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PROPULSÃO

Geração da Força Propulsiva


2ª Aula
Cálculo da Força Propulsiva

A força propulsiva calcula-


se fazendo balanços de
massa e quantidade de
movimento ao volume de
controlo indicado. Em
termos de qte. mov. tem-
se:
r r
∑ x ∫ x ⋅ n )dA
F = u ρ (u
CS

∑ Fx = ( pa − pe ) Ae + T
E em termos de balanço de massa, vai-se fazer dois balanços:

m& e = m& a + m& f ⇒ m& f = ρ e ue Ae − ρuAi


Cálculo da Força Propulsiva
r r
∫ ρ (u ⋅ n )dA = 0 ⇒ ρuA + m& f = ρ eue Ae + ρu( A − Ae ) + m& s ⇒
CS

⇒ m& s = ρu ( Ae − Ai )

A variação da quantidade de movimento segundo xx é:


r r
∫ x ⋅ n )dA = m& eue + m& s u + ρu( A − Ae )u − m& a u − ρu( A − Ai )u =
u ρ (u
CS

= m& e ue − m& a u
Substituindo aqui os valores já calculados, vem:

T = m& e ue − m& a u + ( pe − pa ) Ae =
= m& a [(1 + f )ue − u ] + ( pe − pa ) Ae

m& f
em que f = é razão combustível/ar, em termos mássicos.
m& a
Cálculo da Força Propulsiva
Para motores com dois escoamentos de saída (motores com by-pass) tem-se
que aplicar a expressão anterior às duas correntes de gás (corrente de ar
primário e secundário):

T = (m& aH + m& f )ueH − m& aH u + m& aC (ueC − u )


= m& aH [(1 + f ) ueH − u ] + m& aC (ueC − u )

em que a razão combustível/ar é calculada por:

m& f
f ≡
m& aH
A expressão acima aplica-se se não houver contribuição das forças de
pressão. No caso de alguma das tubeiras estar saturada tem-se de
adicionar o respetivo termo de pressão.
Medidas de Desempenho

Ao produto da força propulsiva pela velocidade de voo dá-se o nome de


potência propulsiva.

Uma medida do desempenho de um dado sistema propulsivo é o chamado


rendimento propulsivo:

Tu
ηP =
  u2e  u2 
m& a (1 + f )  − 
  2  2

expressão válida para um motor só com um escoamento de saída.


Medidas de Desempenho
A expressão pode ser simplificada atendendo a que:
— f << 1
—não considerando o termo de pressão na força propulsiva, resulta que:
T ≅ m& a (ue − u )
Vindo:
u
2
(ue − u )u ue
ηP ≅ 2 =
u e u2 u
− 1+
2 2 ue
u
η P → 1 quando → 1 , no entanto, T → 0 neste caso.
ue

u
Por outro lado, η P → 0 quando →0 .
ue
Medidas de Desempenho
Rendimento térmico do motor é a razão entre a taxa de adição de energia
cinética ao fluido e a energia associada ao fornecimento do caudal de
combustível m &f :

  ue2  u 2    ue2  u 2 
m& a (1 + f )  −  (1 + f )  − 
ηth =   2 2=  2 2
m& f QR fQR

QR é o poder calorífico do combustível.

Esta expressão é válida para motores só com um escoamento de saída. São


necessárias alterações para motores com “by-pass”.
Medidas de Desempenho
No caso de motores em que o objetivo principal é a geração de potência
mecânica (“turboshafts” e turbohélices) define-se rendimento térmico
como sendo:
W&u
ηth =
m& f QR
Quando existe um hélice, define-se o rendimento do hélice como:
Tpr u
η pr =
W&u
Nos turbohélices parte da força propulsiva é gerada a partir dos gases
quentes expulsos pela tubeira de saída. Nestes casos define-se uma
potência mecânica útil equivalente, através de:
Tu
η pr =
(W& )eq
em que T = Tpr + Tesc .
Medidas de Desempenho
O rendimento global é definido por:
Tu
η0 = η Pηth = ou η0 = η prηth
m& f QR
Sujeito à aproximação de f << 1 e contribuição nula das forças de pressão,
tem-se:
 u 
 
u
η0 = 2ηth  e 
1 + u 
 u 
 e 

Manipulando a expressão para o rendimento global, no caso simples em que


f << 1 e em que não existe contribuição das forças de pressão, pode
chegar-se a:
(ue − u ) u
η0 =
fQR
Medidas de Desempenho
Pode concluir-se assim que, para uma dada velocidade de saída, o
ue
rendimento global será um máximo quando u = .
2

Este resultado pode ser generalizado ao caso de motores com duas saídas
(caso de “turbofans”), usando uma velocidade média de saída definida
por:

m& aH (1 + f ) ueH + m& aC ueC


ue =
m& aH (1 + f ) + m& aC

f
e substituindo f pelo termo .
  m& aC 
1 +  m& 
  aH 
Medidas de Desempenho
Resulta então:
 m& aC  (ue − u ) u
η0 =  1 + 
 m& aH  fQR
m& f
com f = .
m& aH
u
A generalização anterior permite concluir que η0 é maximizado para u = e ,
veja-se as figuras. 2
Medidas de Desempenho
Outro parâmetro utilizado para comparar motores, é a Força Propulsiva na
descolagem (‘static thrust’).
Usando a expressão da força propulsiva e assumindo que f << 1 e que não
existe contribuição devida às forças de pressão, e substituindo u = 0
resulta que:

T
= ue ⇒ T = m& a ue (‘static thrust’)
m& a
Também interessa analisar como varia a força propulsiva na descolagem,
quando se varia a velocidade de saída, para um dado caudal de
combustível. A resposta é:

1 2 2ηthQR m& f T 2ηthQR


T = ue m& a = ⇒ =
ue ue m& f ue
Medidas de Desempenho
Para um dado caudal de combustível e um dado valor de ηth , a expressão
anterior indica que a força propulsiva na descolagem é inversamente
proporcional à velocidade de saída. Isto significa que se pode aumentar a
força propulsiva na descolagem acelerando uma massa de ar maior até
uma velocidade de saída menor. Esta conclusão ilustra a diferença entre
turborreator e “turbofan”.
T
A razão é importante porque determina aproximadamente o tamanho
m& f
do motor para uma dada força propulsiva.

Ao parâmetro
T dá-se o nome de Impulso Específico, e permite
gm& f
comparar motores a jacto com motores de foguete, como mostrado na
figura junta.
Medidas de Desempenho
Medidas de Desempenho
O raio de ação ou alcance de um avião é indicativo do desempenho de um
dado conjunto avião-motor.

Pode obter-se uma estimativa desprezando as fases de subida e descida do


avião até à altitude de cruzeiro, e só considerando a variação de massa do
avião associada ao combustível gasto. Nestas condições tem-se:

T =D e L = mg

donde se conclui:

 D  mg
T = D = L  = ⇒ Tu =
mgu
L L L
D D
Medidas de Desempenho

Usando a definição de rendimento global, vem:

mgu dm dm
m& f = =− = −u
L dt ds
η0QR
D
sendo s a distância percorrida pelo avião.

Da expressão acima conclui-se que:

dm mg
=−
ds  L
η0QR  
D
Medidas de Desempenho

L
Supondo η0QR   constante e integrando obtém-se:
D

S = η0   R ln 1
L Q m
 D  g m2

expressão a que se dá o nome de expressão de Brequet para o raio de ação.


Nesta equação m1 e m2 são as massas inicial e final do avião.

Tabela com pesos típicos de aviões


747-400 777 A-380 A-350
Payload (tonne) 38.5 32,5 58.8 41,9
Empty weight (tonne) 185.7 138.1 266.2 115.7
Fuel capacity (tonne) 174.4 136.9 248.8 110,4
MTOW (tonne) 395.0 297.5 575.0 268
Medidas de Desempenho

S = η0   R ln 1
L Q m
 D  g m2

A equação anterior indica que o


raio de ação é diretamente
proporcional ao rendimento
global, o que justifica o interesse
no seu estudo e otimização. A
figura junta apresenta valores
típicos de η0 e L D que se
conseguem obter com projeto
cuidado.
Medidas de Desempenho

A maior parte dos aviões comerciais de passageiros voa a velocidades a que


correspondem números de Mach subsónicos altos, tirando partido do
ótimo local.
Para aviões supersónicos, quanto maior for o número de Mach melhor seria,
não fosse ocorrer que quanto maior o número de Mach maior a
temperatura da superfície do avião, implicando a necessidade de
estruturas mais resistentes e logo mais pesadas.

A expressão para o raio de ação pode ser escrita na forma:

L T u m1
S= ln
D m& f g m2
Medidas de Desempenho
À razão entre o caudal de combustível e a força propulsiva chama-se
consumo específico, baseado na força propulsiva:

m& f
TSFC =
T

Para o caso de um turborreator com pa ≅ pe , tem-se:

m& f
TSFC =
m& a [(1 + f )ue − u ]

Valores típicos:
Turborreator (estático) 0.075-0.11 kg/N.hr
Turbofan (estático) 0.03-0.05 kg/N.hr
Estatorreator (M=2) 0.17-0.26 kg/N.hr
Medidas de Desempenho
No caso em que existe potência mecânica gerada, define-se um consumo
específico baseado na potência mecânica gerada:

m& f
BSFC =
W&u

Se houver força propulsiva provocada pelos gases de escape, define-se um


consumo específico equivalente através de:

m& f m& f
EBSFC = =
W&eq W&u + Teu

Os valores típicos para turbohélices encontram-se na gama 0.27-0.36


kg/kWh.
Medidas de Desempenho
Medidas de Desempenho
Os valores de consumo específico e força propulsiva por unidade de peso do
motor que se conseguem obter dependem do tipo de motor, e do ano de
entrada ao serviço, vejam-se figuras seguintes.
Medidas de Desempenho

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