Você está na página 1de 8

La Ingeniería Estructural: puente para el desarrollo e integración de América y el mundo

ID: XXXVIIIJSIE-07-018

DIMENSIONAMENTO OTIMIZADO DE VIGAS EM CONCRETO ARMADO

OPTIMAL DESIGN OF REINFORCED CONCRETE BEAMS

Charles J. Oliveira (1); Isabele Antonelli (P) (2); Monique C. A. Rodrigues (3)

(1) Eng. Civil, M.Sc., Professor, Universidade Positivo, Curitiba, Brasil.


(2) Eng. Civil, Universidade Positivo, Curitiba, Brasil.
(3) Eng. Civil, Universidade Positivo, Curitiba, Brasil.
Dirección para correspondencia: chjaster@hotmail.com; (P) Presentador

Área Temática: Investigaciones teóricas y computacionales.

Resumen
Na Engenharia Civil torna-se extremamente importante o uso de processos de otimização de modo a reduzir
custos. Por meio dos critérios de dimensionamento da ABNT NBR 6118:2014, a determinação da solução
mais econômica acaba sendo definida por um processo de tentativa e erro. Este trabalho apresenta um
estudo da aplicação de otimização estrutural no processo de dimensionamento de vigas biapoiadas em
concreto armado, com seção retangular, submetidas a um carregamento uniformemente distribuído. Para
isso, os resultados são avaliados em termos de valores ótimos da altura da viga, além da redução no
consumo de concreto, área de armadura de aço e de madeira utilizada na produção de fôrmas. O estudo foi
realizado a partir da ferramenta Solver do software Microsoft Excel, utilizando o método do Gradiente
Reduzido Generalizado, respeitando critérios normativos. Os resultados foram comparados entre
dimensionamento convencional e otimizado, aplicando diferentes condições de contorno para o problema,
como por exemplo a resistência característica do concreto à compressão. Outro critério utilizado foi relativo
ao detalhamento, visando um ajuste na quantidade, diâmetro e comprimento das barras longitudinais, bem
como na distribuição ótima dos estribos ao longo do diagrama de esforço cortante. Em função dos exemplos
analisados, o dimensionamento otimizado mostra-se mais viável pelo fato de respeitar os critérios
normativos da mesma forma que no dimensionamento convencional, apresentando economia de 0,45% a
29,59%, dependendo do vão e resistência do concreto. Foram obtidas soluções ótimas em custo dentre uma
série de combinações possíveis na parametrização do problema que comprovam esta eficiência para
diferentes cenários.
Palavras-chave: Otimização Estrutural, Otimização de Vigas, Concreto Armado, Custo.

Abstract
The use of optimization processes in civil engineering becomes extremely important in order to reduce
costs. Through the design criteria of ABNT NBR 6118:2014, a process of trial and error defines the
determination of the most economical solution. This work presents a study of the application of structural
optimization in the process of design of simply supported beams in reinforced concrete, with rectangular
section, submitted to a uniformly distributed load. For this, the results are evaluated in terms of optimal
beam height values, as well as the reduction in concrete consumption, steel reinforcement area and timber
formwork area. The study of the non-linear optimization was conducted using Generalized Reduced
Gradient by the Microsoft Excel's Solver function and respecting the normative criteria. The results were
compared between conventional and optimized design, applying different boundary conditions, such as the
compressive strength of concrete. Another criterion used in the optimization process was the detailing,
optimizing the quantity, diameter and length of longitudinal bars, as well as optimum distribution of the
stirrups along the shear diagram. Due to the analyzed examples, the optimized design is more advantageous
to respect the normative criteria in the same way as in the conventional design, presenting savings of 0,45%
to 29,59%, depending on the span and concrete strength. Optimum solutions were obtained in cost from a
series of possible combinations in the parameterization of the problem that prove this efficiency for
different scenarios.
Keywords: Structural Optimization, Beam Optimization, Reinforced Concrete, Cost.
La Ingeniería Estructural: puente para el desarrollo e integración de América y el mundo
1. INTRODUÇÃO

O princípio básico da otimização é encontrar a melhor solução possível dentre diversas


circunstâncias apresentadas. O termo estrutura ótima é bastante hipotético, isso ocorre pelo fato
de uma estrutura ser ótima em diferentes aspectos, sendo estes conhecidos como o peso da
estrutura, o custo ou até mesmo sua rigidez. A solução para este problema depende de vários
fatores externos como a formulação de uma função objetivo, formulação de restrição, método
adotado, etc. (Kakadiya e Desai, 2013). Em problemas de otimização estrutural a função objetivo
geralmente é aplicada na determinação de estruturas com o menor peso possível, resultando num
menor custo, aspecto este que acaba sendo o mais atrativo no quesito econômico (Verzenhassi,
2008).
Como citado por Maia (2009), a vantagem na otimização de projetos em concreto armado
é a renúncia à parâmetros baseados pela intuição ou experiência do projetista, ressaltando a busca
final através de determinação probabilística, a qual acontece respeitando os critérios normativos
impostos pela ABNT NBR 6118:2014.
A busca da excelência para com o dimensionamento ótimo é uma forma de agregar
resultados satisfatórios tanto em prol do cliente quanto em função da estrutura. Fraga e Kripka
(2015) e Vieira (2014) partem do mesmo princípio em relação aos estudos para a diminuição do
impacto ambiental, que são atenuados com os dimensionamentos otimizados de estruturas. Fraga
e Kripka (2015) apontam que no Brasil há uma preocupação maior em minimizar estes riscos
devido ao grande impacto que as estruturas em concreto armado, fartamente empregadas no país,
tendem a causar no meio ambiente. Circunstancialmente, Vieira (2014) atribui que o meio de se
alcançar a sustentabilidade na construção civil está diretamente ligado à redução da quantidade de
resíduos gerados e ao consumo e desperdício de materiais.

2. METODOLOGIA

O problema de otimização começa a partir da determinação das variáveis e parâmetros que


discriminam o problema físico, paralelo às restrições que o delimitam. Só então é estabelecida a
função objetivo que trata da minimização da função custo. A otimização do custo busca determinar
a melhor altura da seção para que posteriormente seja indicada a área calculada para as armaduras,
bem como os detalhamentos necessários, definindo quantidade, tamanho e posição para as barras
de aço na viga. As variáveis que no final compõem o custo total da peça dependem basicamente
do concreto, do aço e das fôrmas. Além da minimização do volume do concreto a variação do 𝑓𝑐𝑘
implicará diretamente na composição do custo, resultando em outro parâmetro otimizado.
A função objetivo do problema de otimização foi composta pela função do custo total C,
expressa pela equação (1), e suas composições derivativas, custo de concreto, armaduras e fôrmas.
C  Cc  C A  C F (1)
Cc  bw  h  L  R$ C (2)
C A  ( As ,t  Lreto,estribos  Vs ,efe )  R$ A   A (3)
C F  ((bw  2  h)  L  2  bw  h)  R$ F (4)
Onde:
𝐶𝑐 , 𝐶𝐴 e 𝐶𝐹 = custo de concreto, armaduras e fôrmas, respectivamente;
𝑏𝑤 , ℎ e 𝐿 = largura, altura e comprimento da viga, respectivamente;
𝑅$𝑐 = custo por metro cúbico do concreto fornecido, lançado e adensado (de acordo com o 𝑓𝑐𝑘 );
𝐴𝑠,𝑡 = área unitária da bitola utilizada para o estribo;
𝐿𝑟𝑒𝑡𝑜,𝑒𝑠𝑡𝑟𝑖𝑏𝑜𝑠 = comprimento total reto dos estribos a serem utilizados na viga;
𝜌𝐴 = massa específica do aço;
La Ingeniería Estructural: puente para el desarrollo e integración de América y el mundo
𝑉𝑠,𝑒𝑓𝑒 = volume total da armadura longitudinal, variando de acordo com a configuração de camada
localizada pelo programa;
𝑅$𝐴 = custo de aço (R$/kg) cortado, dobrado e montado na obra;
𝑅$𝐹 = custo da fôrma por metro quadrado.

Para a geometria da viga, as condições de apoio partem da tipologia biapoiada,


considerando apoio articulado fixo. O sistema de dimensionamento implementado leva em
consideração a ação das cargas verticais distribuídas. A Fig. 1 apresenta os parâmetros e variáveis
utilizados no processo da otimização estrutural.

Figura 1. Detalhamento longitudinal e transversal dos parâmetros do problema de otimização.

O carregamento é definido pelo peso próprio da viga, variando de acordo com o vão, bem
como uma carga proveniente de uma parede de alvenaria apoiada diretamente sobre a viga, onde
o peso foi considerado distribuído ao longo de seu comprimento do mesmo modo que a sobrecarga
adotada. Após estabelecidos os parâmetros iniciais, calculam-se os esforços internos e as
deformações. Quando da ocorrência em que a flecha total ultrapasse a flecha limite é prevista a
adoção de uma contra flecha.
Para obter os esforços e deslocamentos referentes ao estado limite de serviço, as
combinações frequentes e quase permanentes são calculadas utilizando fatores de combinações
condizentes com o estabelecido na ABNT NBR 6118:2014. Esta norma ainda define os critérios
de detalhamento da viga pertinentes aos espaçamentos entre barras, estribos, taxa de armadura e
comprimentos de ancoragem.

2.1. Formulação do Problema

Foram determinadas, através da planilha de cálculo, as alturas ótimas correspondentes para


vãos de 4 a 12 metros, variando os dados a cada metro a fim de tornar possível uma análise
minuciosa dos custos obtidos em função dos fatores de dimensão da altura, da resistência
característica do concreto à compressão, além de quais os impactos gerados ao longo da mudança
deste vão. As vigas foram testadas para diferentes valores de resistência à compressão, variando
de 20 a 45 MPa. Para a altura inicial foi adotado um valor igual a 10% do vão, caso comum em
pré-dimensionamentos de vigas. Para a base fixou-se o valor de 20 cm.
Para a área da armadura longitudinal foram criadas 450 combinações diferentes onde
através da área de aço calculada busca-se, como estratégia metodológica e a favor da segurança, o
valor maior e mais próximo da área obtida. As opções variam entre diâmetros de 6,30 mm até
20,00 mm, respeitando sempre a quantidade máxima de bitolas a serem alojadas em cada camada,
através da verificação do espaçamento horizontal máximo e descontando-se os valores referentes
ao cobrimento e diâmetro dos estribos. As demais camadas derivam basicamente das
configurações geradas para a primeira camada. Já para a armadura transversal fixou-se o diâmetro
dos estribos em 5 mm, sendo as configurações das camadas da armadura longitudinal já
programadas e calculadas para estribos deste diâmetro. A Fig. 2 demonstra um breve exemplo da
distribuição das barras de acordo com cada camada, bem como possibilita entender a ocorrência
do corte e ancoragem das barras, à depender do tipo de arranjo.
La Ingeniería Estructural: puente para el desarrollo e integración de América y el mundo

Figura 2. Detalhe do arranjo de barras por camada.

Ressalta-se que a planilha contempla o cálculo de deslocamentos em viga para qualquer


tipo de carregamento, porém deve ser feito um prolongamento das configurações de camadas da
armadura longitudinal pelo fato de que a planilha de áreas foi aferida até o valor de 51,25 cm²
(configuração de até 5 camadas). Apesar de conter 450 configurações diversas, foi priorizado no
cálculo da área de aço efetiva o fato de que os valores estivessem mais próximos uns dos outros,
como por exemplo, no caso de uma viga de vão igual a 9 metros e 𝑓𝑐𝑘 igual a 40 MPa a área
calculada de aço corresponde a 9,24 cm² e, por meio de arranjos de camadas, chega-se a uma área
de aço efetiva igual a 9,30 cm², equivalente à duas camadas distribuídas entre 6mmmm
(a mais próxima dentro das combinações geradas). O principal propósito de se criar arranjos com
bitolas diversas é refinar o cálculo para a otimização.
Para o cálculo do cisalhamento, adotou-se uma estratégia de otimização realizada antes
mesmo de se implementar o comando Solver. Esta análise se baseia na verificação entre a área
calculada e área mínima de aço, a qual realiza a otimização do espaçamento em trechos onde o
esforço cortante é relativamente menor, utilizando para tal o valor calculado para a armadura
mínima correspondente, variando-o de acordo com o diagrama de esforços cortantes. Para o
esforço cortante máximo de cálculo (𝑉𝑠𝑑 ) o espaçamento entre estribos possui distâncias menores,
diferentemente do esforço cortante de cálculo mínimo (𝑉𝑠𝑑,𝑚í𝑛 ) onde os espaçamentos são
maiores. A Fig. 3 mostra como os espaçamentos são conjugados ao longo do comprimento da viga.

Figura 3. Distribuição dos estribos de acordo com o esforço cortante.

Posteriormente, é possível realizar o cálculo da decalagem a ser utilizada no comprimento


total das barras cortadas. Para o corte da armadura longitudinal, assim como para a ancoragem das
barras nos apoios e para as armaduras comprimidas e de pele algumas simplificações tiveram que
ser adotadas. Para os estribos é prevista ancoragem com ganchos em ângulo reto.

2.2. Simplificações adotadas

No decorrer do trabalho, algumas simplificações foram adotadas, a fim de se tornar


possível a otimização. São elas:
 Não foi adotada uma dimensão específica para os pilares, o que ocasiona em um esforço
cortante utilizado diretamente no eixo do apoio;
 Todas as regiões foram tomadas como sendo de boa aderência;
La Ingeniería Estructural: puente para el desarrollo e integración de América y el mundo
 Apesar da criação de diversas configurações para colocação da armadura longitudinal em
cada camada, a altura útil não é recalculada. Isto resulta em consequências diretamente
ligadas à segurança da peça;
 Foi considerado, a fim de se simplificar os cálculos, que duas barras seriam ancoradas nos
apoios, sendo escolhido para cada configuração o maior diâmetro que tivesse, no mínimo,
2 barras em cada camada. Este fator, bem como o cálculo da nova altura útil, interfere
diretamente no quesito segurança da peça;
 Para barras ancoradas nos apoios foi adotado gancho em ângulo reto, com um comprimento
de 20 cm cada;
 Nas armaduras comprimidas e de pele a ancoragem é em ângulo reto;
 Foram adotados critérios, baseados em análises anteriores, em relação à porcentagem
utilizada do vão como comprimento inicial das vigas. Para cada caso de atuação da
armadura foi adotada uma porcentagem do vão conforme as relações à seguir:
- Para o corte de barras das armaduras tracionadas, exceto as que são ancoradas nos apoios,
adotou-se um comprimento inicial igual a 20% do vão;
- Para as armaduras comprimidas foi adotado um comprimento inicial igual a 25% do vão.
 Foi adotada uma sobrecarga distribuída igual a 10,0 kN/m.

2.3. Restrições

As restrições são os limites impostos às células variáveis. O Solver toma uma restrição
como satisfeita se a condição que esta restrição classifica é verdadeira, observados pequenos
limites de tolerância. As verificações de restrições são realizadas em relação ao Estado Último de
Limite, Estado Limite de Serviço e detalhamento, com o propósito de atender as diretrizes da
ABNT NBR 6118:2014. As restrições impostas ao projeto de otimização para a tipologia de viga
calculada são: Restrição à resistência; Restrição para que o elemento se comporte como viga;
Restrição à biela comprimida; Restrição para a armadura mínima de cisalhamento; Restrição ao
limite inferior para a armadura longitudinal; Restrição ao limite superior para a armadura
longitudinal; Restrição à flecha.

3. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Como primeira análise, temos a relação da altura ótima em comparação à altura inicial
considerando a utilização de uma contra flecha, conforme Fig. 4 nota-se que, apesar da não-
linearidade do dimensionamento da viga, os resultados apresentam um comportamento semelhante
ao longo dos vãos, ressalva-se alguns casos como para o vão de 12 metros e 𝑓𝑐𝑘 igual a 40 MPa
onde há uma discrepância no valor encontrado para a altura ótima, fato este que deriva da não-
linearidade na otimização dimensional da viga. Entretanto, a maioria dos resultados mostram uma
redução significativa na altura ótima ao longo do crescimento da resistência do concreto utilizada
no dimensionamento.
(cm)
120,00

90,00

60,00

30,00

0,00
4 5 6 7 8 9 10 11 12 (m)
20 MPa 25 MPa 30 MPa 35 MPa 40 MPa 45 MPa Altura inicial

Figura 4. Altura ótima encontrada para cada vão.


La Ingeniería Estructural: puente para el desarrollo e integración de América y el mundo
Em uma segunda análise é feita a comparação da altura ótima das vigas sem considerar a
aplicação da contra flecha, conforme mostra a Fig. 5:
(cm)
150,00
120,00
90,00
60,00
30,00
0,00
4 5 6 7 8 9 10 11 12 (m)
20 MPa 25 MPa 30 MPa 35 MPa 40 MPa 45 MPa Altura inicial

Figura 5. Altura ótima desconsiderando a contra flecha.

A partir da análise das Fig. 4 e 5 pode-se constatar que a flecha é fator preponderante no
dimensionamento, sendo a altura ótima das vigas limitada pela mesma. Pode-se notar o padrão que
ocorre ao longo do gráfico, o qual apresenta um formato aproximadamente parabólico. Observa-
se que a flecha começa a interferir na altura ótima para satisfazer a restrição. A altura da viga chega
a ser então maior do que a dimensionada pelo método convencional, especificamente em casos
que utilizam 𝑓𝑐𝑘 menores, os quais afetam diretamente na resistência final da viga. A aplicação
da contra flecha implica não somente numa diminuição da altura, como gera economia nos custos
e uma redução nas cargas solicitantes, uma vez que alturas inferiores afetam diretamente o peso
próprio da viga.
Em relação ao custo total, é possível constatar que, aumentando-se a resistência
característica do concreto, são obtidas reduções no custo total cada vez maiores, visto que a parcela
a ser resistida pelo concreto é maior, conforme mostra a Fig. 6. Em nenhum momento o aumento
da resistência do concreto ocasionou desvantagens para a ferramenta de otimização motivado pelo
custo muito superior se comparado à concretos de menor resistência.
12
11
10
9
Vão (m)

8
7
6
5
4

Custo R$0,00 R$300,00 R$600,00 R$900,00 R$1.200,00 R$1.500,00 R$1.800,00 R$2.100,00


Custo pelo dimensionamento convencional 45 MPa 40 MPa 35 MPa 30 MPa 25 MPa 20 MPa

Figura 6. Comparação dos custos totais e otimizados de acordo com o vão e 𝑓𝑐𝑘 utilizado.

A Fig. 7 mostra a porcentagem de economia obtida com o dimensionamento otimizado da


viga. Esta redução reflete diretamente no gráfico da Fig. 6, o qual demonstra o custo real da viga
através do dimensionamento convencional comparado ao custo obtido pelo dimensionamento
otimizado. Nota-se uma tendência no gráfico da Fig. 7, o qual apresenta soluções mais econômicas
para vãos menores e uma economia relativamente menor para vãos maiores. Vale destacar o salto
ocorrido no gráfico da Fig. 6 para o vão de 6 metros com um 𝑓𝑐𝑘 de 25 MPa e que pode ser
facilmente percebido no gráfico da Fig. 7 como a maior economia obtida ao longo das variações
apresentadas.
La Ingeniería Estructural: puente para el desarrollo e integración de América y el mundo
30% 29,59%
26,32%
25%
23,50% 22,96% 22,68%
20% 20,92% 21,07%
19,28% 20,50%
18,39% 17,76%
17,42% 15,36%
15% 15,28% 15,51%
13,71% 14,52%
12,26% 11,93% 11,87%
10% 8,63% 9,83% 10,44% 10,44% 10,70%
11,09% 8,86% 9,63% 9,31%
8,79% 8,84% 9,26%
8,26% 7,59% 9,03% 8,59%
7,12% 7,19%
5,05% 6,01%
5% 4,53% 4,26% 4,04% 4,37%
2,65% 2,07% 2,46% 3,19% 2,55%
1,31% 1,06% 0,75% 0,45% 0,58%
0%
4 5 6 7 8 9 10 11 12 (m)
20 MPa 25 MPa 30 MPa 35 MPa 40 MPa 45 MPa
Figura 7. Porcentagem economizada de acordo com o vão e fck utilizado.

De acordo com a Tabela 1, apresenta-se uma análise com os resultados obtidos entre a
composição do custo total da viga pelo dimensionamento convencional e pelo dimensionamento
otimizado. A análise obtida deu-se através de uma viga de vão igual a 7 metros com o 𝑓𝑐𝑘 do
concreto igual a 35 MPa. Nota-se que o programa busca a melhor solução para satisfazer às
restrições e otimizar o custo. Esta distribuição é fruto dos resultados apresentados na Tabela 1, os
quais mostram os dados obtidos pelos dois dimensionamentos:
Tabela 1. Custos referentes à análise de uma viga com 𝑓𝑐𝑘 igual a 35 MPa.
Convencional Otimizado
Vão Fôrma Concreto Aço Custo Total Fôrma Concreto Aço Custo Total
(m) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$)
160,49 303,28 257,23 721,00 145,35 270,70 179,35 595,40
7
22,26% 42,06% 35,68% - 24,41% 45,47% 30,12% -

Pode ser observada uma redução, já esperada, da participação das fôrmas e do volume de
concreto no custo total, visto que conforme ocorre a redução significativa da altura
consequentemente a área de superfície da viga se torna menor, bem como seu volume.
Analisando por fim os resultados de uma forma geral, percebe-se que há um certo padrão
no modo como ocorre a manipulação do processo de otimização do custo das vigas. Nota-se que
geralmente há um aumento na área de aço e diminuição do volume de concreto e área de fôrmas.
Como o concreto é o material preponderante na composição dos custos o programa busca um meio
de amenizar a diminuição da altura da viga, fato que implica diretamente no cálculo do volume e
da área.
Na Fig. 8 é apresentada uma comparação, ao longo do vão, dos custos unitários referentes
à composição de concreto, fôrmas e aço obtidos pelo dimensionamento otimizado e pelo
dimensionamento convencional para um 𝑓𝑐𝑘 igual a 30 MPa.
Fck 30 MPa
R$ 900
R$ 750
R$ 600
R$ 450
R$ 300
R$ 150
R$ 0
4 5 6 7 8 9 10 11 12 (m)
Dimensionamento convencional Concreto Fôrma Aço
Figura 8. Comparação dos custos unitários referente à cada material.

Seguindo a mesma análise dos gráficos estudados acima, percebe-se a não-linearidade que
ocorre na distribuição dos custos unitários dos materiais, tendo por vezes uma diminuição
La Ingeniería Estructural: puente para el desarrollo e integración de América y el mundo
significativa no volume de concreto e área de aço calculada bem como apresenta uma certa
estagnação no custo da área de fôrmas. Ressalva-se ainda que, em certos casos, há um aumento
notável na quantidade de aço necessária resultante da diminuição expressiva da altura da viga.
Analisando ainda a Fig. 8, pode-se perceber que o custo unitário das fôrmas é
expressivamente maior para as vigas de 4, 5, 6 e 7 metros de vão do que o para os vãos maiores.
Constata-se neste gráfico que nem sempre a viga de menor dimensão na seção transversal retomará
menores custos em termos de materiais utilizados, pois conforme há a redução da seção, maior se
torna a participação do aço na composição geral da viga, podendo haver o encarecimento do
projeto. Todavia, menores dimensões transversais geram uma diminuição na área de superfície da
viga, que por fim impacta em um percentual menor de utilização de fôrmas.

4. CONCLUSÕES

Em função dos exemplos analisados, o dimensionamento otimizado mostra-se uma opção


mais viável em relação ao dimensionamento convencional. Respeitando os critérios normativos,
foram obtidas soluções ótimas em custo dentre uma série de combinações possíveis na
parametrização do problema. Por fim, através de processos de detalhamento foi possível refinar
ainda mais o custo final dentro do processo de otimização. Em relação a área, através das diversas
configurações geradas, o Solver procura àquela que satisfaz as especificações estabelecidas no
dimensionamento. Posto isso, a planilha elaborada para o arranjo das barras calcula, de forma
eficiente, o respectivo volume considerando o corte de barras, respeitando o processo de
decalagem e de detalhamento imposto pela ABNT NBR 6118:2014. Através da esquematização
do problema é possível ainda refinar o cálculo para a distribuição dos estribos.
A altura ótima de vigas de concreto armado pode ser analisada em função do vão a ser
vencido. O concreto é o insumo preponderante na composição dos custos de vigas biapoiadas, sua
participação é de aproximadamente 50% do custo total. Em uma segunda verificação, as fôrmas
aparecem como material predominante.
Destaca-se a importância de se conhecer antecipadamente os métodos de otimização,
sejam de caráter linear ou não. Neste trabalho o foco foi o método do Gradiente Reduzido
Generalizado, o qual é utilizado internamente pela ferramenta Solver e é, de fato, uma ferramenta
muito útil para a determinação de problemas de otimização. Porém, também se faz necessário um
conhecimento prévio para que se possa usá-lo corretamente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Associação Brasileira de Normas Técnicas (2014). NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto –
Procedimento. ABNT 83p. Rio de Janeiro.
Fraga, J.L.T e Kripka, M. (2015). Projeto estrutural de vigas de concreto armado visando a
minimização do impacto ambiental. Rev. de Eng. e Tecnologia, v. 7, n. 1, p. 123-131.
Kakadiya, C.R. e Desai, A.N. (2013). Optimization of 2-D Steel Truss by Grid Search Method.
International Journal of Innovations in Engineering and Technology, v. 2, issue 1.
Maia, J.P.R. (2009). Otimização estrutural: estudo e aplicações em problemas clássicos de vigas
utilizando a ferramenta Solver. Dissertação de Mestrado. Escola de Engenharia de São
Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos.
Verzenhassi, C.C. (2008). Otimização de risco estrutural baseada em confiabilidade. Dissertação
de Mestrado. Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos.
Vieira, A.A. (2014). Redução do impacto ambiental das estruturas em concreto pré-moldado
através de otimização por algoritmo genético. Dissertação de Mestrado. Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos.

Você também pode gostar