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(1) Ítalo Alberto Gatica Ríspoli, Engenheiro Civil, M.Sc. , doutorando na FEC-UNICAMP.
Professor pesquisador do Centro Universitário UNISAL de Americana SP. Professor do
UNISAL SJ Campinas e Faculdade Municipal Professor Franco Montoro.
gatica@dglnet.com.br
HU UH
RESUMO
0B
O Brasil é banhado por grande quantidade de radiação solar durante a maior parte do ano,
entretanto, por uma alternativa de cunho prático e cultural é um país que usa abusivamente a
eletricidade para o aquecimento da água para o banho humano nas moradias rurais, urbanas de
baixa renda e até mesmo em grande parte das moradias da classe média, pois um chuveiro
elétrico é disponibilizado no mercado consumidor a partir de R$ 20,00 (por volta de US$ 6,5).
Esta alternativa tem sido largamente usada devido ao baixo custo de aquisição e desprezível
custo de instalação, pois não necessita de tubulações para água aquecida e exige apenas de um
circuito simples na instalação predial mono ou bifásico, um aterramento e um dispositivo de
segurança através de disjuntores num pequeno quadro. Por outro lado em regiões rurais onde não
chega a eletricidade, até mesmo a lenha tem sido usada como principal meio de aquecimento de
água para o banho humano em edificações de camponeses.
No meio rural, o uso de chuveiros elétricos tem significado um aumento das potências
instaladas, com consequente aumento da potência dos transformadores elétricos e da capacidade
das linhas de transmissão rurais e, nas zonas urbanas de baixa renda, a preferência pelo
chuveiro elétrico incrementa uma carga extra que somada com as demais cargas elétricas, torna
mais crítico o horário de pico entre 17:30 e 20:30Hs, provocando toda a polêmica energética
(OLIVA, 1999). O poder público, via de regra, tem decidido por aumentar a oferta de energia
elétrica sem maiores preocupações com os custos econômico, social e ambiental.
Os aquecedores solares usados no Brasil, conservam seus reservatórios iguais ao
modelos projetados de início na França em 1880. Assim esta proposta busca fornecer subsídios
técnicos aplicados às moradias rurais e, até mesmo, para urbanas de baixa renda, visando-se
estimular as autoridades públicas para a implantação maciça de aquecedores solares sem
comprometer o orçamento público, bem como, concomitantemente, conduzir para uma melhor
solução do inadequado pay-back dos sistemas solares atuais, conciliando-se a tipologia da
moradia rural e a seleção de partes materiais que constituam um bem durável e de qualidade.
ABSTRACT
The Brazilian land receives a great amount of solar radiation all over the year, therefore,
because both the culture and practical aspects, Brazilians use in a non-moderate way the
electricity to boil the water for human bath in the rural homes, in the lower incommer residences
even at part of the medium class homes. That happens due to the very low price of an electrical
shower, about US$ 6,5. In fact, that way of heatig water is largely used because, besides the very
low electrical shower price, it is not necessary to install a complete hot water both hydraulic and
electrical building systems, but just both single hydraulic pipes and electrical devices. On the other
hands, at rural regions where the electricity does not achieve the rural people uses firewood in
order to get hot water for human bath.
At the rural places the use of electrical showers has meaning an increase in the electrical
transformers powers, heavier electrical transmision rural lines, with greater prices and, at the
urban zones, the use of electrical showers in the lower social classes has contributed to a more
expressive electrical load at the nacional eletrical system load peck, between 5:30 to 8:30 a.m. The
public administration, mostly, does not take into account both social, economic and environmental
costs in order to think about the electricity offer.
The solar heating systems, generally used in Brazil, conserves the same reservoirs used in
France at 1880. Therefore, this paper presents some technical subsidies applied to rural homes,
even to lower income people’s homes aiming to estimulate the Brazilian public authorities to make
a public police to facilitate both the industrialization and dissemination of solar heating systmes,
apropriate to the rural area, with lower costs, componed by good technology equipments, with
guarantee of lasting and quality.
PALAVRAS CHAVES
Fontes renováveis de energia - Energia solar - Conservação de energia - Tecnología Apropriada -
Edificação de baixa renda - Coletor solar - Reservatório térmico. Aquecimento de água.
INTRODUÇÃO
Os sistemas de aquecimento solar residenciais de água, no Brasil, estão instalados em
sua quase totalidade em moradias de classe alta, outra parcela menor em classe média, porém,
em número muito insignificante em moradias populares e no meio rural. Na realidade, as classes
sociais inferiores ficam restritas aos projetos de estudo e tentativas de fomento de vetor
alternativo, mas no global as aplicações de energia solar para fins de aquecimento de água
domiciliar, são feitas em número insignificante para atenuar o problema energético brasileiro.
O meio rural, historicamente, tem usado a energia solar para secagem de grãos, mas
muito pouco tem sido usado em termos de aquecimento de água para banho humano e conforto
residencial. Além disso, a maior parte da população brasileira é considerada de baixa renda.
Porém, as indústrias do setor solar não têm recebido incentivos adequados para o
desenvolvimento de projetos para uma classe de baixo poder aquisitivo e, não tem podido apostar
no setor público atrelado ao frágil orçamento e equivocada administração do dinheiro público,
dessa forma, tem existido um complexo paradoxo entre usuários de chuveiros, que tem procurado
analisar o custo final de aquisição e instalação, e as iniciativas pública e privada.
De outro lado, o público consumidor deseja água quente em abundância o tempo todo, e
fica mais exigente no inverno, mas a conciliação do coletor solar com a reserva térmica e a melhor
disposição para insolação, não contempla 100% das habitações já construídas. Estes problemas
têm deixado o assunto em questão em aberto para um rol de estudos e pesquisas, que costumam
ficar endôgenos nas universidades, e na prática comercial e industrial muitas vezes se opta por
um exagerado super dimensionamento da reserva térmica e da bateria de coletores para
contornar os problemas, que por fim resultam em sistemas de aquecimento demasiadamente
caros e desapropriados para moradias baixa renda, principalmente para o meio rural.
A indústria brasileira tem apropriado para moradias de baixa renda, que seriam usados no
meio rural, modelos de aquecedores solares em tamanhos reduzidos, conservando as
propriedades básicas de funcionamento. Existe no mercado uma pobre variedade de modelos
econômicos em monobloco contendo o coletor solar e a reserva térmica numa única peça,
associando polímeros e outros materiais de menor custo, substituindo os metais nobres como o
cobre e o aço inoxidável, mas, mesmo assim os referidos modelos devem ser instalados com face
o
apontando para o norte verdadeiro e a 30 de inclinação com o plano horizontal, o que não é feito
por completo na prática. Arquitetos e engenheiros civis projetistas de edificações deveriam levar
em conta as construções aqui mencionadas, para estabelecerem um projeto que seja adequado,
acomode bem, de forma a proporcionar um bom desempenho do sistema de aquecimento solar.
Na pior das hipóteses, deveriam deixar a obra adequada para uma futura incorporação do
aquecedor solar, mesmo que seja rejeitado este vetor pelo proprietário da obra, uma vez que não
há garantia que o imóvel permaneça eternamente com o primeiro investidor.
METODOLOGIA
W
A c [ m² ] IRT []η
Δ T [ºC] = m² (1)
1,163 Volume [ litro ] γ RT
O desenho interno do reservatório témico é inovador, pois separa a água fria que entra da
aquecida que se encontra no interior, não permite a entrada constante de ar da intempérie a não
ser que uma torneira de consumo seja acionada, protege-se mecanicamente a fronteira ar-água e
por fim, a entrada de água fria pode ser controlada por um dispositivo mecânico, eletromecânico
ou eletrônico 1 . Para preservar o interior do banheiro sem nenhuma reforma ou impacto
F F
manteve-se o chuveiro elétrico no ponto de consumo, mas foi incorporado um regulador eletônico
de potência e um registro misturador solar e, desta forma a vazão em baixa pressão permite que a
reserva térmica não supere 150 litros e forneça até 6 banhos. Como existe um sistema retentor na
entrada de água fria no interior do reservatório térmico, é ideal aproveitar por completo a reserva
aquecida para o banho noturno e aquecer outra reserva somente para a noite posterior. É dizer
que este protótipo está planejado para o banho noturno, justamente para desagregar a carga do
chuveiro do horário de pico. A figura 1 ilustra o aspecto interno e externo da instalação pilioto.
1
Patenteado
• Qb = vazão do ponto de banho em l/s;
• Tdb = Tempo médio de duração do banho em segundos;
• Tb = Temperatura de banho (conforto) em °C;
• Nb = Número diário de banhos;
• Tn = Temperatura da água fria (natural);
• Taq = Temperatura média máxima da água quente;
• ΔT = Diferença de temperatura entre água fria e quente;
• Vaq = Volume de água quente dissipada num banho;
• Vaf = Volume de água fria dissipada num banho.
Qb Tdb Nb
K= Vaq = K (Tn − Tb) Vaf = K (Tb − Taq) (2)
ΔT
Volumes (l)
Qb (l/s) Tdb (min) Nb Tb (ºC) Tn (ºC) Taq (ºC) Vaq Vaf K
0.05 10.00 1.00 36.00 20.00 47.00 17.78 12.22 -1.111111
0.05 10.00 8.00 36.00 20.00 47.00 142.22 97.78 -1.111111
0.05 8.00 8.00 37.00 14.00 45.00 142.45 49.55 -0.774194
0.06 8.00 5.00 37.00 20.00 45.00 97.92 46.08 -1.152000
0.06 8.00 6.00 37.00 15.00 45.00 126.72 46.08 -0.96
0.06 8.00 6.00 37.00 15.00 45.00 126.72 46.08 -0.96
0.06 8.00 7.00 37.00 15.00 45.00 147.84 53.76 -0.96
Tabela 02: Radiação solar global em Piracicaba-SP num plano inclinado a 30° sem desvio
azimutal segundo o modelo de Pérez para o tratamento da componente difusa.
Fonte: RADIASOL freeware software da UFRGS.
Fixando um volume de 150 litros para reserva térmica com um coeficiente de majoração
de 5% , ou seja 1,05 para estimar as perdas de calor pelo prórpio reservatório térmico com coletor
de 1,45m² de placa absorvedora a 30° de inclinação com relação ao plano horizontal e sem desvio
azimutal (apontados para o norte verdadeiro), considerando a radiação solar global média anual
inclinada segundo informado pela tabela 2, apresenta-se na tabela 3, o diferencial térmico
máximo provável que ocorrerá no interior da reserva térmica após um dia de exposição solar
conforme a equação (1) apresentada anteriormente considerando um rendimento não superior a
55% do coletor solar.
Tabela 03: Calor conseguido no interior de uma reserva de 150 litros com coletor de
1,45m² na região de Americana-SP.
Kwh
mês (2)
nº de dias do mês x Habitantes
RESULTADOS
MÉDIAS ANUAIS
Nº de SEM AQUECEDOR SOLAR COM AQUECEDOR SOLAR ECONOMIA PER CÁPITA POR MÊS
OBRA Habitantes KWh / mês Habitante KWh / mês Habitante KWh / mês Habitante
1 3 46.08 33.29 12.79
2 7 30.19 21.21 8.98
3 7 28.2 26.19 2.01
4 5 34.58 14.8 19.78
5 5 24.6 23.45 1.15
6 6 26.5 26.03 0.47
7 8 23.79 17.57 6.22
OBSERVAÇÕES PARTICULARES
Obra 1: Resultado positivo: baixo número de usuários (3). Apenas uma criança de sete anos e
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dois adultos todos alfabetizados. Não possuem qualquer dúvida na operação do sistema.
Obra 2 : Resultado positivo: inicialmente houve bastante problema de assimilação para operação
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Obra 3 : Resultado abaixo da expectativa: dos sete habitantes, apenas dois são alfabetizados.
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Obra 4 : Resultado excelente: Todos alfabetizados não possuem qualquer dúvida ou problema na
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Obra 5: Resultado peculiar: antes da intervenção local nem sequer havia chuveiro na casa,
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aqueciam o banho empregando lenha. Com a instalação do chuveiro e sistema solar, aumentou-
se o conforto, qualidade de vida e ainda houve uma redução de 1,15 kWh / mês x habitante. Esta
obra possui cinco habitantes dos quais três são alfabetizados.
Obra 6 : Resultado abaixo da expectativa: Apesar da sólida estrutura familiar e satisfatório grau de
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instrução (todos alfabetizados) o dono de casa proibiu a utilização do sistema aos quatro filhos
como medida de conservação e privacidade ficando a economia reduzida a um valor
insignificante. Outro agravante é que no modelo físico do reservatório alocado nesta obra se
dispôs o retorno do coletor com baixa diferença geométrica com a saída do mesmo, e um volume
de água de 180 litros reduzindo-se a velocidade da convecção. Mesmo com todas essas falhas
operacionais e experimentais se registrou uma economia média mensal de 0,47 kWh / mês x
habitante, o menor registro dos sete experimentos.
Obra 7: Resultado positivo: Nesta família houve dificuldade inicial, mas se conseguiu dominar a
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utilização do sistema. Poderia ter um resultado melhor se não fosse a recente construção de um
novo banheiro que futuramente poderá diluir parte dos banhos e que se reservado o sistema solar
apenas ao casal poderá recair na situação da obra seis, aqui se agravando pela exclusão de seis
usuários.
Este resultado garante com 90% de confiança que a verdadeira economia média mensal
per-cápita estará compreendida no intervalo acima. Este resultado pode ser inferido à população
capacitada em operar um sistema de aquecimento solar no Jardim dos Lírios, ou populações de
hábitos, cultura e poder aquisitivo similares.
{ 12,79 8,98 2,01 19,78 1,15 0,47 6,22 } [ kWh / mês x habitante ]
Este cálculo pode ser inferido à população inteira do Jardim dos Lírios incluindo famílias
negligentes ou incapacitadas na operação do aquecedor solar, ou populações de hábitos, cultura
e poder aquisitivo similares.
Nº de Pay Back
Habitantes em meses
3 21
5 18
7 18
9 18
Em prol dos bons resultados experimentais, estimulou-se a reprodução de uma reserva
térmica com 150 litros de capacidade, com acabamento externo polido resistente a radiação solar
em fibra de vidro através da aplicação de resina apropriada. Também foi pensada a possibilidade
de transporte empilhado, onde os kits e acessórios agregados podem ser colocados no fundo do
reservatório. A figura 02 ilustra o notável melhoramento entre a reserva térmica térmica
experimental e a produção apropriada para o mercado consumidor.
Como este projeto defende a hipótese que o sistema solar pode ser apropriado a uma
edificação pré-existente que não fora planejada para receber coletores solares sobre o telhado,
está sendo desenvolvido um sistema econômico que atende com exclusividade aos telhados de
barro que possuem uma água sem desvio azimutal, conforme a figura 03, muito parecido com o
moedelo de mercado, mas com os novos atributos internos do protótipo experimentado. Também
o
como absolutamente todo tipo de aquecedor solar deve ser apropriado à inclinação de 30 e sem
desvio azimutal na nossa região, pode ser confeccionado em bloco de concreto vasado (já
existente no mercado) um elemento em alvenaria armada com aproximadamente 3,5m de altura
com alicerce suficiente para não perder o equilíbrio lateral que consiga sustentar o protótipo no
corredor externo do lote de terreno em condição favorável para exposicão solar, substituindo o
incômodo material ferroso que exposto na intempérie está sujeito à oxidação também exposto na
figura 03.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1B
DUFFIE, J. A. & BECKMAN, W. A., Solar Engineering of Thermal Processes, Wiley, NY, 1980.
Laboratório de Energia Solar, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS
Brasil. Software de Banco de Dados da Irradiância Brasileira, disponível na web em:
http://www.mecanica.ufrgs.br/solar/ accesado em 20/06/03.
HU UH
20/06/03.
RÍSPOLI, Ítalo Alberto Gatica. Estudo do Aproveitamento da Energia Solar para o Aquecimento
de Água em Edificações Unifamiliares de Baixa Renda. BAE UNICAMP, Campinas SP Brasil .
2001.
RÍSPOLI, Ítalo Alberto Gatica. Mariotoni, Carlos Alberto. Reserva Térmica de Acumulação de
Calor para o Banho Humano . Revista Ciência e Tecnologia. UNISAL Campinas SP. Ano VI,
no8, Outubro de 2003.