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Sociologia Alemã
Araraquara
06/12/2018
Fichamentos
WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo, Companhia das
Letras, 2004.
No primeiro decênio do século XX, o sociólogo alemão Max Weber publica o livro A
ética protestante e o “espírito” do capitalismo, onde o autor procura, pormenorizadamente,
analisar os tipos de conduta moral dos representantes históricos do protestantismo ascético
puritano, e suas consequências na vida secular. Weber considera que os principais
representantes do protestantismo, para a finalidade de seu estudo, são: o Calvinismo,
especialmente na forma em que assumiu na Europa Ocidental em meados do século XVII; o
Pietismo; o Metodismo; e as seitas que se derivaram do movimento Batista.
Para desenvolver seu estudo, Weber concebe um meio ideal típico de orientação. Em
que as construções possibilitem determinar um local tipológico de um fenômeno histórico.
Dessa maneira será possível ver os fenômenos aproximados de um recurso técnico que facilite
uma disposição e terminologia mais inteligíveis, ou seja, modelos ideias que servem de guia a
investigação empírica.
Por outro lado, o Calvinismo, juntamente com outras seitas do protestantismo ascético,
irá ganhar bastante destaque na perspectiva levantada pelo autor, isto é, preocupar-se com o
resultado dessas sanções psicológicas, pois são elas que condicionam o caráter racional do
ascetismo protestante. Assim, Weber explica que pelo calvinismo será possível um processo
de relações da ética protestante com o desenvolvimento do espírito capitalista, pois se destaca
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na sua orientação o puritanismo. Por puritanismo, entende-se que é uma orientação espiritual
característica da Grã-Bretanha e que possui uma adesão à doutrina da predestinação, e um
repúdio total da vida mundana das frivolidades. O que Weber chama de “espírito” do
capitalismo não deve ser interpretado como uma finalidade de vida neste contexto, mas
apenas tornar claro o impacto que os motivos religiosos tiveram no processo de
desenvolvimento da moderna cultura secular.
Esta doutrina concebe uma vida eticamente sistemática onde o poder do ascetismo
protestante pode ser percebido principalmente pelo espantoso grau de disciplina desse caráter
em seus adeptos (Weber, 1996). Weber está tão interessado no impacto em que este
comportamento ascético causou na vida prática, que ele afirma ser um ponto fundamental de
sua obra o processo onde “a Reforma retirou dos mosteiros o ascetismo racional cristão e seus
hábitos, e os colocou a serviço da vida ativa no mundo” (Idem, 1996, p. 180).
O preceito de aumentar a gloria de Deus nunca foi levado tão a serio como foi entre os
calvinistas, onde toda a teleologia de sua conduta ética está na salvação, ou melhor, no
aumento da glória de Deus. É a santificação do homem através do trabalho ascético enquanto
vocação divina. Neste contexto, formou-se uma conduta bastante metódica, racional e
objetiva, desenvolvendo, assim, um método sistemático de conduta por parte dos crentes. Os
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calvinistas acreditam que Deus ajuda somente quem se ajuda, condenando todos os tipos de
comportamento ocioso. Dessa forma, o calvinista pode “construir” sua própria salvação, pois
o desempenho pessoal de cada um dos crentes no trabalho ascético, passa a tornar um fator
determinante em seus objetivos, uma vez que a conduta ascética do trabalho de cada um é o
grande meio para atingir sua finalidade: a divina eleição pessoal.
Quando os meios racionais não nos permitem ter evidência, isto é, quando nosso meio
intelectivo não é capaz de alcançar sentido no que se estuda por divergir de nossos valores
últimos, deve-se ter então este objeto enquanto dado; tornar inteligível aquilo que se estuda.
As perturbações de caráter sociológico que podem ser estudadas, por mais que
apresentem caráter em sua formação, como o estudo de conflitos militares ou crises
econômicas, é importante que o foco recaia, primeiramente, sobre o processo racional, ou
seja, o que deveria ocorrer, e o que de fato ocorreu, isto é, a perturbação.
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simplesmente por uma questão de valores, isto é, agir de forma ética por possuir valores que
foram aderidos ao comportamento e não porque se espera uma reação desta ação.
A ação social também não é toda ação homogênea, nem mesmo se tem sempre claro a
distinção se determinada ação foi social ou não. Quando todos reagem por uma questão de
preservação, por exemplo, essa ação é homogênea, mas não é social; todas as pessoas não
reagiram por fatores sociais, mas para preservarem-se. Quando o indivíduo age de acordo com
uma tendência social essa ação também pode não ser social. Por exemplo, caso a sociedade
estabeleça que todos devem acordar pela manhã, e um determinado indivíduo o faz, pode
fazê-lo por influência social ou meramente porque assim o foi; no segundo caso, a ação não é
social.
As relações não estão sujeitas apenas aqueles que participam dela, está sujeita também
ao que é exterior e pode, pela motivação que for buscar o rompimento desta relação ou gerar
influência sobre ela, favorecendo certa ordem sobre a relação. Um Estado que entra em guerra
pode, muitas vezes, ter este tipo de motivação.
A ordem de uma relação ter por motivação a sustentação de uma tradição é a mais
primitiva e universal forma de ordem, isto porque, comumente, surgiram de oráculos e
entidade de caráter sagrado, a submissão à ordem da relação era uma questão de crença dos
que faziam parte dela.
As relações sociais possuem subtipos que devem ser explicitados. Weber considera
relação comunitária quando a relação tem o objetivo de gerar integração social e o sentimento
de união entre eles. Há, ainda a relação associativa, em que há um acordo racionalmente
estabelecido e declarado pelos que fazem parte da relação.
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Por fim, fica claro que, neste texto, Max Weber apresenta preocupação em explicitar
seu método de estudo sociológico e denominar seu objeto de estudo e da própria ciência na
qual se destaca; as ações sociais, enquanto ações geradas por motivação que está além do
indivíduo que age e que possui uma expectativa de reação sobre aquilo que faz. E as relações
sociais, enquanto relações que tem por princípio a reciprocidade entre aqueles que fazem
parte dela, e que pode ser de diversas ordens e cujas ordens podem se alterar ao longo da
relação.
A dominação legal no seu tipo mais puro é a dominação burocrática. Sua ideia básica
é: qualquer direito pode ser criado e modificado mediante um estatuto sancionado
corretamente quanto à forma. O tipo do funcionário é aquele de formação profissional, cujas
condições de serviço se baseiam num contrato, com um pagamento fixo, graduado segundo a
hierarquia do cargo e não segundo o volume de trabalho, tendo o direito de ascensão
conforme regras fixas. O dever e a obediência estão graduados numa hierarquia de cargos,
subordinados aos superiores, e dispõe de um direito de queixa regulamentado. A base do
funcionamento técnico é a disciplina do serviço.
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No quadro administrativo, as coisas ocorrem exatamente da mesma forma. Ele consta
de dependentes pessoais do senhor (familiares ou funcionários domésticos) ou de parentes, ou
de amigos pessoais (favoritos), ou de pessoas que lhe estejam ligados por burocráticos de
“competência” como esfera de jurisdição objetivamente delimitada. O tipo mais puro dessa
dominação é o sultanato. Todos os verdadeiros “despotismos” tiveram esse caráter, segundo o
qual o domínio é tratado como um direito corrente do exercício do senhor. Os “funcionários”
típicos do Estado patrimonial e feudal são empregados domésticos inicialmente encarregados
de tarefas puramente de administração doméstica (camareiro, escanção, mordomo).
Disse ainda que dominação é “uma situação de fato, em que uma vontade manifesta
(„mandado‟) do „dominador‟, ou dos „dominadores‟, quer influenciar as ações de outras
pessoas (do „dominado‟ ou dos „dominados‟) e, de fato, as influencia de tal modo que estas
ações, num grau socialmente relevante, se realizam como se os dominados tivessem feito do
próprio conteúdo do mandado a máxima de suas ações („obediência‟)”.
A dominação pode ser uma relação bilateral, como aquela que se estabelece entre os
funcionários de departamentos diferentes dentro de uma mesmo organização, onde existe, em
verdade, uma subordinação recíproca quanto ao poder de mando para cada grupo dentro da
área de atuação do outro.
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esteja concentrado nas mãos de alguém. Contudo, é válido ressaltar que hodiernamente, na
administração democrática, em contraponto à teoria acima descrita, o chamado "dominador" é
considerado servidor dos demais indivíduos que compõem a comunidade da organização.
Como foi possível observar, as leituras das obras de Weber são absolutamente
indispensáveis para aqueles que pretendem aguçar seu senso crítico diante da vida cotidiana,
mais precisamente, ter consciência sobre os aspectos políticos e sociais que circundam a
ciência da administração e a sociologia.
A sociabilidade, que é parte lúdica da sociação, seria apenas para os associados dentro
de um espaço e tempo, não poderia haver compartilhamento entre terceiros, por isso não se
pode acumular. O egoísmo deverá ser regulamento, pois “o individuo que tem interesses fora
do círculo associado não entra no processo de sociabilidade”. Portanto para haver
sociabilidade não pode existir em consonância com as características individuais.
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realidades da vida somente o que pode se conformar à sua própria natureza e ser absorvido em
sua existência autônoma.
O sentido do tato tem um grande significado na sociedade, uma vez que leva
autorregulação do indivíduo em sua relação com os outros, e num nível em que nenhum
interesse egoísta, externo ou imediato, possa assumir a função reguladora. Assim, esse caráter
objetivo, que gira em torno da personalidade, precisa se separar de sua função como elemento
da sociabilidade. O mesmo se dá com o que há de mais puro e profundo na personalidade:
tudo o que representa de mais pessoal na vida, no caráter, no humor, no destino, não tem
qualquer lugar nos limites da sociabilidade, pois é um lugar superficial e mediador.
Portanto, de acordo com Simmel, a arte revela o mistério da vida: viver intensamente
os sentidos e as forças da própria realidade sem se preocupara se a realidade é a mesma que
procuramos. Por isso, é exatamente o homem mais serio que colhe da sociabilidade um
sentimento de liberação e alívio. Porque ele desfruta, das representações artísticas e
concentração de trocas dessas representações da vida ao passe que as dissolve por completo
em detrimento as forças da realidade carregadas de conteúdo que convertem tudo a estímulos.
SIMMEL, Georg. Indivíduo e sociedade nas concepções de vida dos séculos XVIII e XIX
(Exemplo de sociologia filosófica). In: SIMMEL, Georg. Questões fundamentais da
sociologia . 1. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2006. cap. 3, p. 83-118. v. 1.
O problema verdadeiramente prático da sociedade reside na relação que suas forças e
formas estabelecem com os indivíduos e se a sociedade existe dentro ou fora deles, por isso o
conflito é importante para a superação das divergências entre o arsenal de interesses
individuais. Um dos pontos de intriga está na sociedade percorrer o caminho de ser uma
totalidade e uma unidade orgânica, de maneira que cada um de seus indivíduos seja apenas
um membro dela.
Sobre essa relação individuo e sociedade Nietzsche é o primeiro que sente os diversos
interesses diferentes dentro dessa relação. Esse filósofo interpela que o homem se eleva
gradativamente à altura do gênero humano uma vez que o individuo torna-se um ser social,
pois essa transformação é tida como condições prévias ou consequências da própria natureza.
Com isso a humanidade torna-se síntese totalmente peculiar dos mesmos elementos que
resultam em uma sociedade que unifica os indivíduos nos seguintes aspectos: interesses
religiosos, científicos, interfamiliares, internacionais, o aperfeiçoamento estético da
personalidade, a produção puramente material que não partisse de nenhum princípio
utilitarista.
Nesse sentido, portanto, esse século procurou, em uma síntese violenta, articular o
ponto final ou culminante desse processo novamente com seu ponto de partida. A liberdade
do indivíduo era mais vazia e fraca para suportar a própria existência. Como as forças
históricas não a completavam e apoiavam então o indivíduo só tinha a ideia de eu essa
liberdade precisava ser conquistada de maneira íntegra e correta, para que se encontrasse
então novamente no fundamento primordial de nosso ser pessoal e próprio de nossa espécie,
que seria então tão seguro e rico quanto à natureza em geral.
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Sobre o aspecto do homem natural, desaparece a individualidade autêntica individual e
há somente a lei universal. Assim provoca o pensamento sobre a liberdade e a igualdade
estarem desde o início conectadas entre si. Pois se o universalmente humano, por assim dizer,
se a lei da natureza do homem existe como o núcleo essencial em cada homem por meio de
qualidades empíricas, posição social e formação ocasional, então bastariam libertá-lo de todas
essas influências e desvios históricos que encobrem sua essência profunda para que apareça
nele o que é comum a todos, o ser humano enquanto tal.
De acordo com Schiller, cada ser humano individual traz em si, de acordo com sua
tendência e sua determinação, um ser humano puro, ideal; a grande área de sua existência é
fazer com que todas as suas alterações se ponham de acordo em uma unidade inalterável. Esse
ser humano puro se manifesta, com maior ou menor clareza, em cada sujeito.
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No século XIX há uma discussão de separar a igualdade da liberdade. Sobre as bases
do socialismo, em síntese, feita por Simmel, pode-se refletir da seguinte maneira: Se a
liberdade, no sentido social, se refere à expressão adequada de qualquer media individual de
força e importância na configuração de líderes e seguidores no âmbito de um grupo, então ela
está excluída de antemão. O conflito entre a totalidade individual do ser humano e sua
natureza como elemento de grupo torna impossível à proporção harmoniosa entre qualificação
pessoa e social. Também impossibilita a síntese entre liberdade e igualdade. Esse conflito
também não pode ser eliminado numa ordem socialista, mesmo porque não faz parte dos
pressupostos lógicos da sociedade.
Simmel acredita que o trabalho da humanidade ainda irá gerar, cada vez mais, formas
novas, mais variadas, com as quais a personalidade se afirmara, comprovando assim o valor
de sua existência. Se, em períodos felizes, essa multiplicidade vier a ser coordenada
harmonicamente, a contradição e a luta daquele trabalho não representarão apenas um
obstáculo, a algo que ira conclamar os indivíduos a um desenvolvimento de suas forças e as
novas criações.
Referência Bibliográfica
WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo, Companhia das
Letras, 2004.
____________Conceitos sociológicos fundamentais. In: Economia e sociedade:
fundamentos da sociologia compreensiva. V. 1, Brasília, Editora Universidade de Brasília,
2000, ps. 3 – 35;
____________Os tipos de dominação. In: Economia e sociedade: fundamentos da
sociologia compreensiva. V. 1, Brasília, Editora Universidade de Brasília, 2000, ps. 139 –
198;
_____________ Sociologia da dominação. In: Economia e sociedade: fundamentos da
sociologia compreensiva. V. 2, Brasília, Editora Universidade de Brasília, 1999, ps. 187 –
516
SIMMEL, Georg. A sociabilidade: (Exemplo de sociologia pura ou formal). In: SIMMEL,
Georg. Questões fundamentais da sociologia . 1. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2006. cap. 3, p.
59-82. v. 1.
______________ Indivíduo e sociedade nas concepções de vida dos séculos XVIII e XIX
(Exemplo de sociologia filosófica). In: SIMMEL, Georg. Questões fundamentais da
sociologia . 1. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2006. cap. 4, p. 83-118. v. 1.
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