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TECNOLOGIA APROPRIADA PARA SISTEMA DE ENERGIA

SOLAR VISANDO AQUECIMENTO DE ÁGUA PARA O BANHO


HUMANO EM MORADIAS DO MEIO RURAL

(1) Ítalo Alberto Gatica Ríspoli, Engenheiro Civil, M.Sc. , doutorando na FEC-UNICAMP.
Professor pesquisador do Centro Universitário UNISAL de Americana SP. Professor do
UNISAL SJ Campinas e Faculdade Municipal Professor Franco Montoro.
gatica@dglnet.com.br
HU UH

(2) Carlos Alberto Mariotoni, Ph.D, Profesor Titular FEC/NIPE/FEM - UNICAMP.


HU cam@fec.unicamp.br UH

RESUMO
0B

O Brasil é banhado por grande quantidade de radiação solar durante a maior parte do ano,
entretanto, por uma alternativa de cunho prático e cultural é um país que usa abusivamente a
eletricidade para o aquecimento da água para o banho humano nas moradias rurais, urbanas de
baixa renda e até mesmo em grande parte das moradias da classe média, pois um chuveiro
elétrico é disponibilizado no mercado consumidor a partir de R$ 20,00 (por volta de US$ 6,5).
Esta alternativa tem sido largamente usada devido ao baixo custo de aquisição e desprezível
custo de instalação, pois não necessita de tubulações para água aquecida e exige apenas de um
circuito simples na instalação predial mono ou bifásico, um aterramento e um dispositivo de
segurança através de disjuntores num pequeno quadro. Por outro lado em regiões rurais onde não
chega a eletricidade, até mesmo a lenha tem sido usada como principal meio de aquecimento de
água para o banho humano em edificações de camponeses.
No meio rural, o uso de chuveiros elétricos tem significado um aumento das potências
instaladas, com consequente aumento da potência dos transformadores elétricos e da capacidade
das linhas de transmissão rurais e, nas zonas urbanas de baixa renda, a preferência pelo
chuveiro elétrico incrementa uma carga extra que somada com as demais cargas elétricas, torna
mais crítico o horário de pico entre 17:30 e 20:30Hs, provocando toda a polêmica energética
(OLIVA, 1999). O poder público, via de regra, tem decidido por aumentar a oferta de energia
elétrica sem maiores preocupações com os custos econômico, social e ambiental.
Os aquecedores solares usados no Brasil, conservam seus reservatórios iguais ao
modelos projetados de início na França em 1880. Assim esta proposta busca fornecer subsídios
técnicos aplicados às moradias rurais e, até mesmo, para urbanas de baixa renda, visando-se
estimular as autoridades públicas para a implantação maciça de aquecedores solares sem
comprometer o orçamento público, bem como, concomitantemente, conduzir para uma melhor
solução do inadequado pay-back dos sistemas solares atuais, conciliando-se a tipologia da
moradia rural e a seleção de partes materiais que constituam um bem durável e de qualidade.

ABSTRACT

The Brazilian land receives a great amount of solar radiation all over the year, therefore,
because both the culture and practical aspects, Brazilians use in a non-moderate way the
electricity to boil the water for human bath in the rural homes, in the lower incommer residences
even at part of the medium class homes. That happens due to the very low price of an electrical
shower, about US$ 6,5. In fact, that way of heatig water is largely used because, besides the very
low electrical shower price, it is not necessary to install a complete hot water both hydraulic and
electrical building systems, but just both single hydraulic pipes and electrical devices. On the other
hands, at rural regions where the electricity does not achieve the rural people uses firewood in
order to get hot water for human bath.
At the rural places the use of electrical showers has meaning an increase in the electrical
transformers powers, heavier electrical transmision rural lines, with greater prices and, at the
urban zones, the use of electrical showers in the lower social classes has contributed to a more
expressive electrical load at the nacional eletrical system load peck, between 5:30 to 8:30 a.m. The
public administration, mostly, does not take into account both social, economic and environmental
costs in order to think about the electricity offer.
The solar heating systems, generally used in Brazil, conserves the same reservoirs used in
France at 1880. Therefore, this paper presents some technical subsidies applied to rural homes,
even to lower income people’s homes aiming to estimulate the Brazilian public authorities to make
a public police to facilitate both the industrialization and dissemination of solar heating systmes,
apropriate to the rural area, with lower costs, componed by good technology equipments, with
guarantee of lasting and quality.

PALAVRAS CHAVES
Fontes renováveis de energia - Energia solar - Conservação de energia - Tecnología Apropriada -
Edificação de baixa renda - Coletor solar - Reservatório térmico. Aquecimento de água.

INTRODUÇÃO
Os sistemas de aquecimento solar residenciais de água, no Brasil, estão instalados em
sua quase totalidade em moradias de classe alta, outra parcela menor em classe média, porém,
em número muito insignificante em moradias populares e no meio rural. Na realidade, as classes
sociais inferiores ficam restritas aos projetos de estudo e tentativas de fomento de vetor
alternativo, mas no global as aplicações de energia solar para fins de aquecimento de água
domiciliar, são feitas em número insignificante para atenuar o problema energético brasileiro.

O meio rural, historicamente, tem usado a energia solar para secagem de grãos, mas
muito pouco tem sido usado em termos de aquecimento de água para banho humano e conforto
residencial. Além disso, a maior parte da população brasileira é considerada de baixa renda.
Porém, as indústrias do setor solar não têm recebido incentivos adequados para o
desenvolvimento de projetos para uma classe de baixo poder aquisitivo e, não tem podido apostar
no setor público atrelado ao frágil orçamento e equivocada administração do dinheiro público,
dessa forma, tem existido um complexo paradoxo entre usuários de chuveiros, que tem procurado
analisar o custo final de aquisição e instalação, e as iniciativas pública e privada.

Os tradicionais boilers em metal isolado, via de regra, em cilíndro de alumínio, cobre ou


inox, de diâmetro interno em torno de 60 a 70cm e de comprimento variável, isolado em
poliuretana expandida, com carenagem externa leve em chapa de alumínio, ferro tratado ou aço
inox, operam com o perímetro interno completamente molhado o tempo todo, teoricamente para
favorecer a conservação de calor interno e, praticamente para possibilitar a convecção natural da
água aquecida, ou seja, a circulação natural enquanto houver um diferencial térmico entre o fundo
do reservatório e o coletor exposto ao sol. Isto, tem obrigado o coletor solar ficar em nível inferior
ao fundo do reservatório, por outro lado uma reserva de água fria abastece por gravidade o
reservatório térmico, por isso, este deve ficar, num nível entre a reserva fria e os coletores solares.
A soma destes fatores eleva o custo final pois, se apropria melhor fisicamente em residências com
telhados elevados, somando-se, ainda, a probabilidade de que o referido telhado, por não ter sido
projetado para receber coletores solares, esteja convenientemente orientado para atender à
o
estação fria do ano (norte verdadeiro e 30 com o plano horizontal), o que na prática nunca
acontece, pois a própria telha de barro que oferece a maior inclinação (30%) oferece no máximo
um ângulo de 16,70o com o plano horizontal, deixando o coletor solar menos eficiente no inverno.
Pois, os raios solares se refletem em grande quantidade sobre a superfície de vidro, caindo
dramaticamente o desempenho do mesmo, já que na estação de inverno a radiação solar global
na superfície da Terra tem uma significativa diminuição, ao passo que a água a ser aquecida,
obviamente, será recebida mais fria nessa estação.

Um problema típico nestes reservatórios tradicionais é que à medida que é consumida a


água aquecida, entra no mesmo instante e quantidade água fria, promovendo um elevado
gradiente térmico na altura interna do reservatório. Outro fator interveniente no desempenho dos
aquecedores solares é a vazão dos pontos de consumo, por exemplo, o crivo de uma ducha de
0,25 litros por segundo contribui para esgotar rapidamente a reserva de calor. Revendedores,
fabricantes e projetistas inexperientes divulgam abusivamente o uso de água aquecida pelo
aproveitamento da energia solar em inúmeros pontos das habitações onde por exemplo existe um
grande consumo diurno, como uma pia de cozinha ou um tanque de lavar roupas que após um
moderado uso, não possibilitam a recuperação do calor perdido por falta de tempo de insolação
durante o resto do dia, deixando a reserva para o banho noturno subdimensionada para a
demanda efetiva de calor, fora as longas metragens de tubulações que contribuem sumariamente
para o desperdício de água e calor.

De outro lado, o público consumidor deseja água quente em abundância o tempo todo, e
fica mais exigente no inverno, mas a conciliação do coletor solar com a reserva térmica e a melhor
disposição para insolação, não contempla 100% das habitações já construídas. Estes problemas
têm deixado o assunto em questão em aberto para um rol de estudos e pesquisas, que costumam
ficar endôgenos nas universidades, e na prática comercial e industrial muitas vezes se opta por
um exagerado super dimensionamento da reserva térmica e da bateria de coletores para
contornar os problemas, que por fim resultam em sistemas de aquecimento demasiadamente
caros e desapropriados para moradias baixa renda, principalmente para o meio rural.

A indústria brasileira tem apropriado para moradias de baixa renda, que seriam usados no
meio rural, modelos de aquecedores solares em tamanhos reduzidos, conservando as
propriedades básicas de funcionamento. Existe no mercado uma pobre variedade de modelos
econômicos em monobloco contendo o coletor solar e a reserva térmica numa única peça,
associando polímeros e outros materiais de menor custo, substituindo os metais nobres como o
cobre e o aço inoxidável, mas, mesmo assim os referidos modelos devem ser instalados com face
o
apontando para o norte verdadeiro e a 30 de inclinação com o plano horizontal, o que não é feito
por completo na prática. Arquitetos e engenheiros civis projetistas de edificações deveriam levar
em conta as construções aqui mencionadas, para estabelecerem um projeto que seja adequado,
acomode bem, de forma a proporcionar um bom desempenho do sistema de aquecimento solar.
Na pior das hipóteses, deveriam deixar a obra adequada para uma futura incorporação do
aquecedor solar, mesmo que seja rejeitado este vetor pelo proprietário da obra, uma vez que não
há garantia que o imóvel permaneça eternamente com o primeiro investidor.

METODOLOGIA

Segundo (RISPOLI, 2002) a equação 1 ilustra o diferencial térmico máximo no interior de


um reservatório térmico típico de sistemas de aquecimento por acumulação do calor solar durante
um dia de boa insolação.

W
A c [ m² ] IRT []η
Δ T [ºC] = m² (1)
1,163 Volume [ litro ] γ RT

Onde ΔT é a diferença de temperatura entre a água fria e a aquecida após um dia de


trabalho dos coletores solares. IRT é a irradiância solar global numa superfície inclinada, desviada
ou não do eixo norte-sul medida em wh/m². Volume é a quantidade de água do reservatório
térmico. η é o desemenho do coletor solar em porcentagem e γRT é um coeficiente de majoração
da reserva térmica entre 1 a 1,5 que encampa as perdas de calor em função do modelo
tecnológico, fabricação e instalação hidráulica.

Observa-se que o diferencial térmico ΔT é diretamente proporcional à área coletora solar


AC e à irradiância solar global IRT e inversamente proporcional ao tamanho da reserva térmica
(Volume). Através de uma análise mais rigorosa pode-se decompor a irradiância solar global IRT
em outras três sub componentes, direta, difusa e refletida pois convêm lembrar que a componente
direta será dramaticamente afetada nas instalações com coletores munidos de vidro liso ou do tipo
fantasia a uma inclinação inferior a 30o na estação fria do ano , pois os raios solares desta
componente serão refletidos em grande proporção com relação a mesma, minorando o valor
efetivo de IRT sobre a superfície inclinada e conseqüentemente reduzindo o valor de ΔT justamente
na estação do ano que os usuários mais exigem da temperatura elevada.
A quantidade média mensal diária de radiação solar que chega na superfície do solo
brasileiro pode ser escontrada no Atlas Solarimetrico do Brasil e a decomposição numa superfície
inclinada pode ser devidamente equacionada segundo DUFFIE, 1981.

Na busca de um custo racional de aquisição e instalação na obra, optou-se por uma


reserva térmica com lâmina constante de ar, mas devidamente sifonado e com um braço
articulado no interior para capturar sempre a água da superfície. Entre 2001 a 2002 foi executado
um projeto piloto em sete moradias de baixa renda, na cidade de Americana-SP com o intuito de
melhor apropriar uma instalação de aquecimento solar para edificações de baixo custo,
construídas em meio lote de terreno, mas que se apropriam perfeitamente às moradias do meio
rural. Ao invés de utilizar os tradicionais boilers em calandragem metálica, optou-se pela
manufatura de pequenos reservatórios térmicos em fibra de vidro, munidos de tampa e parede
dupla, com a utilizxação de poliestireno expandido entre as paredes como isolamento térmico.
Este projeto piloto baseou-se na idéia de que não é necessário transferir muito calor para o interior
do reservatório térmico devido ao nosso clima tropical, o que poderia reduzir substancialmente o
custo do coletor solar, que no caso foi experimentado em duas modalidades com placa
absorvedora de corpo negro sem o efeito estufa com área total de 1,45m² e a mesma área mas
fechada em caixa de fibra de vidro com telha cristal translúcida. Como as temperaturas não
o
ultrapassam 70 C selecinou-se uma série de materiais à base de polímeros que se comportaram
com bom desempenho e durabilidade, pois até hoje (julho de 2004) se encontram sem avarias.
Tudo isto sustentado que polímeros em baixa pressão podem resistir até 60o C sem deformar-se
(MACINTYRE, 1996).

O desenho interno do reservatório témico é inovador, pois separa a água fria que entra da
aquecida que se encontra no interior, não permite a entrada constante de ar da intempérie a não
ser que uma torneira de consumo seja acionada, protege-se mecanicamente a fronteira ar-água e
por fim, a entrada de água fria pode ser controlada por um dispositivo mecânico, eletromecânico
ou eletrônico 1 . Para preservar o interior do banheiro sem nenhuma reforma ou impacto
F F

manteve-se o chuveiro elétrico no ponto de consumo, mas foi incorporado um regulador eletônico
de potência e um registro misturador solar e, desta forma a vazão em baixa pressão permite que a
reserva térmica não supere 150 litros e forneça até 6 banhos. Como existe um sistema retentor na
entrada de água fria no interior do reservatório térmico, é ideal aproveitar por completo a reserva
aquecida para o banho noturno e aquecer outra reserva somente para a noite posterior. É dizer
que este protótipo está planejado para o banho noturno, justamente para desagregar a carga do
chuveiro do horário de pico. A figura 1 ilustra o aspecto interno e externo da instalação pilioto.

Figura 01: Aspecto externo e interno do projeto piloto.

Através de três equações simples (RISPOLI 2003) é possível dimensionar o tamanho de


uma reserva térmica em função das seguintes varáveis:

1
Patenteado
• Qb = vazão do ponto de banho em l/s;
• Tdb = Tempo médio de duração do banho em segundos;
• Tb = Temperatura de banho (conforto) em °C;
• Nb = Número diário de banhos;
• Tn = Temperatura da água fria (natural);
• Taq = Temperatura média máxima da água quente;
• ΔT = Diferença de temperatura entre água fria e quente;
• Vaq = Volume de água quente dissipada num banho;
• Vaf = Volume de água fria dissipada num banho.

Qb Tdb Nb
K= Vaq = K (Tn − Tb) Vaf = K (Tb − Taq) (2)
ΔT

Com estas equações se comprova através da tabela 1 a necessidade de uma pequena


reserva de água aquecida justificando o volume adotado no projeto piloto, lembrando que a
maioria dos chuveiros nacionais em baixa pressão (1 a 2 mca) possuem vazões no máximo igual
a 0,06 l/s. Nas residências escolhidas foi medida a vazão dos chuveiros que em média forneceu
um valor em torno de 0,05 l/s, que atribui ao chuveiro a peculiar característica de economizador de
água e calor.

Tabela 01: Comprovação de pequenas reservas de água aquecida usando a vazão de um


chuveiro em baixa pressão de instalação.

Volumes (l)
Qb (l/s) Tdb (min) Nb Tb (ºC) Tn (ºC) Taq (ºC) Vaq Vaf K
0.05 10.00 1.00 36.00 20.00 47.00 17.78 12.22 -1.111111
0.05 10.00 8.00 36.00 20.00 47.00 142.22 97.78 -1.111111
0.05 8.00 8.00 37.00 14.00 45.00 142.45 49.55 -0.774194
0.06 8.00 5.00 37.00 20.00 45.00 97.92 46.08 -1.152000
0.06 8.00 6.00 37.00 15.00 45.00 126.72 46.08 -0.96
0.06 8.00 6.00 37.00 15.00 45.00 126.72 46.08 -0.96
0.06 8.00 7.00 37.00 15.00 45.00 147.84 53.76 -0.96

A tabela 2: ilustra a radiação solar global para a cidade de Piracicaba-SP, bastante


próxima da cidade de Americana-SP onde foi efetuado o teste piloto, considerando uma inclinação
de 30o com o plano horizontal e coletores solares apontando para o norte verdadeiro (desvio
azimutal = 0).

Tabela 02: Radiação solar global em Piracicaba-SP num plano inclinado a 30° sem desvio
azimutal segundo o modelo de Pérez para o tratamento da componente difusa.
Fonte: RADIASOL freeware software da UFRGS.
Fixando um volume de 150 litros para reserva térmica com um coeficiente de majoração
de 5% , ou seja 1,05 para estimar as perdas de calor pelo prórpio reservatório térmico com coletor
de 1,45m² de placa absorvedora a 30° de inclinação com relação ao plano horizontal e sem desvio
azimutal (apontados para o norte verdadeiro), considerando a radiação solar global média anual
inclinada segundo informado pela tabela 2, apresenta-se na tabela 3, o diferencial térmico
máximo provável que ocorrerá no interior da reserva térmica após um dia de exposição solar
conforme a equação (1) apresentada anteriormente considerando um rendimento não superior a
55% do coletor solar.
Tabela 03: Calor conseguido no interior de uma reserva de 150 litros com coletor de
1,45m² na região de Americana-SP.

Mês IRT wh/m² Delta T T af (ºC) T in rt (ºC)


Janeiro 5106 10.96 25 35.96
Fevereiro 5214 11.20 25 36.20
Março 5292 11.36 23 34.36
Abril 5074 10.90 20 30.90
Maio 5000 10.74 19 29.74
Junho 4172 8.96 17 25.96
Julho 4894 10.51 14 24.51
Agosto 5334 11.45 17 28.45
Setembro 4846 10.41 19 29.41
Outubro 5142 11.04 22 33.04
Novembro 5694 12.23 23 35.23
Dezembro 4962 10.65 25 35.65

Foram estipuladas as temperatura da água fria (T af) e calculadas as conseqüentes


temperaturas no interior do reservatório térmico (T in rt) devido ao ΔT conseguido.
Pode-se observar que o ΔT teórico médio mensal ao longo do ano concebe ao sistema
solar nas condições fixadas apenas uma conotação de pré-aquecedor solar, longe de ser um
aquecedor de alto desempenho. Aliado à situação de pesquisa que carecia de verbas para a
monitoração e aquisição eletrônica de dados, passou-se a comparar a carga percápita da
residência um ano antes e um ano depois da intervenção nas sete residências conforme a
equação (2)

Kwh
mês (2)
nº de dias do mês x Habitantes

Outra justificativa desta metodologia de medição repousa na desconfiança dos valores


teóricos apresentados pela tabela 03 por causa da população das residências experimentadas
apresentar relativa variação.

RESULTADOS

Os resultados das medições conforme a metodologia se encontram na tabela 04, logo em


seguida se fazem algumas observações paraticulares de cada edificação e uma estatística para a
verdadeira média do bairo observado
Tabela 04: Resultados do projeto piloto

MÉDIAS ANUAIS
Nº de SEM AQUECEDOR SOLAR COM AQUECEDOR SOLAR ECONOMIA PER CÁPITA POR MÊS
OBRA Habitantes KWh / mês Habitante KWh / mês Habitante KWh / mês Habitante
1 3 46.08 33.29 12.79
2 7 30.19 21.21 8.98
3 7 28.2 26.19 2.01
4 5 34.58 14.8 19.78
5 5 24.6 23.45 1.15
6 6 26.5 26.03 0.47
7 8 23.79 17.57 6.22

OBSERVAÇÕES PARTICULARES

Obra 1: Resultado positivo: baixo número de usuários (3). Apenas uma criança de sete anos e
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dois adultos todos alfabetizados. Não possuem qualquer dúvida na operação do sistema.

Obra 2 : Resultado positivo: inicialmente houve bastante problema de assimilação para operação
U U

do sistema. De uma população de seis habitantes, quatro são alfabetizados.

Obra 3 : Resultado abaixo da expectativa: dos sete habitantes, apenas dois são alfabetizados.
U U

Nenhum usuário utiliza adequadamente o sistema até hoje.

Obra 4 : Resultado excelente: Todos alfabetizados não possuem qualquer dúvida ou problema na
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operação do sistema aplicado.

Obra 5: Resultado peculiar: antes da intervenção local nem sequer havia chuveiro na casa,
U U

aqueciam o banho empregando lenha. Com a instalação do chuveiro e sistema solar, aumentou-
se o conforto, qualidade de vida e ainda houve uma redução de 1,15 kWh / mês x habitante. Esta
obra possui cinco habitantes dos quais três são alfabetizados.

Obra 6 : Resultado abaixo da expectativa: Apesar da sólida estrutura familiar e satisfatório grau de
U U

instrução (todos alfabetizados) o dono de casa proibiu a utilização do sistema aos quatro filhos
como medida de conservação e privacidade ficando a economia reduzida a um valor
insignificante. Outro agravante é que no modelo físico do reservatório alocado nesta obra se
dispôs o retorno do coletor com baixa diferença geométrica com a saída do mesmo, e um volume
de água de 180 litros reduzindo-se a velocidade da convecção. Mesmo com todas essas falhas
operacionais e experimentais se registrou uma economia média mensal de 0,47 kWh / mês x
habitante, o menor registro dos sete experimentos.

Obra 7: Resultado positivo: Nesta família houve dificuldade inicial, mas se conseguiu dominar a
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utilização do sistema. Poderia ter um resultado melhor se não fosse a recente construção de um
novo banheiro que futuramente poderá diluir parte dos banhos e que se reservado o sistema solar
apenas ao casal poderá recair na situação da obra seis, aqui se agravando pela exclusão de seis
usuários.

Seguem alguns resultados da estimação indutiva da verdadeira economia média mensal


percápita em duas modalidades: excluindo e incluído os resultados impróprios, considerando a
amostra piloto de n=7 e a curva de Student para montagem dos intervalos de confiança ao nível
de 90%
ESTATÍSTICA

Da amostra de sete experimentos removendo três de resultados impróprios devido à


inépcia e ou negligência operacional dos usuários temos a coletânea abaixo em kWh / mês x
habitante.

{ 12,79 8,98 19,78 6,22 } [ kWh / mês x habitante ]

Desses dados calcula-se:

Média aritmética amostral = 11,94


Desvio padrão amostral = 5,878
Considerando 90% de confiança e uma distribuição de Student encontra-se o seguinte
intervalo para a verdadeira média populacional;

5,02 [ μ [ 18,86 [ kWh / mês x habitante ]

Este resultado garante com 90% de confiança que a verdadeira economia média mensal
per-cápita estará compreendida no intervalo acima. Este resultado pode ser inferido à população
capacitada em operar um sistema de aquecimento solar no Jardim dos Lírios, ou populações de
hábitos, cultura e poder aquisitivo similares.

Segue cálculo, amostrando os sete experimentos, ou seja, incluindo os três experimentos


não bem sucedidos junto com os quatro experimentos bem sucedidos.

{ 12,79 8,98 2,01 19,78 1,15 0,47 6,22 } [ kWh / mês x habitante ]

Desses dados calcula-se:

Média aritmética amostral = 7,34


Desvio padrão amostral = 7,10

Considerando 90% de confiança e uma distribuição de Student encontra-se o seguinte


intervalo para a verdadeira média populacional;

2,13 [ μ [ 12,55 [ kWh / mês x habitante ]

Este cálculo pode ser inferido à população inteira do Jardim dos Lírios incluindo famílias
negligentes ou incapacitadas na operação do aquecedor solar, ou populações de hábitos, cultura
e poder aquisitivo similares.

CONSIDERAÇÕES ECONÔMICAS E CONSTRUTIVAS

Considerando na ocasião um custo de aquisição e instalação por volta de R$ 650,00 e os


melhores resultados de economia per-cápita, a tabela 05 ilustra o pay-back do sistema em função
do número de habitantes e da economia per-cápita por mês em Kwh, percebendo-se uma
estabilização a partir de cinco habitantes.

Tabela 05: Payback em função do número de habitantes por domicílio

Nº de Pay Back
Habitantes em meses
3 21
5 18
7 18
9 18
Em prol dos bons resultados experimentais, estimulou-se a reprodução de uma reserva
térmica com 150 litros de capacidade, com acabamento externo polido resistente a radiação solar
em fibra de vidro através da aplicação de resina apropriada. Também foi pensada a possibilidade
de transporte empilhado, onde os kits e acessórios agregados podem ser colocados no fundo do
reservatório. A figura 02 ilustra o notável melhoramento entre a reserva térmica térmica
experimental e a produção apropriada para o mercado consumidor.

Figura 02: Melhoramento da reserva térmica comparado com a reserva experimental.

Como este projeto defende a hipótese que o sistema solar pode ser apropriado a uma
edificação pré-existente que não fora planejada para receber coletores solares sobre o telhado,
está sendo desenvolvido um sistema econômico que atende com exclusividade aos telhados de
barro que possuem uma água sem desvio azimutal, conforme a figura 03, muito parecido com o
moedelo de mercado, mas com os novos atributos internos do protótipo experimentado. Também
o
como absolutamente todo tipo de aquecedor solar deve ser apropriado à inclinação de 30 e sem
desvio azimutal na nossa região, pode ser confeccionado em bloco de concreto vasado (já
existente no mercado) um elemento em alvenaria armada com aproximadamente 3,5m de altura
com alicerce suficiente para não perder o equilíbrio lateral que consiga sustentar o protótipo no
corredor externo do lote de terreno em condição favorável para exposicão solar, substituindo o
incômodo material ferroso que exposto na intempérie está sujeito à oxidação também exposto na
figura 03.

Figura 03: proposta compacta para telhado sem desvio


azimutal e alvenaria armada para sustentação do reservatório
térmico desenvolvido.
CONCLUSÕES

• Nas condições físicas da tipologia habitacional de moradias no meio rural, similares às


moradias urbanas de baixa renda é possível producir e estabelecer um sistema de
aquecimento solar apropriado, eficiente e durável, e que tenha um payback assimilável;
• Através da equação (1) pode-se perceber que não servem substancialmente áreas coletoras
menores ou iguais a 1m²; e que através desta experiência piloto se recomenda usar um
coletor horizontal de aproximadamente 2m² para aumentar o desempenho;
• Nas condições climáticas regionais em que o sistema foi experimentado de forma piloto,
obteve-se resultados mais estimulantes do que as suposições teóricas;
• A seleção de materiais a base de polimeros e borrachas apresentou até agora, após três anos
bom desempenho e durabilidade, justificando-se o uso desta tecnología no meio rural;
• O chuveiro elétrico associado a um pré-aquecedor solar e a um potenciômetro, deixa de ser o
“vilão” do horário de pico para ser o principal protagonista na conservação de energia e água,
favorecendo as edificações rurais e as de baixa renda pré-existentes;
• Os atributos agregados no interior da reserva experimental superaram as expectativas dos
meses mais quentes do ano, porém, deixaram a desejar, na estação fria, aqueles sistemas
que foram experimentados com o corletor munido apenas do corpo negro. E, mesmo nos
meses de inverno o coletor convencional fechado munido de corpo negro e feito estufa
apresentou bom desempenho como pré-aquecedor;
• É necessário um trabalho de assimilação do sistema para a população rural e de baixa
escolaridade, estimulando-se o uso de tecnología apropriada e de baixo custo;
• O regulador eletrônico de temperatura agregado ao chuveiro elétrico e o registro misturador
solar que foram empregados no experimento, são desapropriados para operação por uma
criança menor de 11 anos, mas existem possibilidades de mercado que podem melhorar esta
dificuldade;
• A inclinação e desvio azimutal nulo são imprecindíveis.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1B

DUFFIE, J. A. & BECKMAN, W. A., Solar Engineering of Thermal Processes, Wiley, NY, 1980.

Laboratório de Energia Solar, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS
Brasil. Software de Banco de Dados da Irradiância Brasileira, disponível na web em:
http://www.mecanica.ufrgs.br/solar/ accesado em 20/06/03.
HU UH

MACINTYRE, Joseph Archibald. Instalações Hidráulicas Prediais e Industriais. LTC, Rio de


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