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Aula 09

SUMÁRIO
1 Considerações Iniciais ..................................................................................................................................... 2
2 - Protocolo à Convenção Americana sobre Direitos Humanos relativo à Abolição da Pena de Morte .................... 2
3 - Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura .............................................................................. 5
4 - Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem................................................................................. 9
4.1 - Direitos e deveres da DADDH.............................................................................................................................. 9
4.2 - Inteiro Teor da DADDH ..................................................................................................................................... 10
5 - Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher ................................. 14
5.1 - Definição e âmbito de Aplicação........................ ................................................................................... 14
5.2 - Direitos Protegidos ........................................................................................................................................... 15
5.3 - Deveres dos Estados ......................................................................................................................................... 16
5.4 - Mecanismos Interamericanos de Proteção....................................................................................................... 17
6 - Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas ...................................................... 17
7 - Convenção Interamericana sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra Pessoas Portadoras
de Deficiência .................................................................................................................................................... 20
8 Lista de Questões.......................................................................................................................................... 22
8.1 Lista de Questões sem comentários ................................................................................................................. 22
8.2 Gabarito........................................................................................................................................................... 29
8.3 Lista de Questões com comentários................................................................................................................. 29
9 Resumo ........................................................................................................................................................ 29
10 - Considerações Finais.................................................................................................................................... 50
Aula 09

CONVENÇÕES ESPECÍFICAS DO SISTEMA INTERAMERICANO


1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Na aula de hoje vamos analisar dois documentos internacionais, do sistema interamericano de
Direitos Humanos:
Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura.
Protocolo à Convenção Americana sobre Direitos Humanos relativo à Abolição da Pena de Morte.
Declaração dos Direitos e Deveres do Homem.
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher.
Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas.
Convenção Interamericana sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra Pessoas Portadoras
de Deficiência.
Boa aula a todos!

2 - PROTOCOLO À CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS


RELATIVO À ABOLIÇÃO DA PENA DE MORTE

O documento central do Sistema Interamericano de Direitos Humanos é a Convenção Americana de


Direitos Humanos, conhecida como Pacto de San Jose da Costa Rica. Esse documento foi estudado
na aula passada e tem grandes chances de ser cobrado em prova.
Adicionalmente ao Pacto foram editados 2 protocolos. O primeiro deles é denominado de Protocolo
de San Salvador, também já estudado e muito relevante para fins dos nossos estudos, pois envolve
os direitos de segunda dimensão no âmbito do Sistema Interamericano.
Falta estudar o segundo protocolo! É o que faremos agora!
O Protocolo à Convenção Americana sobre Direitos Humanos relativo à Abolição da Pena de Morte
foi adotado em 1990, entrou em vigor internacionalmente no ano seguinte, e foi internalizado em
nosso ordenamento no ano de 1998, com a publicação do Decreto nº 2.754/1998.
Como o próprio nome do documento indica, ele tem por objetivo central abolir a pena de morte.
Trata-se de um diploma internacional pouco extenso, mas que possui grande relevância para fins de
prova, especialmente por propor um afunilamento na tratativa do tema. Vale dizer, muito embora
não restrinja totalmente a pena de morte, torna a possibilidade remotíssima a possibilidade de
utilização da pena capital pelos Estados que aderiram à medida.
A Convenção Interamericana já disciplina a pena de morte da seguinte forma:
Artigo 4º - Direito à vida
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral,
desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente.
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Os arts. 3º e 4º trazem disposições finais relativas à assinatura e à ratificação do Protocolo, cuja


leitura é o suficiente para fins de prova:
Artigo 3
1. Este Protocolo fica aberto à assinatura e ratificação ou adesão de todo Estado-Parte na Convenção Americana
sobre Direitos Humanos.
2. A ratificação deste Protocolo ou a adesão do mesmo será feita mediante o depósito do instrumento de
ratificação ou adesão na Secretaria-Geral da Organização dos Estados Americanos.
Artigo 4
Este Protocolo entrará em vigor, para os Estados que o ratificarem ou a ele aderirem, a partir do depósito do
respectivo instrumento de ratificação ou adesão, na Secretaria-Geral da Organização dos Estados Americanos.
Antes de encerrarmos, um questionamento:

Como fica o Brasil em relação a esse Protocolo e tendo em vista o que dispõe a ressalva
contida no art. 5º, XLVII, a, da CF?

Temos a seguinte regra no nosso ordenamento constitucional:


Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
O Brasil assinou o protocolo em 1994. No ano seguinte, foi aprovado o Decreto Legislativo nº
56/1995. No ano de 1996, houve o depósito do instrumento de ratificação, momento em que o Brasil
aplicar a pena de morte em tempo de guerra, de acordo com
o Direito Internacional, por delitos sumamente graves de caráter militar P D
2.754/1998 o ciclo de internalização resta concluído com a promulgação perante a ordem interna
do Protocolo.
Desse modo, com a reserva efetuada, o art. 5º, XVLII, a, da CF, está plenamente aplicável e
consentâneo com a norma internacional.
Finalizamos o primeiro documento internacional da aula de hoje.

3 - CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA PREVENIR E PUNIR A TORTURA


A Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura foi adotada pela OEA no ano de 1985,
assinada pelo Brasil em 1986 e, regularmente internalizada, em 1989, com a publicação do Decreto
nº 98.386/1999.
Essa é uma das Convenções específicas do Sistema Interamericano que trata da pena de tortura.
Composta por 24 artigos, ela traz uma série de informações relevantes que destacaremos a partir
de agora.
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A principal obrigação estatuída na Convenção é a obrigação de os Estados-partes da Convenção


instituírem meios com vistas a prevenir a prática da tortura.
Pergunta-se:

Qual o conceito de tortura para a Convenção?

A resposta consta do art. 2º do documento internacional:


Artigo 2
Para os efeitos desta Convenção, entender-se-á por tortura todo ato pelo qual são infligidos intencionalmente
a uma pessoa penas ou sofrimentos físicos ou mentais, com fins de investigação criminal, como meio de
intimidação, como castigo pessoal, como medida preventiva, como pena ou qualquer outro fim. Entender-se-
á também como tortura a aplicação, sobre uma pessoa, de métodos tendentes a anular a personalidade da
vítima, ou a diminuir sua capacidade física ou mental, embora não causem dor física ou angústia psíquica.
NÃO estarão compreendidas no conceito de tortura as penas ou sofrimentos físicos ou mentais que sejam
unicamente consequência de medidas legais ou inerentes a elas, contanto que não incluam a realização dos
atos ou a aplicação dos métodos a que se refere este artigo.
O dispositivo acima deve ser bem compreendido. Nós temos duas situações que caracterizam a
tortura e uma outra que a exclui do conceito.
A tortura constitui todo ato praticado com a intenção de infligir sofrimento físico ou mental com fins
de investigação criminal; como meio de intimidação; como castigo pessoal; como medida
preventiva; ou com qualquer outro fim. Desse modo, a finalidade do ato não importa, já que o que
é central para a caracterização da tortura é a prática de atos que inflijam intencionalmente penas
ou sofrimentos físicos ou mentais.
Também são considerados como tortura a prática de atos ou métodos que tenham por finalidade
anular a personalidade da vítima ou diminuir a sua capacidade física ou mental.
Por fim, registre-se que não será considerado como tortura eventuais penas ou sofrimentos físicos
ou mentais que decorram da aplicação de medidas legais, DESDE QUE essas medidas não inflijam
dor, sofrimentos físicos ou mentais, tenham por finalidade anular a personalidade da vítima ou
reduzam a sua capacidade física ou mental.
Desse modo, para a prova...
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Por fim, como forma de implementar as regras que analisamos acima, prevê a Convenção que os
Estados-partes devem informar a Comissão Interamericana de Direitos Humanos sobre as medidas
administrativas, legislativas e judiciais adotadas no sentido de prevenir a tortura.

4 - DECLARAÇÃO AMERICANA DOS DIREITOS E DEVERES DO HOMEM


A Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem (DADDH) constitui interpretação
autêntica dos dispositivos constantes da Carta da OEA. Esse documento adota sistemática
semelhante à que temos na DUDH, que enuncia uma série de direitos para o Sistema Global de
Direitos Humanos.
Aqui, no Sistema Americano, temos a DADDH!
M DUDH DáDDH DUDH
documento internacional a declarar direitos humanos.
Tal como a DUDH, a DADDH é questionada quanto ao ser valor jurídico, dado que não foi aprovada
como um tratado internacional e que apenas retrataria uma carta de intenções. Não obstante, o
entendimento majoritário da doutrina é no sentido de que a DADDH é sim um documento
internacional de caráter vinculante, que constitui interpretação autêntica da Carta da OEA e,
posteriormente, complementada pelo Pacto de San Jose da Costa Rica e pelo Protocolo de San
Salvador.
Para fins de prova, a possibilidade de cobrança do documento é limitada. Se o examinador quiser
exigir o conhecimento de algum conteúdo deverá se reportar ao teor dos dispositivos e direitos
enunciados ao longo da Declaração.
Desse modo, com vistas a tornar o estudo mais fácil, vamos arrolar os direitos que estão previstos
na DADDH e, em seguida, colocaremos o inteiro teor do documento, com alguns destaques, a fim
de chamar a atenção aos principais pontos.

4.1 - DIREITOS E DEVERES DA DADDH

Direitos Deveres
✓ direito à vida, à liberdade, à segurança e à ✓ deveres gerais perante a sociedade
integridade da pessoa ✓ deveres para com os filhos e os pais
✓ igualdade ante a Lei ✓ dever de instrução
✓ liberdade religiosa e de culto ✓ dever de sufrágio
✓ liberdade de investigação, opinião, ✓ dever de obediência à Lei
expressão e difusão ✓ dever de servir a coletividade e a nação
✓ proteção à honra, à reputação pessoal e à ✓ dever de assistência e previdência sociais
vida privada e familiar ✓ dever de pagar impostos
✓ direito à constituição e à proteção da família ✓ dever de trabalho
✓ proteção à maternidade e à infância ✓ dever de se abster de atividades políticas em países
✓ direito à residência e a trânsito estrangeiros
✓ inviolabilidade do domicílio ✓ dever de tolerância
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✓ inviolabilidade e circulação da
correspondência
✓ preservação da saúde e do bem-estar
✓ direito à educação
✓ direito aos benefícios da cultura
✓ direito ao trabalho e a um justo salário
✓ direito ao descanso e a seu aproveitamento
✓ direito à previdência social
✓ direito ao reconhecimento da
personalidade jurídica e dos direitos civis
✓ direito de justiça
✓ direito de nacionalidade
✓ direito de sufrágio e de participação no
governo
✓ direito de reunião
✓ direito de associação
✓ direito à propriedade
✓ direito de petição
✓ direito de proteção contra prisão arbitrária.
✓ garantia a processo regular
✓ direito de asilo
✓ direito ao alcance dos direitos do homem

4.2 - INTEIRO TEOR DA DADDH

4.2.1 - Preâmbulo
Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos e, como são dotados pela natureza de razão e
consciência, devem proceder fraternalmente uns para com os outros.
O cumprimento do dever de cada um é exigência do direito de todos. Direitos e deveres integram-se
correlativamente em toda a atividade social e política do homem. Se os direitos exaltam a liberdade individual,
os deveres exprimem a dignidade dessa liberdade.
Os deveres de ordem jurídica dependem da existência anterior de outros de ordem moral, que apóiam os
primeiros conceitualmente e os fundamentam.
É dever do homem servir o espírito com todas as suas faculdades e todos os seus recursos, porque o espírito é a
finalidade suprema da existência humana e a sua máxima categoria.
É dever do homem exercer, manter e estimular a cultura por todos os meios ao seu alcance, porque a cultura é
a mais elevada expressão social e histórica do espírito.
E, visto que a moral e as boas maneiras constituem a mais nobre manifestação da cultura, é dever de todo
homem acatar-lhe os princípios.

4.2.2 - Direitos
Artigo 1º
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança de sua pessoa.
Artigo 2º
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Todas as pessoas são iguais perante a lei e têm os direitos e deveres consagrados nesta Declaração, sem distinção
de raça, língua, crença, ou qualquer outra.
Artigo 3º
Toda pessoa tem o direito de professar livremente uma crença religiosa e de manifestá-la e praticá-la pública e
particularmente.
Artigo 4º
Toda pessoa tem o direito à liberdade de investigação, de opinião e de expressão e difusão do pensamento, por
qualquer meio.
Artigo 5º
Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra os ataques abusivos à sua honra, à sua reputação e à sua vida
particular e familiar.
Artigo 6º
Toda pessoa tem direito a constituir família, elemento fundamental da sociedade e a receber proteção para ela.
Artigo 7º
Toda mulher em estado de gravidez ou em época de lactação, assim como toda criança, têm direito à proteção,
cuidados e auxílios especiais.
Artigo 8º
Toda pessoa tem direito de fixar sua residência no território do Estado de que é nacional, de transitar por ele
livremente e de não abandoná-lo senão por sua própria vontade.
Artigo 9º
Toda pessoa tem direito à inviolabilidade do seu domicílio.
Artigo 10º
Toda pessoa tem direito à inviolabilidade e circulação da sua correspondência.
Artigo 11
Toda pessoa tem direito a que sua saúde seja resguardada por medidas sanitárias e sociais relativas à
alimentação, roupas, habitação e cuidados médicos correspondentes ao nível permitido pelos recursos públicos
e os da coletividade.
Artigo 12
Toda pessoa tem direito à educação, que deve inspirar-se nos princípios de liberdade, moralidade e solidariedade
humana. Tem, outrossim, direito a que, por meio dessa educação, lhe seja proporcionado o preparo para subsistir
de uma maneira digna, para melhorar o seu nível de vida e para poder ser útil à sociedade. O direito à educação
compreende o de igualdade de oportunidade em todos os casos, de acordo com os dons naturais, os méritos e o
desejo de aproveitar os recursos que possam proporcionar a coletividade e o Estado. Toda pessoa tem o direito
de que lhe seja ministrada gratuitamente pelo menos, a instrução primária.
Artigo 13
Toda pessoa tem direito de tomar parte na vida cultural da coletividade, de gozar das artes e de desfrutar dos
benefícios resultantes do progresso intelectual e, especialmente das descobertas científicas. Tem o direito,
outrossim, de ser protegida em seus interesses morais e materiais, no que se refere às invenções, obras literárias,
científicas ou artísticas de sua autoria.
Artigo 14
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Toda pessoa tem direito ao trabalho em condições dignas e o direito de seguir livremente sua vocação, na medida
em que for permitido pelas oportunidades de emprego existentes. Toda pessoa que trabalha tem o direito de
receber uma remuneração que, em relação à sua capacidade de trabalho e habilidade, lhe garanta um nível de
vida conveniente para si mesma e para sua família.
Artigo 15
Toda pessoa tem direito ao descanso, ao recreio honesto e à oportunidade de aproveitar utilmente o seu tempo
livre em benefício de seu melhoramento espiritual, cultural e físico.
Artigo 16
Toda pessoa tem direito à previdência social, de modo a ficar protegida contra as conseqüências do desemprego,
da velhice e da incapacidade que, provenientes de qualquer causa alheia à sua vontade, a impossibilitem física
ou mentalmente de obter meios de subsistência.
Artigo 17
Toda pessoa tem direito a ser reconhecida, seja onde for, como pessoa com direitos e obrigações, e a gozar dos
direitos civis fundamentais.
Artigo 18
Toda pessoa pode recorrer aos tribunais para fazer respeitar os seus direitos. Deve poder contar, outrossim, com
processo simples e breve, mediante o qual a justiça a proteja contra atos de autoridade que violem, em seu
prejuízo, qualquer dos direitos fundamentais consagrados constitucionalmente.
Artigo 19
Toda pessoa tem direito à nacionalidade que legalmente lhe corresponda, podendo mudá-la, se assim o desejar,
pela de qualquer outro país que estiver disposta a concedê-la.
Artigo 20
Toda pessoa, legalmente capacitada, tem o direito de tomar parte no governo do seu país, quer diretamente,
quer através de seus representantes, e de participar das eleições, que se processarão por voto secreto, de uma
maneira genuína, periódica e livre.
Artigo 21
Toda pessoa tem o direito de se reunir pacificamente com outras, em manifestação pública, ou em assembléia
transitória, em relação com seus interesses comuns, de qualquer natureza que sejam.
Artigo 22
Toda pessoa tem o direito de se associar com outras a fim de promover, exercer e proteger os seus interesses
legítimos, de ordem política, econômica, religiosa, social, cultural, profissional, sindical ou de qualquer outra
natureza.
Artigo 23
Toda pessoa tem direito à propriedade particular correspondente às necessidades essenciais de uma vida
decente, e que contribua a manter a dignidade da pessoa e do lar.
Artigo 24
Toda pessoa tem o direito de apresentar petições respeitosas a qualquer autoridade competente, quer por
motivo de interesse geral, quer de interesse particular, assim como o de obter uma solução rápida.
Artigo 25
Ninguém pode ser privado da sua liberdade, a não ser nos casos previstos pelas leis e segundo as praxes
estabelecidas pelas leis já existentes. Ninguém pode ser preso por deixar de cumprir obrigações de natureza
claramente civil. Todo indivíduo, que tenha sido privado da sua liberdade, tem o direito de que o juiz verifique
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sem demora a legalidade da medida, e de que o julgue sem protelação injustificada, ou, no caso contrário, de
ser posto em liberdade. Tem também direito a um tratamento humano durante o tempo em que o privarem da
sua liberdade.
Artigo 26
Parte-se do princípio de que todo acusado é inocente, até que se prove sua culpabilidade. Toda pessoa acusada
de um delito tem direito de ser ouvida em uma forma imparcial e pública, de ser julgada por tribunais já
estabelecidos de acordo com leis preexistentes, e de que se lhe não inflijam penas cruéis, infamantes ou
inusitadas.
Artigo 27
Toda pessoa tem o direito de procurar e receber asilo em território estrangeiro, em caso de perseguição que não
seja motivada por delitos de direito comum, e de acordo com a legislação de cada país e com as convenções
internacionais.
Artigo 28
Os direitos do homem estão limitados pelos direitos do próximo, pela segurança de todos e pelas justas
exigências do bem estar geral e do desenvolvimento democrático.

4.2.3 - Deveres
Artigo 29
O indivíduo tem o dever de conviver com os demais, de maneira que todos e cada um possam formar e
desenvolver integralmente a sua personalidade.
Artigo 30
Toda pessoa tem o dever de auxiliar, alimentar, educar e amparar os seus filhos menores de idade, e os filhos
têm o dever de honrar sempre os seus pais e de auxiliar, alimentar e amparar sempre que precisarem.
Artigo 31
Toda pessoa tem o dever de adquirir, pelo menos, a instrução primária.
Artigo 32
Toda pessoa tem o dever de votar nas eleições populares do país de que for nacional, quando estiver legalmente
habilitada para isso.
Artigo 33
Toda pessoa tem o dever de obedecer à Lei e aos demais mandamentos legítimos das autoridades do país onde
se encontrar.
Artigo 34
Toda pessoa devidamente habilitada tem o dever de prestar os serviços civis e militares que a pátria exija para
a sua defesa e conservação, e, no caso de calamidade pública, os serviços civis que estiverem dentro de suas
possibilidades. Da mesma forma tem o dever de desempenhar os cargos de eleição popular de que for incumbida
no Estado de que for nacional.
Artigo 35
Toda pessoa está obrigada a cooperar com o Estado e com a coletividade na assistência e previdência sociais, de
acordo com as suas possibilidades e com as circunstâncias.
Artigo 36
Toda pessoa tem o dever de pagar os impostos estabelecidos pela lei para a manutenção dos serviços públicos.
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Em síntese, para extrair o conceito de violência contra mulher, você deve concluir que toda violação
contra os direitos da mulher, que leve à morte, a dano ou a sofrimento (de caráter físico, moral ou
psicológico) em razão da relação de poder, independentemente do ambiente em que for
perpetrado, será considerado violência doméstica.

5.2 - DIREITOS PROTEGIDOS

Uma vez definido o conceito de violência contra a mulher, passamos a analisar os direitos
protegidos. A Convenção de Belém do Pará prevê, em um primeiro momento, que TODOS os direitos
e garantias devem ser assegurados às mulheres. Contudo, destaca alguns que considera mais
relevantes. É importante registrar que esse rol é meramente exemplificativo. Confira o art. 4º:
Artigo 4
Toda mulher tem direito ao reconhecimento, gozo, exercício e proteção de todos os direitos humanos e às
liberdades consagradas pelos instrumentos regionais e internacionais sobre direitos humanos. Estes direitos
compreendem, entre outros:
a. o direito a que se respeite sua vida;
b. o direito a que se respeite sua integridade física, psíquica e moral;
c. o direito à liberdade e à segurança pessoais;
d. o direito a não ser submetida a torturas;
e. o direito a que se respeite a dignidade inerente a sua pessoa e que se proteja sua família;
f. o direito à igualdade de proteção perante a lei e da lei;
g. o direito a um recurso simples e rápido diante dos tribunais competentes, que a ampare contra atos que violem
seus direitos;
h. o direito à liberdade de associação;
i. o direito à liberdade de professar a religião e as próprias crenças, de acordo com a lei;
j. o direito de ter igualdade de acesso às funções públicas de seu país e a participar nos assuntos públicos,
incluindo a tomada de decisões.
A Convenção destaca, ainda, que os direitos e garantias das mulheres devem ser assegurados sem
discriminações e com a valorização dos seus direitos. Podemos identificar, portanto, duas vertentes
da proteção dos direitos das mulheres:
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h) garantir a investigação e recompilação de estatísticas e demais informações pertinentes sobre as causas,


consequências e frequência da violência contra a mulher; e
i) promover a cooperação internacional para o intercâmbio de ideias e experiências e a execução de programas
destinados a proteger a mulher objeto de violência.
De acordo com a doutrina de André de Carvalho Ramos 1:
Esses inúmeros deveres do Estado foram fundamentais para que o Brasil, finalmente, editasse uma lei específica
de combate à violência doméstica, a Lei L M P T
mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos da Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (CEDAW) e da Convenção Interamericana
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher.

5.4 - MECANISMOS INTERAMERICANOS DE PROTEÇÃO

No que diz respeito aos mecanismos de implementação das regras estudadas, a Convenção prevê
que os Estados eles devem informar à Comissão Interamericana de Mulheres sobre as medidas
adotadas para a prevenção e a erradicação da violência contra a mulher.
Além disso, o art. 11 prevê:
Artigo 11
Os Estados-Partes nesta Convenção e a Comissão Interamericana de Mulheres poderão requerer à Corte
Interamericana de Direitos Humanos opinião consultiva sobre a interpretação desta Convenção.
Esse dispositivo prevê que tanto os Estados-partes como a Comissão Interamericana de Mulheres
poderá requerer à CIDH uma opinião consultiva acerca da interpretação da Convenção.
Por fim, o art. 12 da Convenção prevê que qualquer pessoa (ou grupos de pessoas), entidades não
governamentais ou Estado-partes podem apresentar denúncias ou queixas à Comissão.

6 - CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE O DESAPARECIMENTO FORÇADO


DE PESSOAS

Na sequência, vamos tratar da Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de


Pessoas, que foi aprovada em 1994 em Belém/PA. O Brasil, contudo, demorou anos para internalizá-
la. Foi aprovado o Decreto Legislativo nº 127 em 2011 e, tão somente, no ano de 2016 tivemos a
edição do Decreto Presidencial nº 8.766 internalizando-a definitivamente em nosso ordenamento.
Por se tratar de um documento que foi internalizado recentemente, constitui um assunto
interessante, que pode ser explorado em provas de concurso público.
Dentro da estrutura do Sistema Interamericano de Direitos Humanos, ela se constitui em uma das
convenções específicas. Constitui documento relevante, pois é dotado de caráter vinculante. O seu
antecedente a Declaração sobre a Proteção de Todas as Pessoas contra o Desaparecimento

1
RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos. 2ª edição, São Paulo: Editora Saraiva, 2014, versão digital.
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 O julgamento de quem praticar o delito deve ser efetuado pela Justiça Comum, sem jurisdições
de exceção ou militar.
 Os atos constitutivos do desaparecimento forçado não poderão ser considerados como cometidos
no exercício das funções militares e não serão admitidos privilégios, imunidades ou dispensas.
 Não podem ser invocadas circunstâncias excepcionais, tais como estado de guerra ou ameaça de
guerra, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública, para justificar o
desaparecimento forçado de pessoas.
 No que diz respeito aos mecanismos de implementação, estão previstas na Convenção a utilização
de petições ou de comunicações à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, para apurar
eventuais violações.

7 - CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS


FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA PESSOAS PORTADORAS DE
DEFICIÊNCIA
Vamos tratar aqui da Convenção Interamericana sobre a Eliminação de Todas as formas de
Discriminação contra Pessoas Portadoras de Deficiência foi aprovada em 1999, na cidade de
Guatemala.
Em nosso ordenamento, após a assinatura internacional pelo Decreto Legislativo nº 198/2001, o
Senado Federal aprovou a Convenção e, pelo Decreto Executivo nº 3.956/2001, o ciclo de
internalização resta efetivamente encerrado.
Trata-se de diploma internacional pouco extenso, que possui 14 dispositivos.
No art. 1º temos a definição de deficiência, que é entendida como uma restrição física, mental ou
sensorial seja permanente ou transitória que implique a limitação da capacidade de exercer
alguma atividade essencial à vida regular. Veja:
Artigo I
O termo "deficiência" significa uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória,
que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo
ambiente econômico e social.
No item 2 do mesmo artigo, temos a conceituação de discriminação:
2. Discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência
a) o termo "discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência" significa toda diferenciação, exclusão
ou restrição baseada em deficiência, antecedente de deficiência, conseqüência de deficiência anterior ou
percepção de deficiência presente ou passada, que tenha o efeito ou propósito de impedir ou anular o
reconhecimento, gozo ou exercício por parte das pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e
suas liberdades fundamentais.
b) NÃO constitui discriminação a diferenciação ou preferência adotada pelo Estado Parte para promover a
integração social ou o desenvolvimento pessoal dos portadores de deficiência, DESDE QUE a diferenciação ou
preferência não limite em si mesma o direito à igualdade dessas pessoas e que elas não sejam obrigadas a aceitar
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também, o desenvolvimento de meios e de recursos voltados para facilitar ou promover os direitos


das pessoas com deficiência.
Como forma de implementação da regrativa estudada, a Convenção estabelece a criação de uma
comissão específica, denominada de Comissão para a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Pessoas com Deficiência que terá como principal responsabilidade o exame
de relatórios a serem enviados pelos Estados quanto ao cumprimento das normas pactuadas.
Vejamos como o assunto foi explorado em provas.

8 LISTA DE QUESTÕES

8.1 LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS

FCC

1. FCC/DPE-AM/2018
No tocante à Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra o
Desaparecimento Forçado, considere:
I. Nenhuma circunstância excepcional, instabilidade política interna ou qualquer outra
emergência pública, poderá ser invocada como justificativa para o desaparecimento forçado,
ressalvando-se apenas a hipótese do estado de guerra ou ameaça de guerra.
II. A prática generalizada ou sistemática de desaparecimento forçado constitui crime contra a
humanidade.
III. Nenhuma ordem ou instrução de uma autoridade pública, seja ela civil, militar ou de outra
natureza, poderá ser invocada para justificar um crime de desaparecimento forçado.
IV. O Estado-Parte que aplicar um regime de prescrição ao desaparecimento forçado deverá
tomar as medidas necessárias para assegurar que o prazo da prescrição da ação penal seja de
longa duração e proporcional à extrema seriedade desse crime, bem como inicie no momento
em que for notificado à autoridade pública competente o desaparecimento forçado,
considerando-se a natureza contínua desse crime.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I e II.
b) II e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) III e IV.

2. FCC/DPE-SP/2012/adaptada
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Julgue:
Os dois primeiros tratados sobre direitos humanos aprovados de acordo com o rito especial do
artigo 5º, § 3º da Constituição, introduzido pela Emenda Constitucional nº 45/2004, foram a
Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, e o Protocolo Facultativo à
Convenção Internacional para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a
Mulher.

3. FCC/DPE-MA/2015
Um defensor público, considerando o teor da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir
e Erradicar a Violência contra a Mulher, orienta à usuária que o Estado brasileiro deve se
empenhar em:
I. Estabelecer procedimentos jurídicos justos e eficazes para a mulher sujeita à violência,
inclusive, entre outros, medidas de proteção, juízo oportuno e efetivo acesso a tais processos,
e, caso infrinja este dever, qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não
governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados membros da organização,
poderá apresentar petições com denúncias ou queixas diretamente à Comissão Interamericana
de Direitos Humanos.
II. Estabelecer mecanismos judiciais necessários para assegurar que a mulher sujeita à violência
tenha efetivo acesso à restituição, reparação do dano e outros meios de compensação justos
e eficazes, e, caso infrinja este dever, qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não
governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados membros da organização,
poderá apresentar petições com denúncias ou queixas diretamente à Corte Interamericana de
Direitos Humanos.
III. Estabelecer mecanismos administrativos necessários para assegurar que a mulher sujeita à
violência tenha efetivo acesso à restituição, reparação do dano e outros meios de
compensação justos e eficazes, e, caso infrinja este dever, qualquer pessoa ou grupo de
pessoas, ou entidade não governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados
membros da organização, poderá apresentar petições com denúncias ou queixas diretamente
à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) III.
b) I.
c) II e III.
d) I e III.
e) II.

4. FCC/DPE-BA/2017
Aula 09

A Convenção Interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher


fortaleceu o quadro protetivo da mulher, e, entre os quadros de violência tratados pelo
documento, é correto afirmar:
a) Em que pese o desejo internacional, os Estados signatários não se obrigaram em editar
outras medidas para a combater a violência e a tomar as medidas adequadas, inclusive
legislativas, para modificar ou abolir leis e regulamentos vigentes ou modificar práticas
jurídicas ou consuetudinárias que respaldem a persistência e a tolerância da violência contra a
mulher.
b) É considerada violência contra a mulher não somente a violência física, sexual e psicológica
ocorrida no âmbito da família ou unidade doméstica ou em qualquer relação interpessoal, quer
o agressor compartilhe, tenha compartilhado ou não a sua residência, incluindo-se, entre
outras formas, o estupro, maus-tratos e abuso sexual.
c) Não se inclui no conceito de violência contra a mulher, para fins da mencionada convenção,
a violência perpetrada ou tolerada pelo Estado.
d) O assédio sexual no local de trabalho, por ser figura tratada em lei específica, não se insere
na violência contra a mulher para a mencionada convenção.
e) A preocupação da convenção limita-se, apenas, ao âmbito doméstico e familiar.

CESPE

5. CESPE/MPE-RR/2008
No que se refere à legislação especial penal, julgue os itens de
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos Pacto de São José da Costa Rica, ao
reconhecer o direito à vida, aboliu expressamente a pena de morte de todos os países que
adotaram a convenção.

6. CESPE/DPE-PI/2009
Considere as situações hipotéticas abaixo apresentadas.
I João agrediu fisicamente sua secretária, ex-companheira, machucando-a com um soco no
rosto por se recusar a sair com ele.
II Sebastião forçou sua esposa a prática de atos libidinosos, causando-lhe enorme dor
psicológica.
À luz da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher,
Convenção de Belém do Pará, importante ferramenta de promoção da emancipação das
mulheres, assinale a opção correta a respeito das situações descritas.
a) Ambas as situações enquadram-se na definição de violência contra a mulher.
b) Na situação I, não ficou caracterizada violência contra a mulher, pois a agressão se deu
dentro do lar.
Aula 09

c) Na situação II, não se caracterizou violência contra a mulher, pois a esposa tem obrigação
conjugal de coabitação.
d) Nenhuma das situações caracteriza violência contra a mulher.
e) Na situação I, não há violência de gênero contra a mulher, mas, sim, uma violência comum
prevista na legislação penal nacional.

7. CESPE/FUB/2015
Com referência à Convenção Interamericana para a Eliminação de todas as Formas de
Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência (Convenção de Guatemala), julgue
o próximo item.
Considera-se discriminação contra a pessoa com deficiência toda diferenciação ou exclusão
que possa impedir ou anular o exercício dos direitos humanos e das suas liberdades
fundamentais.

8. CESPE/FUB/2015
Com referência à Convenção Interamericana para a Eliminação de todas as Formas de
Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência (Convenção de Guatemala), julgue
o próximo item.
A Convenção da Guatemala serviu como referência para a elaboração do texto da Política
Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.

9. CESPE/AGU/2012
No que concerne aos direitos humanos no âmbito do direito internacional, julgue os itens que
se seguem.
Na sentença do caso Gomes Lund versus Brasil, a Corte Interamericana de Direitos Humanos
estabeleceu que o dever de investigar e punir os responsáveis pela prática de
desaparecimentos forçados possui caráter de jus cogens.

10. CESPE/DPE-AC/2017
Acerca dos direitos humanos da pessoa em situação de prisão, julgue os itens seguintes.
I. O Protocolo Opcional à Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis,
Desumanos ou Degradantes é, formalmente, não vinculante, podendo ser classificado como
soft law.
II. Conforme a Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos
ou Degradantes, para que seja classificado como tortura, um ato deve necessariamente
envolver, direta ou indiretamente, um agente público.
III. As normas da ONU voltadas especificamente ao tratamento das mulheres presas estão
dispostas nas Regras de Bangkok.
Assinale a opção correta.
Aula 09

a) Apenas o item I está certo.


b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.

11. CESPE/FUB/2016
Conforme a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, as pessoas com deficiência têm os mesmos
direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas, e esses direitos, incluído o de
não serem submetidas à discriminação devido à deficiência, emanam da dignidade e da
igualdade inerentes a todo ser humano. Considerando essas informações, julgue o próximo
item, relativo à referida convenção.
Tal convenção prevê a adoção, pelos Estados-parte, de medidas de caráter meramente
legislativo para a eliminação da discriminação contra as pessoas com deficiência.

VUNESP
12. VUNESP/PC-SP/2018
Assinale a alternativa que está em consonância com o Protocolo de Prevenção, Supressão e
Punição do Tráfico de Pessoas, Especialmente Mulheres e Crianças.
á P P
dezoito anos.
(B) O recrutamento, o transporte, a transferência, ou o acolhimento de uma criança para fins
de exploração serão considerados tráfico de pessoas desde que envolvam o uso da força ou
outras formas de coação.
(C) Quando se tratar de exploração para fins de prostituição mediante o pagamento de
benefícios, o consentimento dado pela vítima descaracteriza o tráfico de pessoas.
(D) Cada Estado-Parte se obriga, em virtude da relevância social da prevenção e gravidade da
conduta, a afastar eventual confidencialidade dos procedimentos judiciais relativos ao tráfico
de pessoas, especialmente de mulheres e crianças.
(E) Cada Estado-Parte, ao aplicar as disposições sobre assistência e proteção das vítimas de
tráfico de pessoas, não poderá fazer distinção quanto à idade, ao sexo ou às suas necessidades
específicas.

13. VUNESP/DPE-MS/2008
A Convenção que faz parte do Sistema Interamericano de Direitos Humanos e que foi assinada
em Belém do Pará é a Convenção Interamericana
a) para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher.
Aula 09

b) para Prevenir e Punir a Tortura.


c) contra a Corrupção.
d) sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial.

Outras Bancas

14. PC-SP/PC-SP/2012
De acordo com a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura (1985), podem ser
sujeitos ativos do crime de tortura
a) apenas funcionários ou empregados públicos, ou particulares desde que instigados pelos
dois primeiros
b) apenas funcionários ou empregados públicos, ainda que em período de estágio probatório
ou equivalente.
c) qualquer pessoa, desde que tenha a intenção de impor grave sofrimento físico ou mental.
d) exclusivamente empregados ou funcionários públicos, agindo em razão do ofício ou função
e) qualquer pessoa, desde que seja penalmente responsável nos termos da lei do Estado Parte

15. FMP/DPE-PA/2015
De acordo com a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, é correto afirmar
que:
a) quando houver denúncia ou razão fundada para supor que haja sido cometido ato de tortura
no âmbito de sua jurisdição, os Estados Partes garantirão que o juiz proceda de ofício e
imediatamente à realização de uma investigação sobre o caso, e determine, se for cabível, o
início do respectivo processo penal.
b) nenhuma declaração que se comprove haver sido obtida mediante tortura poderá ser
admitida como prova num processo de conhecimento ou de execução penal, salvo para
demonstrar a inocência do acusado ou condenado.
c) a periculosidade do detido ou condenado, bem como, a insegurança do estabelecimento
carcerário ou penitenciário não podem justificar a tortura ou sua determinação por parte dos
empregados ou funcionários públicos.
d) no conceito de tortura, compreendem-se as penas ou sofrimentos físicos ou mentais que
sejam unicamente conseqüência de medidas legais ou a elas inerentes.
e) entende-se por tortura todo ato pelo qual são infligidos a uma pessoa, intencionalmente ou
não, penas ou sofrimentos físicos ou mentais, com fins de investigação criminal, como meio de
intimidação, como castigo pessoal, como medida preventiva, como pena ou com qualquer
outro fim.

16. Inédita/2017
Aula 09

Sobre a aplicação da pena de morte no Sistema Interamericano de Direitos Humanos, assinale


a alternativa correta:
a) Com a aprovação do Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos
Referente à Abolição da Pena de Morte a vedação à pena de morte restou plenamente abolida
no âmbito da OEA.
b) O Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos Referente à Abolição
da Pena de Morte restringiu a aplicação da pena de morte, mas restringiu a pena de modo que
não poderá ser aplicada a delitos políticos, nem a delitos comuns conexos com delitos políticos.
c) De acordo com o Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos
Referente à Abolição da Pena de Morte não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no
momento da perpetração do delito, for menor de dezoito anos, ou maior de setenta, nem
aplicá-la a mulher em estado de gravidez.
d) Prevê o Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos Referente à
Abolição da Pena de Morte que no momento de ratificação ou adesão, os Estados-Partes neste
instrumento poderão declarar que se reservam o direito de aplicar a pena de morte em tempo
de guerra, de acordo com o Direito Internacional, por delitos sumamente graves de caráter
militar.
e) O Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos Referente à Abolição
da Pena de Morte prevê a possibilidade de um Estado Parte formular reserva quando do
depósito, a fim de ressalvar a aplicabilidade da pena de morte nos casos de guerra para os
crimes militar, por intermédio de comunicação à Comissão Interamericana de Direitos
Humanos.

17. Inédita/2017
No que diz respeito à Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, assinale a
alternativa correta:
a) Toda pessoa tem direito à nacionalidade que legalmente lhe corresponda, sem poder mudá-
la pela de qualquer outro país.
b) Toda pessoa tem o direito de procurar e receber asilo em território estrangeiro, exceto pela
prática de delitos de direito comum.
c) Toda pessoa tem o dever de adquirir gratuitamente a instrução superior.
d) Toda pessoa tem o direito de se reunir, ainda que para fins militares, com outras, em
manifestação pública, ou em assembleia transitória, em relação com seus interesses comuns.
e) Toda pessoa tem direito à propriedade particular correspondente às necessidades essenciais
de uma vida decente, e que contribua a manter a dignidade da pessoa e do lar.

18. PGR/PGR/2015/adaptada
Julgue:
Aula 09

A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher


permite que os Estados partes e a Comissão Interamericana de Mulheres requeiram parecer
consultivo a Corte Interamericana de Direitos Humanos sobre a interpretação da Convenção.

8.2 GABARITO

1. B 7. CORRETA 13. A
2. INCORRETA 8. CORRETA 14. A
3. D 9. CORRETA 15. C
4. B 10. D 16. D
5. INCORRETA 11. INCORRETA 17. E
6. A 12. A 18. CORRETA

8.3 LISTA DE QUESTÕES COM COMENTÁRIOS

FCC

1. FCC/DPE-AM/2018
No tocante à Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra o
Desaparecimento Forçado, considere:
I. Nenhuma circunstância excepcional, instabilidade política interna ou qualquer outra
emergência pública, poderá ser invocada como justificativa para o desaparecimento forçado,
ressalvando-se apenas a hipótese do estado de guerra ou ameaça de guerra.
II. A prática generalizada ou sistemática de desaparecimento forçado constitui crime contra a
humanidade.
III. Nenhuma ordem ou instrução de uma autoridade pública, seja ela civil, militar ou de outra
natureza, poderá ser invocada para justificar um crime de desaparecimento forçado.
IV. O Estado-Parte que aplicar um regime de prescrição ao desaparecimento forçado deverá
tomar as medidas necessárias para assegurar que o prazo da prescrição da ação penal seja de
longa duração e proporcional à extrema seriedade desse crime, bem como inicie no momento
em que for notificado à autoridade pública competente o desaparecimento forçado,
considerando-se a natureza contínua desse crime.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I e II.
b) II e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) III e IV.
Aula 09

Comentários
A questão cobra do candidato conhecimentos relativos à Convenção Internacional para a Proteção
de Todas as Pessoas contra o Desaparecimento Forçado. Vamos analisar cada um dos itens:
A assertiva I está incorreta, pois faz uma ressalva que não existe na norma. De acordo com o Artigo
1, 2, da Convenção, nenhuma circunstância excepcional, instabilidade política interna ou qualquer
outra emergência pública, poderá ser invocada como justificativa para o desaparecimento forçado,
nem mesmo o estado de guerra ou a ameaça de guerra.
á II Oá C
generalizada ou sistemática de desaparecimento forçado constitui crime contra a humanidade, tal
como define o direito internacional aplicável, e estará sujeito às consequências previstas no direito

á III “ á C
instrução de uma autoridade pública, seja ela civil, militar ou de outra natureza, poderá ser invocada

A assertiva IV, por fim, está incorreta. O prazo prescricional do crime de desaparecimento forçado
deve incidir no momento em que cessar o desaparecimento, e não no momento em que for
notificada a autoridade competente. Confiram o Artigo 8, 1, da Convenção:
Artigo 8
Sem prejuízo do disposto no Artigo 5,
1.O Estado Parte que aplicar um regime de prescrição ao desaparecimento forçado tomará as medidas
necessárias para assegurar que o prazo da prescrição da ação penal:
a) Seja de longa duração e proporcional à extrema seriedade desse crime; e
b) Inicie no momento em que cessar o desaparecimento forçado, considerando-se a natureza contínua desse
crime.
Sendo assim, estando apenas as assertivas II e III corretas, nosso gabarito só pode ser a alternativa
B.

2. FCC/DPE-SP/2012/adaptada
Julgue:
Os dois primeiros tratados sobre direitos humanos aprovados de acordo com o rito especial do
artigo 5º, § 3º da Constituição, introduzido pela Emenda Constitucional nº 45/2004, foram a
Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, e o Protocolo Facultativo à
Convenção Internacional para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a
Mulher.

Comentários
A assertiva está incorreta. A Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura e a
Convenção foi aprovada em 1994, antes da Emenda Constitucional 45/2004.
Aula 09

Apenas para registro, os dois primeiros documentos internacionais, recepcionadas com status de
emenda constitucional são a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, internalizadas pelo Decreto 6.949/2009.

3. FCC/DPE-MA/2015
Um defensor público, considerando o teor da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir
e Erradicar a Violência contra a Mulher, orienta à usuária que o Estado brasileiro deve se
empenhar em:
I. Estabelecer procedimentos jurídicos justos e eficazes para a mulher sujeita à violência,
inclusive, entre outros, medidas de proteção, juízo oportuno e efetivo acesso a tais processos,
e, caso infrinja este dever, qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não
governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados membros da organização,
poderá apresentar petições com denúncias ou queixas diretamente à Comissão Interamericana
de Direitos Humanos.
II. Estabelecer mecanismos judiciais necessários para assegurar que a mulher sujeita à violência
tenha efetivo acesso à restituição, reparação do dano e outros meios de compensação justos
e eficazes, e, caso infrinja este dever, qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não
governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados membros da organização,
poderá apresentar petições com denúncias ou queixas diretamente à Corte Interamericana de
Direitos Humanos.
III. Estabelecer mecanismos administrativos necessários para assegurar que a mulher sujeita à
violência tenha efetivo acesso à restituição, reparação do dano e outros meios de
compensação justos e eficazes, e, caso infrinja este dever, qualquer pessoa ou grupo de
pessoas, ou entidade não governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados
membros da organização, poderá apresentar petições com denúncias ou queixas diretamente
à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) III.
b) I.
c) II e III.
d) I e III.
e) II.

Comentários
A resposta a essa questão envolve o art. 7º da Convenção, que retrata as seguintes obrigações:
a) abster-se de qualquer ação ou prática de violência contra a mulher;
b) atuar com a devida diligência para prevenir, investigar e punir a violência contra a mulher;
c) incluir normas penais, civis e administrativas necessárias para prevenir, punir e erradicar a violência contra
a mulher e adotar as medidas administrativas;
Aula 09

d) adotar medidas jurídicas que exijam do agressor abster-se de fustigar, perseguir, intimidar, ameaçar,
machucar ou pôr em perigo a vida da mulher de qualquer forma que atente contra sua integridade ou
prejudique sua propriedade;
e) tomar medidas para modificar ou abolir leis e regulamentos vigentes que respaldem a persistência ou a
tolerância da violência contra a mulher;
f) estabelecer procedimentos jurídicos justos e eficazes para a mulher que tenha sido submetida a violência;
g) estabelecer os mecanismos judiciais e administrativos necessários para assegurar que a mulher objeto de
violência tenha acesso efetivo a ressarcimento, reparação do dano ou outros meios de compensação justos e
eficazes; e
h) adotar as disposições legislativas ou de outra índole que sejam necessárias para efetivar esta Convenção.
Os itens I e III estão corretos.
O item II está incorreto, pois não há possibilidade de peticionar diretamente à Corte Interamericana
de Direitos Humanos.
Portanto, a alternativa D é a correta e gabarito da questão.

4. FCC/DPE-BA/2017
A Convenção Interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher
fortaleceu o quadro protetivo da mulher, e, entre os quadros de violência tratados pelo
documento, é correto afirmar:
a) Em que pese o desejo internacional, os Estados signatários não se obrigaram em editar
outras medidas para a combater a violência e a tomar as medidas adequadas, inclusive
legislativas, para modificar ou abolir leis e regulamentos vigentes ou modificar práticas
jurídicas ou consuetudinárias que respaldem a persistência e a tolerância da violência contra a
mulher.
b) É considerada violência contra a mulher não somente a violência física, sexual e psicológica
ocorrida no âmbito da família ou unidade doméstica ou em qualquer relação interpessoal, quer
o agressor compartilhe, tenha compartilhado ou não a sua residência, incluindo-se, entre
outras formas, o estupro, maus-tratos e abuso sexual.
c) Não se inclui no conceito de violência contra a mulher, para fins da mencionada convenção,
a violência perpetrada ou tolerada pelo Estado.
d) O assédio sexual no local de trabalho, por ser figura tratada em lei específica, não se insere
na violência contra a mulher para a mencionada convenção.
e) A preocupação da convenção limita-se, apenas, ao âmbito doméstico e familiar.

Comentários
A alternativa A V C I
para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher:
Artigo 7
Aula 09

CESPE

5. CESPE/MPE-RR/2008
No que se refere à legislação especial penal, julgue os itens de
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos Pacto de São José da Costa Rica, ao
reconhecer o direito à vida, aboliu expressamente a pena de morte de todos os países que
adotaram a convenção.

Comentários
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos não só não aboliu a pena de morte como a regula
(Artigo 4, parágrafos 2, 3, 4, 5, 6, da CADH). Quem pretendeu abolir a pena de morte foi o Protocolo
Facultativo à Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Mas, mesmo após a edição do
Protocolo, excepcionalmente, a pena de morte continuou sendo possível, em tempo de guerra, para
os crimes militares, desde que haja reserva ao protocolo no momento da ratificação.
Portanto, está incorreta a assertiva.

6. CESPE/DPE-PI/2009
Considere as situações hipotéticas abaixo apresentadas.
I João agrediu fisicamente sua secretária, ex-companheira, machucando-a com um soco no
rosto por se recusar a sair com ele.
II Sebastião forçou sua esposa a prática de atos libidinosos, causando-lhe enorme dor
psicológica.
À luz da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher,
Convenção de Belém do Pará, importante ferramenta de promoção da emancipação das
mulheres, assinale a opção correta a respeito das situações descritas.
a) Ambas as situações enquadram-se na definição de violência contra a mulher.
b) Na situação I, não ficou caracterizada violência contra a mulher, pois a agressão se deu
dentro do lar.
c) Na situação II, não se caracterizou violência contra a mulher, pois a esposa tem obrigação
conjugal de coabitação.
d) Nenhuma das situações caracteriza violência contra a mulher.
e) Na situação I, não há violência de gênero contra a mulher, mas, sim, uma violência comum
prevista na legislação penal nacional.

Comentários
Nessa questão, temos duas situações hipotéticas, as quais devem ser analisadas à luz da Convenção
de Belém do Pará.
Vamos retomar os conceitos trazidos em aula:
Aula 09

A Convenção da Guatemala serviu como referência para a elaboração do texto da Política


Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.

Comentários
A assertiva está correta. A Convenção Interamericana para a Eliminação de todas as Formas de
Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência foi incorporada à legislação brasileira em
2001, que resultou na edição da Lei 7.853/89, que instituiu a Política Nacional da Educação Especial.

9. CESPE/AGU/2012
No que concerne aos direitos humanos no âmbito do direito internacional, julgue os itens que
se seguem.
Na sentença do caso Gomes Lund versus Brasil, a Corte Interamericana de Direitos Humanos
estabeleceu que o dever de investigar e punir os responsáveis pela prática de
desaparecimentos forçados possui caráter de jus cogens.

Comentários
Aqui temos uma questão interessante, que está correta. A Corte Interamericana de Direitos
H G L G á
ao Estado brasileiro o dever de investigar, processar e punir os crimes que resultaram em mortes,
torturas e desaparecimentos forçados. Na sentença, a Corte Interamericana de Direitos Humanos
estabeleceu que o dever de investigar e punir os responsáveis pela prática de desaparecimentos
forçados possui caráter de jus cogens.
Em razão disso, a Lei de Anistia, muito embora recepcionada perante nosso ordenamento de
acordo com a jurisprudência do STF foi considerada inconvencional, por violar a Convenção
Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas.
A despeito do posicionamento da Corte, contudo, no sentido de a Lei de Anistia ser inconvencional,
o STF defendeu a validade da Lei (ADPF 153), alegando que está no âmbito de decisão de cada Estado
a forma de lidar com o seu passado autoritário.

10. CESPE/DPE-AC/2017
Acerca dos direitos humanos da pessoa em situação de prisão, julgue os itens seguintes.
I. O Protocolo Opcional à Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis,
Desumanos ou Degradantes é, formalmente, não vinculante, podendo ser classificado como
soft law.
II. Conforme a Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos
ou Degradantes, para que seja classificado como tortura, um ato deve necessariamente
envolver, direta ou indiretamente, um agente público.
III. As normas da ONU voltadas especificamente ao tratamento das mulheres presas estão
dispostas nas Regras de Bangkok.
Assinale a opção correta.
Aula 09

a) Apenas o item I está certo.


b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.

Comentários
Vamos analisar cada um dos itens.
O item I está incorreto. O Protocolo Opcional à Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos
ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes pode ser classificado com o status de jus cogens, e não
como soft law.
O item II está correto. A Convenção da ONU contra a tortura exige participação de agente público,
enquanto a Convenção americana e a lei brasileira de crimes de tortura não exigem necessariamente
a participação de agente público.
O item III está correto. As Regras de Bangkok estão voltadas para o tratamento de mulheres presas
e medidas não privativas de liberdade para mulheres infratoras.
Portanto, a alternativa D está correta e é o gabarito da questão.

11. CESPE/FUB/2016
Conforme a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, as pessoas com deficiência têm os mesmos
direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas, e esses direitos, incluído o de
não serem submetidas à discriminação devido à deficiência, emanam da dignidade e da
igualdade inerentes a todo ser humano. Considerando essas informações, julgue o próximo
item, relativo à referida convenção.
Tal convenção prevê a adoção, pelos Estados-parte, de medidas de caráter meramente
legislativo para a eliminação da discriminação contra as pessoas com deficiência.

Comentários
A assertiva está incorreta V C I
os Direitos das Pessoas com Deficiência:
1.Os Estados Partes se comprometem a assegurar e promover o pleno exercício de todos os direitos humanos e
liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência, sem qualquer tipo de discriminação por causa de
sua deficiência. Para tanto, os Estados Partes se comprometem a:
a) Adotar todas as medidas legislativas, administrativas e de qualquer outra natureza, necessárias para a
realização dos direitos reconhecidos na presente Convenção;
Portanto, a Convenção não prevê a adoção de medida meramente legislativa.
Aula 09

VUNESP

12. VUNESP/PC-SP/2018
Assinale a alternativa que está em consonância com o Protocolo de Prevenção, Supressão e
Punição do Tráfico de Pessoas, Especialmente Mulheres e Crianças.
á P P pessoa com idade inferior a
dezoito anos.
(B) O recrutamento, o transporte, a transferência, ou o acolhimento de uma criança para fins
de exploração serão considerados tráfico de pessoas desde que envolvam o uso da força ou
outras formas de coação.
(C) Quando se tratar de exploração para fins de prostituição mediante o pagamento de
benefícios, o consentimento dado pela vítima descaracteriza o tráfico de pessoas.
(D) Cada Estado-Parte se obriga, em virtude da relevância social da prevenção e gravidade da
conduta, a afastar eventual confidencialidade dos procedimentos judiciais relativos ao tráfico
de pessoas, especialmente de mulheres e crianças.
(E) Cada Estado-Parte, ao aplicar as disposições sobre assistência e proteção das vítimas de
tráfico de pessoas, não poderá fazer distinção quanto à idade, ao sexo ou às suas necessidades
específicas.
Comentários
O Protocolo de Prevenção, Supressão e Punição do Tráfico de Pessoas, Especialmente Mulheres e
Crianças foi internalizado pelo Brasil por meio do Decreto nº 5.017, de 12 de março de 2004. Dentre
á “ á
P
Assim, está correta a alternativa A, gabarito da questão.
Vejamos o erro das demais alternativas:
A alternativa B está incorreta, uma vez que o recrutamento, o transporte, a transferência, o
alojamento ou o acolhimento de uma criança para fins de exploração serão considerados "tráfico de
á
Protocolo).
A alternativa C está incorreta, uma vez que cria uma ressalva não presente no Protocolo. De acordo
á loração incluirá, no mínimo, a exploração da prostituição de outrem ou

A alternativa D está incorreta, uma vez que, nos casos em que se considere apropriado e na medida
em que seja permitido pelo seu direito interno, cada Estado Parte protegerá a privacidade e a
identidade das vítimas de tráfico de pessoas, incluindo, entre outras, a confidencialidade dos
procedimentos judiciais relativos a esse tráfico (Artigo 6, 1, do Protocolo).
E a alternativa E está incorreta, uma vez que cada Estado Parte terá em conta, ao aplicar as
disposições sobre assistência e proteção das vítimas de tráfico de pessoas, a idade, o sexo e as
Aula 09

necessidades específicas de cada uma delas, designadamente as necessidades específicas das


crianças, incluindo o alojamento, a educação e cuidados adequados (Artigo 6, 4, do Protocolo).

13. VUNESP/DPE-MS/2008
A Convenção que faz parte do Sistema Interamericano de Direitos Humanos e que foi assinada
em Belém do Pará é a Convenção Interamericana
a) para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher.
b) para Prevenir e Punir a Tortura.
c) contra a Corrupção.
d) sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial.

Comentários
Nós temos aqui uma questão simples, que não exige propriamente conteúdo, mas apenas uma
questão terminológica.
A Convenção para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher foi assinada em Belém do
Pará em 1994, de modo que a alternativa A é a correta e gabarito da questão.

Outras Bancas

14. PC-SP/PC-SP/2012
De acordo com a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura (1985), podem ser
sujeitos ativos do crime de tortura
a) apenas funcionários ou empregados públicos, ou particulares desde que instigados pelos
dois primeiros
b) apenas funcionários ou empregados públicos, ainda que em período de estágio probatório
ou equivalente.
c) qualquer pessoa, desde que tenha a intenção de impor grave sofrimento físico ou mental.
d) exclusivamente empregados ou funcionários públicos, agindo em razão do ofício ou função
e) qualquer pessoa, desde que seja penalmente responsável nos termos da lei do Estado Parte

Comentários
Os titulares ativos do crime podem ser praticados por servidores públicos, como pelos executores,
quando praticares os atos ou forem cúmplices.
Desse modo está correta a alternativa A, conforme disciplina o art. 3º:
Artigo 3
Serão responsáveis pelo delito de tortura:
a) Os empregados ou funcionários públicos que, atuando nesse caráter, ordenem sua execução ou instiguem ou
induzam a ela, cometam-no diretamente ou, podendo impedi-lo, não o façam.
Aula 09

b) As pessoas que, por instigação dos funcionários ou empregados públicos a que se refere a alínea a, ordenem
sua execução, instiguem ou induzam a ela, cometam-no diretamente ou nele sejam cúmplices.

15. FMP/DPE-PA/2015
De acordo com a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, é correto afirmar
que:
a) quando houver denúncia ou razão fundada para supor que haja sido cometido ato de tortura
no âmbito de sua jurisdição, os Estados Partes garantirão que o juiz proceda de ofício e
imediatamente à realização de uma investigação sobre o caso, e determine, se for cabível, o
início do respectivo processo penal.
b) nenhuma declaração que se comprove haver sido obtida mediante tortura poderá ser
admitida como prova num processo de conhecimento ou de execução penal, salvo para
demonstrar a inocência do acusado ou condenado.
c) a periculosidade do detido ou condenado, bem como, a insegurança do estabelecimento
carcerário ou penitenciário não podem justificar a tortura ou sua determinação por parte dos
empregados ou funcionários públicos.
d) no conceito de tortura, compreendem-se as penas ou sofrimentos físicos ou mentais que
sejam unicamente consequência de medidas legais ou a elas inerentes.
e) entende-se por tortura todo ato pelo qual são infligidos a uma pessoa, intencionalmente ou
não, penas ou sofrimentos físicos ou mentais, com fins de investigação criminal, como meio de
intimidação, como castigo pessoal, como medida preventiva, como pena ou com qualquer
outro fim.

Comentários
A alternativa A está incorreta, pois a realização da investigação não será feita pelo juiz, mas pela
autoridade competente em cada Estado. Vejamos o art. 8º, da referida Convenção.
Artigo 8
(...)
Quando houver denúncia ou razão fundada para supor que haja sido cometido ato de tortura no âmbito de sua
jurisdição, os Estados Partes garantirão que suas autoridades procederão de ofício e imediatamente à
realização de uma investigação sobre o caso e iniciarão, se for cabível, o respectivo processo penal.
A alternativa B está incorreta. Está incorreto falar que a declaração obtida mediante tortura será
válida para demonstrar a inocência do acusado ou condenado. Vejamos o art. 10.
Artigo 10
Nenhuma declaração que se comprove haver sido obtida mediante tortura poderá ser admitida como prova num
processo, salvo em processo instaurado contra a pessoa ou pessoas acusadas de havê-la obtido mediante atos
de tortura e unicamente como prova de que, por esse meio, o acusado obteve tal declaração.
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Vejamos o art. 5º, da convenção.
Artigo 5
(...)
Aula 09

Nem a periculosidade do detido ou condenado, nem a insegurança do estabelecimento carcerário ou


penitenciário podem justificar a tortura.
A alternativa D está incorreta. As práticas citadas na alternativa não são consideradas tortura,
conforme art. 2º.
Artigo 2
(...)
Não estarão compreendidos no conceito de tortura as penas ou sofrimentos físicos ou mentais que sejam
unicamente conseqüência de medidas legais ou inerentes a elas, contanto que não incluam a realização dos
atos ou a aplicação dos métodos a que se refere este artigo.
A alternativa E está incorreta. O ato de torturar é, necessariamente, intencional. Não pratica tortura
alguém que inflige pena ou sofrimento a outra sem intenção. Além disso, a diferença do crime de
tortura para o crime de maus tratos é, justamente, a intenção. Se o sofrimento é infligido para fins
de educação, ensino ou tratamento, por exemplo, estamos falando do crime de maus-tratos.

16. Inédita/2017
Sobre a aplicação da pena de morte no Sistema Interamericano de Direitos Humanos, assinale
a alternativa correta:
a) Com a aprovação do Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos
Referente à Abolição da Pena de Morte a vedação à pena de morte restou plenamente abolida
no âmbito da OEA.
b) O Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos Referente à Abolição
da Pena de Morte restringiu a aplicação da pena de morte, mas restringiu a pena de modo que
não poderá ser aplicada a delitos políticos, nem a delitos comuns conexos com delitos políticos.
c) De acordo com o Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos
Referente à Abolição da Pena de Morte não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no
momento da perpetração do delito, for menor de dezoito anos, ou maior de setenta, nem
aplicá-la a mulher em estado de gravidez.
d) Prevê o Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos Referente à
Abolição da Pena de Morte que no momento de ratificação ou adesão, os Estados-Partes neste
instrumento poderão declarar que se reservam o direito de aplicar a pena de morte em tempo
de guerra, de acordo com o Direito Internacional, por delitos sumamente graves de caráter
militar.
e) O Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos Referente à Abolição
da Pena de Morte prevê a possibilidade de um Estado Parte formular reserva quando do
depósito, a fim de ressalvar a aplicabilidade da pena de morte nos casos de guerra para os
crimes militares, por intermédio de comunicação à Comissão Interamericana de Direitos
Humanos.

Comentários
Aula 09

A alternativa A está incorreta, pois excepcionalmente a pena de morte será admitida a quem fizer
reserva ao Protocolo no momento da sua ratificação, para aplicá-lo durante estado de guerra a
crimes militares.
A alternativa B está incorreta, pois a vedação à pena de morte para delitos políticos e conexos já
veio desde o Pacto de San José da Costa Rica. Vide, nesse sentido, o art. 4º do Pacto:
Artigo 4º - Direito à vida
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral,
desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente.
2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos mais graves,
em cumprimento de sentença final de tribunal competente e em conformidade com a lei que estabeleça tal pena,
promulgada antes de haver o delito sido cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos quais não
se aplique atualmente.
3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido.
4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada a delitos políticos, nem a delitos comuns conexos com
delitos políticos.
5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no momento da perpetração do delito, for menor de dezoito
anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez.
6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou comutação da pena, os quais podem
ser concedidos em todos os casos. Não se pode executar a pena de morte enquanto o pedido estiver pendente
de decisão ante a autoridade competente.
A alternativa C está incorreta, dado que a vedação retratada consta o item 5, do Artigo 4, do Pacto
de San Jose e não do Protocolo.
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão, de acordo com o art. 2º, 1, do Protocolo:
Artigo 2
1. Não será admitida reserva alguma a este Protocolo. Entretanto, no momento de ratificação ou adesão, os
Estados-Partes neste instrumento poderão declarar que se reservam o direito de aplicar a pena de morte em
tempo de guerra, de acordo com o Direito Internacional, por delitos sumamente graves de caráter militar.
Por fim, a alternativa E está incorreta, pois a comunicação da reserva dever ser efetuada ao
Secretário-Geral da OEA e não à Comissão. Veja:
2. O Estado-Parte que formular essa reserva deverá comunicar ao Secretário-Geral da Organização dos Estados
Americanos, no momento da ratificação ou adesão, as disposições pertinentes de sua legislação nacional
aplicáveis em tempo de guerra a que se refere o parágrafo anterior.

17. Inédita/2017
No que diz respeito à Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, assinale a
alternativa correta:
a) Toda pessoa tem direito à nacionalidade que legalmente lhe corresponda, sem poder mudá-
la pela de qualquer outro país.
b) Toda pessoa tem o direito de procurar e receber asilo em território estrangeiro, exceto pela
prática de delitos de direito comum.
Aula 09

c) Toda pessoa tem o dever de adquirir gratuitamente a instrução superior.


d) Toda pessoa tem o direito de se reunir, ainda que para fins militares, com outras, em
manifestação pública, ou em assembleia transitória, em relação com seus interesses comuns.
e) Toda pessoa tem direito à propriedade particular correspondente às necessidades essenciais
de uma vida decente, e que contribua a manter a dignidade da pessoa e do lar.

Comentários
Quanto à alternativa A:
Artigo 19
Toda pessoa tem direito à nacionalidade que legalmente lhe corresponda, podendo mudá-la, se assim o desejar,
pela de qualquer outro país que estiver disposta a concedê-la.
Quanto à alternativa B:
Artigo 27
Toda pessoa tem o direito de procurar e receber asilo em território estrangeiro, em caso de perseguição que não
seja motivada por delitos de direito comum, e de acordo com a legislação de cada país e com as convenções
internacionais.
Quanto à alternativa C:
Artigo 31
Toda pessoa tem o dever de adquirir, pelo menos, a instrução primária.
Quanto à alternativa D:
Artigo 21
Toda pessoa tem o direito de se reunir pacificamente com outras, em manifestação pública, ou em assembléia
transitória, em relação com seus interesses comuns, de qualquer natureza que sejam.
Quanto à alternativa E:
Artigo 23
Toda pessoa tem direito à propriedade particular correspondente às necessidades essenciais de uma vida
decente, e que contribua a manter a dignidade da pessoa e do lar.

18. PGR/PGR/2015/adaptada
Julgue:
A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher
permite que os Estados partes e a Comissão Interamericana de Mulheres requeiram parecer
consultivo a Corte Interamericana de Direitos Humanos sobre a interpretação da Convenção.

Comentários
Está correta a assertiva, em razão do que prevê o art. 11 da Convenção:
Os Estados Partes nesta Convenção e a Comissão Interamericana de Mulheres poderão requerer à Corte
Interamericana de Direitos Humanos opinião consultiva sobre a interpretação desta Convenção.

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