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Escravidão e servidão:

Diferenças entre a escravidão


moderna e a antiga – Parte II
Componente: História
Prof. Carlos Néri
Prof. a Luíze Coutinho

Equipe de História
Centro de Mídias de São Paulo
EF07HI15
Discutir o conceito de escravidão moderna e suas distinções
em relação ao escravismo antigo e à servidão medieval.

EF07HI16
Analisar os mecanismos e as dinâmicas
de comércio de escravizados em suas
diferentes fases, identificando os agentes
responsáveis pelo tráfico e as regiões e
zonas africanas de procedência dos
escravizados.
São Paulo Faz Escola. Caderno do Aluno, v 04. Disponível em: https://efape.educacao.sp.gov.br/curriculopaulista/educacao-
infantil-e-ensino-fundamental/materiais-de-apoio/.
Objetivos da aula

• Analisar as semelhanças e diferenças entre


as relações servis no período medieval e a
escravidão na antiguidade;
• Explorar os processos da escravidão na
modernidade, suas semelhanças e
diferenças com a escravidão na antiguidade;
• Dialogar sobre o processo de escravidão dos
povos africanos e suas rotas no contexto do
comércio triangular do século XVI ao XVIII.
Questão disparadora

Qual elemento distingue a escravidão na modernidade


e a escravidão na antiguidade?
São Paulo Faz Escola, 2020. Caderno do Aluno, 7º Ano, vol.4, p. 198.
Imagem: Gerard Horenbout, Alexander & Simon Bening. Domínio Público. Wikimédia Commons. Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Breviarium_Grimani_-_Oktober.jpg, Acesso em: 11 nov. 2020.

Durante a Idade Média na Europa, a prática da escravidão foi comum e natural até o
século VII, sendo reprimidos os casamentos entre indivíduos livres e escravizados. A partir
do século IX, a escravização de cristãos reduziu por influência da Igreja católica. Contudo,
o comércio de cativos não cristãos continuou sendo praticado por árabes, vikings e
venezianos, que vendiam homens e mulheres capturados no leste europeu (eslavos,
principalmente) e no norte da África. No início do século XI, a escravidão de tradição
antiga quase não era mais praticada na Europa medieval.
A servidão passou a ser, então, a forma de
trabalho mais praticada. Os servos eram
indivíduos livres, mas tinham uma relação de
dependência em relação aos seus senhores e, por
isso, estavam sujeitos a obrigações e taxas. Não
podiam deixar a terra, mas também não eram
expulsos dela, o que lhes garantia proteção e
sobrevivência.
Obrigações servis medievais

Talha: imposto pago por meio da retenção de


uma grande parte da produção das terras.
Banalidades: impostos pagos pelo uso de
moinhos para moer grãos e fornos para assar o
pão.
Corveia: Exerciam-se funções
de manutenção de estruturas e
instalações sem remuneração.
Mão morta: imposto referente
à perda de mão de obra,
Autor desconhecido. Domínio Público. Wikimédia
Commons. Disponível em: principalmente pela morte de
um servo trabalhador do feudo.
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cleric-
Knight-Workman.jpg.
Acesso em: 11 nov. 2020.
Leia o texto

“As condições dos escravos na antiguidade, embora assemelhavam-se, em muitos dos seus
aspectos com a servidão medieval, existiam diferenças importantes. Os escravos eram
propriedades de seu senhor, um bem móvel que poderia ser adquirido ou comercializado.
Embora na antiguidade fossem contemplados pelas leis sociais, que lhes davam condições de
adquirir propriedades, inclusive escravos, e possivelmente a liberdade, não eram pessoas livres
nem cidadãos.
Os servos, por sua vez, não eram propriedades de seu senhor. Por essa
razão, eram livres. Mesmo que estivessem presos às condições agrárias,
eles, pobres camponeses, a partir da queda do império romano, foram
se agregando às terras, geralmente dominadas por um senhor da terra,
ou seja, o senhor feudal. As condições servis, ligadas ao uso da terra,
compreende um sistema político e social conhecido como “sistema
feudal”. Do ponto de vista da cronologia histórica, o período feudal
iniciou-se com a ruralização da Europa no século V d.C., e seu declínio
por volta do século XIV.” (Carlos Néri)
De acordo com o texto, aponte as diferenças entre a escravidão
antiga e a servidão medieval.
Escravidão na modernidade
São Paulo Faz Escola, 2020. Caderno do Aluno, 7º Ano, vol.4, p. 200.

Em abaixo assinado, declaro que tenho


realizado a venda ao Sr. Antônio da França
Alencar, um escravo pardo de nome Ignácio,
de nação criollo, com todos os vícios e
achaques novos e velhos, tal e qual o
possuía, pelo valor de duzentos e cinquenta
mil reis, que recebi no fazer desta em
moeda corrente livre e desembaraçado de
penhoras e hipotecas, obrigando-me a fazer
boa e valiosa a venda para sempre, ficando
o dito Antônio da França Alencar obrigado a
Fonte: Acervo da Biblioteca Digital Luso- pagar a Sisa. Rio de Janeiro, 7 de agosto de
Brasileira.
Recibo de compra de escravo, em nome de 1851.
Antônio da França Alencar pela venda de um
escravo de nação crioulo pela quantia de
São Rs 250$000
duzentos e cinquenta mil réis. Disponível em. Rivadavia Pereira de Alencar
http://bdlb.bn.gov.br/acervo/handle/20.500.1
2156.3/16686. Acesso em: 02 abr. 2020.
Eric Gaba. CC BY-SA 2.5. Wikimédia Commons.
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Africa_slave_Regions.svg.
Acesso em: 11 nov. 2020.

“O conceito de escravidão, desenvolvido pelos europeus, diferenciava-se


da ideia e das práticas escravocratas da antiguidade. Os europeus, ao
conquistarem a África e a América, levaram consigo uma mentalidade
fundamentada em uma concepção de modernidade que valorizava a
cultura europeia como evoluída, ou seja, as sociedades humanas que
alcançaram o maior nível de civilidade, conforme o pensamento da
época, o que os europeus acreditavam terem alcançado, consideravam
os povos colonizados atrasados, na Ásia, na América e na África. Nessas
relações de dominação, os negros africanos foram escravizados. A
grande diferença da escravidão moderna, em relação à antiga, é
exatamente o preconceito racional que, na escravidão da antiguidade,
era inexistente.” (Carlos Néri).
Atlas do Comércio Transatlântico de Escravos. Fonte: David
Eltis e David Richardson. Disponível em:
https://www.slavevoyages.org/voyage/maps#introductory.
Acesso em: 02 mar. 2020.

“No processo de escravidão moderna, os povos africanos foram


duramente castigados ao serem capturados e comercializados.
O Mapa acima nos mostra o espaço geográfico do fluxo do
tráfico de escravos. Pela indicação das setas, percebe-se que,
para a América, uma grande massa de pessoas escravizadas é
transportada. É importante notar o trânsito de comercialização
de pessoas escravizadas, que se estendia do norte da África ao
oriente.” (Carlos Néri).
São Paulo Faz Escola, 2020. Caderno do Aluno, 7º Ano, vol.4, p. 201.
Collectie Stichting Nationaal Museum van Wereldculturen. CC BY-SA 3.0). Wikimédia Commons. Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:IJzeren_voetring_voor_gevangenen_transparent_background.png
Acesso em: 11 nov. 2020.

“O tráfico negreiro foi iniciado por Portugal no século XVI, no


contexto do comércio triangular entre América, Europa e África.
Quatro rotas eram utilizadas no transporte de escravos para a
América: Guiné, Mina, Angola e Moçambique. Essas rotas foram
utilizadas para o transporte de negros escravizados em muitas
regiões brasileiras, como as capitanias de Pernambuco, Salvador,
Minas Gerais e São Paulo. Essas regiões demandavam mão de obra,
devido aos engenhos de açúcar, à mineração de ouro e
posteriormente às lavouras de café, cacau, algodão, tabaco, entre
outras. A captura de pessoas para a escravização no continente
africano foi a grande responsável por guerras, conflitos e
destruição.”
Carlos Néri

Após a leitura do texto, escreva sobre alguns desdobramentos


históricos que, ainda, o Brasil sofre devido à sua história de
300 anos de escravidão.
Atividades complementares

Para casa

Escolha o tema
Escreva um poema que retrate o tráfico negreiro e as condições
servis em que os negros eram submetidos no Brasil.

Atividades
Grave um podcast ou um vídeo narrando seu poema.
Protagonismo juvenil

Estudante Miguel Alexandre

E.E. Prof.ª Helena José Bonfá – Socorro – SP

Prof.ª Maria Inês


Síntese da aula e avaliação final

Matthias Kabel. CC BY-SA 3.0. Wikimédia Commons. DisponívelPascal Radigue. CC BY-SA 3.0. Wikimédia Commons. Disponível em:
em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File: https://commons.wikimedia.org/wiki/
Stele_Mnesarete_Glyptothek_Munich_491_n1.jpg. File:Mosaique_echansons_Bardo.jpg. Acessos em: 11 nov. 2020.

“A escravidão era uma prática comum e natural na antiguidade.


Egípcios, gregos, romanos, astecas e africanos mantinham pessoas
escravizadas em suas bases sociais; porém, ao estudarmos a
escravidão dos negros africanos e nativos americanos, a
escravidão assume novas características conceituais.” Carlos Néri.
Conforme a análise dos objetos de conhecimento da aula, responda:
Qual característica da escravidão moderna a diferencia
da escravidão da antiguidade?
Atitude historiadora

Identificação – Comparação – Contextualização – Interpretação – Análise

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