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CPTL - CÂMPUS DE TRÊS LAGOAS

[0783] HISTÓRIA – LICENCIATURA

Uma análise sobre a escravidão no Brasil1

COSTA, Gabrielli Oliveira Rocha2

Introdução: Por muito teve-se, e ainda muitos têm, a noção de que a escravidão e
todas suas consequências foram acontecimentos necessários, derivados naturais e
espontâneos do descobrimento. Todos os antecedentes, interesses e as circunstancias
particulares que ditam as normas ficam escondidas por trás dessa noção de construção
extremamente pobre.

Para se entender como chegamos aos séculos de escravidão, tratando homens como
mercadorias substituíveis, retirando-lhes simbólica e literalmente seus respectivos
costumes e o porquê de o tráfico empreendido pelos europeus ter se tornado assim tão
cruel e expansivo, é preciso voltar as bases, ver quais os precedentes tanto na Europa
quanto na África.

Com a ajuda de referências selecionadas o proposto ensaio será divido em três tópicos
de desenvolvimento na tentativa de melhor responder e discutir o tema em pauta,
sendo o primeiro para expor os parâmetros de escravidão que Europa e África
possuíam, o seguinte apresentara o caminho trilhado desde o solo africano até o
americano e o ultimo para tentar evidenciar os motivos pelos quais a nossa escravidão
se tornou uma das mais cruéis e uma marca em tons escuros de vermelho na nossa
história.

Parâmetros Europeus e Africanos de escravidão

Sabe-se que a escravidão foi na antiguidade o modo encontrado para se realizar os


trabalhos mais pesados, mesmo com a existência de vários povos avessos a essa
pratica, o escravismo foi quase regra durante vários séculos. Aqui observaremos os
costumes com essa relação dos povos gregos, romanos, vikings e lançaremos um breve
olhar sobre a idade média, tendo em vista que foram estes que imputaram grande
1
Ensaio realizado como exigência para a disciplina de História da américa portuguesa II pela Prof.
Dra. Maria Celma Borges.
2
Graduanda em História na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), campus de Três
Lagoas (CPTL). Email: gabicosta120@gmail.com
influência sobre o território europeu. Também discutiremos de forma geral sobre os
povoados africanos, vez ou outra ressaltando algum.

Sobre Roma e Grécia sabemos que poderiam se tornar escravos aqueles que
contraíssem dívidas e fossem incapazes de honrá-las ou ainda caso fossem vencidos de
guerra. O escravo poderia comprar sua liberdade de volta através do acumulo de
pecúlio, o que na Grécia era raro e mesmo livre o individuo continuava sem direitos
garantidos, em Esparta o número de escravos de guerra era tal que era permitido a
militares em formação matar escravos como parte do treinamento. Bem mais comum
para escravos urbanos romanos era reaver sua liberdade, este era considerado cidadão
quando o garantisse, seus filhos também seriam livres, podendo ainda ser tratado como
parte da família de seu antigo dono e herdando seu nome. Em ambas sociedades mau
comportamento era digno de castigos podendo ser mantido acorrentado, marcado a
ferro, sofrer mutilações e ate ser condenado a morte. Havia também mercados para a
compra e venda dos feitos escravos, o que é possível de atestar em artes sepulcrais3.

William Fitzhugh4 acredita que na sociedade viking, escravas eram concubinas,


cozinheiras e empregas e que o trabalho masculino estava envolvido em cortar
árvores, construir navios e leva-los para seus mestres. Estudos sugerem que as vezes
os escravos eram sacrificados quando seus donos morriam, já o tratamento duro que
recebiam é amplamente conhecido. Em relação a alimentação analises dos ossos
apresenta uma alimentação baseada em peixe, bem diferente de seus mestres. Existe na
Ilha de Man um tumulo que inclui os restos de uma mulher morta por um golpe
violento no topo da cabeça e exemplos próximos podem ser encontrados com alguma
facilidade em todo o norte da Europa.

Durante a idade média, que precede a expansão marítima, os escravos ganharam um


novo status de servos da gleba que não diferem muito do anterior, já que deveriam
trabalhar para seus suseranos dando-lhes as melhores partes de suas colheitas e não
podendo casar, se mudar, herdar bens caso não possuíssem a permissão do senhor.
Moravam em choupanas que estavam dentro das terras do suserano.

3
http://www.scielo.br/img/revistas/vh/v25n41/a02fig02.jpg
http://www.scielo.br/img/revistas/vh/v25n41/a02fig03.jpg
4
Curador de Arqueologia e Diretor do Centro de Estudos do Ártico do museu de História natural
Smithsonian.
Essas informações são importantes nesse ensaio pois é preciso que tenhamos
conhecimento, mesmo que breve, sobre como outros povos lidaram com a escravidão,
pois esta será a herança escravista que os europeus que colonizaram a américa
receberam, para podermos compreender os motivos pelos quais a escravidão negra na
colônia americana chegou aos pontos que conhecemos e qual sua importância.

Dentro da sociedade africana, assim como nas já citadas a cima, era até certo ponto
comum que guerras acontecessem, que um povo fosse subjugado por outro e que os
que saíram vitoriosos fizessem alguns escravos. A escravidão encontrada aqui era do
tipo doméstico, ou seja, aprisionava-se alguém para se utilizar da sua força de trabalho
nas agriculturas familiares, também para aumentar o número de pessoas empregadas
no sustento de uma família/grupo. A fertilidade aumentava e garantia o grupo, de
modo a ser legitimo que escravas se tornassem concubinas e então, deste modo era
comum que aos poucos o escravo fosse incorporado na família e perdesse sua
condição inicial.

“A integração de cativos também explica a predileção pela escravização de crianças,


visto que elas facilmente assimilavam regras e constituíam vínculos com a família do
seu senhor.”5 Mas nem só na guerra se faziam escravos, em muitas sociedade africanas
o cativeiro poderia ser também a punição para crimes como roubo, assassinato,
feitiçaria e as vezes adultério. Rapto individual, trocas e compras eram outras das
maneiras possíveis, assim como a penhora de pessoas em caso de endividamento,
assim que a família saudasse o debito o cativo seria liberto. Essas formas foram mais
ou menos comuns na África a depender do local em especifico e do período.

Em algumas sociedades, a exemplo do povo Sena de Moçambique, a


escravidão também era uma estratégia de sobrevivência quando a fome e a
seca se faziam desastrosas. A venda ou troca de um indivíduo da comunidade
podia garantir a sobrevivência do grupo, inclusive de quem era escravizado. A
troca de alguém por comida era uma forma de evitar a extinção do grupo.
Certamente estamos falando de um recurso extremo, porque ser escravo
naquelas sociedades tão fortemente estruturadas por laços de parentesco
significava ser exilado, torna-se um estrangeiro, muitas vezes tendo que
professar outra fé, se comunicar em outro idioma, estar alheio às suas
tradições. Sentenciar alguém à escravidão era acima de tudo desenraizá-lo e
desonrá-lo.6

5
ALBUQUERQUE, Wlamira R. de; FILHO, Walter Fraga,2006, página 15.
6
ALBUQUERQUE, Wlamira R. de; FILHO, Walter Fraga,2006, página 16.
Esse comercio começa se intensificar com a ocupação árabe no Egito e o norte da
África, estes organizaram e desenvolveram o trafico de escravos como
empreendimento comercial de grande escala. Na escravidão islâmica se tornava cativo
aquele que era considerado infiel e se recusasse a professar a fé em Alá.

Do continente africano a américa portuguesa

Desse modo, a escravidão doméstica africana foi dando lugar à escravização


em larga escala. A partir do século XV, com a presença europeia na costa da
África, esse processo ganhou dimensão intercontinental e fez da África a
principal região exportadora de mão-de-obra do mundo moderno. Todas as
grandes nações europeias de então se envolveram no tráfico e disputaram
acirradamente sua fatia nesse lucrativo negócio. Holandeses, franceses,
ingleses, espanhóis e, principalmente, portugueses lançaram-se na conquista
dos mercados africanos.7

Os africanos tinham interesse em negociar. Os europeus trouxeram certa inquietação,


as grandes embarcações por exemplo, e crenças locais de que os europeus eram
canibais ferozes, porém isso não impediu que certos objetivos fossem atingidos.

Portugal foi pioneira em escravizar africanos, pois se deram conta do funcionamento


dessa “rede e do valor do escravo como moeda troca” 8, assim começaram a comprar
escravos e a revende-los dentro do território africano ainda. O sucesso português era
diretamente proporcional ao infortúnio do continente africano a partir do momento que
eram precisas guerras para que se produzisse o escravo que mais tarde o comercio
distribuiria.

Por isso, não se pode entender a prosperidade do tráfico de escravos sem levar
em consideração a combinação de interesses entre europeus e africanos. É
bem verdade que as nações europeias tentaram manter o controle sobre as
regiões produtoras de escravos, mas o tráfico africano era um negócio
complexo e envolvia a participação e cooperação de uma cadeia extensa de
participantes especializados, que incluía chefes políticos, grandes e pequenos
comerciantes africanos. Há estimativas de que 75 por cento das pessoas
vendidas nas Américas foram vítimas de guerras entre povos africanos. 9

No Kongo foram feitos vários acordos com os europeus por interesse em seus
conhecimentos, logo a cultura europeia havia sido absorvida e a procura pelos
produtos vindos de lá aumentado exponencialmente, o comercio de escravos foi a
saída para saldar as dividas feitas por este crescente consumo. Os portugueses que até

7
ALBUQUERQUE, Wlamira R. de; FILHO, Walter Fraga,2006, página 20.
8
ALBUQUERQUE, Wlamira R. de; FILHO, Walter Fraga,2006, página 25.
9
ALBUQUERQUE, Wlamira R. de; FILHO, Walter Fraga,2006, página 27.
então pretendiam conquistar aquele meio concluíram que a empreitada não valia a
pena e focaram seus esforços no comercio de escravos. A escravidão foi também a
solução encontrada pelas potencias europeias para povoar e explorar as novas
colônias, que tinham demanda constante principalmente em épocas de crescimento
econômico.

Na segunda metade do século XVI, com o aumento da procura por escravos


no Brasil, o tráfico passou a condição de grande negócio e fonte de vultosos
lucros nas duas margens do Atlântico. A partir de então, o tráfico deixou de
ser apenas uma entre as várias atividades ultramarinas iniciadas com os
“descobrimentos” para se transformar no negócio mais lucrativo do Atlântico
Sul.10

Os traficantes possuíam, nessa época, posições privilegiadas na politica e papeis


importantes nos grupos dominantes, podendo assim manter e ampliar o comercio de
escravos.

Então tendo sido capturado os homens e mulheres tinham um longo e tortuoso


percurso a completar. Muitos padeciam ainda em território africano graças as grandes
jornadas até os portos, maus tratos e doenças. Após a longas caminhas ainda tinham de
esperar em alojamentos lotados até a carga humana dos navios estarem completas.
Essas pessoas eram marcadas a ferro para identificar a que traficante pertenciam.
Durante a viajem estima-se que morressem de quinze a vinte por cento, mas não era
incomum que os números se elevassem até a metade da lotação do barco, mesmo com
todas as baixas o negocio permanecia como extremamente lucrativo.

Em território brasileiro eles eram mais uma vez presos em galpões para serem
preparados para os leilões. Eram obrigados a comerem mais e mais para parecerem
fortes aos compradores, o terror desse momento nos cabe apenas imaginar já que,
como citado antes, acreditavam que os europeus fossem canibais que comeriam suas
carnes e usariam seu sangue para tingir tecidos. Após chegarem aqui era preciso
aprender a conviver com o trauma do desenraizamento das terras ancestrais e a falta de
amigos e parentes que ficaram do outro lado do Atlântico.

Logo percebiam que viver sob a escravidão significava submeter-se à


condição de propriedade e, portanto, passíveis de serem leiloados, vendidos,
comprados, permuta- dos por outras mercadorias, doados e legados.
Significava, sobre- tudo, ser submetido ao domínio de seus senhores e
trabalhar de sol a sol nas mais diversas ocupações.11
10
ALBUQUERQUE, Wlamira R. de; FILHO, Walter Fraga,2006, página 42.
11
ALBUQUERQUE, Wlamira R. de; FILHO, Walter Fraga,2006, página 66.
Não se pode esquecer de discutir o castigo, que era um meio de organizar, dividir e
regular o trabalho, esse castigo deveria ser administrado de forma justa, como exemplo
tomemos o caso de Manoel Cardoso que sofreu devassa pela morte de um escravo. Em
sua defesa constava que havia agido conforme a lei já que havia castigado seu escravo
por não comparecer ao trabalho que é a obrigação do escravo para com seu senhor, ou
seja, de forma justa. Silvia Hunold Lara12explicita em campos da violência que deixar
de trabalhar era como “romper uma espécie de contrato existente na relação senhor-
escravo”13.

No decorrer deste texto encontra-se trechos longos sobre a ministração desses castigos
que justificam o ato do senhor Manoel Cardoso como o seguinte:

— [o senhor] mandou castigar aquele seu escravo, moderadamente, para ver


se se emendava das repetidas fugidas que atualmente e sem causa estava
cometendo”; — “aos senhores compete o direito de fazer emendar a seus
escravos com açoites, prisões, de um modo [que] não seja com paus, pedras,
fogo ou lançando-os às feras, ou com outra aspereza tal que exceda as forças
da humana natureza”; — “não era do ânimo e intenção do Agravante mandar
matar, senão mandar emendar o predito seu escravo. Nem o mesmo direito tal
presume, que havendo custado ao agravante seu dinheiro — e tal dinheiro que
nos presentes tempos estão custando —, houvesse de ser tão inimigo de si
mesmo que o quisesse deitar fora, pondo-o em estado de perder com o castigo
sua vida”; — “ainda quando houvesse no Agravante lata culpa, em mandar por
outrem castigar o dito seu escravo sem presidir ao castigo ou lhe faltasse com
o curativo necessário (o que uma e outra coisa se nega), ainda nesses casos, se
não considera dolo: porque se o Agravante o mandou castigar sem presidir ao
castigo, primeiro o fez por necessidade de sair a seu negócio, como talvez o
dirão algumas das testemunhas da nulíssima devassa e o que se obra por
necessidade se não diz obrado em fraude (...) e o não mandou maltratar, senão
castigar com aquela humanidade com que o Agravante o costuma fazer aos
mais”; — “o Agravante regressando para sua casa pôs o seu escravo, pelo
achar ferido, no Hospital da Santa Casa de Misericórdia para ser pensado com
os remédios da Arte (...) o Agravante o não ocultou, antes o pôs a curar com
caridade em um público hospital.

Cronistas sempre comentavam sobre dada crueldade dos senhores em relação à seus
escravos mas jamais contestavam o castigo já que este mantinha os escravos nos eixos
e cientes de seus lugares garantindo a ordem. Essa exploração que o senhor exercia
sobre o trabalho escravo é a base da chamada exploração colonial pois, se cabe ao
escravo o trabalho é então o sistema escravista que garante a produção de riquezas que
a metrópole zela em acumular.

Preocupada com a continuidade da produção escravista e com a remessa de


lucros, a metrópole não só garantiu o abastecimento de mão de obra como

12
Graduada em História pela USP, doutora em História Social pela mesma universidade.
13
LARA, Silvia Hunold. Campos da Violência. Paz e Terra, 2007. Página 59.
também interveio em outros aspectos da economia que assegurava a
exploração colonial, salvaguardando a exploração senhorial.14

A exploração escravista colonial interessava a metrópole em nível geral, pois esta


estava interessada no controle colonial, não por menos a coroa constantemente
legislava em relação a isso para se garantir, como por exemplo uma das posturas
tomadas na capitania da Paraíba do sul foi a cobrança da coima para aqueles que
recolhessem em suas casas ou fazendas escravos fugidos. Vemos aqui legislações que
abertamente serviam como modo de perseguição ao sujeito negro.

O dramático deslocamento forçado, por mais de três séculos, uniu para sempre o
Brasil à África15.

O que difere a escravidão de africanos apreendida pelos europeus tão mais


expressiva e diferente das tidas até então?

Com as informações obtidas até agora é notável que as bases antes do começo desse
trafico estavam lançadas há séculos sendo assim unidas a interesses e eventos que a
tornou possível. Mesmo assim existem alguns pontos que destacam os acontecimentos
nas colônias americanas aos no resto do mundo.

Primeiro ressaltasse a escala na qual foi empreendida, os grandes barcos, as


quantidades de pessoas que transportavam e a frieza com a quão se tomava pessoas
como mercadorias completam o combo que forma esse ponto. O rapto e o ataque a
vilas se tornaram mais frequentes quando o trafico de escravos tomou grandes
proporções,

à colonização portuguesa fundada no escravismo deu lugar a um espaço


econômico e social bipolar, englobando uma zona de produção escravista
situado no litoral da américa do sul e uma zona de reprodução de escravos
centrada em Angola, essas duas partes unidas pelo oceano se completam num
só sistema de exploração colonial.16

A presença dos portugueses reforçou o poder de chefes dispostos a fazer guerra apenas
para conseguir cativos e por conta disso redimensionou a vida das populações que
viviam no litoral que, encontraram uma atividade corriqueira em capturar cativos,
ganharam assim uma importância política e econômica desconhecidas até então.
Existia sim uma combinação de interesses entre europeus e africanos.
14
LARA, Silvia Hunold. Campos da Violência. Paz e Terra, 2007. Página 34.
15
ALBUQUERQUE, Wlamira R. de; FILHO, Walter Fraga,2006, página
16
BICALHO, Maria Fernanda, apud Luiz Felipe de Alencastro 2000.
Em segundo levanta-se a justificativa religiosa à escravidão, a missão de evangelizar
os infiéis africanos. Para o padre Antônio Vieira o trafico poderia ser considerado um
grande milagre já que ao tirar os negros da África pagã dava-os a chance da salvação
no solo brasileiro cristão.

Por terceiro e mais importante: “A escravidão foi muito mais do que um sistema
econômico. Ela moldou condutas, definiu desigualdades sociais e raciais, forjou
sentimentos, valores e etiquetas de mando e obediência.” 17

A partir dela instituíram-se os lugares que os indivíduos deveriam ocupar na


sociedade, quem mandava e quem devia obedecer. Os cativos representavam o
grupo mais oprimido da sociedade, pois eram impossibilitados legalmente de
firmar contratos, dispor de suas vidas e possuir bens, testemunhar em
processos judiciais contra pessoas livres, escolher trabalho e empregador. 18

Portanto tinha-se uma sociedade escravista e não uma que possuía escravos, e aqui
está um de seus principais destaques. É correto dizer também que era (e é) uma
sociedade racista já que negros, mestiços e escravos livres ou libertos eram colocados
como inferiores aos brancos europeus ou mesmo os nascidos no Brasil. Cria-se
simultaneamente ao escravismo o racismo, “a escravidão foi montada para a
exploração econômica, ou de classe, mas ao mesmo tempo ela criou a opressão racial.”

Conclusão

De modo geral, é possível notar a bagagem europeia em relação a escravidão que deu
apoio aos acontecimentos debatidos neste ensaio teórico. A partir desse ponto, unindo
a como os africanos estavam acostumados com esse sistema, pode-se começar a
enxergar o potencial tido para levar todo um continente a um quase colapso.

A quantidade de justificativas com “embasamento” teológico, as proporções,


crueldade e a forma como se moldou toda uma sociedade é o que torna a escravidão no
Brasil tão violenta. A falta de importância dada a vida, a sensação de superioridade
branca sobre os negros africanos, o simples fato de se acharem superiores ao trabalho e
que um classe especifica e abaixo de si deveria tomar esses encargos ( o que
possivelmente é uma herança grega), formam todo o montante que abriram o caminho
para chegarmos aos pontos tão conhecidos nos dias de hoje. Mas principalmente,
pode-se dizer que é um passado vasto e vergonhoso pois as bases nas quais se
17
ALBUQUERQUE, Wlamira R. de; FILHO, Walter Fraga,2006, página 67.
18
ALBUQUERQUE, Wlamira R. de; FILHO, Walter Fraga,2006, página 68.
fundaram para construir a colônia tiveram raízes tão profundas que ainda nos dias de
hoje colhemos os frutos desses mais de três séculos de tráfico.

Referências

ALBUQUERQUE, Wlamira R. de; FILHO, Walter Fraga. Uma história do negro no


Brasil. Brasília: Fundação Cultural Palmares, 2006.

BARICKMAN, B.J. Um contraponto baiano: açúcar, fumo, mandioca e escravidão


no Recôncavo,1780-1860. Civilização Brasileira, 2003.

JUNIOR, Caio Prado. Formação do Brasil Contemporâneo Sentido da Colonização.

Editora Brasiliense, 1971.

BICALHO, Maria Fernanda. Da colônia ao império: um percurso historiográfico.


Revista brasileira de história, São Paulo, 1998.

LARA, Silvia Hunold. Campos da Violência: escravos e senhores na Ca pitania do


Rio de Janeiro, 1750-1808. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1988.

https://novaescola.org.br/conteudo/2372/existe-alguma-diferenca-na-forma-como-os-
escravos-eram-tratados-na-grecia-e-roma-antigas 16:15 18/11/2018

https://www.suapesquisa.com/grecia/escravismo_grecia.htm 16:17 18/11/2018

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
87752009000100002&lang=pt 16:22 18/11/2018

https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/vikings-mais-suaves-e-gentis-nao-
de-acordo-com-seus-escravos 16:34 18/11/2018

https://pt.scribd.com/document/201332301/Os-Servos-Da-Gleba 22:06 18/11/2018

https://anthropology.si.edu/staff/Fitzhugh/Fitzhugh.html 22:06 18/11/2018

https://www.escavador.com/sobre/1691226/silvia-hunold-lara 02:05 19/11/2018

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