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DIREITO

ELEITORAL – LUIZ CARLOS GONÇALVES

AULA10-SISTEMAS ELEITORAIS E NÚMERO DE REPRESENTANTES

1. PROGRAMA

Há um programa intenso para cumprir, porém já abordamos Nota sobre a história da

organização das eleições do Brasil, Organização da Justiça Eleitoral, Ministério Público


Eleitoral, Fontes Normativas do Direito Eleitoral, Anualidade da lei eleitoral, Direitos
Políticos Positivos e Negativos, Sufrágio e Voto, Condições de Elegibilidade e Inelegibilidades
(as quais foram examinadas as constitucionais e falar-se-á ulteriormente sobre as legais). Bem

como estudaremos adiante Partidos Políticos, Condições Constitucionais e Legais de

Elegibilidade, Inelegibilidades Constitucionais e Legais, Ações e Representações Eleitorais, as


quais dedicaremos diversas aulas ao estudo delas e falar-se-á da Ação de Investigação Judicial

Eleitoral (AIJE), da Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME), da representação por

conduta vedada, da representação por captação ou gastos ilícitos de recursos, Crimes

Eleitorais e Processo Penal Eleitoral. Nesta aula, o tema o qual o professor versará é acerca
dos Sistemais Eleitorais e Número de Representantes.

Esse programa é bastante exigente e o professor instruirá juntamente sobre noções de

financiamento eleitoral.

2. SISTEMAS ELEITORAIS

O que é Sistema Eleitoral?

Sistema Eleitoral é o método utilizado para a escolha dos representantes da população.

Seria uma noção simplista afirmar que esta não é apenas votação de maioria. Há

critérios distintos, a depender do cargo executivo e legislativo que está sendo disputado. Isto

é, há diversas finalidades buscadas na adoção de um sistema (método) ao invés de outro.

Porventura, a principal questão seja a adequada representação da minoria política. O

professor não está se referindo às minorias no sentido de quilombolas, de indígenas. Refere-

se à oposição, da representação das forças opositoras à gestão.

Em uma eleição, há os que venceram e exercerão o seu poder, e os não-eleitos, que

não exercerão poder tampouco formarão maioria, entretanto possui participação

essencialíssima no sistema político. Caso não atraiam estes (que perderam a disputa

organizada pelo poder), viver-se-á uma revolução, uma guerra atrás de outra.

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Logo, o sistema político, ao mesmo tempo que prestigia a maioria, precisa acolher as

minorias políticas. A maneira como ocorre tal acolhimento – onde e em que termos – é a

discussão acerca dos sistemas eleitorais – como estudar-se-á a seguir – e o professor pontuará

essas características.

Os sistemas eleitorais mais conhecidos são o majoritário (subdivide-se em relativo [ou

simples] e absoluto), o proporcional (pode ser de listas abertas ou de listas fechadas) e o

distrital (pode ser simples ou misto)

2.1. MAJORITÁRIO

2.1.1 ABSOLUTO

Como se elege o Presidente da República do Brasil? Qual o critério eleitoral?

É o critério majoritário absoluto que rege a eleição do Presidente da República. Veja

o que afirmam os §§ 2º a 4º do art. 77 da CF/88:

§ 2º Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido


político, obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os
nulos.
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-
á nova eleição em até 20 dias após a proclamação do resultado, concorrendo os
2 candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria
dos votos válidos.
§ 4º Se, antes de realizado o 2º turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento
legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.

Portanto, para a eleição presidencial, há o critério da maioria absoluta (majoritário

absoluto), o qual consiste em que será presidente o candidato mais votado, desde que a

votação supere 50% dos votos válidos.

O professor faz um alerta acerca da uma noção de grande utilidade no estudo

subsequente, a de voto válido.

O que é voto válido?

É o voto o qual será computado, o qual será possível trazer consequências para o

pleito.

A partir desta afirmativa, portanto, voto branco ou nulo não será considerado

juridicamente válido. São apenas manifestação de vontade do eleitor – que adimple sua

obrigação de votar (inciso I do § 1º do art. 14 da CF/88), como observado em aula anterior –,

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contudo não interfere na escolha do eleito. Enquanto no voto branco, não é votado em

ninguém, no nulo, anula-se o voto digitando números não correspondentes a nenhum


candidato. Os efeitos práticos de uma coisa e de outra são idênticos.

Antigamente, afirmava-se que o voto branco era de quem confia no sistema, todavia

não encontrou nenhum bom candidato, e o nulo é o de protesto. Porém, juridicamente, se

equivalem. Tanto o voto nulo quanto o branco não são considerados.

Voto nulo não anula eleição! Atentem a essa mitologia, por vezes replicada pelas

mídias sociais. Não existe relação alguma entre anular voto com anulação de eleição. Ainda

que haja 98% de votos nulos a eleição é anulada. Os votos válidos são os que indicam quem é

eleito ou não, enquanto, reiterando, anular voto não anulará o pleito.

Há a possibilidade de ocorrer, a efeito explicativo, de um candidato eleito cujo registro

fora cassado poderá levar à novas eleições. Portanto, voto nulo e branco são desprezados.

No sistema majoritário absoluto, compreende-se que, a fim de estabilizar o governo,

dar governabilidade a ele, chance de serem escolhidos candidatos menos piores, de acordo

com o ponto de vista, há necessidade de segundo turno. Este somente não ocorrerá caso

um candidato obtenha mais do que 50% dos votos válidos. É necessário, ao menos, 50% +

1 dos votos válidos.

Em caso de nenhum candidato alcançar tal marca, será realizado o segundo turno com

os dois mais votados. Este é o tipo de eleição presidencial vigente no Brasil. No primeiro turno,

idealmente, vota-se ideologicamente. Dentre os candidatos, escolhe-se o mais afinado com a

visão de mundo de cada eleitor, no qual confia-se mais. A noção do segundo turno é a de

escolha dentre as opções, ainda o candidato de sua preferência não tenha esteja nele. O

propósito é dar força aos candidatos, visto que qualquer um que esteja nele recebe maioria

absoluta (em caso de empate, elege-se o mais velho: § 5º do art. 77 da CF/88).

Esse critério (majoritário absoluto) é utilizado para a escolha do Presidente da

República, do Governador de Estado (caput do art. 28 da CF/88) ou do DF (§ 2º do art. 32 da

CF/88) e de Prefeitos, caso o município possua mais de 200.000 (duzentos mil)

eleitores (inciso II do art. 29 da CF/88):

ATENÇÃO: O número é de 200.000 ELEITORES, não 200.000 HABITANTES!

Capítulo IV - Dos Municípios


Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em 2 turnos, com o
interstício mínimo de 10 dias, e aprovada por 2/3 dos membros da Câmara
Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta

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Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:


II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo de
outubro do ano anterior ao término do mandato dos que devam suceder,
aplicadas as regras do art. 77, no caso de Municípios com mais de 200.000
eleitores; (Redação dada pela EC 16/97)

2.1.2 RELATIVO (OU SIMPLES)

Corresponde às eleições nas cidades as quais não possuem 200.000 eleitores, valerá o

sistema majoritário relativo.

O que é o sistema majoritário relativo?

Vence as eleições o candidato que conquistar a maioria de votos, não em relação ao

total, em relação aos competidores. Logo, há a possibilidade de uma eleição muito

pulverizada, com diversos candidatos: um obtém 15% de votos, é o mais votado e é eleito

Prefeito.

EXEMPLO: em uma eleição em município com número inferior a 200.000 eleitores, o

candidato que obtiver 15% dos votos válidos em relação ao seu adversário será eleito o

prefeito.

Tal exemplo expõe a diferença entre os sistemas majoritários absoluto e relativo, e a

utilidade do primeiro. No relativo, o candidato obtém 15% de votos e está eleito se obtiver a

maior número de votos em face dos demais. Enquanto no absoluto não. Como há a disputa

de segundo turno, necessariamente o Presidente da República, o Governador de Estado ou do

DF e o Prefeito de cidades com mais de 200.000 eleitores será sufragado somente com a

maioria absoluta dos votos válidos.

Nestas eleições, o professor observou algo que lhe pareceu artificioso: as afirmativas

que um candidato foi eleito, contudo, somadas as abstenções, votos nulos e brancos,

não obteve maioria, portanto não deveria se eleger. Entretanto, não é este o norte.

Consideram-se os votos válidos! Abstenção, voto branco e nulo são desprezados.

Como se elege Senador?

Caput do art. 46 da CF/88:

Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do DF,


eleitos segundo o princípio majoritário.

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Contudo, não via princípio majoritário absoluto. Um candidato a Senador não necessita

conquistar maioria dos votos válidos, apenas conseguir mais votos do que seus concorrentes.

Logo, no sistema majoritário relativo é utilizado para as eleições do Senado.

2.2. PROPORCIONAL

2.2.1. DE LISTA ABERTA

Os Deputados Federais (caput do art. 45 da CF/88), Estaduais e Distritais, e

Vereadores não são eleitos de acordo com as regras do sistema majoritário, será de acordo

com as regras do sistema proporcional.

Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos,


pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no DF.

Qual é a razão de ser do sistema proporcional?

Acolher os candidatos os quais não foram necessariamente os mais votados, entretanto

que foram votados e, portanto, aproveitar estes votos. A ideia é trazê-los para a disputa

política, para a representação, assegurar o direito de oposição parlamentar.

Muitos propõem isto. Imagine se a eleição para a Assembleia Legislativa ocorresse pelo

sistema majoritário. Poder-se-ia deduzir que o partido o qual obtiver mais votos ocupará todas

as vagas. Haveria Legislativo sem oposição e esta não seria convocada, visto que apenas

seriam eleitos candidatos do partido mais votado (os demais não). Logo, não haveria controle,

fiscalização, oposição.

A democracia precisa da oposição. A noção de democracia é convocar a oposição

para o território comum de disputa. Logo, o sistema proporcional é lembrado para as Casas

Legislativas, haja vista que permite esse tipo de oposição.

O Senado adota o sistema majoritário relativo, como o professor falou. É possível – não

é comum, contudo pode ocorrer – que todos os senadores sejam do mesmo partido. Elegem-

se três por Estado (§ 1º do art. 46 da CF/88). Em tese, é possível haver todos do grupo político,

não havendo oposição (no Senado). O mesmo para o caso contrário. Caso se elege um partido

que não apoia a Presidência, não há situação no Senado.

Na Câmara dos Deputados, nas Assembleias Legislativas, na Câmara Distrital

e nas Câmaras dos Vereadores, adota-se o sistema proporcional e, portanto, esse

risco está conjurado.

Qual é a ideia do sistema proporcional?

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No sistema proporcional, o voto o qual interessa é o depositado ao partido. É o que

determinará quem vence as eleições e quantas vagas o partido ocupará. Somente em

segundo plano será considerado o voto em candidato específico. Por fim, decide-se quem

ocupará as vagas que o partido já “segurou” para si.

Para melhor compreensão do sistema proporcional, o professor apontará ao Código

Eleitoral, que o disciplina e expõe determinados conceitos de suma importância.

Quais são esses conceitos de grande importância atrelados aos artigos 106

ao 109 do Código Eleitoral?

O primeiro é o de quociente eleitoral. Não é coeficiente. Coeficiente multiplica,

enquanto quociente divide.

Considera-se o total dos votos válidos – despreza-se votos brancos e nulos – e divide-se

pelas vagas em disputa. Não importa em qual partido nem em qual candidato foi votado

(desde que realizada essa escolha). Caso o total de votos válidos seja de 100.000 e é

uma Câmara de Vereadores com 10 vagas, divide-se 100.000 por 10, e alcançamos o

quociente eleitoral: no caso, 10.000 (100.000 votos válidos : 10 vagas em disputa =

quociente eleitoral de 10.000 votos/vaga).

Art. 106. Determina-se o quociente eleitoral dividindo-se o número de votos


válidos apurados pelo de lugares a preencher em cada circunscrição eleitoral,
desprezada a fração se igual ou inferior a 0,5, equivalente a 1, se superior.

O que significa?

Tem o significado de, cada vez que um partido alcançar 10.000 votos, terá direito a

ocupar uma vaga. Com 50.000 votos, será 5 vezes o quociente eleitoral e ocupa 5 vagas.

Portanto, há o conceito do quociente eleitoral e, posteriormente, quociente partidário

(quantas vezes o partido alcança aquele quociente). Poder-se-ia até citar coeficiente partidário

(quantas vezes partido ganha votos equivalentes àquele quociente).

Art. 107. Determina-se, para cada Partido ou coligação, o quociente partidário,


dividindo-se pelo quociente eleitoral o número de votos válidos dados sob a
mesma legenda ou coligação de legendas, desprezada a fração. (Redação dada
pela Lei nº 7.454, de 30.12.85)

Considerando o exemplo acima, essas 5 vagas são ocupadas pelos 5 candidatos mais

bem votados do partido, pouco importando a quantidade de votos que cada qual conseguiu.

Há possibilidade de um obter 45.000 votos e ser eleito. Outro obter 2.000 votos e conseguir

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também ser eleito. O terceiro mais bem votado do partido obteve 800 votos e será eleito.
Pode ser que o quinto mais bem votado tenha conseguido apenas 1 voto, caso o seu partido

tenha conseguido cadeiras, mesmo com números escassos, a vaga será dele.

O sistema proporcional ressalta a importância dos “puxadores de votos”. No Estado de

São Paulo, na eleição de 2002, houve o fenômeno Dr. Enéas, médico cardiologista com pouco

tempo de propaganda eleitoral na TV. Somente entoava o próprio – “Meu nome é Enéas” – e

teve votação estrondosa. Com esta, o coeficiente partidário foi enorme – ocupou diversas

vezes o quociente eleitoral – e diversos candidatos foram eleitos “de carona”.

O sistema proporcional permite voto do "caronista".

Dr. Éneas obteve 1.573.642 de votos, foi eleito e agregou a ele mais 5 Deputados

Federais do PRONA (Partido da Reedificação da Ordem Nacional). Um deles, Vanderlei de Assis

de Souza, conseguiu pouco mais de 200 votos. Com estes, foi eleito Deputado Federal do

Estado de São Paulo, visto que, no sistema proporcional, não importa a votação individual, sim

do partido, responsável pelas cadeiras as quais serão ocupadas pelos que tiveram votação

individual. Logo, esse sistema permite o fenômeno do “puxador de votos”: dos que só são

eleitos graças aos votos do partido.

Os dados são reveladores. Ao analisarmos a Câmara dos Deputados atual, o número de

parlamentares os quais obtiveram votação pessoal, suficiente para estar lá, “por

esforço próprio” – o voto alcançou o quociente eleitoral – não alcança 15%: a maioria (85%) foi

eleita devido aos votos obtidos pelos candidatos do respectivo partido (votos obtidos pelo

partido). Esse é o sistema proporcional de lista aberta, vigente no Brasil.

Por que com lista aberta?

Pelo fato de o eleitor ter a possibilidade de escolher livremente seu candidato.

O sistema rival é o proporcional de lista fechada, também denominado sistema de

listas preordenadas.

2.2.2 DE LISTA FECHADA OU SISTEMA DE LISTAS PREORDENADAS

Neste sistema, o responsável por essa ordenação é o partido. Ele apresenta a lista de

candidatos preordenados (primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto...). A eleição dependerá

dos votos que esta obtém e é nessa ordem, dependendo, o partido elege um, dois, três,

quatro ou cinco.

A vantagem é de se ter conhecimento de quem é candidato (p. ex.: não votarei neste

partido, por causa do candidato no terceiro lugar da lista). Portanto, denota

previsibilidade para o eleitor. Por outro lado, tem menos possibilidade de escolher candidato

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do seu agrado.

Esse é um bom debate. O professor afirma ser favorável a esse sistema, visto que

levaria a eleições mais barateadas. Atualmente, é espécie de guerra de todos contra todos: a

eleição é cara juntamente por essa razão. Ele é favorável a esse sistema, embora reconheça

que somente daria certo caso houvesse democracia partidária, isto é, se quem resolvesse a

ordem de colocação dos candidatos na lista fosse o partido em convenções abertas e

democráticas, haja vista que, senão, lideranças partidárias apenas colocarão candidatos da

sua preferência (ex.: filha no primeiro lugar, esposa no terceiro, amigo).

Há dois detalhes em relação ao sistema proporcional de lista aberta. Primeiramente, a

conta que o professor elaborou para demonstrar o quociente é fácil: 100.000 votos : 10 vagas

= (quociente eleitoral é) 10.000. Todavia, ninguém obtém 100.000 votos. O quociente eleitoral

não é 100.000, mas 102.235. Um partido não obtém 10.000 nem 50.000 votos, obtém 57.492.

Ou seja, os números são bastante variáveis.

Art. 109. Os lugares não preenchidos com a aplicação dos quocientes partidários
e em razão da exigência de votação nominal mínima a que se refere o art. 108
serão distribuídos de acordo com as seguintes regras: (Redação dada pela Lei
13.165/15)

Logo, o Código Eleitoral no Brasil adotou o sistema da maior média. A noção é a de

que, por exemplo, um partido obteve 57.000 votos: com 50.000, já ocupa 5 vagas.

O que se faz com esses 7.000?

Aplica-se o critério da maior média: divide-se o total de votos obtidos pelo partido

pelas vagas que ele já ocupa, mais a vaga que resta para distribuir. Faz-se este processo com

os votos de todos os partidos.

Como é feito?

Já é do nosso conhecimento que o primeiro partido tem 5 vagas, segundo tem 3 e

terceiro tem 1. Enbtretanto, há votos os quais necessitam distribuir e vagas que precisa-se

preencher. O total de votos do partido é dividido pelas vagas as quais ele já ocupa mais a

pretendida.

EXEMPLO: 57.342 : (5 + 1); 33.900 : (3 + 1); 16.000 : (1 + 1). O partido que obtém

maior média ocupa a cadeira. Faz-se essa conta subsequentemente.

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Dado o instante em que o partido obteve primeira vaga remanescente, há interferência

na conta. Por exemplo, diga que o partido com 57.342 votos tenha obtido maior média: ele já

ocupa 5 + 1 (6) vagas. Na próxima conta, os mesmos 57.342, porém inclui-se a vaga que já

ocupada. Não será 5 (5 + 1), no entanto 6 (6 + 1) e divide-se. Faz-se isso até serem

preenchidas todas as vagas.

I - dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada partido ou coligação


pelo número de lugares definido para o partido pelo cálculo do quociente
partidário do art. 107, mais um, cabendo ao partido ou coligação que apresentar
a maior média um dos lugares a preencher, desde que tenha candidato que
atenda à exigência de votação nominal mínima; (Redação dada pela Lei
13.165/15)
II - repetir-se-á a operação para cada um dos lugares a preencher; (Redação dada
pela Lei 13.165/15)
III - quando não houver mais partidos ou coligações com candidatos que
atendam às duas exigências do inciso I, as cadeiras serão distribuídas aos
partidos que apresentem as maiores médias. (Redação dada pela Lei 13.165/15)
§ 1º O preenchimento dos lugares com que cada partido ou coligação for
contemplado far-se-á segundo a ordem de votação recebida por seus
candidatos. (Redação dada pela Lei 13.165/15)
§ 2º Poderão concorrer à distribuição dos lugares todos os partidos e coligações
que participaram do pleito. (Redação dada pela Lei 13.488/17)

A novidade destas eleições é que, atualmente, somente é eleito na primeira operação o

candidato que tem votação equivalente a 10% do quociente eleitoral:

Art. 108. Estarão eleitos, entre os candidatos registrados por um partido ou


coligação que tenham obtido votos em número igual ou superior a 10% do
quociente eleitoral, tantos quantos o respectivo quociente partidário indicar, na
ordem da votação nominal que cada um tenha recebido. (Redação dada pela Lei
13.165/15)
Parágrafo único. Os lugares não preenchidos em razão da exigência de votação
nominal mínima a que se refere o caput serão distribuídos de acordo com as
regras do art. 109. (Incluído pela Lei 13.165/15)

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