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DEPARTAMENTO DE LETRAS
DISCIPLINA: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL
PROF. DR. ANDRÉ CAVALCANTE
TURMA: EA
ESTUDANTE: ATHILA DA SILVA GALINDO SANTOS
RESENHA CRÍTICA
ALMEIDA, Silvio de. Racismo e economia. In: ALMEIDA, Silvio de. Racismo
Estrutural. Belo Horizonte: Letramento, 2018.
1
IBGE. Conheça a população: Cor ou Raça, c2019. Educação. Disponível em:
<https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18319-cor-ou-raca.html>. Acesso em: 06 de out. de
2022.
2
NASCISMENTO, Aline Souza do. O que são e como surgiram as políticas afirmativas?. Sim a igualdade racial,
c2020. Disponível em:
<https://simaigualdaderacial.com.br/site/o-que-sao-e-como-surgiram-as-politicas-afirmativas/>. Acesso em: 12 de
out. de 2022.
Como por exemplo nas universidades, onde menos de 3% delas se encontram com
o corpo docente distribuído de forma equitativa com a distribuição racial do estado3.
O que justifica a permanência desse quadro mesmo após quase 20 anos de
políticas afirmativas de combate à desigualdade racial? Silvio Almeida tenta explicar
o racismo e a desigualdade se utilizando de diversas teorias sociais. Há uma
ressalva para as teorias de Gunnar Myrdal e Oliver Cox, pois
3
Correio Braziliense. Menos de 3% dos professores universitários do Brasil são negros, c2021. Desafios.
Disponível em:
<https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2021/11/4964642-menos-de-3-dos-professores-universitarios-do-br
asil-sao-negros.html>. Acesso em: 12 de out. de 2022 .
perspectiva da classe dominante. Enfim há um desenvolvimento da subjetividade
desse sujeito a partir dos produtos culturais e do meio que se encontra presente,
tendo como consequência reforçar esses preconceitos.
Vale salientar que além da construção de uma subjetividade por meio de
produtos culturais, durante o início do século 20 existiam hipóteses científicas que
tentavam validar concepções de superioridade racial. Ou seja, sistematicamente o
nosso modo de produção sempre busca a desvalorização de grupos minoritários de
maneira a justificar o usufruto de sua força de trabalho a um custo menor.
O racismo cumpre o papel de tornar imigrantes, latinos ou negros sujeitos
inferiorizados, o que é de interesse da classe dominante de acordo com o período -
seja na era da escravidão ou exercendo atividades por baixa remuneração.
Um outro ponto relevante é a reflexão que Almeida traz sobre o problema da
desigualdade: seria uma questão de raça ou classe?
Genuinamente ele faz o uso de Florestan Fernandes para defender a
conexão entre elas e o reconhecimento de exigências diferenciais para diferentes
tipos de grupos minoritários: alguns sofrem apenas por fatores de desigualdade
econômica, entretanto existe uma parcela considerável de trabalhadores pretos que
clamam por outras demandas. Assim, as trabalhadoras pretas também terão
reivindicações para combater os preconceitos e discriminações que sofrem.
Sendo assim, é imprescindível a identificação da complexidade que abrange
as realidades que enfrentam os grupos minoritários, além do entendimento que o
que os dá coesão por uma agenda de pautas e reivindicações é seu status de classe
trabalhadora que luta contra os abusos do capital, que vive da sucção de seu
trabalho.
Silvio Almeida também arruma espaço neste capítulo para tecer uma crítica
no tocante às teorias desenvolvimentistas, pois elas emergiram na américa latina
durante a metade do século 20 e não debatiam a questão racial. Para Almeida, é um
fator indispensável levar em consideração tais aspectos ao tratar de países que
possuem raiz escravocrata. Num neodesenvolvimentismo brasileiro, urge a
necessidade de pautar a questão racial como essencial na distribuição de riqueza e
combate às desigualdades mais acentuadas de acordo com a origem racial.
Em síntese, a obra de Silvio Almeida é bastante útil e indicada para todos os
brasileiros que queiram entender a complexidade das relações sociais presentes na
sociedade. Ela se apresenta como um guia introdutório bem embasado e
fundamentado numa análise material de grande relevância, agregando para os
setores acadêmicos e também para o povo brasileiro em geral. Num período tão
conturbado da história geral, o combate à desinformação e a disseminação dos
problemas sistêmicos que enfrentamos é um ato que deve ser trabalhado
cotidianamente.