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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
Disciplina: Estado, Questão Social e Políticas Públicas

1. IDENTIFICAÇÃO
Disciplina: ESTADO, QUESTÃO SOCIAL E POLÍTICAS PÚBLICAS
Eixo: QUESTÃO SOCIAL E POLÍTICAS PÚBLICAS
Professora: Cristiana Costa Lima
Curso: Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas (Mestrado e Doutorado)
Carga Horária: 30 horas
Período: 2023.1

2. EMENTA DO EIXO QUESTÃO SOCIAL E POLÍTICAS PÚBLICAS


Estudo sobre a questão social, destacando os elementos que a constituem na história das
sociedades. Análise dos determinantes históricos da questão social, a partir da centralidade do
trabalho e do significado do controle social e das políticas públicas nas formas de seu
enfrentamento, nos marcos do capitalismo, destacando:
a) particularidades nas sociedades de capitalismo dependente, sob a dominação imperialista no
caso dos países da América Latina – com ênfase no Brasil e realce no Maranhão, no contexto da
região nordeste e da Amazônia;
b) as metamorfoses da questão social no final do século XX e suas configurações no século XXI
com o avanço do conservadorismo reacionário, em particular no Brasil. As formas históricas de
enfrentamento da questão social, considerando: i) as respostas do Estado, através das políticas
públicas; ii) a luta por solução na construção de alternativas que atendam os interesses e as
necessidades históricas dos trabalhadores na luta de classes; iii) o enfrentamento às estruturas
patriarcais e escravocratas que demarcam as relações de classe, gênero, etnia e raça
constituídas historicamente enquanto elementos estruturais e estruturantes das relações sociais
na particularidade da formação social brasileira.

3. OBJETIVOS
3.1 Geral
Orientar o estudo sistemático sobre a questão social, em sua constituição e em seu
enfrentamento e perspectiva de solução, destacando a mediação do Estado, por meio das
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políticas públicas, e da luta de classes na construção de alternativas que atendam às


necessidades e os interesses da classe trabalhadora.

3.2 Específicos
- Identificar as diferentes concepções de análise da questão social, destacando a concepção
sintetizada na luta de classes e os elementos que a constituem na história das sociedades.
- Analisar as metamorfoses da questão social, a partir do final do século XX e suas configurações
no século XXI;
- Identificar e analisar as particularidades da questão social nas sociedades de capitalismo
dependente na atual fase do capitalismo mundial, destacando a América Latina e a particular
inserção do Brasil, em especial na conjuntura aberta com o golpe de 2016;
- Identificar e analisar as atuais formas de enfrentamento da questão social, destacando: a) as
respostas do Estado e a mediação dos intelectuais, por meio das políticas públicas e o controle
social; b) a luta de classe na construção de alternativas que atendam às necessidades e os
interesses dos trabalhadores; c) o enfrentamento às estruturas que demarcam as relações de
classe, gênero, etnia e raça constituídas historicamente na formação social brasileira.

4. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

Tópico I – Fundamentos históricos e teóricos da questão social


a) Concepções e polêmicas, destacando a concepção sintetizada na luta de classes e os
elementos que a constituem na história das sociedades: necessidade, desigualdade e luta de
classe;
b) Metamorfoses do mundo do trabalho no final do século XX e a configuração da luta de classes
e da questão social no século XXI no mundo.

Tópico II – A questão social na contemporaneidade, destacando a particularidade e


manifestações nas sociedades de capitalismo dependente
a) O significado das relações de dominação/dependência entre as nações para a questão social
no atual movimento do capitalismo mundial sob a hegemonia do capital financeiro e a ideologia
neoliberal, com o avanço do conservadorismo reacionário no mundo desde a vitória da Revolução
Russa de 1917;
b) As expressões na América Latina, destacando o Brasil, com realce no Maranhão, considerado
no contexto da região amazônica na contemporaneidade.
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Tópico III – As formas históricas de enfrentamento da questão social.


a) As respostas do Estado via políticas públicas com a mediação da Constituição “Cidadã” e o
papel dos intelectuais;
b) A luta por solução na construção de alternativas que atendam os interesses e as necessidades
históricas dos trabalhadores na luta de classes, com atenção à particularidade do Brasil,
destacando o atual contexto de avanço do conservadorismo reacionário e do processo do golpe
de Estado em 2016;
c) o enfrentamento às estruturas patriarcais e escravocratas que demarcam as relações de
classe, gênero, etnia e raça constituídas historicamente na formação social brasileira.

5. PROCEDIMENTOS PEDAGÓGICOS
A disciplina será ministrada a partir de aulas expositivas e a realização de seminários pelos/as
alunos/as, a partir da leitura dos textos básicos sugeridos na disciplina.

6. AVALIAÇÃO
Compreendida em dois aspectos:
- Avaliação com vistas à atribuição de notas aos alunos/as, com base nos seminários temáticos
da disciplina (em equipe) e produção de artigo (individual);
- Avaliação da disciplina pelos/as alunos/as ao final da disciplina, com vistas a ajustes
necessários ao melhor aproveitamento possível de estudos e debates.

7. INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

7.1 Bibliografia básica

ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do


trabalho. São Paulo: Boitempo, 1999.

____. O Privilégio da Servidão. O novo proletariado de serviços na era digital. São Paulo:
Boitempo, 2018.

____. Uberização, trabalho digital e indústria 4.0. São Paulo: Boitempo, 2020. (artigo do
Ricardo Antunes - Trabalho Intermitente e uberização do trabalho no limiar da indústria 4.0 e
artigo do Vitor Filgueiras e Ricardo Antunes - Plataformas digitais, uberização do trabalho e
regulação no capitalismo contemporâneo).

ALMEIDA, Silvio (Coord.). Marxismo e a questão racial. Dossiê Margem Esquerda. São Paulo:
Boitempo, 2021.
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ARCANGELI, Alberto. O Mito da Terra: uma análise da colonização da Pré-Amazônia


Maranhense. São Luís: UFMA/PPPG/EDUFMA.

BALIBAR, Étienne. WALLERSTEIN, Immanuel. Raça, nação, classe: as identidades


ambíguas. São Paulo: Boitempo, 2021.

BOITO JÚNIOR, Armando. Reforma e crise política no Brasil: os conflitos de classe nos
governos do PT. Campinas, SP: UNICAMP; São Paulo, SP: UNESP, 2018.

CHESNAIS, François (Org.). A finança mundializada. São Paulo: Boitempo, 2005.

CHESNAIS, François, DUMÉNIl, Gerard, LEVY, Dominique e WALLERSTEIN, Immanuel. Uma


nova fase do capitalismo? São Paulo: Xamã/CEMARX/IFCH-UNICAMP, 2003.

CERQUEIRA FILHO, Gisálio. A questão social no Brasil: crítica do discurso político.


Civilização Brasileira, 1982

FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo:
Elefante Editora, 2017.

FERNANDES, Florestan. A revolução burguesa no Brasil. Rio de Janeiro: Ed.


Guanabara,1987.

____. Capitalismo dependente e as classes sociais na América Latina. Rio de Janeiro:


Zahar Editores, 1973.

GRAMSCI, Antonio. Caderno 12 (1932). Apontamentos e notas dispersas para um grupo de


ensaios sobre a história dos intelectuais. In Cadernos do Cárcere. Vol. 2 – Os Intelectuais. O
Princípio Educativo. Jornalismo. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2000. [Caderno 12]

HARVEY, David. A condição pós-moderna. São Paulo: Edições Loyola, 1992.

___. O novo imperialismo. São Paulo: Edições Loyola, 2004.

HELLER, Agnes. La teoria de las necesidades en Marx. Barcelona: Ediciones Península,


1978.

LOPES, Josefa Batista. A América Latina e a marcha da história na luta de classe: lutas
emancipatórias, reação conservadora e o intervencionismo USA na Venezuela. Trabalho
submetido à IX JOINPP, São Luís, 2019

MARX, K. As Lutas de Classes na França de 1848 a 1850. São Paulo: Boitempo, 2015.

____. A Guerra Civil na França. São Paulo: Boitempo, 2011.

MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: Boitempo,
2017.

MÈSZAROS, Istvan. O poder da Ideologia. Parte I – A necessidade da Ideologia. São Paulo:


Boitempo, 2004.
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ROUSSEAU, J. J. Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os


Homens. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

7.2 Bibliografia Complementar

ARENT, Hannah. Origens do totalitarismo. Antissemitismo, imperialismo, totalitarismo.


São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

BRAGA, Ruy. A rebeldia do precariado. Trabalho e neoliberalismo no Sul global. São Paulo:
Boitempo, 2017.

BORON, Atilio A. e LECHINI, Gladys (Compiladores). Política y movimientos sociales en un


mundo hegemônico. Lecciones desde África, Asia y América Latina. Buenos Aires: CLACSO,
2006.

CARTA ENCÍCLICA. Rerum novarum. Sobre a Condição dos Operários. São Paulo: Edições
Paulinas, 2002

CUEVAS, Agustin (Org.). Tempos Conservadores. São Paulo: Hucitec, 1989.

DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere. Vol. 3 – Maquiavel. Notas sobre o Estado e a


Política. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

____. Cadernos 22 (1934). Americanismo e Fordismo. Cadernos do Cárcere. Vol. 4 – Temas


de Cultura, Ação Católica, Americanismo e fordismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2001.

_____. A Questão Meridional. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

GALEANO, Eduardo. As Veias Abertas da América Latina. Rio de Janeiro: Editora Paz e
Terra, 1980 (Segunda Parte).

HARVEY, David. O Neoliberalismo. História e implicações. São Paulo: Edições Loyola, 2017.

KIERNAN, V.G. Estados Unidos: O Novo Imperialismo. Da Colonização Branca à Hegemonia


Mundial. Rio de Janeiro: Record, 2009.

HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: LTC, 1986.

KATZ, Claudio. Neoliberalismo, Neodesenvolvimentismo, Socialismo. São Paulo:


Expressão Popular/Fundação Perseu Abramo. Partido dos Trabalhadores, 2016.

LUKÁCS, György. Para uma ontologia do ser social II. Segunda parte: Os complexos de
problemas mais importantes I. O Trabalho. 2. O trabalho como modelo da práxis social. São
Paulo: Boitempo, 2013.
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LOSURDO, Domenico. Fuga da História? A revolução russa e a revolução Chinesa hoje. Rio
de Janeiro: Ed. Revan, 2004.

____. A linguagem do império. Léxico da ideologia estadunidense. São Paulo: Editora


Boitempo, 2010.

LOPES, Josefa Batista. A luta de classes como elemento constitutivo e motor da solução
da questão social. Anais 19ª Conferência Mundial de Assistentes Sociais: “O desafio de
concretizar direitos numa sociedade globalizada e desigual”. IFSW (Federação Internacional de
Trabalhadores Sociais - FITS) e CFESS (Conselho Federal de Serviço Social), Brasília, 2008.

____. Ética e desenvolvimento no contexto da crise do capital: apontamentos para um


estudo crítico. In Revista de Políticas Públicas. Número Especial V JOINPP. p. 299-306 São
Luís, EDUFMA, 2012.

MÈSZAROS, Istvan. Para além do capital. Rumo a uma teoria da transição. Capítulos 1, 2, 16
e 21, São Paulo: UNICAMP/Boitempo, 2002.

NETTO, Leila Escorsim. O conservadorismo clássico. Elementos de caracterização e


crítica. São Paulo, 2011.

OLIVEIRA, Francisco de. Crítica à razão dualista. O ornitorrinco. São Paulo: Boitempo, 2003.

_____. Noiva da revolução. Elegia para uma re(li)gião. São Paulo: Boitempo, 2008.

PASTORINI, Alejandra. A categoria “Questão Social” em debate. São Paulo: Cortez Editora,
2004.

ROUSSEAU, J.-J. O contrato social. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

ROSANVALLON, Pierre. A nova questão social: repensando o Estado Providência. Brasília:


Instituto Teotônio Vilela, 1998.

TEMPORALIS. Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social. Ano 2, N. 3, (jun


– jul. 2001), Brasília: ABEPSS.

São Luís (MA), junho de 2023.

Profª Drª Cristiana Costa Lima

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