificar se os parafusos estão com suas respectivas
porcas.
O socorrista deve verificar possíveis riscos de queda de materiais e
ferramentas, as atividades sobre a estrutura devem ser paralisadas imediatamente,
priorizando apoio total aos socorristas e acidentados.

Figura 07: Forma correta de subir na estrutura

Fonte: Elaborado pelo autor

Nota A: Em caso de emergência com mais de um socorrista, não deverá ocorrer


uma subida sobreposta, neste caso os socorristas devem subir em pontos
diferentes na estrutura da torre.
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Nota B: O socorrista deverá subir na estrutura da torre portando no mínimo os


seguintes equipamentos:
a) Cinturão de segurança do tipo paraquedista
b) Talabarte duplo;
c) Capacete com jugular;
d) Trava queda para linha flexível (em caso de uso de corda guia);
e) Bota de segurança;
f) Luva de vaqueta (não pode ser mista);
g) Cinco mosquetões (os mosquetões devem estar fixados nas argolas laterais
do cinto);
h) Equipamentos de resgate.

Nota C: Em caso de emergência em estrutura de torre sobre concreto aflorado


acima de 2 m, deve ter uma escada no local para facilitar o acesso do socorrista e
evitar a sua própria queda.

11.2 DIRETRIZES BÁSICAS

a) Para a remoção de vítimas de locais elevados, através das técnicas de


resgate em altura com uso de cordas, deve-se esgotar inicialmente todas as
possibilidades de descida através de meios permanentes ou outros acessos
disponíveis que ofereçam agilidade e segurança à operação.

b) Todos os recursos que forem aplicados na remoção da vítima de acidente


em altura devem dispor de alto nível de segurança, oferecer facilidades e
praticidade de forma a minimizar os tempos de resgate até socorro médico
especializado.

c) Quando houver dúvidas com relação à segurança dos acessos e meios


permanentes disponíveis no local para remoção da vítima utilize-se dos recursos
e técnicas de resgate e salvamento em altura com uso de cordas.

d) Se o estado da vítima, sua condição, localização ou as tarefas de resgate


determinarem dificuldades, não hesite em deslocar apoio médico para o local
dando início ali mesmo ao atendimento da vítima como forma de promover a sua
estabilização para o resgate.
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e) Preliminarmente às ações de resgate devem ser avaliados: o local (cenário


geral do acidente e do resgate), os equipamentos a serem utilizados, condições
climáticas, tipo de salvamento, obstáculos físicos, instalações elétricas (redes
eletrificadas, condutores), condições psicológicas, técnicas e físicas dos
socorristas e com estes dados deve ser desenvolvido e implementado pela
coordenação da emergência um plano de trabalho para levar em consideração
uma operação de resgate rápida, confiável e segura.

11.3 REALIZAÇÃO DE RESGATE

Os procedimentos de ancoragem são aqueles que tem por objetivo


a fixação de equipamentos ou pessoas a pontos fixos do ambiente (vigas, pilares,
tubulações, estruturas metálicas, etc.).

a) Ancoragem a prova de bomba: Deve ser o tipo de ancoragem prioritária e


define-se como um ponto de fixação do sistema tão robusto que não se espera
que o mesmo sofra qualquer abalo, mesmo recebendo a maior carga esperada
pelo sistema. É uma ancoragem que para falhar teria que comprometer toda a
estrutura da qual faz parte.

b) Sistemas de Ancoragem: Quando não há no ambiente um ponto de fixação


que possa ser classificado como à prova de bomba, a solução é recorrer a um
sistema de ancoragem, que pode ser:

c) Ancoragem em série: Neste sistema há um único ponto recebendo a carga,


porém, é montado um ou mais pontos para darem segurança ao primeiro,
caso ele falhe.

d) Ancoragens paralelas: Este sistema utiliza simultaneamente vários pontos


de ancoragem, distribuindo entre eles a carga aplicada. Este sistema
permite utilizar em conjunto vários pontos que isoladamente não seriam
seguros.

e) Nós para ancoragem: Oito duplo; oito guiado; oito com dupla alça ou o nó de
fita, ver o item 10 deste procedimento.
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DESCIDA VERTICAL LIVRE, RAPEL

O rapel é uma técnica de descida vertical relativamente antiga,


consiste basicamente em montar-se uma ancoragem em uma das pontas da corda
de descida e utilizar algum artifício de atrito para controlar a descida da carga
através da corda.

PREPARANDO O RAPEL

a) A escolha do ponto de descida deve recair naquele local que ofereça bom
nível de segurança à equipe de resgate, deve constituir-se em um local seguro,
dispor de pontos seguros para ancoragem da corda de descida e da corda de
segurança bem como dispor de facilidades para movimentação da vítima.

b) Devido à característica especifica do rapel constituir-se em uma técnica de


descida vertical, deve-se atentar para que a rota de descida da vítima esteja livre
de obstáculos.

c) A corda de resgate pode subir às costas de um socorrista, transportado


como mochila ou ser puxado por uma de suas pontas juntamente com a corda
de segurança utilizando-se para isso do cordeletes, porém, é sempre esperado
que o socorrista suba livre utilizando de outros meios para subir acorda, neste
caso apoio de outros colaboradores posicionados em cima da estrutura da torre.

d) Quando a corda for lançada certifique-se que a equipe no solo esteja ciente,
comunique sobre o “lançando da corda” e que não hajam pontos de risco à
corda, como por exemplo: superfícies quentes, cortantes ou pontos mortos onde
a corda possa prender, enrolar ou trancar, nunca lance uma corda muito próximo
da estrutura da torre.

e) Já com a corda de resgate e a corda de segurança disponíveis, verifique que


a corda de descida esteja livre, não esteja enrolado e que sua ponta fique
afastada do solo o suficiente (+ 0,50 a 1,20 m) para que na descida o efeito de
giro da corda não provoque espirais, o que dificultaria a descida, providencie
então a ancoragem;
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f) Para ancoragem da corda principal utilize (quando for o caso) o nó ASELHA


OITO na estrutura da torre e estenda a corda até outro ponto de ancoragem
onde poderá arrematar através de outro nó ou utilizar-se de fitas e mosquetão.
Proteja a corda ou fita nos pontos de ancoragem.

g) O nó ASELHA OITO é por si só um nó seguro, no entanto como tende a


correr um pouco sob tenção, utilize-se de um nó de segurança para arremate e
lembre-se de permear a corda (dividir em duas partes) deixando uma linha de
backup.

Figura 08: Utilização do nó de ancoragem, nó de ancoragem com backup


(devidamente protegido).

Fonte: Elaborado pelo autor


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Figura 09: Nó de ancoragem com backup (com auxílio de fita de ancoragem).

Fonte: Elaborado pelo autor

h) Montada a ancoragem, teste-a antes de descer a vítima, se necessário,


instale duas ou três ancoragens interligadas por fitas e mosquetões, observe que
os pontos de esforço estejam equalizados.

MONTANDO A CORDA DE SEGURANÇA

a) A corda de segurança deverá ter em uma de suas pontas um nó OITO


DUPLO fixado ao mosquetão da vítima ou socorrista. A alça da corda deverá
passar por um freio OITO DE ORELHA.

b) O controle da corda de segurança é feito por um socorrista no topo junto à


ancoragem, este deverá manter a corda de segurança solta, liberando a corda
de acordo com a velocidade de descida, atento a qualquer anormalidade,
quando para interromper a descida será suficiente segurar a corda de segurança
com firmeza.

UTILIZAÇÃO DA MACA ENVELOPE


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a) A maca envelope só deverá ser utilizada em último caso, essa avaliação deve
ser feita pelos socorristas em função da lesão da vítima.

b) A maca nunca deverá ser prepara em cima da estrutura, pois a


complexidades dos materiais irão dificultar e aumentar o tempo de resgate.

c) Quando a descida é feita com a utilização de macas é importante que seja


montada à maca um sistema de “corda guia” que manterá o controle, afastando
a maca de obstáculos, controlando o giro ou ainda apoiando na descida nos
casos de grandes alturas.

Figura 10: Montagem da maca envelope

Fonte: Elaborado pelo autor

d) A descida da vítima com a maca deve ser bem planejada, evitando que haja
imprevistos, durante a descida a maca deve ser bem posicionada de modo
que não enrosque sobre as peças da estrutura da torre.

e) Para facilitar o posicionamento da vítima sobre a maca, ela deve estar


posicionada sobre a ferragem.

f) IMPORTANTE: Após a vítima estar posicionada sobre a maca, os


socorristas devem realizar uma revisão geral, devem ser observadas todas
as conexões, fivelas, posicionamento da vítima, fitas de amarração e
backup.
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Figura 11: Revisão geral antes da descida da vítima

Fonte: O autor

g) O alinhamento da maca com a corda deve ser observado antes de posicionar a


vítima, evitando causar desconforto para vítima e excesso de força para descer
a maca.

Figura 12: Posicionamento correto da maca em relação a sua ancoragem

Fonte: O autor

Nota A: Quanto mais reta a corda conectada à maca estiver reta, melhor será no
momento da suspensão da vítima. Quanto não for possível manter a corda reta, os
socorristas devem averiguar uma maneira para diminui a velocidade de suspensão
de vítima.

Nota B: A maca deve ser elevada e assegurada pelo descensor, até uma altura
ideal, durante a descida da vítima os socorristas devem observar a face da vítima,
para que não contato demasiado com a ferragem da estrutura.
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Figura 12: Suspensão da vítima com uso de descensor

Fonte: O autor

Nota C: A vítima só pode entrar em suspensão após fixar o trava queda na corda
backup.

Nota D: Durante a descida com a vítima, o socorrista deve fixar a mão sobre o
trava queda, garantindo que ele não venha travar acidentalmente, este controle
deve ser realizado até o contato com o solo.

A SEGURANÇA NA COTA ZERO (SOLO)

A segurança na cota zero (solo) é feita por um socorrista que toma


nas mãos a ponta da corda que fica junto ao solo e atento aos movimentos de
descida da vítima e/ou socorrista, efetua ligeira tração para baixo (puxa) na corda e
desta forma, quando necessário, interrompe o movimento de descida da carga ou
controla a sua velocidade de descida.

DESCIDA INDIVIDUAL:

a) A descida com aparelhos, ou rapel mecânico, provoca atrito entre a corda e


o FREIO OITO ou outro aparelho (ID, Gri, Stop) utilizado para freio, este é o
princípio que determina o controle da descida, isto deve ser levado em
consideração para determinar a velocidade de descida, que deve ser lenta e
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controlada. Descidas rápidas provocam desgaste prematuro das cordas por


aquecimento excessivo, tornando-os enrijecidos diminuindo a vida útil e
determinando uma baixa confiabilidade no equipamento.

b) Deve ser lembrado que as cordas quando molhadas tendem a diminuir o seu
coeficiente de atrito, fato que provoca o deslizamento mais acelerado da carga
através da corda e também que grandes extensões de cordas em rapel tendem
a segurar a carga devido ao peso da corda estendida, este último fato é crítico,
pois poderá determinar que a vítima fique presa na corda em algum ponto da
descida.

c) A descida individual é realizada a partir do colaborador posicionado sobre a


estrutura, devidamente equipado, quando tomará a corda na mão direita (caso
seja destro) fazendo uma alça em “U” com a corda que será passada
primeiramente por baixo pelo olhal maior da PEÇA OITO e depois por trás do
olhal menor, deixando o lado da ancoragem para a esquerda e o vivo da corda
ou parte maior da corda, pelo qual vai descer, para a direita do seu corpo,
estando de costas para o local de descida. Feito isso, o passo seguinte é
prender a PEÇA OITO ao cinto, na argola frontal, junto à cintura, através de
mosquetão, prender a corda de segurança ao cinto preferencialmente no olhal
dorsal através de um mosquetão, certificar-se de que os mosquetões estejam
“fechados e travados”, verificar que os socorristas responsáveis pela segurança
na cota zero e na estrutura estejam atentos à sua descida, perguntar, utilizar
luvas de vaqueta, tomar a corda com a palma da mão direita voltada para o seu
corpo e puxá-la para baixo e para si, junto à coxa, testar o sistema ainda sobre a
plataforma, colocando o peso no sistema. Segurar a corda com firmeza,
dobrando-a ligeiramente com a mão direita atrás da coxa, desta forma freando
até ficar com o corpo suspenso pela corda, quando então iniciará a descida,
bastando para isso frouxar levemente a tensão que exercia com a mão direita
sobre a corda, sem soltá-la ou permitir que a mão corra de junto da coxa. Com a
mão esquerda, passar o polegar esquerdo por dentro do olhal central do seu
cinto, tomando cuidado para não prender a luva na PEÇA OITO ou em outras
partes móveis do sistema.
29

d) O socorrista realizará a descida cadenciada, lentamente pela corda,


caminhando e freando quando necessário, controlando o giro, mantendo as
pernas levemente flexionadas e ligeiramente abertas, observando possíveis
obstáculos até chegar ao solo.

e) Caso haja necessidade de parada em qualquer ponto do trajeto, deverá ser


feito um freio fixo, passando a corda por trás da peça OITO dando voltas (duas)
em torno das orelhas do OITO arrematando com um nó de segurança, quando
for o caso, utilizar-se de ascensores, trava quedas ou de cordeletes e nó
PRUSSIK para fixar-se em qualquer ponto ao longo da corda.

f) A remoção da vítima pela corda pode ser feita com uso de cinto tipo
paraquedista ou maca envelope devidamente equipada, utilizando-se uma PEÇA
OITO e mosquetão, podendo descer fixa ao socorrista e sob seu controle ou
ainda descer sob controle de um na cota zero (piso) ou ainda controlada a partir
do topo (rapel assistido) com sistema de descida montado como o sistema da
segurança.

Figura 13: Descida rapel

Fonte: O autor
30

Figura 14: Descida individual sendo utilizado o freio oito com orelha

Fonte: O autor

DESCIDA DIAGONAL, TIROLESA

Técnica de descida controlada de altura com uso de cordas.


Consiste na ancoragem de uma corda em ambas as pontas, uma na plataforma em
altura e outra no solo, com ângulos entre 45º e 70º (ideal).

PREPARANDO A TIROLESA

a) As técnicas de montagem do sistema na plataforma elevada são as mesmas


utilizadas no rapel;

b) Sendo a tirolesa uma técnica de descida diagonal haverá dois pontos de


ancoragem, um em uma estrutura e outro no piso (cota zero), local em que será
feita a tração da corda;

c) A ancoragem da corda de resgate na base (piso ou cota zero), pode ser


adiantada, no entanto sua conclusão depende da definição de localização,
definição de ângulo e direção, e da montagem da ancoragem da corda na
estrutura, enquanto esta última vai sendo montada, as atividades de apoio vão
sendo efetuadas na cota zero, como, por exemplo, providenciar acessórios
adicionais, macas, montagem de polias e fitas, preparação da corda guia e
outras que se fizerem necessárias;
31

d) A ancoragem da corda de resgate na base (piso ou cota zero) consiste em


localizar um ponto de ancoragem seguro, coluna, viga, veículo (neste caso
devidamente posicionado) e estrutura metálica da torre, proteger arestas, não
expor a corda a altas temperaturas, evitar o contato da corda com substâncias
químicas, não friccionar a corda em ângulos agudos e montar com fitas uma alça
em volta do ponto escolhido, usar um mosquetão grande para unir as pontas da
alça da fita e por dentro dele passar a corda de resgate que será recolhida até
outro mosquetão grande, fixado à corda de resgate por um nó ASELHA OITO,
onde será passado novamente e tracionada por duas ou três pessoas e
arrematada com dois ou três nós de segurança. Para a tração da corda não
devem ser usados meios mecânicos e a tenção deve ser tal que a corda não
fique com pontos baixos ou que de outra forma possam prejudicar o
deslocamento da carga;

e) O mosquetão para tração da corda de resgate deve ser montado em um


ponto imediatamente acima do ponto de ancoragem de forma que haja folga
(espaço) para tração da corda e que o mosquetão depois da tração fique em um
ponto distante o suficiente do ponto de ancoragem, em torno de dois metros, e
que não fique excessivamente alto, pois isso dificultara a retirada da vítima ou da
maca.

f) Logo acima do mosquetão de tração deve ser montada uma corda de


segurança para travar a carga em caso de descontrole e ou descida rápida,
consiste em apanhar uma corda de aproximadamente dez metros e dar com ela
uma volta em torno da corda de resgate logo acima do mosquetão de tração,
colocar dois socorristas uma em cada ponta da corda de forma a segurar a
carga antes de bater no mosquetão de tração;

MONTANDO A CORDA GUIA

a) A corda guia deverá ter montado no meio de sua extensão total um nó OITO
fixado ao mosquetão de sustentação da vítima ou maca. A alça da corda, tanto
na plataforma elevada quanto na cota zero, deverá receber o mesmo tratamento,
na montagem e na operação, que a corda de segurança do rapel. O controle do
deslocamento, velocidade de descida da carga é feito por um socorrista no topo
32

junto à ancoragem, este deverá manter a corda de segurança solta, liberando


corda de acordo com a velocidade de descida, atento a qualquer anormalidade,
quando, para interromper a descida será suficiente segurar a corda de
segurança com firmeza podendo inclusive puxar a carga para cima. A outra
ponta da corda guia deverá sofrer o mesmo tratamento com relação à montagem
e operação, constituindo-se em alternativa para puxar a carga para baixo,
quando necessário.

b) Salvamento: A remoção da vítima pela corda pode ser feita com uso de cintos
tipo paraquedista ou macas especiais para trabalhos em altura utilizando-se de
polias, mosquetões e fitas, podendo descer fixa a um socorrista ou controlada
pela corda guia a partir do topo. Para todos os casos devem ser observados
cuidados básicos com relação à integridade das cordas que devem ser
protegidos contra abrasão, sujeira, contato com produtos químicos, objetos
pontiagudos, superfícies quentes e cortantes bem como atrito excessivo o que
provoca seu desgaste e colapso.

TRANSPOSIÇÃO VERTICAL

A remoção da vítima, socorrista e/ou outros objetos pode ser


efetuada em ascensão, ou seja, puxada para cima, de um fosso, escada, andaime
ou local de qualquer outra forma mais baixo em relação à plataforma de resgate.
Para isso podemos dividir as ações em três situações básicas:

ESCALADA

a) Situação em que o socorrista necessita subir através de cordas para acessar


a vítima ou pontos de sustentação e ancoragem.

b) A ação de escalada pode ser efetuada com uso de cordeletes e nó


PRUSSIK, trava quedas (bloqueadores), ascensores, cintos tipo cadeirinha e
mosquetões.

c) Para isso será necessário que se disponibilize ao escalador uma corda em


condições seguras para a escalada, uma das formas é lançando-se a corda
enrolada por sobre alguma estrutura fixa, de forma que a ponta retorne ao
33

lançador e então este providencie um ponto de ancoragem liberando a outra


ponta para a escalada. Este sistema de escalada por si só constitui a sua
segurança, pois o escalador sempre escala preso a dois pontos distintos da
corda.

MOVIMENTAÇÃO

a) Instale na corda dois nós autoblocantes (Prussik) ou aparelhos (Ascensores),


um acima do outro e coloque um mosquetão em cada um.

b) No que está mais acima prenda uma alça de fita longa que funcionará como
estribo e no de baixo, uma curta para ser presa no cinto paraquedista.

c) Suba o que estiver acima cerca de 40 cm e trave. Encaixe um ou ambos os


pés na alça de fita correspondente e pise subindo o corpo.

d) Suba o que estiver fixo ao cinto até bem próximo ao do estribo, trave-o e
apoie-se no cinto. Repita as operações 3 e 4 simultaneamente.

Figura 14: Resgate acoplado

Fonte: https://www.petzl.com/INT/en
34

Resgate acoplado: Para realizar o resgate acoplado à vítima, o socorrista deverá


estar com o ID conectado, o equipamento proporcionará maior facilidade neste tipo
de resgate. O ID pode ser usado para controlar uma descida de duas pessoas, até
uma carga máxima de 200 kg. Para um controle melhorado, a corda deve passar por
um mosquetão de frenagem.

Acima de 200 kg, os testes mostraram que o controle de descida se torna muito
difícil e implacável de qualquer erro ou incidente do socorrista durante a operação.

No contexto da prática de uma descida curta em uma corda seca, o controle de


descida é gerenciável.
Para uma descida mais longa, em uma corda molhada ou suja, com o estresse de
uma vítima real, o risco de perder o controle da descida é significativo.

b) Situação excepcional

Se, apesar de todas as precauções tomadas, uma emergência excepcional e


imprevista exige que você execute uma descida acompanhada no seu I'D S com
uma carga de 200 kg.
Melhore o controle de frenagem usando um segundo mosquetão de frenagem no
lado de fixação do seu arnês.
Desça a uma velocidade muito baixa, mesmo se você acha que tem controle da
descida. Cuidado com o excesso de confiança: qualquer aceleração descontrolada
excederá a capacidade de travamento do ID e serão necessários reflexos
especializados para recuperar o controle.
35

RESGATE ACOPLADO COM DOIS SOCORRISTA

Figura 15: Resgate com dois socorristas

Fonte: https://www.petzl.com/INT/en

Figura 15: Resgate com dois socorristas

Fonte: https://www.petzl.com/INT/en

É uma técnica utilizada para liberar e resgatar uma vítima em um


sistema de captura, por dois socorristas. Se possível, selecione uma ancoragem
perto da vítima, para evitar problemas de alongamento com a corda que suporta o
socorrista quando o peso da vítima entrar na corda.
36

12 EQUIPAMENTOS PARA RESGATE EM ALTURA

Os equipamentos que serão utilizados para realizar o resgate,


formam o kit de emergência e salvamento, é imprescindível que esteja em
quantidade suficiente e em boas condições para uso. O kit de resgate/salvamento é
coletivo e estará disponível no mínimo um por veículo operacional ou um por
equipe, devendo estar montado dentro de sua mochila de transporte e disponível
próximo à área de trabalho, conforme NR 35 item 35.4.5.1 alínea “K” e item 36.2.

12.1 LISTA DE EQUIPAMENTOS

a) DESCENSOR AUTOBLOCANTE ID S 10 A 11,5 MM


NFPA

Descensor autoblocante com função anti-pânico. Possui


uma alavanca a qual é possível controlar a descida da
seguinte forma: puxando a alavanca até um ponto
intermediário, o equipamento libera a descida do
usuário. Puxando demais ou soltando a alavanca, o equipamento trava,
assegurando a vida do usuário. (Mínimo 2 unidades) NFPA: 1983L. Marca: PETZL.

b) DESCENSOR AUTOBLOCANTE ID S 10 A
11,5 MM LOWER

• Na operação descida, basta exercer uma


pressão leve para baixo na alavanca e o
dispositivo se deslizará pela corda;
• Para diminuir a velocidade de descida, basta
apertar mais um pouco a alavanca;
• Para frear a descida, apertar firmemente a alavanca para baixo;
37

• O dispositivo possui sistema anti-pânico duplo, que é ativado quando se aperta


totalmente a alavanca para baixo, ou quando se solta totalmente a alavanca.

c) FREIO OITO COM ORELHA COMPACT

Resgate em alumínio utilizado para acesso rápido ao


local do resgate e podendo ser utilizado em resgate com
maca envelope (SKED). O TITULO “COM ORELHA”
dar-se pelas pontas que auxiliam contra um acidental
travamento no acesso.
Carga de ruptura de 40KN (MINIMO 3 UNIDADES)

d) MOSQUETÃO

Mosquetão Alumínio D 28KN rosca CE UIAA. Este modelo


de mosquetão tem a proporção de abertura mais ampla
(22mm) para facilitar conexão da corda e ponto de
ancoragem utilizada em resgate e acessos Carga de
ruptura de 28KN, (MINIMO 6 UNIDADE) trava automática.

e) CORDA TIPO SEMI-ESTÁTICA BITOLA DE (11MM)

Corda utilizada para resgate em áreas remotas e


verticais podendo ser estáticas ou semi-estáticas.
Calculando sempre o dimensionamento da altura máxima
x2, pois reserva – o dobro para linha de backup. (se
altura for 50 metros tem que ser usado 120metros).
38

f) MACA ENVELOPE (SKED)

Uma das melhores ferramentas para resgate e


transporte de vítimas em espaços confinados,
restritos e externos. Depois de compactada, a
maca envelope é fechada com suas próprias
fivelas, tornando mais simples e prático seu
armazenamento dentro de sua mochila.
Podendo ser usada c/ pranchas de madeira ou
em polietileno caso necessitar flutuação. Através de cordas ou cintas de elevação
pode ser arrastada ou içada facilmente e com segurança. (1 Unidade).

g) ASCENSOR DE PUNHO DIREITO

Possui punho emborrachado de forma ergonômica,


dando maior conforto às mãos e mordente em aço
cromado com micro pontas que prendem na corda,
possibilitando os movimentos de subida. O mordente
possui uma fissura entre o micro pontas,
possibilitando evacuação de sujeira, neve, terra ou
lama, garantindo um perfeito funcionamento mesmo
em locais difíceis. (1 Unidade).

h) PLACA DE ANCORAGEM 5 FUROS

Multiplicador de pontos de ancoragem fabricado em


duralumínio. Um ponto de entrada e quatro de saída.
(1 Unidade).
39

i) MOCHILA PARA TRANSPORTE

Mochila para transporte de corda e equipamentos em


trabalho em altura e resgate. Capacidade para 100 metros
de corda e dois cintos nos bolsos. Ilhós gigante no fundo
para saída da corda. Informações técnicas • Alças regulável
e acolchoadas, com fita 50mm. • Alça de sustentação
estrutural para reboque da mochila. • Bolso cristal para
arquivo com histórico do material. • fundo reforçado em
vinil. • Tecido Cordura 500D garantia de resistência e segurança (1Unidade).

j) FITA DE ANCORAGEM

Para montagem de sistemas de ancoragens


provisórias ou transportáveis; triangulações;
equalizações; amarrações em situações de
resgate. Mínimo (1 Par).

k) PEDAL PARA SUBIDA DE DEGRAU ÚNICO

Pedal para subida em corda confeccionado em fita de


poliéster de 19 mm de alta resistência, costuras
eletrônicas e cordelete, com proteção interna para o
apoio dos pés e fivela simples para regulagem de
comprimento. Material construtivo: Fita de poliéster.
Mínimo (2 unidades).
40

l) CINTURÃO DE SEGURANÇA PARAQUEDISTA

Cinturão de segurança modelo paraquedista com


fivelas protegidas com 4 pontos de conexão e
totalmente ajustável.

m) PRANCHA RÍGIDA COMPLETA

Projetada para o transporte manual de vítimas de


acidentes.
Dimensionada para suportar vítimas com peso até
180 kg.
Rígida, leve e confortável.
Possui pegadores amplos para facilitar o uso com
luvas.
Design em ângulo para melhor acomodação do
paciente.
Translúcida, para o uso em Raio-X e Ressonância
Magnética.
Possui aberturas especificas para facilitar a
imobilização da vítima.
Possibilita o resgate na água e em alturas.
Observação: A Prancha de Imobilização possui
aberturas específicas para utilização do cinto de
segurança estilo aranha, imobilizador de cabeça
(coxins) como acessórios. (1 unidade).
41

n) COLAR CERVICAL ESTABELIZADOR

Colar cervical em uma única peça ajustável na


altura, com 16 posições para um ajuste
personalizado dentro de uma faixa de 4 ajustes
padrões para adultos, substituindo 4 medidas
padrão de colar cervical adulto. Também
possui apoio de mento (queixo) dobrável que
facilita procedimentos de intubação,
translúcido e compatível com exames de
Ressonância Magnética, tomografia
computadorizada. Possui uma ampla abertura frontal para realização de
procedimentos de Cricotirotomia ou Traqueostomia, bem como abertura posterior
para drenagem de fluídos e visualização da região da nuca. Tamanho adulto. No
tamanho ideal uma unidade.

12.2 INSPEÇÃO DOS EQUIPAMENTOS

O kit de resgate deverá ser inspecionado mensalmente pelo usuário, juntamente


com o acompanhamento de um técnico de segurança do trabalho ou profissional
inteirado no assunto, de forma respeitosa, sendo registrado nos anexos Anexo II e
Anexo III, objetivando detectar sinais de má conservação, montagem e
funcionamento. Deve ser verificada a integridade da corda, o correto
funcionamento das travas dos mosquetões, a funcionalidade do descensor e sua
correta instalação na corda, integridade das fitas e demais componentes utilizados
em resgate.

Nota A: Caso o Kit de resgate seja submetido ou exposto a condições adversas


como umidade excessiva, intempéries, maresia, ou outra situação que venha a
comprometer o desempenho do equipamento, este deverá ser submetido à devida
limpeza e conservação.
42

Nota B: Todo kit de deverá ser identificado e armazenado em local limpo, arejado,
distante de produtos químicos, longe de materiais perfuro cortantes e entre outros
que possam afetar as resistências mecânicas dos equipamentos.

12.2.1 RECOMENDAÇÕES PARA REALIZAÇÃO DE INSPEÇÃO NOS


EQUIPAMENTOS DE RESGATE

Componente Verificação

Procedimento geral de verificação de todos os equipamentos têxteis


 As informações fornecidas pelo fabricante foram lidas?
 O produto está dentro da vida útil recomendada pelo fabricante?
Verificação visual:
 Desgaste excessivo em qualquer parte
 Abrasão, particularmente das partes que suportam cargas
 Corda ou fita peluda (isto indica abrasão)
 Costura cortada, desfiada ou partida
 Cortes, particularmente nas partes que suportam carga
 Corda ou fitas sujas (sujeira acelera a abrasão, tanto externa quanto
internamente)
Verificação visual e tátil:
Todos os
 Dano por produtos químicos
equipamentos
Superfície empoeirada  e/ou desbotada  e/ou áreas endurecidas 
têxteis
(estes frequentemente significam contaminação química)
 Estrago por calor, ou seja, áreas esmaltadas
Ação:
 Produto além da vida útil recomendada: retirar de serviço
 Desgaste excessivo de qualquer parte: retirar de serviço
 Abrasão: uma pequena quantidade é permissível: retirar de serviço se
excessiva
 Cortes: retirar de serviço
 Sujeira: limpar de acordo com as instruções do fabricante
 Contaminação química: retirar de serviço
 Dano por calor: retirar de serviço
 Costura cortada, quebrada ou desgastada: retirar de serviço
43

Componente Verificação

Verificação adicional ao procedimento geral de verificação para todos os


equipamentos têxteis
Verificação visual:
 As terminações das cordas apresentam desgaste excessivo Verificação
visual e tátil:
 Dano interno. Em cordas de capa e alma (kernmantel), sentir as áreas
macias ou duras, sobre a capa e na alma: isto significa que está
Corda segurança e
danificado. Verificar particularmente as terminações das cordas
resgate
Ação:
 Excesso de partículas: limpar de acordo com as instruções do
fabricante. Se isto não for para remover as impurezas, verificar se há
danos por abrasão mais frequentemente que o normal
 Áreas macias ou duras fora do usual: remover o serviço (algumas
vezes, o dano é apenas local, então as áreas danificadas podem ser
cortadas fora)
Verificação adicional para todos os equipamentos têxteis
Verificação visual e tátil:
 Dentro e fora de qualquer das alças de material têxtil, pontos de
conexão e costuras para todas as características listadas.
 Amarrações e fivelas de ajuste para:
 Funcionamento correto
 Uso excessivo
 Corrosão
 Rachaduras
 Outros danos
Cinto tipo  Outras situações críticas de segurança para componentes de metal ou
paraquedista plásticos para:
 Funcionamento correto,
 Corrosão,
 Rachaduras,
 Outros danos Ação:
 Alças de material têxtil, pontos de conexão e costuras
 Amarrações e fivelas de ajuste, outras situações críticas de segurança
para componentes de metal ou plástico:
 Uso excessivo: retirar de serviço
 Corrosão: retirar de serviço
 Rachaduras: retirar de serviço
44

 Outros danos: retirar de serviço


 Funcionamento incorreto: retirar de serviço Verificação adicional para
todos os equipamentos têxteis Verificação visual e tátil:
 Dentro e fora de qualquer das alças de material têxtil de pontos de
conexão para todas as características listadas.
 Todas as costuras
 Todos os nós por segurança
 Que os nós sobrepostos são suficientes
 Que os nós na fita não estejam muito apertados (ou seja, que eles
poderiam ainda prover alguma absorção de energia) Ação:
 Alças de pontos de conexão
 Nós: Os nós podem ser reapertados por uma pessoa competente.
Tencionar o nó com o peso do corpo e assegurar-se de que está
suficientemente sobreposto (mínimo de 100 mm).

Componente de
Procedimentos de verificação para componentes de metal
metal

As informações fornecidas pelo fabricante foram lidas?


Verificação visual:
 Uso, particularmente em bobinas
 Deformação
 Cortes
 Marcas severas (sulcos, canaletas etc.) ou escoriações
 Abrasão excessiva por calor
 Corrosão
Descensores  Contaminação por produtos químicos, ou seja, pitting ou esfarelamento
de produtos de alumínio
 Acúmulo de materiais estranhos, ou seja, impurezas, graxa, tinta
Verificação visual e táctil:
 Partes móveis funcionando corretamente, ou seja, manoplas,
dispositivos de travamento
 Roscas de montagens estão totalmente apertadas e corretamente
seguras
 Não há nenhuma deformação de quaisquer partes, por exemplo
45

manoplas
Ação:
 Remover qualquer material estranho
 Algum uso é permissível: em referência às informações do fabricante
 Deformação: retirar de serviço
 Cortes, abrasão excessiva por calor ou escoriações: retirar de serviço
 Rachaduras: retirar de serviço
 Contaminação por produtos químicos: retirar de serviço
 Funcionamento incorreto: retirar de serviço
 Rosca de montagens não apertadas apropriadamente: retirar de
serviço

 As informações fornecidas pelo fabricante foram lidas?


Verificação visual:
 Uso, particularmente sobre a superfície ou came dentado, canaleta da
corda
 Deformação
 Cortes
 Trincas
 Sulcos ou escoriações e rebarba
 Abrasão excessiva por calor
 Corrosão
 Contaminação por produtos químicos, ou seja, pitting ou esfarelamento
Ascensores/Trava-
de produtos de alumínio
quedas
 Acúmulo de materiais estranhos, ou seja, impurezas, graxa, tinta
Verificação visual e táctil:
 Partes móveis funcionando corretamente, ou seja, câmara, molas,
mecanismo de travamento
 Pino da dobradiça está em boas condições
 Roscas de montagens estão totalmente apertadas e corretamente
seguras
 Não há nenhuma deformação de quaisquer partes
Ação:
 Remover qualquer material estranho
46

 Uso: Algum uso é permissível: em referência às informações do


fabricante
 Partes móveis: se qualquer uma não funcionar corretamente,
retirar de
serviço
 Pino da dobradiça não está em boas condições: retirar de serviço
Ascensores/Trava-  Deformação: retirar de serviço
quedas  Cortes, rebarbas, abrasões excessivas por calor, marcas ou
escoriações provocadas pelo peso: retirar de serviço
 Trincas: retirar de serviço
 Contaminação por produtos químicos: retirar de serviço
 Funcionamento incorreto: retirar de serviço
 Roscas de montagens não apertadas apropriadamente: retirar de
serviço
 As informações fornecidas pelo fabricante foram lidas?
Verificação visual:
 Uso, particularmente sobre a corda ou a cinta, que normalmente
se
atritam
 Deformação
 Cortes
 Trincas
 Sulcos ou escoriações e rebarba
 Abrasão excessiva por calor
 Corrosão
 Contaminação por produtos químicos, ou seja, pitting ou
Conectores
esfarelamento de produtos de alumínio
 Acúmulo de materiais estranhos, ou seja, impurezas, graxa, tinta
Verificação visual e táctil:
 Partes móveis funcionando corretamente, ou seja, guarnições
localizadas corretamente no corpo, molas retornando corretamente
nas guarnições, mecanismos de travamento operando corretamente
nas guarnições (entradas em rosca, e travas de giro), e quaisquer
partes embutidas funcionando corretamente
 O pino da dobradiça está em boas condições
 O pino de retenção não está dobrado
Ação:
 Remover qualquer material estranho
47

 Uso: algum uso é permissível: em referência às informações do


fabricante
 Partes móveis: se qualquer uma não funcionar corretamente,
retirar de serviço
 Pino da dobradiça está empenado: retirar de serviço
 Deformação: retirar de serviço
 Cortes, abrasão excessiva por calor, marcas ou escoriações
provocadas pelo peso: retirar de serviço
 Trincas: retirar de serviço
 Contaminação por produtos químicos: retirar de serviço
 Funcionamento incorreto: retirar de serviço
 Mau funcionamento do mecanismo de trava: retirar de serviço
48

13 RECOMENDAÇÕES QUANTO AO USO DE CORDAS

A estabilidade do nó refere-se à capacidade de manter a sua forma


e design quando submetido a cargas excessivas. É importante notar que a
estabilidade de um nó pode desempenhar um papel altamente útil ou
extremamente nocivo, dependendo da função requerida no momento. Muitas vezes
precisamos de nós seguros, que irão suportar a tensão submetida na corda,
mantendo–se atados e firmes, porém que sejam de fácil desate, onde apenas um
puxão em uma das pontas da corda irá desatar o nó.
Nesse caso, a instabilidade do nó é útil. Porém, essa mesma instabilidade pode ser
perigosa ao se unir duas cordas em um rapel, por exemplo.

As cordas devem suportar os esforços solicitados durante o


resgate, principalmente devido aos nós aplicados que podem reduzir a resistência
da corda em até 30% de sua capacidade nominal, existe uma série de nós que é
útil durante um resgate, o socorrista deve ter total conhecimento de como aplica-
los, é expressamente proibido a improvisações de nós desconhecidos.
a) Nó de Lais:

Utilização: O nó de Lais de Guia é utilizado


para formar um laço fixo na extremidade de
uma corda. É famoso como nó de salvamento
para resgatar pessoas que caíram de ravinas e
ficaram em saliências ou num buraco.
Também conhecida por: Cadeira alpina, nó
de cabrestante, nó de bolina ou nó de salvação.
49

b) Nó Meia Volta Fiel:

Utilização: O nó Meia-volta Fiel é um nó simples,


vulgarmente utilizado pelos alpinistas e exploradores
de cavernas como parte de uma linha de vida ou
sistema de segurança. Esta técnica poderá ser
utilizada com qualquer mosquetão de bloqueio que
seja suficientemente amplo para receber duas voltas
da corda. Este nó cria fricção devido ao fato de a
corda roçar em si própria e no mosquetão de metal em que é envolvida.
Também conhecido por: Nó de Munter, nó Dinâmico ou nó de UIAA.

c) Nó Aselha em Oito:

Utilização: O nó Aselha em Oito é usado para


colocar um laço fixo na extremidade de uma corda. É
relativamente fácil de atar e é seguro, mas poderá
torna-se difícil de desatar após ser sujeitado a
cargas pesadas.
Também conhecido por: Nó em oito duplo.

d) Nó Direito:

Utilização: O nó Direito é um antigo e simples nó de união


utilizado para atender uma corda ou linha à volta de um
objeto.
50

e) Nó Lais de Guia de Correr:

Utilização: O nó de Lais de Guia de Corre, estruturalmente relacionado com o Nó


Lais de Guia padrão. Tal como sucede com a maior parte dos nós de correr, este
nó irá apertar automaticamente quando sujeito a tensão, mas irá libertar-se assim
que a tensão seja retirada. Desliza facilmente e, tal como acontece com o nó Lais
de Guia padrão desata facilmente após utilizações intensas.

f) Nó de Aselha:

Utilização: O nó de aselha é um nó básico que


forma um laço fixo numa corda. É executado
fazendo um nó simples na dobra e pode ser
atado em qualquer parte da corda. O nó pode ser
usado para prender clipes, ganchos, outra corda,
etc., mas tem a desvantagem de ser propenso a
emaranhar fortemente quando a corda tenha sido
submetida a cargas e o nó poderá necessitar de ser cortado.
Também conhecido por: Nó de Azelha ou Alça de Azelha Simples.
51

g) Nó Borboleta:

Utilização: O nó Borboleta é usado para formar um laço fixo no meio de uma


corda. Pode ser atado a uma corda sem acesso a qualquer das extremidades da
mesma, o que é útil quando se atam cordas de escalada compridas. O nó de
Borboleta é fácil e inspecionar em termos de correção, pode ser feito utilizando
luvas. Este nó poderá ser normalmente utilizado onde quer que seja necessário um
laço fixo.
Também conhecido por: Borboleta Alpina ou Nó de Alpinista.
Cuidado: Verifique a técnica utilizada de nós com profissional
qualificado/especializado, uma falha neste nó pode provocar ferimentos ou a morte.

h) Nó de Escota:

Utilização: O nó de Escota é recomendado para


juntar duas cordas de tamanhos diferentes. A
corda mais espessa deverá ser utilizada para
dobra simples. Resulta igualmente bem se as
cordas forem da mesma dimensão. Este nó é
considerado por essencial.
52

i) Nó de Escota Duplo:

Utilização: O nó de Escota Duplo, tal como o nó de escota, é recomendado para


unir duas cordas de tamanhos diferentes, mas acrescenta uma medida de
segurança extra, especialmente se a diferença entre as mesmas for díspar. A
corda mais espessa deverá ser utilizada para o laço simples. Resulta igualmente
bem se as cordas possuírem a mesma espessura.

j) Nó de Pescador:

Utilização: O nó de Pescador é usado para unir duas linhas


de igual diâmetro. Embora seja bastante adequado para
pescar, existem outros nós que poderão proporcionar um
desempenho superior para esse fim, como é o caso do nó de
Sangue.
Também conhecido por: Nó de Cabeça de Cotovia.

k) Nó de Pescador Duplo:

Utilização: O nó de Pescador Duplo é utilizado


para unir duas extensões de corda. Este nó é
utilizado mais frequentemente em escalada e
principalmente nos salvamentos.
Também conhecido por: Nó Cabeção de
Cotovia Dobrado ou Nó de Burro.
53

l) Nó em Oito com Duas Alças:

Utilização: O nó em Oito com Duas Alças é útil na escalada para equilibra duas
escoras e proporcionar redundância. Comparado com muitos outros nós de laço
duplo, este é considerado forte e seguro o bastante, é bastante fácil ajustar o
tamanho dos laços movendo corda de um laço para outro. Cada laço partilha uma
porção, aproximadamente 50% da carga. Se o laço, a escora ou mosquetão
falharem o conjunto de escoras remanescente não será afetado.
Também conhecido por: Nó de Oito Seio Duplo, nó de Coelho ou nó de Mickey.

m) Nó volta do fiel:

Utilização: O nó Volta do Fiel é vulgarmente utilizado no pioneirismo para iniciar e


terminar amarras, tal como amarra quadrada, a amarra diagonal e a amarra
paralela. Este nó é considerado “essencial”.
54

14 RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS QUANTO À PROTEÇÃO DAS CORDAS

Durante o resgate o socorrista deve manter uma atenção especial nas cordas que
estão sendo utilizadas, é muito importe que as cordas sejam utilizadas de forma
adequadas e protegidas durante o seu uso, as estruturas
metálicas das torres permitem atrito em função de suas
características, o atrito pode danificar as cordas ocasionado
graves acidentes ao socorrista e vítima.

a) Proteção de corda contra atrito

Em caso de atrito de corda diretamente com a estrutura metálica deve-se,


protege-la com aparatos ou similares para esta finalidade.

b) Nó de segurança em caso de danos

Em caso de danos inesperados na corda e


não havendo outra para imediata
substituição, recomenda-se aplicar um nó de
segurança para permitir a continuação do
resgate, garantindo a segurança da vítima e
ou do socorrista.

c) Condições ideais para ancoragem dupla

Em caso de utilização de dupla ancoragem, deve-se


atentar para o ângulo de inclinação dos pontos de
ancoragem, quanto maior for a inclinação das cordas
em relação aos pontos de fixação, menor será a sua
resistência mecânica, nesta ocasião recomenda-se uma
distância ideal entre os pontos.
55

d) Desvio em ancoragem intermediaria inclinadas

Os pontos de ancoragem devem possuir


resistência para suportar a carga que irão
sustentar e a escolha desses pontos deve
considerar os resultados dos estudos da análise
de risco e estes pontos devem ser definidos
com a técnica do socorrista antes de iniciar o
resgate de vítimas.
56

CONCLUSÃO

As atividades realizadas em altura nos principais processos de obra


de construção de linha de transmissão sendo, montagem de estrutura, revisão de
estrutura e revisão aérea pós lançamento de cabos condutores, são consideradas as
atividades mais críticas para segurança dos trabalhadores nesse segmento, são de
fato atividades complexas e em caso de emergência a estrutura e o terreno onde as
estruturas são locadas dificultam consideravelmente o resgate.
Para Carlenilson Carvalho, colaborador da empresa Tabocas (2019):
As atividades realizadas nas estruturas exigem técnica dos colaboradores
para proporcionar um deslocamento seguro seja na descida ou subida, o
fato é que, uma vez exposto a uma determinada diferença de nível na
estrutura, o colaborador nitidamente estará exposto ao risco de queda.
Para Fagner Vale, colaborador da empresa Tabocas (2019):
Realizar resgate nunca será uma atividade programada, haverá sempre um
ambiente de incerteza que antecede o resgate, pois cada resgate realizado
antecede pensamentos de socorristas que nem fazem ideia do cenário do
ocorrido, por isso é muito importante que esses profissionais de resgate
estejam devidamente preparados, de forma técnica e psicológica.

Neste trabalho foi possível notar a importância da elaboração de um


procedimento específico para realização de resgate em altura, visando
primeiramente salvar vidas, consequentemente atendendo os dispostos definidos na
nr 35. No entanto, o resgate é uma atividade extraordinária, deve por tanto focar na
prevenção contra acidentes respeitando as normas vigentes.
57

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16325: Proteção


contra quedas de altura Parte 1: Dispositivos de ancoragem tipos A, B e D. Rio
de Janeiro, p. 5. 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16325: Proteção


contra quedas de altura Parte 2: Dispositivos de ancoragem tipo C. Rio de
Janeiro, p. 28 a 30. 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15595: Acesso por


corda — Procedimento para aplicação do método. Rio de Janeiro, p. 02 a 30.
2016.

NR 04 – Serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina


do trabalho. Disponível em: <
https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-e-saude-no-trabalho/sst-
menu/sst-normatizacao/sst-nr-portugues?view=default>. Acesso em: 16 abr. 2019.

NR 06 – Equipamento de proteção individual. Disponível em: <


https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-e-saude-no-trabalho/sst-
menu/sst-normatizacao/sst-nr-portugues?view=default>. Acesso em: 18 abr. 2019.

NR 18 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção.


Disponível em: < https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-e-saude-no-
trabalho/sst-menu/sst-normatizacao/sst-nr-portugues?view=default>. Acesso em: 20
abr. 2019.

NR 35 – Trabalho em Altura. Disponível em: <


https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-e-saude-no-trabalho/sst-
menu/sst-normatizacao/sst-nr-portugues?view=default>. Acesso em: 20 abr. 2019.

Catálogos Petzl. Disponível em: < https://www.petzl.com/INT/en>. Acesso em: 22


abr. 2019.
58

15 ANEXO I – FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO AO ACIDENTADO


59

16 ANEXO II – CONTROLE DE INSPEÇÃO DO KIT DE SALVAMENTO

Data: 15/04/2019
CONTROLE DE INSPEÇÃO DO KIT DE SALVAMENTO Revisão: 00
Página: 1 de 1
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
EQUPAMENTO / ACESSÓRIO
2019 2019 2019 2019 2019 2019 2019 2019 2019 2019 2019 2019

DESCENSOR AUTOBLOCANTE

FREITO OITO COM ORELHA

MOSQUETÃO

CORDA TIPO SEMI-ESTÁTICA BITOLA DE 11 MM

MACA ENVELOPE (SKED)

ASCENSOR DE PUNHO

PLACA DE ANCORAGEM

FITA DE ANCORAGEM

PEDAL ESTRIBO

PEDAL PARA SUBIDA DE DEGRAU ÚNICO

LEGENDA:
PREVISTO

REALIZADO
60

17 ANEXO III – FICHA DE INSPEÇÃO DE ACESSÓRIOS / EQUIPAMENTOS DE


RESGATE EM ALTURA

Data: 15/04/2019
FICHA DE INSPEÇÃO DE ACESSÓRIOS / EQUIPAMENTOS DE
Revisão: 00
RESGATE EM ALTURA
Página: 1 de 1

RESP. PELA INSP.: OBRA: DATA:

DESCRIÇÃO DO ACESSÓRIO / EQUIPAMENTO INSPECIONADO


CORDA TIPO SEMI-ESTÁTICA BITOLA DE 11 MM FREITO OITO COM ORELHA MACA ENVELOPE (SKED)

PEDAL PARA SUBIDA DE DEGRAU ÚNICO ASCENSOR DE PUNHO MOSQUETÃO

DESCENSOR AUTOBLOCANTE PLACA DE ANCORAGEM FITA DE ANCORAGEM

PEDAL ESTRIBO

ITENS PARA VERIFICAÇÃO C NC NA

Cordas: Sinais de desgastes, sinais de impactos, cortes, tamanho e perfurações.

Componentes metálicos: Sinais de impactos, empenos, fissuras, perfurações, sinais de desgastes e


travas.

Materiais em tecidos: Sinais de desgastes, perfuraões, cortes, costuras e estrutura do tecido.

Maca: Sinais de desgastes, perfurações, cortes e condições dos componentes de amarração e


travamento.
OBSERVAÇÕES

LIBERADO PARA O USO: SIM NÃO

DESCRIÇÃO DO(S) EQUIPAMENTO(S) REPROVADO(S):

Resp. pela Insp.: Assinatura:

Resp. pela Insp.: Assinatura:

LEGENDA:
NC - NÃO CONFORME
C - CONFORME
NA - NÃO SE APLICA

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