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Etapa Ensino Fundamental

Anos Finais
História

O sistema escravista
na América Portuguesa

7ª SÉRIE
Aula 10 – 4º Bimestre
Conteúdo Objetivos
● O sistema escravista na ● Retomar o contexto histórico
América Portuguesa; que levou à adoção do sistema
escravista na América
● Alforria e condição
Portuguesa;
jurídica dos
escravizados; ● Analisar documentos
históricos.
● Resistência negra e
Esperança Garcia.
Para começar
1- Estudantes, vamos embarcar em uma conversa sobre
pontos importantes da História, então, responda às
questões problematizadoras abaixo. Vamos lá!

A. Você já ouviu falar sobre escravidão? O que você sabe sobre o


sistema escravista na história?

B. Como vocês acham que a escravidão afetou a vida das pessoas


naquela época, dos escravizados e dos senhores?

Agora, vamos aprender um pouco sobre cada questão.


Foco no conteúdo
Refletindo
O sistema escravista
O sistema escravista estava profundamente ligado à economia da
América Portuguesa de diversas maneiras. Uma das principais
conexões se dava por meio de plantation, que eram grandes
propriedades agrícolas nas quais eram cultivados produtos
destinados à exportação, como açúcar, tabaco, algodão e café.
Os escravizados trabalhavam no comércio, no transporte, em
ofícios, não eram só trabalhadores rurais. A opção de adotar o
sistema escravista foi, também, um meio de desenvolver a colônia sem
desenvolver uma massa de trabalhadores livres, capazes de enriquecer,
obter suas próprias propriedades e ameaçar o poder da Coroa.
Foco no conteúdo
A mão de obra escravizada movia um importante setor da
economia europeia e colonial: o tráfico negreiro.
A economia da América Portuguesa dependia fortemente das
exportações, que eram vendidas para outros países e geravam lucros
para a metrópole (Portugal).
A riqueza acumulada por meio do sistema escravista foi usada
para financiar diversas atividades econômicas, construção de
infraestrutura e investimentos em outros setores.
Foco no conteúdo
Contexto histórico
• Os povos indígenas foram usados como mão de obra, tanto
livres, aldeados ou como escravizados, em algumas regiões,
durante todo o período colonial.
• O tráfico negreiro trouxe um fornecimento contínuo de africanos,
nas áreas mais integradas ao comércio atlântico e mais ricas.
Foco no conteúdo

Milhões de africanos foram


trazidos à força para o Brasil ao
longo de quase quatro séculos
para trabalhar, principalmente,
nas plantações de cana-de-açúcar
e café, nas minas de ouro e
diamantes, nas fazendas e em
outras atividades econômicas.
Foco no conteúdo

O sistema escravocrata e a naturalização da violência


O jesuíta Antonil, dono de frases tão sintéticas como cruéis,
definiu os escravos como “as mãos e os pés do senhor do engenho
porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e
aumentar fazenda, nem ter engenho corrente”. Real alicerce da
sociedade, os escravos chegaram a constituir, em regiões como o
Recôncavo, na Bahia, mais de 75% da população.
Foco no conteúdo

Desde o século XVI e até a extinção do tráfico, em 1850, o regime


demográfico adverso verificado entre os cativos – em razão das mortes
prematuras e da baixa taxa de nascimento – levou a uma taxa de
crescimento negativo e à necessidade de constante importação de mão
de obra escrava da África. Tal atividade gerou uma classe influente de
traficantes de homens, em direção à América [...].
(SCHWARCZ; STARLING, 2015. p. 79).
Foco no conteúdo

Os escravizados eram tratados como propriedade, sem direitos e


sujeitos a condições extremamente desumanas. Eles eram
obrigados a trabalhar por longas horas em condições brutais. A
estrutura social da América Portuguesa era estratificada com
base na cor da pele, com os brancos no topo e os escravizados
negros na base.
Foco no conteúdo
É crucial enfatizar que a coisificação dos escravizados era uma
perspectiva imposta aos senhores; a lei e a Igreja Católica
corroboravam essas visões, e não refletia a visão que homens e
mulheres escravizados tinham de si mesmos. Eles nunca
renunciaram à sua humanidade: experimentaram o amor, aspiraram
formar famílias, deram valor aos laços de parentesco e amizade,
praticaram suas reflexões religiosas, buscaram melhorias em suas
condições de vida.
Foco no conteúdo
Condição Jurídica dos Escravizados
• No Brasil, os escravizados eram considerados,
juridicamente, “como ‘coisas’, não podiam
possuir bens (...)”.
• Os escravizados eram tratados como
propriedade, podendo ser doados, vendidos,
trocados, legados e heranças nos testamentos
dos senhores.
Atestado de compra de escravizados feito por Agostinho
José de Carvalho, a mando do Sr. Antônio da Silva
Prado, Arquivo Público do Estado de São Paulo
Foco no conteúdo
Alforria
• A carta de alforria era um documento de
natureza privada que podia ser uma
concessão do senhor, ou comprada pelo
Carta de alforria em exposição
escravizado. no Museu Histórico Nacional

"Alforria" é um termo que remonta a raízes etimológicas


interessantes, destacando a importância da liberdade e da
emancipação na linguagem e na história. A origem árabe da palavra
"alforria" (al-ḥurrííâ) aponta para a ideia de afastamento de falhas,
escravidão ou maldade, enfatizando o estado de ser livre e não ser
um escravo. "Alforria" é derivado do árabe al-furriâ, que
simplesmente significa "liberdade".
Foco no conteúdo
Alforria
Quando alguém decidia libertar um escravizado, um documento
especial era feito. Esse documento podia ser feito pelo dono de
escravizado ou, às vezes, por alguém que sabia escrever. Às vezes,
outras pessoas também estavam presentes para testemunhar isso.
Esse papel era dado ao escravizado como prova de que ele era, a
partir daquele momento, uma pessoa livre perante a lei.
Foco no conteúdo

Esse processo era registrado em um cartório, para que houvesse


um registro oficial de que a pessoa estava livre e, assim, impedir
que tentassem fazê-la voltar à escravidão.
No entanto, havia um problema: em alguns lugares, as
autoridades poderiam não reconhecer o papel que dizia que uma
pessoa era livre, o que tornava a liberdade incerta quando alguém
se mudava.
Foco no conteúdo
As alforrias poderiam ser gratuitas, compradas ou cedidas pelo
senhor com condições, como continuidade de serviços.
Frequentemente, quando o próprio escravo pagava por sua alforria,
isso ocorria em prestações através de um sistema de coartação* ou
quartamento. A alforria era, também, conhecida como
manumissão, pois possibilitava que o indivíduo escravizado
deixasse sua condição de escravo e passasse a ser chamado
de "forro".

*Coartação era acordo que impunha uma obrigação ao escravizado,


de pagar certa quantia em um período de tempo determinado ou
continuar escravizado.
Foco no conteúdo Assista ao vídeo
sugerido e reflita

Sugestão
aprofundamento
da aula

Como era a ALFORRIA de um


2- Agora, após a assistir ao
ESCRAVIZADO NO BRASIL!?
vídeo ao lado, vamos refletir e
escrever uma frase sobre o https://www.youtube.com/watch?v=cw
Oz1MeTPkQ
que compreendemos sobre ele.
Foco no conteúdo
Em duplas, a partir da análise, leitura e explicação de seu
professor acerca das fontes históricas, registre suas conclusões!

“Eu sou uma escrava de Vossa Senhoria da administração do


Capitão Antônio Vieira do Couto, casada. Desde que o capitão lá foi
administrar que me tirou da fazenda algodões, onde vivia com o
meu marido, para ser cozinheira da sua casa, ainda nela passo
muito mal.
A primeira é que há grandes trovoadas de pancadas em um filho
meu sendo uma criança que lhe fez extrair sangue pela boca, em
mim não posso explicar que sou um colchão de pancadas, tanto que
caí uma vez do sobrado abaixo peiada;
Foco no conteúdo

por misericórdia de Deus escapei. A segunda estou eu e mais


minhas parceiras por confessar há três anos. E uma criança minha e
duas mais por batizar. Peço a Vossa Senhoria pelo amor de Deus
ponha aos olhos em mim ordenando digo mandar ao procurador que
mande para a fazenda de onde me tirou para eu viver com meu
marido e batizar minha filha.”
Transcrição da carta em português atual (tradução livre). Disponível em:
https://esperancagarcia.org/a-carta/
Na prática
3- O texto no slide anterior diz respeito a uma carta
escrita por uma escravizada de nome Esperança
Garcia no ano de 1770.

a) Quem é o remetente da carta e quem é o destinatário? Qual é o


contexto histórico em que a carta foi escrita?
b) Quais os problemas enfrentados por Esperança Garcia e outros
escravizados na administração de Antônio Vieira de Couto?
c) Como Esperança Garcia demonstra resistência em sua carta?
d) Como a análise da carta de Esperança Garcia nos convida à
reflexão sobre questões de justiça, direitos humanos e igualdade?
Na prática

a) Quem é o remetente da carta e quem é o destinatário? Qual é o


contexto histórico em que a carta foi escrita?

Resposta: O remetente da carta é Esperança Garcia, uma


escravizada. O destinatário não é específico, mas a carta foi escrita
no contexto de uma administração de um capitão chamado Antônio
Vieira de Couto. A carta foi escrita no ano de 1770, durante o
período colonial no Brasil, quando a escravidão era uma prática
comum.
Na prática Correção

b) Quais os problemas enfrentados por Esperança Garcia e outros


escravizados na administração de Antônio Vieira de Couto?

Resposta: Esperança Garcia e outros escravizados enfrentaram


vários problemas na administração de Antônio Vieira de Couto. Ela
menciona ter sido tirada de sua fazenda original para ser
cozinheira na casa do capitão, onde Sofia abusou de finanças e
trabalhou em más condições, além de tornar impraticável batizar
seus filhos. Como o documento mostra, os senhores poderiam não
cumprir essa ordem sem deixar que seus escravizados tivessem
tempo livre para praticar os ritos religiosos católicos.
Na prática Correção

c) Como Esperança Garcia demonstra resistência em sua carta?

Resposta: Esperança Garcia demonstra resistência ao escrever a


carta em si. Ela estava pedindo ajuda e justiça, mostrando que,
mesmo em uma situação difícil, ela estava tentando buscar uma
solução para seus problemas. Ao escrever para alguém em uma
posição de autoridade, ela estava se posicionando e reivindicando
seus direitos.
Na prática Correção

d) Como a análise da carta de Esperança Garcia nos convida à


reflexão sobre questões de justiça, direitos humanos e igualdade?

Resposta: A análise da carta de Esperança Garcia nos faz refletir


sobre questões de justiça, direitos humanos e igualdade. Ela
estava buscando uma vida melhor para si mesma e sua família,
lutando contra um sistema injusto de escravidão. Isso nos lembra
a importância de tratar todas as pessoas com igualdade e respeito,
além de questionar sistemas que permitem injustiças, como a
escravidão. A carta nos convida a considerar como as lutas do
passado ainda têm relevância para as lutas por justiça nos dias de
hoje
Aplicando
Atualmente, os movimentos afirmativos no Brasil propõem usar
"pessoa escravizada" ou "escravizado" ao invés de "escravo" ao
referir-se aos africanos sequestrados e seus descendentes na América
entre os séculos XVI e XIX. A justificativa é que eles não nasceram
"escravos", mas foram tornados cativos e comercializados, ou
nasceram sob regimes escravistas. Essa mudança de terminologia é
política e relevante nas lutas contra a discriminação. No entanto,
documentos históricos da época usavam "escravos" e essa terminologia
original persiste nos estudos acadêmicos sobre o assunto.
4- Discutam, em sala, as terminologias usadas e desenvolvam
argumentos a respeito do uso de cada uma das denominações:
escravizado e escravo.
O que aprendemos hoje?
● Na aula de história de hoje, exploramos aspectos
relacionados à adoção do sistema escravista na América
Portuguesa. Ao mergulharmos no contexto histórico que
moldou essa realidade, compreendemos como esse sistema
se situa e aprofundamos nossa análise por meio de
documentos históricos. Especificamente, tivemos a
oportunidade de estudar a figura emblemática de Esperança
Garcia, cuja carta nos permitiu entender mais
profundamente a vivência dos escravizados. Discutimos
sobre o sistema de alforria e a complexa condição jurídica
que envolve os escravizados. Além disso, exploramos a
resistência negra, como exemplificado pela coragem de
Esperança Garcia ao escrever sua carta em busca de justiça.
Tarefa SP
Localizador: 102214
1. Professor, para visualizar a tarefa da aula, acesse com
seu login: tarefas.cmsp.educacao.sp.gov.br.
2. Clique em “Atividades” e, em seguida, em “Modelos”.
3. Em “Buscar por”, selecione a opção “Localizador”.
4. Copie o localizador acima e cole no campo de busca.
5. Clique em “Procurar”.

Vídeo tutorial: http://tarefasp.educacao.sp.gov.br/


Referências
SÃO PAULO (Estado) Secretaria da Educação. Currículo Paulista: Etapas Educação
Infantil e Ensino Fundamental/Secretaria da Educação – São Paulo: SEE, 2019.
SÃO PAULO (Estado) Secretaria da Educação. Coordenadoria Pedagógica – COPED,
2023. Currículo em Ação – 7º ano, Volume 2, São Paulo: SEE, 2022.
LEMOV, Doug. Aula nota 10: 49 técnicas para ser um professor campeão de
audiência. Trad.: Leda Beck; consultoria e revisão técnica: Guiomar N. de Mello e
Paula Louzano. São Paulo: Da Prosa: Fund. Lemann, 2011.
GOLDSCHMIDT, Eliana Rea. A Carta de Alforria na Conquista da Liberdade. São
Paulo: vol. 33, n. 50, jul. 2010.
SILVA, Maria Sângela de Sousa Santos. As Cartas de Alforria e de Compra e Venda
de Escravos em Morada Nova. Disponível em:
http://www.apeoc.org.br/extra/artigos_cientificos/AS_CARTAS_DE_ALFORRIA_E_D
E_COMPRA_E_VENDA_DE_ESCRAVOS.pdf
. Acesso em: 02 out. 2023.
SCHWARCZ, Lilia; STARLING, Heloisa. Brasil: uma biografia. São Paulo:
Companhia das Letras, 2015. p. 79.
Referências
Lista de imagens e vídeos
Slide 7 –
https://pt-static.z-dn.net/files/d5c/d7c5929f48b41c3a9f3e5d249ebede95.jpg
Slide 12 –
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Atestado_de_compra_de_escravos_feito_po
r_Agostinho_Jos%C3%A9_de_Carvalho,_a_mando_do_Sr._Ant%C3%B4nio_da_Si
lva_Prado,_Arquivo_P%C3%BAblico_do_Estado_de_S%C3%A3o_Paulo.pdf
Slide 13 –
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Museu_Hist%C3%B3rico_Nacional,_Rio_de_
Janeiro_(7875038778).jpg
Slide 17 – https://www.youtube.com/watch?v=cwOz1MeTPkQ
Material
Digital

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