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MACEIÓ - AL
2023
STEPHANY RAYANE GOMES ALBUQUERQUE
MACEIÓ – AL
2023
SUMÁRIO
1. TEMA......................................................................................................................04
2. CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA.............................................................04
3. JUSTIFICATIVA...................................................................................................05
4. OBJETIVOS...........................................................................................................06
4.1. Geral..................................................................................................................05
4.2.Específicos.........................................................................................................05
6. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 16
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1. TEMA
2. CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA
Tratar sobre o assunto de racismo, em especial, o racismo estrutural, é importante, pois
conhecer como o mesmo se fundamentou e é institucionalizado através de ações naturalizadas
viabiliza um novo olhar para a sociedade brasileira. Tendo como pressuposto que a
naturalização do racismo gera impacto negativo no desenvolvimento da sociedade em sua
totalidade, por isso, faz-se necessário e urgente uma atenção focada nessa problemática, já
que a mesma está tão presente na atualidade, como explicita os dados recentes da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios Contínua divulgados em 2018, mostram que embora as
pessoas negras e pardas representaram a maior parte da população (55,8%) e da força de
trabalho brasileira (54,9%), apenas 29,9% destas pessoas ocupavam os cargos de gerência.
Além disso, foi feita a análise e comparação do ganho mensal de pessoas pretas e brancas,
(40,5%) menos os trabalhadores pretos ganham em comparação com os brancos por horas
trabalhadas, havendo relativa desvantagem às pessoas negras, de modo que essas
desigualdades também se desenvolvem no cotidiano, paradigma do retratado é a violência e
suas expressões.
formação sócio-histórica no mundo e no Brasil, quais são as suas implicações, como ocorreu a
construção do racismo e a naturalização do mesmo, de modo a reproduzir sua reiteração nos
dias hodiernos.
Portanto, estudar este tema tanto no âmbito acadêmico como no exercício profissional
é de extrema importância, pois o racismo já foi considerado “normal” anteriormente e ainda
no contexto atual é formalizado através de variadas práticas. Assim, acarreta diversas formas
de violação dos direitos humanos, trazendo graves consequências para o desenvolvimento da
sociedade, principalmente para pessoas negras e pardas.
3. JUSTIFICATIVA
4. OBJETIVOS
4.1. Geral
4.2. Específicos
Em síntese, foi considerada pela primeira vez na história que a justificativa para a
dominação de pessoas fosse a motivação racial, sendo a mesma justificada por diversos
critérios e teorias sobre hierarquização de raças. Logo, nos territórios colonizados do
continente americano, a escravidão foi realizada incialmente com os povos originários
(indígenas) e, posteriormente, com a vinda de milhares de africanos. A partir dessa
perspectiva, é possível sintetizar que Ellen Meiksins Wood identifica a peculiaridade do
“racismo moderno” justamente em sua ligação com o colonialismo:
Sendo assim, o racismo nada mais é do que a discriminação de um povo, como uma
espécie de categorização humana de acordo com características físicas, de modo que essas
ideias são justificadas por diversas doutrinas e teorias, são elas: base religiosa, questões
pseudocientíficas, determinismo biológico, determinismo geográfico, entre outros. No que diz
respeito à base religiosa, segundo o artigo “Classe e Racismo na formação social brasileira”,
de Lara e Barcelos, o argumento utilizado seria a “Maldição de Cam”. A qual, em síntese, é
uma interpretação do Antigo Testamento na Bíblia, de modo que Noé devido a um
desentendimento com seu filho Cam lança ao mesmo uma maldição que faz o seu neto Canaã
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ficar negro como castigo. Portanto, essa foi uma das histórias que respaldou a escravização e
exploração dos negros da África por Portugal.
Já referente às questões pseudocientíficas, ainda de acordo com o artigo citado, as
mesmas afirmavam que os negros anatomicamente e biologicamente eram inferiores aos
brancos, possuindo até estudos de metrificação de partes do corpo, como o crânio. Existiam
ainda outras concepções que viabilizaram o racismo, como o determinismo biológico e
geográfico. Segundo Mendes e Santana:
disso, outra opção era encorpar a grande massa de desocupados e semi-ocupados, ou seja,
indivíduos que trabalhavam onde podiam e como podiam, de forma irregular.
Em contrapartida, como a produção na época estava em níveis altos e a economia
estava crescendo, houve a possibilidade de transformar os ex-escravos que se encontravam
sem trabalho no chamado exército de reserva que eram os trabalhadores os quais,
efetivamente, tinham a capacidade de executar a função que o mercado lhe priva no momento
do desemprego, sendo assim deixando o negro a função de ser “reserva da reserva”, de modo
que o trabalhador empregado sempre aceitava qualquer condição de exploração e penúria,
devido a essa reserva, ou seja, sempre existiria alguém para substituir. Paradigma do retratado
é que muitos trabalhadores estrangeiros eram concorrentes desse recém liberto, todavia esses
estrangeiros tinham mão-de-obra qualificada, tomando lugar nas fábricas, de modo que o
efeito dessa concorrência era prejudicial aos antigos escravos que não estavam preparados
para enfrentá-la.
Todos os fatos apresentados contribuíram para a superexploração 1 do negro no âmbito
econômico e trabalhista, sendo assim, favorecendo a consolidação de uma estrutura social e
econômica que serviu de pontapé para a população negra ser vista como inferior em relação
aos brancos na sociedade pós-abolição, visto que era determinado a impossibilidade de
alcançar os melhores postos de trabalho, deixando a população negra em situação de
vulnerabilidade e tendo que aceitar qualquer tipo de trabalho para assim poder subsistir na
sociedade de classe.
Diante da formação sócio-histórica tanto mundial, quanto brasileira já explicitadas,
fica evidente que o racismo não é algo pontual ou eventual, é um fenômeno e processo
histórico que perpassa séculos de história e tipos de sociedade, com ênfase para o capitalismo,
onde o racismo ganha novas nuances. A partir dessa trajetória histórica, o racismo, que
acompanha cada parte do processo, se torna parte da estrutura da sociedade até os dias atuais,
na sociedade capitalista.
Segundo Silvio Almeida, em seu livro “O que é racismo estrutural?” (2018),
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Autor que trabalha esse termo é Rui Mauro Marini;
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Cidadania do estado de São Paulo segundo os dados fornecidos pela pasta e nos seis primeiros
meses do ano já foram registrados 265 casos de discriminação pelos canais de denúncia da
secretaria onde o número já é supera o total registrado entre 2019 e 2021, quando foram 251
casos. Com o aumento das denúncias é possível notar cada vez mais exposição em noticiários,
e notar que o racismo acontece de diferentes formas, podendo ser físico ou verbal, e acontecer
em adultos ou crianças.
No Brasil é possível notar, com frequência, que pessoas negras ao frequentar lojas são
vítimas de racismo ao serem seguidas por seguranças, ou até serem abordadas para realizar
uma revista por serem considerados suspeitos apenas pela cor da pele. Um caso referente a
essa situação aconteceu no ano de 2020, em que João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos,
um homem negro, foi espancado e morto por dois homens brancos em um supermercado
Carrefour em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, véspera do Dia da Consciência Negra.
Ademais, pode-se citar outro caso que também é sobre outro homem negro, de 56
anos, de modo que o mesmo foi obrigado a tirar parte da roupa em um supermercado. A
vítima foi abordada por dois seguranças que suspeitaram que o cliente havia furtado produtos
da loja, segundo testemunhas presentes no local a vítima ficou nervosa e começou a gritar “eu
vim aqui pra comprar alguma coisa e me chamam de ladrão”. Diante das situações
apresentadas, é possível perceber como o racismo ainda está presente na sociedade.
Todos os fatos apresentados evidenciam as consequências do racismo estrutural da
sociedade desde as formações sociais antecedentes ao capitalismo, até ao seu formato atual, o
estágio do capitalismo monopolista. A condição de desemprego e/ou precarização das formas
de trabalho, assim como os casos de racismo que são frequentemente vivenciados pela
população negra está intrinsecamente ligada ao racismo que integra a sociedade ao longo dos
acontecimentos históricos que acompanham o desenvolvimento social. A marginalização do
negro tem início na abolição da escravatura, mas não tem fim, se mantém presente
empurrando o negro para o abismo da sociedade e o obrigando a ocupar lugares e posições
subalternas, além de o submeter às situações de violência racial no seu cotidiano, como a
simples ida à um supermercado ou loja acabar em agressão física ou até mesmo em morte.
Levando em consideração o exposto acima, fica evidente que o racismo estrutural é
real e está presente em todos os aspectos da vida social, seja de forma velada ou de forma
explícita, como mostra os casos apresentados, e que requer atenção da população como um
todo, assim como de pesquisas relacionadas ao tema, para que haja uma compreensão de seus
fundamentos históricos e de suas resultantes, com o objetivo de criar caminhos para sua
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superação. Por isso, através de todo contexto apresentado, surge as seguintes indagações:
Como se constituiu o racismo a partir da formação histórico-brasileira? O que é racismo
estrutural? Por que ocorre a reiteração do racismo estrutural na sociedade brasileira?
REFERÊNCIAS:
ALMEIDA, Silvio. Racismo estrutural. 1ª ed. São Paulo: Polen, 2018, p. 38-53.
CASOS de racismo no 1º semestre de 2022 já superaram os últimos dois anos no estado de
SP, diz secretaria de Justiça. G1 SP, 2022. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sao-
paulo/noticia/2022/07/22/casos-de-racismo-no-1o-semestre-de-2022-ja-superaram-os-
ultimos-dois-anos-no-estado-de-sp-diz-secretaria-de-justica.ghtml>. Acesso em: 21 out. 2022.
LAPLANTINE, François. Aprender antropologia. 1ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1988,p. 91-
112.
<https://www.revistas.udesc.br/index.php/linhas/article/view/1984723821462020204>
Acesso em: 19 out. 2022.
LESSA, Sérgio; TONET, Ivo. Introdução à filosofia de Marx. 7ª ed. São Paulo: Expressão
popular, 2004,p. 29-33.
‘VIM aqui pra comprar e me chamam de ladrão’; vídeo mostra homem negro sem roupa em
supermercado de Limeira. G1 Piracicaba e Região, 2021. Disponível em:
<https://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2021/08/09/video-mostra-homem-tirando-
parte-da-roupa-em-supermercado-de-limeira-caso-foi-registrado-como-
constrangimento.ghtml>. Acesso em: 21 out. 2022.