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Lutero Tirou Livros da Bíblia?

A Primeira pergunta que devemos responder é o que significa “Cânon”. A


palavra “Cânon” vem do hebraico e significa literalmente, vara de medir,
metaforicamente é traduzido como regra ou norma. O Concílio de Laodiceia na
metade do século IV usa o termo Cânon para falar sobre a lista de livros inspirados do
Novo e do Antigo Testamento, ele vai dizer: “Nenhum salmo de autoria particular pode
ser lido nas igrejas, nem livros não canônicos, mas somente os livros canônicos do
Antigo e do Novo Testamento”, (Escrito em 363. D.C). Ou seja, o cânon é a lista de
livros inspirados que compõem a Sagrada Escritura.

Definido o que é cânon, temos que definir o que é um “Apócrifo”. O termo


“Apócrifo” significa oculto/escondido. Este termo foi criado por Jerônimo, no quinto
século, para designar antigos documentos judaicos escritos no período entre o último
livro das escrituras judaicas, Malaquias e a vinda de Jesus Cristo. São também
considerados apócrifos os livros que não foram aceitos no cânon do Novo Testamento.
Vamos agora para outro termo que é importante conhecermos que é
“Deuterocanônico”, que significa “Segundo Cânon”. São livros que foram aceitos no
Cânon do Antigo Testamento depois de alguma disputa. Os Protestantes tratam os
Apócrifos e os Deuterocanônico à mesma coisa, já que eles rejeitam o
Deuterocanônico. Os Católicos não tratam os Deuterocanônico como Apócrifos pois
eles os aceitam em seu cânon, os livros Deuterocanônicos que estão na Bíblia Católica
são: 1 e 2 Esdras, Tobias, Judite, Epístola de Jeremias, Oração de Azarias, Suzana, Bel e
o Dragão, 1 e 2 Macabeus, Oração de Manassés, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico
(Ou Sirácida), Baruque, Adições a Ester.

Vamos agora para o “Cânon dos Judeus”. Quando Paulo escreve para os
romanos ele diz o seguinte: “Que vantagem, pois, tem o judeu? Ou qual é a utilidade
da circuncisão? Muita, de toda a maneira. Principalmente porque, na verdade, lhes
foram confiados os oráculos de Deus.” (Romanos 3.1,2). Paulo está dizendo que os
judeus foram os que receberam os oráculos de Deus, eles receberam as promessas e
profecias sobre Cristo Jesus. Paulo está dizendo que o Antigo Testamento é de posse
do povo judeu e nós (gentios) apenas fazemos uso daquilo que Deus entregou ao povo
judeu. Paulo repete o mesmo conceito em Romanos 9.4-5 “ Que são israelitas, dos
quais é a adoção de filhos, e a glória, e as alianças, e a lei, e o culto, e as promessas;
dos quais são os pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus
bendito eternamente. Amém.” O que significa que nós como cristãos devemos aceitar
o que Deus revelou a aquele povo, nós não temos o direito de tirar ou de acrescentar
algo que nos foi emprestado de outro povo.
John Piper está correto quando diz em seu livro, (Uma Glória Peculiar) “Nem
nos dias de Jesus, nem em nossos dias, o povo judeu considera os apócrifos como
tendo a autoridade dos livros canônicos.”. Isso se dá porque os livros apócrifos foram
escritos no período intertestamentário, ou seja, entre o fim do Antigo Testamento e o
começo do Novo Testamento, um período conhecido como cessação profética dentro
do povo de Israel, onde não existiam novos profetas trazendo mensagens diretamente
da parte de Deus. É interessante que o próprio livro deuterocanônico de (1º Macabeus
4.45-46; 9.27) vai falar isso: “Assim, eles demoliram o altar e guardaram as pedras em
um lugar conveniente no monte do templo até que venha um profeta que lhes diga o
que fazer com elas [...] que não houve desde o tempo em que os profetas cessaram de
aparecer entre eles”. O (Talmude Babilônico, Yoma 9b) diz a mesma coisa: “Desde que
os últimos profetas – Ageu, Zacarias e Malaquias – Morreram, o Espirito Santo se
afastou de Israel.”. É por isso que o próprio Talmude Babilônico não inclui os
deuterocanônicos na lista do cânon.

O testemunho que se dá do cânon do Antigo Testamento, é que ele não possuía


esse deuterocanônicos como parte da lista de livros inspirados. Flávio Josefo, que foi
um dos maiores escritores judaicos do século primeiro nos dá um escrito interessante:
“Não há, pois entre nós milhares de livros em desacordo e em mútua contradição, mas
há sim, apenas vinte e dois livros que contêm a relação de todo o tempo e que com
justiça são considerados divinos.”. A contagem de livro dos judeus é um pouco
diferente, no fim temos 22 porque eles juntam os profetas menores em um livro só,
Neemias e Esdras ficam juntos em um livro só, mas este é um número de livros que
está de acordo com a percepção tradicional sobre o cânon judaico que exclui os
deuterocanônicos. Ele (Flávio Josefo) vai além sobre os deuterocanônicos: “Desde
Artaxerxes (sucessor de Xerxes) até nossos dias, tudo tem sido registrado, mas não
tem sido considerado digno de tanto crédito quanto aquilo que precedeu a esta época,
visto que a sucessão dos profetas cessou. Mas a fé que depositamos em nossos
próprios escritos é percebida através de nossa conduta; pois, apesar de ter-se passado
tanto tempo, ninguém jamais ousou acrescentar coisa alguma a eles, nem tirar deles
coisa alguma, nem alterar neles qualquer coisa que seja.”. Aqui Josefo está falando de
outros escritos que registravam algo da história de Israel mas que não eram escritos
que eram considerados em pé de igualdade com os textos canônicos, eram registros
históricos e valiosos para Israel, mas que não faziam parte da escritura judaica.

Pode então surgir o argumento do tal “cânon alexandrino”, a verdade é: nunca


existiu qualquer “cânon alexandrino”. O que os católicos chamam de “cânon
alexandrino” na verdade se trata da SEPTUAGINTA, que não era um “cânon”
propriamente dito, mas uma coleção de livros que incluía os livros sagrados dos
judeus. A estratégia que o apologista católico usa é transformar a Septuaginta em um
"cânon", e como a Septuaginta foi escrita teoricamente em Alexandrina, então tiraram
daí o tal do "cânon alexandrino". Como podemos ter certeza de que a Septuaginta não
era um "cânon" da Bíblia, mas apenas uma coleção de livros que incluía os livros
sagrados? É simples: pela evidência histórica e pelos próprios livros da Septuaginta. O
papista mentiroso que usa o argumento da Septuaginta contra os protestantes é
geralmente desinformado ou mal intencionado que não sabe nem quais livros faziam
parte da Septuaginta. Na verdade, ele é tão desinformado que mal sabe que não existe
um único códice da Septuaginta, mas três, e todos eles divergindo entre si na
quantidade de livros. E para piorar: nenhum dos três códices contém o número de
livros católicos correto!

Abaixo estão os códices da Septuaginta e alguns livros neles presentes:

Códice Alexandrino (A) Códice Vaticano (B) Códice Sinático (Alef)

Baruque, Tobias, Judite, 1 e


Tobias, Judite, 1 Macabeus,
2 Macabeus, Sabedoria, Sabedoria, Eclesiástico,
Sabedoria, Eclesiástico, 4
Eclesiástico, 1 Esdras, 3 e 4 Judite, Tobias, Baruque, 1
Macabeus, Epístola de
Macabeus, 1 e 2 Esdras
Barnabé, O Pastor de Hermas
Clemente, Salmos de Salomão

Analisando:

1) No Códice Alexandrino, há a presença de muitos livros apócrifos que não estão


presentes na Bíblia católica romana, tais como o apócrifo de Esdras (que não tem nada
a ver com o Esdras canônico das Bíblias católicas e protestantes), mais dois livros de
Macabeus além dos dois que os papistas já tem, e os Salmos de Salomão.

2) No Códice Vaticano, há novamente a presença do livro apócrifo de Esdras, e além


disso faltam os dois livros dos Macabeus, que os católicos tem nas Bíblias deles.

3) No Códice Sinático, há a presença do quarto livro de Macabeus, e além disso faltam


os livros de Baruque e de 2 Macabeus.

Tudo isso só quer dizer uma coisa: independentemente de qual códice da


Septuaginta os católicos afirmarem que é o "certo", eles estão enganando de
qualquer jeito.

Uma prova cabal de que uma coleção de livros numa versão da Bíblia não
implica em considerar todos estes livros canônicos ou inspirados é a própria Vulgata
Latina, de Jerônimo. É bastante conhecido que Jerônimo rejeitava categoricamente os
apócrifos católicos, e que só decidiu incluí-los na Vulgata a contragosto e atendendo a
pedidos de amigos que gostavam daqueles livros para finalidades devocionais. Mesmo
assim, Jerônimo deixou claro na sua introdução a tais livros que eles não eram
canônicos e nem tinham força suficiente para fundamentar doutrina. Ele escreveu:
"E assim da mesma maneira pela qual a igreja lê Judite, Tobias e Macabeus (no culto
público) mas não os recebe entre as Escrituras canônicas, assim também sejam estes
dois livros [Sabedoria e Eclesiástico] úteis para a edificação do povo, mas não para
estabelecer as doutrinas da Igreja.".

"Este prólogo, como vanguarda com capacete das Escrituras, pode ser aplicado a todos
os livros que traduzimos do hebraico para o latim, de forma que nós podemos garantir
que o que não é encontrado em nossa lista deve ser colocado entre os escritos
apócrifos. Portanto, a sabedoria comumente chamada de Salomão, o livro de Jesus,
filho de Siraque [Eclesiástico], e Judite e Tobias e o Pastor [supõe-se que seja o Pastor
de Hermas], não fazem parte do cânon. O primeiro livro dos Macabeus eu não
encontrei em hebraico, o segundo é grego, como pode ser provado de seu próprio
estilo.".

"Para os católicos, os apócrifos são certos livros antigos, semelhantes a livros bíblicos,
quer do N.T, quer do V.T, o mais das vezes atribuídos a personagens bíblicos, mas não
inspirados, como os livros canônicos, e nem escritos por pessoas fidedignas nem de
doutrina segura.".

E, para piorar, nem o famoso judeu Fílon (20 a.C - 50 d.C) jamais fez menção a
qualquer livro apócrifo da Septuaginta como "Escritura Sagrada", e nunca fez menção
de qualquer "cânon alexandrino". E ele era... alexandrino. E citava amplamente as
Escrituras. A conclusão é óbvia: a Septuaginta nunca foi um "cânon". Era apenas uma
coleção de livros, que os judeus sabiam bem quais eram canônicos e quais não eram.

A conclusão que qualquer pessoa honesta toma a partir destes dados é que a
Septuaginta não era um "cânon bíblico", mas somente uma coleção de livros que
reunia livros inspirados e também livros considerados importantes devocionalmente
e/ou historicamente pelos setenta sábios, ainda que não canônicos.

O cânon judeu contêm 22 livros, que é equivalente aos 39 livros do Antigo


Testamento protestante.

A. Torah - Lei:

1. Bereshît (Gênesis);
2. Shemot (Êxodo);
3. Vaiqra' (Levítico);
4. Bamidbar (Números);
5. Debarim (Palavras; Deuteronômio).

B. Nebiîm - Profetas:

1. Yehoshua (Josué);
2. Shofetim (Juízes);
3. Shemu'el Alef (1Samuel);
4. Shemu'el Bet (2Samuel);
5. Melakhim Alef (1Reis);
6. Melakhîm Bet (2Reis);
7.Yesha'yahu (Isaias);
8. Yermyahu (Jeremias);
9. Yekhezq'el (Ezequiel);

Os Doze (Shenem Assar):


10. Hoshea (Oséias);
11. Yo'el (Joel);
12. 'Amós (Amós);
13. 'Obadiáh (Obadias);
14.Yonáh (Jonas);
15. Mikhah (Miquéias);
16. Nahum (Naum);
17. Khabaquq (Habacuque);
18. Tsefaniah (Sofonias);
19. Hagay (Ageu);
20. Zekhariah (Zacarias);
21. Mala'khy (Malaquias).

C. Ketubym - Escritos:

1. Tehilim (Salmos);
2. Mishlê (Provérbios);
3. 'Yob (Jó);
4. Shir Hashirim (Cântico dos Cânticos);
5. Rut (Rute);
6. 'Ekhah (Lamentações);
7. Qohelet (Eclesiastes);
8. 'Ester (Ester);
9. Dani'el (Daniel);
10. 'Ezrá' (Esdras);
11. Nekhemiah (Neemias);
12. Dibrê Haiamim Álef (1Crônicas);
13. Dibrê Haiamim Bet (2Crônicas).

Houve personagens bíblicos (Abel e Zacarias) que foram citados por Jesus, na
mesma ordem do cânone Judeu e não na ordem da Bíblia Católica, como em (Mateus
23.35): “Para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra,
desde o sangue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que
matastes entre o santuário e o altar.”. Ele não está dizendo “Abel e Zacarias”, ele diz
“Desde Abel até Zacarias”. Abel foi a primeira pessoa morta no Antigo Testamento
(Livro de Gêneses) e Zacarias foi a última pessoa morta no Antigo Testamento (Livro de
2 Crônicas) que é o último livro da coleção hebraica, e que exclui os deuterocanônicos.
E perceba, Jesus não cita aqui os mártires que foram mortos nos livros
deuterocanônicos, que foram livros escritos depois de todo Antigo Testamento. O
mesmo acontece em (Lucas 11.49-51) “ Por isso, Deus disse em sua sabedoria: ‘ Eu lhes
mandarei profetas e apóstolos, dos quais eles matarão alguns, e a outros perseguirão’.
Pelo que, esta geração será considerada responsável pelo sangue de todos os profetas,
derramado desde o princípio do mundo: desde o sangue de Abel até o sangue de
Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário. Sim, eu lhes digo, esta geração será
considerada responsável por tudo isso.”.

Um fato curioso é que há 295 citações do A.T. em 352 versículos do N.T, 23 dos
27 livros do Novo Testamento citam o A.T., 10 % do N.T. é citação do A.T. NENHUM
DEUTEROCANÔNICO É CITADO NO NOVO TESTAMENTO.

Já que o povo judeu rejeito os deuterocanônicos, Jesus e seus discípulos


também, fica nítido que a patrística também rejeitaria.

Militão de Sardes (177 D.C) – Faz menção em seus escritos a TODOS os livros da
Bíblia, exceto aos deuterocanônicos.
Teófilo de Antioquia (120-180 D.C) – “Daremos, no que for possível, o número
de todos eles, remontando à própria origem da criação do mundo, tal como foi
consignada por Moisés, servo de Deus, sob a inspiração do Espírito Santo” (Terceiro
Livro a Autólico – Cáp.23). Ele não cita NENHUM dos deuterocanônicos. E ele continua
dizendo: “De fato, o último dos profetas, chamado Zacarias, exerceu sua atividade no
reinado de Dário. Também vemos que os legisladores editaram suas leis
posteriormente, com efeito, se se cita sólon, o ateniense, este viveu nos tempos dos
reis Ciro e Dário, contemporâneo do profeta Zacarias e até muitos anos posterior.”.
Mais uma vez citações de que Zacarias foi o último dos profetas e portanto rejeitando
os apócrifos.
Orígenes de Alexandria (185 – 253 D.C) – Faz menção em seus escritos a TODOS
os livros da Bíblia, exceto aos apócrifos.
Júlio Africano (II – III D.C.) – “[...] O autor dos escritos intitulados KESTOI, dele
conserva-se uma carta escrita a Orígenes, na qual se mostra em dúvida sobre se a
história de Susana no livro de Daniel é ESPÚRIA e INVENTADA.”. (História Eclesiástica,
Livro VI, 31:1)
Eusébio de Cesaréia (265 – 339 D.C.) - Faz menção em seus escritos a TODOS os
livros da Bíblia, exceto aos deuterocanônicos.
Atanásio de Alexandria (295 – 373 D.C.) – Faz menção em seus escritos a
TODOS os livros da Bíblia, exceto aos apócrifos. “[...] Há outros livros além destes que
não estão incluídos no cânon” (Epístola 39, Cap 7).
Hilário de Poitiers (300 – 368 D.C) & (Apolinário de Laodiceia 310 – 390 D.C) -
“As histórias de Susana e Debel e o Dragão não estão contidas no Hebraico [...]
porções que não exibem nenhuma autoridade de Escrituras Sagradas” (Prólogo do
Comentário sobre Daniel, p.15)
Epifânio (310 – 403 D.C) – Faz menção em seus escritos a TODOS os livros da
Bíblia, exceto aos deuterocanônicos.
Cirilo de Jerusalém (315 – 386 D.C) – “Leia as divinas Escrituras, os vinte e dois
livros do Velho Testamento, estes que foram traduzidos pelos setenta e dois
intérpretes... destes leia os vinte e dois livros, mas não tenha nada com os apócrifos.
Estude seriamente estes apenas, os quais lemos abertamente na igreja.”.
Basílio, O Grande (329 – 379 D.C) – “Nem devemos falhar em observar que não
é sem razão que os livros canônicos são vinte e dois, de acordo com a tradição
hebraica [...]” (Philocalia, Cap 3).
Gregório Nazianzeno (329 – 389 D.C.) – “Tenho alistado vinte e dois livros, de
acordo com as vinte e duas letras hebraicas. Se há qualquer um além destes, não são
genuínos.”. (Carta a Seleuco. AP. Gregório de Nazianzo, Carminum II.VII, pg 37.1593-
1595 V).
Rufino de Aquileia (340 - 410 D.C.) – “Contudo, convém saber que há outros
livros que não são canônicos” (NPNF2 3:558; RUFINO, SIVE CYP. IN EXPLIC. SYMBOLI).
Jerônimo (347 – 419 D.C.) – “ E assim há também vinte e dois livros do Antigo
Testamento” (Prefácio ao livro de Samuel e Reis).
Agostinho de Hipona (354 – 430 D.C.) – “ Desde o tempo da restauração do
templo entre os judeus já não houve reis, mas príncipes, até Aristóbulo. O Cálculo do
tempo destes não se encontra nas Santas Escrituras chamadas canônicas, mas em
outros escritos, entre os quais estão os livros dos Macabeus (A Cidade de Deus,
XVIII:36).

Quero ir além de tudo isso que já foi dito, quero expor aqui, as HERESIAS
escritas em tais livros, dividirei em 3 Grandes partes, com muitas mentiras, enganos e
misticismo ali dentro.

1º Heresias:

• Artes mágicas e feitiçaria como método de exorcismo:

“Então disse o anjo: Tira as entranhas a esse peixe, e guarda, porque estas coisas te
serão úteis. Feito isto, assou Tobias parte de sua carne, e levaram-na consigo para o
caminho; salgaram o resto, para que lhes bastassem até chegassem a Ragés, cidade
dos Medos. Então Tobias perguntou ao anjo e disse-lhe: Irmão Azarias, suplico-lhe que
me digas de que remédio servirão estas partes do peixe, que tu me mandaste guardar:
E o anjo, respondendo, disse-lhe: Se tu puseres um pedacinho do seu coração sobre
brasas acesas, o seu fumo afugenta toda a casta de demônios, tanto do homem como
da mulher, de sorte que não tornam mais a chegar a eles. E o fel é bom para untar os
olhos que têm algumas névoas, e sararão” (Tobias 6:5-9)

• Esmolas como método de salvação:

“É boa a oração acompanhada do jejum, dar esmola vale mais do que juntar tesouros
de ouro; porque a esmola livra da morte (eterna), e é a que apaga os pecados, e faz
encontrar a misericórdia e a vida eterna” (Tobias 12:8,9)

• Sabedoria como método de salvação:

“Assim se tornaram direitas as veredas dos que estão na terra; os homens aprenderam
as coisas que vos agradam e pela sabedoria foram salvos” (Sabedoria 8:19)

• Oração pelos mortos:


“E tendo feito uma coleta, mandou doze mil dracmas de prata a Jerusalém, para serem
oferecidas em sacrifícios pelos pecados dos mortos, sentindo bem e religiosamente a
ressurreição, (porque, se ele não esperasse que os que tinham sido mortos, haviam um
dia de ressuscitar, teria por uma coisa supérflua e vã orar pelos defuntos); e porque ele
considerava que aos que tinham falecido na piedade estava reservada uma
grandíssima misericórdia. É, pois, um santo e salutar pensamento orar pelos mortos,
para que sejam livres dos seus pecados” (2ª Macabeus 12:43-46)

• Intercessão dos mortos:

“Senhor todo-poderoso, Deus de Israel, escutai a prece dos mortos de Israel, dos
filhos daqueles que pecaram contra vós, que não atenderam à voz do Senhor, seu
Deus, e por isso foram levados à desgraça” (Baruque 3:4)

• Purgatório

“As almas dos justos estão na mão de Deus, e não os tocará o tormento da morte.
Pareceu aos olhos dos insensatos que morriam; e a sua saída deste mundo foi
considerada como uma aflição, e a sua separação de nós como um extermínio; mas
eles estão em paz (no Céu). E, se eles sofreram tormentos diante dos homens, a sua
esperança está cheia de imortalidade” (Sabedoria 3:1-4)

• Pré-existência das almas:

“Eu era um menino vigoroso, dotado de uma alma excelente, ou antes, como era bom,
eu vim a um corpo intacto”(Sabedoria 8:19,20)

2º Mitos e Lendas

• Mulher que jejuava todos os dias de sua vida:

“E no andar superir de sua casa tinha feito para si um quarto retirado, no qual se
conservava recolhida com as suas criadas, e, trazendo um cilício sobre os seus
rins, jejuava todos os dias de sua vida, exceto nos sábados, e nas neomênias, das
festas da sua casa de Israel” (Judite 8:5,6)

• Dragões existem de verdade e Daniel matou um deles:

“Havia um dragão enorme adorado pelos babilônios. O rei disse a Daniel: ‘Você não vai
me dizer que ele é de bronze; está vivo, come e bebe. Você não pode negar que é um
deus vivo. Então, adore-o também’. Daniel respondeu: ‘Só adoro ao Senhor meu Deus,
porque ele é o Deus vivo. Se Vossa Majestade permitir, eu mato este dragão sem
espada e sem porrete’. O rei disse: ‘A licença está concedida’. Daniel pegou piche,
sebo e crinas, cozinhou tudo junto, fez com aquilo uns bolos e jogou na boca do
dragão. Ele engoliu aquilo e se arrebentou. Então Daniel disse: ‘Vejam o que vocês
adoravam!’ Quando os babilônios ouviram falar disso, ficaram muito indignados e
revoltados contra o rei, e diziam: ‘O rei virou judeu! Quebrou Bel, matou o dragão e
assassinou os sacerdotes’” (Daniel 14:23-28)

• Daniel é lançado de novo na cova dos leões!

“No sétimo dia, o rei foi chorar a morte de Daniel. Chegou à beira da cova e lá estava
Daniel sentado tranquilamente. Então o rei exclamou em alta voz: ‘Tu és grande, ó
Senhor, Deus de Daniel! Além de ti não existe outro Deus’. O rei mandou retirar Daniel
da cova e jogou aí aqueles que pretendiam matá-lo. Foram devorados num instante,
na presença do rei”(Daniel 14:40-42)

3º Absurdos

• Anjos que mentem:

“E o anjo disse-lhe: Eu o conduzirei e to reconduzirei. Tobias respondeu: Peço-te que


me digas de que família e de que tribo és tu? O anjo Rafael disse-lhe: Procuras saber a
família do mercenário, ou mesmo mercenário que vá com teu filho? Mas para que não
te ponhas em cuidados, eu sou Azarias, filho do grande Ananias. E Tobias respondeu-
lhe: Tu és de uma ilustre família. Mas peço-te que não te ofendas por eu desejar
conhecer a tua geração” (Tobias 5:15-19)

• Habacuque é teletransportado para a Babilônia agarrado pelos cabelos:

“O anjo do Senhor disse a Habacuc: ‘Esse almoço que você tem aí leve para Daniel, lá
na Babilônia, na cova dos leões’. Habacuc disse: ‘Meu senhor, eu nunca vi a Babilônia,
nem conheço essa cova!’ O anjo do Senhor pegou-o pelo alto da cabeça, carregou-o
pelos cabelos e, com a rapidez do vento, colocou-o à beira da cova” (Daniel 14:34-36)

• Não podemos amparar o pecador:

“Dá ao homem bom, não ampares o pecador, pois Deus dará ao mau e ao pecador o
que merecem; ele os guarda para o dia em que os castigará. Dá àquele que é bom,
e não auxilies o pecador”(Eclesiástico 12:4,5)

• Devemos impedir que deem pão a um ímpio:

“Faze o bem ao homem humilde, e nada dês ao ímpio; impede que se lhe dê pão, para
não suceder que ele se torne mais poderoso do que tu. Pois acharás um duplo mal em
todo o bem que lhe fizeres, porque o próprio Altíssimo abomina os pecadores, e
exerce vingança sobre os ímpios”(Eclesiastico 12:6,7)

• Trato cruel aos escravos:


“Para o jumento o feno, a vara e a carga. Para o escravo o pão, o castigo e o trabalho.
O escravo só trabalha quando corrigido, e só aspira ao repouso; afrouxa-lhe a mão, e
ele buscará a liberdade. O jugo e a correia fazem dobrar o mais rígido pescoço; o
trabalho contínuo torna o escravo dócil. Para o escravo malévolo a tortura e as peias;
manda-o para o trabalho para que ele não fique ocioso, pois a ociosidade ensina muita
malícia. Ocupa-o no trabalho, pois é o que lhe convém. Se ele não
obedecer, submete-o com grilhões, mas não cometas excessos, seja com quem for, e
não faças coisa alguma importante sem ter refletido” (Eclesiástico 33:25-30)

• Devemos golpear até sangrar as costas de um escravo ruim:

“Não te envergonhes de não fazer diferença na venda e com os mercadores, de corrigir


frequentemente os teus filhos,de golpear até sangrar as costas de um escravo
ruim”(Eclesiástico 42:5)

• Incentivo ao ódio aos estrangeiros e aos samaritanos que são xingados de


“idiotas”:

“Há duas nações que eu detesto, e uma terceira que sequer é nação: os habitantes da
montanha de Seir, os filisteus eo povo idiota que habita em Siquém”(Eclesiástico
50:25,26)

• Preconceito contra as mulheres:

“A tristeza do coração é uma chaga universal, e a maldade feminina é uma malícia


consumada. Toda chaga, não, porém, a chaga do coração; toda malícia, não, porém, a
malícia da mulher; toda vingança, não, porém, a que nos causam nossos
adversários; toda vingança, não, porém, a de nossos inimigos. Não há veneno pior que
o das serpentes; não há cólera que vença a da mulher. É melhor viver com um leão e
um dragão, que morar com uma mulher maldosa. A malícia de uma mulher transtorna-
lhe as feições, obscurece-lhe o olhar como o de um urso, e dá-lhe uma tez com a
aparência de saco. Entre seus parentes, queixa-se o seu marido, e, ouvindo-os, suspira
amargamente. Toda malícia é leve, comparada com a malícia de uma mulher; que a
sorte dos pecadores caia sobre ela! Como uma ladeira arenosa aos pés de um
ancião, assim é a mulher tagarela para um marido pacato. Não contemples a beleza de
uma mulher, não cobices uma mulher pela sua beleza. Grandes são a cólera de uma
mulher, sua audácia, sua desordem. Se a mulher tiver o mando, ela se erguerá contra
o marido. Coração abatido, semblante triste e chaga de coração: eis (o que faz) uma
mulher maldosa. Mãos lânguidas, joelhos que se dobram: eis (o que faz) uma mulher
que não traz felicidade ao seu marido. Foi pela mulher que começou o pecado, e é por
causa dela que todos morremos” (Eclesiástico 25:17-33)

• O próprio autor reconhece que seu livro é medíocre:

“Por isso, aqui ponho fim à minha narrativa. Se o fiz bem, de maneira conveniente a
uma composição escrita, era isso que eu queria; se fracamente e de modo medíocre, é
o que consegui fazer” (2ª Macabeus 15:37,38)

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