Você está na página 1de 47

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CÂMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA


INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
CURSO DE AGRONOMIA

AVALIAÇÃO DE EFICIÊNCIA DE FONTES DE MAGNÉSIO PARA


CULTURA DO ARROZ DE TERRAS ALTAS

João Marcos Pereira Novais

Barra do Garças/MT
Março/2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CÂMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
CURSO DE AGRONOMIA

AVALIAÇÃO DE EFICIÊNCIA DE FONTES DE MAGNÉSIO PARA


CULTURA DO ARROZ DE TERRAS ALTAS

ACADÊMICO: João Marcos Pereira Novais


ORIENTADOR: PROF. Dr. MILTON FERREIRA DE MORAES

Trabalho de Curso (TC)


apresentado ao Curso de Agronomia
do ICET/UFMT, como parte das
exigências para a obtenção do Grau de
Bacharel em Agronomia.

Barra do Garças/MT
Março/2016
i

OFEREÇO

A minha família e amigos

Pelo apoio e confiança.

Dedico

A Rosalina Lina do Rego, que tem me apoiado e me dado forças para conseguir
realizar essa grande conquista.
ii

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, por estar presente em todos os momentos


da minha vida, garantindo-me forças e motivação nos momentos difíceis e sabedoria
para poder concluir essa jornada.

Agradeço a toda minha família, pela confiança, apoio e conselhos, sempre


oportunos e construtivos. Aos meus pais, Joaquim José de Novais e Natividade
Pereira da Silva, meus avós, Celestino Rufino Pereira e Izolina Mendes da Silva, ao
meu filho, Júlio Cesar Ribeiro Novais e a minha tia Maria de Lurdes da Veiga Novais
pela força e motivação transmitida durante todos os momentos da minha vida.

Agradeço especialmente a minha patroa, amiga e uma segunda mãe


Rosalina Lina do Rego por ter me apoiado, pela compreensão dos atrasos, das
viagens e das ajudas de custo durante toda essa jornada.

Minha imensa gratidão, ao professor Dr. Milton Ferreira de Moraes, meu


orientador, por acreditar em meu potencial e pela generosidade de partilhar seus
conhecimentos e experiências com todos que o procuram.

Agradeço de modo geral a todos os professores da UFMT - Barra do Garças,


pelos ensinamentos e pelo respeitoso modo com que sempre me trataram.

Agradeço de modo geral a todos os técnicos da UFMT – Campus do Araguaia


pelo apoio prestado durante as aulas praticas, e realizações de atividades de
pesquisa em laboratório.

Em caráter especial agradeço a meus amigos que desde o início do curso me


acompanham: Stefany Alves Wanderley, João Batista de Carvalho e Gustavo Lopes
Ferreira. Agradeço aos que contribuíram de outras formas, mas que também
exerceram papel essencial durante meu trajeto acadêmico, Meurilene Magalhães
Sousa, Jessica Bezerra de Oliveira, Rejayne Barbosa, Thiago Pinheiro de Oliveira,
Jordanna Cândida Ferreira, Bruno Bee Bressan, Phablo Vinicys Martins de Oliveira,
Paulo Irineu Maldaner Júnior, Maria Eliza Pereira, Jucilene Ferri e Vanessa Ferreira
Barbosa. A eles deixo meus sinceros agradecimentos.
iii

SUMÁRIO

Página
RESUMO......................................................................................................................... 1

ABSTRACT...................................................................................................................... 2

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................ 3

2. REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................................... 5

3. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................ 13

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................ 18

5. CONCLUSÕES........................................................................................................... 29

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................ 30

7. APENDICE.................................................................................................................. 33
iv

LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1. Análise química e física do solo utilizado no experimento.............................. 14

Tabela 2. Fontes de Mg, dose, quantidades em g/dm-3 por vaso................................... 15

Tabela 3. Teores de Mg descrito no fertilizante comparado com o valor real após a


analise............................................................................................................................ 15
v

Lista de Figuras

Pagina

Figura 1 - Visão geral do experimento aos 20 dias após a semeadura......................... 16

Figura 2 - Valor de Spad nas folhas de arroz adubadas com doses de magnésio
usando as fontes, silicato de magnésio (1), óxido de magnésio (2) e nitrato de
magnésio (3)..................................................................................................................... 18

Figura 3- Valor médio de Spad nas folhas de arroz adubadas com doses de magnésio
usando as fontes: silicato de magnésio (1), óxido de magnésio (2) e nitrato de
magnésio (3).................................................................................................................... 19

Figura 4 - Massa de matéria seca da raiz de arroz adubado com doses de magnésio
usando a fonte nitrato de magnésio................................................................................. 20

Figura 5 - Massa de matéria seca da raiz do arroz adubado com doses de magnésio
usando as fontes: silicato de magnésio (1), óxido de magnésio (2) e nitrato de
magnésio (3).................................................................................................................. 21

Figura 6 - Concentração média de Ca na parte aérea do arroz cultivado com fontes de


magnésio; Silicato de Mg (1); Óxido de Mg (2); Nitrato Mg (3)........................................ 22

Figura 7 - Concentração média de K na parte aérea do arroz cultivado com fontes de


magnésio; silicato de magnésio (1), óxido de magnésio (2) e nitrato de magnésio
(3)...................................................................................................................................... 22

Figura 8 - Concentração média de SO42- parte aérea do arroz cultivado com fontes de
magnésio; silicato de magnésio (1), óxido de magnésio (2) e nitrato de magnésio
(3)...................................................................................................................................... 23
vi

Figura 9 - Concentração média de Mn na parte aérea do arroz em função de doses de


magnésio, nas fontes: silicato de magnésio (1), óxido de magnésio (2) e nitrato de
magnésio (3)..................................................................................................................... 24

Figura 10 - Teor de Ca no solo cultivado com arroz em função de doses de magnésio,


na fonte nitrato de magnésio............................................................................................ 25

Figura 11 - Teor médio de Mg no solo cultivado com arroz em função de doses de


magnésio, nas fontes:silicato de magnésio (1), óxido de magnésio (2) e nitrato de
magnésio (3)..................................................................................................................... 26

Figura 12 - Teor médio de Ca no solo cultivado com arroz em função de doses de


magnésio, nas fontes: silicato de magnésio (1), óxido de magnésio (2) e nitrato de
magnésio (3)..................................................................................................................... 26

Figura 13 - Valor de pH em CaCl2 no solo cultivado com arroz em função das fontes:
silicato de magnésio (1), óxido de magnésio (2) e nitrato de magnésio (3).................. 27

Figura 14 - Valor de pH em CaCl2 no solo cultivado com arroz em função das fontes:
óxido de magnésio (Y2) e nitrato de magnésio (Y3)........................................................ 28
vii

APÊNDICE

Pagina

Figura 1: Granulometria das fontes de Mg.................................................................... 33

Figura 2. Visão geral das plantas de arroz cinco dias após a semeadura, tendo
silicato de Mg como fonte de magnésio........................................................................ 33

Figura 3. Visão geral das plantas de arroz cinco dias após a semeadura, tendo
oxido de Mg como fonte de magnésio........................................................................... 34

Figura 4. Visão geral das plantas de arroz cinco dias após a semeadura, tendo
Nitrato de Mg como fonte de magnésio......................................................................... 34

Figura 5. Visão geral das plantas de arroz vinte nove dias após a semeadura, tendo
silicato de Mg como fonte de magnésio........................................................................ 35

Figura 6. Visão geral das plantas de arroz vinte nove dias após a semeadura, tendo
oxido de Mg como fonte de magnésio........................................................................... 35

Figura 7. Visão geral das plantas de arroz vinte nove dias após a semeadura, tendo
Nitrato de Mg como fonte de magnésio......................................................................... 36

Figura 8. Leitura indireta com SPAD CCM-200 plus.................................................... 36


1

RESUMO
O estado do Mato Grosso sempre esteve entre os quatro maiores produtores de arroz
sequeiro, pouco exigente em insumos e tolerantes a solos ácidos (pH 5,0-5,5) e de baixa
fertilidade. O magnésio é um elemento essencial para qualquer planta, pois atua como
componente central da molécula da clorofila, responsável pela atividade fotossintética na
produção de aminoácidos. Foram avaliados três fontes de (Mg), quanto a eficiência em
disponibilizá-lo no solo para atender a necessidade do arroz, e qual seria sua influencia
sobre os outros demais nutrientes, teor de clorofila, altura da planta, peso da matéria seca,
concentração de (Si) e o pH do solo. O delineamento experimental foi inteiramente
casualizado, em esquema fatorial 3 x 5, sendo três fontes de magnésio [oxido de magnésio
(37% Mg); silicato de magnésio (10% Mg) e Nitrato de Magnésio (9,47% Mg)] e cinco doses
(0, 25, 50, 75 e 100 mg dm-³), com três repetições. Os resultados obtidos foram submetidos
à análise de variância para ver se o F era significativo entre as doses de cada fonte, e feito o
teste Tukey a 5% de significância para detectar variações entre as fontes. Ocorreram
variações significantes no teor de clorofila tanta nas doses de cada fonte, onde a dose de
(75 mg/dm-3) foi a mais eficiente em todas as três fontes, e quando comparadas as três
fontes a nitrato foi a que mais se destacou. Quanto a matéria seca houve variações apenas
na raiz, a parte aérea não diferiu estatisticamente. Houve variações nas doses da fonte de
nitrato, onde a dose (100 mg/dm-3) obteve a média de peso maior que as demais doses,
quando comparado as fontes a silicato foi mais eficiente. A concentração de (Mg) na planta
não foi significativo para nenhumas doses e nem entre as fontes. Porém no solo ocorreu
variação somente entre as fontes, as doses não variariam entre si. As fontes nitrato e oxido
tiveram as mesmas médias de concentração, enquanto que a fonte silicato obteve
concentração bem inferior. O (K e o SO42-) foram significativos quando comparado as fontes
pelo teste Tukey, em relação às doses foram estatisticamente iguais, os dois apresentaram
uma média maior de concentração na fonte oxido. As médias da concentração de (Ca), foi
significativa apenas entres as doses da fonte de nitrato, a sua maior concentração ocorreu
na dose de (25 mg/dm-3), quando comparado entre as fontes a concentração de (Ca) foi
maior na fonte nitrato tanto na parte aérea como no solo, ainda foi possível observar que
onde o concentração de (Mg) foi menor, obteve um aumento na concentração do (Ca), isso
pode ter sido devido a competição que existe entre esses dois elementos. Dentre os
micronutrientes o apenas (Mn), quando feito a comparação entre as fontes apresentou
variações, com maior media de concentração na fonte óxido. Embora os valores no teor de
(Si) variado entre as doses e fontes, quando feito a analise de variância para as doses e o
teste Tukey para as fontes, os resultados foram estatisticamente iguais. Já os valores do pH
do solo quando submetidos a análise de variância apenas as doses das fontes óxido e
nitrato foram significativas. Entre as duas fontes a oxido foi a teve o menor pH no solo, e as
doses (25 e 50 mg/dm-3) da fonte oxido apresentaram pH abaixo de 5. Entre as três fontes
foi observado que o óxido e o nitrato de magnésio foram mais eficientes em disponibilizar
(Mg) no solo para a planta. O nitrato por ser a fonte mais solúvel pode ser utilizado para
corrigir deficiência quando as plantas estão ainda em desenvolvimento. O baixo teor de (Mg)
no solo seve a estrutura grosseira da fonte e sua solubilização, talvez possa se pensar em
fornecimento a longo prazo.

Palavras-chave: Oriza sativa L., magnésio, arroz, óxidos, silicatos.


2

ABSTRACT

The state of Mato Grosso has always been among the four largest producers of upland rice,
little demanding in inputs and tolerant to acid soils (pH 5.0-5.5) and low fertility. Magnesium
is an essential element for any plant, as it acts as a central component of the chlorophyll
molecule, responsible for the photosynthetic activity in the production of amino acids. We
evaluated three sources of (Mg), and efficiency in offering it on the ground to meet the need
of rice, and what would be its influence on other other nutrients, chlorophyll content, plant
height, weight of dry matter concentration of (Si) and the soil pH. The experimental design
was completely randomized in a factorial 3 x 5, three sources of magnesium [magnesium
oxide (37% Mg); magnesium silicate (10% Mg) and magnesium nitrate (9.47% Mg)] and five
doses (0, 25, 50, 75 and 100 mg dm-³), with three replications. The results were submitted to
variance analysis to see if the F was significant between doses of each source, and made
the Tukey test at 5% significance level to detect variations between sources. There were
significant variations in chlorophyll content so the doses of each source, where the dose (75
mg / dm-3) was the most efficient in all three sources, and compared the three sources
nitrate was the one that stood out . The dry matter was only variations in the root, the shoot
did not differ statistically. There were variations in the doses of the source of nitrate, where
dose (100 mg / dm3) averaged greater weight than the other doses compared sources
silicate was more efficient. The concentration of (Mg) in the plant was not significant for any
doses or between the sources. But the ground was only variation between sources, the
doses would range not each other. The nitrate and oxide sources have the same average
concentration, while the source silicate obtained much lower concentration. The (K and SO42)
were significant when compared sources by Tukey's test compared to the doses were
statistically equal, the two had a higher average concentration in the oxide source. The mean
concentration (Ca), was significant only doses of the nitrate source, a higher concentration
occurred at the dose (25 mg / dm 3), when compared between the sources concentration
(Ca) was higher the source nitrate both the aerial part and the soil was also observed that
where the concentration of (Mg) was lower, obtained an increase in the concentration (Ca),
this may have been due to competition between these two elements. Among the
micronutrients, only (Mn), when done the comparison between sources showed variations,
with greater media concentration in the oxide source. Although the values in the content (Si)
varied between doses and sources when done the analysis of variance for the doses and the
Tukey test to the sources, the results were statistically equal. Since the soil pH values when
subjected to analysis of variance only the concentrations of nitrate and oxide sources were
significant. Between the two sources was oxide had the lowest pH of the soil, and doses (25
and 50 mg / dm 3) of the source oxide showed pH below 5. Among the three sources was
observed that the oxide and nitrate magnesium were more efficient in providing (Mg) into the
soil to the plant. The nitrate to be more soluble source may be used to correct deficiency
when the crops are under development. The low content of (Mg) in soil seve the coarse
structure of the source and its solubilization, might think of long-term supply.

Key-words: Oriza sativa L., magnesium, rice, oxides, silicates.


3

1. INTRODUÇÃO

O arroz é um dos alimentos com o melhor balanceamento nutricional, sendo


capaz de fornecer 20% da energia e 15% de proteína necessária ao homem, e alem disso é
uma cultura que apresenta ampla adaptabilidade a diferentes condições e clima, sendo a
espécie que apresenta maior potencial para o combate a fome do mundo. Consumido com o
feijão, o arroz representa a base da dieta da maioria dos brasileiros. Segundo o censo
agropecuário 2006 aproximadamente 35% do valor bruto do arroz produzido no Brasil é
proveniente da agricultura familiar, demonstrando a importância que esse produtor possui no
abastecimento nacional. (FAO 2006)
A cultura do arroz de terras altas, por ser pouco exigente em insumos e ser mais
tolerante a solos ácidos, teve destacado papel como cultura pioneira durante o processo de
ocupação agrícola dos solos do Cerrado, tendo inicio na década de 60. Este processo de
abertura teve seu pico nos anos de 1975-1985, a qual ocupou uma área superior a 4,5
milhões de ha. Isto se deve ao baixo custo de produção, devido à baixa adoção das praticas
recomendadas, incluindo plantios tardios. Porem a inserção do arroz como componente de
sistema agrícola de sequeiro vem ocorrendo de forma gradual, principalmente na região
sudeste e centro-norte do Mato Grosso. Alem de proporcionar bom rendimento sob essas
condições, tem promovido o desempenho de outras culturas, quando utilizado em rotação
ou sucessão de culturas. (FAO 2006)
Os solos do Cerrado não possuem nenhum impedimento físico para o desenvolvimento
radicular da cultura do arroz sequeiro, porem se faz necessárias a sua recuperação química,
através da correção da acidez e a adubação para atender a necessidade nutricional da
cultura.
A absorção dos nutrientes na solução do solo depende de muitos fatores. De
modo geral, primeiro, a sua existência no solo, e segundo, a sua disponibilidade. Assim, o
teor disponível de um nutriente, em uma determinada condição depende de formas químicas
em que ele se encontra no solo, da capacidade de absorção da cultura, do desenvolvimento
do sistema radicular, do tempo de crescimento e permanência da cultura no campo e, ainda,
é importante considerar as condições climáticas e a disponibilidade de outros nutrientes
(MEURER, 2007).
O Mg contido na solução do solo como minerais secundários tem sua origem
primária em rochas ígneas e os principais minerais que o contém são biotita, dolamita,
clorita, serpentina e olivina, que igualmente são componentes de rochas metamórficas e
sedimentares (RAIJ, 2011). Porém, em solos muito intemperizados, menor será a ocorrência
desses minerais, até que só reste Mg trocável adsorvido ao solo ou retido na vegetação. As
plantas absorvem este nutriente sempre na forma catiônica Mg²+. Uma das funções
4

importantes do Mg na planta é a da atuação como componente central da molécula da


clorofila, que por sua vez é responsável pela atividade de fotossíntese (MALAVOLTA, 2007).
Assim como ocorre para outros macronutrientes como o (Ca) e o (S), as recomendações
específicas de Mg acabam sendo desvalorizadas, pois geralmente este nutriente é
componente de corretivos rotineiramente empregados. Por isso, acabam não despertando o
interesse direto no setor comercial, a não ser para ressaltar as propriedades dos produtos
que o contém como jogada de marketing.
Como fertilizantes contendo quantidades significativas de Mg não são
normalmente utilizados em programas de adubação, pelo simples fato de que este nutriente
já é adicionado na calagem, não há muitos estudos sobre as respostas das culturas a esse
nutriente. Porém, em situações nas quais a prática de calagem não for realizada de forma
adequada, poderá ocasionalmente ocorrer deficiência deste elemento, o que também é
agravado pela aplicação de altas doses de potássio, nestes casos torna-se necessário repor
esse elemento a planta.
A Magnesita, o óxido de magnésio, silicato de magnésio e o nitrato de magnésio
são fontes alternativas para suprir a necessidade da planta a esse nutriente. Por se tratar de
um elemento móvel na planta, as perdas por deficiência podem ser minimizadas pela
adubação foliar, mas a recomendação correta é que a adubação seja feita via solo. Sua
deficiência geralmente é caracterizada visualmente pela ocorrência de clorose interneval,
notando a permanência da coloração verde nas nervuras de folhas velhas. (RAIJ, 2011)
5

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Cultivar BRS Sertaneja

A BRS Sertaneja é uma cultivar precoce com ciclo de semeadura à completa


maturação de aproximadamente 110 dias, de grãos longos e finos, caracterizada por plantas
vigorosas, moderadamente perfilhadoras, porte médio, folhas largas, e com mediana
resistência a acamamento. Suas panículas são longas e com elevado número de
espiguetas. Além disso, é uma cultivar de ampla adaptação com bom comportamento nos
Estados de Goiás, Mato Grosso, Maranhão, Tocantins, Pará, Minas Gerais e Roraima. Esta
nova cultivar originou-se de um cruzamento múltiplo realizado em 1993 na Embrapa Arroz e
Feijão, envolvendo varias linhagens e cultivares. (EMBRAPA, 2006).
O objetivo era combinar produtividade elevada e estável com resistência à
brusone e alta qualidade de grãos. Quanto à resistência às doenças, a BRS Sertaneja
comporta-se de maneira semelhante às demais cultivares de arroz de terras altas, com
moderada resistência as doenças comuns como a mancha-parda, escaldadura das folhas e
mancha-dos-grãos, e moderada suscetibilidade à brusone. A Cultivar BRS Sertaneja se
adapta a diversas condições de cultivo, incluindo rotação de culturas em terras velhas,
renovação de pastagens, áreas de abertura, integração lavoura-pecuária e adaptando-se
muito bem nos sistemas menos mecanizados, por ter porte alto, com colmos grossos e
panículas grandes, facilitam o corte e trilhas manuais. (EMBRAPA, 2006)
Quando comparada com outras cultivares, oferece uma maior segurança de
colheita para o agricultor, devido à maior resistência a acamamento, menor suscetibilidade á
brusone, e maior estabilidade no rendimento de grãos inteiros. Porem, em condições que
favoreçam o crescimento excessivo da planta, como alta pluviosidade, baixa luminosidade,
altas doses de adubação nitrogenada e densidade excessiva de plantas, poderá ocorrer o
acamamento. 115 ensaios conduzidos nos anos agrícolas de 2000/2001 a 2004/2005 essa
cultivar chegou a produzir cerca de 3753kg/ha. (EMBRAPA, 2006)

2.2. MAGNÉSIO E SUAS FONTES

Segundo Toni Wiend (2007), o Mg é o oitavo mineral mais abundante na crosta


terrestre e o seu teor varia de 0,1% em solos de textura grossa, arenosos, com muita
umidade, até 4% em solos argilosos de textura fina, regiões áridas ou semi-áridas, formados
a partir de rochas com um alto teor de Mg, e os processos intempéricos ocorrem
lentamente. Ele origina-se da decomposição de rochas contendo minerais primários como
6

dolamita e silicatos de Mg, como é o caso das rochas hornblenda, olivina, serpentina e
biotita, ou ainda em minerais de argila secundários como clorita, ilita, montorilonita e
vermiculita.
Ele ainda explicou que as fontes minerais de Mg consistem principalmente de
sulfatos, carbonatos, silicatos e óxidos, seguidos pelos cloretos e nitrato. Essas fontes
variam de acordo com o teor de Mg e a presença de outros elementos, e com a solubilidade,
a qual controla a disponibilidade de nutrientes para a planta. Esses dois fatores é que
determinara o uso de diferentes fontes de Mg em sistemas agrícolas.

2.3. MAGNÉSIO NO SOLO

O Magnésio no solo ocorre na forma iônica Mg2+ em solução e como cátion


trocável. Ele possui a participação na estruturas de micas e minerais de argila do tipo 2:1,
que são encontrados nos solos com lento processo de intemperização, nos quais é possível
a persistência desses e de outros minerais que o contenha. (FERNANDES,2006).
Segundo Malavolta (1981), o Mg aparece no solo em diferentes formas:
 Minerais primários - silicatos com Mg estrutural como é o caso de piroxênios,
anfibólios, olivina e turmalina. Muscovita e biottita também contêm Mg.
 Carbonatos e sulfatos – dolamita, Carbonatos de Ca e Mg (CaMgCo3), calcários
dolamíticos e magnesianos e magnesita, podendo ocorrer em camadas, em
regiões áridas e semi-aridas, a epsomita (sal amargo, MgSo47H2O) é encontrada
no solo.
 Minerais secundários – o Mg pode fazer parte de argilas como a montmorilonita,
a ilita e clorita, mediante substituição de alumínio octaédrico; a vermiculita,
produto da intemperização hidrotermal das micas, possui Mg que desloca o K,
com expansão dos espaços entre camadas.
 Matéria orgânica – Mg em compostos orgânicos, ocorrendo a liberação após a
decomposição e mineralização.
Toni Wiend (2007) explicou que o Mg encontra-se na fração trocável do solo,
adsorvido aos colóides de carga negativa, e é transportado as raízes das plantas
principalmente por fluxo de massa. Assim, em épocas de veranico, a deficiência de Mg pode
ser agravada, porque as plantas o absorvem exclusivamente da solução do solo, a qual é
reequilibrada pelo Mg na fração trocável. O teor de Mg no solo depende da textura do solo e
da quantidade de matéria orgânica, porque ambos são responsável pela CTC do solo.
Mesmo com a mesma quantidade de Mg trocável, a concentração na solução é usualmente
maior em solos arenosos que em solos com alto teor de argila, devido a argila ter maior
capacidade de adsorção que os solos arenosos.
7

Segundo Toni (2007), a disponibilidade de Mg não depende somente do


potencial do solo para armazenar e liberar este cátion, mas também da proporção que
ocupa o Mg nos sítios de troca (saturação). Os desequilíbrios gerados por Mg com outros
cátions também poderá produzir deficiência, principalmente em solos calcíticos, onde se
apresenta excesso de Ca, ou em solos ácidos, onde a saturação por Alumínio (Al) limita a
absorção de Mg. Isso ocorre porque em solos ácidos, o Al3+ se mostra o cátion dominante no
processo de intercambio, formando uma espécie de solução tóxica, cujo efeito principal é
impedir o desenvolvimento da raiz.
Toni ainda explicou que deve haver um balanço ideal entre Cálcio (Ca),
Magnésio e Potássio (K). Altos níveis de K pode reduzir a assimilação de Mg, devido à uma
absorção preferencial de K pelas plantas. Também ocorre um antagonismo direto entre o
cátion amônio (NH4+) e Mg. Quando o NH4+ é absorvido pelas raízes, há uma troca de íons
amônio e hidrogênio (H+); assim, o H+ exercera influência antagônica na absorção de Mg
pela planta. Quanto mais acido for o solo e maior a quantidade de fertilizantes nitrogenados
com íons amônio, mais intenso é o efeito antagônico. Nos solos do cerrado, cerca de 90%
dos latossolos e argissolos sofrem de deficiência de Mg, com resultado do alto grau de
intemperismo e lixiviação. Porém, as quantidades perdidas dependem da interação de
vários fatores como: conteúdo de Mg no solo, concentração de Ca2+ e H+ (utilização de
gesso aumenta as perdas de Mg), taxa de intemperismo, intensidade de lixiviação e
retiradas pela planta. Ele ainda resumiu, a deficiência de Mg se manifesta em solos
derivados de rochas pobres em Mg; solos leves e com pouca matéria orgânica; em
plantações velhas; sem reposição de magnésio; aplicação de altas doses de K
(antagonismo) alta relação K:Mg ; alta variação do regime hídrico e adubação nitrogenada
com N-amoniacal.

2.4. MAGNÉSIO NA PLANTA

Freqüentemente a nutrição com magnésio tem sido negligenciada e sua falta


afeta o crescimento da planta. Muitas funções essenciais das plantas requerem fontes
adequadas de Mg, sendo seu papel visível na formação de raízes, clorofila e fotossíntese
(CAKMAK; YAZICI, 2010).
Os principais processos metabólicos e reações influenciadas pelo Mg incluem:
Fotofosforilação, com a formação de ATP nos cloroplastos; Fixação fotossintética de dióxido
de carbono (CO2); Síntese protéica; Formação de clorofila; Carregamento do floema;
Separação e utilização de fotoassimilados; Geração de espécies reativas de oxigênio;
8

fotooxidação nos tecidos foliares.Como conseqüência, muitos processos fisiológicos e


bioquímicos críticos na planta são adversamente afetados pela deficiência de Mg, levando a
prejuízos no crescimento e na produção (CAKMAK; YAZICI, 2010).
A absorção do Mg pela planta se faz semelhante à do K. Contudo, para que
ocorra absorção é necessário o contato do elemento com a raiz da planta, seja por
interceptação radícular, por difusão ou por fluxo de massa, sendo este ultimo mecanismo
responsável pela maior proporção do contato dos cátions bivalentes com a raiz.
Dependendo do teor do Mg na planta, cerca 6 e 25% total do elemento faz parte da clorofila,
outros 5 a 10% do Mg total nas folhas e ápices está ligado a pectanos nas paredes celulares
ou precipitado como sais solúveis de reserva no vacúolo, como, por exemplo, fosfatos de
Mg. Os 60-90% são extraíveis em água (FERNANDES, 2006).
As funções do Mg no metabolismo segundo Fernandes (2006), são:
 Clorofila – as clorofilas são porfirinas magnesianas e o Mg corresponde a
2,7% do peso molecular destas – representa cerca de 10% do teor total de
Mg da folha. Os plastídios, entretanto, tem mais Mg além daquele contido na
clorofila: a conversão de energia é uma das principais funções dos
cloroplastos.
 Ativação enzimática – O Mg ativa mais enzimas do que qualquer outro
elemento. Um papel principal desse elemento é ser co-fator de quase todas
as enzimas fosforilativas, formando uma ponte entre o pirfofosfato do ATP ou
ADP (tri e difosfato de adenosina) e a molécula da enzima. A transferência de
energia desses dois compostos é fundamental nos processos de fotossíntese,
respiração (glicólise e ciclo dos ácidos tricarboxílicos), reações de síntese de
compostos orgânicos (carboidratos, lipídios, proteínas), a absorção iônica e
trabalho mecânico executado pela planta. Em algumas das reações de
transferências dos grupos fosfatados, o Mg2+ pode ser substituído por outros
íons, como o manganês (Mn2+). A falta de Mg inibe a fixação de CO2 mesmo
na presença de clorofila suficiente: o elemento exigido em reações de
fosforilação que limitam a regeneração da ribulose difosfato – o açúcar que
“aceita” o CO2 fixado fotossinteticamente; além disso, é necessário para a
atividade da própria enzima que faz isso – a carboxilase da ribulose difosfato.
O metabolismo do N também é influenciado; nas plantas deficientes de Mg o
teor de N-protéico é menor, aumentando o de N-não protéico – evidenciando
que a falta de Mg afeta a síntese de proteína. A ativação dos aminoácidos,
passo obrigatório no processo, exige Mg; a transferência dos aminoácidos
ativados para formar a cadeia polipeptídica ou protéica também depende do
Mg.
9

 “Carreador de P” – encontra se na literatura a citação de que o Mg seria um


elemento “carreador” do P, contribuindo para a sua “entrada” na planta. Isso
talvez possa ser atribuído ao aumento da absorção de P na presença de Mg.
Acredita-se também que o efeito seja devido ao papel do Mg nas reações de
fosforilação. Esse papel do Mg tem um possível aspecto pratico, o de
aumentar a eficiência da absorção de P pelas raízes.
O Mg2+ é muito móvel no floema, sendo translocado das folhas mais velhas para
as mais novas ou para os pontos de crescimento, em frutos e tecidos de reserva,
dependendo do floema para o suprimento mineral, encontra se mais Mg do que Ca
(SCHIMANSKY, 1973). Esta é a razão pelo qual se nota os sintomas visuais de deficiência
do Mg sempre nas folhas mais velhas, tendo seu inicio a nível molecular e freqüentemente
somente nas folhas expostas ao sol começa surgir os sintomas, localizados nas folhas
próximas aos drenos de nutrientes, causando queda prematura das folhas. Sintomas
visíveis já é um sinal severo, podendo o rendimento e a qualidade da produção estar
comprometidos (WIEND, 2006).

2.5. IMPORTÂNCIA DO MAGNÉSIO PARA A CULTURA DO ARROZ TERRAS


ALTAS
Existem poucos estudos que abordam a importância do Mg e a resposta das
culturas a esse nutriente. Isso ocorre pelo simples fato deste elemento ser adicionado ao
solo quando se é feito a calagem. Por isso não há a preocupação quanto à demanda da
planta a este nutriente.
Alguns estudos têm mostrado que o Mg tem o potencial de reduzir a intensidade
de algumas doenças em culturas de importância econômica. A mancha parda é umas da
principais doenças que acomete a cultura do arroz, e causada pelo fungo Bipolaris oryzae.
Segundo Moreira (2013) que avaliou a influencia do magnésio na resistência do arroz a
mancha parda, constatou que a alta concentração foliar do Mg aumentou a resistência do
arroz á infecção por B. orizae principalmente por meio do aumento das atividades das
enzimas de defesa.

2.6. DEFICIÊNCIA DE MAGNÉSIO E OS SEUS EFEITOS NA PLANTA

Um dos sintomas visíveis de deficiência de magnésio é o amarelecimento das


folhas mais velhas, na forma de clorose interneval. Pesquisas descrevem que cerca de 35%
do total de Mg nas plantas estão localizados no cloroplastos. Porém, essa expressão dos
sintomas de deficiência de Mg é altamente dependente da intensidade de luz. Quanto maior
a incidência luminosa, maior é o desenvolvimento da clorose interneval. O dano foliar que
10

ocorre nas plantas deficientes expostas à alta luminosidade tem sido atribuído a maior
geração de oxigênios reativos altamente prejudiciais aos cloroplastos em detrimento da
inibição da fixação fotossintética de CO2 (CAKMAK; YAZICI, 2010).
Como discutido, conhecemos bem o importante papel do Mg em varias funções
criticas na planta, é muito surpreendente que há pouca pesquisa relacionada ao papel da
nutrição com Mg na produção e qualidade agrícola. Por isso muitas vezes ele é considerado
um “elemento esquecido”. No entanto, sua deficiência tem se tornado cada vez mais um
fator que tem limitado os sistemas intensivos de produção, especialmente aqueles solos
adubados apenas com N, P e K. O seu esgotamento nos solos tem se tornado uma
crescente preocupação para a agricultura de alta produtividade (CAKMAK; YAZICI, 2010).
Devido ao fácil potencial que o Mg tem de ser lixiviado dos solos altamente
intemperizados e a sua interação com o Al, a deficiência deste elemento é ainda mais
crucial em solos ácidos. Um dos bem documentados mecanismos de adaptação das plantas
a solos ácidos é a liberação de anions de ácidos orgânicos nas raízes. Só que esses ânions
liberados acabam formando quelatos com íons tóxicos de Al formando complexos Al-ácido
orgânico que são fitotóxicos. Está bem documentado que o Mg é necessário para a
liberação efetiva de ânions de ácidos orgânicos nas raízes, modificando a rizosfera
intoxicada com Al (YANG et al., 2007). Assim como o Ca, o Mg possui um importante papel
na diminuição da toxidez por Al em solos ácidos. No entanto, o Mg pode ter ação protetora
contra a toxidade de Al quando adicionado em níveis micromolares, enquanto o Ca exerce
seu papel protetor em concentrações milimolares (SILVA et al., 2001). Esses resultados são
indícios que o Mg possui benefícios muito específicos na proteção da planta contra a
toxidade por Al, um dos grandes problemas dos solos do cerrado.
Pesquisas têm demonstrado que a primeira função ou estrutura afetada pela
deficiência de Mg esta relacionado a redução do nível de clorofila, ou fotossíntese, ou a
síntese protéica. Existem poucos estudos publicados anteriormente por Cakmak et al.
(1994), com feijão comum, por Hermans et al. (2204), com beterraba açucareira, e por
Hermans e Vebruggen (2005), com Arabidopsis, que comprovam essa redução.
Hermans et al. (2004) cultivou beterraba com alto e baixo teor de Mg e
analisaram: Crescimento das plantas, fixação fotossintética de CO2, concentração de
clorofila, transporte de elétrons e concentração foliar de sacarose. Os resultados do
experimento foram claros, antes de quaisquer mudanças perceptíveis ou significativas nas
primeiras quatro medições, ocorreu um grande acúmulo de sacarose nas folhas
completamente expandidas das plantas deficientes de Mg. Folhas deficientes de Mg
acumularam até quatro vezes mais sacarose, quando comparadas as folhas com teor
adequado de Mg, o que indica uma inibição severa no transporte de sacarose para fora das
folhas deficientes em Mg.
11

Cakmak (1994) estudou o papel do Mg na nutrição das plantas em relação ao


crescimento aéreo e radicular, concentração e distribuição de carboidratos entre o sistema
radicular e os órgãos e exportação de sacarose pelo floema do feijoeiro. Os resultados
mostraram uma redução acentuada no crescimento do sistema radicular, antes de qualquer
mudança visível no crescimento da parte aérea ou na concentração de clorofila,
aumentando a relação parte aérea: raiz nas plantas deficientes de Mg. O efeito negativo
antecipado de Mg no crescimento da raiz antes do desenvolvimento da clorose foliar, é um
problema critico para os produtores, por causa da importância de um bom sistema radicular
para a produção vegetal. Esse seria alguns dos motivos para o qual deveria ser dada uma
atenção especial ao estudo do estado nutricional das plantas em relação ao Mg antes do
surgimento de qualquer sintoma visível de deficiência.
O acúmulo de carboidratos nas folhas completamente expandidas é um
fenômeno comum em plantas deficientes em Mg. No inicio da deficiência de Mg e sob
severa deficiência de Mg, Cakmak (1994) descobriu que as folhas mais velhas continham,
respectivamente, 3,5 a 9 vezes mais sacarose, quando comparadas às plantas com teores
suficientes de Mg. Além disso, as folhas continham elevados teores de amido e reduzidos
teores de açúcar. No feijoeiro cultivado com baixo teor de Mg, por 12 dias, apenas 1% dos
carboidratos totais da planta foram encontrados nas raízes, enquanto nas plantas com
teores suficientes de Mg esse valor foi de 16%. Todos os resultados indicam claramente que
existe uma inibição severa na exportação de açúcares das folhas deficientes em Mg para o
floema (CAKMAK; YAZICI, 2010).
Ainda sobre os estudos, amostras de exsudatos do floema foram coletados de
plantas do feijoeiro para analisar o papel do Mg no movimento da sacarose para fora da
folha. A deficiência resultou na inibição severa e precoce do transporte de sacarose no
floema. Havendo uma relação inversa entre a concentração de sacarose nos tecidos foliares
e a taxa de exportação de sacarose no floema durante os 12 dias de tratamento com
deficiência de Mg. Esse efeito inibitório da deficiência de Mg sobre o transporte de sacarose
via floema ocorreu antes do aparecimento de qualquer efeito adverso no crescimento da
parte aérea. Esses resultados sugerem fortemente que o efeito do magnésio no
carregamento de sacarose é especifico e não relacionado a qualquer efeito secundário.
(CAKMAK et al. 1994)
Embora o mecanismo pelo qual a deficiência de Mg afeta o carregamento de
sacarose do floema não esteja totalmente compreendido, mas parece ter uma relação direta
a baixa concentração do complexo Mg-ATP nos locais de carregamento do floema. Acredita-
se ainda que o complexo Mg-ATP é necessário para o bom funcionamento da H+-ATPase,
uma enzima que fornece energia para o processo de carregamento no floema e mantém o
transporte de sacarose nas células do floema (CAKMAK; YAZICI, 2010).
12

2.7 SILÍCIO COMO ELEMENTO BENÉFICO À PLANTA DE ARROZ

O Silício (Si) é o segundo elemento mais abundante na superfície terrestre,


ocorre principalmente como mineral inerte das areias, quartzo (SiO2 puro), caulinitas, micas,
feldspatos e em outros argilominerais silicatados (MARSCHNER, 1995). Nos solos, o Si
solúvel disponível para as plantas tem origem nos processos de intemperização dos
minerais primários e, particularmente, dos minerais secundários como os argilo-silicatos
(EPSTEIN, 1999). As principais fontes de Si além do próprio solo são os silicatos. Um
grande número de materiais tem sido utilizado como fonte de Si, um deles é o silicato de Mg
(LIMA FILHO et al., 1999).
A família das gramíneas (Poaceae) a qual pertence o arroz apresenta grande
capacidade de acumular Si (BARBOSA FILHO et al., 2001). A acumulação de Si nos órgãos
de transpiração provoca a formação de uma dupla camada de sílica, o que causa redução
da transpiração por diminuir a abertura dos estômatos, limitando a perda de água
(TAKAHASHI, 1995; KORNDORFER et al. 1999; FARIA, 2000). Alem disso essa deposição
de sílica na parede torna a planta mais resistente a ação de fungos e insetos
(DAYANANDAM et al. 1983).
No caso do arroz , quando feito a adubação com fontes de Si, pode eliminar ou
reduzir o numero de aplicações com fungicidas durante o ciclo da cultura. Isto ocorre porque
no arroz, o Si desposita-se em maior proporção abaixo da cutícula, formando a camada
sílica, contribuindo para o fortalecimento da planta e dificultar a penetração de hifas de
fungos (MA; TAKAHASHI, 2002; KORNDORFER, et al. 2002).
Todo o conhecimento que se tem disponível em relação ao Si sobre os
mecanismos de resistência da planta de arroz à Pyricularia grisea, fungo causador da
brusone, principal doença que tem causado grandes perdas no campo. Estudos realizados
no Japão por Suzuki (1965) contribuiu substancialmente para entender tal mecanismo e
formular alguns conceitos. Primeiro, a resistência da planta a doença é principalmente de
natureza mecânica. Segundo, a penetração do patógeno é menor em plantas com teores
mais elevados de Si devido à barreira mecânica formada pela acumulação de sílica na
epiderme da folha. Terceiro, cultivares resistentes contem quantidades mais elevadas de Si
do que cultivares suscetíveis a brusone, e o grau de resistência é aumentado à medida que
aumenta a quantidade de Si aplicado.
13

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. LOCAL

O experimento foi realizado em casa de vegetação da Universidade Federal de


Mato Grosso – Campus do Araguaia/CUA situado no município de Barra do Garças- MT,
nas proximidades das coordenadas geográficas 15°52’29.73”S e 52°18’34.10”O, com 328 m
de altitude.

3.2. ATRIBUTOS DO SOLO

Para implantação do experimento foi coletada amostras de um solo


característico de áreas agrícolas de Cerrado (Latossolo Vermelho Amarelo, textura
francoarenosa), camada superficial (0-20 cm). O solo teve sua acidez e fertilidade corrigida,
baseando-se nos dados da análise laboratorial (Tabela 1). Para tanto foi empregando uma
mistura de CaCO3, para elevação da saturação por base à 60%. Posteriormente foi
realizada adubação visando proporcionar condições ótimas para desenvolvimento das
plantas de arroz, com uso de solução de macro e micronutrientes, segundo Malavolta
(1980), tendo como exceção a aplicação de qualquer fonte de Mg, que foram determinadas
de acordo com a conveniência do estudo (Tabela 2).
14

Tabela 1 – Análise química e física do solo utilizado no experimento.


Variáveis Solo
pH (CaCl2) 4,50
Matéria Orgânica (g dm-³) 13,80
P (mg dm-³) 1,15
-
K (cmolc dm ³) 0,10
Ca (cmolc dm-³) 0,71
Mg (cmolc dm-³) 0,30
S-SO4 (mg dm-³) 2,77
Al (cmolc dm-³) 0,48
H+Al (cmolc dm-³) 3,60
-
SB (cmolc dm ³) 1,12
CTC (cmolc dm-³) 4,72
V (%) 23,80
m (%) 30,12
B (mg dm-³) 0,13
-
Cu (mg dm ³) 0,22
-
Fe (mg dm ³) 102,20
Mn (mg dm-³) 18,90
Zn (mg dm-³) 0,92
Si (mg dm-³) 7,65
Areia (%) 75,50
Silte (%) 5,00
Argila (%) 19,50

3.3. PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO EXPERIMENTO

Foram adotados para o experimento vasos com capacidade de 4 dm-3,


preenchidos com o solo devidamente corrigido e adubado de acordo com cada fonte. Sendo
adotado três fontes de magnésio [Óxido de Mg (37%); Silicato de Mg (10%) e Nitrato de Mg
(9,47%)] e cinco doses de cada fonte (0, 25, 50, 75 e 100 mg/dm-3), com três repetições.
Como o nitrato além do Mg fornecia N, foi necessário a realização do balanceamento deste
elemento para que todos recebessem a mesma dosagem. (APÊNDICE: Figura 1)
15

Tabela 2 – Fontes de Mg, dose, quantidades em g/dm-3 por vaso.


FONTES DOSE FONTE FONTE
Mg (15M/15M- g/dm-3 g/vaso (4dm-3
3
)
0 0 0
Silicato de 25 0,25 1
Magnésio 50 0,50 2
75 0,75 3
100 1,00 4
0 0 0
Oxido de 25 0,05 0,19
Magnésio 50 0,10 0,39
75 0,15 0,60
100 0,19 0,78
0 0 0
Nitrato de 25 0,26 1,05
Magnésio 50 0,53 2,11
75 0,79 3,20
100 1,06 4,20

As fontes de Mg foram enviadas a um laboratório comercial para determinação


do valor real da disponibilidade deste elemento, porque nem sempre os valores
correspondem. Podendo subestimar ou superestimar a dosagem determinada. (Tabela 3)

Tabela 3. Teores de Mg descrito no fertilizante comparado com o valor real após a análise.
FONTE % De Mg Descrito % Mg Real
Silicato Mg 24 10
Oxido de Mg 45 37
Nitrato de Mg 9,47 9,47

A semeadura do arroz foi realizada cinco dias após a adubação, em


profundidade equivalente a 2 cm. Foram semeadas nove sementes por vaso. A cultivar
utilizada no experimento foi BRS Sertaneja, ciclo precoce (aproximadamente 110 dias) e
com bom desempenho em solos ácidos e de baixa fertilidade. Durante o desenvolvimento
do experimento foi realizado desbaste deixando apenas três plantas por vaso. O critério
adotado para eliminação foi o de plantas com menor crescimento.
16

Figura 2. Visão geral do experimento aos 20 dias após a semeadura.

A adubação com N, K e S foram divididas, sendo fornecido 50mg/dm-3 de N,


50mg/dm-3 de K e 25mg/dm-3 de S na adubação dos vasos. Vinte dias após a emergência da
planta realizou-se a primeira adubação de cobertura fornecendo 50mg/dm-3 de N, 50mg/dm-3
K e a ultima dose de S sendo 25mg/dm-3. A ultima adubação de cobertura foi realizada 40
dias após a emergência da planta, sendo fornecido 50mg/dm-3 de N e 50mg/dm-3 de K.
Foi necessário o acompanhamento diário para monitoramento de doenças e
pragas. Três vasos do tratamento Óxido de Mg (2 vasos da dose 50mg e 1 vaso da dose
100mg) perderam grande parte da matéria verde devido ao ataque de insetos da ordem
Orthoptera, família Tettigoniidae.
No 38° dia após a emergência do arroz foi identificada a presença de ácaros em
alguns vasos, que estavam causando pequenas pontuações esbranquiçadas nas folhas.
Como medida de controle utilizou-se o KRAFT 36 EC, inseticida/acaricida do grupo químico
Avermectnas, tendo como principio ativo Abamectina. Utilizou se 0,75ml do KRAFT em 5
litros de água (Recomendação: 15 ml / 100 L-1 de água).
Aos quarenta e cinco dias após a emergência da planta, foi colhida a parte aérea
do material, feito a avaliação da altura da ultima inserção foliar e do comprimento total da
planta, sendo levado para a estufa 65° C para secagem do material por 72 horas, para
determinação da massa seca, o mesmo foi feito com o sistema radicular.

3.4. DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL

3.4.1. DETERMINAÇÃO INDIRETA DO CONTEÚDO DE CLOROFILA NAS FOLHAS


ATRAVÉS DE METODOS ÓPITICOS NÃO DESTRUTIVOS

Com o surgimento de medidores portáteis, a quantificação de clorofilas tornou-se


rápida e fácil, sendo realizada de forma não destrutiva, no campo ou casa de vegetação. O
método mais tradicional para determinação do conteúdo de clorofilas em folhas é realizado
pela maceração da folha com acetona, ou a utilização de outro solvente orgânico e então é
17

feita a leitura em espectrofotômetro (ARNON, 1949), único problema é que esse método
resulta na coleta destrutiva do material.
Como o Mg é um elemento estrutural da molécula da clorofila, decidiu-se avaliar
qual seria a resposta da planta em relação ao teor de clorofila as diferentes fontes e doses
aplicadas. Para realização da leitura foi utilizado o SPAD (“Soil Plant Analytical Division
Value” na faixa de 0-100) CCM-200 plus da opti-sciences, onde a intensidade da cor verde é
detectada no aparelho através da quantidade de luz absorvida pela folha (APENDICE:
Figura 8). A leitura foi realiza no 32° dia após a emergência da plântula, às 10hs, com o
tempo parcialmente nublado.

3.4.2. DETERMINAÇÃO DE MATERIA SECA DE RAÍZES E PARTE AÉREA

Aos 45 dias após a emergência do arroz, OS materiais, raiz, colmo e folhas,


foram colhidos, pesado e separado em sacos de papel, devidamente identificados para
serem então secados em estufa de circulação forçada de ar (65°C), por 72 horas
ininterruptas.

3.4.3. ANÁLISE DE SOLO E TECIDO VEGETAL

Após a secagem do material por 72 horas, foi feito a moagem do material,


posteriormente esse material foi submetido a uma digestão úmida com HNO3 + HClO4 na
proporção (3:1) e encaminhado para um laboratório comercial para determinar o teor dos
macronutrientes (Mg,Ca, P, K e SO42-) e micronutrientes (Zn, Cu, Mn, B e Fe).
Foi retirada uma amostra de cada vaso em três pontos diferentes, obtendo se
uma amostra homogênea. Utilizou-se o cloreto de amônio (NH4Cl) como extrator de Mg,
porque ele simula a retirada pela planta de nutrientes no solo, como substituição do cloreto
de potássio (KCl). As amostras foram preparadas e encaminhadas para o mesmo
laboratório comercial para determinar o teor de Mg e outros elementos disponíveis para a
planta no solo.
Uma parte dessa amostra foi utilizada para análise do Si extraível no solo e a
determinação do pH. A análise de Si foi feita com uma solução extratora de Cloreto de
Cálcio (0,01M), 10 cm³ de solo foi colocado em um erlenmeyer junto com 100 ml da solução
extratora e levado para uma mesa agitadora orbital por uma hora em uma velocidade de 240
rpm , deixando descansar por 12 horas. Após o repouso pipetou-se 10 ml da solução
transferindo para um baker , acrescentou-se 1ml da solução sulfo-molíbdica, após 10
minutos adicionou-se 2 ml de ácido tartárico 20% e 5 minutos depois adicionou-se 10 ml da
18

solução de acido ascórbico . Após uma hora foi feita a leitura em um espectofotômetro no
comprimento de onda de 660 ƞm.
Na terminação do pH do solo utilizou-se a mesma solução de cloreto de cálcio.
10 cm³ de solo foi colocado em um frasco coletor de 80 ml, adicionou-se 25 ml da solução,
misturando a com um bastão de deixando em repouso por 15 minutos, levando-a depois
para a mesa agitadora por 5 minutos a uma velocidade de 200 rpm. Em seguida foi feito a
leitura com o pHmetro.

3.4.4. ANÁLISE ESTATÍSTICA


As médias das doses de cada fonte foram submetidas à análise de variância
quando, e o teste F foi significativo procedeu-se a analise de regressão para o fator dose. E
utilizou o teste Tukey para comparar as medias entre as fontes a 5% significância, quando
significativo os resultados foram expressos em gráficos.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados da leitura do SPAD foram submetidos a analise de variância, o teste


de F foi significativo para todas as doses das três fontes utilizadas, procedendo-se a analise
de regressão (Veja figura 2). Em todas as três fontes o teor de clorofila aumentou à medida
que se aumentava a dose, a dose mais significativa para as três fontes foi a de 75 mg/dm-3 ,
ocorrendo a redução do teor na dose de 100 mg/dm-3

23 2
Y3 = 18,23 + 0,095X - 0,0007X
2
R = 0,93
22

21

20
SPAD

2
19 Y2 = 17,663 + 0,0948X - 0,0008X
2
R = 0,83
2
18 Y1 = 17,695 + 0,055X - 0,0002X
2
R = 0,90
17
0 25 50 75 100
-3
Doses de Magnésio, mg dm
Figura2: Valor de Spad nas folhas de arroz adubadas com doses de magnésio usando as fontes, silicato de
magnésio (1), óxido de magnésio (2) e nitrato de magnésio (3).
19

Comparando as fontes procedeu-se o teste Tukey a 5% de significância, as


fontes diferiram entre si (Veja a figura 3). Comparando-se as três fontes observamos que o
nitrato de magnésio apresentou maior teor de clorofila por cm-2. A fonte de óxido foi a que
apresentou menor eficiência.

21
a

20
SPAD

ab

20 b

19
Silicato de Óxido de Nitrato de
Magnésio Magnésio Magnésio

Figura 3: Valor médio de Spad nas folhas de arroz adubadas com doses de magnésio usando as fontes:
silicato de magnésio (1), óxido de magnésio (2) e nitrato de magnésio (3).

Quando submetido os valores da matéria seca da parte aérea a análise de


variância o teste F não foi significativo, ou seja, não ocorreu variação no peso da matéria
seca entre as doses, foram estatisticamente iguais. O mesmo ocorreu quando comparamos
as fontes com o teste Tukey com 5% de significância, os resultados foram estatisticamente
iguais.
A avaliação dos valores da matéria seca da raiz quando submetidos ao teste de
variância, o F foi significativo apenas para doses da fonte de nitrato, as demais doses das
outras duas fontes foram iguais estatisticamente. Observou-se que ouve uma regressão dos
valores da dose 0 mg/dm-3 á 50 mg/dm-3, os valores da matéria seca da raiz aumenta
novamente a partir das doses de 75 e 100 mg/dm-3 (Veja a figura 4).
20

4,5
4,0
3,5
-1
MS Raiz, g kg

3,0
2,5
2,0
2
1,5 Y3 = 3,0949 - 0,053X + 0,0006X
1,0 R2 = 0,96
0,5
0,0
0 25 50 75 100

Doses de Magnésio, mg dm-3


Figura 4 - Massa de matéria seca da raiz de arroz adubado com doses de magnésio usando a fonte nitrato
de magnésio.

Porem quando comparamos as fontes, submetendo elas ao teste Tukey com


5% de significância observamos a variação entre as fontes (Veja figura 5). A fonte silicato de
magnésio foi a mais significativa dentre as três, isso se deve ao fato da grande afinidade de
assimilação das gramíneas pelo Si e a formação de uma dupla camada na parede celular.
Novamente a fonte de óxido de magnésio apresentou valores mais baixos.
21

3,5
a
3,0 ab
b
MS Raiz, g/vaso

2,5

2,0
1,5

1,0

0,5

0,0
1 2 3

Figura 5 - Massa de matéria seca da raiz do arroz adubado com doses de magnésio usando as fontes: silicato
de magnésio (1), óxido de magnésio (2) e nitrato de magnésio (3).

Os resultados da analise química para determinação dos macronutrientes (Mg,


K, P, Ca e SO42-) da parte aérea quando submetidos a análise de variância o teste F não foi
significativo para as doses, ou seja, todas as doses das três fontes foram estatisticamente
iguais. Quando avaliado as fontes no teste Tukey a 5% de significância o teor de alguns dos
macronutrientes foram significativos: Ca, K e SO42-.
A concentração média de Ca foi maior na fonte de nitrato com a média de 3,27
g/K-1, enquanto que no silicato a média foi de 2,87 g/K-1 e o óxido 2,67 g/K-1. Embora o
magnésio não fosse significativo tanto na dose e entre as fontes, a fonte óxido foi a que
obteve um maior teor de Mg, cerca de 3,13 g/K-1, como sabemos existe uma competição
entre estes elementos, a maior concentração de Mg na fonte oxido pode ter contribuído para
a redução do Ca (Veja a figura 6).
22

3,5 a
3,0 ab b
2,5
-1

2,0
Ca, g kg

1,5

1,0

0,5

0,0
1 2 3

Figura 6 - Concentração média de Ca na parte aérea do arroz cultivado com fontes de magnésio; Silicato de
Mg (1); Óxido de Mg (2); Nitrato Mg (3).

Já a concentração média do K foi maior na fonte de oxido 30,2 g/K-1. As fontes


silicato e nitrato tiveram valores bem próximos, silicato com 27,67 g/K-1 e o nitrato com 26,13
g/K-1 (Veja a Figura 7).

31
a
30

29

b
-1

28
K, g kg

27
b
26

25

24
1 2 3

Figura 7 - Concentração média de K na parte aérea do arroz cultivado com fontes de magnésio; silicato de
magnésio (1), óxido de magnésio (2) e nitrato de magnésio (3).
23

O teor de SO42- foi significativos entre as fontes, com maior eficiência a fonte
óxido com 2,33 g/K-1, novamente as fontes nitrato e silicato tiveram valores bem proximas,
silicato com 1,93 g/K-1 e o nitrato 2,00 g/K-1 (veja a figura 8)

2,5 a
b ab
2,0
-1

1,5
SO4 , g kg
2-

1,0

0,5

0,0
1 2 3

Figura 8 - Concentração média de SO42- na parte aérea do arroz cultivado com fontes de magnésio;
silicato de magnésio (1), óxido de magnésio (2) e nitrato de magnésio (3).

Os resultados da analise química para determinação dos micronutrientes (Zn,


Cu, Mn, B e Fe) da parte aérea quando submetidos à análise de variância o teste F não foi
significativo para as doses, ou seja, todas as doses das três fontes foram estatisticamente
iguais. Quando avaliado as fontes no teste Tukey a 5% de significância apenas a
concentração média de Mn foi significativo entre as fontes. A concentração média de Mn foi
maior na fonte oxido 660,8 mg/K-1, enquanto que na fonte silicato o teor foi de 591,8 mg/K-1
e a fonte nitrato 521,27 mg/K-1. (Veja a figura 9)
24

700 a
600 ab
b
Mn, mg kg-1

500
400
300
200
100
0
1 2 3

Figura 9 - Concentração média de Mn na parte aérea do arroz em função de doses de magnésio, nas
fontes: silicato de magnésio (1), óxido de magnésio (2) e nitrato de magnésio (3).

Os resultados da analise química para determinação do Mg, K e Ca no solo


quando submetidos à análise de variância o teste F foi significativo apenas para o Ca nas
doses da fonte nitrato, as demais doses das outras fontes foram estatisticamente iguais. A
concentração média de Ca foi maior na dose de 25 mg/dm-3 , com 4,33 cmolc/dm-3. A menor
concentração foi a dose 0 mg com 3,00 cmolc/dm-3, e as demais doses com o mesmo valor
de concentração de 4,00 cmolc/dm-3 (veja a figura 10)
25

5,0

4,0
Ca, cmolc dm-3

3,0
2
2,0 Y3 = 3,1991 + 0,0333X - 0,0003X
R2 = 0,65
1,0

0,0
0 25 50 75 100

Doses de Magnésio, mg dm-3


Figura 10 - Teor de Ca no solo cultivado com arroz em função de doses de magnésio, na fonte nitrato de
magnésio.

Quando avaliado as fontes no teste Tukey a 5% de significância apenas a


concentração média de Mg e Ca foram significativos. A concentração média do Mg foram
iguais para as fontes óxido e nitrato com 0,8 cmolc/dm-3, enquanto que a fonte silicato 0,4
cmolc/dm-3 (Veja figura 11). A granulometria da fonte de silicato pode ter resultado nessa
menor concentração, quando comparada com as outras fontes (Veja o Apêndice, Figura 1).
Por possuir uma estrutura grosseira, o Mg talvez seja liberado a longo prazo.
26

0,9
a a
0,8
0,7
-3

0,6
Mg, cmolc dm

0,5
0,4
b
0,3
0,2
0,1
0,0
1 2 3

Figura 11 - Teor médio de Mg no solo cultivado com arroz em função de doses de magnésio, nas fontes:silicato
de magnésio (1), óxido de magnésio (2) e nitrato de magnésio (3).

A concentração média do cálcio foi maior na fonte nitrato com 3,87 cmolc/dm-3,
seguido pela fonte silicato com 3,13 cmolc/dm-3, e com menor concentração a fonte nitrato
com 3,07 cmolc/dm-3. (Veja a figura 12)

4,5
4,0 a
3,5 b b
Ca, cmolc dm-3

3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
1 2 3

Figura 12 - Teor médio de Ca no solo cultivado com arroz em função de doses de magnésio, nas fontes: silicato
de magnésio (1), óxido de magnésio (2) e nitrato de magnésio (3).
27

Os resultados da analise pH quando submetidos ao teste Tukey a 5% de


significância,as fontes diferiram entre si. A fonte oxido foi que apresentou o pH mais baixo
(pH=5,0), óxidos acabam acidificando o solo. A fonte silicato teve o pH mais alto entre as
três fontes (pH=5,4) e a nitrato com (pH=5,1). Todos os resultados são característico de
solos ácidos. (Veja figura 13)

5,5
a
5,4

5,3
pH, CaCl2

5,2
b
5,1
b
5,0

4,9

4,8
1 2 3

Figura 13 - Valor de pH em CaCl2 no solo cultivado com arroz em função das fontes: silicato de
magnésio (1), óxido de magnésio (2) e nitrato de magnésio (3).

Os resultados da analise do pH no solo quando submetidos à análise de


variância o teste F foi significativo para as doses das fontes óxido e nitrato, as doses da
fonte silicato foram estatisticamente iguais. Na fonte óxido o valor do pH cai nas doses de 0
mg/dm-3 a 50 mg/dm-3 com (pH4,6), voltando a aumentar nas doses de 75 mg/dm-3 e 100
mg/dm-3, formando uma curva. Já a fonte nitrato o pH se eleva de maneira linear sofrendo
uma pequena redução na dose de 25 mg/dm-3.
28

5,6 Y2 = 4,86 + 0,0056X


2
5,4 R = 0,78

5,2
pH, CaCl2

5,0
4,8
Y3 = 5,38 - 0,0252x + 0,0002x2
4,6
R2 = 0,84
4,4
0 25 50 75 100

Doses de Magnésio, mg dm-3


Figura 14 - Valor de pH em CaCl2 no solo cultivado com arroz em função das fontes: óxido de magnésio
(Y2) e nitrato de magnésio (Y3).

Na análise química determinamos os valores de Si em cada dose das três


fontes, quando submetido os valores da concentração do Si no solo a análise de variância, o
teste F não foi significativo, ou seja, não ocorreu variação na concentração de Si entre as
doses de cada fonte. O mesmo ocorreu quando comparamos as fontes com o teste Tukey
com 5% de significância, os resultados foram estatisticamente iguais. A fonte nitrato
apresentou a maior concentração 8,37 mg/dm-3, fonte oxido com 8,12 mg/dm-3 e com a
menor concentração a fonte silicato com 7,75 mg/dm-3. Como a fonte silicato possuía
estrutura grosseira em forma de grânulos, tanto o Mg como a do Si sejam liberados
lentamente, a partir de reações químicas presentes no solo.
29

5. CONCLUSÕES

- Entre as três fontes de Mg, o oxido e o nitrato de magnésio foram os que tiveram um
melhor desempenho no fornecimento para planta e disponibilidade no solo,

- Nitrato por ser uma fonte solúvel em água pode ser utilizado para corrigir deficiência
quando as plantas ainda estão em desenvolvimento.

- O teor baixo de Mg no tratamento com silicato pode ter sido influenciado pela
granulometria e solubilidade da fonte, talvez possa se pensar em fornecimento a longo
prazo.
30

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARNON, d. I. Copper enzymes in isolated chloroplasts: polyphenoloxidades in Beta vulgaris.


Plant Physiology, Maryland, v. 24, p. 1-15, 1949.

BARBOSA FILHO, M. P.; SNYDER, G. H.; FAGERIA, N. K. et al. Silicato de cálcio como
fonte de silício para o arroz sequeiro. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v.
25 p.325-330, 2001.

BRESEGHELLO, F.; STONE, L. F. (Ed.). Tecnologia para o arroz de terras altas. Santo
Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 1998. 161p.

CAKMAK, I.; HENGELER, C.; MARSCHNER, H. Partitioning of shoot and root dry matter
and carbohydrates in bean plants suffering from phosphorus, potassium and magnesium
deficiency. Journal of Experimental Botany, v. 45, p. 1245-1250, 1994a.

CAKMAK, I.; HENGELER, C.; MARSCHNER, H. Changes in phoem export of sucrose in


leaves in response to phosphorus, potassium and magnesium deficiency in bean plants.
Journal of Experimental Botany, v. 45, p. 1251-1257, 1994b.

CAKMAK, I.; KIRKBY, E. A. Role of magnesium in carbon partitioning and alleviating


photoxidative damage. Physiolog Plantarum, v.133 p. 692-704, 2008.

DALLAGNOL, L.J.; RODRIGUES, F.A.; DAMATTA, F.M.; MIELLI, M.V.B.; PEREIRA, S. C.


Deficiency in silicon uptake affects cytological, physiological, and biochemical events in the
rice-Bipolaris oryzae interaction. Phytopathology, v.101, p.92-104, 2011.

DAYANANDAM, P., KAUFMAN, P. B., FRAKIN, C. I. Detection of silica in plants. Amer. J.


Bot., v. 70, p.1079-1084. 1983

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. BRS Sertaneja:


Cultivar Precoce de Arroz de Terras Altas. Comunicado Tecnico 133. Brasília: Embrapa
Arroz e Feijão, 2006. 4p.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Manual de


análises químicas de solos, plantas e fertilizantes. Brasília: Embrapa Informação
Tecnológica, 2009. 627p.

EPSTEIN, E. Silicon. Annual Review of Plant Physiology and Plant Molecular Biology,
Palo Alto, v. 50, p. 641-664, 1999.

FARIA, J.C.; PRABHU, A.S. Relação entre fertilização nitrogenada e mancha-parda do arroz
em solos de cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.18, p.1377-1379, 1983.

FARIA, R. Efeito da acumulação de silício e a tolerância das plantas de arroz do


sequeiro ao déficit hídrico do solo. 2000. 125F. Dissertação (Mestrado) – Departamento
de Solos,Universidade Federal de Lavras, Viçosa, 2000.

FERNANDES, M.S. Nutrição Mineral de Plantas. Viçosa: UFV, p. 115-151. 2006


(Sociedade Brasileira de Ciência do Solo).
31

FERNANDES, M.S. Nutrição Mineral de Plantas. Viçosa: UFV, p. 305-312. 2006


(Sociedade Brasileira de Ciência do Solo).

FERREIRA, C. M.; WANDER, A. E. Mudanças na distribuição geográfica da produção e


consumo do arroz no Brasil. Informações Econômicas, São Paulo, v. 35, n. 11, p. 36-46,
nov. 2005.

Fertilidade do solo. Viçosa-MG. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, p. 104-106, 2007.

HERMANS, C.; JOHNSON, G.N.; STRASSER, R. J.; VERBRUGGEN, N. Physiological


characterization of magnesium deficiency in sugar beet: acclimation to low magnesium
differentially affects photosystems I and II. Planta, v.220, p.344-355, 2004.

HERMANS, C.; VERBRUGGEN, N. Physiological characterization of Mg deficiency in


Arabidopsis thaliana. Journal of Experimental Botany, 56, p.2153-2161, 2005.

IBGE. Produção Agrícola Municipal 2006: cereais, leguminosas e oleaginosas. Disponível


em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/pesquisas/pam/default.asp>. Acesso em: 10 jul. 2007.

KORNDORFER, G. H.; DATNOFF, L.E. Adubação com silício: uma alternativa no


controle de doenças da cana-de-açucar e do arroz. Informações agronômicas, n.70, p1-
3, 1995.

KORNDÔRFER, G.H.; PEREIRA, H.S.; CAMARGO, M.S.. Silicatos de Cálcio e Magnésio


na Agricultura. 2.ed. Uberlândia, GPSi/ICIAG/UFU, 2002. 24 p. (Boletim Técnico 1).

LIMA FILHO, O. F.; LIMA, M. T. G.; TSAI, S. M. O silício na agricultura. Informações


Agronômicas, Piracicaba, n.87, p. 1-7, 1999.

MA, J. F. & TAKAHASHI, E. Soil, fertilizer, and plant silicon research in Japan .
ELSEVIER, 2002. 274 p.

MALAVOLTA, E. Manual de Nutrição Mineral de Plantas. São Paulo, Editora Agronômica


Ceres, p. 250 - 260, 2006

MALAVOLTA, E. Manual de Nutrição Mineral de Plantas. São Paulo, Editora Agronômica


Ceres, p. 548 - 552, 2006

MARSCHNNER, H. Mineral nutrition in higher plants. London: Academic Press, 1995.


889 p.

MEURER, E. J. Fatores que influenciam o crescimento e o desenvolvimento das plantas. In:


NOVAES, R. F.; ALVAREZ V., V. H., BARROS, N. F.; FONTES, R. L. F.; CANTARUTTI, R.
B.; NEVES, J. C. L. Fertilidade do Solo. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo,
2007. Cap.2, p.65-90.

NUNES, J. L. S. Arroz e sua importância econômica. Agrolink, 2015. Disponivel em:


< http://www.agrolink.com.br/culturas/arroz/importancia.aspx.

PROCHNOW, L. I.; CASARIN, V.; STIPP, S. R. Boas Práticas Para Uso Eficientes de
Fertilizantes. International Plant Nutrition Institute vol. 2 (IPNI), p.137-191. Piracicaba, 2014.

RAIJ, B.van. Fertilidade do solo e manejo de nutrientes. Piracicaba: International Plant


Nutrition Institute, 2011. 420p.
32

SILVA, I. R.; SMYTH, T. J.; ISRAEL, D. W.; RAPER, C. D.; RUFTY, T. W. Magnesium is
more efficient than calcium in alleviating aluminum rhizotoxicity in soybean and its
ameliorative effect is not explained by the Gouy-Chapman-Stern model. Plant and Cell
Physiology, v.42, p.538-545, 2001.

SOUSA, D.M.G.; LOBATO, E. Cerrado: correção do solo e adubação 2. ed. Brasília:


Embrapa Informações Tecnológicas, 2004. 416p.

SUZUKI, N. Nature of resistance to blast. In: THE RICEBLAST DISEASE. Baltimore: John
Hoppkins, 1965. P. 277-301.

TAKAHASHI, E. Uptake mode and physiological functions of silica. In: MATSUO, T.;
KUMAZAWA, K.; ISHII, R.; et al. (ed.). Science of the rice plant: physiology. Tokyo: Food
and Agriculture Policy Research Center, 1995. cap.5, p.420-433.

WADER, A. E. Cultivo do Arroz de Terras Altas no Estado de Mato Grosso. Embrapa


Arroz e Feijão. Brasília, 2006.Disponível em:
<sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Arroz/ArrozTerrasAltasMatoGrosso/#i
e.

WIENDL, T. A. Magnésio nos solos e nas plantas. International Plant Nutrition Institute
(IPNI). Informações Agronômicas, N° 117, p. 18-21, 2005.

YANG, J. L.; YOU, J. F.; LI, Y. Y.; WU, P.; ZHENG, S. J. Magnesium enhances aluminum-
induced citrate secretion in rice bean roots (Vigna umbellate) by restoring plasma membrane
H+=ATPase activity. Plant and cell Physiology, v. 48, p. 66-74, 2007.
33

7. APENDICE

Figura 1: Granulometria das fontes de Mg.

Figura 2. Visão geral das plantas de arroz cinco dias após a semeadura, tendo silicato de
Mg como fonte de magnésio.
34

Figura 3. Visão geral das plantas de arroz cinco dias após a semeadura, tendo oxido de Mg
como fonte de magnésio

Figura 4. Visão geral das plantas de arroz cinco dias após a semeadura, tendo Nitrato de Mg
como fonte de magnésio.
35

Figura 5. Visão geral das plantas de arroz vinte nove dias após a semeadura, tendo silicato
de Mg como fonte de magnésio.

Figura 6. Visão geral das plantas de arroz vinte nove dias após a semeadura, tendo oxido de
Mg como fonte de magnésio
36

Figura 7. Visão geral das plantas de arroz vinte nove dias após a semeadura, tendo Nitrato
de Mg como fonte de magnésio.

Figura 8. Leitura indireta com SPAD CCM-200 plus.


37

Você também pode gostar