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1. INTRODUÇÃO
Uma das razões apresentada pelo mercado é a baixa qualificação do negro(a), para
que eles possam ocupar as vagas oferecidas pelo mercado, acontece que com a lei de cotas
(Le 12.711/2012), os negros(as) passaram a ter uma melhor qualificação com um aumento
significativo de negros(as) nas universidades e as universidades têm avançado em equidade
sem comprometer a excelência, mas isso não se reflete no mercado de trabalho.
Diante do entendimento de que o racismo só pode ser apreendido nas relações, nos
processos e na estrutura econômica, o estudo terá como objetivo focar nas análises a partir
de diferentes situações que expressam uma desigualdade racial nas relações e estrutura do
mercado de trabalho.
os mais baixos salários e constituem a grande parcela de trabalhadores que vivem nas
condições mais precárias e marginalizadas.
Situado no debate mais geral sobre o trabalho no Brasil, o presente trabalho analisa
o racismo no mercado de trabalho, desde o surgimento do trabalho livre até os dias atuais,
buscando apreender as determinações que limitam/impedem os negros(as) de construírem
uma trajetória de organização e crescimento na pirâmide social. Ela agrega relevâncias
trabalhistas, sociais e políticas.
a quem se beneficia do racismo que leva diretamente as relações de raça e racismo como
uma estrutura de classes e estratificação.
Diante do objeto de estudo e das suas requisições , essa trabalho possui um caráter
qualitativo e eminentemente teórico. Os dados analisados pertencem as fontes
bibliográficas e, por isso, tratam-se de fontes secundárias.
O capitalismo, no final do século XIX, se colocou com tais condições a partir das quais a
raça se tornou uma necessidade à acumulação e exploração, cabe enfrentar a tarefa de
analisar a construção social da raça, no marco do racismo científico e suas resultantes no
contexto que marcou a exploração capitalista em sua etapa imperialista. Nesse diapasão
proponho retirar a raça da condição colocada por tipo de literatura que, quando não omite,
nega o seu vínculo com o capitalismo.
Para o autor, já que estes são banidos dos debates sérios acerca das
relações estabelecidas entre os países de capitalismo avançado e os
de economia dependente, ¨ os estudiosos do autocomplacente
consenso ideológico podem andar em círculo e deduzir da matriz
de categorias assumidas qualquer coisa que for conveniente à
ordem dominante e sua ideologia oculta¨ (MESZAROS, 2004,
p.58).
Uma vez que raça se constituía em uma realidade social e que seus atributos
convincentemente davam provas de que a igualdade, enquanto fundamento burguês, não se
constituía na base para estabelecer relações entre os não europeus, aquela diferença
transformada em inferioridade converte a raça em uma arma burguesa e suporte necessário
a legitimidade, em uma época que o imperialismo encorajou a massas, sobretudo as
descontentes a se identificarem ao Estado e a nação para conquistar novos territórios e a
explorar as raças consideradas inferiores.
Essa situação é importante ressaltar para situar que a economia colonial brasileira,
mesmo assentada também em relações pré-capitalista, como o trabalho escravo, se
organizou e se desenvolveu sob a lógica da produção capitalista.
Não se trata de um processo movido pela simples vontade de uma mentalidade nova
em si mesma. Ao contrário, a ruptura com a homogeneidade da ¨aristrocracia agrária¨ se
deve às transformações realizadas, pelo fazendeiro de café, decorrentes das exigências
postas pelo mercado mundial. Nesse cenário, o agente econômico, confrontado pelas
constantes pressões do mercado externo, sobre o custo social da grande lavoura extensiva,
passa a ¨operar com a riqueza fora do contexto econômico da grande lavoura de escravos¨
(FERNANDES, 2006, p.129). Situação que faz o fazendeiro do café diferenciar seu papel
econômico, obrigando-o a abandonar o status senhorial em favor da sua adequação às
¨funções de grande proprietário¨.
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Não escapou aos analistas do pensamento brasileiro que a vinculação das teorias
racistas no Brasil deve-se, em muito, à influencia do pensamento europeu. Não escapa
ainda que vários dos nossos mais renomados homens de ciência tenham buscado os seus
fundamentos nas teorias das ciências naturais que impulsionaram os mais diversos círculos
interessados no final do século XIX (SODRÉ, 1965,p.90). Veja que ¨A tristeza, luxúria,
cobiça e preguiça eram os pecados do índio, caboclo, negro e mulato¨ (IANNI,1991p.25) ,
¨O racismo clássico, tendo sempre seus promotores nas diversas sociedades, no qual
circulam as ideias sobre raças circulam intensamente do Velho Mundo para o Novo
Mundo¨
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Silvio Romero visto como homem do seu tempo, preocupado em ¨aplicar um ideário
científico à complexa realidade nacional¨ (SCHWARCZ, 1993,p.153) segue aquelas ideias
em sucesso na Europa que pensavam as civilizações a partir do estudo do meio físico e das
raças. Identifica no clima e na raça as chaves para pensar a realidade brasileira. Afinal raça
e clima sempre se constituíram na explicação perfeita para aquele tipo de ciência que no
século XIX enquadra os não brancos na condição de inferioridade.
A sua teoria de ¨degenerescência e tendência ao crime dos negros e mestiços¨, dita o tom
da inferioridade e da incapacidade atribuída aos negros(as), mestiços(as). Por questões
referendadas na sua grande obra ¨Os Africanos no Brasil¨.
com o desenvolvimento do nosso país. Nesse diapasão era importante definir as relações de
produção baseadas no trabalho assalariado como a força de trabalho adequada ao processo
produtivo em situação. Considerada um componente imprescindível dos processos
capitalistas no país, a raça passa a ser um marco importante ao desenvolvimento. Tal
requisito fica evidente quando o estado passa a adotar medidas no sentido de garantir o
projeto burguês de desenvolvimento com o branqueamento da população via política de
imigração.
Esses atos legais, vistos na sua aparência, surge como uma mera ação do Estado no
sentido de garantir força de trabalho no processo de produção, mas ao analisa-lo
profundamente verifica-se um processo de transição capitalista com uma estreita relação
entre raça e desenvolvimento.
Uma discussão necessária é aquela que versa sobre a imigração europeia como
única possibilidade no enfrentamento da problemática da força de trabalho no Brasil. Esse
debate, embora de forma sumária, precisa ser enfrentado. O discurso que versa sobre a
adoção do trabalho do imigrante como imprescindível diante da ausência de força de
trabalho nas regiões onde a economia do país estava em pleno vigor expansivo, ou até
mesmo, em face da incompatibilidade do negro para assumir o trabalho assalariado,
constitui uma questão de análise. Claramente não encontrei na literatura um consenso em
relação às razões da opção pelo imigrante europeu. Ao contrário, o enfoque puramente
econômico não ajuda a entender outras variáveis que se colocaram na definição pela
imigração europeia, a exemplo do racismo dentro da política de imigração.
Tendo presente a análise que norteia este estudo, uma discussão necessária é aquela
que discute sobre a imigração europeia como única possibilidade no enfrentamento da
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Ianni, por sua vez, concebe a escravidão como um ¨regime que representava um
obstáculo à expansão da racionalidade indispensável à aceleração da produção do lucro¨
Da sua interpretação, compreende-se que os processos internos e externos associados a
economia cafeeira como propulsores da força de trabalho livre. (Ianni,1966)
Nas suas palavras ¨... o dilema que cerca a existência do negro, depois de 1888, se
resume nos seguintes termos: nem ele estava preparado para vender a sua força de trabalho
nem o empresário estava preparado para compra-la. (IANNI, 1966,p.18).
Embora outros fatores estejam articulados a essa situação, vale assinalar que, ao
que tudo indica, se não existisse um direcionamento racial, provavelmente haveria sido
encontrados meios, inclusive financeiros, para arregimentar a força de trabalho existente
no país.
Diante dos argumentos aqui relatados parece-me plausível admitir o racismo como
um dos determinantes da opção pela imigração. Indicação possível de ser afirmada pela
dinâmica que se instaurou na transição capitalista no Brasil, quando o racismo, ao
determinar o lugar dos (das) racialmente discriminados nas ocupações informais e
precárias, determina, por sua vez, uma condição de vida e de trabalho diferenciada para
essa parcela da classe trabalhadora brasileira.
população total do Brasil era de 17 milhões de habitantes, dos quais 1,1 era imigrantes que
se concentravam no setores mais dinâmicos da economia¨(THEODORO, 2008,p.29). Nos
anos posteriores, até 1920, o processo de urbanização e de industrialização não alterará o
quadro em relação aos(as) negros(as).
Com esse quadro é possível questionar, até que ponto o despreparo e a ausência de
escolarização dos negros se constituem nas reais motivações para as desigualdades
vivenciadas pelos negros(as) no mercado de trabalho.
Na sua análise, onde a autora toma o censo de 1980 como parâmetro para a sua tese
para analisar a participação das mulheres negras e brancas no mercado de trabalho da
Bahia, ela afirma que embora as transformações operadas na estrutura produtiva tenham
contribuído para expandir a participação das mulheres, essas transformações afirmaram os
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Esses dados permitem a autora afirmar que mais do que sexo, a raça assume papel
decisivo na definição de uma participação menor das trabalhadoras nas ocupações
socialmente mais valorizadas e, consequentemente, melhor remuneradas.
Outra questão que merece ser analisada é a relação salarial média entre as décadas de
1960 e 1980, durante esse período o salário mensal dos brancos, na primeira década era
2,5 vezes maior que o os negros. Na década de 1980, verifica-se uma diminuição do fosso
que separa os salários dos brancos e dos negros, ainda assim os brancos continuam a ter
salários 1,89 vezes maiores que os negros, permanecendo o hiato salarial.
Dessa maneira, apesar de ter presente a fluidez nas relações de trabalho expressas nos
baixos níveis e ampla diferenciação das remunerações dos trabalhadores (PRONI;
BALTAR, 1996,p.119 e 120), destaca-se o quanto a raça assume papel função importante
no que se refere ao rendimento no mercado de trabalho. Essa análise marcante na
diferenciação salarial entre negros(as) e brancos(as) se intensifica no trabalho de
ANDREWS (1998) a respeito do debate que SILVA (1978) estabelece utilizando os dados
do censo de 1960 e relacionando raça, salário, educação e profissão. Os dados revelaram
uma grande diferença salarial entre os negros(as0 e brancos(as).
Tomando como base o censo de 1980 (ANDREWS, 1998,p.253) faz uma análise da
participação dos negros(as) e brancos(as) no mercado de trabalho no Estado de São Paulo.
Com o cálculo proporcional entre as rendas de médias de brancos(as) e negros(as), o
resultado mostra que ¨a proporção de renda média de brancos para negros para a população
economicamente ativa como um todo é de 1,39; a renda média em São Paulo é, 39% mais
elevada que a renda dos negros¨. Consequentemente, o racismo expressa nas diferenças
salariais, mesmo nos empregos hierarquicamente mais elevados se confirma nos dados da
PNAD de 2014 e de 2018 e co Censo de 2010. Eles retratam uma crescente desigualdade
salarial na mesma proporção que se eleva o nível de escolaridade.
Conforme analisado por ANDREWS(1998, p.248) “ [...] começou em São Paulo uma
segunda fase de competição racial, quando os filhos dos trabalhadores negros e da elite
negra anterior a 1940 adquiriram a educação que iria lhes permitir competir por uma
mobilidade ascendente e admissão nas fileiras dos empregos de colarinho branco. No
entanto, quando eles saíram pelo mundo para obterem esses empregos, descobriram-se
enfrentando as mesmas barreiras que seus avós haviam enfrentado na virada do século¨.
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A exploração do trabalho pelo capital tem como foco a relação entre jornada de
trabalho e salário, que não deixa de expressar uma relação com a condição social dos
negros(as).. No Estado de São Paulo, por exemplo, a pesquisa da SEADE/DIEESE, ano de
1987, aponta que, embora com uma jornada de trabalho superior a dos brancos(as), os
negros tem um rendimento médio inferior aos brancos, isto é, enquanto no trabalho
principal o rendimento médio dos(das) negros(as) era a época de Cr$ 11.463,00, o dos
brancos(as) atingia Cr$ 19.483,00, superando em cerca de 70% rendimento dos
trabalhadores negros(as) (CHAIA,1988)
pelo rendimento médio hora para os brancos(as) [...] duas vezes superior ao rendimento
dos negros(as). (CHAIA, 1988). Essa situação da raça para a acumulação capitalista no
Brasil também é expressa na situação dos trabalhos de menores rendimentos, representados
por ate meio salário mínimo, os negros(as) (15% pretos e 16% pardos) tem uma maior
participação quando comparados com os brancos (7,5%) e com os amarelos (4,5%)
(BATISTA; GALVÃO, 1992.p.86). Esse cenário responde, ao menos em parte, o porquê da
renda per capita das famílias negras, em 1987, ser de Cr$ 5.995,00 enquanto a das famílias
brancas chegou a Cr$ 10.915,00 (CHAIA, 1988),
Esses indicadores são reforçados por BATISTA e GALVÃO (1992,p.85 e 86), que
afirmam que ¨de maneira geral, os pretos e pardos apresentam baixo grau de formalização
nas relações de trabalho em comparação com os brancos, se observamos as taxas de
contribuição previdenciária e carteira assinada¨, É por isso, por se concentrarem nos ramos
menos protegidos (atividades agrícolas, indústria da construção civil e prestação de
serviços), os(as) negros(as) ¨apresentam grau de formalização menores se comparados aos
brancos¨. Considerando que um quarto da população ocupada em 1987 ser concentra no
setor primário, o menos protegido pelas leis trabalhistas, ¨o grau de informalidade se
constitui em mais um elemento a confirmar a situação de desvantagem da mão de obra
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Essa configuração, quando vistas pela ótica da questão trabalhista, mostram que a
formalização versus a informalidade das relações de trabalho se coloca no centro das
mediações que se tornam necessárias para a compreensão dos processos que
historicamente envolveram a raça e que, ajudaram a conformar, no Brasil, uma questão
social, atravessada por determinações raciais.
Pegando esse cenário para analisar o racismo no mercado de trabalho no país, nos
anos de 1980 e 1990, nota-se que, mesmo diante de um contexto marcado pela
flexibilidade, as condições que caracterizam o emprego no Brasil, não se generalizam para
todos os trabalhadores sem distinção. Nota-se que, mesmo em meio a consolidação da
flexibilidade do regime de trabalho, a raça apresenta-se como uma determinação
fundamental da alocação dos trabalhadores negros(as) nos empregos de maior rotatividade
da força de trabalho, de maior informalidade e de menor nível salarial. (PORCARO,
1988,p.189 a 192), ao analisar a segmentação no mercado de trabalho diz a ¨desigualdade
racial no modelo capitalista brasileiro, acaba localizando os(as) negros(as) em apenas cinco
setores de atividades com predominância de trabalho secundário, ou seja, nos setores de
trabalho instável e mal remunerados, marcados pela constante troca de emprego¨.
Essas situações demonstram que os trabalhadores aí inseridos, por via de regra, são
demitidos ( ou se demitem), durante o período de experiência determinado pela legislação
trabalhista. O que significa uma permanência no emprego em um período inferior a três
meses e, quando muito, em menos de um ano de serviço. Essa flexibilidade no trabalho, de
acordo com os autores citados, não difere muito daquela apresentada na indústria de
transformação onde a formalização das relações de trabalho é mais frequente, ¨salvo os
poucos setores onde a rotatividade da mão de obra é pequena e o emprego é regular e
contínuo, poucos trabalhadores conseguem acumular tempo de serviço com o mesmo
empregador¨ (BALTAR; PRONI, 1996,p.124).
Esse mesmo comportamento ocorreu com a construção civil, setor com expressiva
absorção da força de trabalho negra, que embora afetada pela crise, manteve uma
contratação de quase 12% da força de trabalho no período de 1979 a 1984. O setor de
serviços, em especial, os subsetores com acentuada informalidade e precariedade nas
condições de trabalho, notadamente o comércio ambulante, feira livre e trabalho
doméstico, com forte presença de trabalhadores(as) negros(as), cresceu substancialmente,
sobretudo no período em que a crise se agrava. Nesse sentido, essa redução do emprego
formal e do crescimento do setor informal, se faz sentir pela ¨elevação nas taxas de
subemprego e na deterioração da remuneração média das pessoas¨. Em 1983 61,4% dos(as)
trabalhadores(as) urbanos brasileiros estavam vinculados a Previdência Social, o que
significava uma queda de 8,1% em relação ao ano de 1979(com 69,5%) (OLIVEIRA,
PORCARO E ARAÚJO, 1987).
Dessa forma, a análise das ocupações informais mostra que, em 2006, a informalidade
atingiu mais a população preta e parda. Enquanto 53,3% da população economicamente
ativa branca estava inserida em ocupações informais, 65,5% da população preta e parda
evidenciava essa realidade, e de acordo co a população economicamente ativa da época da
população preta e parda inserida na informalidade, 61,5% eram homens e 75% eram
mulheres.
mediações históricas, políticas e culturais são importante para apreender o papel da raça
nos processos sociais reais. Isto é, são fundamentos para entendermos o que fizeram
historicamente os(as) trabalhadores(as) negros(as) uma parcela da classe trabalhadora com
uma trajetória particularizada.
Ao observar a renda dos domicílios chefiados por mulheres, de acordo com o DIEESE,
em 2004, eles possuíam uma renda inferior as famílias com chefia masculina.
Ao longo deste trabalho, buscamos fornecer uma visão histórica sobre a trajetória do
racismo na sociedade brasileira e de como ele se apresenta em todos os segmentos desta
sociedade. Demonstramos também que, essas circunstâncias históricas, na estrutura da
formação social brasileira, vieram a determinar a reprodução econômica, social e política
da força de trabalho dos negros(as). Demonstramos também que, o racismo no Brasil se
apresenta como um dos grandes desafios a serem superados pela população negra, já que
esta condição, acrescida da distribuição injusta da riqueza e dos inúmeros benefícios
gerados pela política econômica a classe dominante, notadamente branca, relegam a
grande maioria negra a condições extremamente precárias de sobrevivência.
Acredita-se que a luta política pela igualdade entre negros e brancos não está
desconectada da luta pelo fim de uma sociedade que tende a homogeneizar culturas,
hierarquizar e coisificar as relações entre as pessoas que em uma instância, estão
condenadas a serem reduzidas a consumidores e mercadorias. Assim sendo é necessário
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Quando analiso esse processo, a partir da luta como condição de garantias de direitos,
observo que os negros(as) por não ter na sua organização sindical a sua base de luta,
passam a construir assuas reivindicações na esfera da sociedade civil, direcionando a sua
luta contra o Estado.Essa maneira de reivindicar dos negros(as) ocorre, sobretudo, a partir
da década de 1970, quando a militância negra passa a se basear em componentes políticos
e ideológicos.
É nítida a relação entre pobreza e condição racial. Nas cinco regiões do país, de
acordo com (PAIXÃO, 2011), a participação no PBF indica que os(as) negros(as) e
pardos(as) constituíam a maioria absoluta dos titulares no Norte, com 82,1 %; no Nordeste,
com 76,2%, no Sudeste, com 55,8% , no Centro-Oeste, com 63,7%. Apenas no Sul esta
participação foi minoritária, com 22,8%.
Nesta conjuntura de trabalho resulta uma condição de vida extremamente difícil, seja
pelo rendimento do trabalho abaixo do rendimento dos(das) demais trabalhadores(as)
brancos(as), seja pela não participação no produto obtido do trabalho na vida social.. Em
2008, ¨entre os 10% mais pobres, 25,5% se declararam brancos(as), enquanto 73,3% eram
pretos ou pardos. Essa relação muda e se converte entre os 1,0% mais ricos: 82,7% eram
pessoas brancas e apenas 15,0, eram de cor preta ou parda¨. (IBGE/PNAD,2009, p.187).
Assim sendo, acredito que a única forma de promover a igualdade entre as pessoas,
mas especificamente, de eliminar a concepção generalizada da inferioridade da raça negra,
é eliminando a estrutura de organização social que necessariamente precisa inventar os
seus ïnferiores¨ para justificar a miséria gerada pelo sistema, elegendo uma cultura e
valores superiores para hierarquizar as relações entre as raças.
Ainda não há vestígios de melhorias concretas nesse terreno, porque ainda não se
conseguiu disseminar de forma eficaz a gravidade e a urgência de uma discussão nacional
e mundial em prol de um novo projeto de organização social, que priorize o
desenvolvimento das potencialidades humanas e de suas individualidades em detrimento
do capital. A degradação humana é cada vez maior, mas as ideologias patrocinadas pelo
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Estado e disseminada por seus veículos (a mídia, a polícia, a escola, a fábrica, etc) cegam
as vistas e atrofiam a luta contra essa tendência. (FANON, 1983.p.83), chega a algumas
conclusões dobre essa temática:
9. REFERÊNCIAS
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