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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB/CAMPUS VI

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – DCH


COLEGIADO DE HISTÓRIA

MARIA JOSÉ DE JESUS LIMA

ATIVIDADE AVALIATIVAIVIDADE AVALIATIVA

CAETITÉ, BA
2022
Considerando os estudos acerca das origens da escravidão na modernidade,
caracterize esse fenômeno, considerando a expansão da economia global, cuja consequência
foi a expansão europeia e a colonização da América.

As origens da escravidão na modernidade foram caracterizadas como um fenômeno


global singular, tendo em vista a participação de vários países que movimentaram um comercio
de pessoas e lucravam grandes fortunas com a venda dessa mercadoria viva. Países europeus
iniciaram um processo de desumanização do outro, no intuito de justificar uma exploração
violenta de corpos e vidas de populações do continente africano, a fim de explorar e dominar esse
povo em benefício próprio. Nesse sentido, houve consequências de uma expansão europeia pelo
mundo, devido ao seu enriquecimento e exploração do outro, que só era possível dentro de um
sistema capitalista, fortalecendo ainda mais a Europa e possibilitando uma colonização da
América. Apesar de ter existido na história outros momentos e sociedades escravocratas, existe
muitas diferenças entre o escravismo na antiguidade e na modernidade, bem como o escravismo
na África e a escravização dos povos indígenas, fazendo com que o tráfico negreiro e
escravização da africana seja um fenômeno particular na modernidade com características
próprias, momentos de altos e baixos, bem como vários escravismos durante mais de 350 anos.
A escravidão na modernidade difere da escravidão no mundo antigo, pois a escravidão em
Roma e Grécia tiveram outro sentido e uma das principais diferenças é o fato de que não era por
questão de cor de pele, mas sim por questões de guerra, onde uma cidade saia vitoriosa de um
confronto com uma cidade rival e podia adquirir prisioneiros de guerra para serem escravos em
sua cidade ou vender em um comercio. Outra modalidade que difere um escravismo de outro é
que existia escravidão por dívida na antiguidade, de forma que o cidadão muito pobre se dava
como garantia em um empréstimo ou pagava uma dívida com sua própria vida ou de algum
familiar muito próximo, como esposa e filhos e assim tornava-se um escravo. Temos que ter a
noção também que o escravo ou o escravismo na sociedade antiga também possui suas
peculiaridades e cada sociedade criou formas para perpetuar esse sistema de formas diferentes e
não existiu o mesmo tipo de escravismo em Roma ou Grécia ou que os motivos de escravidão foi
o mesmo, pois em Roma, por exemplo, foi pela necessidade da força de trabalho em virtude da
grande expansão territorial romana, já em Grécia foi pela necessidade da diferenciação
hierárquica da aristocracia que acreditava que não podia empregar seu tempo em trabalhos que
impedia eles de praticar o ócio.
No escravismo antigo, apesar de terem existido algumas revoltas de escravo e uma das
mais famosas de Roma foi a de Espartaco, não existiu de fato uma união dos escravos para o fim
do escravismo, mas sim reinvindicações por melhores condições de vida ou alforrias individuais,
mas não para acabar com o sistema escravocrata. Da forma que aconteceu na escravidão
moderna, onde a população negra escravizada reivindicava pela abolição da escravidão na
sociedade, sendo uma luta e resistência que tinha uma ideia de pertencimento por uma liberdade
coletiva. Além disso, o escravo antigo romano tinha uma maior flexibilidade social e poderia
adquiri sua própria liberdade, existindo vários tipos de alforria e alguns poderiam ate possui
algum tipo de riqueza, um excedente do seu trabalho, tornar-se um ex-escravo estrangeiro na
cidade e ainda poderia possuir outros escravos. Dessa forma, fica notório as diferenças existentes
entre o escravo da antiguidade e da modernidade, não sendo uma justificativa para as atrocidades
cometidas contra os povos africanos, tudo por questão da cor da pele.
O contexto vivenciado pelas grandes navegações e a necessidade cada vez maior de mão
de obra, fez com que os países europeus criassem formas de exploração dos povos africanos,
culminando na desumanização e escravização dos mesmos. Nesse sentido, existia uma falta de
pessoas na Europa para povoar e trabalhar nas terras recém-descobertas e a escravização de
africanos foi uma solução para esse déficit, pois era uma mão de obra fácil e abundante no
continente africano. Além disso, o mercado capitalista em expansão exigia novos mercados
consumidores e novos produtores de matéria prima que possibilitassem o desenvolvimento do
capitalismo. A retirada e exploração dos escravizados foi uma forma encontrada pela Europa para
povoar e explorar as riquezas do Novo Mundo, criando uma máquina de escravidão que era
sempre renovada pela necessidade de mão de obra, pois a taxa de mortalidade era muito alta e a
expectativa de vida baixa, bem como pela constantes resistências e fugas.
Segundo a palestra do prof. Felipe, ele discute aspectos importantes sobre a escravidão no
Brasil e o tráfico negreiro no Atlântico Sul, evidenciando as rotas criadas para a realização desse
comercio e as redes mundiais de tráfico. Fica perceptível em sua fala o alto grau de complexidade
desse comercio, pois era necessário conhecimento marítimos para a travessia, pois existia
determinados períodos que era possível a navegação e outros não e isso implica uma organização
sofisticada dessa expansão escravagista, já que não adiantaria a embarcação chegar no seu
destino e não possui prisioneiros para serem escravizados. Nesta conjuntura os europeus criaram
formas de dominação e barreiras para as resistências, preferindo misturar povos de diversas
regiões do continente, pois existia várias tribos e grupos étnicos diferentes, com culturas e línguas
diferentes dentro dessa imensidão que é a África, para evitar e desarticular que eles
comunicassem entre si e criassem revoltas, além de oferecer aos chefes políticos locais e
mercadores dinheiro para sempre renovar esse estoque de escravos e mantê-los sob custodia ate a
próximo navio negreiro chegar.
Dessa forma, fica evidente que esse comercio de escravizados possuía alguns princípios
de funcionamento que possibilitou a criação e expansão de uma economia global e o escravizado
era a principal mercadoria em circulação, criando uma rede de comercio que enriqueceu uma
burguesia em ascendência. Retirar populações e mais populações de suas terras para serem
escravizados em outro lugar, fazendo com que o africano seja uma moeda viva e criar um
comercio forte, só foi possível devido as manobras e acordos com os chefes locais do continente
que capturavam e vendiam para os europeus, agenciando bases de trafico que estava sempre em
constante renovação. Nesse sentido, fica nítido a complexidade das redes mundiais de trafico para
perpetuação desse sistema, Luiz Felipe e Albuquerque e Filho aborda sobre operação do trafico e
o papel importante desempenhado pelos traficantes nesse sistema, já que eles eram um grupo
dominante e ocupavam postos políticos estratégicos na costa da África para acabar com qualquer
tentativa de resistência e organizar os africanos para as próximas embarcações nos navios
negreiros, mantendo um contato muito próximo com os chefes locais para assegurar a
perpetuação da maquina escravista.
Os textos trabalhados na disciplina são importantes para a compreensão das relações
estabelecidas entre o trafico de africanos para o Brasil, principalmente após a transferência da
corte portuguesa e a vinda de portugueses, pois assim o Brasil passa agir diretamente nesse
trafico sem a intermediação de Portugal, fazendo com que o Rio de Janeiro passe a ser o maior
porto negreiro da américa. Fato importante, pois percebemos como esse mercado de escravizados
era atualmente lucrativo e possuía uma rede complexa, segundo Albuquerque e Filho existia uma
regulamentação entre vendedores e compradores dessa moeda viva, possuindo um mercado
rígido por leis, códigos e acordos lícitos, tudo era bem esquematizado nesse sentido. Muitos dos
envolvidos na compra e venda eram pessoas importantes e influentes na colônia, esbanjado
ostentação e poder, pois eram protegidos pelo Estado.

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