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econômica,
escândalos de
corrupção,
desencanto
Votar ainda
com a política? é o melhor
caminho
para
retomar a
confiança
no Brasil.
COORDENADORA FOTOGRAFIA
ADM/FINANCEIRO Agência Brasil
Shanasys Petrocelli Agência Preview
shanasys@revistavoto.com Agência Senado
CAPA ECONOMIA
10 O valor do voto 52 Entrevista Andrés Velasco
Votar ainda é a melhor escolha 56 Quanto custa Igor Morais
MULHERES DE PODER
60 Luiza Trajano
Empreendedora, líder e cidadã
MUNDO E HISTÓRIA
66 O exemplo da Suíça O campeão do
mundo nas urnas
70 Visão Gunter Axt
VOTO
72 Confraria de Economia Visões de
POLÍTICA economia para o Brasil
16 Os extremos Aprendendo com os 76 Brasil de Ideias Geraldo Alckmin
excessos 80 Brasil de Ideias Jair Bolsonaro
18 Centrão O grande bloco
84 Brasil de Ideias Candidatos ao governo do
30 Radar mundial Marcos Troyjo Rio Grande do Sul
32 Eleições 2018 O pleito imprevisível 88 Pense nisso Percival Puggina
A RETOMADA DEPENDE
DE TODOS NÓS
O
Brasil que vai às urnas em ou- Todos nós, em algum momento, fi-
tubro é um país completamen- zemos opções que influenciaram esse
te diferente daquele de 2014. A cenário. Por isso, é tão importante que
economia foi à ruína e começa lenta- ao menos façamos as escolhas certas
mente a engrenar. As revelações de cor- no dia da eleição. A transformação
rupção demoliram a confiança sobre a necessária virá de um consciente mea
classe política. culpa.
A nação sofre com a insegurança e é Olhemos para frente e com cuida-
sacrificada com a precariedade dos ser- do, votando com coerência e critério.
viços básicos. O ódio, antes restrito aos Carecemos de líderes preparados para
bate-bocas nas redes sociais, foi para a conduzir reformas tão urgentes quan-
rua. A intolerância vocifera. A ordem to fundamentais para a retomada da
jurídica é questionada. esperança e do crescimento. Também
Como chegamos até aqui? De quem é nossa culpa não fomentar novas lide-
é a culpa de atingirmos o fundo do ranças.
poço? Sim, parte expressiva desse ce- Há 14 anos, a VOTO mantém um
nário se deve aos últimos inquilinos do compromisso com o Brasil. Dar ampli-
Palácio do Planalto. Foram 13 anos no tude a boas práticas empresariais, fo-
KARIM MISKULIN poder insuflando uma visão totalitária mentando o exemplo e a melhoria do
DIRETORA EXECUTIVA
de aparelhamento da máquina pública. ambiente de negócios, tem sido o nosso
DA VOTO
O resultado: uma indignação coletiva mantra. Por outro lado, ressaltamos o
contra tudo e contra todos. que dá certo no setor público. Há líde-
Mas a conta por tudo isso não é só res de verdade e que inspiram em to-
deles. É culpa também da visão estrei- dos os campos de atividade. O desafio é
“
ta de uma mídia pouco comprometida resgatar a importância de cada cidadão
com o desenvolvimento da sociedade neste processo. O desafio é não desistir
brasileira. Descumpriram sua missão, do Brasil.
AS ESCOLHAS QUE dando amplo espaço a fake news e líde- As escolhas que faremos nas elei-
FAREMOS NAS ELEIÇÕES res mentirosos. ções serão as mais importantes desde
É culpa da classe empresarial que, a redemocratização. Qual o Brasil que
SERÃO AS MAIS em tempos de bonança, aplaudiu Lula queremos? Um país que, depois de
ou ficou em silêncio. E quando o castelo tudo pelo que passamos, ainda dê vez
IMPORTANTES DESDE A de cartas ruiu, virou a chave e passou a ao populismo e à demagogia? Uma na-
REDEMOCRATIZAÇÃO. reclamar. O espírito crítico naufragou. ção que insiste em não aprender com
É culpa da academia, ensimesmada o passado?
”
e que pouco contribui para fora de sua Temos a chance de mudar o desti-
bolha. Com honrosas exceções, sequer no. Se não for agora, a culpa será nossa.
apoia o setor público e tampouco conec- Vá e vote por nosso futuro – para que,
ta-se com a vida real. Há muito tempo, em 2022, quando reencontrarmos as
dentro de seu baú de certezas ideológi- urnas, tenhamos um Brasil que nos or-
cas, viraram de costas para o propósito gulhe, que nos traga de volta o amor de
de formar quadros capazes para enfren- ser brasileiro. Nós, da VOTO, temos fé
tar os grandes desafios do país. no Brasil. Boa leitura!
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BEM DITO | ESPECIAL PRESIDENCIÁVEIS
”
JAIR BOLSONARO (PSL)
na sabatina do Jornal Nacional, ao ser questionado sobre o regime
militar e citando editorial favorável do jornal O Globo
JEFFERSON BERNARDES/AGÊNCIA PREVIEW
“
Eu não vou mudar. O Brasil não precisa de
showman. Não precisa de gritaria, berro, murro
na mesa. Precisa é de governo que funcione.
”
GERALDO ALCKMIN (PSDB)
no Twitter, retrucando aqueles que defendem que o
tucano assuma uma postura mais firme
MÁRIO MIRANDA/AMCHAM/DIVULGAÇÃO
“
Querem resolver a eleição nos
gabinetes ou em celas, o que é até
pior em certos aspectos.
”
CIRO GOMES (PDT)
desferindo ataques ao Centrão e às articulações feitas
pelo ex-presidente Lula na cadeia
WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL
“
Hoje, com as informações que vieram com a Lava
Jato, não teria declarado apoio.
”
MARINA SILVA (REDE)
ao ser questionada sobre o apoio a Aécio Neves no segundo
turno das eleições de 2014
”
JOÃO AMÔEDO (NOVO)
candidato mais rico entre os que disputam a Presidência,
com R$ 425 milhões, respondendo a críticas de adversários
“
JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL
”
ÁLVARO DIAS (PODEMOS)
em evento promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária
do Brasil (CNA), ironizando as críticas que tem recebido
“
JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL
Vamos baixar imposto de pobre, taxar os mais ricos e tocar
obras paradas. Os banqueiros estão esfolando o povo.
”
FERNANDO HADDAD (PT)
abandonando o estilo prolixo para se conectar
ao povo, em roteiro por João Pessoa (PB)
MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL
“
Não aceito demagogos de esquerda ou direita que
querem trazer de volta as políticas que destruíram
empregos e trouxeram pobreza ao Brasil.
”
HENRIQUE MEIRELLES (MDB)
em artigo recente, alfinetando o governo Dilma ao afirmar que a
“política econômica cedeu lugar à incompetência e ao populismo”
9
CAPA | O VALOR DO VOTO
TRE-RJ/DIVULGAÇÃO
11
CAPA | O VALOR DO VOTO
U
m denso nevoeiro de incertezas pela falta de confiança dos brasileiros nas
paira sobre o Brasil neste mo- instituições políticas tradicionais”, avalia o
mento. A desconfiança generaliza- professor.
da nos políticos, a constante judi- Somos uma nação formada por 208,5
cialização de decisões do Poder Legislativo, milhões de pessoas, segundo dados do Ins-
o aumento da sensação de insegurança, o tituto Brasileiro de Geografia e Estatística
desemprego, a retração econômica e a in- (IBGE) divulgados em agosto deste ano.
delével burocracia atrapalham a visibilidade Destes, 147,3 milhões são eleitores, distribu-
dos eleitores quanto aos candidatos e suas ídos pelos 5.570 municípios do país – além
propostas, às vésperas do pleito do dia 7 de de 171 localidades de 110 países no exterior.
outubro. Porém, com a esperança de dias melhores
Isso é especialmente preocupante em escondida em algum lugar em meio à né-
um país que, em pouco mais de um quar- voa, é grande o contingente de brasileiros e
to de século desde a retomada das eleições brasileiras, do Oiapoque ao Chuí, que ace-
diretas, passou por episódios traumáticos nam com a possibilidade de simplesmente
como dois impeachments de presidentes e abrir mão do mais importante instrumento
inúmeros escândalos de corrupção. “O voto popular de uma democracia: o voto.
é a principal ferramenta que o eleitor tem Em seu artigo intitulado Desalento elei-
para influir na vida política do país. Infe- toral e democracia no Brasil, o professor Ho-
lizmente, grande parte da nossa população mero de Oliveira Costa, titular da área de
não sabe o significado e o poder do voto. A Ciência Política do Departamento de Ciên-
nossa escolha pode representar uma me- cias Sociais da Universidade Federal do Rio
lhor ou pior qualidade de vida, pois são os Grande do Norte (UFRN), faz um alerta: “É
eleitos que irão criar e gerenciar os impos- fato que as eleições vão ocorrer num cená-
tos que pagamos. O que, por si só, já apon- rio de profundo desalento, que pode ajudar
ta a necessidade de selecionar candidatos a criar as condições para o êxito eleitoral
com propostas direcionadas à melhoria de de algum ‘salvador da pátria’, com partidos
vida da coletividade”, avalia o presidente do sem representatividade e sob profunda des-
Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio crença e rejeição”.
Grande do Sul, desembargador Jorge Luís Na avaliação do cientista político e co-
Dall’Agnol. ordenador do curso de pós-graduação em
Diretor do Instituto de Ciência Política Ciências Sociais da Pontifícia Universidade
da Universidade de Brasília (UnB), o pro- Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Ra-
fessor Paulo Carlos Calmon destaca alguns fael Madeira, os questionamentos ao siste-
fatores que contribuem para um desinteres- ma não são uma exclusividade brasileira. “O
se eleitoral. “Além do cenário de incertezas voto de protesto, o chamado voto cacareco,
normais do período, esta é uma campanha é algo presente nas democracias liberais e
atípica, tanto pela mudança nas regras, no não acontece só no Brasil e nem somente só
financiamento das campanhas, no tempo agora. Há o exemplo de outros países, como
de duração, no modo de condução, como o caso emblemático dos Estados Unidos,
13
CAPA | O VALOR DO VOTO
ENEAS DE TROYA/FLICKR
30%
25%
18,1% 19,7%
17,7%
20% 16,7%
15%
10%
7,4%
5,5% 5,8%
5% 5,7%
Fonte: TSE
2
Procure checar os projetos e as informações divulgadas
nas mãos do próximo presidente
nas redes sociais, sejam elas favoráveis ou contrárias ao
seu candidato de preferência eleito a reunificação. “As eleições
por si só não vão resolver a po-
3
Investigue o passado do seu candidato, veja se ele já foi larização. Vai depender do que o
alvo de algum processo ou possui alguma condenação candidato que vencer irá fazer. O
que me traz um certo otimismo,
Antes de passar adiante alguma informação recebida apesar da zona de turbulência
4 em um grupo ou em suas redes, busque averiguar a
veracidade da mesma. Isso evitará que você seja usado
que ainda deveremos ter em 2019
e, talvez, até 2020, é que come-
como um multiplicador de fake news
ça a haver a discussão sobre uma
15
POLÍTICA | OS EXTREMOS
APRENDENDO
Embates diretos vêm
se acirrando desde
o impeachment da
COM OS EXCESSOS
presidente Dilma
Rousseff, em 2016
17
POLÍTICA | CENTRÃO
ANTONIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL
Líderes do centrão
definiram apoio a
Geraldo Alckmin nas
eleições presidenciais
O GRANDE BLOCO
Com tempo expressivo de TV e influência política, o
popularmente chamado Centrão foi cortejado por vários
candidatos. O escolhido foi Geraldo Alckmin, do PSDB
E
m uma campanha eleitoral
de apenas 45 dias, com uma
série de restrições para pu- COM A DISPUTA, FOI ALCANÇADO O
blicidade e atos políticos, qual-
quer segundo a mais de exposição PRINCIPAL OBJETIVO DESSA UNIÃO DE
no rádio ou na televisão tem uma
SIGLAS: AUMENTAR A INFLUÊNCIA POLÍTICA
grande relevância. O que dizer,
então, da importância para um
candidato em somar à sua campa-
nha quase 15 minutos diários em muitos postulantes à presidência suas demandas futuras por parte
programas no Horário Eleitoral da República. Com isso, também do Palácio do Planalto.
Gratuito e inserções? foi alcançado o principal objetivo Disputados por Ciro Go-
Esse poder em forma de tem- dessa união de siglas partidárias, mes (PDT), Henrique Meirelles
po de mídia levou um bloco de que é o de aumentar a influência (MDB), Jair Bolsonaro (PSL) e
partidos formado por DEM, Pro- política. Não somente para a ob- pela cúpula do PT, o mais eficaz
gressistas, PR, PRB e Solidarieda- tenção de espaços como também em sua persuasão pré-eleitoral
de a ser cortejado e disputado por na busca pelo atendimento de foi Geraldo Alckmin (PSDB). Na
presidente nacional
dos Deputados e principal da agremiação presidente nacional
liderança do bloco na do partido
atualidade
19
POLÍTICA | CENTRÃO
Presidente da Câmara,
Rodrigo Maia tornou-se um
dos mais influentes líderes
políticos brasileiros
N
o período 2015-2016, quando dustriais para a China, caso o México
republicanos e democratas rea- viesse a perder seu diferencial de per-
lizavam preparativos para defi- tencer ao bloco com EUA e Canadá.
nir quem seriam seus candidatos à Casa Foi nesse contexto que, há pouco
Branca, assisti nos EUA a alguns deba- tempo, conversei com um grande gru-
tes interessantes sobre política externa. po de pesquisadores chineses prestes a
Assessores dos dois partidos eram as embarcar para o Brasil, com o objetivo
estrelas de discussões sobre qual seria de estudar como seu país está sendo
a “China Policy” (política para a China), abordado no debate presidencial. Para a
caso seu “candidato a candidato” fosse o surpresa deles, o assunto China é sole-
“
escolhido à corrida presidencial. nemente ignorado.
Essa centralidade que a nação asiática Num primeiro levantamento que
ocupou na mais recente disputa presi- realizaram, excetuando-se a referência
OS PRESIDENCIÁVEIS dencial americana está longe de ser um ao apetite pela compra de nióbio ou ao
fenômeno observado apenas nos EUA. interesse mais amplo pela aquisição de
BRASILEIROS NÃO Claro que Washington tem importantes terras no Brasil, os pesquisadores chine-
CONTAM SEQUER COM e multidimensionais interesses quando ses concluíram que nenhum dos prin-
o assunto é Pequim, mas muitos outros cipais candidatos ao Planalto até agora
OS RUDIMENTOS DO QUE países trataram a China como item pri- tem qualquer noção de como abordar a
mordial de atenção em eleições presi- China.
SERIA SUA ‘CHINA POLICY’ denciais. Em uma frase: os presidenciáveis
”
Na caminhada que levou Mauricio brasileiros não contam sequer com os
Macri à Casa Rosada, a questão China rudimentos do que seria sua “China Po-
foi item recorrente, sobretudo porque, licy”. Ora, por que o assunto China – ao
no final do governo Cristina Kirchner, contrário da experiência de pleitos re-
os argentinos assinaram um acordo que centes em outras democracias ociden-
oferecia aos chineses prioridade no in- tais – ainda é um grande ausente nas
vestimento em áreas estratégicas como eleições brasileiras?
petróleo e gás, logística e transportes. Parte da explicação vem da própria
Quando Emmanuel Macron, ainda configuração “ensimesmada”’ da eco-
candidato ao Eliseu, defendia a moder- nomia brasileira. Como resultado do
nização das regras trabalhistas na Fran- protecionismo comercial e de seu tra-
ça, o fazia como forma inescapável de dicional foco de desenvolvimento no
combater a hipercompetitividade chi- mercado interno, não ocorreu uma mi-
nesa. gração tão forte de empresas para ope-
MARCOS TROYJO Nas recentes eleições mexicanas, o rar a partir do território chinês.
DIRETOR DO BRICLAB eventual desmantelamento do Acordo No caso de companhias americanas
DA UNIVERSIDADE DE
de Livre Comércio da América do Nor- ou europeias, essa transferência de ati-
COLUMBIA E PROFESSOR
DO IBMEC te (Nafta) sempre foi acompanhado do vidades manufatureiras para a China,
marcos.troyjo@gmail.com fantasma da transferência de hubs in- deixando algumas cidades e regiões
31
POLÍTICA | ELEIÇÕES 2018
O
que acontecerá nas noites “desafiador”, em meio a uma go, queda dos principais nomes da
de 7 e 28 de outubro, quan- disputa eleitoral “fragmentada”, política tradicional e insatisfação
do forem abertas as urnas? com incertezas sobre os nomes geral da população. O quadro tam-
Em resumo, a resposta de muitos que estarão no segundo turno. bém foi alterado pela redução do
analistas políticos é que tudo pode Também apontou dúvidas sobre tempo de campanha e novas re-
acontecer. Há um consenso: esta é como se dará a governabilidade a gras de financiamento.
a eleição mais imprevisível desde a partir de 2019. “O instrumental que você ti-
redemocratização. As imprevisibilidades são ge- nha à mão para análise, a partir da
Em recente avaliação, a agência radas por um complexo cenário, observação de várias eleições, fica
de risco Fitch considerou o que congrega lenta retomada da limitado frente a todas essas con-
ambiente político brasileiro como economia, alto nível de desempre- dições”, justifica o cientista políti-
40%
33% Serra (PSDB) O FATOR HADDAD
30%
27% Talvez a principal incógnita do
20% 19% Marina Silva (PV) pleito esteja na situação do Partido
10% dos Trabalhadores (PT). Condena-
7%
do por corrupção passiva e lava-
0%
gem de dinheiro, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva teve sua
2014
tentativa de candidatura enqua-
9 de setembro 5 de outubro
drada na Lei da Ficha Limpa pelo
(fonte: Ibope) (resultado final)
50%
Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
42% Dilma (PT)
não podendo disputar as eleições.
40%
37% Com pouco tempo pela frente,
30%
33% 33% Aécio (PSDB)
fica a dúvida se Lula será capaz de
20% 21% Marina Silva (PSB) transferir seu potencial eleitoral
15% para Fernando Haddad e levá-lo a
10%
um segundo turno contra Jair Bol-
0% sonaro (PSL). Caso isso não ocorra,
ganham Marina Silva (Rede) e Ciro
33
POLÍTICA | ELEIÇÕES 2018
2002 2006
Região Vencedor Percentual Região Vencedor Percentual
Norte Lula 58,18% Norte Lula 65,59%
2010 2014
Região Vencedor Percentual Região Vencedor Percentual
Norte Dilma 57,43% Norte Dilma 56,55%
Gomes (PDT), que podem ser be- de 2002, o candidato petista esteve pesquisas. Com uma chapa extensa
neficiados pelo chamado “voto útil”. à frente em praticamente todas as e mais de 40% do programa e das
“Tem o candidato preferido e o pesquisas, seguido por um oponen- inserções nos intervalos, o tucano
que você odeia. Então, o preferido te do PSDB. Somente em 2014 hou- aproveita o espaço para tornar-se
não se mostra viável e você prefere ve uma terceira via que quase colo- mais conhecido. Mas enfrenta suas
votar no mais viável. Está se confi- cou fim a essa série — justamente próprias fragilidades.
gurando para que isso aconteça”, Marina Silva, então candidata pelo Para o cientista político Leonar-
avalia Barreto, que aposta em Ma- PSB. Em segundo lugar nos levan- do Barreto, o cenário é “bem di-
rina como uma forte concorrente tamentos, foi superada na última fícil, até dramático” para o PSDB,
para alcançar o segundo turno nes- semana pelo tucano Aécio Neves em virtude do desgaste do parti-
se cenário. [confira mais na página anterior]. do, de sua ligação com o chamado
Outra convenção em xeque “Centrão” e das denúncias de cor-
FIM DA POLARIZAÇÃO neste pleito é o horário eleitoral rupção.
Caso isso aconteça, será a que- no rádio e televisão. A propaganda Caso PT e PSDB fiquem de
bra de uma série de quatro eleições é a grande esperança de Geraldo fora do segundo turno, outra ten-
polarizadas entre PT e PSDB. Des- Alckmin (PSDB) para crescer nas dência será quebrada. Nas últimas
2002 2006
2010 2014
quatro eleições, os dois candida- 2014, Aécio Neves (PSDB) ganhou de fogo do PT”, pondera Barreto.
tos que avançaram tinham mais em 12 estados, configurando um Enquanto isso, até o fechamento
de 55% do horário eleitoral. Mais mapa de quase perfeita divisão do desta edição da VOTO, nas regiões
bem posicionados nas pesquisas Brasil entre um Centro-Sul tucano Sul e Sudeste, o PSDB amarga a perda
de 2018, Bolsonaro, Ciro e Marina e um Norte e Nordeste petistas. de seu eleitorado para Jair Bolsonaro,
têm juntos 1 minuto e 7 segundos Ainda com enorme força no que supera Alckmin até mesmo
de 12 minutos e 30 segundos dos Nordeste, Lula teria mais de 50% em São Paulo. Nos antes redutos
programas presidenciais. dos votos em todos os estados da tucanos, o deputado fluminense
região, segundo pesquisas do Ibo- atinge índices que superam os 30%
O FATOR NORDESTE pe de final de agosto. Todavia, há das intenções de voto.
As diferenças regionais também dúvidas se isso se transferirá para Essas questões só serão dirimidas
terão papel preponderante na de- Fernando Haddad, político pau- quando as urnas apresentarem a voz
finição do segundo turno. Desde lista e pouco conhecido pelo país dos brasileiros. Até lá, seguirão vivas
2002, quando não venceu em ape- afora. “Há ainda um candidato e intensas as especulações da eleição
nas um estado, o PT vem perden- competitivo no Nordeste, o Ciro mais complexa e imprevisível desde
do terreno no país. Na disputa de Gomes, que deve reduzir o poder a redemocratização. V
35
POLÍTICA | MOVIMENTOS NÃO PARTIDÁRIOS
UM POR TODOS E
TODOS POR UM
Indignados com os escândalos de corrupção, a ineficiência
pública e a falta de preparo dos agentes públicos,
muitos brasileiros decidiram não jogar a tolha. Criaram
movimentos com perfis diversificados, mas com o mesmo
propósito: melhorar a política – e, assim, o país
S
baram o governo Dilma, foram o que pessoas com discernimento
ão 35 partidos políticos no megafone da indignação de muitas e capacidade pensem em reagir.
Tribunal Superior Eleitoral pessoas. O Brasil Paralelo também Há uma conexão muito grande de
(TSE), e 73 estão na fila aguar- aposta na web para se fortalecer empatia social, por isso há unida-
dando autorização para se formar como plataforma de educação. de de pensamento e força de ex-
no país. No Congresso Nacional, Desde 2016, difunde ideias liberais pressão. Não existe um cacique”,
estão presentes integrantes de 25 e clareia a história a partir de séries avalia. Elis crê que o caminho
siglas. Nenhuma delas tem mais audiovisuais. A proposta nasceu de para esses blocos é se tornarem
do que 11,25% de representação jovens inconformados com a igno- agremiações políticas, pois são ni-
no Parlamento. No outro lado da rância da sociedade sobre temas chos que comungam das mesmas
rua, está a sociedade. Descolada de relevantes. convicções.
37
POLÍTICA | MOVIMENTOS NÃO PARTIDÁRIOS
AGORA!/DIVULGAÇÃO
A cientista aposta ainda no flo- Seu colega de classe é Carlos Jereis- Quando percebemos que estáva-
rescimento de novos movimentos sati Filho, presidente da rede de mos todos pensando em atualizar
ou que os existentes sejam encor- shoppings centers Iguatemi e re- o Brasil, decidimos pôr a mão na
pados. “Pesquisas apontam que conhecido como jovem líder global massa”, explicou. Eles se encon-
70% das pessoas concordam com em 2007. Luciano Huck, apresen- tram no mínimo uma vez por mês
a indignação popular, com os mo- tador de TV e recorrentemente co- para debater propostas de trabalho
vimentos que vão às ruas. Porém, tado para concorrer ao posto mais e ações.
apenas 7% de fato vão para o pro- alto da nação, também faz parte
testo ou mergulham na ação”, ex- do movimento. Outro membro é FORMAÇÃO DE ELITE CULTURAL
plica. “As pessoas se reconhecem Octávio Nassur, uma das principais Imagine um Netflix de séries
pelos seus machucados sociais. referências de cultura e de dança apenas sobre política. O Brasil Pa-
Mazelas são bandeiras, há uma contemporânea da América Latina. ralelo é isso – ou quase. Apresenta
empatia comum e coletiva”. Na visão de Melina Risso, co- produções de viés educativo sobre
fundadora e porta-voz, o Agora! a história nacional e mundial. O
CONVERGÊNCIA A PARTIR veio à luz diante do sentimento de time reúne historiadores, comuni-
DAS DIFERENÇAS que o modelo político está esgota- cólogos, juristas, cientistas políticos
Eles são mais de cem e estão em do, sem alternativas e com serviços e sociais. Além de ver capítulos e
17 estados do Brasil. A maior par- péssimos. “O cidadão abandonou poder reacessá-los quando quiser,
te com menos de 40 anos, e todos a política por muito tempo, mas o assinante participa de videoaulas
robustos conhecedores de agen- ela não se resolverá sozinha. Não e discussões sobre pautas como a
das públicas. Juntos, apresentam precisa ser político formal, a polí- Operação Lava Jato, Mensalão e
impeachment. A plataforma é um opinião, não existem narrativas rela e pauta a redução da maiori-
modelo de negócio inédito. neutras. É preciso ter posiciona- dade penal, a liberação do porte de
Um dos criadores do projeto, mento”, defende. arma, corte de privilégios e priva-
Henrique Viana crê que as men- Sem um modelo pronto, a pro- tizações.
sagens didáticas ofertadas na web posta é talhada a partir da valida- O movimento nasceu da indig-
nasceram de uma demanda evi- ção do mercado. Com estética con- nação causada pela situação do país
dente. “Detectamos que estudiosos vidativa, o Brasil Paralelo totaliza e pelo excesso de Estado, agravado
e formadores de opinião estavam mais de 800 audiovisuais exibidos. com a reeleição de Dilma Rousseff. É
sozinhos na internet, mas já tinham E o que antes demorava seis me- o que afirma o coordenador nacional
despertado. Então, decidimos fazer ses para ser entregue hoje se ma- Rubens Nunes. Parte dos fundado-
o trabalho de organização, curado- terializa em até 30 dias. Conforme res integravam um grupo local cha-
ria e produção”, explica. A ideia é Henrique Viana, os maiores espe- mado Renova Vinhedo (SP) e, in-
100% financiada pelos assinantes e cialistas do país falam sobre vida, dignados, conclamaram a primeira
não recebe nenhuma verba públi- liberdade e experiências exitosas manifestação contra o governo em
ca. Mais de 10 milhões de pessoas já pelo mundo. “Estamos formando 1º de novembro de 2014. Foi quan-
beberam da fonte de ensino com- uma elite cultural”, entusiasma-se. do surgiu o MBL.
partilhada e digital. Questionado se o grupo pode
Um vídeo institucional do Bra- MISSÃO NAS RUAS E NAS REDES se tornar uma sigla partidária no
sil Paralelo afirma que a proposta Eles são tantos que já não são futuro, Nunes afirma que a in-
é “pavimentar um futuro sólido e mais quantificáveis – ultrapassam tenção é se manter como está: “O
promover uma revolução intelec- milhões. Agitam a nação e saem às movimento possui ramificação
tual no país. Perfurar camadas da ruas para pedir mudança. Fizeram em todo país e atuação suprapar-
sociedade e reverter mazelas”. In- em 2016 e, pela internet, uniram o tidária, o que nos dá liberdade
dagado sobre a postura política do país num só grito: impeachment. para pautar o debate e defender
canal, Viana avalia que a isenção é O Movimento Brasil Livre (MBL) causas importantes, de acordo
impraticável. “Todo mundo tem se veste com bandeira verde-ama- com nossos ideais.” O MBL vê na
BRASIL PARALELO/DIVULGAÇÃO
COM TIME DE
HISTORIADORES,
COMUNICÓLOGOS,
JURISTAS, CIENTISTAS
POLÍTICOS E SOCIAIS,
BRASIL PARALELO
APRESENTA PRODUÇÕES
DE VIÉS EDUCATIVO
SOBRE A HISTÓRIA
NACIONAL E MUNDIAL
RENOVABR/DIVULGAÇÃO
internet um megafone das frus- veio da observação da sociedade. tar a ideia de político é tudo igual.
trações sociais e faz da plataforma “Nunca antes se desejou tanto a re- Na democracia o voto é o principal
seu principal canal de mobiliza- novação. A população quer novos instrumento de garantir direitos e
ção e divulgação. “Na web, temos nomes, mas não sabe muito bem o defender interesses. Isso acontece-
rapidez e agilidade de informa- caminho. Iniciativas como o Reno- rá na medida em que o eleitor vo-
ção, quebramos a hegemonia da va BR nasceram por isso”, explica o tar com critério, estudar propostas
imprensa tradicional.” fundador, Eduardo Mufarej. e acompanhar o mandato”, avalia.
Hoje, muitos dos líderes do mo- Mais de 5 mil pessoas se ins- A proposta da escola vem ao en-
vimento de 2016 participam do creveram para o processo no ano contro de inserir talentos na vida
pleito eleitoral. “Optaram por se passado. Eles passaram por testes pública e prepará-los para os desa-
candidatar em razão da necessi- online, vídeo de apresentação, en- fios coletivos.
dade de ocupar espaços que antes trevistas e banca avaliadora com es- “Acredito que hoje temos a me-
eram utilizados pela velha política. pecialistas em gestão e política. Em lhor safra de candidatos a depu-
É uma forma de trazer mudanças dezembro de 2017, foram seleciona- tado federal e estadual que o país
pelo exemplo, apresentar propos- das 133 pessoas. A formação de 220 viu em muito tempo, com pessoas
tas e defender pautas essenciais horas durou seis meses. Para que formadas em Harvard e Yale, com
para o país, algo extremamente os aprovados pudessem se dedicar projetos sociais relevantes, com
complexo se não houver represen- à formação, receberam uma bolsa histórico de honestidade e reali-
tantes com mandato”, argumenta. mensal entre R$ 5 mil e R$ 12 mil. zação”, crê Mufarej. Ele diz ainda
O custeio é oriundo de doações de que entrar para a política não é a
ESCOLA PARA POLÍTICOS pessoas físicas, patrocinadores do decisão mais óbvia para pessoas
O Renova Brasil é uma escola programa. As inscrições para próxi- capacitadas e atuantes, por isso
de formação política que ensina a ma turma já estão abertas e podem muitas vezes a política é ocupada
acertar no mandato. Prepara líde- ser feitas pelo site do projeto. por pessoas despreparadas. “Pre-
res de diferentes visões e partidos Para Mufarej está na hora de o cisamos olhar com carinho para
que compartilham a convicção de Brasil fazer as suas escolhas, pois jovens lideranças e fazer com que
que a vida pública requer honesti- o Estado cobra muito e entrega consigam desenvolver seu reper-
dade, diálogo e ação. O movimento muito pouco. “Precisamos derro- tório”, conclui. V
SOBRAS ELEITORAIS
E PARTIDOS MENORES
P
ara o preenchimento das ca- existência de 35 partidos políticos
deiras de deputados federais habilitados a concorrer no territó-
e estaduais, quando as divi- rio nacional, o Parlamento tinha o
sões realizadas nos cálculos efetu- dever de corrigir a incorreção que
ados a partir dos quocientes não vigorava.
apresentam números exatos, em Petrificada no tempo, a disci-
quase todos os pleitos ocorrem as plina anterior não solucionava
denominadas sobras. Entretanto, harmonicamente a questão dos
somente concorriam à distribui- lugares restantes ao descartar dos
ção dos poucos lugares restantes os cálculos os partidos e coligações
partidos e coligações que tivessem com melhores resultados nas so-
obtido um índice mínimo. bras do que aqueles que haviam
Com a modificação do Código alcançado o quociente. A persistir
Eleitoral em outubro de 2017, to- aquele cenário, um voto continua-
dos os partícipes da eleição pode- ria a não ter valor igual para todos,
rão concorrer ao rateio. Na prática, o que degradava a Carta Magna na
mesmo alijadas da primeira conta- medida quem que não é da essên-
bilidade, as candidaturas agora po- cia do regime democrático descar-
dem alcançar mandatos pela via das tar votos legítimos. Foi assim em
referidas sobras, fator este que pode várias eleições para deputados.
beneficiar os partidos menores, ou- Era inadiável o ordenamento
MARRI NOGUEIRA/AGÊNCIA SENADO
“
Elogiável, a nova regra baniu fixiar ainda mais o já cambaleado
do cenário jurídico-político uma sistema representativo. Diante da
perversidade, um resquício ex- ascensão de votos brancos e nulos,
DIANTE DA ASCENSÃO cludente que reduzia a nada votos é cada vez mais necessário valori-
atribuídos a partidos e coligações. zar a escolha do cidadão, especial-
DE VOTOS BRANCOS E Afinal, todos aqueles sufrágios so- mente no tocante ao sufrágio des-
NULOS, É CADA VEZ MAIS friam uma espécie de extermínio, tinado aos legislativos.
eram esterilizados e tornados inú- A democracia não é uma reali-
NECESSÁRIO VALORIZAR A teis. Em outras palavras, tratava-se dade estática. Na quadra atual, em
de uma exigência que deformava a que o eleitorado está em progres-
ESCOLHA DO CIDADÃO verdade eleitoral estabelecida pe- sivo aumento e já superou mais de
”
las urnas ao expressar um idealis- 2/3 da população, os votos devem
mo jurídico soterrado. traduzir a vontade da massa votan-
Em verdade, a providência efe- te. Na prática, a adequação intro-
tivada no plano normativo, objeto duzida pode impedir a ocorrência
de inúmeras propostas ao longo de de paradoxos como a eleição de
sucessivas legislaturas na Câmara candidatos com poucos votos na
dos Deputados e no Senado Fede- esteira daqueles mais bem vota-
ANTÔNIO AUGUSTO
ral, adequou o Código Eleitoral aos dos, ou a derrota de outros, mes-
MAYER DOS SANTOS
ADVOGADO parâmetros contemporâneos da mo amparados em estrondosas
aamsadv@gmail.com representação popular. Diante da votações.
GOVERNANDO
PELAS RUAS
Prefeito de Salvador, ACM Neto é visto como uma
das jovens promessas da política brasileira. Com perfil
agregador, não gosta de ficar apenas no gabinete e
prefere o contato direto com a população
U
m dos prefeitos mais bem De acordo com duas pesquisas se-
avaliados do Brasil, ACM guidas da Vox Populi, de 2013 e
Neto faz política na rua. Aos 2014, você foi considerado um dos
38 anos, é avesso às agendas dentro prefeitos com melhor avaliação do
do gabinete. No mínimo três vezes país. Em 2015, alcançou aprovação
por semana, dedica-se a andar pe- popular de 84% – dado do Instituto
las calçadas, praças e locais públicos Paraná. Um ano depois, na reelei-
para ouvir as pessoas e mostrar o ção, venceu no primeiro turno, com
que está sendo feito. 75% dos votos. Diante do esgota-
Herdeiro de uma tradicional mento de crenças na política e nos
família de políticos do Nordeste, políticos, qual a fórmula para essas
está no segundo mandato à frente demonstrações de confiança? Como prefeito, pelo menos três
da Prefeitura de Salvador (BA). Foi A fórmula é trabalhar com serie- vezes na semana estou nas ruas
reeleito, em 2016, com 75% dos vo- dade, transparência, planejamento, inaugurando obras, assinando or-
tos. Com posições bem definidas, dedicação e ouvindo a população dens de serviço ou vistoriando in-
consegue também ser reconhecido para aplicar bem os recursos pú- tervenções da Prefeitura. Quando
pelo perfil aglutinador. Para ele, a blicos. Antes mesmo de ser eleito assumi, em 2013, a gente começou
capital baiana é uma cidade plural para o primeiro mandato, em 2012, a transformar Salvador: arruma-
e, portanto, requer um governo assumi o compromisso, durante a mos a casa, colocamos as contas
com essa mesma característica. campanha, de governar nas ruas, em dia, equilibramos o nosso caixa.
Atual presidente do Democratas ouvindo os soteropolitanos, sem Depois, começamos a investir em
e um dos principais articuladores ficar preso em gabinete. Isso para obras e ações estruturantes, aplica-
do Centrão, o jovem prefeito falou mim sempre foi natural, pois, des- mos quase 80% dos recursos da Pre-
com exclusividade para a Revista de que ingressei na vida pública, feitura nos bairros mais carentes da
VOTO sobre a sua forma de fazer tenho me dedicado exclusivamente cidade. Isso tem mudado a vida das
política e compartilhou sua visão a fazer isso, a servir, buscando me- pessoas. Por conta desse trabalho,
quanto ao futuro do país. lhorar a vida das pessoas. mesmo em momentos de turbu-
49
POLÍTICA | ENTREVISTA
DIVULGAÇÃO
51
ECONOMIA | ENTREVISTA
O BRASIL
PATINA
E PODE PATINAR
AINDA MAIS
Um dos maiores economistas da
América Latina, Andrés Velasco
teme a vitória do populismo nas
próximas eleições do Brasil. E afirma
que o futuro do país depende de
ajuste fiscal e investimento
V
oz reconhecida no cenário Club sob a curadoria da Revista o país começa a crescer, a demanda
mundial, Andrés Velasco es- VOTO, no dia 7 de agosto. O pro- interna puxa mais importações, o
teve em São Paulo para falar fessor da Universidade Colum- que aumenta o déficit externo e, a
a 200 empresários sobre o com- bia, nos Estados Unidos, também partir disso, a dívida sobe, o merca-
portamento do mercado e a difícil alertou para o risco do populismo do fica nervoso e os investimentos
tarefa do próximo governo brasi- diante da profunda falta de credibi- começam a cair, freando a econo-
leiro: fazer o país crescer. O painel lidade das instituições daqui. mia”, disse.
com o ex-ministro das Finanças do “O problema número 1 do Bra- Outro dado trazido à luz pelo
Chile abriu a Confraria de Econo- sil tem sido o baixo nível de pou- economista foi o encolhimento de
mia promovida pelo Experience pança. Historicamente, sempre que produtividade e geração de traba-
53
ECONOMIA | ENTREVISTA
55
QUANTO CUSTA | IGOR MORAIS
A
eleição presidencial de 2018 car- A metodologia utilizada foi dar uma
“
rega uma grande dose de respon- nota de 0 a 100 para cada um dos as-
sabilidade para os eleitores que, suntos abordados, sempre tendo como
ao definirem o ocupante da cadeira no pano de fundo uma visão liberal. Fo-
AS DIFERENÇAS DE VISÃO
Planalto, estarão escolhendo o mode- ram criados nove temas (economia,
SOBRE ECONOMIA E lo de Brasil a partir de então. Para fazer política fiscal, política monetária, co-
essa escolha, precisamos acompanhar os mércio exterior, reformas, educação,
MODELO INSTITUCIONAL debates, as discussões nas redes sociais saúde, segurança e outros), cada um de-
e, também, ler as propostas de governo les contendo diferentes subtemas que
IRÃO MOLDAR O BRASIL
que os candidatos registraram no Tribu- totalizam 178 assuntos. Por exemplo,
DOS PRÓXIMOS ANOS nal Superior Eleitoral (TSE). O problema no tema política fiscal, temos o subte-
é ter paciência para ler todos os planos ma “manter o teto dos gastos”, a famo-
”
de governo, sendo que alguns ultrapas- sa EC 95. Para quem defende manter
sam as 200 páginas. Para te ajudar nes- essa regra, importante para conter a
sa decisão, fiz a leitura das propostas de evolução da dívida pública e gerar se-
sete candidatos e apresento aqui uma gurança e estabilidade, a pontuação é
comparação. São eles: Guilherme Bou- 100; quem defende acabar com ela leva
los (PSOL), Fernando Haddad (PT), Ciro 0. Um outro exemplo importante para
Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Ge- essa análise é o tema economia: con-
raldo Alckmin (PSDB), Jair Bolsonaro tém 42 subtemas e envolve a ideia de
(PSL) e João Amoêdo (Novo). Destaco incentivar o mercado de capitais, ter ou
IGOR MORAIS
PÓS-DOUTORANDO EM
que a escolha do Boulos e do Amoêdo, não uma política industrial, privatizar
ECONOMIA APLICADA E DATA apesar de pontuarem pouco nas pesqui- estatais, vender propriedades da União,
SCIENCE NA UNIVERSIDADE sas feitas pelos institutos, é para caracte- fazer PPPs, fechar o BNDES, intervir na
DA CALIFÓRNIA – RIVERSIDE
igoracmorais@gmail.com
rizar os dois principais extremos de visão política microeconômica, dentre ou-
para o Brasil. tros. Vamos aos resultados.
57
para mulheres, negros, comuni- Somente o Amoêdo (91) defende a do espectro de esquerda até o libe-
dades como quilombolas e públi- venda de todas as estatais, incluin- ral. Já Boulos mantém uma visão
co LGBT. Na visão de Bolsonaro do a Petrobras e os bancos públicos. puramente de esquerda, enquanto
e Amoêdo, que tratam pouco do Já Bolsonaro (73) quer privatizar Bolsonaro e Amoêdo seguem uma
tema, as políticas sociais devem ser quase tudo, menos bancos e Petro- linha liberal. Por fim, o Haddad é
gerais, e não com objetivo de criar bras, onde pretende manter o “core” o único que fala abertamente em
divisões por gênero ou qualquer da empresa, mas abrir o mercado abater a dívida dos estados. Essa
outro tipo. para concorrência. proposta deve resultar em mais
Os temas apontados acima mos- Porém, o que preocupa inves- subsídios cruzados e penalizar os
tram para o eleitor que há bastante tidores atualmente é justamente a que são menos endividados e que
convergência quando o assunto é proposta de Boulos, Haddad e Ciro serão chamados para pagar a conta
educação, saúde, segurança e polí- de usar os bancos públicos para fa- dos demais.
tica social, com as diferenças sendo zer o mais do mesmo na política Outro tema que gera divergên-
pontuais. Mas quando o assunto é econômica dos últimos anos: man- cia em economia é a política fiscal.
economia o problema é maior. ter a ideia de conteúdo nacional Apesar de todos falarem da neces-
com reforço do BNDES e dar sub- sidade de cortar gastos, os candida-
O QUE PENSAM PARA A ECONOMIA? sídios para crédito. Nesse ponto, a tos Boulos, Haddad e Ciro querem
Não há um ponto sequer em Marina (46) vai de forma mais sua- acabar com a EC 95, que limita os
economia que une os candida- ve, direcionando a instituição para gastos públicos. Marina pretende
tos aqui avaliados, o que reforça a infraestrutura e pesquisa e propon- manter a ideia de superávit primá-
0 50 100 0 50 100
necessidade de o eleitor entender do mais concorrência no setor. Mas rio, assim como Alckmin, Bolsona-
muito bem essas propostas, pois irá nem por isso consegue passar da ro e Amoêdo. Mas percebe-se que
afetar diretamente o seu bolso. Os linha divisória de 50 quando o as- será difícil para Marina e Alckmin
planos mais à esquerda, com notas sunto é economia. Chega a propor, conseguirem cumprir o prometido
médias menores na visão liberal, por exemplo, a criação de “moedas diante da apresentação de tantas
são Boulos (23), Haddad (36) e Ciro sociais”. Por outro lado, Alckmin políticas de aumento de gastos, em
(39). Eles não querem privatizar, (média de 57) carece de uma visão especial na área social.
com Ciro salientando, inclusive, mais definida e objetiva aqui, a des- Por fim, vale uma comparação
que irá rever privatizações ante- peito da assessoria de diversos eco- na política monetária. O tema Ban-
riores e criar uma agenda mundial nomistas de que dispõe. Aliás, as co Central independente apare-
que permita ultrapassar o dólar propostas do Alckmin e da Marina, ce de forma clara na proposta do
como moeda de reserva do mundo. em economia, são as únicas que vão Amoêdo e apenas operacional com
59
MULHERES DE PODER | LUIZA TRAJANO
FOTOS: DIVULGAÇÃO
EMPREENDEDORA,
LÍDER E
CIDADÃ
Para a empresária que comanda a Magazine Luiza, não basta ter
sucesso nos negócios. É preciso contribuir para um país melhor.
Com esse propósito, ela encabeça um grupo diversificado e
suprapartidário de mulheres
A
paixonada pelo Brasil, in- a romper limites e barreira, sem
tuitiva e com os ouvidos temer fracassos.
cerrados para o pessimis- Luiza Trajano continua com
mo. A dona de uma das maiores o sotaque interiorano: é natural
operações de varejo do país, com de Franca, distante 400 quilôme-
mais de 800 lojas em 16 estados, tros da capital paulista. Não atenta
define-se também como uma “vi- muito a regras de português, mas
ciada em criar empregos”. Luiza se tornou uma show woman em
Helena Trajano, a líder por trás da palestras motivacionais, lotando
Magazine Luiza, comanda a rede auditórios com interessados nos
desde 1991, tendo criado mais de seus segredos de sucesso. Quando
20 mil vagas diretas e 20 mil indi- questionada sobre quais seriam
retas. O sucesso, garante ela, está eles, exemplifica citando alguns
em ser otimista, focar na solução valores pessoais, como ética, sim-
– e não no problema – e ter cari- plicidade e paixão pelo que faz.
nho em servir, com o mesmo em- Um olhar mais atento, no en-
penho, o cliente, a comunidade e tanto, revela a extraordinária e
a nação. nata capacidade de liderança, cal-
Dona de uma personalidade pe- cada na atenção permanente ao
culiar, a empresária herdou da tia cliente e na motivação ao colabo-
Luiza Donato o gosto pelas vendas. rador. Luiza já comprou briga com
Porém, o que a impulsionou de sindicatos quando, no início da dé-
forma definitiva a se destacar foi cada de 90, decidiu alinhar salários
a inteligência emocional da mãe. aos lucros. Há alguns anos, surpre-
Desde pequena, ela foi estimulada endeu ao alcançar aos pais homos-
61
MULHERES DE PODER | LUIZA TRAJANO
Perfil independente
de Luiza fez com que o
Mulheres do Brasil ganhasse
corpo e influência
63
MULHERES DE PODER | RAQUEL DODGE
JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL
COM O
Atuação da procuradora
tem confirmado seu objetivo
de mostrar que não deve
RIGOR DA LEI
obrigação a ninguém
Procuradora-geral da República,
E
m setembro do ano passado, o posto mais alto na hierarquia do
o discurso de posse da jurista Ministério Público Federal (MPF)
Raquel Dodge chega à metade goiana Raquel Dodge para o completa a metade do mandato.
do mandato superando polêmicas comando da Procuradoria-Geral Contrariando a desconfiança
FIRMEZA E DISCRIÇÃO
A atuação firme e contunden-
te da procuradora-geral também
fez esquecer o impacto inicial do
constrangimento causado pela vi-
sita fora da agenda ao Palácio do
Jaburu e, também, pela posse rea-
lizada às pressas dentro do Palácio
Planalto.
Dando sinais concretos de que
tais deslizes não se repetiriam, Ra-
quel Dodge ainda frustrou as ex-
pectativas de quem esperava um
Dodge superou a polêmica de ter
esfriamento da Operação Lava Jato.
sido conduzida à PGR em meio a
E, ao contestar atos do governo que suspeitas de que Temer
a indicou e fazer andar medidas estaria tentando se livrar de
que atingiram políticos de todos os investigações por corrupção
partidos, confirmou o perfil descri-
to por amigos e colegas. Rigorosa,
técnica e discreta, é uma mulher
que não se deixa abater se tiver que sília (UnB) e mestre em Direito a zelar. Seria uma frustração ver o
enfrentar poderosos nos casos de pela Universidade de Harvard, nos contrário”.
combate à corrupção. Estados Unidos. Ingressou no Mi- Sua atuação, aliás, tem confirma-
Dodge encontrou investigações nistério Público Federal em 1987, do seu objetivo de mostrar que não
engatilhadas e com potencial para classificada em segunda lugar, e foi deve obrigação a ninguém, nem
gerar novas ações da Lava Jato, promovida por mérito aos cargos está disposta a livrar qualquer pes-
que analisou e deu andamento de procuradora-regional da Repú- soa ou grupo partidário de respon-
com cautela. Agentes públicos blica e de subprocuradora-geral da der aos ditames da lei. Os atos de
sob suspeita, independentemente República. Raquel Dodge, há um ano no cargo,
da sigla ou posição, não têm sido No comando da PGR, até ago- estão quebrando a resistência e a
poupados. ra, a magistrada não fugiu dos desconfiança de quem, porventura,
CASOS DE IMPACTO
A trajetória de Raquel Dodge é A MAGISTRADA NÃO FUGIU DOS
marcada pela participação em ca-
sos importantes do Judiciário na-
ENFRENTAMENTOS E DEMONSTRA
cional. Ela coordenou a força-tare- QUE SUA GESTÃO NÃO VAI ENTRAR NA
fa da Operação Caixa de Pandora,
que investigou esquema de cor-
HISTÓRIA ENGAVETANDO PROCESSOS
rupção com participação do então
governador do Distrito Federal, enfrentamentos e demonstra que ainda não acredita na sua qualifica-
José Roberto Arruda. Também sua gestão não vai entrar na histó- ção e capacidade de conduzir a PGR
fez parte da equipe que apurou o ria engavetando processos, como com independência. É preciso reco-
esquadrão da morte liderado por projetou no dia da sua posse o ex- nhecer: suas decisões não têm o in-
Hildebrando Pascoal, que ficou co- -ministro da Justiça Eugênio Ara- tuito de agradar gregos ou troianos.
nhecido pela alcunha de “deputa- gão, contemporâneo de Raquel no E, assim, fortalecem a imagem da
do da motosserra”. MPF: “Quem apostar que Raquel procuradora para seguir cumprindo
Raquel Dodge é bacharel em será leniente, vai errar. Ela é am- o dever da instituição com a popula-
Direito pela Universidade de Bra- biciosa e sabe que tem um nome ção brasileira. V
65
MUNDO | O EXEMPLO DA SUÍÇA
MARC SCHLUMPF
O CAMPEÃO
DO MUNDO
NAS URNAS
Primeira democracia a introduzir processos
de participação direta do cidadão, a Suíça vai
muito além das eleições regulares. A cada
ano, os eleitores são chamados a decidir
sobre diversos assuntos
O
eleitor suíço não se cansa ca. Pelo contrário, a liberdade de
de votar. Além das elei- participar ou não garante ainda
ções regulares, há até mais legitimidade ao processo.
quatro consultas populares por No Brasil, a ausência de eleito-
ano. Sem obrigatoriedade, a pre- res nas urnas e a ameaça de ele-
sença varia de 40% a quase 80% vado percentual de votos nulos e
– dependendo do tema em dis- brancos a cada eleição causa pre-
cussão. Nas eleições, metade dos ocupação entre políticos e estudio-
cidadãos em idade para votar (18 sos quando um pleito se aproxima.
anos) comparece. Essa proporção “Suíça e Brasil apresentam uma
não preocupa nem aponta qual- situação bastante distinta no que-
quer sinal de fragilidade políti- sito dos votos nulos e brancos, mas
67
MUNDO | O EXEMPLO DA SUÍÇA
DEMOCRACIA DIRETA
O país europeu é a primeira 44
43,3%
democracia moderna que intro-
duziu processos de participação
direta do eleitor. A Constituição 42
de 1848 entrou em vigor somente
depois de uma decisão popular e
atribuiu ao eleitorado o poder de 40
convocar uma Assembleia Cons- 1999 2003 2007 2011 2015
Fonte: Instituto Federal de Estatística
tituinte.
SEM A OBRIGATORIEDADE DE IR
CONSULTAS POPULARES RECENTES
ÀS URNAS, BRANCOS E NULOS Garantia alimentar
FICAM EM TORNO DE 1%
com produção local APROVADO 78,7%
e sustentável
Financiamentos
Apesar da população (8,3 mi-
através de aumento 50% REPROVADO
de imposto
lhões) bem menor do que a do
Brasil (208 milhões), a Suíça tem
Reforma da
maior diversidade em seus 26
Previdência
47,3% REPROVADO
cantões (estados). O multicultu-
ralismo já começa pelos quatro
Limite salarial
idiomas oficiais em seus 41,3 mil para executivos 34,7% REPROVADO
quilômetros quadrados – exten-
são territorial pouco menor do
Compra de 22
que o Espírito Santo. caças Gripen 46,6% REPROVADO
“Forma-se um ciclo virtuoso
pelo fato de que a população pode
Salário mínimo de
participar de todos os processos, e
R$ 9 mil para todos 47,3% REPROVADO
existe interesse. Há motivação de
se informar sobre os assuntos. Isso
Olimpíadas
é extremamente importante para
de Inverno 47,3% REPROVADO
a renovação na política”, descreve
o especialista. Outra característica 0 50 100
do país europeu é que o baixo ní-
69
VISÃO | GUNTER AXT
“
setembro daquele ano, depois de política. Suspeitou-se, à época, de
uma intensa campanha popular, que o atentado partira da extre-
o Congresso aprovou uma anistia ma-direita abrigada nos serviços
NAS GRANDES CIDADES parcial, permitindo o retorno de de informação, contrária à rede-
cerca de 10 mil exilados ao país. mocratização do país. O momento
REGISTRAVAM- Em dezembro, a Lei Federal n. era crucial, pois se preparavam as
SE SAQUES COM 6.767 extinguiu o bipartidarismo. eleições diretas.
No início de 1980, começou a sur- Com a oposição dividida em
FREQUÊNCIA, E A gir uma plêiade de novos partidos: quatro partidos e os governistas
PMDB, PTB, PDT, PT, PP, PDS e concentrados no PDS, Figueire-
VIOLÊNCIA COTIDIANA outros que seriam organizados na do adiou por dois anos as eleições
SOBRESSALTAVA A sequência. municipais marcadas para novem-
Aquele foi o “Verão da Aber- bro de 1980, estendendo o manda-
POPULAÇÃO tura”, cujo símbolo foi a tanga de to dos prefeitos e vereadores que
crochê que o ex-guerrilheiro Fer- estavam no poder, na sua maioria,
”
nando Gabeira desfilou na praia de identificados com a antiga Arena.
Ipanema, no Rio de Janeiro. O país O grande teste dos novos par-
sonhava com a mudança. A juven- tidos veio em novembro de 1982.
tude, os artistas, a intelectualidade Era a primeira vez, desde 1965, que
e os políticos ansiavam por reto- a população elegia os governado-
mar o fio da história interrompido res dos estados pelo voto direto.
em 1964. Mas um pacote eleitoral proibiu
Mas nada seria tão fácil. No dia as coligações e estabeleceu o voto
27 de agosto de 1980, explodiu vinculado: assim, um vereador e
uma carta-bomba na sede da OAB um prefeito puxavam o voto para
no Rio de Janeiro, ferindo mortal- outros candidatos do partido. O
mente a secretária Lyda Monteiro estratagema beneficiou os gover-
da Silva. O ataque, cuja autoria nistas.
nunca foi esclarecida, ocorreu no Figueiredo alcançou o final de
GUNTER AXT
HISTORIADOR momento em que a OAB fazia uma seu mandato desgastado. Uma ex-
gunter@terra.com.br campanha pública para identificar plosão no estacionamento do Rio-
71
VOTO | CONFRARIA DE ECONOMIA
FOTOS: MARCOS MESQUITA
VISÕES DE O
equilíbrio fiscal do Bra-
sil reuniu em debate os
ECONOMIA
gurus econômicos de três
presidenciáveis. Pérsio Arida (Ge-
raldo Alckmin – PSDB), Gustavo
Franco ( João Amoêdo – Novo)
PARA O BRASIL
e Mauro Benevides Filho (Ciro
Gomes – PDT) falaram para 250
executivos durante a Confraria de
Economia, em São Paulo, sob a
Em parceria da Revista VOTO com o Experience Club, evento curadoria da Revista VOTO. Me-
reuniu economistas de Geraldo Alckmin, João Amoêdo e Ciro diados pelo diretor do BRICLab
da Universidade Columbia, Mar-
Gomes. Debatedores expuseram medidas que o país deve cos Troyjo, o evento ocorreu dia 7
adotar para retomar o desenvolvimento de agosto e foi uma parceria com
o Experience Club.
Ex-presidente do
Banco Central,
Gustavo Franco
representou o
candidato João
Amoêdo (Novo)
Economista de
Geraldo Alckmin
(PSDB), Persio Arida
também comandou
o Banco Central
73
VOTO | CONFRARIA DE ECONOMIA
Luiz Felipe Trevisan, do Itau BBA, e Fabio Camargo, Giovanna Maschietto e Luiz Henrique Teixeira, da Delta Air Lines
da Delta Air Lines
75
VOTO | BRASIL DE IDEIAS
FOCO EM REFORMAS
Ex-governador
de São Paulo
apresentou suas
propostas para
E EDUCAÇÃO BÁSICA
diversas áreas
A
s quatro reformas prioritá-
rias para o País – política,
tributária, previdenciária e ALCKMIN LAMENTOU QUE O BRASIL
do Estado –, atenção à educação TENHA 440 MIL CRIANÇAS FORA DA
básica e simplificação tributária
foram o destaque da participação PRÉ-ESCOLA, E DISSE QUE PRIORIZARÁ
do candidato à Presidência da Re- CRIANÇAS DE 0 A 3 ANOS
pública pelo PSDB, Geraldo Alck-
min, no Brasil de Ideias. O evento,
que ocorreu no dia 27 de agosto
em Porto Alegre, faz parte do Es-
pecial Presidenciáveis.
No evento, promovido pela Re-
vista VOTO e com a presença de
políticos, empresários e forma-
dores de opinião, o ex-governa-
dor de São Paulo apresentou suas
propostas para diversas áreas e
respondeu perguntas de convida-
dos e enviadas pelas redes sociais.
O tucano esteve acompanhado da
senadora gaúcha Ana Amélia Le-
mos (Progressistas), candidata a
vice-presidente de sua chapa.
A urgente necessidade de reto-
mada da economia brasileira foi
ressaltada pelo ex-governador de Karim Miskulin; Geraldo Alckmin; Fernando Bomfiglio, da Souza Cruz;
São Paulo. O desenvolvimento, se- Ana Amélia Lemos; e André Roncatto, da Fecomércio
77
VOTO | BRASIL DE IDEIAS
Alckmin
defendeu
renegociação
das dívidas do
RS com a União
BRASIL DE IDEIAS
Os 14 anos da Revista VOTO e
o trabalho de oportunizar que as
pessoas acreditem na política fo-
ram sublinhados pela publisher
Karim Miskulin. “Temos fé na
transformação do País pelos bons
políticos. Queremos que o próxi-
mo presidente diminua as diferen-
ças sociais, valorize o empreende-
dorismo e, principalmente, traga
de volta a paz que o Brasil tanto
necessita”, observou.
Há sete anos estimulando o de-
bate, o Brasil de Ideias tem o pa-
trocínio das empresas Safeweb,
Alckmin falou para público formado por empresários, políticos e Carrefour, FM Logistic, Celulose
formadores de opinião Riograndense e Souza Cruz. V
79
VOTO | BRASIL DE IDEIAS
MENOS ESTADO
seus planos
para o país no
palco do Brasil
de Ideias
E MAIS ÉTICA
Em evento da Revista VOTO, Jair Bolsonaro descartou
a possibilidade de aumentar impostos e reafirmou que
privatizará e extinguirá estatais. Se eleito, se comprometeu a
formar equipe com especialistas e romper com a velha política
Deputado Federal Onyx Lorenzoni; Karim Miskulin; Jair Bolsonaro Presidenciável do PSL concedeu entrevista coletiva
e Secretário-chefe da Casa Civil do RS, Cleber Benvegnú para jornalistas de todo o país
O
candidato à Jair Bolsona- brasileiro. Questionado sobre as
ro (PSL) apresentou suas privatizações que pretende fazer,
propostas para um auditó- Jair Bolsonaro destacou que toma-
rio lotado no Brasil de Ideias – Es- rá as decisões com base em estudo
pecial Presidenciáveis. No evento elaborado por Paulo Guedes, co-
promovido pela Revista VOTO no ordenador econômico de seu pro-
dia 29 de agosto em Porto Alegre/ grama de governo e nome aponta-
RS, ele detalhou seus planos para do como ministro da Fazenda em
economia, segurança, agronegó- seu eventual governo.
cio e comércio exterior caso seja “Vamos extinguir de imediato as
eleito. 50 estatais que o PT criou ao longo
Para um público formado por de 13 anos. A mais importante, que
empresários, políticos e jornalistas, vem até de antes desse período, é
o deputado federal fluminense de- a Empresa Brasil de Comunicação
fendeu uma série de medidas para (EBC), que gasta R$ 1 bilhão por
a redução do tamanho do Estado ano para acomodar jornalistas de
81
VOTO | BRASIL DE IDEIAS
esquerda aposentados”, reforçou ponderando que as medidas não Posição frequente em suas ma-
o candidato. “Pode ter certeza: dá dependem só do presidente, mas nifestações, Jair Bolsonaro argu-
para se desfazer de dois terços da também das legislações estaduais e mentou que o Estado brasileiro
estatais e aliviar o peso do Estado municipais. deve ser mais firme no combate
em quatro anos”. Bolsonaro avaliou que o Brasil à violência. “Não quero dar carta
Porém, afirmou ter ressalvas “vive ainda de extrativismo”, com branca para o policial matar, mas
em adotar essa medida para de- uma prejudicial predominância de para ele não morrer. Se o outro
terminadas empresas. “Quanto às commodities entre os itens exporta- lado, que está fora da lei, tem po-
estratégicas, não podemos jogar dos. “Não agregamos valor ao que tencial de fogo, nós precisamos
para cima e ‘quem pegar, pegou’”, produzimos. Qual o país que mais ter no mínimo o dobro disso do
expressou, acrescentando que não ganha café no mundo? É a Alema- lado de cá”, declarou. “Não quero
concorda em transferir o comando nha, que não planta um pé de café”, que ninguém sofra na cadeia. Mas,
do Banco do Brasil e da Caixa Eco- apontou. Em defesa da proprieda- se o Brasil não tiver recursos para
nômica Federal à iniciativa privada. de privada, foi taxativo ao criticar fazer novas penitenciárias, depen-
O presidenciável do PSL tam- sobre as invasões: “Temos de iden- dendo de mim, vamos encher as
bém descartou a possibilidade de tificar as ações do MST [Movimento que existem”.
subir os impostos como forma de dos Trabalhadores Rurais Sem Terra] Questionado sobre como re-
equilibrar as contas, mencionando e do MTST [Movimento dos Traba- verter os índices negativos do país
os exemplos do presidente ameri- lhadores Sem Teto] como terrorismo, na educação, ele analisou que o
cano Donald Trump e da ex-pri- buscando inibi-las na lei”. problema não será superado em
meira-ministra britânica Margaret
Thatcher, que diminuíram a carga
tributária e geraram resultados po-
“DÁ PARA SE DESFAZER DE DOIS TERÇOS DA
sitivos na economia. “Temos de fa-
cilitar a vida de quem quer abrir e, ESTATAIS E ALIVIAR O PESO DO ESTADO EM
também, fechar empresas. Precisa-
QUATRO ANOS”, DISSE O CANDIDATO
mos avançar na desburocratização
e na desregulamentação”, propôs,
Karim Miskulin; Clenir Wengenowicz, da Tok; Público conheceu propostas de Bolsonaro durante
Jair Bolsonaro; e Otelmo Drebes, da Lebes o Brasil de Ideias – Especial Presidenciáveis
BRASIL DE IDEIAS
A publisher da Revista VOTO,
Karim Miskulim, ressaltou que
o Brasil de Ideias é um “espaço
BOLSONARO DECLAROU QUE “NÃO VAI SER O plural sempre aberto para ouvir,
JAIRZINHO PAZ E AMOR” PARA SUPERAR O ALTO aprender e, principalmente, para
construir”. “Um dos nossos maio-
ÍNDICE DE REJEIÇÃO E VENCER AS ELEIÇÕES res princípios é acreditar na políti-
ca como instrumento de transfor-
mação. Ao longo da nossa história,
apenas quatro anos. “Temos de Buscando se diferenciar de sempre entendemos que não é ne-
desfazer muita coisa. Precisamos seus adversários, o presidenciá- gando a política que avançaremos
reestabelecer a autoridade do pro- vel se comprometeu a escolher como sociedade próspera”, disse
fessor na sala de aula e expulsar [a pessoas competentes para sua Karim.
visão de] Paulo Freire”, respondeu, equipe, “sem a velha política do Há sete anos estimulando o de-
denunciando um processo de toma-lá-dá-cá”. Segundo ele, ao bate, o Brasil de Ideias tem o pa-
doutrinação de esquerda entre as término das eleições, os presi- trocínio das empresas Carrefour,
escolas. dentes anteriores desconside- FM Logistic e Souza Cruz. V
83
VOTO | BRASIL DE IDEIAS
Ao lado de
Karim Miskulin,
postulantes
ao Piratini
concordaram
sobre
importância de
equilíbrio de
contas
FOTOS: JEFFERSON BERNARDES/AGÊNCIA PREVIEW
SUPERAR A CRISE
EM PRIMEIRO LUGAR
Candidatos ao governo do do Rio Grande do
Sul, Eduardo Leite, Jairo Jorge, José Ivo Sartori
e Mateus Bandeira detalharam seus planos no
Brasil de Ideias – Especial Eleições
C
om propostas diferentes RETOMADA DA CONFIANÇA
entre si, quatro candidatos Prefeito de Pelotas entre 2013
ao governo do Rio Grande e 2017, Eduardo Leite destacou
do Sul concordam sobre a im- que acumulou a experiência de
portância de equilibrar as contas governar em situação de dificul-
do Estado. Eduardo Leite (PSDB), dade. “É a terceira maior cidade
Jairo Jorge (PDT), José Ivo Sartori gaúcha, mas ao mesmo tempo a
(MDB) e Mateus Bandeira (Novo) nona economia. Tem muitos pro-
expuseram seus planos para o blemas e poucos recursos. Porém,
RS no Brasil de Ideias – Especial em quatro anos, mostramos resul-
Eleições, promovido pela Revis- tados concretos para a população”,
ta VOTO, em 3 de setembro, em afirmou. “Com soluções claras, as
Porto Alegre/RS. O evento reuniu pessoas passam a confiar no futu-
empresários, políticos e jornalistas. ro. Precisamos dar à população um
85
VOTO | BRASIL DE IDEIAS
com olhar para cada região. “Va- “Todo mundo fala [da importân-
mos retomar os Coredes, com cia de investir] em segurança, saúde
escritórios regionais de governo. e infraestrutura. Todos nós dese-
Buscaremos soluções para os gar- jamos um Estado eficiente, equi-
galos de cada local”. librado e sustentável. Mas como
vamos fazer isso sem as condições
PRIORIDADE PARA mínimas?”, questionou. O gover-
REGIME DE RECUPERAÇÃO nador trouxe à tona que o Estado
O governador José Ivo Sartori tem folha de pagamento de 56% de
destacou que um Estado em crise aposentados, enquanto na Brigada
precisa de “agregação e aproxima- Militar o índice chega a quase 70%.
Candidato à reeleição, José Ivo Sartori (MDB) é ção”. “Não é só o governo que re- “Qual ativo vai sustentar isso”, per-
formado em Filosofia. Foi vereador e prefeito em solve as dificuldades. É preciso que guntou novamente.
Caxias do Sul por duas gestões, deputado estadual a sociedade entenda e participe”,
por cinco mandatos e deputado federal. Em 2014, frisou. Ele exprimiu que “não se APOSTA NA RENOVAÇÃO
foi eleito governador com 61,2% dos votos válidos,
pode gastar mais do que se arre- Para o candidato do Novo, a
vencendo Tarso Genro (PT)
cada”, pontuando que, em 48 anos, eleição deste ano é uma das mais
o Rio Grande do Sul teve apenas definidoras da história do Rio
7 em que a receita ficou igual ou Grande do Sul. “Nunca fomos às
superior às despesas. “Essa prática urnas com um nível de insatisfa-
não dá certo em lugar nenhum, ção e de indignação tão grande,
seja uma família, empresa, cida- devido à crise moral e política
de, Estado ou país”, exemplificou, que vivemos nos últimos anos,
mencionando que a prioridade é a com escândalos intermináveis
adesão ao regime de recuperação de corrupção”, disse Mateus Ban-
fiscal. deira. De acordo com ele, esse
Se reeleito, o candidato do MDB sentimento pode levar a dois ca-
afirmou que seguirá no esforço de minhos: o não voto ou um movi-
redução da máquina pública. “Sem mento de renovação.
receio e sem medo, vamos continu- “O Novo é a única novidade
ar a luta pela federalização ou pri- das últimas décadas na política. É
vatização de empresas que o Estado um partido formado por pessoas
não precisa controlar. Encaminha- de fora da política, que não acre-
mos para a Assembleia o projeto ditam que as soluções possam vir
ainda em 2016, e nem o plebiscito de partidos tradicionais”, afirmou,
foi aprovado. Sem o regime, não acrescentando que a agremiação
vai existir equilíbrio fiscal”. só aceita pessoas com ficha limpa
Sartori concordou com seus ad- e não utiliza o Fundo Eleitoral.
versários ao dizer que o Estado não “Aqueles que dizem que saúde,
deve ter amarras e burocracia, mas educação e segurança são priori-
Mateus Bandeira (Novo) possui 30 anos de experiência ressalvou que isso leva tempo. “A dades estão usando R$ 2,5 bilhões
profissional na iniciativa privada e no setor público. transformação da estrutura públi- este ano para financiar suas cam-
Nascido em Pelotas, foi diretor do Tesouro do RS,
ca não é uma questão de direita ou panhas e seus partidos”, criticou.
secretário estadual de Planejamento e presidente do
Banrisul. Entre 2011 e 2017, atuou como CEO da Falconi, de esquerda. Ela serve ao futuro e Mateus Bandeira recordou sua
maior consultoria de gestão do país às próximas gerações”. atuação como diretor do Tesouro
do Estado e secretário do Plane- seguimos investir, principalmente a realidade, Bandeira expôs que irá
jamento, com o objetivo de colo- em segurança”. introduzir no Rio Grande do Sul
car as contas em ordem. Foram Para o ex-CEO da consultoria dois modelos que deram certo no
os três anos em duas décadas em Falconi, os péssimos índices de mundo. O primeiro é o programa
que o Rio Grande do Sul teve su- qualidade da educação compro- de vouchers, que funcionará como
perávit. “Na minha passagem pela vam que “não é possível apostar o Prouni para o ensino básico. O
administração pública, entreguei no mesmo sistema”. “O modelo segundo são as escolas comunitá-
resultado em um período de cri- estatal não está dando certo, e nós rias, que terão financiamento do
se com a mesma magnitude que estamos produzindo analfabetos Estado, mas contarão com admi-
enfrentamos hoje. Com isso, con- funcionais”, apontou. Para reverter nistração privada. V
87
PENSE NISSO | PERCIVAL PUGGINA
PRESIDENCIALISMO
DE COALIZÃO,
A IDEIA E OS FATOS
P
enso ser impossível encon- • reiteração da síndrome
trar maior evidência dos quadrienal do presiden-
males inerentes ao nosso cialismo brasileiro, com
sistema de governo do que na ob- os habituais sintomas de
servação direta, empírica, da atua- redução das atividades, de-
lidade nacional. Temos diante dos preciação da moeda e das
olhos, a poucos dias da eleição, a ações ante um cenário de
“
escrachada nudez de um arranjo incertezas, e dores de cabe-
institucional desmazelado. Ele se ça nacionais;
caracteriza por: • quadro eleitoral eviden-
TEMOS DIANTE DOS • desorientação da sociedade ciando a crescente perda
perante o aleatório voejar de influência dos partidos,
OLHOS, A POUCOS dos partidos, em torno do a personalização das deci-
DIAS DA ELEIÇÃO, A pote de mel republicano; sões de voto e a pequena
• candidatos presidenciais relevância de ideias e pro-
ESCRACHADA NUDEZ com rejeição superior à gramas.
aceitação, exceto aquele Por outro lado, olhando-se
DE UM ARRANJO que se apresenta na inusi- para 2019, seja quem for o pre-
INSTITUCIONAL tada condição de presidiá- sidente eleito, parece impossível
rio; escapar da armadilha montada
DESMAZELADO • desequilíbrio financeiro na frequentada esquina onde a
”
na disputa por cadeiras necessidade de compor maioria
parlamentares, com recur- parlamentar se encontrará com
sos públicos privilegiando os meios disponíveis para obtê-la.
quem já tem mandato; gra- Ali, como a pegar raposas, a fer-
ças a tal vantagem, nunca ragem dos fatos tem capturado
foi tão elevado (quase 80% a perna de eventuais boas inten-
do total) o número de de- ções. As ditas coalizões vão fican-
putados federais buscando do cada vez mais parecidas com
reeleição; “exigir vantagem indevida, para si ou
• isolamento do presidente para outrem, direta ou indiretamente,
e de seu governo, que atra- ainda que fora da função, ou antes de
PERCIVAL PUGGINA
MEMBRO DA ACADEMIA RIO- vessam o ano de 2018 sem assumi-la, mas em razão dela” (art.
GRANDENSE DE LETRAS, É ARQUITETO,
o apoio necessário à apro- 316 CP). Não é assim que, siste-
EMPRESÁRIO E ESCRITOR E TITULAR DO
SITE WWW.PUGGINA.ORG, COLUNISTA vação de quaisquer medi- maticamente, o Brasil vem sendo
DE DEZENAS DE JORNAIS E SITES NO
das de interesse nacional governado? Não é precisamente
PAÍS. AUTOR DE CRÔNICAS CONTRA O
TOTALITARISMO; CUBA, A TRAGÉDIA DA (como esvair-se assim, não a inevitabilidade dessa armadilha
UTOPIA; POMBAS E GAVIÕES;
aproveitado, um ano intei- que tem motivado a ampliação
A TOMADA DO BRASIL. INTEGRANTE DO
GRUPO PENSAR+. ro?); do número de partidos no Brasil?
“
Não parece impróprio haver-se
um governante majoritário com
miríade de fragmentadas mino- OS FINS PARTICULARES DAS LEGENDAS
rias? Coisas do presidencialismo
de coalizão.
DA ‘COALIZÃO’ DEVORAM O FIM COMUM
Talvez convenha recuarmos EM TORNO DO QUAL DEVERIAM
um pouco no tempo. Nos man-
datos imediatamente posteriores CONVERGIR AS AÇÕES DO GOVERNO
”
à Constituição de 1946, os presi-
dentes Dutra (PSD/PTB), Getúlio
(PTB/PSD), Juscelino (PSD/PTB) e
Jânio (PTN, UDN, PDC, PL e PR) própria base do governo, quando fato. A primeira pode ser resumi-
eram eleitos dentro de coligações não da oposição. da como a legitimidade da eleição
e com elas governavam. Esse mes- O mencionado acima não se direta do governante com ações
mo sistema de governo chegou a refere a uma ou outra situação mediadas pelo parlamento; o se-
nossos dias numa prática enfer- excepcional, mas a uma rotina gundo como a ilegitimidade de
ma, onerando a sociedade com decorrente da mera aplicação da operações comerciais custosas,
acordos instáveis, frequentes re- regra do jogo ao jogo jogado. Em que permitem a captura do go-
marcações nos preços dos apoios política, diferentemente do que verno e do Estado por partidos,
partidários, negociações especí- possa parecer, idealismo e realis- fragmentando verbas e ações em
ficas para viger na aprovação de mo são gêmeos bivitelinos, filhos prejuízo da sociedade. Os fins
projetos relevantes e – sua mais da vida como ela é. Dado que a particulares das legendas da “coa-
escabrosa face – negociação in- vida pública não é moça muito lizão” devoram o fim comum em
dividual, voto a voto, caso a caso, recatada, o pai resulta sempre in- torno do qual deveriam convergir
diretamente com membros da certo, mas a mãe dá à luz ideia e as ações do governo.
89
PATROCÍNIO DIAMANTE PATROCÍNIO PR ATA
AGENDA 2018
JOIAS DO TOUR ESPECIAL
8 BALLET RUSSO 9 O PAPAI É POP
OUT Teatro do Bourbon Country
Teatro do Bourbon Country
OUT Teatro do Bourbon Country
VANESSA DA MATA E
23 GIPSY KINGS 26 EU COMIGO MESMO 26 OMARA PORTUONDO
OUT Auditório Araújo Vianna OUT Teatro do Bourbon Country OUT Auditório Araújo Vianna
LA LA LAND
19 CAETANO, MORENO, ZECA, 21 IN CONCERT
DEZ TOM VELOSO DEZ Auditório Araújo Vianna
Auditório Araújo Vianna
GAGE SKIDMORE
A EXPLICAÇÃO
PARA O QUE
QUASE
NINGUÉM
ESPERAVA
Contra parcela esmagadora das pesquisas e
expectativas, Donald Trump superou Hillary
Clinton e se elegeu presidente dos Estados
Unidos. Voz isolada durante toda a campanha, o
criador da tirinha Dilbert apostava na vitória do
republicano. E, em livro, explica o que muita gente
até agora não entendeu
E
ra noite de 8 de novembro de cas enquanto os votos começavam
2016. Os brasileiros acompa- a ser contabilizados.
nhavam o início das apura- Porém, tudo mudou naquela
ções das eleições americanas e fo- madrugada. E, na manhã de 9 de
ram dormir com a certeza de que novembro, acordamos com uma
Ganhar
Hillary Clinton seria a ungida pe- notícia inesperada: o próximo ocu-
de lavada:
las urnas. Afinal, era o que todas as pante da Casa Branca seria Donald persuasão em
pesquisas mostravam – e com lar- Trump. Embora tenha perdido no um mundo
guíssima margem. Divulgado na voto popular, com 46,09% contra onde os fatos
véspera, o levantamento da Reu- 48,18%, o republicano conseguiu o não importam
Scott Adams
ters/Ipsos cravava que a candidata necessário para ganhar de acordo
do Partido Democrata tinha 90% com as regras dos EUA. No colégio 322 páginas
de chances de se tornar presidente eleitoral, obteve 304 delegados, su- 1ª edição
dos Estados Unidos. O favoritismo perando com certa folga a base dos Record
absoluto se manteve nas estatísti- 270 necessários para vencer.
6
Se estiver vendendo, peça a seu potencial
cliente que compre de forma direta
93
CULTURA E LAZER | ENTRE PÁGINAS
des sociais. Tornou-se persona non UMA FIGURA ÚNICA Para Scott Adams, aquela ques-
grata em muitos círculos sociais O livro é uma prazerosa viagem tão poderia ter encerrado, ali mes-
e perdeu amigos de longa data. pela campanha presidencial ame- mo, o sonho de Trump ser eleito
Passado o tumulto, deixou de ser ricana e resgata algumas passagens presidente. “Considere como um
considerado como louco para se marcantes daquela disputa. Uma político normal e convencional
tornar um visionário. delas envolve o primeiro debate teria lidado com a armadilha. A
republicano, quando Trump ain- maioria teria declarado coisas po-
A RAZÃO DE TUDO da tinha de superar adversários sitivas sobre as mulheres e tentado
Mas, afinal, o que ele viu que poderosos – como Jeb Bush, Mar- mudar de assunto. Mas essa estra-
passou despercebido pela grande co Rubio, Ted Cruz. A mediadora tégia era falha, porque havia mui-
maioria dos veículos de comu- começou a fazer a pergunta dire- tos registros públicos das declara-
nicação, institutos de pesquisa e tamente a ele: “Você já chamou as ções passadas de Trump sobre as
ditos especialistas? A história toda mulheres das quais não gosta de mulheres”. E conclui: “Trump ga-
é contada em Ganhar de lavada: ‘vacas gordas’, ‘cadelas’, ‘porcas’ e rantiu que toda a atenção da mídia
persuasão em um mundo onde os fatos ‘animais nojentos’...”. Foi quando o estaria nele porque a menção a
não importam, lançado este ano no então pré-candidato interrompeu: Rosie O’Donnell era simplesmente
Brasil pela Editora Record. O livro “Só Rosie O’Donnell”, referindo-se interessante (e engraçada) demais
oferece uma explicação consisten- a uma controversa personalidade para ser ignorada. E retirou toda a
te e desapaixonada dos motivos americana. atenção de seus dezesseis competi-
que levaram à eleição do polêmico
empresário e apresentador de TV. IBMPHOTO24/FLICKR
95
CULTURA
SÉTIMA E LAZER
ARTE | ENTRE
| MARCO PÁGINAS
ANTÔNIO CAMPOS
GAGE SKIDMORE/FLICKR
ELEIÇÕES NAS
TELAS DE CINEMA
O cinema já abordou as eleições em filmes que MARCO ANTÔNIO CAMPOS
ADVOGADO E SÓCIO DA CAMPOS
se tornaram clássicos e, também, em produções ESCRITÓRIOS ASSOCIADOS
campos@terra.com.br
mais ou menos permanentes. O certo é que os
pleitos eleitorais provocam emoções nas telas dos
cinemas quase tão reais como na vida.
O CANDIDATO (1972)
Direção: Michael Ritchie
Com: Robert Redford, Peter Boyle e Melvyn Douglas
NO (2012)
Direção: Pablo Larrain
Com: Gael García Bernal, Alfredo Castro e Antonia Zegers
97
MEU QUERIDO PRESIDENTE (1995)
Direção: Rob Reiner
Com: Michael Douglas, Annette Bening e Martin Sheen
NIXON (1995)
Direção: Oliver Stone
Com: Anthony Hopkins, Joan Allen e Ed Harris
NO MUNDO
DAS REDES SOCIAIS,
A VERDADE ANDA
UM POUCO RAREFEITA.
MAS, HÁ 85 ANOS, A VERDADE DOS FATOS
É ESSENCIAL PARA QUE
VOCÊ SIGA CONFIANDO NO JC.
UM MUNDO
PARA CADA UM,
NA PLATAFORMA
DA SUA ESCOLHA.
VOCÊ JÁ
COMPARTILHOU
NOTíCIA
FALSA? Você sabe de onde vêm as notícias que
recebe? Checa as informações?
Antes de compartilhar notícias
você consulta se foram
publicadas em uma mídia clássica?
Disfarçadas, com linguagem alarmante
e sem apuração jornalística, elas
estão influenciando leitores que não
conseguem identificar o que
é verdadeiro e o que é falso.
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