Você está na página 1de 51

1

A África pré-colonial. Os povos nativos antes da chegada dos portugueses.

INTRODUÇÃO
A África possui uma História antes da ocupação e exploração colonial (portugueses e outros europeus)
iniciada nos séculos XV e XVI. Era um local onde existiam grandes e importantes civilizações.
- que o continente africano é considerado o “berço da humanidade”?
- que antes da chegada dos portugueses, a África teve reinos ricos e fabulosos?
- que antes da chegada dos portugueses já havia um intenso comércio em África?

Fig. 1: Reinos e atividades da África Antiga

Fig. 3: Cidade de Mali Fig. 4: Igreja Kulumbimbi (Congo)


Fig. 9: Mesquita Jené (Mali)

Fig. 6: Pirâmides do Egito

Fig. 8: Rei do Congo


Fig. 7: Estatueta de um leopardo
em ouro fabricada pelos
Fig. 11: habitantes do Reino de Gana Fig. 10: Mercado de 1
Coleta de goma Escravos (Deserto
(Senegal) do Saara)
1
1 - África considerada “Berço da Humanidade”

O continente africano é considerado o berço da humanidade,


porque nele estão as primeiras evidências arqueológicas do ser
humano, que revelam que os antepassados do Homem
andavam eretos há 3,2 milhões de anos atrás e já não eram
escaladores de árvores.
Lucy é um fóssil de Australopithecus afarensis descoberto em
1974 por cientistas norte-americanos, na Etiópia quando uma
equipa de arqueólogos fazia escavações. Doc. 1

Anteriormente, em 1924, na África do Sul, um pesquisador


australiano descobrira um crânio com tamanho intermediário
entre o dos humanos e o dos chimpanzés e denominara a
nova espécie de "Australopithecus", que significa "macaco do
sul". Doc. 2

Doc. 1 Fóssil dos nossos antepassados,


encontrado na Etiópia

Doc. 2 Vestígios dos nossos antepassados

2 – Cronologia da África Pré-Colonial

2
1
3 - OS REINOS AFRICANOS

África Subsaariana:
Inicialmente, o comércio era feito entre a África do Norte e a África
Subsaariana. Doc. 3 Antigamente era chamada de
África Negra. Corresponde à
As mercadorias eram realizadas através de caravanas que cortavam o parte do continente africano
Deserto do Saara e percorriam as rotas transaarianas. Doc. 4 que fica localizado ao sul do
deserto do Saara. É classificada
Eram os berberes que realizavam caravanas que cruzavam o deserto do de subsaariana porque fica ao
Saara e iam para diversas regiões da África Subsaariana e lá trocavam sul do Saara.
diversas mercadorias, como perfumes, alimentos, tecidos, sal e cavalos,
por ouro, marfim e escravos. A África Subsaariana é
considerada a região mais
Por volta do século XIV, os europeus invadiram o continente e passaram a pobre do mundo. Apresenta
promover as caravanas, escravizando pessoas e levando matérias-primas alta taxa de mortalidade
para a Europa. infantil, analfabetismo e a
esperança média de vida não
ultrapassa os 47 anos.

Caravanas - consistem em
Doc. 3 centenas ou milhares de
Mapa das duas Áfricas: África do Norte camelos que viajam pelo Saara
(África Branca) e África Subsaariana
do Norte de África para a África
(África Negra)
Subsaariana e voltam
novamente, numa viagem
perigosa que podia levar meses.

Doc. 4
Rotas comerciais transaarianas:
Uma caravana típica podia ter 500
camelos, mas algumas das
caravanas chegavam a ter 12000
camelos. As caravanas viajavam
no mínimo 1000 quilómetros para
atravessar o Deserto do Saara
com destino às várias tribos e Berberes - São habitantes do
reinos. Norte de África e viviam de uma
forma nómada. Usavam o
camelo como meio de
transporte de mercadorias, pois
este animal está muito
adaptado à vida no deserto.

3
1

3.1. Divisão dos Reinos e dos Impérios da África Antiga

No período da África Pré-Colonial, havia vários reinos e impérios


espalhados pelo continente: Doc. 5

África do Norte:
- Egito Antigo (3100 a. C. - 30 a.C.)
- Reino de Kush (c. 980 a.C. - 350 d.C.)
- Império Cartaginês (c. 814 a. C - 146 a. C.)
África Ocidental:
- Império de Gana (séc. 8 - 11)
- Império do Mali (séc. 13 - 18)
África Oriental:
- Reino de Axum (c.100 - c. 940)
- Império da Etiópia (1270-1975)
África do Sul:
- Reino Congo (1390 - 1914)
- Sultanato de Kilwa (séc. 10 - 13)
- Zulus (1740 – 1879)
- Reino do Zimbabué (1220 – 1450)

Doc. 5
Localização dos reinos africanos desde o
século VII a. C. a XV d.C.

EGITO ANTIGO

Na África do Norte, localizava-se o Egito Antigo – A civilização egípcia foi uma das civilizações mais fascinantes do
mundo. Com mais de três mil anos de duração, construíram cidades impressionantes e deixaram um legado nas
ciências, astronomia e arquitetura. As pirâmides serviam de túmulos para os antigos faraós. Doc. 6 Doc. 7

As pirâmides do Egito Máscara mortuária do faraó Tutankhamon


Doc. 6 Doc. 7

4
1

IMPÉRIO CARTAGINÊS

Também na África do Norte, situava-se o Império Cartaginês – Cartago foi criado com a união de várias
cidades do norte da África que faziam sombra ao Império Romano. Doc. 8

Representação artística da cidade de Cartago,


Doc. 8
no seu apogeu

IMPÉRIO DE GANA

Na África Ocidental, havia o Império de Gana, que se dedicava ao comércio de ouro com os reinos africanos
e cidades mediterrâneas. A partir daí os mercadores levavam o ouro para a Europa. Faziam esculturas em
ouro e ornamentos. Doc. 9

A prosperidade deste império termina devido ao esgotamento das minas.

Doc. 9 Escultura e adornos feitos em ouro, no reino de Gana

IMPÉRIO DO MALI

Também na África Ocidental, havia o Império do Mali,


que resultou de um cruzamento de caravanas que
vinham do Sul e traziam sal, ouro, especiarias e couro.
O império era imensamente rico.
Alguns monumentos estão relacionados com a religião
muçulmana, pois o imperador Mansa Musa era um
devoto religioso. Foi o imperador mais rico da história.
Doc. 10
Doc. 10 Mesquita de Djenné, em Mali
5
1

IMPÉRIO DA ETIÓPIA

Na África Oriental, situava-se o Império da Etiópia (de 1270 a 1975).


Este ocupou os territórios da Etiópia e da Eritreia. Foi o único império
Doc. 12
africano a resistir ao colonizador europeu. Mesmo os italianos jamais
conseguiram dominá-lo totalmente.

A Etiópia é considerada uma das áreas mais antigas de ocupação


humana do mundo, senão a maior, de acordo com algumas
descobertas científicas. Doc. 11
Doc. 11 Casa típica da Etiópia

REINO DO CONGO

No Sul da África, encontramos o Reino do Congo, que era o local onde hoje é o norte de Angola, o atual
Congo e uma parte do Gabão. O reino do Congo foi independente até o século XVIII, quando passou a
condição de vassalo de Portugal.

SULTANATO DE KILWA

No Sul de África, localizava-se o Sultanato de Kilwa (entre o século. X a XIII). Este território era habitado por
bantos (com a mesma língua materna em comum) que foram conquistados por muçulmanos. Dominou a costa
do sudoeste africano e suas principais cidades incluíam Mogadíscio, Mombassa e as ilhas de Pemba e Zamzibar,
entre outras.

ZULUS

Ainda no Sul de África, estavam os Zulus (de 1740 a 1879). O reino zulu
estava localizado nas terras onde estão África do Sul, Lesoto, Suazilândia,
Zimbábue e Moçambique. Foram os primeiros a perceber o perigo da
permanência do colonizador branco e lutaram contra os britânicos,
mas foram derrotados. Doc. 12

Doc. 12 Guerreiros Zulus

Já sabe?
1 – Por que razão se considera África o “berço da humanidade”?

2 – Caraterize a África Subsaariana.

3 – Quem eram os berberes? O que faziam?

4 – De que forma deixaram os egípcios marcas da sua presença em África?

5 – Diga o nome de reinos africanos da África antiga.

6 – Refira uma caraterística do reino do Gana e do reino do Mali.

6
1

4- GANA, MALI E CONGO – Reinos de riqueza e esplendor光辉

Iremos, de seguida, conhecer mais um pouco três impérios da África Antiga, do período pré-colonial:
- o Império Gana
- o Império do Mali
- e o Congo

O Império do Gana(8-11世纪)

O Império do Gana existiu entre os séculos VIII a XI. Tinha como principal
atividade o comércio de ouro.

Estava localizado entre o deserto do Saara e o rio Níger, muito para norte do
atual país chamado Gana (zona de Mali e Mauritânia). Doc.13

O nome do império passou a ser designado por "Gana" (que


significa "o senhor do ouro"), porque era o título do seu líder.

Dedicavam-se à comercialização do ouro, por isso era conhecida como


Localização do Reino
a ‘terra do ouro’. O material era utilizado em algumas transações Doc.13
de Gana
comerciais como dinheiro. Eles controlavam as rotas comerciais do
ouro na região do Saara. Doc. 14

A capital, Cumbi-Salé, tornou-se centro do comércio. Há relatos, por


exemplo de um escritor árabe, Al-Hamdani, que descreve o Gana antigo
como tendo as minas de ouro mais ricas da Terra.

“O rei [de Gana] adorna a si mesmo


como se fosse uma mulher, usando colares Reino de Gana,
no pescoço e pulseiras nos braços. Quando Doc. 14
o país do ouro
se senta diante do povo, coloca-se em um
lugar alto decorado com ouro e usando um
turbante de algodão fino (...). Há dez cavalos
cobertos com mantas bordadas a ouro. Atrás
do rei ficam dez pajens segurando escudos e
espadas decoradas com ouro.
À sua direita ficam os filhos dos vassalos do
país do rei, vestindo esplendidas roupas e
com os cabelos trançados em ouro. (...) Na
entrada do pavilhão estão os cães(...) que
usam ao redor de seus pescoços colares de
ouro e de prata enfeitados com sinos do
mesmo metal.
(...) A audiência é anunciada pela batida em
um longo cilindro oco que se chama “daba”.
Quando os povos que professam a mesma
religião se aproximam do rei, caem de
joelhos e polvilham suas cabeças com pó,
uma forma de mostrar respeito por ele.
Quanto aos muçulmanos, eles
cumprimentam-no somente batendo suas
mãos.”

Doc. 15 Rei do Gana em público, com grande luxo


(Al-Braki, Description de l’Afrique
septentrionale Século X.)
Doc. 14 O rei em público 1
1

O papel do rei

A noção概念 de rei e o seu poder perante在..前面/面对 o seu império era


“Gana” (...) era o título usado pelos reis (...).
diferente do que acontece atualmente. O rei tinha autoridade
Talvez o estado não tivesse nome sendo
e legitimidade devido a este ser o maior representante dos conhecido como os domínios de “gana”. (...)
costumes ancestrais祖先的 e o protetor dos ritos典礼 dedicados às O estado que hoje conhecemos pelo título de
entidades de culto祭拜. seu chefe não se fundava na soberania
Os reis nunca se renderam投降/屈服 totalmente ao Islamismo伊斯兰教, mas
territorial. Não era relevante, para a “gana”,
Mantinham boas relações com os muçulmanos. Doc. 16 a precisão dos limites, a extensão das terras
sob seu domínio, o comando dos espaços.
Nem muito menos, a imposição de uma
rígida estrutura governamental ou das
Economia do Gana
formas de cultura do grupo dominante sobre
os povos periféricos. O que importava era a
A economia era baseada na extração de recursos naturais quantidade de gente sob seu controle.
e na agricultura. Os principais produtos exportados eram
(...) As relações entre a “gana” e os seus
o ouro, a madeira e o cacau可可豆.
domínios eram grupais, pessoais, de
linhagens. Sua soberania exercia-se sobre os
O ouro não era o único mineral responsável pela riqueza homens e não sobre a terra. O monarca não
de Gana. Outros três minerais de grande importância estava interessado em ampliar o seu poder
explorados pelo reino foram o sal, o cobre e o ferro. pela adição de novos territórios, mas em
Também vendiam escravos (cativos de guerra战俘), em troca submeter números crescentes de cidade,
de tecidos e produtos acabados. aldeias e grupos humanos que lhe pagassem
tributos e lhe pudessem fornecer soldados
para a guerra, servidores para a corte,
Além disso, iam buscar dinheiro à tributação aplicada
lavradores para os campos reais.”
aos povos vencidos e aos que reconheciam a hegemonia统治权
do Gana e imposta aos produtos que circulavam nos (COSTA E SILVA: 2006, p.277)
domínios da sua influência.
Doc. 16 Noção de liderança dos reinos africanos

Declínio do Gana: ( esgotaram-se as minas, guerras internas, uma seca incomum e a perda do monopólio)

O período de esplendor do império do Gana situa-se após o ano de 790 e estende-se até à segunda metade
do século XI.
Com o tempo o comércio do ouro chegou ao fim, quando se esgotaram干涸/枯竭/耗尽 as minas.
O reino ficou enfraquecido变衰弱的 com guerras internas e uma seca incomum, que acabou com (destruir) a agricultura,
a perda
do monopólio垄断 das rotas comerciais.
Os muçulmanos (os Almorávidas) conquistassem a capital em 1076, o que significou o fim do Reino do Gana.

Já sabe?
1 – Onde se localizava o reino do Gana?

2 – O que significa “gana”? a terra de ouro

3 – Como é conhecido o reino do Gana? Porquê?

4 – De que forma via o rei o seu reino?国王如何看待他的王国


5 – Caraterize a economia do reino do Gana.

6 – Diga as razões que levaram ao declínio do reino do Gana.

2
1

O Império do Mali(13-15世纪)

O Império de Mali existiu entre o século XIII e o final do século XV,


aproximadamente. Era um reino islâmico伊斯兰教的王国.
Ficou com os domínios da antiga Gana. Doc. 17
Este império é considerado o mais rico no período que compreende包括 a
África Pré-colonial. Possuía muitas pedras preciosas宝石 e ouro.
Tinha como atividade económica o comércio de sal, ouro, pedras preciosas,
especiarias, marfim e escravos. Além disso era um centro de grande atividade
comercial.
Durante todo o ano, centenas de caravanas atravessavam o Saara
Ocidental para comercializar os seus produtos. Extensão do Império de Mali
Doc. 17 no século XIII ao XV

As trocas comerciais

Os produtos eram levados no dorso脊背 de camelos, conduzidos Tuaregues - são um povo semi-
pelos tuaregues, em caravanas que seguiam as rotas transaarianas. Eram nómada, de origem berbere. No
conhecidos como “cavaleiros do Mali”, armados com lanças e espadas de ferro, passado controlavam a rota das
de comercio,
protegiam pois havia muitos assaltos攻击/袭击.
as rotas
caravanas no deserto do Saara.
De volta ao império, os tuaregues traziam produtos valiosos como ferro, cobre,
tecidos, cavalos e artigos de luxo (louças, talheres e espadas decoradas). Ficam com a cara azul devido à
cor azul das vestes. Usam
também um turbante que cobre
todo o rosto, exceto os olhos.

Doc. 18 Tauregues

O rei Mansa Musa I

Musa Keita I ficou conhecido na história como Mansa Musa. “Mansa” significa “rei” e é referido nos relatos de
viajantes árabes como sendo extremamente rico. É considerado hoje em dia a pessoa mais rica da História. A fortuna
de Musa vem da quantidade de ouro do Mali, praticamente difícil de mensurar.
Foi um devoto muçulmano que governou o império de 1312 a 1337, 25 anos no poder.

Doc. 19
Mansa Musa retratado no Atlas Catalão de 1375 (um
dos mais importantes mapas da época), sentado no
seu trono com uma bola de ouro na mão.
O texto do mapa diz:
“Este senhor negro é chamado Muça Mali,
senhor dos negros da Guiné. Tão abundante
é o ouro que foi achado no seu país que ele é
o mais rico e nobre rei em toda a terra”.

1
1

Doc. 21 O imperador Mansa Musa liderou o Mali

O imperador Mansa Musa passeia Doc. 22 Tombuctu: um centro de comércio


Doc. 20
pelo seu reino acompanhado de um
numeroso séquito, no século XIV.

Conta-se que Mansa Musa na sua peregrinação à cidade


de Meca, sagrada para o povo muçulmano e um dos
deveres obrigatórios de um muçulmano, levou 12
toneladas de ouro e 60 mil homens.

As cidades Djenné e Tombuctu

As cidades de Mali possuíam mesquitas, bibliotecas e escolas para


o estudo do Corão, porque este reino era islâmico.

A grande Mesquita de Djenné, erguida em 1280, é o maior edifício


em adobe (argila misturada à palha e seca ao sol) do mundo. As
paredes grossas mantêm uma temperatura interior agradável
durante todo o dia, mesmo sob o sol abrasador de 40 graus. Doc. 22

Durante o Império, Tombuctu tornou-se um importante ponto de


Doc. 22 comércio transaariano, ligando o Mali ao norte africano e ao mar
Mediterrâneo. Mansa Musa urbanizou a cidade de Tombuctu,
construindo escolas, mesquitas, bibliotecas, museus e uma grande
universidade. Salienta-se a Mesquita de Djinguereber Doc. 23 e
a Universidade de Sankoré. Doc. 24

No apogeu do império, a cidade tornou-se


um centro irradiador da cultura afro-
islâmica e nela o comércio de textos
escritos eram muito procurados.

Doc. 23 Pela sua importância histórica e cultural, as


mesquitas de Tombuctu e Djenné foram
declaradas Património da Humanidade
pela UNESCO em 1988.
Doc. 24 2
1

Declínio de Mali

Enfraquecido e fragmentado, atacado pelo leste e oeste, Mali caiu sob o domínio de Songhai em 1470.
Nascia outro poderoso reino na África Ocidental.

Já sabe?
1 – Quando surgiu o império de Mali? E quando acabou?

2 – Quem são os tauregues? O que faziam?

3 – Quais os principais produtos que exportavam e que importavam?

4 – Quem foi Mansa Musa? O que ele fez?

5 – Descreva as cidades de Djenné e de Tombuctu.

6 – Comente a notícia abaixo e fale sobre a importância da cidade de Tombuctu para a História.

Atualidade

Tombuctu: A joia africana que está em risco de desaparecer

digam que a população sabe o valor do que ali tem.


Em Tombuctu, no Norte do Mali, o mito impera,
como sempre aconteceu. Sem se saber bem como
nem porquê, a História transformou-a numa cidade
especial. De uma pequena povoação perdida no
deserto do Saara, Tombuctu tornou-se a joia
africana, a cidade do ouro e a capital intelectual e
espiritual de África. Um oásis no Saara, que ao
longo dos séculos tem vindo a despertar a atenção
do mundo.
Mas entre histórias, mitos e mistérios, o que se vive
hoje na cidade é real. Ocupada há cerca de uma
semana pelos rebeldes tuaregues e por islamitas
infiltrados, o medo e a incerteza apoderaram-se de
Tombuctu. Em tempos de conflito, é preciso salvar
TOMBUCTU ESTÁ, HÁ CERCA DE UMA SEMANA, a História, e quem a conta é o seu património, agora
ameaçado.
OCUPADA POR REBELDES TUAREGUES E ISLAMITAS
Os confrontos no Mali já começaram há cerca de
INFILTRADOS duas semanas, mas foi com a luta a chegar a
Tombuctu que os receios cresceram e, consequen-
O património de Tombuctu, no Mali, pode estar em risco, temente, aumentou a pressão da comunidade
depois da ocupação pelos rebeldes. UNESCO lançou um internacional. Tombuctu (também chamada de
alerta e os especialistas estão apreensivos, embora Timbuktu) é cidade Património Mundial da
UNESCO desde 1988 e tem por isso de ser
protegida. (...)

https://www.publico.pt/ (adaptado)

3
1
O Império do Congo

Situado no Sul de África, o Reino do Congo existiu de 1390 a 1914.

Ocupava o sudoeste da África Central, território que hoje


corresponde a partes de Angola, do Congo e da República
Democrática do Congo. Doc. 25

Mbanza Congo era a capital do reino, onde aconteciam as decisões


políticas mais importantes. A cidade tinha já muitos habitantes no
início do século XVI. Tinha uma praça central, onde havia
julgamentos e ocorria a coroação dos reis. Foi a maior cidade da
África sub-equatorial.
Doc. 25 Localização de Congo
Foi em Mbanza Congo que os portugueses entraram em contacto
com esta diversificada civilização africana. Doc. 26

Doc. 27 7.º rei do Congo, Anzinga Ancua


e sua esposa Anzinga Anlaza.
Este rei foi o primeiro a tornar-se
cristão

Doc. 26 Receção do Rei do Congo aos Portugueses

Governo do Reino

Havia administradores locais vindos de antigas


famílias ou escolhidos pelo próprio rei. Era o
rei que liderava, o manicongo (que significa 7º rei de Congo:
“senhor do Congo”), e tinha o direito de Anzinga Ancua (Nzinga a Nkuwu; 1440 – 1506)
receber tributo de cada uma das províncias Manicongo do Reino de Congo: 1470 - 1506
dominadas. O rei do Congo aumentara os seus Foi batizado com o nome de João I a 3 de maio de 1491 por missionários
domínios, com a conquista de terrenos, portugueses. Devido ao seu interesse por Portugal e pela sua cultura, deu
casamentos estratégicos e cobrança de início a uma importante iniciativa cultural, em 1485, com a chegada
tributos. O Reino do Congo foi independente de Diogo Cão. Considerava ter mais poder e ajuda a impor o seu domínio.
até ao século XVIII, passando à condição de Foi o sétimo rei do Congo. Teve como esposa a rainha Anzinga Anlaza,
vassalo de Portugal. sua prima em primeiro grau. Tiveram um filho, Anzinga Umbemba, que
irá ascender a rei do Congo. Sob o seu reinado, a área do reino aumenta
para 100,000 km². 1
1

Economia
Produziam tecidos de ráfia (fibra extraída de uma palmeira),
fabricavam objetos de marfim, e cobre e recolhiam
zimbos (conchas pequenas). Estes zimbos eram utilizados
como moeda nas trocas comerciais.
Os camponeses cultivavam cereais e utilizavam instrumentos
de ferro no seu trabalho. Também criavam aves e cabritos.
Nas trocas comerciais levavam sal marinho, metais, cerâmica,
Zimbos - pequenas conchas ou búzios objetos de marfim, tecidos de fibra e joias de cobre.
extraídos das praias da Ilha de Luanda.
Eram apanhados por mulheres. As de
cor cinzenta eram consideradas de
maior valor. Serviam de moeda, como
Doc. 28
pagamento, no Reino do Congo. Mas
também tinham um valor simbólico: Esculturas do Congo
representava a fortuna, a riqueza,
afastava os maus olhados e era muito
utilizado em adornos. Cultura e as plantas medicinais
Doc. 29
Os habitantes do reino do Congo
Adornos africanos, com
utilizavam plantas e raízes para fins
zimbos
medicinais. Faziam incisões na pele para
introduzir medicamentos que os
imunizavam contra doenças, processo
parecido com a vacina atual. Usavam
argila para os banhos.

Doc. 30
Poderes medicinais da argila:
hidratação e beleza

Já sabe?

1 – Onde ficava localizado o Reino do Congo?

2 – O que significa ‘manicongo’?

3 – Por que razão o rei Anzinga Ancua se converteu a Cristianismo, ficando com o nome português de D. João I?

4 – Nas trocas comerciais, os habitantes já utilizavam um sistema de moeda como forma de pagamento. Como?

5 – Descreva o Reino do Congo em termos económicos.

2
2 Do antigo sistema colonial ao estabelecimento das colónias em África. A Conferência de Berlim.

INTRODUÇÃO
Depois da chegada dos Portugueses a África, houve muitas alterações nesse continente. Foram os
nativos do Reino do Congo que avistaram as caravelas portuguesas a aproximarem-se da sua terra,
pensando que eram deuses que vinham do mar com armas de fogo. Vinham em paz, mas muito iria
acontecer...

- que o continente africano foi cobiçado por inúmeros países?


- que a ocupação de África deixou marcas culturais que duram até à atualidade?

Fig. 1: Mapa de Cantino, 1502

Fig. 3: A Bússola

Fig. 5: A Caravela
Fig. 4: Uma Feitoria Quinhentista

Fig. 6: Mercado de Escravos

Fig. 7: O Astrolábio
2
Do antigo sistema colonial ao estabelecimento das colónias em
África.

1. As razões da conquista de Ceuta


A cidade de Ceuta
No dia 21 de agosto de 1415 as tropas portuguesas conquistaram Ceuta,
cidade islâmica no Norte de África, sob o comando de João I de Portugal, “A grande e excelente cidade
preparada em segredo e reuniu cerca de 20 000 homens de armas. Teve um de Ceuta é o princípio das
papel muito importante nas conquistas marítimas o Infante D. Henrique, terras de África, muito fértil de
especializado na arte de navegar. Doc. 3 pão, vinho, frutas, carnes,
variadas espécies de peixe e
Ceuta localiza-se no Norte de África, em Marrocos, fechando o Estreito de muitas outras dignas de
Gibraltar, ou seja, a passagem de este para oeste, entre o Mediterrâneo e o grande louvor.
Atlântico. E Ceuta foi tomada por força
de armas aos mouros por el-
As razões que levaram à conquista de Ceuta foram: rei D. João I.”
- era um importante centro de chegadas de rotas comerciais;
- havia especiarias, porcelana瓷器 e seda丝绸; Duarte Pacheco Pereira,
Esmeraldo de Situ Orbis, 1507
- era um ponto de chegada de ouro e cereais (trigo de Marrocos);
(adaptado)
- daí partiam piratas海盗 que atacavam a costa portuguesa.
Doc. 1 Doc. 2
Doc. 1 Descrição de Ceuta
Ceuta foi a primeira aquisição portuguesa em África, um local estratégico
para a exploração Atlântica que começava a ser efetuada.

Doc. 2 Importância comercial e geográfica de Ceuta no século XV

Infante D. Henrique
(1394 – 1460)

Filho do rei D. João I e de D. Filipa de Lencastre.


Ficou conhecido por “o Navegador”, mas foi-o de
terra firme. O seu epíteto advém da forma como
protegeu e instigou as primeiras viagens
expansionistas, ficando para sempre ligado a este
período da História de Portugal, sendo importante
a sua ação no Norte de África e no Atlântico.
2
Infante D. Henrique, um grande
Doc. 3
navegador Português
2
2. O fracasso de Ceuta e início da expansão marítima
Caravela: Um tipo de
A conquista de Ceuta não deu aos portugueses as riquezas esperadas, embarcação inventada pelos
porque: portugueses durante a era
- os muçulmanos desviaram as rotas comerciais para outras cidades de dos descobrimentos nos
África; séculos XV e XVI.
- os ataques frequentes à cidade dificultavam a chegada de cereais;
- e a defesa de Ceuta contra os ataques muçulmanos exigia grandes
despesas militares.

Não tendo conseguido as riquezas que esperavam de Ceuta, os Portugueses


decidiram seguir uma política diferente: a expansão marítima. Ou seja,
navegar o Atlântico à procura dos lugares de origem do ouro e das
especiarias.

A expansão marítima portuguesa começou através das conquistas na costa


da África e expandiu-se para os arquipélagos próximos. Experientes
pescadores, eles utilizaram pequenos barcos.
Mais tarde, desenvolveriam e construiriam as caravelas e naus a fim de
poderem ir mais longe com mais segurança. Doc. 4 Instrumentos de navegação

A precisão náutica foi favorecida pela bússola e o astrolábio, vindos da


China. A bússola já era utilizada pelos muçulmanos no século XII e tem
como finalidade apontar para o norte (ou para o sul). Por sua vez, o
astrolábio é utilizado para calcular as distâncias tomando como medida a
posição dos corpos celestes. Salientam-se outros instrumentos de
A Bússola O Astrolábio
navegação como o quadrante e a balestilha. Doc. 4

O Quadrante A Balestilha

O quadrante permitia determinar a distância entre o


ponto de partida e o lugar onde a embarcação se
encontrava, cujo cálculo se baseava na altura da
Estrela Polar. A função da balestilha era medir a altura
(em graus) que une o horizonte ao astro e, desta
forma, orientar o melhor sentido de orientação.
Doc. 5 Ceuta no século XV

Já sabe?
1 – Indique as razões que levaram à conquista de Ceuta.

2 – A partir do documento 2, indique:

a) As rotas comerciais que passavam/terminavam em Ceuta;


b) O nome do oceano e do mar separados pelo Estreito de Gibraltar;
c) O nome dos continentes envolvidos no comércio de Ceuta.

3 – Porque é que os portugueses decidem seguir uma política diferente: a expansão marítima?
3
4 – Indique os instrumentos que permitiram uma melhor navegação.

5 - De que forma vieram os camelos desenvolver o comércio?


2

2.1. A expansão marítima portuguesa e o périplo africano

Portugal estabeleceu-se na África, mas não foi possível intercetar as caravanas


carregadas de escravos, ouro, pimenta, marfim, que paravam em Ceuta. Os árabes Périplo africano:
procuraram outras rotas e os portugueses foram obrigados a procurar novos Estratégia dos portugueses
caminhos para obter as mercadorias que tanto aspiravam.
do século V e VI que
consistia em dar a volta
Na tentativa de chegar à Índia, os navegadores portugueses foram contornando
pelo sul de África para
África e estabelecendo-se na costa deste continente. Criaram feitorias, fortes, portos
viajar em direção ao
e pontos para negociação com os nativos.
Oriente (Índias).
A essas navegações deu-se o nome de périplo africano e tinham o objetivo de obter
lucro através do comércio. Não havia o interesse em colonizar ou organizar a
produção de algum produto nos locais explorados.

Entre 1497 e 1498, Vasco da Gama completou o périplo africano, com a descoberta
do caminho marítimo para a Índia.

Doc. 6 Viagens de exploração e conquista até 1474

As consequências do Périplo Africano foram:

▪ a ocupação dos territórios de Cabo Verde, Açores e Madeira;


▪ a exploração das regiões do continente africano;
▪ o estabelecimento de feitorias;
▪ o comércio com o Oriente.
Doc. 7 O Padrão dos Descobrimentos (Lisboa)
4
2
2.2. O périplo africano e a descoberta do caminho marítimo para
a Índia de Vasco da Gama

D. João II tornou-se rei em 1481. No ano seguinte mandou construir uma


fortaleza para proteger São Jorge da Mina. Durante o seu reinado, o
objetivo principal da expansão portuguesa foi a tentativa de descobrir um
caminho marítimo para a Índia.

Para chegar à Índia por mar, era preciso encontrar uma passagem entre o
Atlântico e o Índico, ou seja, o “fim” de África.

Às ordens de D. João II, o navegador Diogo Cão realizou entre 1482 e 1486
duas viagens de reconhecimento da costa sudoeste africana.

Em 1488 Bartolomeu Dias dobrou o Cabo da Boa Esperança no sul de


África. Provava-se a ligação entre o Atlântico e o Índico e a possibilidade
de chegar à Índia por mar. Doc. 8
Viagens de exploração e conquista até 1488
D. João II morreu em 1495, sem concretizar o seu sonho. Foi sucedido pelo
primo, D. Manuel I.
O novo rei deu a Vasco da Gama a missão de navegar até à Índia. Nesta
expedição, utilizou-se um novo tipo de navio: a nau.

Vasco da Gama chega a Calecute em 1498. Regressa a Lisboa, trazendo


consigo produtos indianos.

A partir dessa data, os reis portugueses passam a enviar quase todos os


anos expedições para a Índia para fazerem comércio. Este trajeto ficou
conhecido como a Carreira da Índia.
Doc. 9 O Cabo da Boa Esperança

Vasco da Gama (1469 – 1524)


Rota da viagem de Vasco da
Doc. 10 Foi um navegador e explorador
Gama à Índia, 1498
português. Na Era dos Descobrimentos,
destacou-se por ter sido o comandante dos
Doc. 11 primeiros navios a navegar a Europa à Índia,
Vasco da Gama chegou à na mais longa viagem oceânica até então
Índia em 1498 realizada. No fim da vida foi, por um breve
período, Vice-Rei da Índia. 5
Doc. 12 A nau
2

Chegada à Índia: encontro entre indianos e Vasco da Gama avista


Doc. 13 portugueses Doc. 14
Calecute

A chegada à Índia

“Vasco da Gama, nobre da vossa casa, veio à


minha terra, com o que eu folguei. Em minha
terra há muita canela, muito cravo, gengibre
e pimenta; e muitas pedras preciosas. E o
que eu quero da tua terra é ouro e prata,
coral e tecidos escarlates.”

SAMORIM DE CALECUTE (governante da cidade),


Carta para El-Rei D. Manuel I, (adaptado)

Vasco da Gama, o homem que deu início


Carta do Samorim de Calecute Doc. 16 à globalização
Doc. 15

Já sabe?
1 – O que é o périplo africano?

2 – Descreva os feitos do Infante D. Henrique, Diogo Cão, Bartolomeu Dias e Vasco da Gama.

3 – Qual a diferença ente caravela e nau?

4 – O que é a Carreira da Índia?

5 – Como é que os portugueses foram recebidos em Calecute?

2.3. Os Portugueses e a exploração em África


Os portugueses não tentaram colonizar a costa africana, porque já eram zonas habitadas. O
clima era muito rigoroso (quente e húmido) e as doenças (malária, doença do sono) eram
implacáveis.

O principal objetivo era a exploração dos recursos naturais e humanos que havia em África.

Apenas criaram feitorias e fortalezas junto à costa para contactos comerciais. As mais
importantes foram Arguim, São Jorge da Mina, Ilha de Moçambique e Melinde.

6
2
Ainda em vida do Infante D. Henrique (1394-1460), a exploração da costa africana Feitoria: edifício ou
começou a dar lucro como o comércio de escravos, motivo pelo qual a Coroa povoações com fins
portuguesa empreendeu a construção de feitorias no local. comerciais criadas por
povos europeus em
território estrangeiro,
adaptadas às tomadas de
posse coloniais. As
feitorias portuguesas,
para além de
supervisionar as relações
entre marinheiros,
mercadores e
portugueses,
centralizavam ainda a
cobrança de taxas de
Doc. 17 Fortaleza de Arguim - 1445
navegação e impostos a
navios.

A fortaleza de São Jorge da Mina foi


construída em Portugal e as pedras das
muralhas e torres foram numeradas,
antes de seguirem a bordo de
caravelas para África. Assim chegados
os materiais à Mina, foram
rapidamente montados, evitando
ataques dos povos locais.

Doc. 18 A feitoria-fortaleza de São Jorge da Mina - 1469

A primeira foi a feitoria de Arguim, fundada em 1445, construída


sob as instruções do próprio Infante D. Henrique.

Visava atrair as rotas próximas percorridas pelos muçulmanos no


norte de África.
Tentava-se desta forma implementar um mercado para
monopolizar a atividade comercial da zona.

Pouco depois exploração da costa da Guiné, na forma de


monopólio comercial, em 1469 alcançou-se a região da Mina. Por
essa razão, aquele trecho do litoral passou a ser designado
como Costa do Ouro.

Doc. 19 Localização da Feitoria de Arguim

7
2
2.3.1. A escravatura
Na época dos Descobrimentos, a escravatura era aceite, não sendo considerada Crítica à escravatura
como cruel. Os escravos eram a principal mão de obra para os trabalhos mais
pesados: agricultura, extração mineira, plantações e tarefas domésticas. “Não se admite, nem a
inteligência humana aceita,
Eram capturados, sobretudo, no continente africano (Guiné e Congo). Alguns iam que jamais houvesse no
para Portugal, mas a maior parte seguia para o Brasil. As condições de transporte Mundo venda pública de
eram desumanas. homens livres e pacíficos,
como quem compra e vende
animais, bois ou cavalos e
semelhantes. Assim os
conduzem, trazem e levam e
escolhem com tanto desprezo
e violência como faz o
magarefe [aquele que abate
o animal] ao gado no curral.”

Padre Fernando de Oliveira, Arte


de Guerra no Mar, século XVI
(adaptado)

Doc. 20 Barco negreiro - condições desumanas no transporte de escravos

Os escravos eram vistos como objetos, sendo transportados sem quaisquer


condições, nos porões de navio construídos especialmente para o seu transporte
(barcos negreiros). Iam acorrentados. Se o navio se afundasse, ninguém os
libertava das correntes.

Muitos morriam durante a viagem de fome, sede e doença.

Castelo de São Jorge da Mina, como


Doc. 21 Esboço de um navio para transportar escravos Doc. 22
depósito de escravos

Já sabe?
1 – Para que serviam as feitorias?

~ 2 – Refira três feitorias portuguesas em território africano.


3 – A partir do documento 19, explique a posição estratégica da feitoria de Arguim.

4 – Distinga a escravatura do reino do Gana e a escravatura exercida pelos portugueses a partir do séc. XV.
8
2
3. Exploração de África nos séculos XVII, XVIII e XIX
O processo de ocupação territorial, exploração económica e domínio
político do continente africano por potências europeias teve início
no século XV e estende-se até a metade do século XX.

A ocupação inicial dos portugueses em África deve-se sobretudo a


motivos económicos: exploração dos recursos naturais e comércio de
escravos. Não houve necessidade de os portugueses se instalarem em
território africano.

Nos séculos seguintes europeus invadiram a África.


Através de trocas com alguns chefes locais, os europeus foram capazes Doc. 23 A escravatura intensifica-se
de sequestrar milhões de africanos e de os exportar para vários pontos
do mundo como a escravos. Doc. 23

No princípio do século XIX, com a expansão


do capitalismo industrial, começa no continente
africano o neocolonialismo. As potências
europeias desenvolveram uma "corrida à África"
massiva e ocuparam a maior parte do continente,
criando muitas colónias. Doc. 24

Entre outras características, é marcado pelo


aparecimento de novas potências concorrentes,
como a Alemanha, a Bélgica e a Itália.

Doc. 24 Exploração de África

Doc. 25 Comparação da divisão política do Continente Africano em 1880 e 1913

9
2
4. A Conferência de Berlim, 1884 e 1885
Os países industriais europeus como Inglaterra, França e o Império Alemão,
interessaram-se pelo continente africano no século XIX.

Para isso, mobilizaram um grande número de pessoas e recursos a fim de garantir o


seu domínio em África. Estava-se a travar uma grande disputa de territórios.
Otto von Bismarck
Para pôr fim a esse desentendimento realizou-se a Conferência de Berlim. (1815-1898)
Foi chanceler da Alemanha,
A Conferência de Berlim foi uma reunião entre países para dividir o continente estadista importante do
africano. Foi realizada entre novembro de 1884 e fevereiro de 1885, na Alemanha. século XIX. Coube a ele
Foi presidida pelo Chanceler alemão Otto von Bismarck. As negociações eram lançar as bases do Segundo
secretas, como era habitual naquele tempo. Doc. 26 Império, ou 2º Reich (1871-
1918), que levou os países
germânicos a conhecer pela
primeira vez na sua história
a existência de um Estado
nacional único.
Otto von Bismarck,
Doc. 26
Chanceler alemão

Caricatura da Conferência
Doc. 27
de Berlim

Aspeto da Conferência de Berlim com o grande mapa da África à esquerda e


Bismarck sentado ao centro

Estiveram presentes as nações imperialistas do século XIX: Estados Unidos,


Rússia, Grã-Bretanha, Dinamarca, Portugal, Espanha, França, Bélgica, Holanda,
Itália, Império Alemão, Suécia, Noruega, Império Austro-Húngaro e Império
Turco-Otomano.

Alguns países participantes não possuíam colónias na África, como o império


Alemão, Império Turco-Otomano e Estados Unidos. No entanto, cada um deles
tinha interesse em obter um pedaço do território africano ou garantir tratados de
comércio.

Caricatura da Conferência
Doc. 28
de Berlim
10
2
Oficialmente, a reunião servia para garantir a livre circulação e comércio e o
compromisso de lutar pelo fim da escravidão no continente.

Mas, a ideia era resolver conflitos que estavam a surgir entre alguns países pela
posse africana e dividir amistosamente os territórios conquistados entre as
potências mundiais.

Todos tinham interesse em adquirir a maior parte de territórios, visto que a África
é um continente rico em matérias-primas.

Embora os objetivos tenham sido alcançados, a Conferência de Berlim, gerou


diversos atritos e conflitos entre os países participantes. Havia vários interesses,
por exemplo:

A França disputava com a Inglaterra a supremacia colonial tanto na África quanto


na Ásia. Por isso, as duas nações competiam por ter a maior quantidade possível
de território no continente africano. A Inglaterra e a França foram negociando
tratados com os chefes tribais ao longo do século XIX e usou este argumento para
garantir territórios no continente africano.

Essa técnica era usada por todos as nações que ocuparam a África. Os europeus
aliavam-se a certas tribos e ajudavam-nas a combater os seus inimigos
promovendo guerras.

4.1. Consequências da Conferência de Berlim


Como consequência, o território africano foi dividido entre os países
integrantes:

Doc. 29 Imagens de África

Grã-Bretanha: as colónias atravessavam todo o


continente e ocupou terras desde o norte com o Egito
até o sul, com a África do Sul.
França: ocupou basicamente o norte da África, a costa
ocidental e ilhas no Oceano Índico.
Portugal: manteve suas colónias como Cabo Verde, São
Tomé e Príncipe, Guiné, e as regiões de Angola e
Moçambique.
Espanha: continuou com suas colónias no norte da
África e na costa ocidental africana.
Alemanha: conseguiu território na costa Atlântica, atuais
Camarões e Namíbia e na costa Índica, a Tanzânia.
Itália: invadiu a Somália e Eriteia. Tentou estabelecer-se
na Etiópia, mas foi derrotada.
Bélgica: ocupou o centro do continente, na área
correspondente ao Congo e Ruanda.

Doc. 30 Mapa da África após a Conferência de Berlim


11
2

Já sabe?

1 – Em relação à Conferência de Berlim, refira:

a) quando decorreu;

b) quem a presidiu;

c) razões dessa conferência;

d) consequências dessa conferência.

2 – Observe os documentos 27 e 28. Explique o que se pretende criticar.

3 – No documento 30, indique os países que ficaram com uma maior fatia do continente africano e dê a sua opinião
sobre essa distribuição.

Mapa da África de 1886 – ano seguinte ao encerramento da Conferência de Berlim – com a delimitação
Doc. 31 das possessões europeias – a maioria delas no litoral africano

12
2
APÊNDICE: A Feitoria / Fortaleza de São Jorge da Mina

Localização

O Castelo de São Jorge da Mina, também designado por


Castelo da Mina, Feitoria da Mina, e posteriormente por
Fortaleza de São Jorge da Mina, Fortaleza da Mina, ou
simplesmente "Mina", localiza-se na atual cidade de
Elmina, no Gana, no litoral da África Ocidental. Após a
sua ocupação pelos holandeses em 1637, o seu nome
passou a figurar na cartografia apenas como Elmina.

Doc. 1 Localização da Feitoria da Mina – atual Gana

A feitoria da Mina sucedeu, em importância militar e


económica, à Feitoria de Arguim. É considerada a mais antiga
fortificação europeia ao Sul do deserto do Saara.

A feitoria a Mina teve a função inicial de assegurar a soberania


e o comércio de Portugal, constituindo o principal
estabelecimento na costa africana, fonte da riqueza que
alimentou a economia do país até se iniciar o Carreira da Índia,
após 1498.

Posteriormente, com o incremento do tráfico Atlântico de


escravos, a feitoria da Mina readquiriu importância como
entreposto onde os cativos eram mantidos a aguardar o seu
transporte para o Brasil.
2

Doc. 2 e 3 Comércio Portugal - Feitorias africanas

Doc. 4
O comércio português na costa africana
3
A política colonial do “Estado Novo”. As “Províncias Ultramarinas”.

INTRODUÇÃO
Iremos compreender como o Estado Novo funcionava em Portugal e como a figura de António Oliveira
Salazar teve impacto na história de Portugal, tanto a nível continental como a nível colonial.

- que Oliveira Salazar foi um ditador que teve bastante impacto na História de Portugal?
- que Salazar não queria perder as colónias africanas e arranjou uma estratégia para disfarçar a
situação?

Fig.1: Capa de caderno para rapazes, com publicidade à Mocidade Portuguesa

Fig. 4: A censura
(lápis azul)

Fig.2: Cartaz para aprovação da Fig. 3: Propaganda política: Fig. 5: Mocidade Portuguesa1
Constituição 1933 Salazar como salvador da pátria
3
A política colonial do “Estado Novo”. As “Províncias Ultramarinas”.
Cronologia

1926 1928 1932 1933 1958 1961 1968 1970


Golpe militar Oliveira Oliveira Constituição Candidatura Início da Marcelo Morre
de 28 de Salazar é Salazar de 1933 – do general guerra Caetano Oliveira
maio – início chamado assume a início do Humberto colonial substituiu Salazar
da ditadura para presidência do período do Delgado à Salazar à
militar ministro e Conselho de Estado Novo Presidência frente do
ocupa a Ministros da Governo
pasta das (Primeiro- República
finanças Ministro)

1. Salazar e o Estado Novo


1.1. De ministro das Finanças a chefe do Governo
A situação económica de Portugal estava grave e era preciso uma intervenção
rápida e eficaz.
Em 1928, o Presidente da República, Óscar Carmona, convidou António de
Oliveira Salazar para ministro das finanças. Salazar aceitou o convite, mas exigiu
o controlo sobre as despesas de todos os ministérios. Doc. 1

Óscar Carmona

Doc. 1 Tomada de posse de Salazar

António de Oliveira
Salazar, como ministro das Finanças, tomou medidas com o objetivo de Salazar
recuperar o País da crise em que se encontrava. (1889 – 1970)
Dessas medidas, destacam-se as seguintes: Foi um ditador português.
Além de chefiar diversos
- aumentou os impostos, para garantir mais dinheiro para o Estado; ministérios, foi presidente
- diminuiu as despesas com a saúde, educação e assistência social; do Conselho de Ministros do
- efetuou cortes nos salários dos funcionários públicos; governo ditatorial do Estado
Novo e professor catedrático
- incentivou as exportações.
de Economia Política, Ciência
das Finanças e Economia
Social da Universidade de
Coimbra.

2
3

Em apenas um ano, com a aplicação destas medidas, Portugal conseguiu


aumentar as reservas de ouro e reter mais dinheiro do que aquele que
gastava.
A redução da dívida aos países estrangeiros e o saldo positivo das contas
públicas proporcionou a Salazar uma grande popularidade entre os
portugueses.

Em 1932, António Oliveira Salazar foi nomeado presidente do Conselho


de Ministros (Chefe do Governo), cargo que ocupou durante 36 anos.

1.2. A política de obras públicas


Com as contas públicas estabilizadas, era necessário criar postos de
trabalho para promover o desenvolvimento do país. Utilizando parte das
receitas de ouro do Estado, Salazar promoveu a construção de grandes
obras públicas.

Áreas Construções
Comunicações - Novas estradas e pontes

Energia - Novas barragens hidroelétricas Hospital S. João

Educação e - Novas escolas e faculdades


Cultura
- Novos edifícios dos correios, bibliotecas e o
Estádio Nacional do Jamor

Justiça e Saúde - Novos tribunais e hospitais

Inauguração da Ponte de Salazar


As grandes obras públicas criaram emprego, desenvolveram e (a Ponte 25 de Abril)
modernizaram o país.

1.3. A Constituição de 1933 e o Estado Novo


Em 1933, um ano após a chegada de Salazar ao Governo, foi aprovada uma Estado Novo (1933-1974):
nova Constituição. Com ela surgiu uma organização de poderes que deu
foi o regime político ditatorial,
origem à expressão “Estado Novo”. autoritário e autocrata de
Estado que vigorou em
Com a aprovação da Constituição de 1933,
Portugal durante 41 anos
Salazar passou a controlar todos os ininterruptos, desde a
ministérios e governar Portugal de uma aprovação da Constituição
forma autoritária e ditatorial. portuguesa de 1933 até ao
seu derrube pela Revolução
de 25 de Abril de 1974.

Cartaz para aprovação


da Constituição 1933
3
3

1.4. Difusão dos ideais do Estado Novo – a ação da propaganda


O Estado Novo utilizou um sistema organizado de propaganda, para formar
uma sociedade obediente. Os portugueses deveriam defender e viver de
acordo com os valores de “Deus, Pátria e Família” e considerar o chefe do
Governo como o “Salvador da Pátria”.

Valores do Estado Novo:


Os portugueses deviam ser católicos,
trabalhadores, obedientes e
disciplinados; deviam ser orgulhosos
da sua história; os homens eram
chefes de família; as mulheres
dedicavam-se às tarefas domésticas.

Os valores da sociedade do Estado Novo: “Deus, Pátria e Família”

O governo de Salazar utilizou um forte sistema de propaganda, cuja


intervenção se fazia sentir em áreas consideradas fundamentais para o país.
Pretendia garantir o reconhecimento dos outros países do Mundo e
aumentar o apoio da população portuguesa.

Estado Novo: Educar os portugueses a


aproveitar todos os recursos da terra

Salazar como o “Salvador da Pátria”

4
3
Capas de cadernos e livros do Estado Novo (Escola Ideológica)

A propaganda estendia-se por várias áreas:

- com a influência sobre a opinião pública (cartazes, filmes de


propaganda);
- na organização de imponentes exposições;
- no ensino (controlo rigoroso dos programas escolares).

Os livros escolares das crianças eram escolhidos pelo Estado Novo.


As crianças aprendiam através dos livros, mas também lhes eram
transmitidos os valores defendidos pelo Estado, com o objetivo de
elogiar a ação do Governo.

As escolas separavam os rapazes e as raparigas. Tinha a duração de


quatro anos. O ensino era gratuito. O programa de História era
fundamental para mostrar os heróis de Portugal.
Os grandes mapas pendurados nas salas de aula, pretendiam
demonstrar as dimensões do País e do Império.

A Mocidade Portuguesa (1936)

A Mocidade Portuguesa era obrigatória, nela participavam jovens dos


7 aos 14 anos. Tinha como objetivo formar as camadas mais novas numa
lógica de obediência ao Estado Novo e ao dever militar.

A Mocidade Portuguesa:
Saudação e vestes

5
3
1.5. Mecanismos de repressão do Estado Novo
O Estado Novo manteve e aperfeiçoou algumas formas de repressão da Ditadura
Militar.

A censura vigiava com atenção a imprensa (jornais, revistas, folhetos e


Censura: Forma de limitar
cartazes). Assuntos ou palavras que, de alguma forma, criticassem o regime
a liberdade de expressão e
político não chegava a ser publicados. Também a rádio, o teatro e o cinema eram
do conhecimento exercida
alvo da ação da Censura. Alguns escritores viram os seus livros apreendidos.
por um regime ditatorial.

O "lápis azul" foi o símbolo da censura e da época da ditadura portuguesa do


século XX. Os censores do Estado Novo usavam um lápis de cor azul nos cortes
de qualquer texto, imagem ou desenho a publicar na imprensa.

Textos censurados

A PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado) – Polícia política foi criada


em 1936 e no ano de 1945. Era um conjunto de inspetores que, com a ajuda de
informadores secretos, perseguiam e prendiam todas as pessoas que
criticassem ou fossem considerados opositores ao regime.

As prisões políticas – os condenados por crimes de oposição ao Governo eram


enviados para prisões como a Cadeia do Aljube, em Lisboa, os Fortes de
Peniche e Caxias e a Colónia Penal do Tarrafal em Cabo Verde, onde eram
interrogados e torturados.

Presos Políticos: Tortura

“Quando o preso era posto nas salas de


interrogatório [...] era submetido à
posição de estátua durante longas horas
[...]. Quando se deixava cair, os pontapés
atingiam-no em todas as partes do corpo.
De vez em quando, os agentes pegavam
na cabeça do preso e batiam-na como
fosse madeira contra a parede.”

Arquivo da PIDE/DGS
(adaptado)

Mário Soares como prisioneiro político

6
3

Condições de vida no Tarrafal

“Durante anos os nossos dormitórios


não tiveram luz; a alimentação era
intragável. Trabalhávamos em
pedreiras próximas, sob um sol
escaldante. Os castigados eram
mantidos numa das duas celas de
bloco de cimento a pão e água. Eram
Campo de Concentração do Tarrafal (Cabo Verde), criado
celas quentes como fornalhas,
em 1936. Conhecido por “Campo de Morte Lenta”, devido
conhecias, amargamente como as
às suas condições desumanas.
‘frigideiras’.”

Panfleto anónimo de um prisioneiro,


Tarrafal – Campo da Morte Lenta

Prisioneiros políticos no Tarrafal

Já sabe?
1 – Quem foi António de Oliveira Salazar?
2 – Por que nome ficou conhecida a sua política governamental? Caracterize-a.
3 – Através de que meios conseguiu António Oliveira Salazar impor a sua política governamental?
3.1 – Que papel teve a propaganda?
3.2 – O que foi a Mocidade Portuguesa?
3.3 – O que simboliza o “lápis azul”?
3.3 – O que é a PIDE? O que acontecia às pessoas que criticassem ou fossem considerados opositores ao regime?

7
3

2. A política colonial do “Estado Novo”

Nos anos 20, Portugal estava às portas de uma grave crise devido à 1.ª Guerra
Mundial, por outro lado o Brasil já não ser mais uma colónia portuguesa, de onde
vinha grande riqueza.

A criação de um novo império português na África foi assim a solução encontrada por
António de Oliveira Salazar.
Ato Colonial – Foi uma lei
Em 1930, Salazar decretou o Ato Colonial. Esta lei definia o conjunto de territórios constitucional que definiu as
ocupados como “império” e tinha como objetivo fomentar o desenvolvimento formas de relacionamento entre
económico das colónias em África. a metrópole e as colónias
portuguesas. Foi aprovado em
Para isso foi incentivada a emigração de portugueses para as colónias em África 1930, durante a Ditadura
onde pudessem amealhar dinheiro, e tomar o lugar das riquezas atlânticas que, Nacional.
entretanto, se tinham perdido.

As colónias africanas
de domínio português

Fotografias de África e ocupação portuguesa


3
O novo sistema colonial é designado por “Neocolonialismo”, porque a exploração
das colónias é feita com a presença dos portugueses no local, residindo o
colonizador na colónia.

Antigo sistema colonial Novo sistema colonial

Século XV ao século XIX Século XX


Predominou na América Predominou em África e Ásia
Lucros com controlo do comércio Lucros pelo investimento na
colónia
A exploração altera significativamente o A exploração desenvolve o
modo de produção da colónia. capitalismo na colónia.

A primeira fase do colonialismo implicou a utilização de mão de obra


escrava em pesados trabalhos agrícolas, nomeadamente em plantações, na
produção de algodão, milho, café, cacau, chá, cana-de-açúcar, amendoim e
em minas de forma desumana. As mulheres negras desempenhavam um
papel diferente: trabalhavam nas culturas domésticas e criavam futuros
trabalhadores coloniais.

No neocolonialismo, as políticas coloniais mudaram radicalmente. Muitos


emigrantes portugueses foram para África portuguesa, porque na Europa havia
pobreza e em África havia a possibilidade uma vida melhor.
As colónias não eram agora vistas como locais de escravatura.

O desenvolvimento das colónias favoreceu o crescimento das cidades, em especial


das capitais das colónias, onde se desenvolveram pequenas indústrias e o setor
dos serviços, construindo-se estradas, pontes, igrejas e casas.
3

No entanto, os portugueses em África viam-se como superiores aos nativos.


O crescimento económico não acabou com as diferenças sociais e étnicas.

Os nativos eram agrupados em indígenas ou “assimilados”. Os assimilados eram


convertidos à fé católica e aceitavam os hábitos portugueses, adquirindo
privilégios dos colonizadores.

De uma forma geral, os indígenas não tinham virtualmente nenhuns direitos civis,
ou jurídicos, nem cidadania.
Para a passagem para “assimilados” era necessário demonstrar um conjunto de
requisitos que os indígenas (98% dos nativos eram não cidadãos) teriam de
alcançar para obter o estatuto de "assimilado" (perto de 1%). Só depois poderiam
usufruir de direitos que estavam vedados aos indígenas não assimilados (como por
exemplo, saber ler e escrever, vestirem e professarem a mesma religião que os
portugueses e manterem padrões de vida e costumes semelhantes aos europeus).

Esta situação levou a um descontentamento dos povos indígenas e começaram a


surgir movimentos de revolta. Os povos locais começavam a questionar o direito
de os portugueses terem colónias imperiais na sua terra.

3. As “Províncias Ultramarinas”

A ONU foi fundada em 1945, após a II Guerra Mundial.

A ONU, após ser fundada, começou a exigir que as colónias fossem


restituídas aos povos locais, aos seus verdadeiros donos, para que fossem
cumpridos os direitos humanos.

Cerca de 750 milhões de pessoas (quase um terço da população mundial)


vivia em territórios colonizados. Hoje, menos de 2 milhões de pessoas
vivem sob o domínio colonial nos 17 territórios autónomos existentes.
Organização das Nações Unidas
A onda de descolonização, que mudou a face do planeta, nasceu com a (ONU) ou Nações Unidas - É uma
ONU e representa o seu primeiro grande sucesso como Organização organização intergovernamental
Mundial. criada para promover a cooperação
As grande potências mundiais (Inglaterra, França, Alemanha, …) internacional. Foi fundada a 24 de
outubro de 1945, após finais da II
começaram com o processo de descolonização, dando independência às
Guerra Mundial, com a intenção de
colónias do Médio Oriente e do Sudeste da Ásia e da África.
impedir outro conflito como aquele.
Os seus objetivos são: manter a
segurança e a paz mundial,
promover os direitos humanos,
auxiliar no desenvolvimento
económico e no progresso social,
promover o meio ambiente e
promover ajuda humanitária.
3
A ONU também começou a pressionar Portugal para dar independência às
suas colónias.

Salazar, quis fazer a descolonização Em vez disso, optou por revogar o Ato
Colonial e substituir os conceitos «colónia» por «província ultramarina» e
«império» por «Ultramar Português» na Constituição, criando a ideia de que
Portugal era um «Estado pluricontinental e multirracial», cujo território
estava espalhado acidentalmente pelo globo.

O império de Salazar

Assim, uma “província ultramarina” era uma divisão administrativa criada


pelo Estado Novo Português e atribuída por este às colónias portuguesas,
nomeadamente no continente africano: a Angola, Guiné-Bissau,
Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde.

Transcrição: “Homens e mulheres de


várias raças, cores e credos, vivendo em
harmonia, em igualdade perante a lei e
a sombra da bandeira comum que
estremecem: a de Portugal, os tantos –
de tantas raças e cores – que, em cinco
séculos de história, caíram pela pátria
para que fosse, atestam que assim é.”

Cartaz do Estado Novo, 1961

Já sabe?
1 – Por que razões Portugal começou a dedicar-se às colónias de África?

2 – Em que consiste o “Ato Colonial”?

3 – Distinga “Colonialismo” de “Neocolonialismo”?

5 – Qual era o estatuto dos nativos em África?

6 – Com que propósito surge a ONU? O que pretendeu fazer?

7 – O que foram as “Províncias Ultramarinas”? Porquê esse nome?


4
Movimentos de Libertação e Guerra Colonial.

INTRODUÇÃO
Nestas aulas irá compreender como os povos locais e indígenas conseguiram recuperar o seu território
que fora tomado indevidamente pelos europeus.

- que a guerra entre as colónias portuguesas e Portugal durou mais do que uma década?
- que a ONU acelerou a independência das colónias e só Portugal não queria libertar as suas
colónias? 殖民地
- que os povos africanos tiveram muitas guerras civis porque não se respeitou as suas culturas,
durante o colonialismo?

Fig.1: África e a sua libertação colonial

Fig. 2: Página de jornal


– Guerra Colonial

Fig. 5: Guerrilha africana

Fig. 3: Propaganda
contra partido africano

Fig. 6: Soldados portugueses

Fig.7: Soldados longe da família

Fig. 4: Convencer africanos ir


1
para o exército Português.
4
Movimentos de Libertação e Guerra Colonial.
Cronologia年表

1955 1961 1963 1964 1974


Conferência de Guerra Colonial Guerra Colonial Guerra colonial Revolução
Bandung (Começa em Angola) (Começa na Guiné) (Começa em 25 de Abril e
Moçambique) fim da Guerra Colonial

1. Os movimentos de libertação
Conferência de Bandung
(1955) - Foi uma reunião de
29 países asiáticos e
Após a II Guerra Mundial (1939-1945), a ONU passou a pressionar as potências africanos, em Bandung
imperialistas帝国主义的 para porem fim à colonização. (Indonésia) entre 18 a 24 de
Na África e na Ásia, as colónias portuguesas queriam a independência. abril de 1955. Tinha o
objetivo de mapear o futuro
Decidiram lutar por isso e começaram a exigir a autodeterminação.
de uma nova força política
Um marco decisivo no arranque de movimento de libertação foi a global (Terceiro Mundo),
Conferência de Bandung (1955). A independência foi chegando a partir visando a promoção da
dessa altura. cooperação económica e
cultural afro-asiática, como
forma de oposição ao que era
mas… considerado o
neocolonialismo.
Até à década de 1960, o Governo português controlava as colónias e proibia
qualquer tipo de autonomia às populações.
A revolta dos povos africanos contra a ocupação portuguesa foi crescendo
lentamente, mas até 1961 não houve grandes problemas.
Por essa altura já a França, a Bélgica e a Alemanha tinham reconhecido a
independência às suas colónias.
Salazar continuava a negar否认/拒绝 o direito de independência às colónias
portuguesas.

A perda da Índia
Em dezembro de 1961, a União Indiana invadiu e ocupou os pequenos
territórios de Goa, Damão e Diu, que Portugal detinha no Oriente desde o
século XVI.

Selo
Cartazes a favor da unidade do Império

2
Notícia sobre revoltas em Goa
4

Já sabe?
1. O que é o princípio de autodeterminação, defendido pela ONU?
2. Porque é que a Conferência de Bandung foi um marco decisivo?
3. Salazar deu a independência às colónias após a Conferência? Porquê?
4. As colónias portuguesas aceitaram a decisão de Salazar? O que fizeram?

2. A Guerra Colonial em África (1961 – 1974)


Nas colónias portuguesas no continente africano, instala-se o desânimo 意 志 消 沉 e a revolta.

Soldados士兵 portugueses Guerrilhas游击队员 africanas


Diário de Notícias, 05-02-1961

Na impossibilidade de diálogo com o Governo português, iniciaram-se


movimentos de luta pela independência.
Apelo de Salazar
A guerra começou em Angola, em 1961, com ataques de guerrilheiros a colonos
殖民者 portugueses. “Para Angola, rapidamente
e em força [...]. Sejam quais
Como resposta, o Governo português enviou de imediato tropas para Angola. forem as dificuldades que se nos
Salazar anunciou logo uma resposta militar “rapidamente e em força”. deparem e os sacrifícios que se
nos ponham, não vejo outra
Em 1963, as ações de guerrilha começaram na Guiné, que seria o pior cenário atitude que não seja a decisão
de guerra para os Portugueses. de continuar.”

Discurso de Salazar para a rádio


e a televisão, 1961

Discurso de Salazar, 1961


3
Recrutamento para exército
4
Guerrilha – Guerra que
Em 1964, a guerra estendeu-se延伸 a Moçambique. A partir desse ano, Portugal recorre a emboscadas埋伏.
estava envolvido numa guerra em três frentes em África, que durou até 1974. Os guerrilheiros raramente
confrontam diretamente o
Portugal enviou milhares de soldados para Guiné, Angola e Moçambique. inimigo.
Reforçou também com tropas Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe, onde não
houve combates. Guerra Colonial –
confronto对质 militar entre
Para os cabo-verdianos, guineenses angolanos e moçambicanos, este conflito as Forças Armadas
ficou conhecido como a Guerra de Libertação ou de Independência. Portuguesas e os
guerrilheiros africanos
Os seus movimentos foram apoiados pela população e por alguns países que lutavam pela
europeus, africanos e asiáticos. independência.

Guerrilhas africanas

Embarque dos soldados Exército português em África

Os soldados africanos fugiam ao confronto direto. Faziam emboscadas e


colocavam minas que ao rebentar爆炸 matavam soldados e destruíam
viaturas(各种交通工具): era a tática da guerrilha.
Os soldados portugueses foram-se instalando e conhecendo o terreno e
conseguiam fazer-lhes frente.

Foi uma guerra de guerrilha, devastadora破坏的 e difícil que se prolongou


por 13 anos, perante面对 o descontentamento dos militares e da população.

Amílcar Cabral, líder da PAIGC, e seu assassinato


“Toda a educação portuguesa deprecia a cultura
e a civilização do africano. As línguas africanas estão
proibidas nas escolas. O homem branco é sempre
apresentado como um ser superior e o africano como
um ser inferior. Os conquistadores coloniais são
descritos como santos e heróis. As crianças africanas
adquirem um complexo de inferioridade ao entrarem
na escola primária. Aprendem a temer o homem
branco e a ter vergonha de serem africanos. A
geografia, a história e a cultura de África não são
mencionadas, ou são adulteradas, e a criança é
obrigada a estudar a geografia e a história
portuguesas”
4
Amílcar Cabral
4
Principais líderes anticoloniais

Amílcar Cabral Agostinho Neto Samora Machel Nino Vieira Aristides Pereira Jonas Savimbi
(1924 – 1975) (1922 – 1979) (1933 – 1986) (1939 – 2009) (1923 – 2011) (1934 – 2002)
Líder do PAIGC Líder do MPLA Moçambique Guiné-Bissau Cabo-Verde Líder da UNITA

GUINÉ (1963)
Os guerrilheiros, bem
armados, atacavam todos os
pontos do território, fazendo
deste o cenário de guerra
mais difícil.
PAIGC (Partido Africano para Eduardo Mondlane Helden Roberto
a Independência da Guiné e (1920-1969) (1923-2007)
Cabo Verde) – Amílcar Cabral
Líder da FREMILO Líder da FNLA

ANGOLA (1961)
Em Angola, os guerrilheiros atacavam no Norte
e no Leste. MOÇAMBIQUE (1964)
FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola) Em Moçambique, a guerra travava-se
- Helden Roberto sobretudo no Norte.
MPLA (Movimento Popular de Libertação de FRELIMO (Frente de Libertação de
Angola) – Agostinho Neto
Moçambique) - Eduardo Mondlane
UNITA (União Nacional para a Independência
Total de Angola) – Jonas Savimbi.

A Guerra Colonial (1961 – 1974)

2.1. As consequências da Guerra Colonial


A guerra prolongou-se por 13 anos e envolveu cerca de um milhão de
soldados portugueses. Durante o conflito morreram ou ficaram feridos
milhares de soldados portugueses e guerrilheiros que lutaram pela
independência dos seus países.

Mais de 8200 portugueses perderam a vida e perto 100 000


guerrilheiros morreram nesta guerra em África.

Houve muitos feridos de guerra, com graves ferimentos e traumas


psicológicos. Ainda hoje há ex-combatentes com problemas físicos e
psicológicos.

Consequência da Guerra Colonial: morte de muitos soldados portugueses


5
4

Portugal vivia um ambiente de profundo descontentamento por parte da


população portuguesa e dos militares portugueses, devido às elevadas
despesas militares e o isolamento que Portugal sofreu relativamente aos
outros países, que já há muito o criticavam por não reconhecer a
independência das suas colónias.

Os novos países africanos enfrentaram diversos problemas resultantes da


guerra. Houve um período de ajuste de contas com os africanos que lutaram
do lado portugueses. Houve verdadeiros massacres feitos por africanos a
africanos, como foi a 27 de maio de 1977, em Angola.

27 de maio 1977 – Angola:


Dezenas de milhares de angolanos foram
torturados, mandados para campos de
concentração e fuzilados sem julgamento neste
período terrível da história angolana.

27 DE MAIO DE 1977
O massacre do MPLA

Em Angola e Moçambique, os movimentos de libertação envolveram-se em


guerras civis. Isso porque haviam povos que eram historicamente inimigos e
agora viviam dentro da mesma fronteira.

Já sabe?

1. Por que nome ficou conhecida a Guerra Colonial?


2. De que forma lutaram os guerrilheiros pela sua independência?
3. Refira os principais líderes anticoloniais e o nome dos movimentos de libertação.
4. Refira consequências da guerra colonial que persistem ainda hoje.
5. O que aconteceu aos ex-combatentes africanos que lutaram ao lado dos portugueses?

6
5
O 25 de Abril de 1974 e a Descolonização.

INTRODUÇÃO

Nestas aulas irá compreender como a Revolução do 25 de Abril de 1974 veio provocar alterações profundas e
já há muito desejadas pelos portugueses. Essas alterações também beneficiaram as colónias portuguesas.

- que a Revolução de 25 de Abril trouxe a liberdade para Portugal e suas colónias?


- que o cravo vermelho é o símbolo desta revolução?
- que a descolonialização trouxe a infelicidade a muitos retornados, que se tiveram
de despedir de África para regressar a Portugal?

Fig.1: Cartaz de comemoração do 25 de Abril: A criança Fig.2-4: Ambiente de alegria vivado no 25 de Abril 1974
simboliza o início de uma nova etapa política

Fig.6: Mural com ideias-chave da Revolução

Fig. 5: Página de um jornal do dia da Revolução


5
A Revolução 25 de Abril de 1974 e a Descolonização
Cronologia

1974 1975
Revolução Eleições para a Assembleia Constituinte no
25 de Abril; governo português (25 de Abril);
Fim da Guerra Colonial;
Independência de Moçambique, Cabo
Restabelecimento das liberdades Verde, São Tomé e Príncipe e Angola;
cívicas e políticas: Independência
da Guiné-Bissau. Os retornados (portugueses das ex-
colónias regressam a Portugal).

1. A Revolução 25 de abril de 1974.

1.1. Antes de Abril

Nos últimos anos do Estado Novo mantinham-se as difíceis condições


de vida para a maioria dos Portugueses.

Muitos emigraram para o centro da Europa em busca de trabalho.


Calcula-se que, durante a década de 1960 e na primeira metade da
década de 70, cerca de 1 milhão e meio de portugueses terá deixado o
país.

Os anos de 1968-1969 foram marcados por manifestações estudantis


(sobretudo nas universidades de Lisboa e Coimbra) e por contestação
social.

Entre os militares era também grande o descontentamento e o cansaço


da Guerra Colonial.

Revoltas estudantis antes de 1974

Insatisfação com o regime do Estado Novo


Mário Sacramento “Nasci e vivi num mundo de inferno. Há dezenas de anos que
(1920 – 1969) sofro, na minha carne e no meu espírito, o fascismo. Recebi
dele perseguições de toda a ordem – físicas, económicas,
Foi médico, escritor e político profissionais, intelectuais, morais. Mas, que as não tivesse
antifascista revolucionário sofrido, o meu dever era combatê-lo. O fascismo é o fim da
comunista português que se pré-história do homem. E procede, por isso, como um
destacou como uma figura do gangster encurralado. Fiz o que foi possível para me libertar,
movimento de oposição e aos outros, dele. É essa a única herança que deixo aos meus
democrática ao regime do Filhos e aos meus Companheiros. Acabem a obra! Derrubem
Estado Novo. o fascismo, se nós não o pudermos fazer antes! Instaurem
Foi 5 vezes preso pela PIDE, uma sociedade humana! Promovam o socialismo, mas
mesmo quando era estudante promovam-no cientificamente, sem dogmatismos sectários,
por se opor ao regime político. sem radicalismos pequeno-burgueses! Aprendam com os
erros do passado! E lembrem-se que nós, os mortos, iremos
nisso ao vosso lado!”
(Mário Sacramento, Carta-Testamento, Abril 1967)
5
Em agosto de 1973 foi criado o Movimento das Forças Armadas
(MFA), ou também conhecido como Movimento dos Capitães.

Aí ficou decidido derrubar o Estado Novo, pondo fim ao conflito e


instaurando a democracia.

A principal motivação deste grupo de militares era a oposição ao


regime e à Guerra Colonial Portuguesa. Foi um movimento militar de esquerda,
responsável pela Revolução de 25 de
Abril de 1974, que pôs fim aos 41 anos
de ditadura do Estado Novo

1.2. A Revolução dos Cravos

Às primeiras horas do dia 25 de abril, as forças da MFA convergiram


sobre Lisboa e as principais cidades do país. Os objetivos eram:
- ocupar os meios de comunicação social (rádio e televisão);
- cercar os ministérios, no Terreiro do Paço;
- prender as principais figuras do regime.

Coube ao capitão Salgueiro Maia, vindo de Santarém, cumprir os mais


importantes desses objetivos: ocupar os ministérios e derrubar o Salgueiro Maia (1944 – 1992), Herói
regime. da Revolução 25 de abril

A população saiu à rua e apoiou os militares, distribuindo cravos, a


flor da época, e como sinal de que não haveria derramamento
de sangue. Discurso de Salgueiro Maia aos seus
homens do exército (25 de abril 1974)
“Senhores, como todos sabem, existem três
tipos de Estados: Estados capitalistas,
Estados socialistas e o Estado a que
chegámos. Agora nesta noite solene, vamos
acabar com este Estado! Para quem quiser
vir comigo, vamos a Lisboa e terminamos.
Isso é voluntário. Quem não quer sair, fique
aqui!”
5
Criou-se a Junta de Salvação Nacional (JSN), que seguia o
programa do MFA.

As principais medidas do novo governo foram:


✓ Extinção da Censura e da polícia política e libertação dos
presos políticos;
✓ Extinção da Censura e da polícia política e libertação dos
presos políticos;
✓ Restabelecimento das liberdades e garantias
fundamentais;
✓ Reconhecimento do direto à autodeterminação dos povos
das colónias portuguesas;
Símbolo do Partido: MFA
✓ Autorização para a livre formação de partidos políticos e
(exército e agricultores)
de sindicatos;
✓ Organização de eleições livres para a Assembleia
Constituinte.

Jornal do dia Jornal de 25 de Abril de 1974


noticia o fim de Estado Novo. Ambiente vivido nas ruas
5
A Queda do Estado Novo

22h55, 24 de abril – Toca na rádio “E depois do adeus”, 1ª senha secreta


para os militares se prepararem para o golpe

00h25, 25 de abril – Toca na Rádio Renascença “Grândola, Vila Morena”, 2ª


senha secreta para as forças armadas saírem dos quartéis.

03h00 - No Porto, o tenente-coronel Carlos Azeredo (MFA) toma o Quartel


da Região Militar do Norte

03h30 - Coluna de blindados, comandada por Salgueiro Maia, sai de


Santarém.

04h26 - Primeiro comunicado do MFA é difundido pela rádio.

06h00 - Marcelo Caetano refugia-se no Quartel do Carmo (Lisboa).


Marcelo Caetano
12h30 - Forças de Santarém cercam o Quartel do Carmo.

19h35 - Já preso, Marcelo Caetano sai do Quartel do Carmo num carro


blindado.

22h00 - Constituída a Junta de Salvação Nacional, que substitui o governo


derrubado.

O “25 de Abril” – hora a hora

Adesão das multidões à Revolução

Rádio Clube Português

O “25 de Abril” e a adesão popular Salgueiro Maia a falar com a multidão


5

A Revolução de Abril vista por um jovem...


“Cara Ana,
A 25 deu-se um golpe levado a cabo por elementos das
Forças Armadas, pertencentes ao MFA, que derrubou o governo
de Marcelo Caetano. Acabaram o medo e a opressão. Os chefes
da revolta são jovens das Forças Armadas.
Após a surpreendente madrugada ocorreram cenas que nem
pela cabeça nos passavam... Soldados e povo. Soldados na rua.
Cravos vermelhos ofertados aos soldados. Cravos nas bocas das
metralhadoras, cravos que dão cor à festa.
O povo, recupera a fala, celebra com cantos e marchas. Canta-
se a “Grândola” do Zeca Afonso. A canção de tão cantada, já é o
canto da revolução!”
Fernando Maia (17 anos), 27/04/1974
Augusto Monteiro, Carta Sem Uma Letra (Adaptado)
Adesão das multidões

A libertação dos presos políticos foi feita pelo delegado da Junta da Salvação Nacional, que
abriu as portas da prisão, no dia a seguir à revolução, 26 de abril - aqui na Cadeia de Caxias:

Libertação dos presos políticos pela JSN, no dia 26 de abril

Memorial aos Presos e Perseguidos


Políticos (1926-1974), localizado na
estação Baixa-Chiado do Metro de
Lisboa (2019). A inauguração surgiu
no noticiário.
5

Os Soldados das Forças Armadas aguardavam a rendição do primeiro-ministro


Marcelo Caetano e transportaram-no num carro blindado para fora do Largo do Carmo.

Marcelo Caetano saiu num blindado e foi obrigado


a exilar-se no Brasil com a família.

Soldados aguardam rendição de Marcelo Caetano

Os elementos da PIDE foram capturados por elementos das Forças Armadas.

Elementos da PIDE presos I Elementos da PIDE presos II

Já sabe?

1 – Como se sentiam os portugueses antes da Revolução do 25 de Abril de 1974?


2 – Qual a importância do partido Movimento das Forças Armadas (MFA) para a Revolução do 25 de Abril?
Quando foi criado?
3 – Relativamente à Revolução do 25 de Abril, refira:
a) quais foram os agentes principais.
b) como efetuaram a sua tomada de posse.
c) que medidas tomaram.
4 – Refira três medidas importantes adotadas pela Junta de Salvação Nacional (JSN).

Você também pode gostar