Você está na página 1de 5

PODER JUDICIáRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO


GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO WILDO

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO Nº


23617/PE (0000073-24.2011.4.05.8305/01)
APTE : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
REPTE : PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE
APDO : MARIA APARECIDA SOUZA MACHADO
ADV/PROC : MARCIO DE LIMA TORRES
REMTE : JUÍZO DA 28ª VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO (ARCOVERDE)
EMBTE : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
ORIGEM : 28ª VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO (ARCOVERDE) - PE
RELATOR : DES. FED. FRANCISCO WILDO

RELATÓRIO

O Sr. Des. Fed. FRANCISCO WILDO (Relator):

Trata-se de embargos declaratórios interpostos pelo INSS em face de


acórdão que extinguiu a execução, por entender que esta não é a via adequada para a cobrança
de valores decorrentes de pagamento indevido de beneficio previdenciário.

O embargante sustenta a existência de omissão em relação ao disposto


no art. 39, §§2º e 4º da Lei nº 4.320/64 e art. 2º, § 2º da Lei 6.830/80. Defende que a
aplicação desses dispositivos somente pode ser afastada através do incidente de argüição de
inconstitucionalidade.

Não foram apresentadas contrarrazões.

É o relatório.
PODER JUDICIáRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO WILDO

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO Nº


23617/PE (0000073-24.2011.4.05.8305/01)
APTE : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
REPTE : PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE
APDO : MARIA APARECIDA SOUZA MACHADO
ADV/PROC : MARCIO DE LIMA TORRES
REMTE : JUÍZO DA 28ª VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO (ARCOVERDE)
EMBTE : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
ORIGEM : JUíZO FEDERAL DA 28ª VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO - PE
RELATOR : DES. FED. FRANCISCO WILDO

VOTO

O Sr. Des. Fed. FRANCISCO WILDO (Relator):

Os embargos declaratórios apenas são cabíveis nas restritas hipóteses


elencadas nos incisos do art 535 do CPC. Se não há contradição, obscuridade ou omissão no
acórdão embargado, não merece ser acolhido o recurso.

No caso, a simples leitura das razões de embargos demonstra que


pretende a embargante apenas a rediscussão do julgado.

A recorrente alega a existência de omissão no tocante ao disposto no


art. 39, §§2º e 4º, da Lei 4.320/64 e art. 2º, § 2º da Lei 6.830/80.

Não tem razão, contudo. Nesse sentido, é claro o entendimento


adotado no julgado, e expressado nos seguintes termos:

“Em que pese os argumentos trazidos pelo apelante, entendo que o


procedimento administrativo que apura a possível concessão irregular
de benefício previdenciário não tem legitimação jurídica para autorizar
o lançamento de crédito em favor da UNIÃO, em razão do
estabelecido na Lei nº 6.830/80 e na Lei nº 4.320/64, que tratam da
ação de execução fiscal e do lançamento de créditos da Fazenda
Pública, uma vez que tais normas não amparam a autotutela dos entes
da Administração para produzir liquidez e certeza de um evento
danoso, estranho ao âmbito de suas atividades intrínsecas.”

Trata-se, pois, de questão devidamente analisada na decisão ora


impugnada, e cujos fundamentos não deixam quaisquer dúvidas quanto às razões que levaram
esta eg. Turma a entender da maneira ali expressa.

Também não merece prosperar a tese de que as referidas normas


somente poderiam ser afastadas através da via de argüição de inconstitucionalidade.
PODER JUDICIáRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO WILDO

APELREEX23617/PE
V-2

A decisão embargada deixou assente que, para ser considerada dívida


ativa não tributária, a dívida cobrada há de ter relação com a atividade própria da pessoa
jurídica de direito público, tendo origem em lei, contrato ou regulamento, circunstância que
não restou configurada no presente caso.

Dito de outro modo, a lei não foi aplicada por não se tratar de hipótese
de incidência da mesma. Em momento algum a constitucionalidade de qualquer dispositivo foi
questionada, razão pela qual não se mostra necessária a observância da cláusula de reserva de
plenário. Nesse sentido, transcrevo jurisprudência do eg. STJ:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. ALEGADA OMISSÃO
QUANTO AOS ARTS. 273, § 2º E 475-O, DO CPC E 115 DA LEI
8.213/91. INEXISTÊNCIA. (...) ALEGADA OFENSA À CLÁSULA DE
RESERVA DE PLENÁRIO (CF, ART. 97). NÃO-OCORRÊNCIA.
PRECEDENTES DO STF E STJ. INOVAÇÃO RECURSAL.
IMPOSSIBILIDADE. EMBARGOS REJEITADOS. 1. Os embargos de
declaração consubstanciam instrumento processual apto a suprir omissão do
julgado ou dele excluir qualquer obscuridade ou contradição. 2. A
possibilidade de atribuição de efeitos infringentes ou modificativos a
embargos declaratórios sobrevém como resultado da presença de vícios a
serem corrigidos e não da simples interposição do recurso. 3. (...) 4. Não
caracteriza ofensa à reserva de plenário a interpretação dispensada por
órgão fracionário de Tribunal a dispositivo de lei que, mediante legítimo
processo hermenêutico, tem sua incidência limitada a determinadas
hipóteses. 5. É incabível a inovação recursal em agravo regimental ou
embargos de declaração. 6. Embargos rejeitados. (EDRESP 1025614, Rel.
Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, DJE
DATA:24/11/2008).

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DECLARATÓRIOS. CABIMENTO


RESTRITO ÀS HIPÓTESES LEGALMENTE PREVISTAS.
REJULGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. (...)RESERVA DE PLENÁRIO
E SÚMULA VINCULANTE N. 10. INAPLICABILIDADE. 1. O recurso
integrativo previsto em nosso ordenamento está destinado a sanar os vícios
relacionados no art. 535 do CPC quando omisso, contraditório ou obscuro o
julgado. 2. Na via estreita dos embargos declaratórios descabe a pretensão de
rejulgamento da causa, sobretudo quando o julgado embargado explicitou que
o trânsito em julgado da sentença condenatória era o termo inicial do prazo
prescricional para a propositura da ação executiva. 3. Descabe falar-se em
adoção do procedimento previsto no art. 97 da Constituição Federal se a
tese da recorrente foi afastada somente por ser inaplicável à espécie, e não
porque os dispositivos dos Decretos n. 20.910/1932 e Decreto-lei n.
4.597/1942 possuam incompatibilidade com o texto constitucional. 4.
Embargos rejeitados. (EDAGA 1261691, Rel. Min. JORGE MUSSI,
QUINTA TURMA, DJE DATA:13/12/2010).
PODER JUDICIáRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO WILDO

APELREEX23617/PE
V-3

Na verdade – embora alegue justamente o contrário – busca a


embargante tão-somente a reapreciação da tese que lhe foi desfavorável, o que não é cabível
em sede de embargos de declaração.

Como tenho reiteradamente defendido, o cabimento dos embargos de


declaração pressupõe a existência dos requisitos de admissibilidade dessa espécie recursal, cuja
finalidade cinge- se ao aperfeiçoamento do julgado, sanando os defeitos de omissão,
obscuridade, erros materiais ou equívocos manifestos que devem ser apontados de forma clara
pela parte embargante. A mera discordância com a decisão proferida não está arrolada entre
esses pressupostos. Para tal situação existem remédios processuais específicos.

Outrossim, o simples desejo de prequestionamento da matéria não


acarreta a admissibilidade do recurso ora manejado se o acórdão não padece, como visto, de
qualquer omissão.

Com essas considerações, rejeito os embargos declaratórios.

É como voto.
PODER JUDICIáRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO WILDO

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO Nº


23617/PE (0000073-24.2011.4.05.8305/01)
APTE : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
REPTE : PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE
APDO : MARIA APARECIDA SOUZA MACHADO
ADV/PROC : MARCIO DE LIMA TORRES
REMTE : JUÍZO DA 28ª VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO (ARCOVERDE)
EMBTE : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
ORIGEM : JUíZO FEDERAL DA 28ª VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO - PE
RELATOR : DES. FED. FRANCISCO WILDO

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA.


REDISCUSSÃO DA MATÉRIA.
- A simples leitura das razões de embargos demonstra que pretende a
embargante apenas a rediscussão do julgado que considerou não ser a
execução fiscal a via adequada para a cobrança da dívida decorrente do
pagamento indevido de benefício previdenciário, eis que as questões
tidas por omissas foram devidamente apreciadas, mas motivadamente
rechaçadas.
- “ Não caracteriza ofensa à reserva de plenário a interpretação
dispensada por órgão fracionário de Tribunal a dispositivo de lei que,
mediante legítimo processo hermenêutico, tem sua incidência limitada
a determinadas hipóteses.”(EDRESP 1025614, Rel. Min. Arnaldo
Esteves Lima, DJE 24/11/2008).
- Embargos de declaração rejeitados.

ACÓRDÃO

Vistos, etc.

Decide a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região,


por unanimidade, rejeitar os embargos declaratórios, nos termos do Relatório, Voto e notas
taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

Recife, 18 setembro de 2012.


(Data de julgamento)

Des. Fed. FRANCISCO WILDO


Relator

Você também pode gostar