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JUIZ DE FORA
2023
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JUIZ DE FORA
2023
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Abstract: The following research aims to analyze the formation and constitution of the
homeless population in Brazil according to their profile. Through a bibliographical and
documentary analysis, we seek to make a historical rescue of the brazilian social
formation and a deepening of the bases of the capitalist system in the country,
investigating the way in which pauperism was developed until reaching the housing
crisis experienced today, with thousands of people living on the streets. After this
debate, we analyzed the composition of the homeless population through pre-
established categories, understanding their particularities and singularities of
formation.
In this research we believe it was also necessary to analyze the national policies
and criticize the lack of current data and studies about this population, showing the
omission and silencing experienced by this neglected part of society.
Keywords: Population; Homeless; Capitalism; Social issue; Rights; Home; Policies;
Invisibility.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………….…...……..4
2. REFERENCIAL TEÓRICO…..………………..………………………….………... 5
1. INTRODUÇÃO
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO
Para explicitar, utilizamos a perspectiva de Karl Marx (1867), que aponta o início
do processo de acumulação primitiva na Inglaterra, no período de transição do
feudalismo para o capitalismo, a partir do momento em que houve o rompimento das
vassalagens, com uma violenta expropriação do povo do campo. Além disso,
caracteriza o momento em que os meios de vida dos camponeses começaram a ser
submetidos à lógica do capital.
O termo foi usado pela primeira vez por volta de 1830, referindo-se à pobreza
como um fenômeno geral no início do capitalismo industrial e reconhecendo como um
problema social resultante do desenvolvimento sociopolítico do sistema. Nesse
sentido, não é possível falar de questão social antes da Revolução Industrial, pois foi
apenas a partir dela que as relações sociais de produção se complexificaram e foram
modificadas o suficiente para demarcar a divisão da sociedade capitalista em classe
burguesa e classe trabalhadora. Interligando a gênese da questão social com o
fenômeno da população em estudo, Pereira afirma:
2.4. PERFIL
Quanto mais tempo uma pessoa passa na rua, mais ela desenvolve um modo
de vida próprio que garanta sua sobrevivência. Em contrapartida, as condições
também vão ficando mais precárias, tal como vai diminuindo as chances de saírem
dessa situação. Acabam dependendo da filantropia para terem o que comer e sendo
mais marginalizadas pelo Estado burguês. Na matéria ‘“Pra eles a gente não tem
valor”, a realidade das pessoas em situação de rua no centro de SP’, publicada no
Jornal A VERDADE em dezembro de 2021, Beatriz Zeballos e Luis Henrique Chacon,
também militantes do Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas, assinalam:
A invisibilidade e descaso do governo contra a população em situação de rua,
formada em parte por trabalhadoras e trabalhadores que perderam sua única
fonte de renda por conta da pandemia, expressa as contradições que
envolvem o sistema capitalista. (p.2)
Dez anos após esta afirmativa, a auditoria cidadã da dívida publicou que
50,78% do orçamento federal de 2021 foi gasto apenas em juros e amortização da
dívida pública, enquanto menos de 5% foi direcionado a políticas de moradia e, em
meio a pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2, apenas 4,18% foi para saúde. Ao
mesmo tempo, o Brasil já vivia há mais de uma década marcado por forte crise
econômica e política com a extrema direita tomando as ruas do país em grandes
manifestações, o golpe político de 2016, as medidas neoliberais do ex-presidente
Michel Temer e o avanço do fascismo, o que gerou profundo aumento da
desigualdade social e de renda. Os grandes capitalistas se aproveitaram da crise para
aumentar a acumulação de riquezas e deixar mais pessoas vivendo em situação de
extrema pobreza, enquanto ficava evidente que a socialdemocracia, durante o período
que estava no poder antes do golpe, cumpriu bem o papel nomeado por Georgi
Dimitrov de “antessala do fascismo” (1935).
Portanto, é notório como a situação dos brasileiros se torna cada vez mais
precária com as políticas liberais adotadas pelo desastroso governo de Jair
Bolsonaro. O saldo de seus quase quatro anos de gestão é o aumento dos
lucros das grandes empresas, falência dos pequenos comércios, aumento da
violência contra mulheres, negros e pessoas da comunidade LGBT,
desemprego e fome. Por mais que Bolsonaro, os militares e toda essa corja
liberal insistam em seu fictício plano de progresso no país, a realidade se
impõe e desmascara a política liberal que apenas aumenta a acumulação de
capital para os ricos e joga os pobres cada vez mais à sua própria sorte,
fazendo com que o Estado atue como um Robin Hood às avessas, tirando
dos pobres para dar aos ricos. (p.3)
Não é de se surpreender, neste cenário, o visível crescimento do número de
pessoas vivendo pelas ruas do país nos últimos anos e Juiz de Fora não fugiu desse
resultado. Fica claro, para aqueles que prestarem atenção ao andarem pelo centro da
cidade, que a população em situação de rua aumentou. Contudo, o perfil desta, após
toda a mudança conjuntural apresentada desde 2007, não pode ser o mesmo.
não garantiu mínimo de direitos. No quesito de faixa etária, 48,6% tinham entre 31 e
50 anos e 7,7% acima de 61 anos, mas esse percentual passava por um processo de
aumento, o que demonstrava que a população em situação de rua acompanhava o
processo intenso de envelhecimento da população total de Juiz de Fora da época. A
maioria eram homens e apenas 16,9% mulheres, o que a autora supõe vir do fato de
que o trabalho do homem é predominantemente fora do espaço doméstico e a mulher
ser mais vinculada à família e estar mais submetida a violência. Quanto à
escolaridade, 72,3% não possuíam ensino fundamental completo. Um dado
importante da pesquisa é que 60% dessas pessoas não tinham origem em Juiz de
Fora, além de que o desemprego foi o que levou 41,6% delas para a rua e 62,6%
afirmou precisar de emprego e renda para sair da rua.
3. METODOLOGIA
Inicialmente, a pesquisa seria desenvolvida em duas etapas que estariam
interligadas. A primeira diz respeito ao suporte teórico das bibliografias escolhidas,
tendo como base principal o método do materialismo histórico-dialético, que permite
uma análise da totalidade social. O segundo momento seria uma análise documental
dos dados apresentados pelo projeto do Censo e Diagnóstico da população em
situação de rua em Juiz de Fora - MG (2022), no qual também estivemos envolvidos
diretamente, e um comparativo com os dados apresentados na pesquisa do Trabalho
de Conclusão de Curso da Meimei Oliveira sobre o perfil da mesma população em
2007.
O Censo e Diagnóstico foi realizado no mês de outubro em uma parceria da
prefeitura de Juiz de Fora com a Universidade Federal de Juiz de Fora, objetivando
traçar o perfil dessas pessoas para o planejamento de políticas públicas mais
adequadas no atendimento dessa população. Entretanto, com a dinâmica dialética da
realidade, ocorreu um atraso na divulgação dos dados coletados no Censo e foi
necessário alterarmos a metodologia e traçarmos um novo objetivo, de forma que se
mantivesse o tema sobre o perfil da população em situação de rua.
Nesse sentido, a pesquisa foi desenvolvida por meio de uma análise
documental e teórica, que permitiu a compreensão sobre como a população em
situação de rua é formada no Brasil e de como essa situação se perpetua até os dias
atuais. Além disso, aprofundamos observações das categorias que se articulam
dentro das classes, raça e gênero, para compreender como afetam a questão da
moradia.
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4. RESULTADOS ALCANÇADOS
O caso do Brasil como colônia de Portugal não foi diferente. A lógica mercantil,
colonial e escravista se perpetuou por anos, com o tráfico de escravos vindos da
África, a produção do açúcar e a exploração de riquezas para atender a metrópole.
Os indígenas que habitavam a região foram catequizados, logo, encontraram na África
a mão de obra escravizada que necessitavam para o país e assim o tráfico negreiro
se tornou uma das principais atividades econômicas para os portugueses.
Com a crise do sistema escravista e precedido por algumas leis, como a Lei
do Ventre Livre e a Lei dos Sexagenários, em 1888 aconteceu a abolição da
escravidão, através da Lei Áurea. Esse fato histórico, juntamente com a Proclamação
da República, em 1889, marcou um momento de “europeização” e de branqueamento
da população brasileira:
Esse momento pode ser entendido como o esforço feito para desvincular o
trabalho das marcas deixadas pela escravidão, e assim, torná-lo uma atividade “digna
de honra” e exercida pelos imigrantes. As modificações nas concepções e nas
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Além disso, desde que o país foi colonizado, Portugal enviava para o Brasil
os considerados “vagabundos” e “mendigos”, as prostitutas e quem tivesse cometido
algum tipo de crime, como forma de punição. Assim, chegava ao país quem era
considerado “desajustado” pela Europa, sem nenhum tipo de política que lhes
garantisse direitos. Atrelado a isso, a forma como se deu o processo de abolição da
escravidão também não garantiu direitos à população negra e não significou a sua
emancipação. Largados à própria sorte e sem nenhuma política que permitisse sua
integração na sociedade, foram obrigados a ocuparem as áreas periféricas das
cidades e a se inserirem em atividades precarizadas e desumanas como única forma
de sobrevivência. Assim, estavam dadas as bases de formação da classe
trabalhadora no país:
a partir de 2018 com a vitória do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, que permitiu
o avanço de um neoliberalismo radical no país. O sucateamento das políticas públicas,
o desmonte dos direitos dos trabalhadores e o investimento nos setores privados
contribuíram de forma drástica para que a vida da classe trabalhadora fosse ainda
mais afetada. Atrelado a isso, a pandemia de COVID-19 iniciada no ano de 2020
representou um momento de fragilidade no país, onde milhões de pessoas perderam
seus empregos e a crise habitacional foi intensificada.
a mais suscetível a ser atingida pelas expressões da questão social, inclusive, pela
falta de moradia.
reflete na organização social atual mesmo após 135 de abolição da escravidão, como
Clóvis Moura explica:
Na obra História do Negro Brasileiro (1989), Moura aponta que a euforia com
a abolição foi tanta que esqueceram de reivindicar os direitos, achando que a
cidadania já estava garantida. Quando ocorreram as primeiras manifestações por
mudanças sociais e econômicas, estas foram duramente reprimidas e direitos
importantes, como a divisão de terras aos ex-escravizados para garantir a moradia,
nunca foram garantidos. É importante ressaltar que a escravidão não foi extinta com
a abolição, pois muitos negros continuaram nos cativos e a falta de direitos jogou os
recém libertos para uma posição subalterna. Os melhores empregos eram reservados
aos imigrantes europeus e, aos negros, sobravam os empregos com piores cargos e
remuneração. O acesso à escola e ao voto também não era assegurado, ou seja, não
havia cidadania. Nesse contexto, as formas de sobrevivência eram miseráveis, como
o sociólogo aponta:
No mesmo sentido, a moradia digna foi algo que os negros nunca tiveram
acesso após a abolição, principalmente por não ter ocorrido a divisão de terras ou
políticas públicas de habitação popular e acessíveis (MOURA, 1989). Grande parte
desta população buscou alternativa nos cortiços, localizados nos grandes centros
urbanos, ou continuaram nas fazendas. A primeira opção significava condições de
vida precárias, já que os cortiços costumavam abrigar um número maior de pessoas
do que seria o adequado, ter quartos pequenos e sem janelas, banheiros coletivos,
falta de saneamento básico e serem marginalizados pelo poder público. Porém, a
segunda significava continuar na condição de escravizado, como se a abolição nunca
tivesse ocorrido.
Fica evidente, portanto, que o acesso à moradia digna para população negra,
no Brasil, é uma questão histórica e de constante ataque e descaso da classe
dominante. Sendo os negros os que ficaram com os piores empregos, piores
remunerações e, atualmente, o IBGE aponta que a taxa de desocupação para os
pretos é de 11,1% e pardos 10% (2022), é perceptível a dificuldade em ter renda para
pagar aluguel ou comprar casa própria.
O objetivo dessas medidas não é outro senão obter ainda mais dinheiro para
pagar os escandalosos juros da dívida pública e, dessa forma, manter o
sistema financeiro internacional e garantir os lucros da oligarquia financeira,
uma minoria de parasitas que vivem às custas do suor dos trabalhadores.
(2011, p.2).
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Dez anos após esta afirmativa, a Auditoria Cidadã da Dívida publicou que
50,78% do orçamento federal de 2021 foi gasto apenas em juros e amortização da
dívida pública, enquanto menos de 5% foi direcionado a políticas de moradia e, em
meio a uma pandemia, apenas 4,18% foi para saúde. Não é de se surpreender, nesse
cenário, o visível crescimento do número de pessoas vivendo pelas ruas do país e
que, destes, a maioria sejam negros, uma vez que foram constantemente expulsos de
sua moradia e negligenciados pelo poder público durante toda história do país..
A pesquisa do IPEA (2020) mostra que 82% das pessoas em situação de rua
são homens e que quase 30% afirmam que foram para às ruas por causa do
desemprego e cerca de 29% por desavenças familiares. Em contrapartida, as
mulheres são mais impactadas pelo desemprego do que os homens, segundo o IBGE
(2020), e as responsáveis pelos núcleos familiares. Visto esse cenário adverso, é
importante refletir como a construção dos papéis de gênero no sistema econômico
atual abala a questão da falta de moradia, uma das expressões mais marcantes da
questão social.
seus corpos controlados e as atribuições tanto no trabalho, como fora dele, iguais aos
dos homens. Porém, Frederici assinala:
[...] aquela que fosse potencialmente mãe de dez, doze, catorze ou mais se
tornava um tesouro cobiçado. No entanto, isso não significava que como
mães, as mulheres negras tivessem um estatuto mais respeitável do que
tinham como trabalhadoras. A exaltação ideológica da maternidade – popular
durante o século XIX – não se estendia às escravas. De facto, aos olhos dos
donos de escravos, as mulheres escravas não eram mães em absoluto; eram
simplesmente instrumentos que garantiam o crescimento da força de trabalho
escravo. Eram “fazedoras de nascimentos” – animais, cujo valor monetário
podia ser calculado precisamente em função da sua habilidade em multiplicar
os seus números. (2013, p.11)
experiências, suas vidas, sua relação com o capital e com outros setores da classe
trabalhadora” (FREDERICI, 2017, p.232) e se cria uma relação de poder.
Além disso, as ruas apresentam um maior perigo para as mulheres, pois, além
da violência por pessoas e grupos intolerantes ou das próprias pessoas em situação
de rua, elas ficam mais suscetíveis a violência sexual, como Rosa e Brêtas assinalam
“a violência sexual, relatada com frequência pelas mulheres que participaram do
estudo, quase sempre, praticada por homens, em situação de rua ou não, e com
potencial de causar danos físicos e mentais irreparáveis na mulher” (2015, p.279).
Viver nas ruas representa, assim, um risco maior para as mulheres.
na pauta de que é um direito de cidadania possuir seus recursos sociais providos pelo
governo. Ela também embasa o avanço neoliberal, afirmando que essa corrente foi
uma má influência no crescimento das políticas sociais, uma vez que essa ideologia
se opõe à ideia de que o auxílio às vítimas das expressões da relação proveniente
entre trabalho e capital, vire um direito social. Sendo assim, uma saída perfeita na
visão dessa ideologia, seria o assistencialismo. Não há imparcialidade nas políticas
sociais, há uma influência dos interesses partidários e políticos em seu
desenvolvimento, ou seja, deve ser levado em conta também as capacidades dessas
políticas para atender ao capitalismo, não somente aos usuários.
rua, que por inúmeras vezes não possuem nem acesso ao conhecimento dos seus
direitos sociais como cidadãos, e o avanço de instituições independentes dificulta cada
vez mais a popularização dessas políticas, as quais os investimentos também foram
estagnados com o neoliberalismo e a transição do uso do financiamento que era
utilizado na garantia as políticas sociais, para agora quitar dívidas fiscais do próprio
Estado, evidenciando o egoísmo do sistema capitalista e sua natureza de lucrar em
cima da exploração e dignidade humana.
aprisionando pessoas pobres por todo e qualquer motivo. Em consequência disso foi
agregado por parte da população, principalmente por parte da classe dominante, um
“medo” dos pobres, o que resultou no racismo e também em outros tipos de
preconceito contra as pessoas em situações de pobreza extrema, principalmente
aquelas que vivem nas ruas, aonde foram, além de marginalizadas e passíveis de
eliminação por serem consideradas uma ameaça, completamente invisibilizadas e
naturalizadas, como se fossem apenas uma “sobra” da sociedade.
Desenvolvimento Social e Combate à fome, que conta com os últimos dados oficiais
do censo brasileiro das pessoas em situação de rua, a taxa de escolaridade dos
moradores de rua contavam com apenas 10% dos entrevistados com primeiro grau
completo. O acesso aos direitos básicos de reconhecimento como cidadão ainda é
um desafio, pois as políticas públicas ainda possuem caráter muito restritivo, o que
dificulta a entrada dos usuários que as demandam, isto é, por grande culpa da
precarização no financiamento das políticas sociais que ocorreu com a onda
neoliberal, que não reconhece a devida importância do papel da educação, o que de
fato implica na dificuldade de que essas políticas cheguem à conhecimento da própria
população em situação de rua.
É possível enxergar, a partir de uma análise a longo prazo, que essas políticas
públicas nacionais direcionadas à população em situação de rua que visam promover
uma educação à sociedade em respeito das pessoas que moram na rua, além de
meios para combater esse preconceito, se mostram ineficazes. Isso é percebido
também ao observar que o estereótipo atribuído para a população de rua ainda se faz
presente, e foi impulsionado com a pandemia e o governo neoliberal de Bolsonaro,
que marcou mais uma falta de compromisso com as políticas sociais que já foram
sucateadas e reduzidas ao longo da história.
Ao debater o que não foi cumprido pelos objetivos da Política Nacional para a
População em Situação de Rua, alguns dos pontos mais chamativos são os que se
instituem no terceiro e quarto tópico do Art. 7o da Política Nacional de 2009:
Art. 7o São objetivos da Política Nacional para a População em Situação de
Rua: [...] III - instituir a contagem oficial da população em situação de rua; IV
- produzir, sistematizar e disseminar dados e indicadores sociais, econômicos
e culturais sobre a rede existente de cobertura de serviços públicos à
população em situação de rua;
rua no Brasil, mostra o descumprimento de tópicos propostos nas políticas para estes
indivíduos, estigmatizando a sua invisibilidade cada vez mais.
Tais negligências são causadas por uma perspectiva muitas vezes higienista
e fere os princípios de integralidade garantidos pelo Sistema Único de Saúde e pela
Política Nacional de Humanização. Com essa perspectiva higienista, que enxerga a
população de rua apenas como incipiente de seus estigmas, como a sujeira, o vício
em drogas e a periculosidade, o atendimento e acolhimento dessa população pode
sofrer com precarizações.
Além disso, segundo a revista Agência Brasil, há uma estimativa atual de que
o contingente total de pessoas em situação de rua no Brasil seja de 100 mil pessoas,
com a ideia latente de que esse número tenha passado por mudanças e aumento
significantes, pois tal dado é baseado em um Censo realizado pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo o jornal: “O número é uma estimativa
baseada em dados do Censo do Sistema Único de Assistência Social (Censo Suas)
de 2015, pois o Brasil não possui dados oficiais sobre esse segmento, o que contribui
para ampliar a dificuldade de planejar e implementar políticas públicas para essa
população.”
para que a população de rua aumentasse e para que a situação das pessoas que já
eram parte do grupo piorasse gradativamente.
rua se aproximasse dos 32 mil. A proposta era que municípios e Estados criassem
comitês intersetoriais para atender a população de rua com políticas públicas diversas.
Em agosto de 2021, a ministra Damares Alves assinou uma portaria (Nº 2.927)
instituindo o Programa Moradia Primeiro, mas para o MNPR a concessão de moradias
“temporárias” é um erro. Além disso, o programa pouco avançou além das
experiências piloto no país e o orçamento é ínfimo. (“Brasil tem ‘boom’ de população
de rua”, 2022)
5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAVO, M. I. S. Política de Saúde no Brasil. In: Ana Elizabete Mota; Maria Inês
Souza Bravo; Roberta Uchôa; Vera Nogueira; Regina Marsiglia; Luciano Gomes;
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3ed. São Paulo: Cortez, 2008, v. 1, p. 88-110.
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das pessoas em situação de rua no centro de SP. São Paulo, Jornal A VERDADE,
2021. Disponível: https://averdade.org.br/2021/11/pra-eles-a-gente-nao-tem-valor-a-
realidade-das-pessoas-em-situacao-de-rua-no-centro-de-sp/?PageSpeed=noscript.
Acesso em 21 de agosto de 2022.
ELIAS, Michelly. Lutas sociais, revolução brasileira e projeto popular. In: MEDEIROS,
Evelyne; NOGUEIRA, Leonardo; BEZERRA, Lucas (Org.). Formação Social e
Serviço Social: a realidade brasileira em debate. São Paulo: Outras Expressões,
2019.
MOURA, Clóvis. Dialética Radical do Brasil Negro. Editora Anita Garibaldi. 2020.
NETTO, José Paulo e BRAZ, Marcelo. Economia política: uma introdução crítica.
São Paulo: Cortez, 2010.
RAMOS, Nicole e MAGALHÃES, Victoria. Quase 32 mil pessoas vivem nas ruas de
São Paulo. São Paulo, Jornal A VERDADE, 2022.
SILVA, Maísa Cantuária da ; CUNHA, Caio Ezequiel Santos et al. A crise habitacional
no Brasil e o direito à propriedade:: Os institutos da concessão de direito real de uso
(CDRU) e da concessão de uso especial para fins de moradia (CUEM) como solução
viável ao desenvolvimento urbano e enfrentamento da crise. Revista Jus Navigandi,
ISSN 1518-4862, Teresina, ano 24, n. 6020, 25 dez. 2019. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/76030. Acesso em: 7 jan. 2023.