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Formação de facilitadores de aprendizagem 

Com enfoque para as temáticas do Agro

Capacitação como Estratégia para Transferência de Tecnologia no Contexto da 
Embrapa
Formação de facilitadores de aprendizagem

Módulo Andragogia:
I A arte e a ciência de se 
ensinar a adultos
Formação de facilitadores de aprendizagem
Módulo I – Andragogia: a arte e a ciência de se ensinar a adultos

Objetivos de aprendizagem:
Ao final deste módulo, espera‐se que você
Módulo seja capaz de:
Analisar as condições de aprendizagem
I •
dos adultos e suas implicações para o
processo de ensino‐aprendizagem.

Conteudista: Aline Branquinho‐Silva
Formação de facilitadores de aprendizagem
Módulo I – Andragogia: a arte e a ciência de se ensinar a adultos

Introdução:
O processo de ensino‐
aprendizagem de temáticas do agro é
destinado à pessoas adultas e que
possuem necessidades de aprendizagem
concretas, seja para a vida, seja para o
trabalho.

Por isso, exige uma abordagem


apropriada de ensino, para que a
aprendizagem seja mais prazerosa e
significativa.
Neste módulo vamos conhecer as condições de
Ensinar não é apenas transmitir
aprendizagem dos adultos proposta por Malcolm Knowles, para
uma informação, mas, principalmente,
que sirva de fio condutor para as nossas práticas enquanto
provocar, organizar, facilitar ou gerar um
facilitador de aprendizagem.
aprendizado. Assim, um bom facilitador é

Conteudista: Aline Branquinho‐Silva
um “organizador de situações de Esperamos que você, ao atuar como facilitador de
aprendizagem”. Ou, dito de outra forma, aprendizagem, se questione se as condições apresentadas a
um facilitador é um gestor, isso é, aquele seguir estão sendo respeitadas.
que coordena as atividades de certas
pessoas a fim de atingir um objetivo Se a resposta for positiva, você estará no caminho certo
previamente definido. no cumprimento da sua missão de “facilitar a aprendizagem”.
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Módulo I – Andragogia: a arte e a ciência de se ensinar a adultos

Origem do conceito

Pedagogia:
do grego paidagogós ‐ paidos (“criança”) e 
gogía (“conduzir” ou “acompanhar”).

Andragogia: 
andros do grego adulto

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Módulo I – Andragogia: a arte e a ciência de se ensinar a adultos

Origem do conceito

1833 – Professor alemão Alexandre Kapp – Teoria Educativa de


Platão.

1921 – Alemão Eugen Rosenstock – formação de adultos precisa


de professores, métodos e filosofia própria.

1960 – Americanos e canadenses popularizaram o termo.

1980 – UNESCO adotou o conceito para designar a formação

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contínua de adultos.
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Módulo I – Andragogia: a arte e a ciência de se ensinar a adultos

Princípios fundamentais 
da aprendizagem de 
adultos 
(Knowles et al, 2009)

Conteudista: Aline Branquinho‐Silva
Formação de facilitadores de aprendizagem
Módulo I – Andragogia: a arte e a ciência de se ensinar a adultos
Princípios fundamentais da aprendizagem de adultos 
(Knowles et al, 2009)
1. Necessidade de Saber
• Saber o que, por que e como irá aprender.
2. Autoconceito do aprendiz
• Promover a transição de aprendizes dependentes para aprendizes 
autodirigidos.
3. Papel das experiências do aprendiz
• Experiências anteriores.  Heterogeneidade. Ideias preconcebidas. 
Desvalorização/valorização. 

4. Prontidão para aprender
• Processo de ensino‐aprendizagem vinculado a uma situação da vida real.

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5. Orientação para a aprendizagem
• Processo de ensino‐aprendizagem deve resolver problemas reais.

6. Motivação
• Intrínseca – maior satisfação no trabalho, autoestima, qualidade de vida.
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Princípios fundamentais da aprendizagem de adultos 
(Knowles et al, 2009)

Os adultos precisam saber por que precisam aprender algo antes de


começar a aprendê‐lo. O facilitador deve ajudar os participantes a se
conscientizarem da "necessidade de saber". Isto é, que o processo de
aprendizagem visa melhorar a eficácia e a qualidade de vida. O adulto
precisa ter consciência não só de “por que” ele deve aprender, mas também

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“o que”, “para que” e “como” ele vai aprender.
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Princípios fundamentais da aprendizagem de adultos 
(Knowles et al, 2009)

O que você pode fazer para colocar este princípio em prática:

 Vincular o processo de ensino‐aprendizagem a resultados concretos,


como por exemplo a produtividade, a lucratividade, o desempenho
individual, dentre outros.

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 Apresentar o plano de ensino aos participantes.
 Apresentar, ao início de cada processo de ensino, os objetivos de
aprendizagem.
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Princípios fundamentais da aprendizagem de adultos 
(Knowles et al, 2009)

Segundo Knowles os adultos possuem um autoconceito de ser responsáveis pelas próprias


decisões, pelas próprias vidas. Uma vez que eles tenham chegado a esse autoconceito, desenvolvem
uma profunda necessidade psicológica de serem vistos e tratados pelos outros como capazes de se
autodirigir.

Ao mesmo tempo, destaca que quando em situação de aprendizagem, o adulto tende a retomar
o comportamento de experiências escolares anteriores, colocando‐se em uma postura de

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dependência e passividade, exigindo que o facilitador o ensine.

Essa dualidade gera um conflito no aprendiz adulto que, resiste às situações nas quais percebe
que os outros estão impondo sua vontade sobre ele. Por isso, afirma que os educadores de adultos
devem esforçar‐se para criar experiências de aprendizagem em que os adultos são auxiliados a fazer
uma transição de aprendizes dependentes para aprendizes autodirigidos.
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Princípios fundamentais da aprendizagem de adultos 
(Knowles et al, 2009)

O que você pode fazer para colocar este princípio em prática:

 Não tratar os participantes como criança.
 Não impor regras, principalmente se estas não tem uma 

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função clara.
 Compartilhar responsabilidades.
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Princípios fundamentais da aprendizagem de adultos 
(Knowles et al, 2009)

Se comparado às crianças e aos jovens, os adultos iniciam um processo de aprendizagem com um volume
muito maior de experiências. Além disso, os grupos de adultos caracterizam‐se por serem mais heterogêneos em
termos de formação, estilos de aprendizagem, motivação, necessidades, interesses e objetivos.

Por isso, Knowles enfatiza a necessidade de individualização do ensino e das estratégias de aprendizagem,
bem como a utilização das experiências dos próprios aprendizes adultos, dando‐se ênfase às técnicas experienciais.

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Destaca‐se ainda o desafio que pode ser enfrentado pelos educadores de adultos ao enfrentar necessidades
de quebrar hábitos mentais, preconceitos e pressuposições que costumam fechar nossa mente a novas ideias,
percepções mais atualizadas e ideias alternativas.

E por fim, destaca outra razão mais sutil para priorizar a experiência dos participantes: adultos se sentem
rejeitados quando suas participações são ignoradas e desvalorizadas.
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Princípios fundamentais da aprendizagem de adultos 
(Knowles et al, 2009)

O que você pode fazer para colocar este princípio em prática:
 Diversificar as estratégias.

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 Utilizar/explorar as experiências dos participantes.
 Fazer as boas perguntas ao invés de querer dar as boas respostas.
 Envolver a todos.
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Princípios fundamentais da aprendizagem de adultos 
(Knowles et al, 2009)

Os adultos se prontificam a aprender alguma coisa quando identificam uma necessidade


vinculada à uma situação da vida real. Knowles afirma que a principal implicação dessa hipótese é a
importância de sincronizar as experiências e a aprendizagem.

Exemplo: Um produtor não se sentirá pronto (motivado) a aprender sobre pragas e doenças
da mandioca se ele tem uma produção saudável e se a sua necessidade é em saber como
comercializar o seu produto. Mas a partir do momento onde ele se depara com o aparecimento de

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alguma praga ou doença em sua produção, sua motivação muda.

Em resumo, este princípio destaca a necessidade do processo de ensino‐aprendizagem ser


oferecido à pessoa certa, na hora certa!
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Princípios fundamentais da aprendizagem de adultos 
(Knowles et al, 2009)

O que você pode fazer para colocar este princípio em prática:

 Oferecer a ação de ensino‐aprendizagem a quem


realmente precisa.

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 Oferecer a ação de ensino‐aprendizagem no momento
certo.
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Princípios fundamentais da aprendizagem de adultos 
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Enquanto o princípio 4 está vinculado a necessidade de aprender, este princípio está relacionado a
necessidade de identificar que a aprendizagem oferecida está vinculada a necessidade identificada. Isto é, os
adultos são motivados a aprender conforme percebem que a aprendizagem os ajudará a executar tarefas ou lidar
com problemas que vivenciam em sua vida.

Os aprendizes assimilam de forma mais eficaz quando o educador de adultos vincula os novos
conhecimentos, percepções, habilidades, valores e atitudes a contextos e situações da vida real.

Knowles cita o exemplo de uma universidade que por muitos anos oferecia cursos para adultos no final da
tarde ou à noite, que eram exatamente os mesmos cursos oferecidos aos adolescentes durante o dia. Mas que, na
década de 1950, os programas noturnos sofreram uma mudança no qual um curso intitulado "Redação I" que era
ministrado durante o dia passou a se chamar "Melhore sua Redação Comercial" no programa noturno; o curso

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"Redação II" tornou‐se "Escreva por Diversão e para Ter Lucro"; e o curso "Redação III" tornou‐se "Aperfeiçoe sua
Comunicação Profissional".

Não foram apenas os nomes que mudaram, mas a maneira como os cursos eram ministrados também
mudou. Enquanto os alunos do curso "Redação I" ainda memorizavam regras gramaticais, os alunos do curso
"Melhore sua Redação Comercial" começaram a escrever cartas comerciais e extraíam os princípios da escrita
gramatical a partir de uma análise do que haviam escrito.
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Princípios fundamentais da aprendizagem de adultos 
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O que você pode fazer para colocar este princípio em prática:
 Elaborar um planejamento de ensino que deixe claro como e onde o
participante irá utilizar o que se pretende ensinar.

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 Utilizar métodos de aprendizagem baseada em problemas.
 Fazer vinculação entre o que está sendo ensinado e sua aplicabilidade
real.
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Princípios fundamentais da aprendizagem de adultos 
(Knowles et al, 2009)

Os adultos respondem a fatores motivacionais externos (por melhores inserções


profissionais, por determinação de seus superiores em uma organização, para obter
maior remuneração, etc.), porém os fatores motivacionais mais poderosos são as
pressões internas (o desejo de ter maior satisfação no trabalho, autoestima, qualidade de
vida).

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Um estudo de Tough (1979) mostrou que todos os adultos normais são motivados a
continuar a crescer e se desenvolver, mas que essa motivação geralmente é bloqueada
por barreiras como um autoconceito negativo como aprendiz, falta de acesso a
oportunidades ou recursos, limitações de tempo e programas que violam os princípios da
aprendizagem de adultos.
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Princípios fundamentais da aprendizagem de adultos 
(Knowles et al, 2009)

O que você pode fazer para colocar este princípio em prática?
 Promover um clima físico e psicológico favorável
 Ao respeitar os outros princípios, este será uma

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consequência.
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Em resumo, ao facilitar uma aprendizagem, certifique‐se que você:

• Está identificando corretamente qual é a necessidade do seu 
público. 
• Está apresentando o plano de ensino aos participantes, 
Tome especificando o que, porque e como ele irá aprender.
Nota! • Está explicitando o objetivo de aprendizagem, isto é, 
compartilhando com o participante o que se espera que ele 
aprenda.
• Não está tratando os participantes como criança.
• Não está impondo regras, principalmente se estas não tem uma 
função clara.

Conteudista: Aline Branquinho‐Silva
• Está compartilhando as responsabilidades.
• Está diversificando as estratégias.
• Está utilizando e explorando as experiências dos participantes.
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Módulo I – Andragogia: a arte e a ciência de se ensinar a adultos

Em resumo, ao facilitar uma aprendizagem, certifique‐se que você: 
(Continuação)

• Está fazendo as boas perguntas ao invés de querer dar as boas 
respostas (ouvir mais que falar).
Tome • Está envolvendo a todos.
Nota! • Está oferecendo a ação de ensino‐aprendizagem a quem realmente 
precisa. 
• Está oferecendo a ação de ensino‐aprendizagem no momento 
certo.
• Está elaborando um planejamento de ensino que deixe claro como 
e onde o participante irá utilizar o que se pretende ensinar. 

Conteudista: Aline Branquinho‐Silva
• Está utilizando métodos de aprendizagem baseados em problemas.
• Está fazendo vinculação entre o que está sendo ensinado e sua 
aplicabilidade real.
• Está promovendo um clima físico e psicológico favorável.
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Referências
HACHICHA, Sami. Andragogie. ‐ Institut supérieur de l’éducation et
de la formation continue, 2006. Disponível em pf‐
mh.uvt.rnu.tn/67/1/andragogie.pdf, acessado em 13 de fevereiro de
2015.

KNOWLES, Malcolm. The modern practice of adult education: from


pedagogy to Andragogy. Englewood Cliffs: Cambridge, 1979

KNOWLES, Malcolm L’apprenant adulte : Vers un nouvel art de la


formation. Paris : Les Éditions d’Organisation, 1990

KNOWLES, Malcolm S.; HOLTON III, Elwood F.; SWANSON, Richard


A., Aprendizagem de resultados: Uma abordagem prática para
aumentar a efetividade da educação corporativa. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2009.

Conteudista: Aline Branquinho‐Silva
NOGUEIRA, Sónia Mairos. A andragogia: que contributos para a
prática educativa? Linhas: Revista do Programa de Mestrado em
Educação e Cultura. Florianópolis. v. 5, n. 2, p. 333‐356, dez., 2004.

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