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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO

HISTÓRIA

 ANTÔNIO FÁBIO ALVES DA CUNHA

ESCRAVIDÃO CONTEMPORANEA:
 Aprisionados pela miséria

Utinga-ba
2012
 ANTÔNIO FÁBIO ALVES DA CUNHA

ESCRAVIDÃO CONTEMPORANEA:
APRISIONADOS PELA MISÉRIA

Trabalho apresentado ao Curso Pedagogia da UNOPAR


- Universidade Norte do Paraná, para a disciplina O
Trabalho do Pedagogo nos Espaços Educativos,
Comunicação e Linguagem, Psicologia da Educação II,
Educação e Diversidade, Relações Étnico-Raciais.

Prof. Vilze Vidotti Costa, Lilian Salete Alonso, Carlos


Edurdo Gonçalves, Fábio Luiz da Silva.

Utinga-ba
2012
1. Introdução
O tema foi escolhido para ser pesquisado por dois fatores: primeiro
por ser estudante do Curso de História; segundo pela necessidade de entender os
motivos que ainda nos dias atuais existem pessoas vivendo em condições análogas
a de escravos, apesar de quase todos os países terem abolido a escravidão no
século XIX.

Desta forma essa pesquisa pretende expor e analisar através de


pesquisas bibliográficas os fatores sociais, econômicos e políticos que dão origem
ao trabalho escravo e a partir de que condições têm sido possível a sua
continuidade. Refletir a respeito das condições humilhantes a que são submetidos
milhares de trabalhadores principalmente no Norte e Nordeste do país, de forma
muitas vezes sutil e dissimulada, é também conjecturar sobre que tipo de sociedade
desejamos construir. Essa pesquisa será impetrada através de leituras e análise de
livros, artigos acadêmicos, sites de buscas e instituições como a OIT (Organização
Internacional do Trabalho) que descreve de forma minuciosa sobre o tema abordado
aqui.

 A linha teórica abordada é a de História e política, pois, acredito que


nenhum ser humano está submetido a condição análoga de escravo por vontade
própria, mas trata-se de um problema que envolve diversos fatores tais como a
miséria, a falta de emprego, educação, enfim problemas que ainda são comuns em
nosso país, ficando mais evidente na região norte e nordeste.

O tema abordado é de suma importância porque traz para o debate


um problema silencioso e perverso que assolam pessoas geralmente humildes,
desprovido dos mais básicos direitos humanos como saúde, educação, cultura e o
pior sem perspectiva de vida.

 A problemática social existente hoje talvez possa explicar a


persistência da escravidão no Brasil, mas jamais justificá-la. É irrefutável a existência
de formas contemporâneas de escravidão, tais como o tráfico de crianças e
mulheres, a exploração de mão de obra imigrante e a escravidão por dívida tema
dessa pesquisa.
Mas quais os fatores que contribui para a permanência dessa
prática? Será apenas uma questão econômica? Quais medidas estão sendo
tomadas para a erradicação dessa prática? Existe um leque de razões que explicam
a permanência do trabalho forçado. Dentre elas podemos citar a certeza da
impunidade, a pobreza aliada à falta de emprego e a falta de perspectiva. O perfil
das pessoas exploradas são basicamente os mesmos, pobres, analfabetos e moram
geralmente muito afastados da propriedade onde serão explorados tornando muito
difícil sua fuga.

 A dívida contraída pelos trabalhadores é uma característica


apontada por diversos autores que afirmam ser o principal instrumento de
escravidão no Brasil de hoje.

Portanto, além de buscar respostas que explicam a permanência


dessa prática no Brasil contemporâneo, essa pesquisa busca também reunir
mecanismos que possam combater com eficácia a escravidão moderna. Para tanto,
a pesquisa será estruturado em 4 capítulo. No primeiro capitulo será feito um breve
histórico da escravidão no Brasil, onde será abordada a evolução histórica da
escravidão, desde o período colonial até os nossos dias. Apresentando também as
diferentes definições de escravidão contemporânea utilizadas no Brasil.

O capítulo 2 busca traçar o perfil dos trabalhadores submetidos a


escravidão contemporânea através de pesquisas bibliográficas baseado nos autores
selecionados. Nesse momento serão investigadas as características
socioeconômicas dos trabalhadores, os fluxos migratórios, a trajetória profissional,
suas formas de sociabilidade e suas ambições e projetos de vida.

O capítulo 3 investiga os procedimentos que os chamados gatos


utilizam para seduzir os trabalhadores. Aquis são analisados as novas formas de
arregimentação, controle e organização do trabalho análogo ao de escravo
observado na pesquisa bibliográfica. Além disso, são destacadas a caracterização
socioeconômica dos empreiteiros entrevistados, seus fluxos migratórios, suas
relações familiares, suas características profissionais, suas formas de sociabilidade
e suas expectativas e aspirações. Por fim, o capítulo 4 analisa as políticas de
enfrentamento à escravidão no Brasil.
2. Justificativa

 A escravidão foi extinta no Brasil com a assinatura da Lei Áurea no


dia 13 de maio de 1888. Isso representava o fim do direito de propriedade de uma
pessoa sobre outra, acabando com a possibilidade de possuir legalmente um
escravo no Brasil. No entanto, muitos trabalhadores permanecem submetidos a esta
forma vergonhosa de trabalho no mundo contemporâneo.

Mas por que em pleno século XXI ainda existem pessoas que violam
as leis existentes no país desprezando os direitos dos indivíduos? E por que esses
se submetem a tal situação? A fim de entender os motivos de tal barbaridade,
buscam-se nessa pesquisa bibliográfica respostas para elucidar tais
questionamentos, claro sem a pretensão de encerrar o debate que por sinal é muito
importante e demasiadamente complexo.

Considera-se trabalho forçado todo aquele trabalho obrigatório,


exercido não só com a subordinação jurídica prevista em lei, do empregador em
relação ao empregado, mas com sujeição e subjugação, devido à falta de liberdade
no desempenho da atividade laboral. (OIT, 2011, p. 8)

O fato é que essa prática censurável acontece em varias partes do


Brasil, no entanto, o enfoque dessa pesquisa terá como base a região Norte por
apresentar 48% das ocorrências de trabalho escravo.

Portanto, o tema dessa pesquisa é bastante relevante e necessário


para que juntos possamos analisar e compreender a raiz do problema, na tentativa
de trazer a público esse debate que consideramos tão importante. Não se trata
apenas de um desrespeito às leis trabalhistas ou de um problema social, mas,
sobretudo o profundo desrespeito a dignidade da pessoa humana.

3. Objetivos

3.1. Objetivo Geral


O presente trabalho tem como objetivo geral analisar os fatores que
dão origem ao trabalho em condições análogas de escravo, para compreender a
permanência dessa prática ilegal e desumana nos dias atuais.

3.2. Objetivos Específicos

 Entender os motivos para se escravizar em pleno século XXI.


 Apresentar os motivos que levam um indivíduo a submeter-se a condições
análogas de escravo.
   Conhecer os procedimentos que os fazendeiros utilizam para seduzir os
trabalhadores.
 Verificar as soluções que estão sendo tomadas para a erradicação dessa
prática.

4. Metodologia

 A pesquisa desenvolvida requer a abordagem qualitativa, pois


oferece oportunidade de analisar, descrever e compreender o objeto problematizado
no sentido de conhecer suas características visando obter informações significativas
para responder os questionamentos propostos na pesquisa.

O material utilizado para a confecção deste trabalho terá como fonte


de informação as orientações contidas nas obras bibliográficas pesquisadas, a
análise artigos, as pesquisas eletrônicas através da Internet, possibilitando assim,
um conhecimento que servirá como base para a fundamentação de conceitos que
requer o tema.

Portanto, a metodologia se baseará nas diversas opiniões de


renomados autores que trata do tema abordado.

5. Revisão bibliográfica

Como já deixei claro na introdução, o referente projeto traz como


problemática central reunir os fatores sociais, econômicos e políticos que dão origem
ao trabalho escravo e a sua permanência no Brasil.
O tema foi escolhido não apenas pela necessidade de compreender
os reais motivos dessa prática ilegal que persistir em pleno século XXI, mas
também, por entender que esse é um tema relevante para ser analisando e debatido
não somente no meio acadêmico, mas sobre tudo no dia a dia.

Para tanto, este projeto será baseado em pesquisas bibliográficas


qualitativas onde farei uso de citações de vários autores onde contextos serão
centralizados e ordenados pra realização desse trabalho.

ESTERCI, Neide, FIGUEIRA, Ricardo Rezende, SENTO-SÉ, Jairo


Lins de Albuquerque, OIT (Organização Internacional do Trabalho) que descreve
com detalhes a repeito do tema, além de outros, serão norteadores e servirão de
instrumentas pra que este tema no futuro, possa servir de guia pra monografia desta
graduação.

Um dos entraves a respeito do tema é a conceituação dos nomes


atribuídos a essas formas de exploração tais como "escravidão", "semiescravidão",
"trabalho forçado” e outros termos similares, o que dificulta as devidas punições dos
infratores.

Identificar os significados dos diferentes usos dos termos é, portanto,


mais do que lidar com nomes: é desvendar as lutas que se escondem por detrás dos
nomes - lutas essas em torno da dominação, do uso repressivo da força de trabalho
e da exploração. (ESTERCI, Neide, 2008, p. 5.)

Mas afinal o que é considerado trabalho escravo?  – segundo a OIT


(Organização Internacional do Trabalho) trabalho forçado ou obrigatório é “todo
trabalho ou serviço exigido de uma pessoa sob a ameaça de sanção e para o qual
não se tenha oferecido espontaneamente” (artigo 2º).

 A escravidão contemporânea ou trabalho análogo a de escravos já


era uma realidade desde a década de 1970 do século passado e vinha sendo
denunciado por organismos de defesa dos direitos humanos, mas só foi reconhecido
oficialmente pelo Brasil em 1995. (OIT, 2011, p. 8.)
Então, qual seriam os fatores que contribuem para a permanência
da escravidão contemporânea ou trabalho análogo a de escravos? A questão é
complexa, mas podemos chegar a algumas conclusões.

O Brasil sempre foi conhecido pela sua grande desigualdade social.


 A miséria é um problema social que afeta boa parte da população, e isso fica mais
evidente nas regiões norte e nordeste, onde uma parcela significativa da população
acaba ficando submissa a esses problemas sociais.

É preciso mexer profundamente nas estruturas econômicas e


políticas do país, oferecendo uma distribuição de renda mais justa, uma educação
pública de boa qualidade para todos, gerar empregos, sem falar na reforma agrária
que está prevista na Constituição, mas que na verdade nunca saiu do papel de fato.

Segundo Cristovam Buarque (2007) Citada por Ricardo Resende


Figueira (2009, p. 7) “A verdade é que aquela lei magnífica (Áurea), de um único
artigo, extinguiu a possibilidade de venda de seres humanos, bem como do uso de
trabalhos forçados. Mas ela não acabou com a escravidão, proibimos o trabalho
contra a vontade e sem remuneração, mas permitimos o desemprego. Autorizamos
os escravos a deixarem as senzalas, mas os liberamos para as favelas, o relento
dos viadutos, as tendas do MST. Deixamos de enviar para as senzalas as sobras da
casa-grande, e criamos uma fome que o escravo não passava. E o mais grave:
abolimos a proibição de que os filhos de escravo fossem à escola, mas não os
colocamos nas escolas. Eles foram deixados livres para perambular pelas ruas,
abandonados”.

6. Fontes

 A elaboração do tcc se dará através de pesquisa bibliográfica devidamente


selecionada e analisada com o objetivo de responder as questões levantadas
durante o pré-projeto. Para isso será consultados diversos autores, no intuito de
fundamentar os argumentos perpetrados pelo autor dessa pesquisa.

Dentre os vários autores e instituições consultadas, citarei algumas:


 Neide Esterci, que é Mestre em Antropologia Social pelo Museu Nacional - UFRJ
e doutora em Ciência Política pela USP. Professora titular do Departamento de
 Antropologia Cultural da UFRJ e pesquisadora associada do IDSM/MCT-CNPq.
Tem trabalhos na área de Antropologia Rural, sobre temas relativos a Amazônia,
meio ambiente, trabalho escravo e conflitos sociais.
 Ricardo Rezende Figueira, Doutor em Programa de Pós-Graduação em
Sociologia e Antropologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2003),
fez pós-doutorado no "Instituto de Derechos Humanos ´Bartolomé de las Casas`"
da Universidad Carlos III, de Madrid, Espanha, em 2010. Coordenador do Grupo
de Pesquisa Trabalho Escravo Contemporâneo no Núcleo de Estudos de
Políticas Públicas em Direitos Humanos - NEPP-DH/ CFCH/UFRJ, líder do
mesmo Grupo de Pesquisa no CNPQ, Professor Adjunto 2 do Departamento de
Métodos e Técnicas da Escola de Serviço Social da UFRJ e Coordenador de
Pesquisa do NEPP-DH. Atua como pesquisador nos temas: Trabalho Escravo
por Dívida, Amazônia, Migração e Violência. Recebeu os prêmios "Jabuti" e
"Casa de las Americas" pelo livro "Pisando fora da própria sombra: a escravidão
por dívida no Brasil contemporâneo".

 Organização Internacional do Trabalho (OIT), uma agência multilateral ligada


à Organização das Nações Unidas (ONU), especializada nas questões do
trabalho. A OIT funda-se no princípio de que a paz universal e permanente só
pode basear-se na justiça social. Fonte de importantes conquistas sociais que
caracterizam a sociedade industrial, a OIT é a estrutura internacional que torna
possível abordar estas questões e buscar soluções que permitam a melhoria das
condições de trabalho no mundo.

 Miraglia, Lívia Mendes Moreira. Trabalho escravo contemporâneo: conceituação


à luz do princípio da dignidade da pessoa humana. Belo Horizonte, 2008. 175 p.
Dissertação (Mestrado em Direito do Trabalho) - Pontifícia Universidade
Católica, Minas Gerais, 2008. [Orientador: Prof. Maurício José Godinho Delgado]
 Bochenek, Giorgia Enrietti Bin. TRABALHO E ESCRAVIDÃO NA REGIÃO
NORTE DO BRASIL Velhas e novas formas de exploração no mundo laboral.
Coimbra, 2010. Dissertação (Mestrado em Relações de Trabalho) - Faculdade
de Economia da Universidade, Coimbra, 2010. [Orientador Profº. Dr. Elísio
Estanque]

7. Cronograma

ETAPAS Agosto Setembro Outubro

Levantamento bibliográfico X X

Coleta de fontes X X X
 Análise de fontes X X X
Organização do roteiro X

Redação do trabalho X X
Revisão / redação final / entrega X

8. Referencias

 ABREU, Lília Leonor; ZIMMERMANN, Deyse Jacqueline. Trabalho escravo


contemporâneo praticado no meio-rural brasileiro: abordagem sociojurídica. Revista
Bonijuris. Ano XV, n. 481. dez. 2003.

Bochenek, Giorgia Enrietti Bin. TRABALHO E ESCRAVIDÃO NA REGIÃO NORTE


DO BRASIL Velhas e novas formas de exploração no mundo laboral. Coimbra, 2010.
Dissertação (Mestrado em Relações de Trabalho) - Faculdade de Economia da
Universidade, Coimbra, 2010. [Orientador Profº. Dr. Elísio Estanque]

CASTRO E COSTA, Flávio Dino. O combate ao trabalho forçado no Brasil:


 Aspectos Jurídicos. In Revista do Centro de Estudos do Judiciário do Conselho de
Justiça Federal, Brasília, ano VII, n. 20, p90-98, jan/mar. 2003.
ESTERCI, Neide. Escravos da desigualdade  – Um estudo sobre o uso repressivo da
força de trabalho hoje . Rio de Janeiro, CEDI/Koinonia, 1994.

FIGUEIRA, Ricardo Rezende. Pisando fora da própria sombra. A escravidão por


dívida no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2004.

Miraglia, Lívia Mendes Moreira. Trabalho escravo contemporâneo: conceituação à


luz do princípio da dignidade da pessoa humana. Belo Horizonte, 2008. Dissertação
(Mestrado em Direito do Trabalho) - Pontifícia Universidade Católica, Minas Gerais,
2008. [Orientador: Prof. Maurício José Godinho Delgado]

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Não ao trabalho escravo.


Relatório global do seguimento da declaração da OIT r elativa a princípios e direitos
fundamentais no trabalho. Relatório I (B). Conferência internacional do trabalho; 89ª
reunião 2001. Brasília: OIT, 2002.

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Perfil dos principais atores


envolvidos no trabalho escravo rural. Brasília: OIT, 2007. (Relatório de pesquisa,
inédito).

PINHO, Daniella Ribeiro de. Escravidão contemporânea no Brasil. Um problema


estrutural e multifacetado. Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2970, 19 ago. 2011.
Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/19792>. Acesso em: 17 out. 2012.
SAKAMOTO, Leonardo. Relatório Trabalho Escravo no Brasil do Século XXI, 2006.

SENTO-SÉ, Jairo Lins de Albuquerque. Trabalho escravo no Brasil na atualidade.


São Paulo, LTr, 2000.

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