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A enorme dimensão de
Angola serviu para um
autor nosso
contemporâneo inventar
um mapa irônico, que
inverte as posições de
Portugal e da ex-colónia.
Fonte: http://malomil.blogspot.com/2015/02/portugal-nao-e-um-pais-pequeno.html
Capítulo 1
Representação e interpretação em cartografia
A problemática da representação
“Crise de representação” – marcou uma ruptura epistemológica com o pensamento moderno
Textos (noção de representação) na verdade são criações próprias de quem os constrói e ganham um sentido
próprio quando reinterpretados ( subjetivações e criações individuais / produção de novos olhares)
Três consequências da denominada crise (ligadas ao contexto em que os textos são inseridos):
1. “[...]que a suposta correlação entre linguagem e realidade é insustentável já que deixa de existir uma
realidade anterior a interpretação que os textos refletem” (p.24)
2. “[...]os textos revelarem muito mais do próprio autor do que da realidade se que queria representar” (p.24)
- O autor reflete as contingências do local e o contexto específico em que se realiza a obra de acordo
com a sua representação do mundo (seus interesses, suas perspectiva se seus preconceitos)
- Para uma interpretação crítica das fontes de estudo > determinar os fatores que podem influenciar a
própria construção de determinado texto > extratextual (oposição a ideia estruturalista/ nada se encontra
fora do texto)
3. Última implicação referente a Retórica dos textos (metáforas eram dispensáveis na objetividade)
- Crítica ao objetivismo reconheceu que estes elementos da retórica são partes fundamentais da
linguagem e produção de sentido no discurso ( possuem poder de convencer a audiência para qual o texto é
destinado)
- Está também em causa a questão de se saber se é ou não possível aceder a um conhecimento objetivo da
realidade em si;
- “Este trabalho é sobretudo a crítica de fontes documentais, que o historiador correlaciona e que lhe permite
conhecer e dar a conhecer a realidade que quer objetivar” (p.26)
- Na historiografia pós moderna o discurso elaborado pelo historiador é uma construção pessoal de um
passado sempre contingente em relação com a realidade e concepções do presente. O discurso histórico
torna-se assim uma representação da representação que são os documentos utilizados para a
interpretação desse passado ou melhor, que é uma narrativa assente em outras narrativas” (p.26)
- Os textos em vez de refletirem a realidade onde se inserem (perspectiva moderna) eles constroem esta
realidade, da mesma forma que a narrativa do historiador é uma REconstrução do passado no momento
presente; - Subjetivismo
- Concepção do tempo para o filósofo Sto. Agostinho: Não existem três tempos – passado, presente e futuro
–, mas somente três presentes: o presente do passado (memória), o presente do presente
(atenção/intuição) e o presente do futuro (espera)
- Em seguida o autor faz a relação com as ficções “esperando apenas que ela [a ciência] nos forneça apenas
ficções, sem nunca nos assegurar nada sobre a real estrutura ou as leis que de fato regulam o
funcionamento do mundo?” (p.26)
- Não há um texto que fale sobre a realidade , sendo TÃO real quanto o real, como se este fosse concreto,
existente e apreensível;
- Existe um distanciamento das situações vividas com o facto. Tanto o acontecimento como o texto
(enquanto representação do acontecimento) é uma construção ficcional daquele vivido sendo assim,
sempre narração e ficção;
- Ficção como uma produção de outros olhares. Ficção como um regime de verdades;
- relação> Abordagem da geografia cultural e da história da cartografia > dada a natureza do objeto de
estudo;
- A mesma crise da representação levou a crítica da forma como os geógrafos representam o mundo nas
suas descrições e interpretações do espaço e da atividade humana no território > problemática do caráter
mimético positivista> visto que a geografia sempre encarada como ciência da descrição de
fenômenos espaciais;
- geógrafos > o fato de orientarem os dados das pesquisas com base na observação direta minimizava os
riscos de uma descrição não objetiva;
Modos de representação geográfica
Baseia-se na observação e
distanciamento por parte do
investigador face ao objeto -
preocupação essência de descrição
Hermenêutica
e classificação Pós moderna - crítica
(ideia de disciplinas
radical a representação
interpretativas por
mimética
excelência)
- Impulsionado pela obra de Edward W. Said - crítica pós colonial - Realização de estudos na área das
relações culturais. que põem em destaque a forma como representam os espaços do “outro”, dando-se
relevo às deturpações e distorções dos discurso embebidos em preconceitos culturais derivados do
racionalismo ocidental e mais genericamente do etnocentrismo.” (p.29)
- Critica a forma de representação dos espaços e aos imaginários construídos sobre essas representações,
relativamente à questão de gênero e superioridade masculina, às representações europeias de
superioridade e inferioridade relativas a espaços e comunidades de ex-colônias, dos países ditos em
desenvolvimento e de outros territórios ou sociedade culturalmente diferentes. (p.29)
Capítulo 1
Representação e interpretação em cartografia
Mapas textos e representação
O texto como modelo para interpretação das
paisagens da Geografia Cultural e na História da
Cartografia
O modelo de interpretação do texto das Ciências Sociais a partir de 04 razões :
Principal característica Textos escritos muitas Os textos estão sujeitos a O sentido do texto é
do texto é descrever a vezes escapam às reinterpretações de instável e depende das
vida social, fixando-a e intenções dos autores. acordo com os diferentes diferentes interpretações
inscrevendo-a. contextos em que são a que está sujeito por
lidos- considerando que diferentes leitores.
A sociedade como no campo social,
criadora de padrões de instituições e evento estão
comportamento. sujeitos a reavaliação
contínua.
“Os mapas , como os textos , são
Acesso: https://www.scielo.br/j/anaismp/a/yqDLJyFkyhhRWGyVTwrVG4J/abstract/?lang=pt
tentativas de fixar determinadas
concepções de vida social e,
particularmente, de normalizar o
conhecimento sobre um espaço ou
território, estão também sujeitos a
serem reinterpretados fora da
intencionalidade dos seus autores.”
“Os mapas são produtos não só das regras de geométricas, matemática e topografia mas
sobretudo, das normas e valores da ordem social”.
História da Cartografia
Volume I
Fonte: https://www.dimensionantropologica.inah.gob.mx/?p=454
convencionou chamar de "filosofia cartográfica", onde buscou estabelecer
princípios teóricos para a história da cartografia.
Ao longo de 33 anos de vida acadêmica, a obra deste autor passa por sete
temas que constituem o suporte empírico de sua proposta teórica:
O segundo texto, "Mapas, Conhecimento e Poder", publicado em 1988, é o trabalho mais citado e,
portanto, mais conhecido de Harley. Nele, ele explora a ação do poder político por meio da cartografia e a
forma como os mapas são uma forma manipulada de conhecimento.
No terceiro texto, Harley propõe uma exploração teórica para a história da cartografia a partir de ideias
construídas a partir de outras disciplinas, principalmente da sociologia. Intitulado “Silêncios e segredos.
O quarto texto: “Poder e legitimação nos atlas geográficos ingleses do século XVIII”; Harley investiga uma
história particular do imperialismo inglês e distingue entre os atlas regionais ingleses e os atlas universais,
publicados antes da independência das 13 colônias.
"Rumo a uma desconstrução do mapa" é o quinto texto. Neste ensaio, Harley falou com geógrafos e
cartógrafos que vêem a cartografia como uma ciência positiva, que assumem que a cartografia é objetiva,
independente, neutra e exata, e , portanto, pode progredir e ser cada vez mais preciso e confiável. Ao
contrário da ideia evolucionista, sua proposta foi promover uma mudança epistemológica na interpretação
de natureza cartográfica, adotando como estratégia a técnica de desconstrução do mapa. Fonte:https://
www.dimensionantropologica.inah.gob.mx/?p=454
O sexto texto tem o título "O mapeamento da Nova Inglaterra e dos nativos americanos".
O sétimo texto “Pode haver uma ética cartográfica?”, mostra a falta de discussão ética na produção
cartográfica.
As novas abordagens Metodológicas da História da
Cartografia
Relacionada com a linguística e as teorias pós- - com base nas propostas de Harley
estruturalista* do símbolo
- compreensão dos mapas na sua textualidade
- o mapa como o signo de um sistema linguístico
- além da análise dos elementos iconográficos e
- análise dos símbolos e da iconografia existentes simbólicos , tenta interpretar os documentos na sua
nos mapas e como eles refletem os códigos origem, inscrição e criação de sentidos.
linguísticos de determinada cultura.
* pós-estruturalismo instaura uma teoria da desconstrução na análise literária, liberando o texto para uma pluralidade de sentidos.
Texto, Extratexto e Intertexto
1- Integridade do sentido do texto deve ser mantida e derivar dele e não lhe ser projetado;
3- O todo do texto deve ser entendido pelas suas partes e suas partes pelo todo na relação:
Linguagem x texto - linguagem x contexto cultural - texto x contexto cultural e na relação do autor com
suas restantes produções e as da época.
Nível de Análise Externa - Extratexto e Intertexto
Contexto da Autoria:
Acessos:
https://www.dimensionantropologica.inah.gob.mx/?p=454
https://pt.linkedin.com/in/nuno-silva-costa-a61b0478
https://www.scielo.br/j/anaismp/a/yqDLJyFkyhhRWGyVTwrVG4J/abstract/?lang=pt
bibliografia:
Mapas de um "Portugal imperial" : cultura e propaganda coloniais entre guerras / Nuno Silva Costa. - Porto : Figueirinhas,
cop. 2011. - 182 p.