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The criminalization of social movements in the field and the role of the
media in maintaining capital interests
DOI:10.34117/bjdv6n7-396
RESUMO
Este artigo pretende analisar a criminalização midiática dos Movimentos Sociais do Campo a partir
da investigação histórica em recortes de jornais disponibilizados no Arquivo Nacional de
Informações dos anos de 1950 a 1985 e compará-los as notícias de jornais atuais e sua abordagem
quanto a luta pela terra e reforma agrária, bandeira explicita do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra. Deste modo, o percurso da análise fundamenta-se na teoria do Materialismo
Histórico dialético, ferramenta pela qual buscou-se verificar quais elementos estão envolvidos na
desqualificação dos movimentos sociais do campo pela mídia jornalística e quais os interesses estão
mediados na produção da representação simbólica e ideológica que criminaliza a manifestação
destes movimentos no cenário brasileiro. Como resultados percebemos que a mídia tem grande
impacto na formação de opinião da sociedade e nas massas, porém neste território fica explícito que
a mídia normalmente utiliza seus mecanismos de persuasão para defender os interesses da classe
dominante e da hegemonia capitalista.
ABSTRACT
This article aims to analyze the media criminalization of Social Movements in the Countryside from
the historical investigation in newspaper clippings made available in the National Information
Archive from the years 1950 to 1985 and to compare them with the news from current newspapers
and their approach to the struggle for land and land reform, an explicit banner of the Landless Rural
Workers Movement. Thus, the path of analysis is based on the theory of Dialectical Historical
Materialism, a tool by which we sought to verify which elements are involved in the disqualification
of social movements in the countryside by journalistic media and which interests are mediated in
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the production of symbolic representation and ideological that criminalizes the manifestation of
these movements in the Brazilian scenario. As a result, we realize that the media has a great impact
on the formation of opinion in society and in the masses, but in this territory it is clear that the media
normally uses its persuasion mechanisms to defend the interests of the ruling class and capitalist
hegemony.
1 INTRODUÇÃO
Os Movimentos Sociais do Campo, são nas duas últimas décadas constituintes do legado
marcado pelo enfrentamento a exploração e expropriação no campo caminho que foi e continua
sendo trilhado por meio da luta e resistência dos camponeses. Para Fernandes (2011, p. 139) “a
história do campo brasileiro é a história da luta contra o cativeiro e contra o latifúndio”. História
manchada por sangue de trabalhadores do campo, exigindo dignidade e terra para a sobrevivência
empunharam sua bandeira e enfrentaram os grandes detentores do capital que apoiados pelo Estado
mantém seus interesses de Classe, dominando e massacrando de forma violenta estes brasileiros,
pois conforme Feitosa & Oliveira (2019, p. 24490) “a dinâmica do capital tem capacidade
sociometabólica de se reproduzir e fazer acreditar que é o único caminho possível”.
Neste processo de desconstrução do ideário produzido pela mídia pretende-se apresentar a
legitimação da crueldade do capital em relação à classe Trabalhadora do Campo e as influências da
mídia na distribuição de notícias tendenciosas visando propagar ideologias de criminalização destes
Movimentos sociais.
Como pressuposto metodológico utilizamos a abordagem materialista histórica que nos
possibilita uma análise criteriosa das contradições envolvidas neste movimento histórico de
criminalização dos movimentos sociais do campo e a manutenção da hegemonia capitalista. Por
meio de pesquisa bibliográfica e documental analisaremos jornais do período de 1950 a 1960
disponíveis no Arquivo Nacional de Informações, sites que contenham banco de dados de arquivos
e documentos da época, assim como jornais da atualidade. Objetivo é traçar um parâmetro histórico
da manutenção dos interesses capitais implícitos e explícitos pela mídia jornalística.
Para melhor esclarecer o tema aqui tratado é necessário primeiramente verificarmos o
contexto da emergência dos Movimentos Sociais do Campo no cenário brasileiro e a natureza dos
seus pressupostos nesta caminhada, como também é imprescindível apontar o papel fundamental da
mídia para efetivar o modelo capitalista de desenvolvimento agrário, as implicações desta ação na
destruição do espaço rural dos trabalhadores do campo. Este conflito, que acompanha a história
brasileira, demonstra uma luta desigual, onde de um lado contemplamos os Movimentos Sociais do
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Campo sujeitos de uma realidade expropriada e explorada que resiste e luta para se manter no
campo. De outro, grandes latifundiários que defendem um modelo de agricultura em grande escala
para exportação de commodities e expansão e concentração do capitalismo.
No espaço de luta dos Movimentos Sociais do Campo, constata-se pela literatura existente,
que essa luta é desigual, enquanto os trabalhadores rurais unificam-se na mobilização pelo direito a
1
reforma agrária e manutenção das propriedades de agricultura familiar, agroecológica e
permanência no campo, o modelo capital de agricultura, conhecido hoje como agronegócio 2, tem
expulsado os trabalhadores do campo de maneira desumana e violenta, seja por meios próprios de
intimidação destes trabalhadores ou mesmo com auxílio do Estado legitimando o uso da força
policial para afastá-los da terra.
O paradigma da questão agrária tem como ponto de partida as lutas de classes para explicar
as disputas territoriais e suas conflitualidades na defesa de modelos de desenvolvimento
que viabilizem a autonomia dos camponeses. Entende que os problemas agrários fazem
parte da estrutura do capitalismo, de modo que a luta contra o capitalismo é a perspectiva
de construção de outra sociedade (FERNANDES, 2011, p. 18).
1 Agroecológica – Palavra que deriva de Agroecologia Constitui, em resumo, um conjunto de conhecimentos sistematizados,
baseados em técnicas e saberes tradicionais (dos povos originários e camponeses) “que incorporam princípios ecológicos e valores
culturais às práticas agrícolas que, com o tempo, foram desecologizadas e desculturalizadas pela capitalização e tecnificação da
agricultura” (Leff, 2002, p. 42).[…] A agroecologia se insere, dessa maneira, na busca por construir uma sociedade de produtores
livremente associados para a sustentação de toda a vida (Via Campesina e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, 2006),
sociedade na qual o objetivo final deixa de ser o lucro, passando a ser a emancipação humana (Dicionário de Educação do Campo –
CALDART, et al, 2012, p. 59 - 67).
2 Agronegócio - O termo agronegócio, de uso relativamente recente em nosso país, guarda correspondência com a noção de
agribusiness, cunhada pelos professores norte-americanos John Davis e Ray Goldberg nos anos 1950, no âmbito da área de
administração e marketing (Davis e Goldberg, 1957).O termo foi criado para expressar as relações econômicas (mercantis, financeiras
e tecnológicas) entre o setor agropecuário e aqueles situados na esfera industrial (tanto de produtos destinados à agricultura quanto
de processamento daqueles com origem no setor), comercial e de serviços (Dicionário de Educação do Campo – CALDART, et al,
2012, p. 79 – 67 - 87).
Como país dependente e periférico aqui não se instalou o Estado de Bem-Estar Social, este
modo a projeção do capitalismo no Brasil, agregou junto a sua proposta desenvolvimentista e
progressista, privilégios e enriquecimento para as elites, desemprego e empobrecimento para as
classes menos favorecidas. Um plano para efetivar a hegemonia capitalista fortalecendo a elite e
extenuando os trabalhadores rurais, uma nova roupagem da herança maldita do período colonial.
De acordo com os estudos de Oliveira (2001, p. 190-191) o território capitalista no Brasil
tem sido produto de conquista e destruição, demonstrando que a violência tem sido a principal
característica da luta pela terra.
Neste território em disputa é que os movimentos sociais do campo iniciam sua caminhada
e organização, e em vários estados surgem movimentos descontentes com o modelo agrícola em
desenvolvimento, assim como diante da repressão e violência dos fazendeiros e jagunços foi de
certa forma o estopim para dar um basta e resistir a expropriação e expulsão da terra.
De acordo com Fernandes (2001, p.33) em meados de 1945 no Nordeste iniciou-se a
organização política dos campesinos com as chamadas LIGAS CAMPONESAS apoiadas pelo PCB
Partido Comunista Brasileiro. Esta mobilização se tornou o fio condutor para o surgimento de
outros movimentos, ULTAB União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas em Pernambuco, que
a partir de 1954 militou na organização e efetivação das leis trabalhistas pressionando o governo
de João Goulart (Jango) para implantação do Estatuto do Trabalhador Rural. Em 1963 como
O golpe acabou com a democracia e por conseguinte reprimiu violentamente a luta dos
trabalhadores. Os movimentos camponeses foram aniquilados, os trabalhadores, foram
perseguidos, humilhados, assassinados, exilados. Todo o processo de formação das
organizações dos trabalhadores foi destruído. Igualmente significou a impossibilidade dos
camponeses ocuparem seu espaço político, para promoverem por seus direitos, participando
das transformações fundamentais da organização do Estado brasileiro. O golpe significou
um retrocesso para o país (FERNANDES, 2000, p. 41).
Ao longo dos anos de 1980, houve uma intensificação das lutas no campo, cujas raízes
devem ser buscadas em diversos fatores, tanto estruturais (a progressiva expropriação dos
trabalhadores, tanto posseiros como pequenos proprietários, parceiros e arrendatários, além
do aumento do preço da terra) quanto relacionadas ao trabalho molecular de difusão de
novas concepções de direitos entre os trabalhadores rurais, graças a ação tanto do
sindicalismo quanto das pastorais eclesiásticas e aparecimento de novas formas de
O MST ocupando espaço notório e importantíssimo na luta pela questão agrária e direitos
humanos não deixou de enfrentar a violência, criminalização e morte de suas lideranças. Em pleno
século XXI mesmo com a garantia de direitos da Constituição Brasileira, os grandes latifundiários
do agronegócio continuam se utilizando das ferramentas mais comuns, a ameaça, expulsão e
violência.
O Estado a serviço do capital, segue na legitimação desta violência por intermédio da
autorização judicial de reintegrações de posse que promovem um show de horrores na execução dos
despejos. Isso justifica-se nos estudos realizados por Coutinho, Muniz e Nascimento (2012, p.56)
quando afirmam que tal violência tem sido colocada atualmente nos termos da prática da
criminalização, e é sob esta prática, a qual manifesta a força de um projeto societário capitalista de
cunho latifundista empresarial.
Portanto a desconstrução destes movimentos sociais passa a ser construída simbolicamente
de maneira ideológica. Os instrumentos de informação midiática se tornam sujeitos primordiais
neste contexto, pois atingem as grandes massas na formação de opinião.
(…) pela influência que tem sobre a ação política dos demais sujeitos, a mídia, que assume
significativa influência na visibilidade dos problemas sociais (…) se altera conforme os
interesses do sujeito que está apoiando, com tendências a uma racionalidade burocrática e
legalista, preocupada essencialmente com a eficiência da política (SILVA, 2009, p.12).
No cenário brasileiro Vieira (2015, p. 34) argumenta que a “Mídia Tradicional está
umbilicalmente ligada às classes dominantes do país”, assim produz uma luta desigual, em uma
extremidade a elite que controla os meios comunicação a favor de seus interesses, na outra os grupos
de pressão social e movimentos organizados que resistem a desconstrução de sua articulação por
direitos.
Contudo baseando-se nos escritos de Brittos e Gastaldo (2006, p. 124) é evidente que o
campo midiático é lugar de disputas entre diferentes participantes, em condições desiguais de poder
econômico e simbólico. Capelato (1998, p.38) entende que no terreno das representações do poder,
É assim que, através dos seus imaginários sociais, uma colectividade designa a sua
identidade; elabora uma certa representação de si; estabelece a distribuição dos papéis e das
posições sociais; exprime e impõe crenças comuns; constrói uma espécie de código de
“bom comportamento”, designadamente através da instalação de modelos formadores tais
como o do “chefe”, o “bom súdito”, “guerreiro corajoso”, etc. Assim é produzida, em
especial, uma representação global e totalizante da sociedade como uma “ordem” em que
cada elemento encontra o seu “lugar”, a sua identidade e a sua razão de ser. Porém, designar
a identidade colectiva corresponde, do mesmo passo, a delimitar o seu “território” e as suas
relações com o meio ambiente e, designadamente, com os “outros”; e corresponde ainda a
formar as imagens dos inimigos e dos amigos, rivais e aliados, etc. O imaginário social
elaborado e consolidado por uma colectividade é uma das respostas que esta dá aos seus
conflitos, divisões e violências reais ou potenciais (BACZKO, 1985, p.311).
a mídia, como um meio ideológico e articulador. Não deixa de ser uma poderosa arma
manipulada por poderosos agentes do capital, do estado e do mercado. Todo e qualquer
“estorvo” que venha em percurso desordenar tal processo, a mídia tem a função
desarticuladora e ideológica frente a sociedade. Qualquer manifestação social, desde que
não represente uma ameaça que desencadeie a forma de sociedade modelada pela elite
social, a mídia faz por tornar-se fato de interesse social (VOLANIN, 2007, p. 10).
4 A MÍDIA CONTRA-HEGEMÔNICA
De acordo com Morais (2010, p. 72) para a contraposição ao poderio midiático, todos os
recursos táticos e canais contra-hegemônicos devem ser mobilizados e aproveitados. Essa
articulação da imprensa jornalística contra-hegemônica também esteve presente no período de 1950,
onde emergem conflitos e lutas por direitos sociais.
Os camponeses refletindo sobre essa conjuntura e influenciados pela imprensa comunista
iniciam um processo de construção da identidade da luta dos movimentos sociais do campo. Um
dos jornais mais relevantes no apoio a militância dos campesinos no período de 1950 a 1963 era o
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Terra Livre, o tabloide tratava dos aspectos da vida e do trabalho de operários e camponeses. O
jornal Terra Livre utilizava esse espaço midiático como via educativa para uma ação libertária e
revolucionária (Souza, 2005, p.116).
o jornal Terra Livre era vinculado à ULTAB – União dos Lavradores e Trabalhadores
Agrícolas do Brasil, com participação dos comunistas, circulando com dificuldades no
período da clandestinidade do PCB mas importante veículo de publicização dos
conflitos(PEDROZA, 2003, p. 29).
Terra Livre era financiado e editado pelo PCB que propunha assim um instrumento de
propaganda e agitação, mas também ganhou notoriedade na luta dos trabalhadores, propunha a
reflexão e ação como uma pedagogia revolucionária a partir da luta camponesa no país.
FONTE: http://armazemmemoria.com.br
Com a instauração do regime militar a repressão contra os tabloides e jornais que apoiavam
a resistência dos movimentos sociais do campo, trabalhadores e operários foi acirrada; em março de
1964 chegou o fim da circulação deste periódico.
Cabe ressaltar que como ferramenta de resistência dos movimentos campesinos e da classe
trabalhadora da época o jornal Terra Livre merece destaque.
Pelo grau de alargamento do espaço geográfico das lutas específicas e gerais, mais do que
isso, por suas colunas, almanaques, charges e cartas, além das notícias e artigos na
construção e forma de ver o mundo. Terra Livre colabora no sentido da construção da classe
camponesa, em oposição ao aos latifundiários, tatuíras e usineiros, e, nesse sentido, ajuda
a instituir o lugar político, na perspectiva da luta camponesa contra o latifúndio (SOUZA,
2005, p.157).
FONTE: http://armazemmemoria.com.br
Porém da mesma forma que o jornal Terra Livre, o semanário a Liga foi impedida de
continuar suas publicações em 1964 com a instauração do regime militar. Neste período de vigência
entre os dois periódicos podemos ressaltar sua importância como instrumento midiático em favor
da luta dos movimentos sociais do campo.
A partir da emergência do MST em 1984, o campesinato do prosseguimento a luta pela terra
e reforma agrária, as ações de enfrentamento do MST contra as forças reacionarias e em favor dos
diretos sociais ganham destaque. Em apoio a estas ações, como aliado deste Movimento Social do
Campo a partir de 2003 entra em cena o jornal Brasil de Fato.
FONTE: https://www.brasildefatomg.com.br/
De acordo com Vieira (2015, p. 33) a mídia é um importante sujeito para os movimentos
sociais na consolidação da pauta reivindicatória e na visibilidade da pressão social. Contudo
historicamente sabemos das dificuldades no enfrentamento contra hegemônico mesmo porque ao
visualizarmos pesquisas acadêmicas verificamos que a classe dominante detém 70% da mídia
nacional que está concentrado sobre o controle de menos de 10 famílias abastadas ou de políticos
(Passos, 2013, p. s/n).
Para Grzybowski (1990, p. 13) os movimentos sociais precisam ser vistos a partir da luta de
classe, da relação de forças antagônicas, os campesinos são sujeitos coletivos que interpelam o
Estado na luta por seus direitos. Pois para o autor a expansão capitalista no campo é uma via de
dupla criminalização e violência, inicialmente pela exploração dos trabalhadores do campo e pela
expropriação.
Ao analisar os recortes de jornais mais comuns no período de 1950 a 1985 nos deparamos
com esta ideologia estampada nos tabloides, a mídia segundo Junior et al. (2012, p. 6) possui poder
para produzir formações discursivas em que os sujeitos sociais possam interiorizar e reproduzir os
mesmos. A reprodução destes discursos pelos sujeitos sociais mascara os interesses ideológicos que
estão sendo determinados pela classe dominante.
FONTE: http://armazemmemoria.com.br/
FONTE: https://br.pinterest.com/manchetes/mst/
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos considerar que os movimentos sociais do campo no processo histórico brasileiro
sempre estiveram engajados na luta por seus direitos e na promoção da conscientização de classe,
assim, como também se manteve na resistência contra os ataques da mídia hegemônica.
Porém é possível observar que existe um território em disputa, pois ao tempo que a mídia
hegemônica provoca a descaracterização dos movimentos sociais, do outro lado encontramos uma
mídia contra hegemônica que promove a defesa e conscientização da realidade dos fatos, seguindo
na articulação de uma luta de classe que expressa a capacidade de mobilização dos sujeitos
comprometidos com a mudança do sistema implementado pelo capital.
a mídia não se dirige a nós para transmitir-nos informações objetivas, mas para conquistar
o nosso espírito. Como já dizia Goebbels: ‘Nós não falamos para dizer alguma coisa, mas
para obter um certo efeito’.Os colonizados e seus opressores sabem que a relação de
domínio não está fundada apenas na supremacia da força. Passado o tempo da conquista,
soa a hora do controle dos espíritos. E é tanto mais fácil dominar, quando o dominado
permanece inconsciente. Daí a importância da persuasão clandestina e da propaganda
secreta, pois, a longo prazo, para todo império que deseja durar, a grande aposta consiste
em domesticar as almas, torná-las dóceis e depois subjugá-las (RAMONET, 2005: p. 20-
21).
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