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Ensaios de Campo na Investigação Geotécnica e Geoambiental

Heraldo Luiz Giacheti


Departamento de Engenharia Civil, Universidade Estadual Paulista, Bauru, Brasil

Vagner Roberto Elis


Departamento de Geofísica, IAG, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil

Giuliano De Mio
Golder Associates Brasil, Belo Horizonte, Brasil

Erinaldo Hilário Cavalcante


Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, Brasil

RESUMO: Neste artigo serão apresentadas as principais técnicas atualmente disponíveis para a
investigação geotécnica e geoambiental, quais sejam: geofísica, ensaios SPT e SPT-T, CPT e
CPTU, DMT, PMT, Palheta, assim como alguns acessórios que podem ser incorporados a alguns
desses ensaios. Exemplos de aplicação de algumas dessas técnicas serão apresentados, destacando-
se o uso do ensaio PMT para investigação geotécnica e de ensaios geofísicos para a investigação
geoambiental. Discute-se a vantagem de incorporar em um mesmo ensaio de campo mais de uma
medida, com destaque aos ensaios de piezocone sísmico e de resistividade, respectivamente para
aplicações geotécnicas e geoambientais. Esse recurso simplifica a interpretação, pois facilita o
tratamento da variabilidade, imprescindível na investigação, especialmente em solos tropicais.

PALAVRAS-CHAVE: Técnicas de Investigação, Geofísica, SPT, PMT, SCPT, RCPTU.

1 INTRODUÇÃO 2 INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO

A investigação do subsolo é fundamental em A investigação do subsolo deve ser feita para


projetos de fundações e obras de terra e deve definir o perfil estratigráfico, o que inclui
utilizar técnicas que possibilitem definir o perfil identificar as camadas, suas espessuras e
estratigráfico, incluindo a posição do lençol diferentes tipos de solos. A posição do nível
freático. Além disso, devem-se determinar os d’água e os parâmetros mecânicos e hidráulicos
parâmetros mecânicos mais apropriados aos das camadas de interesse devem ser
requisitos do projeto. Numa investigação determinados. Para tanto, ensaios de campo e
geoambiental, além dos aspectos abordados na de laboratório podem ser utilizados.
investigação geotécnica convencional, deve-se Uma campanha de investigação eficiente
definir as condições do lençol freático e a deve permitir a visualização tridimensional do
composição química de contaminantes. Para se terreno para identificar a continuidade lateral
ter um programa de investigação eficiente deve- das camadas. Nesta etapa, o conhecimento da
se definir claramente os objetivos e, muitas história geológica dos terrenos é fundamental
vezes, mais de uma técnica de investigação para a adequada interpretação da geometria das
deve ser utilizada, especialmente para camadas. Nas regiões de clima tropical e sub-
aplicações ambientais. tropical a origem dos solos está relacionada ao
Neste artigo serão apresentadas técnicas intemperismo tropical dos minerais, a
atualmente disponíveis para a investigação pedogênese e a morfogênese. Nestas situações
geotécnica e geoambiental, assim como alguns não existe continuidade lateral e o termo
exemplos de aplicação. “camada” deve ser utilizado com restrições.
2.1 Geotecnia artificialmente na superfície) através do meio
investigado. Em interfaces onde a densidade ou
Em geotecnia, o procedimento ideal para velocidade sísmica sofre mudança, as ondas
investigação é utilizar um método de ensaio de sísmicas sofrem os fenômenos de difração,
campo que possibilite fazer a perfilagem do refração ou reflexão. As ondas percorrem o
subsolo e a estimativa dos parâmetros meio geológico e sofrem os fenômenos citados
mecânicos de cada camada. A partir dessa acima, e em seguida retornam à superfície, onde
investigação, se for necessário ao projeto, são captadas em sensores denominados
identificam-se as camadas críticas, para que geofones. Os sinais captados pelos geofones são
sejam feitos ensaios específicos, no laboratório transformados em registros sísmicos nos
ou no próprio campo, para determinação dos sismógrafos, cuja análise possibilita obter
parâmetros mecânicos de interesse. informações sobre os materiais geológicos.
Especialmente na engenharia de fundações
as investigações realizadas são quase que 3.1.1 Refração
exclusivamente sondagens SPT. Em geral, o
projeto é feito segundo uma abordagem direta, Na técnica de sísmica de refração, as ondas
correlacionando o comportamento do elemento sísmicas são geradas por uma fonte artificial
de fundação com resultados do SPT. (explosivo, martelo sísmico) localizada na
superfície. A técnica, para o caso mais simples,
2.2 Meio Ambiente ou seja, para duas camadas horizontais, está
representada na Figura 1.
A investigação geoambiental é um tema recente
que, segundo a US EPA (1989), deve fornecer o
perfil estratigráfico; a posição do nível d’água;
a condutividade hidráulica e composição
química de fonte(s) e/ou receptor(es) de
contaminantes, potenciais ou já existentes. Esse
fato tem levado a mudanças nas técnicas de
investigação convencionais, com o objetivo de
identificar o tipo, a quantidade e a formação e a
migração de uma pluma de contaminação.
Assim, tem-se utilizado ensaios geofísicos para
a determinação dos pontos onde se devem
realizar estudos mais detalhados, incluindo a
realização de ensaios de campo que
possibilitem a amostragem de solo, água e/ou
gás.
Em problemas ambientais a investigação é
fundamental no projeto e execução de um Figura 1. Princípio básico de sísmica de refração.
trabalho de remediação. A imprecisão na
definição das características do subsolo pode As ondas são geradas na fonte e os tempos
inviabilizar o emprego de certos métodos. de percurso registrados nos geofones, obtendo-
se para cada um o tempo de chegada da onda
longitudinal, em função da respectiva distância
3 ENSAIOS GEOFÍSICOS até a fonte. O ensaio de campo de sísmica de
refração consiste na montagem de um arranjo
3.1 Métodos Sísmicos de vários geofones (normalmente 12 a 48)
regularmente espaçados e com um ou vários
Os métodos sísmicos utilizam a velocidade de pontos de tiro. A cada tiro é feito um registro
propagação de ondas elásticas (geradas das ondas refratadas, onde são lidos os tempos
para construção dos gráficos tempo versus Nas descontinuidades do subsolo onde ocorrem
distância. mudanças nas propriedades do meio, que
A partir dos gráficos tempo versus distância ocasionam mudança na impedância acústica, as
é feita a interpretação para transformar os ondas são refletidas. A impedância acústica é
ramos das retas do gráfico em velocidade de dada pela velocidade sísmica multiplicada pela
onda e espessura do estrato sísmico. Para o densidade do estrato. Dessa forma, interfaces
gráfico da Figura 1, a inclinação do primeiro entre unidades litológicas diferentes podem ser
ramo da reta é igual ao inverso da velocidade da bons refletores. Na Figura 2 é apresentado um
camada 1 (1/V1) e o segundo ramo corresponde esquema do princípio da sísmica de reflexão,
a 1/V2. O ponto em que o prolongamento do mostrando, em um gráfico tempo versus
segundo ramo da reta intercepta o eixo do distância, as reflexões referentes a dois estratos
tempo é chamado tempo de interceptação (ti) sísmicos com impedâncias acústicas diferentes.
para a segunda camada, e é importante para o No ensaio de sísmica de reflexão, as ondas
cálculo da espessura da camada sobrejacente. A refletidas são captadas em geofones colocados
distância crítica xc também pode ser utilizada em superfície e o sinal sísmico é convertido e
para esse cálculo. A profundidade do refrator, transformado em sismograma pelo sismógrafo.
abaixo do ponto de tiro, pode ser obtida através A partir do sismograma é feito o processamento
do tempo de interceptação (ti), dada pela sísmico, que conta com várias etapas, até a
Equação 1, a qual pode ainda ser deduzida para seção sísmica ficar pronta para ser interpretada,
um número ilimitado de camadas. onde serão identificados os vários refletores.
tiV1
h= (1)
2 cos i12
A interpretação de dados de sísmica de
refração objetiva a elaboração de uma seção
sísmica, na qual são representadas as espessuras
e valores de velocidades de propagação de
ondas de cada estrato amostrado. Os métodos
clássicos de interpretação de dados de sísmica
de refração, assumem invariavelmente que os
refratores são planos, as velocidades sísmicas
de cada meio são constantes e que as
propriedades da rocha não variem ao longo do
perfil. Nos casos em que os cálculos das
espessuras são efetuados somente embaixo dos
pontos de tiros a acurácia da interpretação fica
prejudicada quando os refratores não forem
uniformes. Desta forma, os diversos métodos
interpretativos têm evoluído no sentido de
Figura 2. Princípio básico da sísmica de reflexão
permitirem que se extraia dos gráficos tempo
(Vogelsang 1995).
versus distância as velocidades verdadeiras dos
refratores e o cálculo das espessuras em cada
3.1.3 Sísmica em Furos de Sondagem
posição de geofone, o que irá possibilitar a
interpretação mais precisa da morfologia das
Os ensaios sísmicos em furos de sondagem
camadas investigadas.
possibilitam a determinação precisa das
velocidades das ondas de compressão (P) e
3.1.2 Reflexão
cisalhantes (S) e assim o cálculo dos parâmetros
dinâmicos dos solos. Esses ensaios são
Na sísmica de reflexão, as ondas são produzidas
denominados cross-hole, down-hole e up-hole
por fontes muito parecidas com as da refração.
em função da posição da fonte no furo. São
ensaios não destrutivos, de rápida execução, O ensaio down-hole é realizado em apenas
abrangendo grandes volumes de maciço. um furo e emprega uma sonda com um geofone
O ensaio cross-hole é considerado um dos ou acelerômetro, localizada no interior desse
mais eficazes para determinação dos parâmetros furo. A fonte geradora de ondas sísmicas fica
dinâmicos dos solos e consiste na colocação de localizada na superfície do terreno (Fig. 3.b). A
uma fonte mecânica geradora de ondas elásticas vantagem deste método é a necessidade de
num furo e no mínimo dois geofones em outros apenas um furo, além de poder ser empregado
dois furos alinhados com o primeiro, todos no com sucesso em conjunto com ensaios CPT e
mesmo nível (Fig. 3.a). A fonte mecânica irá DMT.
produzir ondas P e ondas S. O momento da Na fonte há um dispositivo de contato, que
chegada das ondas é captado pelos geofones. envia um sinal para o sismógrafo no instante do
Dos registros obtidos nos ensaios, determinam- golpe. Nesse instante o sismógrafo começa a
se os tempos de percurso dessas ondas e registrar as ondas captadas pelos geofones.
calculam-se suas velocidades de propagação. Para a medida precisa do tempo de chegada
Com as velocidades Vp e Vs e conhecendo-se a da onda S o procedimento normalmente
massa específica do material (ρ), calculam-se adotado no campo é a obtenção de quatro
os módulos dinâmicos de Young (E), de registros de ondas para cada profundidade de
cisalhamento máximo (Go) e o coeficiente de interesse: dois golpeando um lado da fonte e
poisson dinâmico (ν), utilizando as expressões dois golpeando o outro. Utiliza-se, assim, o
da teoria da elasticidade (Equações 2, 3 e 4). recurso da inversão da polaridade e a
superposição dos registros. Um esquema de
(a )
como se realiza o ensaio down-hole é
apresentado na Figura 3.b. A forma de
interpretação dos registros para cálculo da
velocidade das ondas está na Figura 4.

(b ) (c )

Figura 3. Esquema de ensaios sísmicos em furos. (a)


cross-hole, (b) up-hole e (c) down-hole

γ
Go = ρ .Vs2 = .Vs2 (2)
g

E = ρ .V p2 .
(1 − 2ν )(. 1 + ν ) Figura 4. Registro típico para interpretação e cálculo do
(1 − ν ) (3) ensaio (Campanella e Stewart 1992).

ν=
(V p Vs ) − 2 A velocidade Vs num intervalo pode ser
2.(V Vs ) − 2
2 (4)
p determinada conforme sugere Rice (1984),
dividindo a distância percorrida pela onda, pela
diferença de tempo registrado nos dois sinais um martelo. No CSW é necessária uma fonte
(Eq. 5), conforme ilustrado na Figura 13. que gere ondas de alta energia. Como a
natureza dispersiva da onda se dá em termos de
∆S L2 − L1
Vs = = (5) freqüência, o processamento dos sinais é
∆t t 2 − t1 realizado no domínio da freqüência.
A diferença de tempo pode ser obtida A execução do ensaio SASW é feita ao
manualmente, considerando-se o tempo de longo de uma seção onde são posicionados a
chegada como principal pulso de onda de fonte de energia e pelo menos dois geofones
cisalhamento ou pela técnica de cruzamento de distribuídos co-linearmente (Fig. 5). As ondas
sinais (Campanella e Stewart 1992). geradas em superfície são detectadas nos
O ensaio up-hole consiste na inversão da geofones, transferidas para computador portátil
posição da fonte e do receptor em relação ao e processadas para obtenção das relações de
ensaio down-hole (Fig.3.c), ou seja, a fonte fica fases entre elas. Mudando-se a freqüência da
dentro do furo e o receptor na superfície do fonte de energia determinações de velocidades
terreno. A interpretação dos resultados desse podem ser realizadas em diferentes faixas de
ensaio é semelhante àquela realizada pela profundidade. Desta forma, são obtidas curvas
técnica down-hole. A vantagem é também de dispersão da onda cuja inversão resulta em
utilizar apenas um furo, como no ensaio down- perfis de Vs contra profundidade. O módulo de
hole, no entanto, no up-hole, é mais difícil gerar cisalhamento máximo é calculado a partir da
ondas do tipo desejado. O ensaio up-hole pode determinação desses perfis, utilizando a teoria
ser associado ao ensaio SPT e, nesse caso, as da elasticidade.
ondas sísmicas podem ser geradas pelo
amostrador padrão submetido a um golpe
específico para esse fim. Prado (1994) relata
que no ensaio SPT geram-se ondas S atenuadas,
mas que podem ser facilmente identificáveis.

3.1.4 Ondas de Superfície

Entre as técnicas que utilizam a interpretação da


migração de ondas de superfície (Rayleigh)
para determinação de perfis de variação dos
parâmetros dinâmicos do solo com a
profundidade, existem duas mais conhecidas e
utilizadas atualmente, conforme detalhado por Figura 5. Ensaios sísmicos pela técnica SASW (adaptado
Sutton e Snelling (1998). A SASW (Análise de www.baygeo.com/html/sasw.html).
espectral de ondas de superfície) utiliza o
impacto de um martelo como fonte de energia. Marchioreto (2002) desenvolveu um sistema
A CSW (Geração contínua de ondas de para registro de ondas sísmicas e fez a
superfície) utiliza um vibrador estático como implementação, testes e avaliação do método
fonte energia, possibilitando um maior controle SASW comparando valores de Vs determinados
da freqüência da onda e uma maior resolução. com os do cross-hole nos campos experimentais
Ambas as técnicas de ensaio são não- da USP-São Carlos, Unesp-Bauru e Unicamp.
destrutivas e envolvem a detecção de ondas Esta técnica é muito interessante para avaliar a
superficiais do tipo Rayleigh. São realizadas na macro-variabilidade de solos heterogêneos,
superfície do terreno, não necessitando de furos pedregosos ou com blocos de rocha, onde a
de sondagem, tornando-se assim mais execução de ensaios intrusivos e coleta de
econômicas do que os ensaios sísmicos em amostras indeformadas são limitadas.
furos de sondagem, especialmente a SASW,
uma vez que nela se utiliza como fonte apenas 3.2 Métodos Geoelétricos
dipolo-dipolo, polo-dipolo, Lee, entre outros)
Os métodos geoelétricos de prospecção conferem ao método uma versatilidade muito
geofísica utilizam parâmetros elétricos de solos grande. Na Figura 6 são mostradas as
e rochas, como condutividade, resistividade, configurações de campo de sondagem elétrica e
potencial espontâneo, polarização, campo do caminhamento elétrico dipolo-dipolo.
eletromagnético, para investigar o subsolo. Os
valores numéricos e a análise da variação 3.2.2 Eletromagnético Indutivo
desses parâmetros possibilitam obter
informações sobre os materiais geológicos. Os métodos eletromagnéticos (EM) envolvem a
propagação de campos eletromagnéticos de
3.2.1 Eletroresistividade baixa freqüência e baseiam-se nos fenômenos
físicos de eletricidade e magnetismo. Quando
O método da Eletroresistividade utiliza uma uma corrente elétrica passa por um fio, é gerado
corrente elétrica artificial I que é introduzida no um campo magnético nas vizinhanças desse fio.
terreno por meio de dois eletrodos Conseqüentemente, quando se estabelece uma
(denominados de A e B), com o objetivo de corrente AC, por exemplo, num fio colocado
medir o potencial ∆V gerado em outros dois sobre a superfície do terreno, fluem correntes
eletrodos (M e N), nas proximidades do fluxo elétricas nos condutores sub-superficiais. Esse
de corrente elétrica. É possível assim, calcular a processo é conhecido como indução
resistividade ρ em sub-superfície, através da eletromagnética e constitui a base de operação
Equação 6, sendo K um fator geométrico que dos métodos EM de prospecção geofísica.
depende das posições dos eletrodos no terreno.
∆V
ρ = K.
I (Ω.m) (6)

A resistividade dos solos e das rochas é


afetada principalmente por quatro fatores:
composição mineralógica, porosidade, teor em
água e quantidade e natureza dos sais
dissolvidos. Dentre esses fatores, os mais
importantes são a quantidade de água contida
nos poros e a salinidade dessa água. O aumento
dos valores desses dois fatores, teor de umidade
e quantidade de sais dissolvidos, leva a uma
diminuição nos valores de resistividade.
Os equipamentos utilizados consistem
basicamente de uma fonte controlada para
emissão de corrente elétrica e medidores para a
corrente e a diferença de potencial geradas. A
potência da fonte pode variar de centenas de
watts até alguns kilowatts. Esses equipamentos
podem trabalhar com corrente contínua ou
corrente alternada de baixa freqüência,
preferivelmente menor que 60 Hz (Telford et al.
1990). A variedade de técnicas de aplicação de Figura 6. Configuração dos ensaios de sondagem elétrica
ensaios, que possibilitam a investigação no (a) e caminhamento elétrico dipolo-dipolo (b).
sentido vertical (sondagem elétrica) ou lateral
(caminhamento elétrico ou imageamento O Método EM Indutivo caracteriza-se pelo
elétrico 2D) e uma variedade ainda maior de uso de equipamentos de operação muito simples
arranjos de campo (Schlumberger, Wenner, e rápida, fatores que explicam sua extensa
aplicação em estudos ambientais. Os ao solo, sendo que a propagação do sinal
equipamentos utilizados nesse método podem depende das propriedades elétricas dos
ser denominados genericamente de materiais existentes. O equipamento é composto
condutivímetros. O condutivímetro é composto de uma unidade de processamento e duas
de duas bobinas (emissão e recepção). A bobina antenas, uma de transmissão do sinal
transmissora emite um campo magnético eletromagnético e outra de recepção dos sinais
primário Hp, que induz, em sub-superfície, refletidos. Um pulso de energia é irradiado para
correntes elétricas, que geram um campo o subsolo por intermédio da transmissora,
secundário Hs. A combinação destes dois sofrendo reflexões, refrações e difrações, sendo
campos é medida pela bobina receptora. Sob então captado pela antena receptora (Gandolfo
certas condições, definidas tecnicamente como 1999).
“operação de baixa indução”, admite-se que a A influência dominante nos sinais de geo-
relação entre os módulos dos dois campos seja radar está representada pelo coeficiente
dada por Hs = k.Hp, onde k depende da dielétrico e pela condutividade elétrica
freqüência do campo, da permeabilidade apresentada pelos materiais. Dessa forma,
magnética do material no vácuo, do mudanças das propriedades elétricas do meio
espaçamento entre as bobinas e da geológico fazem com que parte do sinal
condutividade elétrica do meio. O equipamento transmitido seja refletida. O sinal refletido é
é construído de forma a permitir a leitura direta detectado por um receptor onde é amplificado,
da condutividade em mili-Siemens por metro. digitalizado e armazenado, para ser processado
Os equipamentos mais consagrados nesse e transformado em registro (radar-grama). Na
método são o EM-31 e o EM-34, da Geonics Figura 7 é apresentado um esquema conceitual
Ltd: o primeiro para investigar as profundidades de utilização de radar e registro obtido na
pré-determinadas de 3 e 6 metros e o segundo situação idealizada. O radar oferece a
de 7,5 a 60 metros. Os ensaios de campo são possibilidade de detecção com alta resolução de
geralmente realizados em perfis, que, devido à feições geológicas, porém, o método sofre
praticidade de operação e transporte dos limitação da profundidade de penetração em
equipamentos, são conduzidos com muita meios condutores.
rapidez. Como as profundidades de
investigação são pré-determinadas, os
equipamentos são bastante limitados para a
execução de sondagens. Os dados de
condutividade aparente podem ser plotados em
perfis, em função da distância, e um conjunto
de perfis permite a confecção de mapas. O
método eletromagnético indutivo, através dos
equipamentos EM-31 e EM-34, passou a ser
extensamente aplicado em estudos de detecção
e monitoramento da poluição gerada por
resíduos industriais e urbanos, a partir da
década de 80.

3.2.3 Geo-radar (GPR)

A técnica de radar de penetração no solo ou


geo-radar (Ground Penetrating Radar - GPR)
oferece uma forma de investigação de Figura 7. Aquisição de dados com GPR e tipo de registro
condições geológicas e geotécnicas rasas. O obtido (adaptado de Borges 2002).
radar produz uma onda eletromagnética de alta
freqüência (10-1.000 MHz) que é transmitida
4 ENSAIOS GEOTÉCNICOS amostrador ET, na forma de onda longitudinal
de compressão que se propaga ao longo da
4.1 Ensaios para Perfilagem e Estimativa de composição de hastes a partir do impacto do
Parâmetros martelo na cabeça de bater.
Medições de energia transferida às hastes
4.1.1 Sondagem de Simples Reconhecimento começaram a serem feitas nos EUA, através de
(SPT) células elétricas de carga instaladas próximas
da cabeça de bater (Palacios 1977). No Brasil,
O SPT (Standard Penetration Test), que foi cabe destacar as pesquisas pioneiras de
originalmente desenvolvido no final da década Belincanta (1985, 1998), com instrumentação
de 20, nos EUA, tem sido extensivamente semelhante à de Palacios. Os resultados
utilizado na maioria dos países do mundo, sugeriam que a eficiência era dependente do
incluindo o Brasil, onde foi introduzido a partir comprimento das hastes. Mais recentemente,
de 1939 (Vargas 1989). Devido à grande usando instrumentação composta de strain-
experiência acumulada, o SPT está firmemente gages e acelerômetros, Cavalcante (2002)
estabelecido na prática da engenharia, mostrou que η praticamente independe do
especialmente em projeto de fundações. comprimento da composição, com valor médio
A sondagem de simples reconhecimento com em torno de 80%. Resultados análogos foram
SPT é um método para investigação de solos, obtidos posteriormente por Odebrecht (2003).
no qual a perfuração é feita através do trado ou Numa sondagem, é necessário conhecer a
circulação de água, para a obtenção de amostras energia que é efetivamente usada para cravar o
deformadas de solo, medida de índice de amostrador no solo, visto que o N medido é
resistência à penetração (N) e identificação da inversamente proporcional a esta (Schmertmann
posição do nível d'água (ABEF 1999). e Palacios 1979). Assim, conhecendo-se o valor
Apesar do ensaio possuir norma própria no da energia com que opera uma equipe de
Brasil (ABNT NBR 6484 2001), muitas sondagem, é possível corrigir o valor do N
empresas continuam realizando o ensaio de (medido) para obtenção do Ncorr (corrigido)
maneira diferente e com aparelhagem não para qualquer nível de eficiência admitido como
padronizada (Cavalcante et al. 2006). referência. Por exemplo, nos EUA a eficiência
Diferentes equipamentos e procedimentos para admitida como padrão é 60% da energia teórica.
a realização do SPT resultam em diferentes Para corrigir o N (medido) obtido com η igual a
energias disponíveis para cravação do 80% e equipará-lo ao de 60% (N60), basta usar a
amostrador, e, conseqüentemente, diferentes Equação 7, considerando o mesmo valor de E0:
valores de N para um mesmo solo.
80
Os fatores que afetam os resultados do SPT N corr = N ⋅ = 1,33N (7)
têm sido extensivamente discutidos tanto no 60
exterior (p. ex. Fletcher 1965; Ireland et al. Neste caso, o valor do N medido teria que
1970) quanto no Brasil (De Mello 1971; ser aumentado em 33% para ser usado numa
Teixeira 1974, 1993; Belincanta 1985, 1998; correlação desenvolvida com sistema de SPT
Décourt 1989; Cavalcante 2002; Odebrecht operando com eficiência de 60%. A Equação 7
2003). Os que mais têm sido apontados como pode ser usada em qualquer país, desde que se
intervenientes são: o comprimento da conheça a energia medida.
composição, a altura de queda do martelo, o uso Uma inovação na sondagem SPT surgiu no
ou supressão do coxim de madeira, o tamanho e Brasil, quando Ranzini (1988) idealizou a
a massa da cabeça de bater e os procedimentos medida do torque (T) requerido para mobilizar
de cravação do amostrador. o atrito/adesão entre o solo e o amostrador do
Os fatores intervenientes podem alterar a SPT (Fig. 8), o que possibilitou obter um
eficiência do SPT “η”, definida como a relação parâmetro a mais no ensaio. Peixoto (2001) foi
entre a energia potencial teórica do martelo, E0, quem realizou a pesquisa mais abrangente sobre
e a energia efetivamente transferida ao o SPT-T, como é conhecido esse ensaio no
meio geotécnico, e diversos autores têm Nesse ensaio, normalizado no Brasil pela
proposto maneiras distintas de utilizá-lo. ABNT MB-3406 (1990), uma ponteira em
forma cônica (Fig. 9), que é conectada à
extremidade de um conjunto de hastes, é
c torquímetro introduzida no solo a uma velocidade constante
d adaptador
e haste do amostrador igual a 20 mm/seg. O cone tem um vértice de
f disco centralizador
g tubo de revestimento
60° e um diâmetro típico de 35,68 mm (10 cm2
h bica de área). O piezocone possui células de carga
que registram a resistência de ponta (qc) e o
atrito lateral (fs), além de um transdutor que
mede a poro-pressão (u).
Figura 8. Torquímetro para realização da sondagem SPT- Através de qc e fs, calcula-se a razão de
T. (Alonso 1994). atrito, Rf (=fs/qc), parâmetro esse utilizado para
a identificação e a classificação de solos a partir
Ranzini (1994) propôs a Equação 8, a partir do emprego de cartas de classificação. A
da qual seria possível a previsão da parcela de experiência tem demonstrado que a resistência
atrito lateral de capacidade de carga de estacas, de ponta (qc) é tipicamente alta em areias e
em que fT é a tensão de atrito lateral (kPa), T é baixa em argilas, enquanto o atrito lateral (fs) é
o torque aplicado às hastes (kgf.m) e h é a baixo em areias e alto em argilas.
altura total de penetração do amostrador (cm). Cartas de classificação de solos a partir da
resistência de ponta (qc) e razão de atrito (Rf)
T
fT = (8) determinados com cones elétricos foram
41,3360.h − 0,0317 propostas por diversos pesquisadores, sendo
Alonso (1996) sugeriu correlações entre fT e uma das mais utilizadas é a de Robertson et al.
a adesão de diversas estacas. Décourt (1998) (1986). O piezocone permite ainda que se
procurou mostrar que a relação T/N depende da classifique o solo utilizando-se a poro-pressão,
estrutura do solo e sugeriu, a partir de sua através do índice de poro-pressão (Bq). Este
experiência com os solos da Bacia Sedimentar recurso é especialmente interessante para solos
Terciária de São Paulo, que o N equivalente moles, onde os valores de resistência de ponta
(Neq), dado por Neq = T/1,2, permite que as são baixos e a geração de poro-pressão elevada.
correlações desenvolvidas para os solos desse
local possam ser aplicadas para outros solos.

4.1.2 Ensaio de Penetração do Cone e do


Piezocone (CPT e CPTU)

O ensaio de penetração de cone foi introduzido


em 1934, na Holanda, consolidando-se como
ferramenta de investigação na década de 50.
Cones com a capacidade de medir resistência à
penetração e a poro-pressão, denominados
piezocones, foram introduzidos por De Ruiter
no início da década de 80. Os ensaios de
penetração de cone (CPT) ou do piezocone
(CPTU) são ensaios de penetração quasi- Figura 9. Ponteira do Cone Elétrico (Giacheti et al.
estática in situ que permitem identificar o perfil 2004).
estratigráfico do terreno e avaliar
preliminarmente os parâmetros geotécnicos do Uma forma de interpretação dos resultados
solo (Lunne et al. 1997). Danziger e Schnaid de ensaios CPT é correlacionar direta e
(2000) descrevem com detalhes esse ensaio. empiricamente os valores de qc e fs medidos
com o comportamento observado em realizadas a cada 200 mm. Essas leituras são
fundações, prática que tem sido utilizada, feitas em um manômetro na caixa de controle e
especialmente no Brasil. Com base nos valores registradas em um formulário padrão. Pode-se
de qc, fs e u medidos é possível também estimar medir também o esforço aplicado para cravação
os parâmetros de resistência, compressibilidade da lâmina do DMT, informação útil para
e permeabilidade do solo a partir de estimativa de alguns parâmetros dos solos.
correlações. Esta forma de interpretação é Detalhes sobre o ensaio foram publicados por
conhecida como abordagem indireta. Marchetti et al. (2001).
O ensaio de dissipação de poro-pressões
pode ser facilmente conduzido em qualquer
profundidade durante a sondagem CPTU
registrando-se a dissipação do excesso de poro-
pressão gerado durante a cravação com o
tempo. A determinação da poro-pressão de
equilíbrio é uma informação importante para
avaliar as características hidrogeológicas de um
aqüífero. Além disso, este registro também
pode ser empregado para estimativas do
coeficiente de compressibilidade horizontal (ch)
e dos coeficientes de permeabilidade.
Figura 10. Layout de um ensaio de dilatômetro plano
4.1.3 Ensaio de Dilatômetro Plano (DMT) (www.marchetti-it.it/pagespictures/testlayout.htm).

O ensaio de dilatômetro plano (DMT) foi Conforme Marchetti et al. (2001), a maneira
desenvolvido na Itália por Marchetti em 1974 e mais apropriada de utilizar os resultados de
introduzido nos Estados Unidos e Europa em ensaios DMT é interpretá-los em termos dos
1980. Marchetti (1997) descreve o dilatômetro parâmetros usuais dos solos e essa metodologia
plano, que é composto por uma lâmina de aço (“projeto via parâmetros”) abre as portas para
inoxidável de 14 mm de espessura, 95 mm de uma grande variedade de aplicações em
largura e 220 mm de comprimento, com uma engenharia. A interpretação dos resultados de
fina membrana de 60 mm de diâmetro, um ensaio DMT começa com o cálculo de três
posicionada numa das faces dessa lâmina. O parâmetros intermediários (ID, KD e ED)
procedimento de ensaio consiste basicamente baseado em correlações empíricas (Equs. 9, 10
em se cravar a lâmina do dilatômetro, e 11) que empregam os valores de po e p1,
utilizando-se preferencialmente um sistema tensão geostática vertical efetiva (σ'v) e poro-
hidráulico e uma estrutura de reação. Quando pressão hidrostática no equilíbrio (uo), em geral
atingida a profundidade de ensaio, a membrana assumida em função da posição do nível de
é inflada, geralmente utilizando um dispositivo água.
de alta pressão de gás nitrogênio, através de ID = (p1-po)/(po-uo) (9)
uma mangueira que passa pelo interior das
hastes usadas para cravação (Fig. 10). KD = (p1-po)/(σ´vo) (10)
Abaixo da membrana há um sensor sonoro
que indica as pressões necessárias para que ela ED = 34.7 (p1-po) (11)
perca o contato com o equipamento sensível
(leitura po), e aquela necessária para provocar O índice do Material (ID) é calculado para
um deslocamento do centro da membrana de identificar o tipo de solo. Em geral, ID fornece o
1,1 mm (leitura p1). Uma representação perfil do tipo de solo e, em solos “normais”
esquemática dessas leituras encontra-se na uma descrição razoável da textura desse solo. O
Figura 10. Para uma caracterização contínua do índice de tensão horizontal (KD) é fundamental
perfil do subsolo as medidas geralmente são nesse ensaio pois é base para várias correlações
para estimativa de parâmetros. O módulo
dilatométrico (ED) é determinado a partir das O princípio de execução consiste na
pressões po e p1 pela Teoria da Elasticidade. ED, cravação da palheta na profundidade desejada e,
em geral, não pode ser utilizado como o módulo após um tempo de repouso de 1 a 5 minutos,
de deformabilidade do solo especialmente aplica-se uma rotação de 6o por minuto e mede-
devido à falta de informação sobre o histórico se o torque necessário para romper o solo.
de tensões. Parâmetros de resistência e Existem dois procedimentos mais comuns de
deformabilidade dos solos podem ser posicionamento da palheta no solo: o primeiro
determinados empregando-se correlações utiliza furos de sondagens onde se crava a
empíricas disponíveis na literatura (Marchetti et palheta até 0,5 m do fundo do furo; o segundo
al. 2001). faz-se a cravação estática da palheta, protegida
por invólucro de aço até profundidade desejada,
4.2 Ensaios para Determinação Parâmetros onde a palheta é liberada e cravada por 0,5 m.
Específicos Para determinação da resistência não
drenada (Su), a ABNT NBR 10905 (1989)
4.2.1 Ensaio de Palheta (FVT) considera a distribuição de tensões uniforme
tanto ao longo da superfície vertical, como ao
O ensaio de palheta (Field Vane Test) é o longo da superfície horizontal. Para as
método mais utilizado para determinação da dimensões da palheta dessa norma, diâmetro D,
resistência não-drenada de argilas moles. de 65mm, e altura H, de 130mm, tem-se a
Conforme descrito por Chandler (1988), o Equação 12:
ensaio teve origem na Suécia em 1919, com uso
T
em todo o mundo a partir de 1940. A palheta Su = 0,86 .....(12)
possui quatro lâminas posicionadas em ângulo π .D 3
reto, com uma relação altura/diâmetro de 2:1. Com o ensaio de palheta pode-se obter a
Coutinho (2000) descreve detalhadamente esse sensibilidade (St), determinando-se a resistência
ensaio. não-drenada do solo após seu amolgamento. É
Como outros ensaios, a padronização de ainda possível estimar a razão de pré-
equipamentos e procedimentos é fundamental. adensamento (OCR) utilizando-se correlações,
O tamanho padrão da palheta, segundo a ABNT onde o limite de liquidez e a tensão efetiva são
NBR 10905 (1989), é uma altura de 130 mm e as principais variáveis.
um diâmetro de 65 mm. Porém é comum a
utilização de tamanhos diferentes, respeitando a 4.2.2 Ensaio Pressiométrico (PMT)
relação 2:1. Para solos muito moles, palhetas
maiores e solos mais resistentes, palhetas O pressiômetro, que teve sua origem na França
menores. Um esquema do equipamento e do (Ménard 1975), é essencialmente um tubo
ensaio é apresentado na Figura 11. cilíndrico (sonda) que, após ser inserido no
solo, é expandido sob condições controladas
(tensão ou deformação). Um esquema do ensaio
é apresentado na Figura 12.
Existem diferentes tipos de equipamentos em
operação no mundo, sendo possível subdividi-
los em três tipos: os que necessitam de pré-furo,
os autoperfurantes e os de deslocamento. Uma
das principais preocupações é a perturbação que
o processo de instalação da sonda pode
provocar no solo situado no entorno da mesma.
Esse ensaio permite a obtenção de uma curva
Figura 11. Ensaio de palheta (Ortigão e Collet 1986). tensão versus deformação do material. As
principais vantagens desse equipamento são:
simular a expansão assimétrica de uma
cavidade cilíndrica infinita, que possui soluções A partir de meados dos anos 80 incorporou-se
elásticas e elasto-plásticas bem fundamentadas, ao cone um sistema para aquisição de ondas
e medir diretamente as tensões in situ e o sísmicas, que passou a ser conhecido como
comportamento tensão versus deformação numa cone sísmico (SCPT). O cone sísmico apresenta
direção perpendicular ao eixo do furo. as mesmas características de um cone padrão ao
qual é acrescido um geofone ou um
acelerômetro localizado no seu interior (Fig. 9),
conforme descrito por Stewart e Campanella,
(1992). O procedimento de cravação do cone
proporciona um contato mecânico bastante
eficiente entre o solo e o geofone, permitindo
uma excelente recepção do sinal.
Mais recentemente, incorporou-se também
ao DMT o recurso de captação e registro de
ondas sísmicas (Mayne et al. 1999), o qual
apresenta as mesmas vantagens dos ensaios
SCPT.
O ensaio sísmico down-hole com a utilização
do SCPT ou SDMT consiste basicamente no
mesmo procedimento descrito para o ensaio
down-hole. A etapa mais importante da
interpretação desse ensaio é a medida precisa
Figura 12. Desenho esquemático de um ensaio com do tempo de chegada da onda S. Um esquema
pressiômetrico pré-furo tipo Ménard (Schnaid 2000). de como é realizado o ensaio down-hole
utilizando o SCPT ou o SDMT é apresentado na
A interpretação dos resultados de ensaios Figura 13. A velocidade de onda cisalhante (Vs)
pressiométricos pode seguir uma abordagem pode ser determinada empregando-se métodos
direta ou indireta. A abordagem direta emprega distintos, um que resulta num valor médio para
correlações empíricas para a estimativa de todo o trecho percorrido pela onda ou então
capacidade de carga e recalques de estruturas, outro que resulta no valor da velocidade Vs
como aquela adotada pelos franceses (Ménard num intervalo, que é mais interessante na
1975). Já, na abordagem indireta, utilizam-se investigação dos solos, conforme descrito na
métodos de interpretação que necessitam de Equação 4.
modelos para representar o processo de
expansão do material ensaiado (Gibson e
Anderson 1961; Hughes et al. 1977).
Apesar das dificuldades em realizar e
interpretar resultados de ensaios PMT, em
especial do autoperfurante, este ainda é um dos
ensaios in situ mais promissores que um
engenheiro geotécnico pode dispor para
realização de projetos. Nenhum outro ensaio in
situ permite a avaliação do comportamento do
solo com controle do carregamento para
trajetórias de tensões ou de deformações como
o PMT.

4.3 Técnicas Combinadas e Acessórios


Figura 13. Layout de um ensaio SCPT ou SDMT down-
hole (adaptado de Stewart e Campanella 1992).
4.3.1 Cone (SCPT) ou DMT (SDMT) Sísmico
4.3.2 Piezocone de Resistividade (RCPTU)
O cone pressiômetro combina, num mesmo
O piezocone de resistividade (RCPTU) consiste ensaio de campo, o cone convencional utilizado
em um módulo que é instalado atrás do num ensaio CPT com o pressiômetro. A sonda
piezocone padrão (Fig. 14). Este recurso do pressiômetro possui o mesmo diâmetro de
permite medir continuamente a resistência a um um cone de 43,7 mm (15 cm2 de área de ponta)
fluxo de corrente elétrica aplicada ao solo. e é montada logo acima deste, com um
Bolinelli Jr et al. (2005) descreve a execução, comprimento tal que a relação entre
calibração e interpretação desses ensaios. comprimento e diâmetro seja igual a 10 para
Os preparativos do ensaio RCPTU são garantir uma expansão predominantemente
similares àqueles de qualquer outro ensaio com radial da membrana. Withers et. al. (1986) faz
o piezocone. O único procedimento adicional é uma descrição desse equipamento.
a conexão de um gerador de sinal ao sistema de O procedimento de ensaio consiste na
aquisição de dados, cuja finalidade é controlar o cravação do cone como normalmente é feito
nível de corrente e a freqüência para as medidas num ensaio CPT e, em profundidades definidas
de resistência elétrica. A partir da resistência pelo operador, em função da identificação do
que o solo oferece à passagem dessa corrente é perfil do subsolo baseado nos registros de qc e
possível detectar a presença ou estimar a fs, interrompe-se a penetração para expandir a
concentração de certas substâncias presentes no sonda pressiométrica. A execução desse ensaio
lençol freático. é muito mais simples do que de um ensaio com
Os resultados de ensaios RCPTU (Davies e o pressiômetro autoperfurante. No entanto, sua
Campanella 1995) mostram uma ampla interpretação é mais complexa, pois a expansão
variação para os valores da resistividade da cavidade cilíndrica ocorre em um solo
(condutividade), de 0,01 Ω.m (106 µs/cm) a 100 amolgado pela penetração do cone. Assim, a
Ω.m (10 µs/cm). A resistividade é bastante análise dos resultados para definição dos
sensível, tanto a sais dissolvidos como a parâmetros de projeto deve levar em conta o
contaminantes orgânicos de baixa solubilidade. efeito do processo de instalação.
Uma forma de interpretação do ensaio é
comparar o valor da resistividade medida num 4.3.4 Amostradores
local onde existem indícios de contaminação
com um valor de referência, estabelecido Na investigação geoambiental é necessária a
através da experiência em ambientes amostragem do solo, água e/ou gás para análise
geologicamente similares, onde se sabe que a geoquímica, especialmente para avaliação do
contaminação não existe (Campanella et al. tipo e quantidade de contaminantes presentes.
1997). Em áreas onde os valores são Almeida e Miranda Neto (2003) em artigo que
discrepantes, amostras de água subterrânea trata da investigação e monitoramento de áreas
podem ser coletadas em profundidades contaminadas, discutem a importância da
discretas, para uma posterior análise química. amostragem de água e solo. O uso de
amostradores de solo que são cravados, como
aquele apresentado na Figura 15.a, é uma opção
interessante para caracterização geoambiental.
Mais interessante é amostrar água, por ser
um processo mais fácil e por ser nela que se
concentra a maioria dos contaminantes.
Diversos são os recursos existentes para
amostragem e monitoramento de águas. Um
Figura 14. Foto e desenho esquemático de um piezocone
deles é o sistema BAT (Fig.15.b), desenvolvido
de resistividade (De Mio et al. 2005). na Suécia, composto de um único piezômetro
instalado no subsolo (Torstensson 1984), o que
4.3.3 Cone Pressiômetro (CPM) permite também medir poro-pressão.
Penetração Amostragem parâmetros dos solos são definidos com base na
Penetração
com Hastes
média das várias sondagens, quando estas são
do CPT semelhantes entre si, ou com base na sondagem
Transdutor de
Trava de
Bola
pressão mais próxima, quando existem diferenças
Recipiente
sensíveis entre elas. Os processos construtivos e
para água/ gás
de controle de qualidade das fundações tendem
Agulha
a identificar eventuais imprecisões das
Liner
hipodérmica
investigações. Estas imprecisões são
compensadas através de investigações
complementares e adequações construtivas,
Ponteira
filtrante
tornando-se comuns os imprevistos e os
Ponta retráctil aumentos de custos e de prazos.
Segundo essa abordagem, a experiência do
(a) AMOSTRADOR DE SOLO (b) AMOSTRADOR DE ÁGUA E GÁS
projetista é um fator importante para definir os
Figura 15. Desenho esquemático de amostradores. parâmetros a serem empregados, geralmente em
métodos semi-empíricos. Um exemplo que
4.3.5 Outros Acessórios demonstra a importância dessa prática foi o
concurso para previsão do desempenho de
Diversos acessórios estão sendo desenvolvidos estacas raiz, durante o SEFE V/BIC II,
para serem utilizados em conjunto com o realizado em 2004, em São Paulo-SP. Nas
piezocone. Pode-se destacar aqui o módulo para previsões, a maioria dos onze participantes
medida de tensões laterais e o cone empregou métodos semi-empíricos e resultados
pressiométrico, os quais permitem realizar um de sondagens SPT (Carvalho e Albuquerque
ensaio específico, ao mesmo tempo e no mesmo 2004). O ganhador do concurso, Engo Luciano
furo que se realiza a sondagem CPT. Têm-se Décourt, utilizou uma adaptação do método
também dispositivos para estimativa in situ da Décourt e Quaresma (1978) para previsão da
densidade ou porosidade do solo, baseados em capacidade de carga, ajustando os parâmetros
medidas por radioisotopos. As maiores com base na sua experiência e diferenciando os
novidades têm surgido para aplicação ambiental horizontes de comportamento laterítico e não
e incluem, além dos dispositivos já lateritico. Para previsão dos recalques o autor
apresentados nos itens anteriores, medidas justificou sua previsão apenas com base na sua
dielétricas, sensores de pH e de potencial de experiência.
óxi-redução e fluorescência induzida por laser. Uma abordagem moderna para previsão do
Lunne et al. (1997) e Robertson (1998) comportamento de fundações utiliza métodos
apresentam e discutem cada um dos acessórios probabilísticos que possibilitam incorporar a
e das variações de piezocone que surgiram variabilidade do solo no projeto. Recentemente,
recentemente no mercado. o prof. Nelson Aoki foi um dos três
selecionados para apresentar sua previsão do
comportamento de estacas escavada, cravada e
5 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO hélice continua, em concurso com mais de 50
participantes, realizado durante o ISC´2
5.1 Investigação Geotécnica Conference, em 2004, no Porto, em Portugal. O
aspecto inovador apresentado por Aoki (2004)
5.1.1 A Prática no Projeto de Fundações foi considerar a variabilidade para previsão da
curva carga versus recalque mais provável e a
A investigação do subsolo para a prática de faixa de variação possível para um determinado
projeto de fundações, especialmente no Brasil, intervalo de confiança (Fig. 16). O autor sugere
quase sempre é feita utilizando exclusivamente que se calcule a probabilidade de ruína das
resultados de sondagens SPT. O fundações. Nesse caso, ensaios de campo foram
comportamento do elemento de fundação ou os fundamentais para avaliação da variabilidade.
região centro-sul de Curitiba com base na
elaboração de mapeamento geotécnico e
interpretação de sondagens SPT. Os resultados
da pesquisa mostraram que existe uma relação
estreita entre as características geológicas e os
tipos de fundações predominantemente
utilizados na região estudada.

5.1.3. Pressiômetro

São ainda bastante incipientes os casos de


aplicação do pressiômetro em situações da
prática da engenharia no Brasil, ao contrário de
Figura 16: Resultado de prova de carga em estaca de
concreto cravada L = 6 m e previsão utilizando método outros países, tais como a França. O
probabilístico, intervalo de confiança 90% (Aoki, 2004). pressiômetro tem sido razoavelmente aplicado
em atividades de pesquisa em algumas
5.1.2 O Papel da Geologia no Planejamento e universidades brasileiras mas, às vezes, sem
Interpretação da Investigação do Subsolo uma vinculação direta com um caso de obra. No
entanto, algumas experiências localizadas têm
O planejamento e interpretação das demonstrado o potencial desse equipamento
investigações geotécnicas estão, para aplicações na prática da engenharia
fundamentalmente ligados à possibilidade de geotécnica brasileira.
entender a distribuição tridimensional dos Em pesquisa realizada no campo
vários tipos de solo e definir suas propriedades experimental da UFRGS, Schnaid et al. (1995)
de interesse para cada tipo de projeto. A demonstraram o potencial do pressiômetro para
inserção do conhecimento da história geológica previsão de parâmetros de resistência de solos
orienta a execução dos ensaios geofísicos, das não saturados, em particular, do intercepto de
sondagens para perfilagem e a coleta de coesão (c) resultante dos efeitos de sucção e
amostras para ensaios em laboratório. cimentação. A interpretação empregou soluções
O conhecimento da história geológica numéricas (Método dos Elementos Finitos) e, a
depende fundamentalmente de trabalhos de partir da técnica de ajuste da curva pressão-
interpretação de informações pré-existentes e de expansão da cavidade (Fig. 17) foi possível se
mapeamentos de campo. Em solos tropicais, estimar parâmetros do solo.
onde predominam os processos de pedogênese e
morfogênese, a distribuição dos vários tipos de
solos está relacionada à morfologia dos
terrenos. Desta forma, as interpretações
geomorfológicas associadas a banco de dados
geotécnicos permitem a elaboração de mapas
geotécnicos de detalhe que orientam o
planejamento e interpretação das investigações.
Os mapas geotécnicos, quando adequadamente
elaborados fornecem prognósticos das
características geotécnicas e geoambientais dos
subsolos dos terrenos.
De Mio et al. (2006), em artigo publicado Figura 17. Ajuste de curvas (Schnaid et al. 1995)
nos anais desse mesmo evento, aplicaram os
conceitos da interpretação da história geológica, Sampaio Jr et al. (2004) empregaram o
para identificar os condicionantes geológicos pressiômetro autoperfurante Cankometer, da
que controlam a execução de fundações na Poli/USP, para determinação do módulo de
cisalhamento do solo para 0,1 % de deformação
da cavidade (G0,1) em três campos
experimentais do Estado de São Paulo
(Poli/USP; Unicamp e EESC/USP).
A Figura 18 mostra que os valores de G0,1
obtidos no campo experimental da Unicamp,
estão entre 30% e 50% dos valores de G0
obtidos a partir de ensaios cross-hole (Giacheti
1991; 2001). Para o local, também foi obtida
uma correlação estatística entre os valores de
G0,1 e do N do SPT (Eq. 13). Figura 19. Variação dos valores do módulo de
cisalhamento secante (Gsec) com a deformação da
G0,1 = 7,4 + 6.N (13) cavidade (Cunha et al. 2004).

Figura 18. Comparação do G0,1 e G0 para o Campo Figura 20. Influência da inundação de um solo colapsível
Experimental da Unicamp (Sampaio Jr et al. 2004). na curva pessiométrica (Kratz et al. 1999).

Cunha et al. (2004) também determinaram


parâmetros do solo para simulação do efeito das
escavações na linha do metrô de Goiânia.
Foram interpretados resultados de ensaios
autoperfurantes (Cankometer da Poli/USP),
empregando abordagem numérica pela técnica
do ajuste de curvas, para obtenção do módulo
de cisalhamento secante (Gsec) com a
Uma aplicação do pressiômetro para
determinação do potencial do colapso de solos
foi feita por Schnaid et al. (2001). Coutinho et
al. (2004), de forma análoga, mostraram a Figura 21. Curvas pressiométricas típicas em solo
influência da água em um solo colapsível de colapsível de Petrolândia - PE (Coutinho et al. 2004).
Petrolândia-PE, a partir da forma da curva
Uma aplicação de ensaios PMT para
pressiométrica tradicional. As Figuras 20 e 21
previsão de capacidade de carga de estacas
mostram as experiências gaúcha e nordestina,
apiloadas foi feita por Cavalcante et al. (2005)
respectivamente, indicando que o pressiômetro
no campo experimental da Unesp de Bauru. A
pode ser facilmente utilizado no diagnóstico do
Figura 22 mostra os perfis do módulo
colapso de solos não saturados.
pressiométrico (E0), da Pressão Limite (PL) e da
deformação da cavidade (Fig. 19).
tensão inicial na cavidade (P0), acompanhados
da distribuição do atrito lateral unitário (qSi)
para estaca apiloada. O comportamento de qSi
previsto com o PMT, numa abordagem determinados no cross-hole. Diferenças
tradicional (Baguelin et al. 1978), concorda significativas em Vs, entre 10 e 16 m de
com a de Godoy (1999), que fez previsões a profundidade nos ensaios SCPT, evidenciaram
partir dos resultados de ensaios SPT realizados a variabilidade indicada nos registros de qc e Rf.
na área, utilizando o Método Décourt e A relação Go/qc é maior na parte mais evoluída
Quaresma (1978). Isso demonstra o potencial do perfil (Fig. 23) e tende a diminuir com o
do PMT para previsão de comportamento de aumento da profundidade, ou seja, com a
estacas por abordagem direta, de fácil evolução do perfil.
aplicação.
Rf (%) qc (MPa) Vs (m/s) Go/qc
Eo PL Po qsi
0 2 4 6 8 0 3 6 9 12 15 0 200 400 600 0 40 80 120
Perfil (MPa) (MPa) (kPa) (kPa) 0

0 20 40 0.0 0.7 1.4 0 100 200 0 30 60


2
0
4

Areia 6
25
Fina

Profundidade (m)
Profundiade (m)

5 Pouco 8
Argilosa
Vermelha 10

35 12
SM-SC
10
14

LA' 16

?
NA' 18
15
20
SCPTv1 Crosshole SCPTv1
Figura 22. Perfil de Eo, PL, Po e distribuição do atrito SCPTv2 SCPTv 1 SCPTv2
lateral unitário obtido para estaca apiloada no Campo SCPTv 2 Média
Experimental da Unesp-Bauru (Cavalcante et al. 2005).
Figura 23. Resultados de ensaios SCPT e cross-hole em
5.1.4. Cone Sísmico Bauru/SP (adaptado de Giacheti et al. 2006).

Giacheti et al. (2006b) demonstraram que a


O emprego do ensaio de cone sísmico tem
mesma tendência ocorre também para a relação
aumentado no Brasil nos anos. Francisco (1997)
entre os módulos de cisalhamento máximo e
foi um dos pioneiros a realizar ensaios SCPT
dilatométrico (Go/ED) a partir de resultados de
em areais de Maceió/AL e em argilas do Rio de
ensaios cross-hole e DMT realizados em três
Janeiro/RJ, utilizando um sistema de aquisição
campos experimentais do interior de São Paulo
de dados desenvolvido por ele próprio. Scheffer
(Bauru, São Carlos e Campinas). O objetivo de
(2005) desenvolveu uma ponteira sísmica para
determinar Go/qc ou Go/ED é comparar uma
ser utilizada logo após um ensaio CPT ou
rigidez à baixa amplitude (Go) com uma rigidez
acoplado ao próprio cone e realizou ensaios em
a grandes deformações, representada pela
deposito argiloso do Aeroporto Internacional de
resistência de ponta do cone (qc) ou pelo
Porto Alegre/RS. De Mio (2005) realizou
módulo dilatométrico (ED), sendo, portanto, um
ensaios SCPT em três campos experimentais do
recurso interessante para auxiliar na
interior de São Paulo.
caracterização de solos tropicais. A
Giacheti et al. (2006a), em artigo deste
variabilidade afeta muito a determinação da
mesmo Congresso, apresentam resultados de
relação Go/qc ou Go/ED, e deve ser
ensaios SCPT realizados ao lado de ensaios
adequadamente interpretada. Isso é mais fácil
sísmicos cross-hole no campo experimental da
com um ensaio que combina, em um único furo,
Unesp de Bauru (Fig. 23). Os valores das
a determinação de ambos os parâmetros, como
velocidades de onda S determinados nos
os ensaios SCPT e SDMT.
ensaios SCPT foram próximos àqueles
5.2 Investigação Geoambiental a partir do caminhamento elétrico, que
possibilita visualizar tanto variações laterais
5.2.1. Geofísica como verticais dos materiais no perfil. Na
Figura 25 é apresentado o resultado de um
A realização de ensaios de sondagem elétrica ensaio na delimitação de duas cavas
vertical possibilita a obtenção de informações preenchidas com resíduos domésticos (os
importantes na caracterização de áreas com valores de resistividade inferiores a 20 Ω.m
problemas de poluição do solo. A distribuição caracterizam os locais com resíduos).
dos diferentes tipos de materiais no perfil
(camadas de solo e substrato rochoso) e a
profundidade da zona saturada, são importantes
para a caracterização de um determinado local e
podem ser obtidos com sondagens elétricas. Um
exemplo é apresentado na Figura 24, que
mostra a interpretação de uma sondagem
elétrica realizada para auxiliar o conhecimento
Figura 25. Seção de resistividade na identificação de
do perfil estratigráfico e posição da zona
cavas preenchidas com resíduos urbanos.
saturada. A partir dos resultados obtidos para a
profundidade da zona saturada através de um O Método Eletromagnético Indutivo mostra-
conjunto de sondagens elétricas verticais se como uma ferramenta rápida e de baixo custo
realizadas em um local é possível construir o no estudo de contaminação gerada a partir de
mapa de isolinhas de cotas do nível d’água, o aterros sanitários, o que possibilita um
qual permite a visualização da direção e o mapeamento da área de influência dos
sentido do fluxo subterrâneo. poluentes. Um exemplo é apresentado na Figura
26, que mostra o resultado da utilização do EM-
34 no mapeamento da contaminação gerada por
um depósito de resíduos urbanos. O local
ocupado é marcado pelos valores de
condutividade aparente superiores a 50 mS/m,
como pode ser notado pelos contornos definidos
para a área (linha branca pontilhada). Também
pode ser observada uma região de fluxo de
contaminantes no sentido oeste, marcada
também por altos valores de condutividade
aparente fora da área ocupada pelos resíduos
(Hatae et al. 2004).
Figura 24. Resultado de sondagem elétrica vertical para O GPR tem se destacado, em estudos
estudo do perfil estratigráfico e posição da zona saturada. ambientais, no mapeamento detalhado de
estruturas e do nível d’água e no mapeamento
O mapeamento de locais preenchidos por de plumas contaminantes. Assim como a pluma
resíduos pode ser realizado com a execução de de contaminação gerada por resíduos urbanos, a
vários pontos de sondagem elétrica, ou de intrusão salina em aqüíferos também pode ser
forma contínua, com caminhamento elétrico. As identificada pela atenuação dos sinais de radar.
SEVs são mais adequadas para a definição do Algumas pesquisas recentes têm apontado para
perfil vertical (espessura da camada de resíduos a possibilidade de utilização de geo-radar na
e a base do depósito) ao passo que o identificação de poluição por hidrocarbonetos.
caminhamento elétrico possibilita a delimitação Outra possibilidade de utilização é na detecção
da área ocupada pelos resíduos. Metodologias e avaliação das condições de recipientes
mais modernas e sofisticadas de interpretação enterrados com substâncias perigosas.
de dados têm possibilitado uma modelagem 2D
A integração de diferentes técnicas de ensaios
para a investigação tem sido empregada como
um recurso interessante, especialmente em
problemas ambientais, como demonstrado por
diversos pesquisadores. Nessa linha, o
piezocone de resistividade e acessórios que
possibilitam a amostragem de solo, água e gás
têm sido empregados com freqüência nos casos
onde existe contaminação por sais dissolvidos,
como, por exemplo, a intrusão de água salina
em aqüíferos (Campanella et al 1998).
No Brasil, a aplicação de ensaios RCPTU é
ainda incipiente. Bollinelli Jr. (2004) calibrou e
interpretou os primeiros resultados de ensaios
RCPTU em perfis de solos tropicais. Nacci et
al. (2003a) e Pacheco (2004) utilizaram um
módulo de resistividade desenvolvido por
pesquisadores da UFRGS, COPPE e UFPE em
Figura 26. Método eletromagnético indutivo no
pesquisa de laboratório para avaliar o
mapeamento de depósito de resíduos (Hatae et al. 2004).
desempenho do equipamento e determinar
Exemplo de uso de GPR no mapeamento de Fatores de Formação em areias e em caulim.
estrutura geológica é apresentado na Figura 27, Em um perfil de solo arenoso e em outro de
onde a seção de GPR possibilita a identificação solo argiloso do Rio Grande do Sul, Nacci et al.
de um paleocanal constituído por sedimentos (2003b) realizaram ensaios RCPTU.
arenosos sobre materiais argilosos. A diferença De Mio et al. (2005) realizaram um
das propriedades físicas, com reflexões mais programa de investigação com o objetivo de
marcadas entre 50 e 200 m onde ocorrem os avaliar a extensão da contaminação com água
sedimentos arenosos mais resistivos, possibilita salgada em um aqüífero litorâneo sedimentar
a visualização da estrutura. Os materiais mais raso, a partir de medidas de resistividade
argilosos apresentam reflexões menos marcadas elétrica no cais do porto de Paranaguá, estado
devido a maior atenuação das ondas nesse meio do Paraná.
mais condutor. Outra feição observada é a A Figura 28 apresenta o resultado de dois
reflexão e a posterior atenuação a 9,7 m de desses ensaios RCPTU realizados nesse local.
profundidade, que caracteriza o nível d’água. Nela, além das informações obtidas de um
ensaio de piezocone, está apresentada também a
variação da resistividade elétrica com a
profundidade. A identificação do perfil de solo
foi feita utilizando o ábaco de classificação
proposto por Robertson et al. (1986) e indica
comportamento semelhante das unidades em
toda a área investigada.
Nos primeiros 14 m de profundidade, onde
se tem areia, os valores de resistividade variam
em torno de 100 a 200 Ω.m, tendo um
decréscimo a partir dos 14 m, onde se tem a
ocorrência de material mais fino, portanto, mais
Figura 27. Perfil de GPR com antena de 50 MHz, numa condutivo. Observa-se, também (Fig. 28), entre
linha ensaiada com exagero vertical (Yokayama 2003). as profundidades 4 a 8 m, na camada de areia,
que o ensaio RCPTU 4 apresenta valores de
5.2.2 Piezocone de Resistividade resistividade menores que o ensaio RCPTU 3,
sem que houvesse alteração nos registros de qt,
Rf e u2, indicando que algo deve estar
ocorrendo na água que preenche os vazios do
solo. Isso se deve à presença de água salina no
aqüífero, evidenciada pela contaminação de
alguns poços de abastecimento de água.

Rf (%) qt (MPa) u (kPa) R (ohm-m) Perfil


2
Interpretado
0 1 2 3 4 5 0 10 20 30 0 750 1500 0 150 300
0 NA
Areia Argilosa

5 u2
Areia
-
10 Areia Siltosa
Profundidade (m)

15

20 u0 Silte
Argiloso
Figura 29. Mapa de resistividade do nível teórico 15 m da
25
área do aterro com localização dos ensaios. Regiões com
valores de resistividade menores que 75 Ω.m indicam a
Areia Siltosa
30 a Areia contaminação da zona saturada. (Mondelli 2004).
RCPTU 3
RCPTU 4
Como o nível d’água era profundo, optou-se
Figura 28. Resultados de dois ensaios RCPTU realizados em utilizar a técnica do filtro de cavidade
para avaliação de contaminação do aqüífero com água preenchido com graxa automotiva para registro
salobra em Paranaguá/PR (De Mio et al. 2005). de poro-pressão, conforme sugere Larsson
(1995), evitando-se a abertura de pré-furo. Esse
A disposição de resíduos no solo é um recurso tem se mostrado interessante em
problema ambiental atual devido às ensaios de piezocone em solos tropicais e os
conseqüências danosas provocadas por uma registros de poro-pressão são úteis para auxiliar
disposição inadequada dos mesmos. na identificação de perfis geotécnicos e da
Investigações e monitoramentos empregando posição do nível d’água, conforme demonstrado
técnicas modernas estão sendo realizados com por De Mio et al. (2004).
maior freqüência nestas áreas, com o objetivo A Figura 30 mostra os resultados de dois
de melhor caracterizar e quantificar os impactos ensaios (RCPTUs 14 e 15) realizados muito
ambientais e definir alternativas de remediação. próximos ao aterro de resíduos sólidos, onde os
Mondelli (2004) procurou avaliar a ensaios geofísicos indicaram a presença de uma
contaminação de uma área de disposição de pluma de contaminação. Após a realização dos
resíduos sólidos urbanos, em Bauru/SP. As ensaios RCPTU foram feitas coletas de água e
diversas campanhas de ensaios RCPTU solo utilizando amostradores cravados com o
realizadas na área também permitiram avaliar a mesmo sistema utilizado nesses ensaios para
aplicabilidade desta ferramenta em solos avaliação da contaminação da área.
tropicais. Todos os resultados dos ensaios RCPTU
Inicialmente, uma investigação utilizando a realizados na área mostraram uma brusca
geofísica de superfície pela técnica do diminuição nos valores de resistividade quando
caminhamento elétrico com arranjo dipolo- a zona saturada foi atingida, o que demonstra a
dipolo foi realizada no local para identificar a vantagem do uso dessa ferramenta para
pluma de contaminação e os pontos onde os identificação da posição do nível d’água. Para a
ensaios RCPTU deveriam ser realizados, região saturada, Mondelli (2004) observou que
conforme indicado na Figura 29. os valores de resistividade variaram com a
textura e a mineralogia do solo, sendo maiores
nas camadas mais arenosas e menores nas
camadas mais argilosas. Na Figura 30 observa-
se que a influência do tipo de solo nos valores empregados no projeto, onde a experiência do
de resistividade não é tão nítida na região projetista tem grande influência nos resultados.
saturada dos ensaios RCPTU 14 e 15, com A possibilidade de incluir a variabilidade e
valores em torno de 50 Ω.m para o primeiro e calcular a probabilidade de ruína das fundações,
em torno de 20 Ω.m para o segundo. Isto pode parece ser uma abordagem mais racional. Nesse
ser um indicativo da presença de contaminantes caso, os ensaios de campo são fundamentais,
migrando nas camadas mais arenosas logo à pois fornecem informações dessa variabilidade.
frente do aterro, uma vez que a amostra de água Ensaios de campo específicos, como o PMT,
coletada entre 8 e 9 m de profundidade têm sido empregados no Brasil em pesquisas,
apresentou resistividade elétrica baixa, o que é que têm demonstrado o potencial dessa
indicativo da presença de poluentes na água. ferramenta para avaliar in situ o comportamento
de solos, especialmente os tropicais.
AMOSTRAS
PIEZOCONE
DE ÁGUA A relação entre a rigidez a baixas
Rf (%)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 0
qc (MPa) R (ohm-m)
5 10 15 20 25 0 125 250 375 500
Perfil
Interpretado
R (ohm-m) deformações (Go) com a rigidez a grandes
0 100 200 300
0
Areia
0
deformações, representada por qc ou pelo ED é
1 1
um recurso interessante para auxiliar na
Areia siltosa
2 2
caracterização de solos tropicais. Como a
3 3
variabilidade afeta muito essas relações, o
PROFUNDIDADE (m)

Silte Arenoso
Solo Fino Muito Rijo
4 Areia Siltosa 4 emprego de ensaios SCPT e SDMT é
Argila
5
N.A.
5 interessante.
6
Areia Siltosa
pH
6 A presença de contaminantes no solo tem
7 7 resultado em mudanças nas técnicas de
8
Argila (RCPT15)
Areia (RCPT14) 8 investigação, sendo, muitas vezes, necessário
9
Areia Siltosa R 9 empregar mais de uma técnica de ensaio.
10
0 2 4 6 8 10
10 Diferentes métodos geofísicos podem ser
RCPTU 14
RCPTU 15 pH empregados para identificar os locais onde um
estudo mais detalhado deve ser realizado.
Figura 30. Resultados de ensaios RCPTU e amostragem
Resultados de ensaios de piezocone, às vezes
de água à jusante do aterro de resíduos (Mondelli 2004).
empregando módulos incorporados, como o de
resistividade ou de fluorescência induzida,
podem ser utilizados para definir o local onde
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
as amostras de solo, água ou gás devem ser
retiradas. O mesmo sistema de reação
O adequado conhecimento da história geológica
empregado para cravar o piezocone poderá ser
de um terreno permite entender os
utilizado para cravar os amostradores.
condicionantes que controlam as variações das
Os exemplos apresentados mostram que os
propriedades geotécnicas e orientar as etapas de
valores de resistividade, determinados por
investigação, identificando a possível direção
ensaios RCPTU, num perfil de solo arenoso,
de uma pluma de contaminação ou os locais e
saturado, sedimentar, litorâneo possibilitaram
métodos construtivos mais adequados para cada
identificar a intrusão de água salina no aqüífero.
local. Especialmente para problemas ambientais
Já, em perfis de solos tropicais, os valores de
e em obras de grande abrangência, como
resistividade nesses ensaios são mais difíceis de
estradas, barragens e dutos, o entendimento da
serem interpretados.
geologia é fundamental. No entanto, diversas
situações geológicas impõem variações
extremas nas propriedades geotécnicas, mesmo
AGRADECIMENTOS
em obras de pequeno porte.
A investigação geotécnica na prática do
Os autores agradecem a FAPESP e ao CNPq,
projeto de fundações tem sido realizada quase
pelo financiamento de suas pesquisas.
que exclusivamente com base em resultados de
sondagens SPT. Métodos semi-empíricos são
Agradecem a Giulliana Mondelli pela revisão Campanella, R.G. e Stewart, W.P. (1992). Seismic Cone
desse artigo. Analysis Using Digital Signal Processing for
Dynamic Site Characterization, Canadian
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