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Adolescência e Juventude no Século XXI


Juventude e diversidade

Unidade 4 – Seção 1

A diversidade no Brasil
A palavra “diversidade” envolve o conceito de pluralidade, de multiplicidade, um conjunto de características distintas
(DICIO, s/d), que podem levar à condutas divergentes. Entender este ponto é importante porque, apesar da diversidade
ser um fenômeno importante para a construção de um modelo de sociedade democrática, conviver com ela não é
simples. As disparidades podem ser produtivas ou não, a depender da forma como são postas em discussão.

O Brasil é um país diverso por natureza. Antes de ser invadido pelos portugueses, em 1500, nele viviam tribos indígenas
com modos de vida completamente diferentes entre si. De igual modo seguiu-se no desenvolvimento de nosso país em
tempos posteriores, com a chegada da população escravizada e com as imigrações oriental e europeia.

Porém, é importante destacar que naturalizar os elementos da diversidade é correr o risco de repetir modelos de
exclusão. Por isso, conhecer os processos históricos que compõem a pluralidade juvenil, por exemplo, é um caminho
importante a ser seguido no contexto da educação.

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A juventude negra
Como se sabe o Brasil foi o último país do continente americano a abolir o processo de escravização, “sendo que o tráfico
de escravizados para esta nação foi responsável pela deportação de cerca de seis milhões de negros da África
subsaariana” (REIS; GOMES, 2005 apud CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2017, p. 22).

Soma-se a isto o fato de que além de estratégias de violência física sobre os corpos escravizados, “a elite escravocrata
utilizava estratégias psicológicas discriminatórias e preconceituosas para a manutenção do negro como inferior”
(FANON, 1968; MUNANGA, 1986 apud CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2017, p. 23).

Com receio de que a população negra lutasse pelas terras brasileiras, no final do escravismo, a pequena elite – na qual o
governo se inclui – passou a adotar duas estratégias que alimentavam o movimento de inferiorização desta população:
uma das estratégias foi importar teorias racistas elaboradas na Europa; a outra, possibilitar a “imigração maciça de
brancos europeus” – estas estratégias compõem a estrutura do racismo em nosso país (CONSELHO FEDERAL DE
PSICOLOGIA, 2017, p. 23).

Ainda segundo o Conselho Federal de Psicologia (2017, p. 10), o racismo se configura enquanto:

“ Uma ideologia de abrangência ampla, complexa, sistêmica, violenta, que penetra e participa da cultura, da política, da
economia, da ética... enfim, da vida subjetiva, vincular, social e institucional das pessoas. Trata-se de um estratégia de
dominação que estrutura a nação e cada um de nós e é pautada na presunção de que existem raças superiores e
inferiores.”
— Conselho Federal de Psicologia (2017, p. 10). ”
Compreender este mecanismo é fundamental para o enfrentamento desta violência. Contudo, não é somente para
instituir discursos no campo da educação que devemos conhecer tais processos. Ter acesso a uma análise crítica da
história nos liberta de olhares enviesados e discriminatórios que atingem diretamente a população negra.

Por exemplo, é preciso compreender que alguns coletivos de luta contra o racismo – justamente por conta deste
processo histórico descrito há pouco – afirmam que a miscigenação é uma espécie de eugenia.

É neste emaranhado de delicadezas e processos históricos que a juventude negra está inserida. Uma juventude refém da
violência social, da exclusão econômica e das vulnerabilidades derivadas de ausências de políticas públicas. Quando
falamos em juventude negra obviamente devemos falar desta cruel realidade – inclusive para pensarmos modos de
enfrentamento – mas não devemos olhar apenas para esta perspectiva. É preciso construir outros discursos acerca da
população e da juventude negra.

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Cruz (2018) apresenta em sua reportagem dois ícones do protagonismo juvenil atual: I’sis Almeida e Caio César.
Segundo a jornalista, ambos procuraram superar narrativas estereotipadas em relação à juventude negra, utilizando
a internet como instrumento de promoção de reflexão.

A juventude indígena
Muito do conteúdo expresso anteriormente faz eco com a juventude indígena: a ausência de representatividade nas
grandes mídias; o discurso estereotipado produzido pelo senso comum; a compreensão violenta de que estamos falando
de uma raça biológica e intelectualmente inferior ao homem branco.
Em tempos de capitalismo desenfreado a população indígena é posta como uma categoria à parte, não pertencente ao
sistema – o que, obviamente, não é verdade. Os jovens indígenas inserem-se em contextos urbanos buscando – como
quaisquer jovens – múltiplas formas de vivência e experiências.

Saiba Mais

Outro ponto que deve ser rapidamente compreendido pela sociedade ocidental é o sofrimento psíquico da população
indígena, produzido, muitas vezes, por situações de extrema pobreza, com a escassez de recursos e pela falta de suporte
governamental. Além disso, os conflitos com fazendeiros são cada vez mais violentos (JESUS, 2016).

A juventude no campo
Segundo Kuhn (2015) registra-se no Brasil desordenados processos migratórios do campo para a cidade. Igualmente, a
desorganização fundiária tem sido pauta incansável da Reforma Agrária que nunca se realiza.

É importante lembrar que os primeiros trabalhadores explorados no latifúndio brasileiro foram os indígenas e os
negros. A atual estrutura agrária decorre de um modelo de organização denominada plantation, derivado do período
colonial, no qual a mão de obra escravizada era utilizada em enormes espaços de terra, ainda de acordo com a
autora.

Este processo devorante e dominante sobre a população mais pobre fez aumentar drasticamente o êxodo rural através
das décadas. De acordo com Linhares e Silva (1999 apud KUHN, 2015), na década de 1950 aproximadamente 64% da
população brasileira vivia nos campos. Este número caiu para 24% entre as décadas de 1980 e 1991. Esta migração do
campo para a cidade foi impulsionada especialmente pelo desemprego.

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Na tentativa deste sistema perverso e opressor de nos fazer acreditar que o “Agro é Pop” – conforme propaganda
veiculada em meio de comunicação para as massas – o poder dominante de poucos sufoca as formas de existência de
milhares de famílias.
Cabe lembrar, também, que o poder destes poucos foi conquistado pelo roubo de propriedade legitimado por uma lei
elaborada pela própria elite brasileira que aumentaria ainda mais seus lucros com a entrada da produção industrial em
nosso país.

Na tentativa de fazer resistência contra este sistema, muitos movimentos sociais passaram a se formar no final da década
de 1970. Entre eles o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que denunciam os “graves problemas que
englobam o conjunto da sociedade, relacionados a forma como o Brasil organiza o uso, a posse e a propriedade da terra”
e que produz impactos severos no âmbito econômico, político, social e ambiental (KUHN, 2015, p. 46).

Parte desta população juvenil vive em assentamentos rurais. A agricultura produzida nestes assentamentos recebe o
nome de familiar ou camponesa e acolhe uma ampla diversidade de modos de produção permitindo que o meio
ambiente seja manejado de forma mais cuidadosa e com menos exploração dos recursos naturais (CONSELHO
FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2013).

A população rural sente o impacto do crescimento desgovernado do agronegócio de ampla escala. A agricultura de base
familiar continua sendo esmagada pelos grandes monopólios empresariais. O impacto deste fenômeno de reprodução de
desigualdades e injustiças sociais reflete sobre as possibilidades futuras de crianças e jovens, de acordo com Rabello,
Oliveira e Feliciano (2014). Ainda de acordo com pesquisa realizada por Rabello, Oliveira e Feliciano (2014) muitos
jovens migram do campo para a cidade em busca de melhor qualidade de vida, pois a agricultura familiar é uma forma de
sobrevivência, não sendo considerada uma atividade produtiva.

Nesta webaula estudamos temas importantes da juventude e diversidade, tais como: a diversidade no Brasil, a
juventude negra, a juventude indígena e a juventude no campo.

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